Vous êtes sur la page 1sur 2

O pai dos pobres

Por: Pedro Nogueira Soares, nº 27 e Rodrigo Poit Bassalobre, nº 29 - 3ª série B

A questão social e trabalhista durante a Era Vargas foi muito importante, não só pelas mudanças
sociais provocadas pelo processo de urbanização e industrialização e o conturbado cenário internacional,
mas também porque se tornou uma questão de Estado. Neste aspecto, o presidente Getúlio Vargas foi muito
feliz e eficiente em sua política trabalhista para conquistar o apoio popular, principalmente do operariado,
assim como evitar conflitos sociais. O trabalhismo foi fundamental para a consolidação do caráter populista
do governo de Vargas, assim como o dos governos posteriores ao Estado Novo até 1964. Surgiu aí a figura
do “pai dos pobres”.

O projeto getulista de centralização de poder e desenvolvimento nacional não se sustentaria sem o


apoio das massas. Por isso, desde a promulgação da Constituição de 1934, que adotou o princípio federativo,
o serviço militar obrigatório (segurança nacional) e o surgimento do voto para as mulheres, leis trabalhistas
foram asseguradas: férias e descanso semanal remunerado, salário mínimo, regulamentação do trabalho
feminino e infantil, indenização em caso de despedida sem justa causa, entre outras medidas. Além disso, a
carta magna garantiu a educação primária gratuita. Na visão do presidente Vargas, o desenvolvimento
brasileiro só poderia ser levado a cabo se o trabalho e a educação fossem prioridade estatal. E é claro que a
população concordou em gênero, número e grau.

O trabalho foi tão importante para Vargas que foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio, revelando o interesse também no desenvolvimento da indústria nacional, como prioridade da
indústria de base – a criação das estatais Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Vale do Rio Doce são
símbolos da modernização industrial brasileira da Era Vargas.

Já no Estado Novo, novas leis trabalhistas surgiram com a CLT (Consolidação das Leis de Trabalho):
definição da proteção, deveres e obrigações do trabalhador e do empregador; a organização sindical; e a
organização da Justiça do Trabalho. No caso dos sindicatos, o Estado passou a regular e controlar essas
organizações, subordinando-as ao governo. Surgiu o imposto sindical, que obrigava o trabalhador a pagar
um dia de trabalho ao sindicato de sua categoria. Isso deu sustento à organização sindical no país, além de
conquistar o apoio dos dirigentes e sindicalistas a Getúlio. Os sindicatos ligados ao governo eram chamados
de “pelegos”. Mesmo que alguns sindicatos independentes e ligados aos esquerdistas tentassem se afastar do
controle governamental, suas bases preferiam a regulamentação e as leis de proteção ao trabalhador que só o
Estado podia garantir. Isso enfraqueceu o sindicalismo autônomo.

Consolidando sua figura de “pai dos pobres”, o presidente Vargas conseguiu ganhar apoio das
massas e afastar sua grande maioria dos movimentos sociais de esquerda, principalmente os comunistas.
Estes grupos surgiram ainda durante a República Velha, principalmente após a Revolução Russa de 1917.
Porém, o comunismo só tomaria forma politicamente organizada em 1922 com o surgimento do PCB
(Partido Comunista do Brasil), oriundo de grupos operários e sindicais. Embora não tendo adquirido força
expressiva nessa época, o movimento operário foi importante na queda da República Oligárquica, assim
como o tenentismo e a Crise de 1929. Durante os governos de Arthur Bernardes e Washington Luís, os
esquerdistas foram perseguidos.

Com a Revolução de 1930 e enfraquecimento do tenentismo, esse movimento fragmentou-se: a


maioria dos tenentes aliou-se a Vargas, e alguns outros se voltaram para a esquerda, dentre eles Luís Carlos
Prestes, maior expoente do comunismo durante a Era Vargas. O comunismo começou a ganhar
expressividade nessa época, assim como movimentos de caráter nazifascista (era um fenômeno
internacional, com foco na Alemanha de Hitler e na Itália de Mussolini). Essa polarização e radicalização do
conflito ideológico também ocorreram no Brasil: os comunistas liderados por Prestes e os integralistas
(ultranacionalistas e totalitários) encabeçados pelo paulista Plínio Salgado. Embora os últimos tenham
apoiado incialmente o presidente Vargas, este não podia permitir que essa disputa ideológica enfraquecesse
seu projeto político, então tratou de marginalizar ambos os grupos, fazendo-os perder força.

O PCB de Prestes tomou a frente da ANL (Aliança Nacional Libertadora), de oposição ao governo,
abrangendo desde o centro até a extrema esquerda do espectro político-ideológico. Seus membros eram
alguns tenentes, operários, intelectuais, membros da classe média, etc. Prestes, que fora treinado com armas
na União Soviética, representava o projeto do Komintern (cuja sede era Moscou) de instaurar a revolução e
ditadura do proletariado pelo mundo. Por isso, tentou perpetrar em 1935, mas sem sucesso, um golpe
comunista, conhecido como a ‘Intentona Comunista’.

Getúlio Vargas, cujo mandato iria acabar em 1938, viu nessa tentativa de golpe e na radicalização
política a oportunidade de acabar com a campanha sucessória e se manter no poder, através de uma manobra
de instalação de uma ditadura. Seu discurso anticomunista foi a justificativa para, em 1937, dar o golpe e
instaurar o Estado Novo. Este foi caracterizado pela extrema centralização do poder no Executivo, baseado
na figura forte do líder Getúlio, e na dura repressão aos opositores. A sociedade foi controlada através dos
meios de comunicação pelo DIP – o Departamento de Imprensa e Propaganda- (a censura e propaganda
estatal foram importantes nesse processo), da política sindical subordinada ao governo e a fiscalização do
Ministério do Trabalho. No entanto, houve grandes modernizações, principalmente nas áreas de
administração pública, industrial, educacional (expansão do ensino básico e secundário).

Vous aimerez peut-être aussi