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Anais do V Congresso da ANPTECRE

“Religião, Direitos Humanos e Laicidade”


ISSN:2175-9685

Licenciado sob uma Licença


Creative Commons

DOM DE LÍNGUAS – ADORANDO A DEUS COM LINGUAGEM


DESCONHECIDA

Hilberto Carlos Schaurich


Bacharel em Teologia
Faculdades EST
hillschaurich@yahoo.com
Bolsista CAPES/ Membro do grupo de pesquisa
“Arqueologia e Religião” do PPG das Faculdaes EST
ST 05 – Protestantismo e Pentecostalismo

Resumo: O presente artigo aborda o estudo teológico do dom de variedades de línguas


(glossolália). Para o desenvolvimento do mesmo foi utilizado o texto de 1Co 12.10 como
embasamento bíblico. Sendo um tema palpitante no meio pentecostal e neopentecostal,
este artigo trata principalmente da ocorrência e do propósito do dom de variedades de
línguas na igreja primitiva e na igreja contemporânea. Este assunto é interessante pois
leva a refletir sobre a importância e validade deste dom na igreja atual, tanto para aqueles
que defendem sua continuidade, quanto para aqueles que defendem sua cessação. Diante
disso, o presente estudo tem por objetivo analisar a natureza e o conteúdo do dom de
variedades de línguas, explorar seu propósito e valor, e por fim, avaliar sua vigência na
igreja contemporânea. Para alcançar estes objetivos a metodologia utilizada foi de
pesquisa exploratória com levantamento bibliográfico. Os resultados encontrados foram:
i) O falar em línguas não é necessariamente uma evidência inicial do batismo no Espírito
Santo; ii) É um dom espiritual e continua vigente na igreja contemporânea; iii) O dom de
variedade de línguas é para edificação do que fala (indivíduo), a menos que haja
interpretação, e neste caso é também para edificação da igreja (comunidade); iv) As
línguas são um sinal do poder de Deus. Existe a ciencia de que o assunto não se esgota
com este estudo, mas almeja-se, por meio dos resultados alcançados, contribuir para o
avanço das discuções sobre a importância, propósito e validade do dom de variedades de
línguas na vida da igreja.

Palavras-chave: Dom. Línguas. Espírito. Paulo.

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Introdução
Neste estudo pretende-se abordar o tema dom de variedades de línguas (1Co
12.10), também conhecido como glossolalia. A manifestação do dom de variedades de
línguas nas denominações de tradição pentecostal e neopentecostal é um fato comum.
Para estas denominações, o dom de variedades de línguas possui grande importância
e é dada a ele grande ênfase, sendo que a maioria delas tem este dom como a
evidência inicial do batismo no Espírito Santo. Por outro lado, há denominações que
não tem o mesmo ponto de vista em relação a este dom, entendem que o mesmo já
cessou, restringindo sua operação para os dias apostólicos e para a igreja do primeiro
século. Há também aqueles que defendem que o dom de línguas não cessou, mas não
é necessariamente uma evidência do batismo no Espírito Santo. Como
desenvolvimento da discussão do tema problema desta pesquisa temos, além desta
seção inicial, as seções seguintes: ii) origem do termo glossolalia; iii) natureza e
conteúdo do dom de variedades de línguas; iv) o propósito e valor do dom de
variedades de línguas; e por fim, v) contemporaneidade do dom de variedades de
línguas.

2 Origem do termo Glossolalia


O termo Glossolalia é uma palavra que se originou da junção de dois termos
gregos: o substantivo glwssa (língua) e o verbo laleiu (falar). A fusão destes dois
termos gregos é apropriada no caso do NT para descrever um fenômeno distinto. Este
fenômeno pode ser descrito somente por estes dois termos. O verbo laleiu é usado
com o substantivo glwssa no caso dativo. Esta construção ocorre 16 vezes no NT,
destas 12 vezes com glwssa no plural (glwssai), e 4 vezes no singular, glwssh
(ELDEREN, 1964, p. 54).
A expressão falar em línguas (Glossolalia) é testemunhado diversas vezes no NT,
como consequência do derramamento do Espírito Santo. Em “Mc 16.17 refere-se ao
falar em novas línguas; At 10.46; 19.6, a falar em línguas; 1Co 12.30 e 13.8,
simplesmente a línguas; 1Co 12.10,28 a variedades de línguas e 1Co 14 oferece, ao
lado do relato de Pentecostes, a única apresentação detalhada e clara” (WELKER,
2010, p. 221).

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3 Natureza e conteúdo do dom de variedades de línguas
Conforme Kalisher (2009, p. 40), em 1Co 12.7-11 somos informados que os dons
são manifestações do Espírito Santo. O Espírito Santo é a única e legítima fonte de
todos os autênticos dons espirituais. É Ele quem decide o que conceder e a quem
conceder, fazendo a distribuição dos diversos dons entre a comunidade com o
propósito de edificar o corpo de Cristo e glorificar a Deus.
O dom de variedades de línguas é um dos dons que compõe a lista de Paulo em
1Co 12.7-11, de natureza espiritual, é uma dádiva de Deus. Como os dons são
manifestações do Espírito Santo, Paulo dá a entender que o dom é exercido pelo
Espírito Santo, por meio do espírito humano. Em 1Co 14.2 encontramos o conteúdo do
dom de variedades de línguas, onde são ditas três coisas. i) o falar em línguas é
dirigido à Deus e não aos homens; ii) ninguém na igreja entende as línguas se não
houver interpretação; iii) é uma comunicação espiritual que ocorre entre o espírito
humano e o Espírito Santo “mas pelo Espírito fala em mistérios”, que excede a
compreensão tanto do que fala quanto de quem ouve (STORMS, 2014, p. 149 - 150).

4 O propósito e valor do dom de variedades de línguas


A ordenança de Paulo em 1Co 12.31 e 14.1,39, indicam que devemos desejar e
buscar os dons espirituais. Cada dom espiritual tem seus propósitos na comunidade
cristã e dentre os principais propósitos e valores do dom de variedades de línguas
temos: 1) edificação pessoal - sobre edificação pessoal, Paulo fala em 1Co 14.4: “O
que fala língua estranha edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja”.
Esta edificação pessoal ocorre quando a pessoa fala em línguas e não há interprete, no
caso de uma reunião pública, ela fala com Deus num relacionamento pessoal. A
edificação pessoal não é algo ruim, só não é o objetivo principal de uma reunião pública
na visão de Paulo. Todo dom espiritual edifica seu portador de alguma forma ou grau,
direta ou indiretamente, mas o dom de falar em línguas é o que edifica numa
intensidade maior se não houver interpretação (STORMS, 2014, p. 150). 2) Glorificação
a Deus – para Carson (2014, p. 145), a glorificação a Deus é um atributo das línguas,
pois o texto de 1Co 14.2 está em conformidade com o fato das línguas serem
entendidas como direcionadas a Deus em primeiro lugar. No dia de pentecostes, por

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ocasião da descida do Espírito Santo, as pessoas de diversas nações ali presentes,
ouviam os apóstolos “falar das grandezas de Deus” (At 2.11), este modelo de adoração
deveria de ser mantido pela igreja contemporânea, uma adoração desinibida e
poderosa que fosse um tipo de testemunho, mesmo que indireto, para descrentes que
estão observando. (RENOVATO, 2014, p. 65). Em 1Co 14 o apóstolo Paulo descreve o
falar em línguas como um falar extático incompreensível, como uma oração dirigida a
Deus, para o seu louvor, agradecimento e exaltação cuja edificação é daquele que fala
em línguas. Esta é uma forma de adoração a Deus em que a limitação humana é
rompida e passamos a expressar de uma forma mais profunda os desejos e paixões do
nosso coração (WELKER, 2010, p. 221). 3) Comunicação espiritual com Deus - “pois o
que fala em língua, não fala aos homens, mas a Deus; pois ninguém o entende; porque
em espírito fala mistérios” (1Co 14.2). Quando a pessoa fala em línguas e não há
interpretação, ela fala de maneira direta com Deus, espírito para Espírito, ou seja, o
Espírito Santo toca em nosso espírito (CHO, 2007, p. 141). De acordo com Champlin
(2002, p. 215), esse modo de falar em línguas ocorre no nível da alma e se eleva para
Deus, em uma espécie de comunicação espiritual com o ser divino. “Achamo-nos livres
para exaltar a bondade de Deus e edificamos a nós mesmos. À medida que falamos,
somos edificados espiritualmente” (LIM, 1996, p. 475). 4) Sinal para os descrentes - no
texto de 1Co 14.22, Paulo nos fala que as línguas são um sinal para os descrentes
mas, no vs. 21 ele cita o texto Is 28.11-12, de um povo de outras línguas que se oporia
aos judeus, e este seria um sinal de julgamento do povo de Deus, um sinal negativo. E
é neste sentido que o apóstolo Paulo fala em 1Co 14.22, se numa reunião todos
falarem em línguas estranhas e não houver quem as interprete, os indoutos e
incrédulos que adentrarem ou estiverem presentes nessa reunião não entenderão
nada, e julgarão os fieis como loucos (1Co 14.23). Nesse sentido o dom de línguas
serve como sinal negativo para os indoutos e incrédulos, porque esta fala
incompreensível não guiará, instruirá ou levará à fé e ao arrependimento, mas
confundirá e destruirá. Por outro lado, nessa mesma condição, se houver interpretação
das línguas estranhas, o indouto ou incrédulo que participar dessa reunião é
convencido e poderá vir à fé cristã, pois o mesmo é instruído e edificado mediante a

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palavra exposta. Neste caso o dom de línguas é considerado um sinal positivo
(STORMS, 2014, p. 159-161).
A respeito desse mesmo texto (1Co 14.22) Champlin (2002, p. 224), entende que
este termo – sinal para os descrentes - poder ser considerado tanto negativa como
positivamente. “Negativamente, significaria que o sinal é dado contra os incrédulos, a
fim de confirmá-los na sua incredulidade, e não a fim de convertê-los. É assim também
que a questão é usada, na citação constante do versículo anterior”. Como visto acima,
línguas foram faladas a Israel, em sinal contra os israelitas, pelo fato de terem se
recusado a dar ouvidos a Deus, quando lhes falava no seu idioma, principalmente por
meio dos profetas. Positivamente, temos a experiência do dia de Pentecostes, nesse
evento as línguas serviram de sinal para os incrédulos, pois foram atraídos pelo falar
em línguas estranhas dos que estavam reunidos no cenáculo, apesar de estarem
ouvindo os mesmos exaltando e engrandecendo o nome de Deus em suas próprias
línguas, ou seja, nas suas línguas nativas (CHAMPLIN, 2002. P. 224). Quer seja
considerado esse sinal como negativo, quer seja como positivo, a mensagem em nada
muda.

As línguas são um sinal para os incrédulos, e não para os crentes; e isso deve
indicar as línguas compreendidas por eles, tal como sucedeu no dia de
Pentecoste. [...] Podem recebê-las ou rejeitá-las; mas assim mesmo terão sido
alertados da realidade de certa mensagem de Deus, através do sinal
(CHAMPLIN, 2002, p. 224).

Além destes propósitos, o dom de variedades de línguas é dado com o fim de


proclamar louvores à Deus, anunciar as boas novas da salvação ao mundo e, não para
satisfazer à vaidade pessoal e nem para garantir prazeres carnais. Podemos ainda
acrescentar o propósito íntimo da purificação, santificação, transformação e a
glorificação final do crente, porquanto o Espírito Santo veio para obter e assegurar esse
resultado no crente, sendo ele o agente dessa operação, porque como representante
de Cristo ele procura dar continuidade à obra de redenção, alvo do ministério terreno de
Cristo (CHAMPLIN, 2002, p. 46).

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5 Contemporaneidade do dom de variedades de línguas
Ao fazermos uma análise da ocorrência do termo glossolalia no NT, percebemos
que a mesma ocorre em diversas passagens a partir de Atos dos apóstolos, o que
sugere uma continuidade do falar em línguas na igreja do NT. Outra constatação é que
este fenômeno não ocorre sempre da mesma forma, ou seja, enquanto no livro de Atos
o falar em línguas está diretamente associado à vinda do Espírito Santo, nas epístolas
não há este tipo de conexão direta, mas referem-se à dádiva e ao recebimento do
Espírito Santo, cujo contexto parece provável ao falar em línguas (WILLIAMS, 2011, p.
546).

A citação de Marcos 16 também sugere que o falar em línguas era uma


experiência contínua. Não há nenhuma insinuação de que as novas línguas
tenham sido verbalizadas somente uma vez, nem que a expulsão de demônios
fora uma experiência única. Em todo caso, Atos, na verdade, registra apenas as
línguas em conexão imediata com a vinda do Espírito Santo. No entanto, não
há nenhuma indicação de que as línguas tenham desaparecido depois disso
(WILLIAMS, 2011. p.543).

“O que está registrado como acontecendo várias vezes em Atos, e referido em


Marcos 16, é um aspecto da vida da igreja primitiva. Conforme vimos, esse não foi
apenas o caso de Corinto, mas também de outras comunidades de fé do NT”
(WILLIAMS, 2011, p. 546).
No entendimento de alguns autores não há qualquer razão dogmática para
pensarmos que as línguas e outras manifestações espirituais tenham o propósito de
desaparecer da igreja cristã, nem no esquema divino, ou que tais manifestações não
sejam mais de valor na igreja contemporânea. Este tipo de raciocínio parece ter-se
motivado da tentativa de fazer nossas doutrinas se adaptarem aquilo que praticamos
atualmente, e não aquilo que deveríamos ser e praticar em nossas igrejas (CHAMPLIN,
2002, p. 46).

Considerações Finais
O dom de variedades de línguas tem a mesma importância que qualquer outro
dom do Espírito, ele não representa um sinal de amor especial de Deus, nem um sinal
de maior zelo ou compromisso, em relação às pessoas que possuem esse dom com

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aquelas que não o possuem. Também não é um sinal de que a pessoa tem mais do
Espírito Santo do que as outras. O desejo de Paulo era que todos desfrutassem da
bênção do dom de línguas que inclui uma comunicação distinta com Deus, a edificação
da vida particular do crente e uma adoração destemida a Deus com ações de graça. As
línguas não constituem evidência essencial do batismo no Espírito Santo, “porque nem
todos falarão em línguas”; nas assembleias elas devem edificar a igreja e para que isso
ocorra deve haver quem as interprete. Em relação a contemporaneidade do dom de
línguas, há fortes indícios de que este dom é para todos os tempos, ou seja, ele não é
restrito à igreja do primeiro século mas, está disponível aos crentes da igreja atual. Esta
afirmativa está embasada no fato dos dons serem dados pelo Espírito Santo, e este o
faz deliberadamente conforme sua vontade e propósito, pois sua ação continua ativa na
igreja de Cristo. Contudo, o dom de variedades de línguas continua divergente entre
carismáticos e não-carismáticos.

REFERÊNCIAS
CARSON, D. A. A Manifestação do Espírito: a contemporaneidade dos dons à luz de 1Coríntios
de 12-14. Tradução Caio Peres. São Paulo: Vida Nova, 2013.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. São Paulo: Hagnos,
2002. v. 3 e 4.
CHO, David Y. O Espírito Santo, Meu Companheiro: conheça melhor o Espírito Santo e seus dons.
Tradução João Batista. São Paulo: Vida, 2007.
ELDEREN, Bastian Van. Glossolalia in the New Testament. Grand Rapids, Michigan: Calvin
Seminary, p. 54-58. In: http://www.etsjets.org/files/JETS-PDFs/7/7-2/BETS_7_2_53-
58_VanElderen.pdf «acesso: 28/01/2015.
KALISHER, Meno. O Livro dos Dons: dons do Espírito Santo, curas, sinais e milagres. Tradução
Jamil Abdalla Filho. Porto Alegre: Actual edições, 2009.
LIM, David. Os Dons Espirituais. In: HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 465 – 500.
RENOVATO, Elinaldo. Dons Espirituais e Ministeriais: Servindo a Deus e aos homens com poder
extraordinário. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
STORMS, Sam. Dons Espirituais: uma introdução bíblica, teológica e pastoral. Traduzido por
Claudio Chagas. Rio de Janeiro: Anno Domini, 2014.
WELKER, Michel. O Espírito de Deus: Teologia do Espírito Santo. Tradução Uwe Wegner. São
Leopoldo: Sinodal/EST, 2010.
WILLIAMS, J. Roadman.Teologia Sistemática: uma Perspectiva Pentecostal. Tradução Sueli
Saraiva e Lucy Hiromi Kono Yamakami. São Paulo: Vida, 2011.

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