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Campo da Região Norte do Rio Grande do Sul: Resistência e Emancipação Social e Humana
RESUMO
Trabalho realizado em um assentamento, onde residem 20 famílias com aproximadamente 17 ha, que fez parte
do projeto Interdisciplinar V - "O trabalho como princípio educativo", realizado no 2° semestre de 2016, onde
estudamos o conceito de trabalho e apontamos alguns aspectos do mundo do trabalho de uma família como ele -
mentos com potencial formativo. Para tal objetivo foi utilizado o referencial teórico de Makarenko, pedagogo
ucraniano que enfatiza a necessidade de educar a criança pelo trabalho e de compartilhar os resultados sobre o
mundo do trabalho e suas relações com o conhecimento.
INTRODUÇÃO
Anais III SIFEDOC - Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS – Erechim, 29 a 31 de março de 2017.
ISSN: 2179-3624
Resumo expandido III Seminário Internacional de Educação do Campo e III Fórum de Educação do Campo
da Região Norte do Rio Grande do Sul: Resistência e Emancipação Social e Humana
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O trabalho realizado pela família pode e deve estar no currículo escolar, pois eles produzem e
criam tudo o que consomem. As aulas estão na horta, nos animais e até na forma como eles trazem a
água do açude, através de mangueiras. São atividades que podem ser abordadas com a matemática, as
ciências da natureza e humanas.
Perde-se muito ao não integrar o trabalho feito pelos estudantes no currículo, pois está se fa -
lando da vida do estudante e não há uma valorização do cotidiano em que eles vivem, ocorrendo um
distanciamento, não há uma articulação entre a teoria e a prática, reforçando a perspectiva equivocada
de que os conhecimentos disciplinares são neutros, de que sua construção não parte de um determina-
do contexto sociocultural e só pode ser conduzido por “cientistas”. Constituir um currículo escolar re-
quer profissionalismo e competência, pois o que será estudado, partilhado, compartilhado é a vivência
sociocultural das crianças. Para haver a mudança no currículo, primeiro o professor terá que mudar sua
postura, de que não é somente ele que detém o conhecimento e que rever o currículo é importante por-
que através dele que se busca um espaço de se achar soluções que satisfaçam a aprendizagem, a utili -
zação dos estudantes e também para frisar a importância de um trabalho coletivo, o resgate cultural da
memória, que só reforça que juntos podemos mudar a realidade de todos: famílias, estudantes, profes-
sores e sociedade.
Percebe-se que o currículo escolar não está vinculado ao trabalho realizado pelo estudante;
que nesta perspectiva a escola não está preocupa com o trabalho realizado pelos estudantes, que é es-
Anais III SIFEDOC - Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS – Erechim, 29 a 31 de março de 2017.
ISSN:
Resumo expandido apresentado no III Seminário Internacional de Educação do Campo e III Fórum de Educação do
Campo da Região Norte do Rio Grande do Sul: Resistência e Emancipação Social e Humana
sencial para a formação do ser humano. Existe um potencial criativo enorme observado na vivência
dessa criança em seu cotidiano familiar que poderia ser muito bem aproveitado em um currículo com
maior sensibilidade pedagógica e influência dos preceitos da Educação do Campo.
A escola não corresponde às necessidades e anseios dos estudantes, não há relação
com o mundo do trabalho dos estudantes ou qualquer tipo de discussão sobre o assunto. Como
professoras, acredito que o currículo deve ser adequado para os interesses dos estudantes, que
precisam e muito de um ensino que os valorize, conhecer o lugar onde vive para que possa ser
despertado no estudante a vontade de conhecer a região em que vive. Levando-se em conta o
histórico do Assentamento, diversos aspectos culturais poderiam subsidiar uma abordagem in-
terdisciplinar, como viver nesse espaço, com uma escola que percebe o envolvimento de seus
estudantes no trabalho doméstico, como por exemplo o menino que faz bolo. Deve ter uma in-
teração estudante-escola-currículo para que o mundo do trabalho contribua com a realidade
vivida, sempre buscando respostas para solucionar ou melhorar as situações problemáticas
que possam ocorrer.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como acadêmicas em na área de Educação do Campo, que nos envolvemos com os estudos de
trabalho e educação, percebemos há muito tempo o problema do currículo escolar, infraestrutura, fe-
chamento de escolas; que ao estudar Políticas Públicas, nos demos conta que uma escola não pode fe-
char mesmo que tenha só um estudante. Mas a realidade não é essa. Tudo isso contribuiu para a exclu -
são social dos povos do campo, pois todos esses elementos contribuem para o distanciamento e a des-
valorização do ensino no campo.
A escola deve esforçar-se sempre para cultivar e promover a autoestima dos estudantes, ainda
mais quando estamos falando de um espaço conquistado por sem terras que ousaram transformar es -
truturas sociais injustas, como é o caso da distribuição de terra no país. A escola deve desenvolver seus
conhecimentos e autonomia para também compreenderem o trabalho como parte constitutivo do pro-
cesso educativo do ser humano. O trabalho produtivo é a arma mais poderosa da educação, quando
tem um caráter social e é realizado pelas crianças no processo de formação.
REFERÊNCIAS
Anais III SIFEDOC - Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS – Erechim, 29 a 31 de março de 2017.
ISSN: 2179-3624