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O debate sobre População e

Desenvolvimento
Estudos Populacionais
Pós-Graduação em População, Território e Estatísticas Públicas

Aula 2:
Primeiras teorias sobre população e
desenvolvimento, a transição demográfica e as
Conferências de População, incluindo ODS

Suzana Cavenaghi e José Eustáquio Diniz Alves


Panorama da aula

 Pensamentos filosóficos sobre o crescimento


populacional na modernidade (Condorcet, Godwin,
Malthus, Socialistas, Marx, Anarquistas, etc.)
 Primeiras teorias sobre população e
desenvolvimento (Notestein e Coale & Hoover)
 Transição demográfica
 Neomalthusianismo e antineomalthusianismo
(Owen, Emma Goldman, Paul Ehrlich, Julian Simon,
Humanae Vitae, etc.
 Conferência de Bucareste (1974), México (1984),
Cairo (1994), ODM e ODS
 Capacidade de carga e sustentabilidade. 2
Geração iluminista e
feminista
Final do século XVIII
Início da Modernidade

Livros mais influentes:


O senso comum (1776)
Direitos do Homem (1791)

3
INTRODUÇÃO: QUESTÕES

 A humanidade tem futuro?

 É possível acabar com a miséria e a ignorância?

 A escalada humana será marcada pela vitória e o sucesso


ou pela derrota e o fracasso?

 O mundo caminha para o aperfeiçoamento da civilização


ou para o retrocesso da barbárie?

 É possível acabar com a fome e a pobreza?

 O ser humano vai encontrar a prosperidade e a felicidade?

4
O Império da Razão e a Perfectibilidade Humana

 “O iluminismo é a saída do ser humano de sua menoridade,


da qual é o próprio culpado. A menoridade é a incapacidade
de se servir de seu entendimento sem a direção de outrem”
(Kant);
 A chave do progresso é o predomínio da razão e sua vitória
sobre o preconceito, o fatalismo, as crenças e as
superstições;
 O ser humano é indefinidamente perfectível;
 A Revolução Social levaria a uma sociedade democrática e
científica;
 Eliminação das desigualdades entre as nações;
 Progressos nacionais da igualdade e do bem-estar;
 Aperfeiçoamento real da cidadania (saúde, educação,
moradia, etc.);
 Contra escravidão e o colonialismo;
 Pelos direitos iguais entre os sexos (equidade de gênero), etc.

5
Modernidade

 A modernidade é o período histórico que se estende entre fins do século XV e


os dias atuais. Contudo, além de um período histórico, a Modernidade é um
conjunto de fenômenos sociais e é também o resultado de uma série de
eventos marcantes no mundo ocidental ocorridos nos últimos 500 anos.
 A modernidade costuma ser entendida como um ideário ou visão de mundo
relacionada ao projeto empreendido a partir da transição teórica operada por
Descartes, com a ruptura com a tradição herdada - o pensamento medieval
dominado pela Escolástica - e o estabelecimento da autonomia da razão, o que
teve enormes repercussões sobre a filosofia, a cultura e as sociedades
ocidentais. O projeto moderno consolida-se com a Revolução Industrial e está
normalmente relacionado com o desenvolvimento do capitalismo.
 A primeira tentativa de caracterização da modernidade pode descrevê-la como
um estilo, um costume de vida ou organização social, surgido na Europa a partir
do século XVII e que devido a sua influência veio a se tornar mundial.
 A modernidade se apresenta carregada de ambiguidades, ao mesmo tempo em
que oferece segurança, oferece perigo, em que oferece confiança, oferece
risco. Há um ritmo vertiginoso de mudanças onde o avanço da
intercomunicação nos põe em conexão com diferentes partes do globo.
 A palavra chave da Modernidade é o Progesso. 6
Renascença

Leonardo da Vinci (1452-1519)

Homem Vitruviano

7
Crescimento econômico e populacional

8
Alguns pensamentos filosóficos sobre a população

Marquês de CONDORCET
 Jean-Antonio Nicholas Caritat - Marquês de Condorcet – nasceu
na Picardia em 1743 e morreu na prisão, em Paris, em 1794.

 Condorcet publicou o livro “Esboço de um quadro histórico dos


progressos do espírito humano” (1794) apresentando uma
visão positiva do desenvolvimento econômico, cultural e
demográfico da humanidade, no qual dava uma resposta
afirmativa para os questionamentos citados anteriormente.

 Adotando a concepção otimista contida na Enciclopédia de


Diderot e d’Alambert, Condorcet compartilha a visão de que a
história da humanidade é marcada por diversas etapas de
desenvolvimento que se sucedem de maneira progressiva.
 Existe sim o Progresso.
9
Alguns pensamentos filosóficos sobre a população,
cont.
 A chave desse progresso seria o predomínio da razão humana e
sua vitória sobre o preconceito, o fatalismo, as crenças e as
superstições.
 A liberdade de pensar e agir seriam as condições essenciais do
progresso da razão e, por conseguinte, da civilização.
 O desenvolvimento das ciências, das artes, da literatura e as
revoluções políticas contra os antigos regimes (monarquias
absolutistas) seriam os marcos iniciais da superação das
mazelas que aprisionavam o potencial de aperfeiçoamento
humano.
 A ideia fundamental do Esboço é que “o homem é um ser
indefinidamente perfectível” sendo que a possibilidade de avanço
da civilização adviria do desenvolvimento dessa “perfectibilidade
humana”.

10
Alguns pensamentos filosóficos sobre a população,
cont.

 No plano nacional, Condorcet condenou a desigualdade de riqueza, a


desigualdade da propriedade e da instrução.

 No plano intelectual ele condenava a ignorância e os preconceitos


religiosos.

 Condorcet foi um ardoroso defensor do voto feminino durante a


Revolução Francesa e combateu as diversas desigualdades de gênero.
Essay “Sur l’admission des femmes aux droits de Cité” (On the Admission of Women to the Rights of
Citizenship), Paris, 03/07/1790 http://oll.libertyfund.org/titles/condorcet-on-the-admission-of-women-to-
the-rights-of-citizenship

 Defendeu a criação de um sistema de aposentadorias, o progresso da


ciência, o avanço tecnológico, a produtividade agrícola e do trabalho,
além de combater as guerras.

 Defendeu o progresso e previu intuitivamente a transição demográfica.


11
Alguns pensamentos filosóficos sobre a população,
cont.
THOMAS ROBERT MALTHUS

 Thomas Robert Malthus nasceu em 14/02/1766, na Inglaterra, e


morreu em 1834. Nasceu em uma família abastada e seu pai,
Daniel Malthus, era adepto dos ideais de Rousseau e Condorcet
e amigo dos pensadores David Hume e Godwin. Malthus recebeu
uma educação de primeira linha. Em 1797 recebeu as ordens
eclesiásticas, tornando-se sacerdote da Igreja Anglicana.

 As convicções religiosas de Malthus tiveram grande influência em


sua obra, principalmente no “Ensaio sobre o princípio de
população e seus efeitos sobre o aperfeiçoamento futuro da
sociedade, com observações sobre as especulações de Mr.
Godwin, Mr. Condorcet e outros autores”, mais conhecido
como “Ensaio sobre a população”, publicado anonimamente em
1798
12
Alguns pensamentos filosóficos sobre a população,
cont.

 A teoria de Malthus repousa sobre dois postulados:


 “1) Que o alimento é necessário para a
existência do homem;
 2) Que a paixão entre os sexos é necessária e
que permanecerá aproximadamente em seu
estágio atual.”
 Malthus utiliza estes dois postulados como
premissas para a seguinte “lei”:
 “(...) a população, quando não controlada,
cresce numa progressão geométrica, e os
meios de subsistência numa progressão
aritmética.”
13
Alguns pensamentos filosóficos sobre a população,
cont.
 O princípio de população de Malthus não foi baseado em
nenhuma estatística confiável e não foi confirmado pela
experiência dos séculos seguintes. O princípio malthusiano
superestima o poder de crescimento da população e subestima o
crescimento dos meios de subsistência.

 Malthus pregava a continência sexual total antes do matrimônio e


era contra os nascimentos fora do casamento. Era contra o
aborto e contra todos os métodos artificiais de controle da
natalidade após a contração das núpcias.

 O único determinante do tamanho da prole seria o rendimento,


pois, se as condições econômicas e sociais fossem favoráveis,
os nubentes se casariam mais cedo. Dessa forma, a
fecundidade seria positivamente correlacionada com a renda
familiar.

14
Alguns pensamentos filosóficos sobre a população,
cont.
 Na segunda parte, Malthus se escora na chamada “lei dos
rendimentos decrescentes”, para dizer que a terra é avara e que
os meios de sustento familiar só podem crescer em progressão
aritmética.
 No modelo malthusiano, toda vez que o salário estivesse acima
do seu valor natural a população cresceria mais rapidamente que
a produção de bens de subsistência, devido à relação positiva
entre a renda do trabalhador e a fecundidade e à relação
negativa entre essa renda e a mortalidade.
 Somente o salário de subsistência seria capaz de garantir o
equilíbrio entre a população e o “fundo de trabalho”.
 Como ideólogo conservador e porta-voz declarado dos ricos
fazendeiros, ele defendia os ganhos do latifúndio contra os
interesses da burguesia nascente e o progresso das classes
populares.
15
Modelo Malthusiano esquemático

16
Modelo Malthusiano
Malthus = o crescimento populacional é uma variável
independente.

TFT  diretamente proporcional à renda (salário)


TM  inversamente proporcional à renda (salário)

Maior renda  casamentos precoces  maior


fecundidade (fec. natural)  menor mortalidade
 maior crescimento populacional

Menor renda  adiamento do casamento  menor


fecundidade  maior mortalidade
17
Alguns pensamentos filosóficos sobre a população,
cont.

 Na visão de Malthus, o sofrimento e as vicissitudes dos


trabalhadores são as condições necessárias para sua evolução
moral. Segundo seus princípios religiosos, considerava que o ser
humano, maculado pelo Pecado Original, estaria condenado para
sempre a sofrer. O trabalho árduo é “(...) um estado de privação e
uma escola de virtude”.

 Ao invés de indefinidamente perfectível, Malthus considera o ser


humano inativo, apático e avesso ao trabalho. Por tudo isto,
Malthus foi contra a “lei dos pobres”.

 Malthus fecha sua filosofia mostrando que o aumento do bem-


estar geral da humanidade é impossível devido ao seu
princípio de população e que a riqueza e o ócio seriam
conquistas indesejadas, pois desestimularia a inteligência,
regrediria a mente humana ao seu nível animalesco.
18
Malthus: Resumindo...

 Equilíbrio homeostático Malthusiano: volume


populacional volta sempre ao estado de
equilíbrio:
 equilíbrio baixa pressão populacional
 equilíbrio alta pressão populacional
 Freios do crescimento populacional segundo
Malthus
 Freios preventivos  casamento e fecundidade
 Freios positivos  Pobreza, guerras, pestes,
etc.
19
Malthus: Resumindo...

 Causas do crescimento populacional:


 “instinto reprodutivo” freado pela limitação dos

meios de subsistência  Equilíbrio


populacional.

 Consequências do crescimento populacional:


 pobreza como resultado da pressão da oferta

de trabalho
 o crescimento da oferta de alimentos leva a

mais crescimento populacional e mais pobreza

20
Esquema Malthusiano de equilíbrio populacional

salários natalidade e mortalidade


populacional Gera insuficiência de recursos

salários e preços
deterioração das condições de vida dos pobres

fecundidade e/ou mortalidade população

salários

21
Neomalthusianismo

A ideia de reduzir as taxas de natalidade – ao invés de aumentar a


mortalidade – é a base do pensamento chamado neomalthusianismo. Os
neomalthusianos, ao contrário de Malthus, consideram que existe uma
relação inversa entre pobreza (renda) e fecundidade.

Desta forma, são socialmente muito mais avançados, pois consideram que
a pobreza pode ser eliminada, mas para tanto, seria preciso controlar o
crescimento exponencial da população. Em termos econômicos, os
neomalthusianos consideravam que um rápido crescimento da população
poderia ser um entrave ao desenvolvimento, pois canalizaria a maior parte
dos recursos econômicos para as jovens gerações.

O controle da população (via planejamento familiar) seria um pré-requisito


para a decolagem (take off) do desenvolvimento. Portanto, os pensadores
neomalthusianos são aqueles que defendem que a redução da fecundidade
seja uma prioridade das políticas públicas, nos países que estão no início
da transição demográfica. 22
Alguns pensamentos filosóficos sobre a população,
cont.
PENSADORES SOCIALISTAS
 Os pensadores socialistas do século 19 reagiriam de forma
enérgica à ideologia malthusiana, pois consideravam que as
causas da miséria, da pobreza e da fome não estavam no
crescimento descontrolado da população, mas no resultado
intrínseco do modo de produção capitalista.
 Os pensadores socialistas substituíram em seus discursos o
problema populacional pelo problema social afirmando que as
mazelas da sociedade decorriam do sistema econômico que
assegurava à burguesia e aos latifundiários a extração da mais
valia dos trabalhadores da cidade e do campo.
 Segundo Fourier (1772-1837) e Proudhon (1809-1865), uma
sociedade onde a propriedade privada e a exploração do “homem
pelo homem” fossem suprimidas, haveria um crescimento
equilibrado e harmônico entre a população e o progresso
econômico.
23
Neomalthusianismo de esquerda

Em 1822 Francis Place, um alfaiate associado ao


socialista utópico Robert Owen, publicou detalhes
de métodos contraceptivos. Em 1825, Richard
Carlisle escreveu seu trabalho neomalthusiano
intitulado What is Love? Estas e outras obras
neomalthusianas foram amplamente divulgadas na
Inglaterra durante o primeiro terço da Século XIX e
tiveram impacto público, além de atrair a
perseguição governamental.

As ideias neomalthusianas viajaram para os Estados


Unidos através do próprio Robert Owen, quando ele
criou a colônia de inspiração comunista, New
Harmony. Já em 1835, o filho de Robert Owen,
Robert Dale, publicou o folheto neomalthusiano
intitulado Moral Physiology em Nova York, que teve
várias edições até 1877 na Inglaterra e nos Estados
Unidos. Seguindo essa linha, Charles Knowlton, um
médico de Boston, escreveu Fruit of Philosophy.
24
Alguns pensamentos filosóficos sobre a população,
cont.
 Para Karl Marx (1818-1883) o valor dos salários depende
da produtividade do trabalho e da repartição dos seus frutos: o
trabalho pago se transforma em salário e o trabalho gratuito, ou
mais-valia, se transforma nas diversas formas do lucro capitalista.
Assim, o “salário de subsistência” nada mais era do que o limite
mínimo do pagamento da força de trabalho e o limite máximo do
lucro da burguesia. A “superpopulação relativa” ou um
“exército industrial de reserva” regula a oferta e a demanda de
trabalhadores.

“A população trabalhadora, ao produzir a acumulação do capital,


produz, em proporção crescente, os meios que fazem ela,
relativamente, uma população supérflua. Esta é uma lei da
população peculiar ao modo capitalista de produção. Na realidade
todo modo histórico de produção tem suas leis próprias de
população, válidas dentro de limites históricos” (Marx, 1980, p. 733).

Nota: Afirmação não falseável


25
Modelo Marxista

Trabalho total = T
Trabalho pago ou capital variável = v T= v+m
Capital constante = c K=c+v
Composição orgânica do capital: k = c/v
A concorrência exige o avanço do progresso técnico

Mais-valia (trab não pago) = m (absoluta e relativa)


Taxa de mais-valia: e = m/v
Taxa de lucro: r = m/(v + c)

m/(v+c) = (m/v)/[(v/v)+(c/v)]=(m/v)/[1+(c/v)]

Assim a taxa de lucro = (m/v)/[1+(c/v)]


Se a taxa de mais-valia permanecer constante, a elevação da
composição orgânica do capital provocará uma queda da taxa de lucro. 26
Neomalthusianismo feminista e anarquista

Direitos Reprodutivos

Emma Goldman
(27/06/1869 – 14/05/1940)
nascida em Kovno/Lituânia,
emigrou para os EUA em
1885 Goldman tornou-se
uma renomada ensaísta de
filosofia anarquista e
escritora, escrevendo
artigos anticapitalistas bem
como sobre a emancipação
da mulher, problemas
sociais, a luta sindical e os
direitos reprodutivos.

MARTINEZ-ALIER, Joan, MASJUAN, Eduard. Neo-Malthusianism in the Early 20th Century, Universitat Autònoma de Barcelona, International Society for Ecological
Economics, Montréal 11-15 July 2004 http://isecoeco.org/pdf/Neo-malthusianism.pdf
Emma Goldman. Capítulo XI. Los Aspectos Sociales del Control de Natalidad, Mother Earth, Vol. XI, abril 1916, In: La palabra como arma. - 1a ed. - Buenos Aires :
Libros de Anarres; La Plata: Terramar, 2010, pp: 137-144 http://www.radiovillafrancia.cl/wp-content/uploads/2014/06/Goldman-Emma-La-palabra-como-arma.pdf
27
Eugenia e Racismo

 Enquanto os seguidores de Malthus e Marx polemizavam se


o crescimento demográfico era ou não um problema
populacional, uma nova corrente de pensamento ganhou
corpo: a eugenia. A partir de uma interpretação simplificada
da teoria da seleção natural de Darwin, os eugenistas
elaboraram formulações "cientificas" destinadas a
demonstrar o que realmente importava não era
exatamente o tamanho, mas sim a "qualidade" da
população.

 A eugenia considerava que o sucesso ou fracasso dos


indivíduos dependia mais das características genéticas e
menos do ambiente social. Entre os anos de 1930 e
1945, a "barbárie" das pesquisas de caráter eugênico na
Alemanha, Itália e Japão produziu grandes
constrangimentos em alguns setores da demografia.
28
A TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA

29
Transição demográfica

 WarrenThompson em 1929 descreveu pela primeira vez a transição


demográfica (chamada por ele de Teoria da Transição Demográfica).
 É uma descrição generalizada das mudanças nos padrões de
mortalidade, fecundidade e taxa de crescimento populacional quando
as sociedades passam de um regime demográfico a outro
(http://papp.iussp.org/).
 Resumidamente:
 A transição demográfica é a passagem de altas para baixas taxas

de mortalidade e natalidade.
 Mudanças ocorrida na passagem das sociedades pré-industriais para

sociedades industriais
 E a migração, não entra nesta teoria?
 Não explicitamente para descrever o fenômeno, mas o êxodo
rural era uma das características dessa mudança

 O que significa taxas de mortalidade e taxas de natalidade?

30
Taxas de natalidade e mortalidade

 Natalidade (evento nascimentos)


 Se refere a nascidos vivos
 Representa a quantidade de nascimentos ocorridos em toda a população.
 Taxa de Bruta de Natalidade: TBN
Razão entre o número de nascidos vivos observados numa população durante um
determinado período e a população média nesse mesmo período por mil habitantes
Onde: N, nascimentos (nascidos vivos)
t, t+k período (em geral um ano)
N ( t ,t  k )
TBN  *1000
P , população no meio do período k  P ( t ,t  k )
 Mortalidade (evento mortes, óbitos)
 Desaparecimento permanente de qualquer evidência de vida a qualquer
momento depois do nascimento.
 Taxa de Bruta de Mortalidade: TBM
Razão entre o número de óbitos observados numa população durante um determinado
período e a população média nesse mesmo período por mil habitantes
Onde: O, óbitos
t, t+k período (em geral um ano) O( t ,t  k )
TBM  *1000
P , população no meio do período k  P ( t ,t  k )
31
Transição demográfica

 A transição demográfica pode ser dividida em quatro


estágios:

1. Pré-transição: altas taxas de natalidade e de mortalidade (pode


flutuar)
2. Transição inicial: a taxa de mortalidade cai e a taxa de natalidade
permanece elevada, provocando um rápido crescimento
populacional;
3. Transição tardia: a taxa de natalidade começa a cair, reduzindo o
ritmo de crescimento da população;
4. Pós-transição: existência de baixas taxas de mortalidade e
natalidade, resultando em lento crescimento demográfico.

32
Modelo esquemático do fenômeno da transição
demográfica

Fonte: (http://papp.iussp.org/).
33
Características da transição demográfica

 O declínio da TBM sempre ocorre primeiro em relação ao


declínio da TBN. Com isto há uma aceleração do
crescimento vegetativo.
 Com a aceleração da queda da TBN o crescimento natural
diminui e pode se transformar em decrescimento se as duas
curvas se inverterem;
 A transição demográfica provoca uma transição na estrutura
etária da população.
 A transição demográfica é um fenômeno único na história
da humanidade. A passagem de altos a baixos níveis de
fecundidade e mortalidade acontece uma só vez.
 Em grande medida, teóricos da transição, como Notestein
(1945), inclinavam-se mais bem para o otimismo de Adam
Smith e Condorcet do que em direção ao pessimismo
Malthusiano. 34
Taxa por mil Taxa por mil

-5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1950-1955
1950-1955
1960-1965 1955-1960
1960-1965
1970-1975 1965-1970
1970-1975
1975-1980
1980-1985

TBN
1980-1985

TBN
1985-1990
1990-1995
1990-1995
1995-2000
2000-2005 2000-2005

TBM

TBM
2005-2010
2010-2015 2010-2015
2015-2020
2020-2025 2020-2025
2025-2030
Mundo

2030-2035 2030-2035
2035-2040
2040-2045 2040-2045
2045-2050
2050-2055 2050-2055
2055-2060
2060-2065 2060-2065

Crescimento vegetativo
Crescimento vegetativo 2065-2070
2070-2075 2070-2075
2075-2080
2080-2085 2080-2085
2085-2090
2090-2095 2090-2095
Regiões menos desenvolvidas, renda média
2095-2100
Taxas por mil Taxas por mil
-5
0
5
15
20
25

10

0
5
10
20
25
30
35
45
50

15
40

1950-1955 1950-1955

1960-1965 1960-1965

1970-1975 1970-1975

1980-1985 1980-1985

TBN
TBN

1990-1995 1990-1995

2000-2005 2000-2005

TBM
TBM

2010-2015 2010-2015

2020-2025 2020-2025

2030-2035 2030-2035

2040-2045 2040-2045

2050-2055 2050-2055
África Subsaariana

2060-2065 2060-2065
Regiões mais desenvolvidas

Crescimento vegetativo
Crescimento vegetativo

2070-2075 2070-2075

2080-2085 2080-2085

2090-2095 2090-2095
Transição demográfica diferentes regiões (UN, rev. 2017)

35
A transição demográfica no Brasil
Taxa Bruta de Natalidade (TBN) e Taxa Bruta de Mortalidade (TBM)
e Taxas de Crescimento Natural: 1872 - 2050
50

45

40

35

30
Por mil

25

20

15

10

0
1872

1890

1900

1910

1920

1930

1940

1950

1960

1970

1980

1990

2000

2010

2020

2030

2040

2050
An o s
TB N TB M Ta x a c re s c im e n t o n a t u ra l

Fonte: De 1872 a 1940, Merrick e Graham (1981) e de 1950 em diante, ONU - - visitado em
4/12/2004. De 2010 a 2050 = projeções.
36
Transição demográfica no Brasil
Taxa Bruta de Natalidade (TBN), Taxa Bruta de Mortalidade (TBM) e
População, Brasil: 1950-2100

Fonte: UN/ESA, revisão 2012 37


Transições urbana e demográfica no Brasil
180 50
População urbana e rural (em milhões)

160 45

140 40

TBN e TBM (por mil)


35
120
30
100
25
80
20
60
15
40 10
20 5

0 0
1950

1955

1960

1965

1970

1975

1980

1985

1990

1995

2000

2005

2010

2015
Pop urbana Pop rural TBN TBM
Fonte: IBGE, Censos demográficos (para situação de domicílio) e World Population Prospects: The 2012
Revision (para TBN e TBM), http://esa.un.org/unpd/wpp/index.htm 38
Teorias para explicar a transição demográfica
Teoria da Modernização

 “Frank Notestein (1945) foi o primeiro autor a adotar uma abordagem macro,
relacionando a transição demográfica com o desenvolvimento
econômico”
 “Processo de modernização, ocorrido na Europa Ocidental, América do Norte e
Oceania, trouxe grandes ganhos de produtividade que possibilitaram o aumento
da oferta de bens em geral, e de bens de subsistência, em particular, o que
resultou em melhorias no padrão de vida da população”.
 O processo de modernização e o controle de algumas doenças, causou grande
declínio da mortalidade.
 “A taxa de fecundidade continuou alta em decorrência do fato de a sociedade
manter na memória o período da elevada incidência da mortalidade, período no
qual as leis, as doutrinas religiosas, os códigos morais, a educação, os costumes
comunitários, os hábitos de casamento e as organizações familiares estavam
orientadas para a obtenção de um grande número de filhos.”
 “O processo de modernização, entendido como urbanização e
industrialização, reduziria a fecundidade devido ao crescimento do
individualismo e do enfraquecimento dos laços familiares e comunitários. Os
velhos tabus e preconceitos são superados e o controle da fecundidade passa a
ser adotado em larga escala”.
(Alves, 2002) – Polêmica Malthus versus Condorcet ...
39
Transição demográfica nos países
em desenvolvimento
Círculo vicioso no Terceiro Mundo

 Coale e Hoover publicaram em 1958, o livro “População e


desenvolvimento econômico”, visando discutir a experiência dos
países de baixa renda (caso da Índia e do México). Para eles, a
experiência da transição demográfica seria diferente entre os países do
Primeiro Mundo e países do Terceiro Mundo.
 Nos países de alta renda (modernizados) as mesmas forças
responsáveis pela queda da mortalidade provocariam, de forma
endógena, a queda da fecundidade. Nos países de baixa renda,
entretanto, a queda da mortalidade teria se dado de forma exógena
devido à importação de antibióticos e inseticidas, à criação de
organizações de saúde pública eficazes e à aplicação de métodos
sanitários convenientes e de baixo custo.
 Os autores argumentam, então, que a queda da mortalidade ocorreu
sem grandes transformações da estrutura econômica interna nos países
“subdesenvolvidos” e concluem que o desenvolvimento econômico não
é uma condição necessária para a transição da mortalidade nesses
países.
41
Círculo vicioso no Terceiro Mundo

 Coale e Hoover consideravam que um certo limiar de


desenvolvimento deveria ser atingido para que a fecundidade
começasse a cair, como no modelo de transição europeu. Porém, como
os países de baixa renda ainda estavam atrasados no processo de
desenvolvimento e na mudança da estrutura social, tenderiam a
prevalecer as “atitudes, crenças e tradições” e “escoras culturais pró-
natalistas”.

 Assim o desenvolvimento econômico seria necessário para o início da


transição da fecundidade. Caso isto não ocorresse, os países do
“Terceiro Mundo” cairiam num círculo vicioso, pois a redução exógena
da mortalidade provocaria um rápido crescimento populacional, o que
traria como conseqüência, a elevação da dependência demográfica.
A alta percentagem de jovens absorveria a poupança existente,
inviabilizando ou retardando os investimentos privados e a capacidade
de o governo levantar fundos para a decolagem do desenvolvimento.
42
O neomalthusianismo de Coale e Hoover

 O que é?
 Utilizado no século XX (depois da segunda guerra), no
momento de “medo da explosão populacional” como
forma de reduzir o crescimento populacional por meio da
redução da fecundidade.

 Resumidamente (o que pensam os neomalthusianos):


 Não há modelo de equilíbrio populacional;
 A redução da mortalidade se dá sem que hajam as
condições econômicas necessárias para a redução da
fecundidade;
 Necessidade de regulação da fecundidade (jamais
sugerido por Malthus).

43
O Neomalthusianismo

 Ao contrário de Malthus, os neomalthusianos não estavam


propondo a redução do valor do salário como meio de controlar a
população (pela mortalidade), mas, sim, a utilização de
métodos contraceptivos para reduzir a fecundidade.
 Livres dos preconceitos religiosos de Malthus, o neomalthusianismo
passou a recomendar a utilização de métodos contraceptivos
modernos dentro e fora do casamento, da esterilização e, em certos
casos, até do aborto.
 O neomalthusianismo recomenda o estabelecimento de metas
demográficas e políticas populacionais restritivas, advogando
inclusive sobre o uso de métodos coercitivos de limitação do
tamanho das famílias.
 Tanto o controlismo quanto o pronatalismo coercitivos se opõem
aos direitos sexuais e reprodutivos, que é uma bandeira que se
firmou a partir da Conferência sobre População e Desenvolvimento
do Cairo em 1994.

44
O neomalthusianismo imperialista
 A ideologia neomalthusiana acentuou a dicotomia política entre as
alternativas de direita e de esquerda na época do conflito Leste
(socialista) versus Oeste (capitalista).
 A direita dava prioridade ao controle da natalidade, enquanto a
esquerda dava prioridade ao desenvolvimento.
 Os neomalthusianos preconizavam o planejamento familiar como
pré-condição para retirar os pobres da pobreza.
 Nos anos 60 ficou famosa a afirmação do Presidente Johnson de
que: “Mais valem 5 dólares investidos no controle da população
do que 100 dólares investidos em desenvolvimento”.
 Por meio da USAID (United States Agency for International
Development), os EUA passaram a financiar programas de
controle da natalidade em todo o mundo.
 Sob a influência do neomalthusianismo, as Conferências Mundiais
de População, realizadas em Roma, em 1954, e Belgrado, em
1965, foram marcadas pela preocupação com a “explosão
demográfica”. 45
Evolução da população mundial: 1750-2100
https://ourworldindata.org/world-population-growth

Pico do crescimento

46
Neomalthusianismo x Antineomalthusianismo

2018 = 50 anos da “Bomba Populacional” e da “Humanae Vitae”


Maio 1968 25/07/1968

ALVES, JED. CAVENAGHI, S. Igreja Católica, Direitos Reprodutivos e Direitos Ambientais, Horizonte, Belo Horizonte, v.
15, n. 47, jul./set. 2017 http://periodicos.pucminas.br/index.php/horizonte/article/view/P.2175-5841.2017v15n47p736 47
A aposta Simon vs Ehrlich

Paul Ehrlich defende


o “Zero population
growth” (ZPG)

Fórmula: I = PAT

Julian Simon (1932-1998) Paul Ehrlich (1932 - )

Julian Simon defendia o fundamentalismo de mercado (free-market environment). Seus


livros fizeram uma defesa intransigente do crescimento populacional e econômico
indefinido. Ele acreditava que o preço das commodities e da energia fóssil iria cair
permanentemente na medida em que as forças de mercado pudessem ser livres e
desregulamentadas para fazer a alocação mais eficiente dos fatores de produção. Ele
ficou famoso ao vencer uma disputa contra Paul Ehrlich na década de 1980, apostando
na queda do preço de alguns metais e do petróleo e na eficiência do mercado. Contudo,
se a aposta fosse feita na década de 2000 ele teria perdido por larga margem.

http://www.ecodebate.com.br/2011/03/18/a-aposta-ehrlich-versus-simon-populacao-e-preco-das-commodities-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
http://www.ecodebate.com.br/2012/05/16/o-positivismo-e-o-fundamentalismo-de-mercado-de-julian-simon-e-dos-ceticos-do-clima-artigo-de-jose-
eustaquio-diniz-alves/ 48
As Conferências Mundiais de População

 Conferência de Roma, 1954


Não oficiais
 Conferência de Belgrado, 1965

 Conferência de Bucareste, 1974


- EUA defendia o controle da natalidade, enquanto China,
Índia e os países do Terceiro Mundo defendiam o crescimento:
“O desenvolvimento é o melhor contraceptivo”;
 Conferência do México, 1984
- Os EUA abandonaram a política controlista e a China
adotou a política neomalthusiana mais draconiana da história
(política de filho único);
 Conferência do Cairo, 1994
- Direitos sexuais e reprodutivos. 49
Qual a discussão atual sobre População e
Desenvolvimento?
 A Conferência Internacional de População e Desenvolvimento
(CIPD) ocorrida na cidade do Cairo, em1994, aprovou um Plano de
Ação de 20 anos que representou uma mudança de paradigma com
respeito ao debate populacional, à relação entre população e
desenvolvimento e às políticas populacionais.
 O debate entre controlistas e natalistas foi, de certa forma, superado.
 O enfoque demográfico foi relativizado em favor de premissas de
direitos humanos, bem-estar social e igualdade entre os gêneros, com
uma ênfase especial na saúde e direitos sexuais e reprodutivos.
 O Programa de Ação (PA) em seu preâmbulo (capítulo 1) definiu a linha
de ação geral com base na interdependência de três grandes temas: 1)
População; 2) Desenvolvimento e 3) Sustentabilidade ambiental.
 O PA reconhece a necessidade dos países adotarem políticas públicas
no sentido de promover o “crescimento econômico sustentado no
contexto de um desenvolvimento sustentável”.

50
Direitos Reprodutivos na CIPD do Cairo - 1994

 “Os direitos reprodutivos abrangem certos direitos


humanos já reconhecidos em leis nacionais, em
documentos internacionais sobre direitos humanos em
outros documentos consensuais. Esses direitos se ancoram
no reconhecimento do direito básico de todo casal e de
todo indivíduo de decidir livre e responsavelmente
sobre o número, o espaçamento e a oportunidade de
ter filhos e de ter a informação e os meios de assim o
fazer, e o direito de gozar do mais elevado padrão de
saúde sexual e reprodutiva. Inclui também seu direito de
tomar decisões sobre a reprodução, livre de
discriminação, coerção ou violência” (PA, par. 7.3, p.
41).

51
Direitos reprodutivos no Brasil

 Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), 1983;


 Artigo 226 da Constituição brasileira de 1988, ficou assim:
“Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do
Estado. § 7º. Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e
da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do
casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma
coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas”.
 Ficaram de fora do Artigo 226 a questão do aborto e da esterilização
feminina.
 Criação da Comissão Nacional de População e Desenvolvimento (1994);
 Planejamento familiar: Lei n. 9.263 de 12 de janeiro de 1996, que
regulamenta o parágrafo 7º do art. 226 da Constituição Federal –
somente implementada no SUS a partir de 1998
 Política nacional de direitos sexuais e reprodutivos - 22/03/2005

52
E depois dos 20 anos da CIPD (2014)?

 Monitoramento feito principalmente por meio dos


ODM (Objetivo de desenvolvimento do Milênio)
 2012 - Conferência do meio ambiente (Rio)
 2013 – Consenso de Montivideo
 2014 - Revisão da CIPD – reafirmaram-se os
compromissos anteriores e foram estendidos para x
anos.
 CRPD – Conferência Regional (ALC) de População e
Desenvolvimento (2018 reunião no Peru).

53
Objetivos do Desenvolvimento
do Milênio (ODM) - 2000

1) Erradicar a pobreza extrema e a fome.


2) Alcançar a educação primária universal.
3) Promover a igualdade de gêneros e fortalecer o papel da
mulher.
4) Reduzir a mortalidade infantil.
5) Melhorar a saúde materna.
6) Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças.
7) Assegurar a sustentabilidade ambiental.
8) Promover uma parceria global para o desenvolvimento.

Obs: Na primeira versão não havia nada sobre saúde reprodutiva.

- Em 2005 foi estabelecida a meta 5b: “Alcançar, até 2015, o acesso


universal à saúde reprodutiva”.
54
Agenda 2030 da ONU

O quintilema da Agenda 2030 da ONU


https://www.ecodebate.com.br/2017/02/20/o-quintilema-da-agenda-2030-da-onu-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/ 55
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

ALVES, JED. Os 70 anos da ONU e a agenda global para o segundo quindênio (2015-2030) do século XXI. Rev. bras. estud.
popul. 2015, vol.32, n.3, p. 587-598. http://www.scielo.br/pdf/rbepop/v32n3/0102-3098-rbepop-32-03-0587.pdf
ALVES, JED. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): boa intenção, grande ilusão
http://www.ecodebate.com.br/2015/03/11/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods-boa-intencao-grande-ilusao-
artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/ 56
Explosão versus Implosão

 Explosão populacional (crescimento descontrolado da população


 aumento insustentável do tamanho populacional)
 Queda da mortalidade
 Persistência de altas taxas de fecundidade

Não existe dado atual que sustente a teoria da explosão


populacional global – censo comum
 Implosão populacional (diminuição da população a níveis
intoleráveis  extinção)
 Baixas taxas de mortalidade
 Baixas taxas de fecundidade
Demógrafos não têm “previsões” definitivas sobre o assunto.
É fato até o momento que a fecundidade não volta a subir de
maneira consistente e duradoura depois de ter abaixado à níveis
muito abaixo da reposição populacional.
 E o papel da Migração?
57
Fosso demográfico: regiões com crescimento e
decrescimento populacional

58
Política de filho único: neomalthusianismo coercitivo

59
E depois da transição demográfica (TD)?

 As tendências observadas nos países desenvolvidos, e mais


recentemente nos países em desenvolvimento que passaram ou estão
terminando a transição demográfica, mostram que o quarto estágio
da transição demográfica não reproduz a suposta estabilidade
das taxas brutas de natalidade e mortalidade (em níveis
baixos) como aquela do primeiro estágio (em níveis altos).
 Muitos países continuaram com a queda da fecundidade abaixo do nível de
reposição (TFT = 2,1) com efeitos importantes na natalidade
 A taxa bruta de mortalidade volta a aumentar
 A migração internacional passa a ter efeitos no tamanho populacional
 Surgimento do fenômeno da segunda transição demográfica
 Atualmente, o surgimento de uma terceira TD.

 Aspectos que serão vistos na aula sobre nupcialidade e famílias

60
Existe um tamanho ótimo populacional?

 Ou seja, existe um tamanho populacional


onde a população tem boa qualidade e
condições de vida?
 Existem países grandes com estas
características.
 Existem países pequenos.
 Existem países grandes e pequenos com
péssimas condições de vida da população.

Outros fatores determinam as condições de


vida, além do tamanho populacional.
61
O Progresso do bem-estar humano
Crescimento econômico e populacional

63
Como se deu o crescimento populacional e de
alimentos ao longo dos anos?

Fonte: David Lam (Presidential Address – PAA 2011). How the World Survived the
Population Bomb: Lessons from 50 Years of Exceptional Demographic History
Vejam o debate David Lam e Stan Becker (Demography, 2013). 64
Fome no Mundo

“De pé ó vítimas da fome; De pé famélicos da terra”


Hino da Internacional Socialista (1871)

ALVES, JED. A redução da fome no mundo e o futuro de insegurança alimentar, SCRIBD, 03/03/2018
https://pt.scribd.com/document/372859955/A-reducao-da-fome-no-mundo-e-o-futuro-de-inseguranca-alimentar
ALVES, JED. O aumento do padrão de vida da humanidade nos últimos 200 anos , SCRIBD, 03/03/2018
https://pt.scribd.com/document/372860342/O-aumento-do-padrao-de-vida-da-humanidade-nos-ultimos-200-anos
ALVES, JED. Vivemos no melhor dos mundos? SCRIBD, 03/03/2018
https://pt.scribd.com/document/372859967/Vivemos-no-melhor-dos-mundos
65
Progresso Humano

66
Redução da pobreza no mundo

World Bank. The State of the Poor: Where are the Poor and where are they Poorest? April 2013.
http://www.worldbank.org/content/dam/Worldbank/document/State_of_the_poor_paper_April17.pdf World Bank. Poverty and Shared Prosperity 2016, Taking on Inequality
http://www.worldbank.org/en/publication/poverty-and-shared-prosperit

67
Aumenta a pobreza na ALC e no Brasil
ALC

Brasil

ALVES, JED. Cresce a pobreza na América Latina e no Brasil, 12/03/2018


https://www.ecodebate.com.br/2018/03/12/cresce-a-pobreza-na-
america-latina-e-no-brasil-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
68
A desigualdade social no mundo
A taça da desigualdade
da riqueza mundial

ALVES, JED. A crise do capital no


século XXI: choque ambiental e choque
marxista. Salvador, Revista Dialética
Edição 7, vol 6, ano 5, junho de 2015

http://revistadialetica.com.br/wp-
content/uploads/2016/04/005-a-crise-do-capital-
no-seculo-xxi.pdf

70
A Pirâmide Global da Riqueza

71
Desigualdade no Brasil

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160121_62_mais_ricos_forbes_rp

http://www.bbc.com/portuguese/brasil-42768082

Joseph Safra - Herrmann Telles - Paulo Lemann - Alberto Sicupira - Eduardo Saverin 72
A humanidade ultrapassou

a capacidade de carga
As 3 maiores economias do mundo
1870, 1973, 2010 e 2030

74
Indicadores de ultrapassagem da
capacidade de carga
1) A pegada ecológica global estava 68% acima da biodiversidade global em 2013;
2) A concentração de CO2 já ultrapassou 400 ppm em 2014 e deve ultrapassar 410 ppm
em algum dia no mês de abril de 2017. O nível seguro seria 350 ppm;
3) O mundo já ultrapassou 4 das nove fronteiras planetárias. Segundo o Stockholm
Resilience Center, duas das fronteiras, a Mudança climática e a Integridade da biosfera,
são consideradas "limites fundamentais" e o descontrole pode levar a civilização ao
colapso;
4) A temperatura média global do Planeta já ultrapassou 1,1 graus em relação ao período
pré-industrial e o mundo caminha para a maior temperatura dos últimos 5 milhões de
anos;
5) A última vez que a temperatura ultrapassou 2 graus o nível do mar subiu 6 metros.
Existem 2 bilhões de pessoas que vivem em áreas até 2 metros do nível do mar;
6) O degelo conjunto do Ártico e da Antártica bateu todos os recordes de baixa em março
de 2017;
7) A Acidificação dos Oceanos está matando a vida marinha e um exemplo é a Grande
Barreira de Corais da Austrália. Há sobrepesca e depleção dos estoques de peixe;
8) Os oceanos terão mais plásticos do que peixes em 2050;
9) Houve queda de 58% na população de animais selvagens no mundo entre 1970 e 2012.
Até 2020, a perda pode alcançar a impressionante cifra de dois terços. Ou seja, 2 em cada
3 animais estarão extintos num período de 50 anos;
10) A degradação do permafrost pode liberar metano e CO2 capaz de gerar uma situação
apocalíptica; 75
Fronteiras Planetárias

76
Fronteiras Planetárias

77
FRONTEIRAS PLANETÁRIAS

Estudo publicado na Revista Ecology and Society (ROCKSTRÖM et al, 2009) já identificava nove
dimensões centrais para a manutenção de condições de vida decentes para as sociedades
humanas e o meio ambiente e indicava que os limites já tinham sido ultrapassados em 3
dimensões e estavam se agravando nas demais.
 1. Mudanças climáticas
 2. Perda de integridade da biosfera (perda de biodiversidade e extinção de espécies)
 3. Depleção da camada de ozônio estratosférica
 4. Acidificação dos oceanos
 5. Fluxos bioquímicos (ciclos de fósforo e nitrogênio)
 6. Mudança no uso da terra (por exemplo, o desmatamento)
 7. Uso global de água doce
 8. Carga atmosférica de aerossóis (partículas microscópicas na atmosfera que afetam o clima
e os organismos vivos)
 9. Introdução de novas entidades (por exemplo, poluentes orgânicos, materiais radioativos,
nanomateriais e microplásticos).
Em 2015, uma atualização da pesquisa foi publicada na Revista Science (STEFFEN et al, 2015),
mostra que quatro das nove fronteiras planetárias foram ultrapassadas: As duas primeiras são o
que os cientistas consideram "limites fundamentais" e tem o potencial para conduzir o Sistema
Terra ao colapso.
Stockholm Resilience Centre
http://www.stockholmresilience.org/ 78
Como se deu o crescimento populacional e de
alimentos ao longo dos anos?

Fonte: David Lam (Presidential Address – PAA 2011). How the World Survived the
Population Bomb: Lessons from 50 Years of Exceptional Demographic History
Vejam o debate David Lam e Stan Becker (Demography, 2013). 79
Explosão do consumo
A explosão de consumo no mundo no século XX

Fonte: New Scientist, October 18, 2008, p. 40; Disponível em: http://dowbor.org/ar/ns.doc

80
A grande aceleração

81
“Acreditar que o crescimento econômico
exponencial pode continuar infinitamente
num mundo finito é coisa de louco ou de
economista”

Kenneth Boulding (1910-1993)


82
Para Herman Daly o crescimento econômico gerou um
mundo antropicamente cheio

O crescimento econômico está virando DESECONÔMICO

ALVES, JED. Mundo cheio e decrescimento, Ecodebate, 03/06/2016 (com base em Herman Daly)
https://www.ecodebate.com.br/2016/06/03/mundo-cheio-e-decrescimento-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

83
Nenhuma indústria seria lucrativa se tivesse
de pagar pelo capital natural

http://grist.org/business-technology/none-of-the-worlds-top-industries-would-be-profitable-if-they-paid-for-the-natural-capital-they-
use/?utm_content=buffer93283&utm_medium=social&utm_source=facebook.com&utm_campaign=buffer
84
Aumenta a SOBRECARGA ambiental

85
Sobrecarga ambiental per capita

86
Pegada Ecológica e Biocapacidade

EUA China

87
Como fica o debate sobre População

e Desenvolvimento na África

no século XXI
População da África: 1950-2100

89
Pirâmide Populacional África

90
População da África Subsaariana: 1950-2100

91
Densidade Demográfica: 2015-2100

92
Pegada Ecológica e Biocapacidade

93
Rio Nilo e a escassez de água

94
Pobreza na África

ALVES, JED. Os desafios da África Subsaariana em sete figuras, Ecodebate, 16/06/2017


https://www.ecodebate.com.br/2017/06/16/os-desafios-da-africa-subsaariana-em-sete-figuras-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/ 95
Produtividade do solo na África

96
Acesso à água tratada

97
Como evitar a Armadilha da Pobreza

e o colapso ambiental na

África e no mundo no século XXI?


Decrescimento demoeconômico

99
Decrescimento e sustentabilidade

A humanidade precisa mudar o estilo de vida e o padrão de


produção e consumo para diminuir a degradação ambiental. O alerta
feito, em 1972, no livro “Limites do Crescimento” continua válido. Mas
não basta mais limitar o crescimento. O desafio atual é promover o
decrescimento demoeconômico, reduzindo a Pegada Ecológica,
aumentando a Biocapacidade e respeitando as fronteiras planetárias.

Celso Furtado, no livro, “O mito do desenvolvimento econômico”, de


1974, já perguntava o que aconteceria se o desenvolvimento econômico
se universalizasse. Ele responde de forma clara: “se tal acontecesse, a
pressão sobre os recursos não renováveis e a poluição do meio ambiente
seriam de tal ordem (ou alternativamente, o custo do controle da
poluição seria tão elevado) que o sistema econômico mundial entraria
necessariamente em colapso” (Furtado,1974, p. 19).

ALVES, JED. O trilema da sustentabilidade e o decrescimento demoeconômico, 22º Congresso Brasileiro de Economia, BH,
08/09/2017 https://pt.scribd.com/document/358390999/O-trilema-da-sustentabilidade-e-decrescimento-demoeconomico
Artigo publicado na revista Economistas do Conselho Federal de Economia – COFECON, Ano VIII, No 26, outubro-
dezembro 2017 http://www.cofecon.gov.br/revista-digital/
100
Otimismo vs Pessimismo

Debate recente na IUSSP:


DAVID LAM. The world’s next 4 billion people will differ from the previous 4 billion, IUSSP, 24/07/2017
http://www.niussp.org/article/the-worlds-next-4-billion-people-will-differ-from-the-previous-4-billion/
RICHARD GROSSMAN. The world in which the next 4 billion people will live, IUSSP, 13/11/2017
http://www.niussp.org/article/the-world-in-which-the-next-4-billion-people-will-live/
GEORGE MARTINE. Global population, development aspirations and fallacies, IUSSP, 05/02/2017
http://www.niussp.org/article/global-population-development-aspirations-and-fallacies/
MASSIMO LIVI BACCI. Thinking about the future: the four billion question, IUSSP, 12/02/2018
http://www.niussp.org/article/thinking-about-the-future-the-four-billion-question/

101
Referências

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popul., v. 12, ns. 1-2, jan/dez, 1995. <http://www.rebep.org.br/index.php/revista/article/view/452/pdf_427>.
ALVES, J. E.D.; CORRÊA, S. Demografia e ideologia: trajetos históricos e os desafios do Cairo + 10. Rev. bras. estud. popul.,
v. 20, n. 2, jul/dez 2003. Disponível em:
<http://www.faed.udesc.br/arquivos/id_submenu/1416/alvesecorreavol20_n2_2003_3artigo_p129a156.pdf>. Acesso em 08
de março de 2016.
ALVES, J. E. D. A Polêmica Malthus versus Condorcet reavaliada à Luz da Transição Demográfica, Texto para discussão, n. 4,
Rio de Janeiro: IBGE / ENCE, 2002. Disponível em:
<http://www.ence.ibge.gov.br/images/ence/doc/publicacoes/textos_para_discussao/texto_4.pdf>.
ALVES, JED. A crise do capital no século XXI: choque ambiental e choque marxista. Salvador, Revista Dialética Edição 7, vol
6, ano 5, junho de 2015 http://revistadialetica.com.br/wp-content/uploads/2016/04/005-a-crise-do-capital-no-seculo-xxi.pdf

ALVES, JED. Sustentabilidade ambiental: desenvolvimento com decrescimento? In: BRUNO, Miguel (org). População, espaço
e sustentabilidade : contribuições para o desenvolvimento do Brasil, Rio de Janeiro: Escola Nacional de Ciências Estatísticas,
IBGE, pp: 65-90, 2015.
http://www.ence.ibge.gov.br/images/ence/doc/publicacoes/Livros_Ence/Livro_Ence60anos/Capitulo3_JoseEustaquio.pdf
ALVES, JED., MARTINE, G. Population, development and environmental degradation in Brazil. In: PHILIPPE LENA; LIZ-
REJANE ISSBERNER. Brazil In The Anthropocene: Conflicts Between Predatory Development And Environmental Policies”,
Londres, NYC, Routledge, 2017, pp; 41-61
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MARTINE, G., ALVES, J. E. D. Economia, sociedade e meio ambiente no século 21: tripé ou trilema da sustentabilidade?
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http://www.scielo.br/pdf/rbepop/v32n3/0102-3098-rbepop-S0102-3098201500000027P.pdf
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Issues, 1995. Disponível em: <http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/poppobreza/ amartyasen.pdf>.
102

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