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2018
São Luís
PAJUP
Diagramação e capa: Ruan Didier Bruzaca
Foto da capa: Glaucia Maria Maranhão Pinto Lima
ISBN 978-85-69617-16-7
CDD: 340
CDU: 347.2
Apresentação
Ruan Didier Bruzaca e Arnaldo Vieira Sousa ......................................... 12
Prefácio
Thaís Emília de Sousa Viegas ................................................................. 16
Resumos
(resumos, resumos expandidos e resumos de monografia)
Apresentação
Prefácio
Introdução
Considerações finais
Referências
2
Relatório de pesquisa apresentado à Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento
Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).
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Gráfico 1 – Ações possessórias a partir de 2010 da Comarca de Paço do Lumiar (COECV e OAB/MA)
Gráfico 2 – Ações possessórias na região metropolitana de São Luís (Vara de Direitos Difusos e Coletivos)
Tabela 3 – Ações possessórias envolvendo coletividades a partir de 2010 da Comarca de Paço do Lumiar
Ano Número do processo Vara
2010 17602010 1ª Vara
7172010 2ª Vara
2011 17762011 2ª Vara
2012 15402012 1ª Vara
492012 2ª Vara
2013 3482013 2ª Vara
3972013 2ª Vara
2015 11112015 1ª Vara
15962015 1ª Vara
16912015 1ª Vara
20132015 1ª Vara
262752015 Vara de Direitos Difusos e Coletivos
2016 932016 Vara de Direitos Difusos e Coletivos
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Gráfico 3 – Ações possessórias envolvendo coletividades a partir de 2010 da Comarca de Paço do Lumiar
O autor alega ter sido esbulhado pelos réus impedindo de desfrutar de seu
im vel, sendo a “invasão” clandestina e violenta onde as moradias oram
construídas de pronto sob o litígio. Ademais, o autor afirma sofrer prejuízo
por pagar mensalmente vigia para tomar conta da propriedade. Portanto,
pede restituição da posse, pena de multa diária e indenização.
Entende-se que envolve grupo organizado em coletividade e que fazem
cumprir a função social no cenário de crise urbana, uma vez que a parte ré
constitui uma unidade, constituindo a comunidade Renascer, na qual há uma
pluralidade de pessoas, bem como o animus de ali residir definitivamente,
com construção de casas.
As provas utilizadas para fundamentar a petição foram: certidão de
registro (Matrícula nº 6078, Registro nº 02. Folhas 206, Livro 2-U, de
Registro Geral de Imóveis do Serviço Notarial e Registral do 1º Ofício de
Paço do Lumiar-MA; Matrícula nº 6079, Registro nº 02. Folhas 207, Livro
2-U, de Registro Geral de Imóveis do Serviço Notarial e Registral do 1º
Ofício de Paço do Lumiar-MA), termo de resgate de um terreno foreiro ao
patrimônio municipal (Livro nº 01, folhas nº 108 a 109, termo nº 100,
registrado no Livro de Aforamento nº 17, fls 186 a 187, nº 713; Livro nº 01,
folhas nº 109 a 110, termo nº 101, registrado no Livro de Aforamento nº 17,
fls 187, nº 713) escritura pública (1º Traslado do Livro de Notas nº 69, folhas
011; 1º Traslado do Livro de Notas nº 69, folhas 012), fotos, fatura de
energia elétrica.
Segundo, entende-se que o único fundamento jurídico utilizado foi o
título de propriedade. Não há efetiva comprovação do exercício da posse
58
b) Decisão liminar
d) Contestação
e) Sentença
de multa de R$ 100,00 (cem reais) /dia, sendo esta última revertida em favor
do demandante.
A posse é considerada na sentença enquanto situação de fato, verificada
por meio dos poderes inerentes à propriedade: usar, fruir, dispor e
reivindicar. É o exercício de qualquer destes elementos, relacionando-se à
coisa tal como dono. Ademais, é o animus domini (aparência de dono).
Afirma-se, ainda, que o título de domínio deve ser levado em consideração
para o julgamento da demanda, pois a posse se interliga à propriedade, não
podendo se preterir quem não tem justo título (conforme Artigos 1200 e
1201, CC/02). O cumprimento da função social não é analisado e se
fundamenta em título de propriedade.
b) Decisão liminar
32839, ficha 001; Livro 2, matrícula 32840, ficha 001; Livro 2, matrícula
32841, ficha 001) IPTU no nome da Filha do autor, Ata de Reunião da
Associação de Moradores, Declaração da Associação de moradores do
Loteamento Jardim Paranã.
Não se utilizou apenas fundamentos na propriedade, visto que são
utilizados outros fundamentos como a construção de benfeitorias, vigilância
do bem imóvel por parte do proprietário através de pessoa de sua confiança.
Não há efetivamente a comprovação de posse direta por parte da pessoa
do autor, tão somente é demonstrado que o autor constrói benfeitorias no
local, contratou pessoa para cuidar do bem, circunstâncias confirmadas por
testemunhas. Ademais, não se debruça sobre a questão da função social da
propriedade ou mesmo da posse.
b) Decisão liminar
d) Contestação
Alegam os réus que houve falha na citação haja vista que as pessoas
qualificadas na inicial não eram mais as que estavam ocupando a área, e que
as que estavam ocupando não foram devidamente citadas. Posteriormente
pugnam pela ilegitimidade ativa do autor, tendo em vista que o mesmo não é
o proprietário do bem imóvel objeto de litígio, mas sim a sua filha. Afirmam
ser impossível a concessão de liminar por se tratar de “posse velha” e mesmo
se mostrar ausente o periculum in mora e que a desocupação do imóvel traria
mais danos aos ocupantes que já residem no local de maneira definitiva. Que
a área objeto da discussão vai muito além da alegada na inicial e que o autor
sequer se fez presente para tentar solucionar amigavelmente o conflito e que
na área que o autor diz ter construído diversas benfeitorias na verdade é
abandonada. Aduz que os documentos juntados pelo autor carecem de
idoneidade e que a manutenção da medida liminar poderá trazer danos
irreparáveis aos ocupantes da área, violando os seus direitos fundamentais
básicos
Há fundamento na função social no sentido de que, na contestação, alega-
se que deve ser respeitado o direito à moradia enquanto direito social e
humano, que o judiciário ao decidir tais conflitos deverá tomar uma
determinada postura garantidora de Direitos Fundamentais dentre outras
questões que acabam por resvalar na questão da função social da posse e
mesmo do Direito à Moradia. Por fim, a posse caracteriza-se por ser mansa e
73
b) Decisão liminar
c) Pedido de reconsideração
e) Contestação
Envolveu apenas dona Maria Raimunda Ribeiro, alegando que não foi
devidamente citada para compor a ação e ficou sabendo por terceiros da
existência dela. Para tanta a contagem do prazo foi reiniciada. Apresenta que
as alegações iniciais não condizem com a realidade pois ela diz que eles
moram lá há muito mais tempo do que o falado pelo autor.
Preliminarmente, destacam carência de ação por falta de interesse
processual e por ilegitimidade de parte. Alega que a parte é ilegítima porque
não há um liame subjetivo com os atos, uma vez ue a área “invadida” não
pertenceria à autora. No mérito, entende que não houve comprovação do
esbulho.
Não obstante, não se fundamenta a contestação na função social. Quanto
à caracterização da posse, afirma-se que a parte autora nunca residiu nos
limites do loteamento o que poderia ser provado com simples vistoria no
local.
b) Decisão liminar
d) Contestação
b) Decisão liminar
Não houve acordo entre as partes. A parte autora afirma que as terras
foram adquiridas por aforamento da Prefeitura de Paço do Lumiar e que não
há conexão entre as ações, conforme entende o Tribunal de Justiça do Estado
86
do Maranhão. A juíza delibera que para decidir sobre a conexão das ações é
necessário informações da 2ª Vara.
A juíza, após audiência de justificação, entende que há demonstração da
posse pela prova testemunhal. Com isso, defere o pedido liminar.
f) Contestação
g) Perícia
h) Alegações finais
área. Na ocasião, o caseiro acionou a polícia, mas esta não conseguiu retirar
os ocupantes.
No mérito, utiliza a Certidão do Registro do Imóvel lavrada pelo 1º
Cartório de Paço para comprovar a posse. Busca comprovar o esbulho e a
data por meio de Boletim de Ocorrência nº427/2015, haja vista que a polícia
foi chamada quando a ocupação se iniciou. Alega que com o esbulho, perdeu
a posse. Pediu o autor concessão de liminar, Inaudita Altera Pars, nos termos
do art. 928 CPC.
As provas juntadas foram Certidão do Registro do Imóvel lavrada pelo 1º
Cartório de Paço (Livro 2, Matrícula nº 5754), Termo de Aforamento (Livro
nº 17, fls. 190v a 191v, termo nº 716) Boletim de Ocorrência nº427/2015,
Certidão de Transmissão Causa Mortis, Termo de Aforamento e Procuração
Pública. Utiliza-se como fundamento título de propriedade, não se
comprovando posse nem sua função social.
b) Decisão liminar
b) Decisão liminar
b) Decisão liminar
b) Decisão liminar
b) Decisão liminar
c) Contestação
e) Contestação
para que seja feita a audiência de justificação prévia, a qual foi frustrada.
Logo após, ingressaram com ação de reintegração de posse em face da
Comunidade que, segundo o estudo do Serviço Social da Defensoria, habita
na região há 40 anos e constituem aproximadamente 103 famílias, embora
um suposto proprietário alegue que a comunidade esteja lá há somente 1 ano.
A Defensoria foi então acionada na tentativa de que haja regularização
fundiária do assentamento rural e para isso que seja reconhecida a usucapião
ou a condenação do ITERMA e Estado do Maranhão à procederem a
regularização fundiária.
Consiste em ocupações envolvendo comunidades que fazem cumprir a
função social, ou seja, da comunidade Tendal Mirim constituída por
aproximadamente 103 famílias com a intervenção de espólios que abalam
drasticamente a manutenção da comunidade.
As provas utilizadas pela parte autora foram: título de propriedade,
registro (Livro de Registro de Imóvel, n 3-A, fls. 72-V a 73, nº 351; Livro de
Registro de Imóvel, n 3-A, fls. 16-V a 17, nº 77; Livro de Registro de
Imóvel, n 3-A, fls. 01, nº 01; Livro de Registro de Imóvel, n 3-A, fls. 71-V a
72, nº 347; Livro de Registro de Imóvel, n 3-A, fls. 01, nº 02, Cartório do 1º
Ofício de São José de Ribamar), memorial descritivo, termo de aforamento,
termo de transferência de domínio útil, documento de arrecadação municipal
(DAM), boletim de ocorrência e fotos. Por outro lado, não há comprovação
da posse. Não há alegação do cumprimento da função social da propriedade
ou da posse.
106
b) Decisões
d) Contestação
e) Sentença
Estudo teórico
Comunidade Renascer
Produção científica
Monografias
Apresentação em eventos
acessar as normas municipais, tendo em vista que, a maioria dos sites das
prefeituras e câmaras de vereadores não cumpre de forma efetiva a Lei de
Transparência e Acesso à Informação no que diz respeito ao acesso às
legislações. Além disso, houve certa dificuldade de acesso direto aos
gestores municipais. Muitas normas foram acessadas através do
levantamento dos processos judiciais e através de reuniões em que se colhia
informações das comunidades, sendo praticamente impossível o acesso das
normas pelos meios institucionais, a saber: Legislativo e Executivo
municipal.
Quanto a “realizar um levantamento dos conflitos fundiários coletivo-
urbanos no município de Paço do Lumiar”, tal objetivo foi completamente
alcançado, do que se pode inferir do próprio relatório em que resta
especificado a respeito do levantamento dos processos judiciais referente aos
conflitos no município de Paço.
“Dar publicidade as situações de conflitos fundiários urbanos na região”
foi cumprido através dos trabalhos científicos realizados e apresentados em
eventos nacionais e internacionais, além dos que foram publicados e das
monografias apresentadas, foi dada ampla publicidade às situações de
conflitos fundiários existentes naquela região. Ressalta-se que, por muitas
vezes, o grupo serviu como um verdadeiro “canal” entre a comunidade e
instituições garantidoras de Direitos Humanos, dando publicidade aos
conflitos enfrentados pelas comunidades, a exemplo da situação da
Comunidade Cajueiro que foi levada pelo grupo à defensoria pública.
127
Introdução
3
Artigo apresentado no I Fórum Internacional de Direito, ocorrido no dia 27 de novembro de
2015, em São Luís/MA, promovido pela Unidade de Ensino Superior Dom Bosco, com
previsão de publicação em anais.
130
Neste trabalho, será utilizado o método exploratório, haja vista que visa,
com a explanação sobre o tema delimitado, à ampliação do conhecimento;
além de utilizar o procedimento bibliográfico, pois se baseia tão somente em
bibliografias para a exposição acerca do tema (GIL, 1991).
Sendo assim, será utilizado o procedimento bibliográfico-documental,
com análise de bibliografia específica, periódicos em meio digital e
reportagens que envolvem a temática escolhida. Trata-se de uma abordagem
crítico-metodológica, baseada em uma crítica a realidade sob a tese de que o
direito é problemático e não sistemático apenas; constitui um pensamento
tópico e não um pensamento dedutivo (GUSTIN, 2013).
4
Conforme Harvey (2014, p. 14), a mudança na legislação brasileira com o Estatuto da
Cidade reflete a importância dos movimentos sociais. Disto resulta a promoção de um sentido
dativo de “cidadania insurgente” Holston , relacionado não com o legado de Le ebvre, mas
com as lutas que configuram a vida urbana cotidiana. Ademais, instrumentos como o
“orçamento participativo” têm inspirado pessoas em busca de respostas ao “capitalismo
internacional brutalmente neoliberalizante”.
134
5
Nesse ponto, remete-se ao entendimento pluridimensional de sustentabilidade do professor
Juarez de Freitas (2012), que pode ser compreendido tanto inteligivelmente e sistemicamente,
quanto cognitiva e axiologicamente, ponto em que direciona ao desenvolvimento material e
imaterial. Ressalta-se ainda, que tal perspectiva material não pode ser vista de forma isolada,
sob o risco de tornar-se o irresponsável crescimento trágico direcionado pelo “paradigma da
insaciabilidade predat ria e plutocrática” REI AS, p. 5 , Ou seja, tal crescimento e
compreendimento urbano, visto apenas sob a ótica do capital não possui um viés salubre para
a sociedade, muito menos se pensada tal sociedade em suas próximas gerações.
136
Conclusão
Referências
Introdução
6
Artigo apresentado no I Fórum Internacional de Direito, ocorrido no dia 27 de novembro de
2015, em São Luís/MA, promovido pela Unidade de Ensino Superior Dom Bosco, com
previsão de publicação em anais.
152
identificada com mais evidência, pois na propriedade, ainda que não haja o
exercício da faculdade de usar, o dono pode manter-se como tal, no caso,
como proprietário, o que na posse seria a sua própria descaracterização, uma
vez que quem usa, deve dá o sentido econômico e social à coisa.
Levando em consideração o que foi dito acima é de suma importância
também uma discussão voltada aos elementos capazes de distinguir a função
social da posse e da propriedade, tendo em vista que são conceitos que
podem facilmente ser confundidos, tornando-se assim alvo da geração de
alguns problemas. É importante ter em mente, além disso, o interesse em
saber de que forma a função social da posse pode agir, e vem agindo, de
modo a auxiliar grupos menos favorecidos da sociedade, a exemplo das
comunidades tradicionais, a garantir seu direito fundamental à moradia,
utilizando o direito como meio interpretativo para isso e se valendo de
fundamentações que se comportam analogamente ao caso em questão.
Conforme o exposto anteriormente, e tendo em mente a relevância de tal
tema para a concretização e eficácia de alguns direitos fundamenteis
previstos e assegurados constitucionalmente é que questiona-se: de que
forma a aplicabilidade da função social da posse pode agir como instrumento
de efetivação do direito fundamental à moradia frente a problemática
enfrentada pelas comunidades tradicionais atualmente?
A escolha do tema foi devido à sua intensa relevância atualmente e à
necessidade de se discutir meios alternativos para auxiliar na problemática
das comunidades tradicionais nos dias de hoje, que por ausência de uma
regulamentação adequada de seus terrenos, onde praticam atos sociais e
153
interferir nesse direito, deixando margem para uma interpretação de que este
não teria limites.
Contudo, a fim de reafirmar o exposto, quando se fala das comunidades
tradicionais a questão da terra que está ligada ao conceito de território
“incluiu uma totalidade ue diz respeito: as ormas de ocupação e uso da
terra e dos recursos naturais; às culturas e valores vinculados a essa terra ou
territ rios e ao direito sobre os recursos naturais existentes” SHIRAISHI
NETO, 2007, p. 47). Posto isso, a função social da posse nessa situação
versa sobre garantias do direito de propriedade desse povo, que tanto vem
sofrendo opressões por parte de grandes empresas que visam o seu lucro a
partir da desapropriação das terras que fazem parte de uma herança cultural
destas comunidades.
Considerações finais
Referências
BRASIL. Código Civil (2002). In: Vade Mecum Saraiva: Obra coletiva de
autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Luiz Roberto Curia, Lívia
Céspedes e Juliana Nicoletti. 18 ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2014.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, vol. 4: Direito das
Coisas. 28. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
Introdução
7
Artigo apresentado no III Congreso de Estudios Poscoloniales y IV Jornadas de Feminismo
Poscolonial – “Interrupciones desde el Sur: habitando cuerpos, territorios y saberes”, ue
ocorreu na Universidade de Buenos Aires, de 12 a 15 de dezembro de 2016, com previsão de
ser publicado nos anais do evento.
170
1 Do direito à moradia
11
Referenciada enquanto AZEVEDO, Maria da Anunciação Santos.
179
12
Referenciada enquanto VASCONCELOS, Maria do Carmo Marques.
13
Durante a entrevista, dona Carmem ressaltou que apesar da liminar concedida para a
desapropriação, a Eugênio Pereira nunca so reu uma ameaça de “derrubada” para toda a
comunidade. São 3 processos distintos, com donos diferentes e que por isso, em virtude do
tamanho das terras envolvidas no litigio, nunca ocorreram ameaças de desapropriação de
forma simultânea.
182
Sua caminhada até a liderança formal da comunidade, não foi tão simples
e rápida. A falta de atitude e também reclamações por parte dos moradores
com relação a liderança de seu marido, a motivaram, “ ... as reuni es,
quando eu vinha participar das reuniões, era só fala e não avançava, e aquilo
me agoniava, aí eu tomava a rente dele”. A mesma começou a aplicar o ue
vivia em escolas, por ser professora da rede pública.
Aponta ainda que trabalhou bastante pela comunidade mesmo quando
não ocupava formalmente o espaço de líder e que a taxatividade não
deslegitima a importância da atuação, em suas palavras, ela não consegue
“se enxergar ora da luta popular, de lutar por direitos”.
Ser líder comunitária para ela é se fazer útil dentro de uma comunidade e
principalmente, auxiliar na compreensão da força da coletividade, essa é a
verdadeira importância e que para ela, a maioria das pessoas, tem dificuldade
pra reconhecer. E claro, reconhecer essa força sem deixar de cobrar as
responsabilidades do Poder Público.
Para realizar o acompanhamento dos processos judiciais, dona Carmem
aprendeu bastante até hoje. Antes, ela jamais poderia imaginar que o acesso
aos autos fosse tão fácil, para ela somente advogados poderiam obter
informações. A sensação de que é possível reivindicar seus direitos, de que o
judiciário encontra-se mais próximo (ainda que distante) lhe é muito
satisfatória.
Entretanto, apesar disso, para Carmem, a importância de uma assessoria
na luta é de extrema importância, em virtude da postura que o Judiciário
ainda possui perante esses conflitos fundiários urbanos. O acompanhamento
183
pra ela, vai pra além do acompanhamento presencial durante uma audiência,
mas auxiliar na busca de uma solução e nesse ponto, ela inclui a atuação do
PAJUP.
Em meio a toda essa atuação, a principal di iculdade ou “principal
desa io” como a pr pria Carmem coloca, “manter a chama acesa”. É
querer não deixar a sede de buscar sempre, de estar na luta e para conseguir
que isso não se perca, é necessário ter estratégias! A mesma ainda comenta,
que é difícil pois dentro da própria comunidade é possível se encontrar
pessoas que só querem se aproveitar da situação.
E não só isso, mas também existe muita dificuldade em executar
determinadas atividades pelo fato do posto de líder ser ocupado por uma
mulher e por uma negra. Ela define a sua relação enquanto líder com a
comunidade, como “uma relação de amor e dio”.
14
Referenciada enquanto SILVA, Lucileide Lavra.
184
isolar, o que foi uma forma errada de ver a minha doença (...) mas eu
precisei sair pra ter outras condiç es de vida”.
Dona Lucí se considera como uma pessoa que sempre se envolveu muito
nas uest es sociais, “por ue se icar s dentro de casa, esperando acontecer,
se torna muito mais di ícil, então eu sempre uis buscar”. Pra ela, “o
comodismo s vai trazer o atraso”, e uando chegou à Vila do Povo, decidiu
se empenhar mais do que fazia em seu antigo bairro.
O papel de liderança importante pois, em suas palavras “todos
precisamos de um líder”, pois na ausência de algu m para representar a
comunidade, está pode se considerar enquanto morta. Pela perspectiva da
comunidade, dona Lucí é muito procurada para resolver problemas até
mesmo do dia-a-dia e para ela, isso é reflexo do sentimento de acolhimento
que ela possui com a Vila do Povo.
No que tange aos acompanhamentos judiciais, dona Lucí informou que já
teve acesso à um nada consta, no Fórum e também à diferentes
documentações. A mesma não mencionou nada sobre processos judiciais de
fato. A falta de informação adequada é um dos maiores problemas
enfrentados pela comunidade e também pela liderança.
Ainda que seja uma liderança apenas material pois, na Vila do Povo,
apesar de possuir uma Associação e uma União de Moradores, dona Lucí
não ocupa nenhum espaço nestas duas instituiç es. Dona Luci ressalta “eu
tenho aprendido que as dificuldades estão aí, mas que a gente não deve
deixar se abater por elas (...) eu tenho conseguido aprender é que lutando a
185
Conclusão
Referências
Introdução
Logo, a propriedade não pode estar sujeita tão só pelo Direito Privado,
mas ao contrário, os interesses manifestados pela comunidade a levam a ser
abarcada pelo Direito Público, passando então a sua regulação, antes adstrita
ao campo privado, para o do Direito Constitucional. A Constituição de 88
mostra claramente essa modificação conceitual, ao garantir o direito de
propriedade (Art. 5º., XXII) desde que ela atenda à sua função social (Art.
5º., XXIII).
A íntima correlação entre esses dois dispositivos indica movimento ao
conceito de "propriedade", como se refere José Afonso da Silva (1990, p.
249):
(...) embora prevista entre os direitos individuais, ela não mais
poderá ser considerada puro direito individual, relativizando-
se seu conceito e significado, especialmente porque os
princípios da ordem econômica são preordenados à vista da
202
Isso significa que, para o direito brasileiro, hoje não existe a propriedade
tão só no sentido individual, dado que um dos seus elementos definidores é o
exercício da função social. José Afonso da Silva (1990), ao chamar a atenção
para essa diferenciação, quer deixar claro que função social é um princípio
novo inserido na estrutura da própria concepção e do conceito de
propriedade, de modo a ser um "elemento de transformação positiva que a
ponha ao serviço do desenvolvimento social", enquanto que limitações à
propriedade são o poder de polícia destinado a condicionar e restringir o uso
e o gozo dos bens, de modos a não causar prejuízo ao interesse social.
A função social, ao constituir o fundamento do regime de propriedade,
coloca a propriedade em submissão ao interesse de toda a coletividade, para
o alcance da justiça social. A propriedade passa, então, a ser vista como um
elemento de transformação social.
Todo proprietário tem que cumprir os dispositivos constitucionais quanto
à propriedade, pois o atendimento da função social é um mandamento
superior ao do próprio domínio. Ao cumprir, portanto, a sua condição de
203
Conclusão
Referências
FANON, Frantz. Pele Negra, Máscaras brancas. Rio de Janeiro: Ed. Fator,
1983.
RESUMOS
(resumos, resumos expandidos e
resumos de monografia)
216
Resumo
16
Resumo apresentado no “I Ciclo de Debates do Programa de Assessoria Jurídica
Universitária Popular – Direito Crítico e Práticas Jurídicas Emancipat rias”, ue ocorreu de
25 a 27 de fevereiro de 2016, na cidade de São Luís/MA.
217
Referências
Resumo
Introdução
17
Resumo expandido apresentado no IX Encontro Científico da Unidade de Ensino Superior
Dom Bosco, realizado nos dias 10 e 11 de novembro de 2016, na cidade de São Luís/MA.
220
Objetivo geral
Objetivos específicos
Metodologia
Desenvolvimento
Resultados e discussões
Conclusão
Referências
Introdução
Objetivos
18
Resumo Expandido apresentado no encontro da Rede Latino-Americana de Antropologia
Jurídica – Nordeste, realizado do dia 24 a 26 de junho de 2015, do qual ganhou menção
honrosa no Prêmio Célia Maria Corrêa na categoria Painel.
226
Metodologia
Resultados
Referências
Resumo
19
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Direito da Unidade de Ensino Superior
Dom Bosco como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharela em Direito.
230
Principais referências
_____. Pedagogia do Oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.
Referência da monografia
Resumo
20
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Direito da Unidade de Ensino Superior
Dom Bosco como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito.
235
críticas, tanto da relação entre ideologia e direito, através das obras de Marx,
Wolkmer, Miaille entre outros, quanto do estudo envolvendo a origem dos
conflitos possessórios urbanos e luta pelo Direito à Moradia, a partir das
leituras de autores como David Harvey, Raquel Rolnik, Maricato, Bruzaca e
demais autores. A pesquisa se utilizou de documentos, quando da análise dos
autos do processo, bibliografias sobre o tema e pesquisa de campo, com
entrevista realizada para colher depoimento da líder comunitária.
Principais referências
Referência da monografia