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18/09/2017 fonética – O Programa Linguisticalista

O Programa Linguisticalista

fonética

Um Esboço sobre Alguns Componentes da
Língua: Fonologia
16 DE JUNHO DE 201516 DE JUNHO DE 2015  |  ALAN MOTTA
Diferente da fonética, a fonologia está muito mais preocupada em como os sons se organizam na língua. Assim como
a fonética estuda os fones, a fonologia vai estudar os fonemas.

Fonemas

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/06/sem­tc3adtulo­2.jpg)

Eles são a unidade básica de estudo da fonologia, dessa maneira eles se comparam aos fones que são estudados na
fonética e assim como os fones, os fonemas não carregam significado, mas diferente desses, estes podem atribuir
significado numa dada sequência, com isso quero dizer que o fonema /f/ não significa nada, mas /’fala/ pode tanto
significar o ato de falar, como pode significar o verbo falar na 3ª pessoa do singular.

Na linguística estruturalista (uma corrente teórica da linguística), os fonemas quase que são um santo Graal, pois são
eles que “pegam” tudo aquilo que é variável foneticamente numa língua, e transformam em algo invariável e único.
Não importa se um carioca diz [‘meʒmu] ou um paulistano diz [‘mezmu], embora os fones [ʒ] e [z] sejam diferentes,
o fonema é o mesmo: /S/. Os fonemas são anotados entre barras / X / e os fones entre colchetes [ x ] (X e x são só
exemplos). Abaixo vai transcrição fonológica de .

(1) /’meSmo/

Dá para ver que os fonemas têm uma característica mais abstrata que os fones, o fonema /S/ “mascara” os fones [ʒ] e
[z]. Porém outra característica marcante dos fonemas, é que eles estabelecem uma relação de oposição.

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18/09/2017 fonética – O Programa Linguisticalista

Os fonemas /p/ e /b/ são distintivos, ou seja, /’batu/ e /’patu/ são palavras de significados completamente diferentes,
mas só tem uma diferença fonológica. As palavras que mudam seu significado e possuem uma (e só uma) diferença
fonológica são chamadas de par mínimo.

Mas nem todos os sons que possuem diferenças, possuem distinção de significado no português, no nordeste
brasileiro, é comum pronunciar a palavra como [‘tiɐ] e no sul como [‘tʃijɐ], diante disso, é comum se dizer que [t] e
[tʃ] não tem distinção fonológica no português, então a transcrição fonológica de seria /’tia/, perceba que a transcrição
fonológica é mais “limpa” que a fonética. Nem todas as línguas acham que [t] e [tʃ] são iguais, no inglês você tem
[‘kæt] e [‘kætʃ], portanto no inglês /t/ e /tʃ/ são fonemas, mas no português não.

Perceba que no exemplo da palavra , eu usei um s maiúsculo /S/, porque há um fenômeno chamado neutralização.

Neutralização e alofone

Por que no exemplo (1) [ʒ] e [z] formam /S/ e em [t] e [tʃ] não formam /T/? Porque [ʒ] e [z] são fonemas, (ou seja,
/s/ e /z/), mas [t] e [tʃ] só [t] é fonema, ou seja /t/. O som [tʃ] é na verdade, um alofone de /t/, isto é, um alofone pode
ser uma ou múltiplas expressões (fonéticas) de um mesmo fonema.

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/06/sem­tc3adtulo.jpg)

Na imagem acima, /t/ é a representação mental, é como o falante “ouve” o próprio som, embora esse mesmo som
possa assumir diversas formas fonéticas, como [tw] e [tʃ], esses sons, como disse antes, são alofones, formas
fonéticas variadas de um fonema.

Diferente de [tw] e [tʃ], /z/ e /ʒ/ são “sons independentes”, eles ocorrem sem que eles sejam propriamente uma
variação do fonema /S/.

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(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/06/1.jpg)

Pela imagem acima, podemos perceber que /z/ e /ʒ/ são independentes, não dependem de /S/ para ocorrer, enquanto
[tw] e [tʃ] sempre vão depender de /t/. Quando uma classe de fonemas em determinado contexto, não tem distinção,
há uma neutralização, em <já> e , não há neutralização, mas em sim, quando há uma neutralização, o fonema é
representado como um arquifonema. Esse arquifonema é representado com uma letra maiúscula e ele é só uma
consequência da neutralização.

No português, só existe um caso em o arquifonema não possui variação, é no caso das vogais nasais.

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/06/2.jpg)
Na palavra “troco” não é o verbo, mas sim o substantivo (troco de dinheiro).

Distribuição complementar

No dialeto carioca, o [tʃ] não aparece do nada, só em determinado contexto ele é realizado. Antes de [i], no dialeto
carioca, o [t] não aparece, mas sim [tʃ]. Quando um alofone não ocupa um mesmo ambiente do outro (isto é, se
alternam), dizemos que há uma distribuição complementar.

A distribuição complementar acontece em vários outros dialetos, como as vogais abertas pretônicas no dialeto de
Salvador, o caipira no interior de São Paulo, o chiado no Rio de Janeiro etc.

Para formalizar como um alofone se comporta num determinado ambiente, você pode usar regras fonológicas.

Regras fonológicas

Ainda sobre o [ʃ] chiado, vamos formar uma regra fonológica para ele:
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(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/06/4.jpg)

Primeiro nós temos o título da regra, depois o fonema que vai ter sua forma fonética final definida, logo depois a seta
que indica que aquele fonema vai se tornar um fone. Depois do fone vem a barra ( / ) que indica o ambiente em que
aquele fonema vai ser realizado, o underline ___ significa que é aí onde a forma fonética vai estar propriamente, o
revela $ significa fronteira de sílaba e o mais e menos [sonoro] significam o traço distintivo do fone logo após
aquela sílaba. E a frase final é um pequeno resumo da regra (às vezes pode ser omitida).

Vamos ver agora na prática:

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/06/4­cc3b3pia.jpg)

[k] é [­sonoro], já [ɡ] é [+sonoro], como o alofone é determinado por um traço (nesse caso de sonoridade), diz­se que
essa é uma regra fonológica de assimilação (porque o [ʒ] e [ʃ] assimilam o traço de sonoridade da consoante
seguinte).

No caso do , como é que eu sei que é o arquifonema /S/ que “vira” um [ʒ] ou [z]? E porque um /S/, se os fones não
são um [s] ou mesmo um [ʃ]? Bem, como vimos, há uma regra de assimilação regressiva que faz com que o /S/ se
torne um [ʒ] ou [z], a segunda vogal nasal [m] de faz com que o /S/ seja um [ʒ] ou [z]. Mas há outra razão pra isso,
por exemplo, por que não posso dizer que [tʃ] se torna [t] na palavra ? É porque existe uma representação
subjacente.

Representação Subjacente

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(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/06/sem­tc3adtulo­2.png)

A representação subjacente é a forma fonêmica (ou fonológica) de uma palavra antes de ter regras fonológicas
aplicadas a ela. Um bom teste para se identificar a representação subjacente é ver qual é o som mais frequente nos
dados e também qual tem mais contato com as vogais. No caso de e percebemos que o alofone [tʃ] só está na segunda
palavra e só diante dessa vogal, enquanto nas demais vogais o som é [t]. A representação subjacente é um tema que
me interessa muito, num próximo post faço um detalhamento maior dele.

Conclusão

A abordagem feita nesse texto é de fato, tradicional. A própria noção de fonema já foi criticada há muito tempo, no
livro The Sound Pattern of English (Chomsky & Halle, 1968), os autores escrevem que: “We feel, however, that the
existence of such a level has not been demonstrated and that there are strong reasons to doubt its existence. We will
make no further mention of “phonemic analysis” or “phonemes” in this study and will also avoid terms such as
“morphophonemic” which imply the existence of a phonemic level.” (p. 11)

“Nós sentimos, entretanto, que a existência de tal nível [nesse caso o fonema] não tem sido demonstrado e que há
fortes motivos para duvidar de sua existência. Nós não vamos mais fazer menção de “análise fonêmica” ou
“fonemas” nesse estudo e vamos evitar termos como “morfofonêmica” que implica na existência de um nível
fonêmico.” (em tradução livre)

Se você quer estudos mais recentes (e mais radicais) sobre fonologia, você pode começar por aqui

(https://oprogramalinguisticalista.wordpress.com/2015/01/11/um­review­resumo­de­a­
minimalist­program­for­phonology­por­bridget­samuels/).

UM ESBOÇO SOBRE ALGUNS COMPONENTES DA LÍNGUA: FONÉTICA
(https://oprogramalinguisticalista.wordpress.com/2015/01/08/um­esboco­sobre­alguns­
componentes­da­lingua­fonetica/)

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A descrição fonética de barulhos irritantes que
adolescentes fazem

22 DE ABRIL DE 201522 DE ABRIL DE 2015  |  ALAN MOTTA


O linguista James Harbeck, que é um dos contribuidores do blog Strong Language

(stronglang.wordpress.com) (um blog sobre palavrões), fez um vídeo bem­humorado sobre os sons irritantes
que os jovens fazem em certas circunstâncias. O linguista descreve os sons pelo ponto e modo de articulação assim
como se faz com outras consoantes e vogais “normais”. O vídeo está em inglês.

Phonetic description of annoying sounds teenagers make

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Forma Fonológica vs. Forma Fonética
23 DE MARÇO DE 201523 DE MARÇO DE 2015  |  ALAN MOTTA
Ah fonética, porque tu és tão bagunçada? 

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/03/500­days­of­summer­31.jpg)

As diferenças entre fonética e fonologia
22 DE MARÇO DE 201512 DE SETEMBRO DE 2015  |  ALAN MOTTA
Antes de passarmos para a série “Um esboço sobre alguns componentes da língua: fonologia”, vamos primeiramente
apresentar algumas diferenças sobre esses dois campos distintos, a fonética e fonologia. 
Mas para você entender melhor essas diferenças, saiba que embora a fonética e fonologia sejam diferentes, uma não
vive sem a outra e, com base nessa relação romântica, vou dar alguns exemplos de outras coisas que pouco ou nada
tem a ver com a fonética e a fonologia. 
Hardware vs. Software 
Não sou da área de informática, então se eu disser alguma bobeira, por favor, me corrijam (mas não só nessa parte,
mas sim no texto inteiro!).

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(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/03/abr0137l.jpeg)

No hardware, você pode tocar, mexer, consertar diretamente, chutar, pular em cima, colocar fogo, enfim, sentir. O
hardware é uma entidade física, você pode tocar na tela do computador, teclar no teclado, clicar no mouse, plugar o
USB, ajustar a webcam… Todos esses dispositivos são palpáveis e concretos, você pode manipular qualquer um
deles. Mas não pode, por exemplo, tocar no Windows, no Android, nos aplicativos móveis… 
Mas você pode me rebater dizendo: “olha o CD de instalação do Windows, estou tocando nele!” Isso mesmo, você
está tocando no CD, que é um hardware. Quando você desliza e pressiona os dedos na tela do seu smartphone para
controlar o Android, iOS, ou seja lá o que for, você não controla diretamente o sistema operacional, você toca
primeiramente na tela, que é um hardware, portanto, físico, e só então, o hardware é controlado, mas não é controlado
por você diretamente, mas antes por mecanismos presentes na tela. 
É praticamente nessa ordem: você ==> hardware ==> software. Isso porque o software é uma entidade abstrata, e
você é uma entidade física. Mesmo o software sendo diferente do hardware, um não vive sem o outro. O que seria de
um supercomputador, grande, elegante com uma ótima webcam, uma aparelhagem de som de outro mundo e com
uma gigantesca capacidade de armazenamento sem um sistema operacional que você pudesse utilizar esses
dispositivos? O que dizer então de um sistema operacional fantástico, mas sem um dispositivo onde pudesse ser
executado? 
Quem sabe no futuro você seja como um hardware e possa controlar o software de forma mais direta, entretanto,
sempre haverá um muro entre o mundo real e virtual, o concreto e o abstrato, você e o sistema. 
Cérebro vs. Mente 
Você pode abrir a cabeça de alguém e tirar seu cérebro (isso se a pessoa tiver algum), você vai poder tocá­lo, tirar
sangue, ver os miolos, ou seja, ter um contato direto com ele. 
Já a mente é algo mais abstrato (na verdade, muito abstrato) *, você não vê a mente, não pode tocar nas suas
memórias, às vezes não pode sequer controlar seus pensamentos e imaginações: por exemplo, não pense numa
cachoeira verde em cima de uma montanha azul. Viu? Você acabou de imaginar uma cachoeira verde em cima de
uma montanha azul. 

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(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/03/being­conscious.jpg) 
Mas o cérebro sem mente é só mais um órgão e a mente sem expressão corpórea é quase um fantasma. 
Conseguiu perceber a diferença e dependência entre essas duas propriedades? Não só entre elas, mas também entre o
hardware e o software? Uma entidade é física, a outra abstrata; uma parece ser mais “refinada”, a outra mais “bruta”
¹. Embora elas sejam diferentes, elas são dependentes uma da outra. 
Fonética vs. Fonologia 
A fonética analisa como o som é produzido, para realizar o fone [f], você precisa basicamente juntar seus dentes de
coelho no lábio inferior e assoprar. Entendeu? Está ali, é mecânico, claro, visível, palpável. Se há uma mudança de
som, há uma mudança na representação desse som. Por exemplo, o carioca, para dizer a palavra , ele diz [koɾa’sɐ̃ w̃
],
porém, talvez um baiano diga a mesma palavra assim: [kɔɾa’sɐ̃ w̃], perceba a diferença no segundo segmento, ele
varia do dialeto carioca, para o baiano. 
Isso faz diferença? Foneticamente sim, mas não fonologicamente. A fonologia analisa a função do som numa língua,
e ambos os sons [o] e [ɔ], nesse caso, não atrapalham em nada o entendimento da palavra . 
Então a notação fonológica seria a seguinte: /kOɾa’sɐ̃ w̃ /, a notação fonológica é feita entre barras, isso vai ficar mais
claro no próximo texto sobre fonologia. O que eu quero ressaltar é que o /O/ é um arquifonema formado
(neutralizado) pelos fones [o] e [ɔ], a notação fonológica não vai levar em conta exclusivamente como você fala uma
palavra, porque ela quer o que os estruturalistas na época queriam: transformar algo variável em invariável. Ou seja, a
notação fonológica não é a representação da sua fala, mas sim da sua língua. 

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/03/fonologia1.png) 
Mas como é que eu “falo” a representação fonológica? É fácil, não fala, porque a representação fonológica não tem
som, isso mesmo, não tem som, bem diferente da representação fonética que possui som. Em compensação, os fones
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não têm significado, já os fonemas atribuem um significado dada uma sequência, o fonema sozinho não possui
significado. 
Essencialmente, essas são as diferenças entre fonética e fonologia, uma mais física, a outra mais abstrata. Uma
mostra de fato como o som é produzido, a outra “mascara” esse som. Uma precisa de mais representações porque é
sensível às simples mudanças no som, a outra consegue generalizar muitas variedades numa única representação.
Uma estuda o som da fala, a outra da língua. 
A fonética lida com a produção de sons, você pode analisar uma língua nunca antes descoberta, e analisar os fones
que ela possui, sem muito conhecimento antecedente, depois de analisar todos os sons dessa língua, você vai analisar
os padrões sonoros dessa língua, aí você já está partindo para a fonologia. Você sai da variação e começa a encontrar
padrões invariáveis numa mesma língua.

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/03/fonologia­
cc3b3pia1.png)
Os cariocas não são os únicos a chiarem com o /S/, em Recife, a palatalização (o chiado) é uma
realidade mesmo na fala culta.

É como conhecer uma pessoa, no início, você precisa saber muito bem como ela é, os gostos, o estilo, condição
econômica, visão de mundo e tudo mais. Você pode ficar preocupado se você fez alguma coisa, se falou alguma coisa
porque não sabe muito bem como ela “funciona”. (Fonética) 
Depois de conhecer muito bem a pessoa, você vai saber como é o padrão comportamental dela, você sabe que a
pessoa vai ficar feliz se você a convidar para comer num restaurante, sabe que ela vai ficar com raiva se você
assoprar o canudinho e fizer bolinhas no refrigerante, você sabe como ela se comporta com diferentes tipos de
pessoas etc. (Fonologia)

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/03/fonologia­cc3b3pia­
https://oprogramalinguisticalista.wordpress.com/tag/fonetica/ 10/24
18/09/2017 fonética – O Programa Linguisticalista

cc3b3pia.png)
A palavra amor pode ter várias formas fonéticas, embora nem todos usem a forma como está representado na
imagem, o mais comum é a de Fortaleza, o zero fonético, ou seja o /R/ final não é pronunciado. Não confundir o
zero fonético com a vogal média fechada arredondada: [ø]

São etapas, para se chegar na fonologia é preciso estudar a fonética (seguindo essa linha de pensamento), no início, é
preciso ter muito contato, descrever bem quais são os fones (unidade mínima da fonética), depois, encontrar os
padrões e funções que os fonemas (unidade mínima da fonologia) têm na língua. 
Assim como o hardware e software, o cérebro e a mente, a fonética não pode viver sem a fonologia e vice­versa ².

Dissertação (https://drive.google.com/open?id=0Bzy­
cJESU4tJNnAzOGE5alJ0NUE&authuser=0)sobre a palatalização em Recife.

Notas: 
* Embora haja também a hipótese que a mente tenha uma característica física não definida. Mas não cabe aqui
discutir esse tipo de coisa. 
1 Refinada e bruta no sentido que uma (a refinada) requer um pensamento mais abstrato para o entendimento, mas
não leve essas duas palavras com interpretações literais, é só um modo de falar. 
2 Há quem ache que a fonética deve ser estudada independentemente da fonologia, você pode saber um pouco mais
sobre isso aqui (https://oprogramalinguisticalista.wordpress.com/2015/01/11/um­review­

resumo­de­a­minimalist­program­for­phonology­por­bridget­samuels/).

Um esboço sobre alguns componentes da
língua: Fonética
8 DE JANEIRO DE 201522 DE ABRIL DE 2015  |  ALAN MOTTA
A fonética, de grosso (e bem grosso) modo, é estudo do barulho que sai sua boca quando você pronuncia as palavras.
É o componente mais primitivo de uma língua, no sentido de que não se requer muita abstração para entender alguns
processos fonéticos.

A fonética estuda, além de outras coisas, o movimento articulatório que é necessário fazer para pronunciar os fones
(unidade mínima do som), o nome desse ramo da fonética é fonética articulatória.

Além disso, existe a fonética acústica que analisa as ondas sonoras, formantes (formantes são difíceis de explicar
[deixo isso pra outro post]), e outras características acústicas do som. Um programa muito utilizado pelos foneticistas
é o Praat, você pode instalar (http://www.fon.hum.uva.nl/praat/)um no computador, ele superleve e
praticamente nem é um programa e sim um aplicativo.

Existe ainda um outro ramo da fonética, que é a fonética auditiva que estuda a produção e percepção de sons por
ouvinte(s).

A representação fonética

Agora vamos ver como é a representação fonética das palavras. Por exemplo: sobre a palavra <tapa>, a
representação fonética seria assim:

https://oprogramalinguisticalista.wordpress.com/tag/fonetica/ 11/24
18/09/2017 fonética – O Programa Linguisticalista

(1) [‘tapɐ]

A representação da fonética é sempre feita entre colchetes, e depois são colocados os elementos (fones) na ordem em
que são pronunciados. Na imagem abaixo há uma explicação mais detalhada sobre o item (1).

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/01/1.png)

Os símbolos são do IPA (International Phonetic Alphabet).

Você provavelmente encontrou algo estranho na notação fonética (1), o último [a] está de cabeça pra baixo! Uma
coisa você precisa ter em mente, a notação fonética vai representar aquilo que você realmente pronuncia
(independente da ortografia). Pronuncia para você mesmo a palavra , já pronunciou? Então agora pronuncia só as
vogais. As vogais são as mesmas? Não, não são. Se elas não são, a notação também não vai ser.

Um pequeno esboço sobre a fonética do português brasileiro – vogais

O que acontece no português brasileiro é que a vogal pós­tônica (ou seja, a vogal que vem depois da sílaba tônica) é
muito fraca, o que geralmente causa o alteamento dessa vogal, como assim? Existem vogais baixas e altas? Sim elas
existem, abaixo vai uma figura do quadro de vogais das línguas, as destacadas pertencem ao português brasileiro:

https://oprogramalinguisticalista.wordpress.com/tag/fonetica/ 12/24
18/09/2017 fonética – O Programa Linguisticalista

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/01/23.jpg)
O esquema desse quadro não é tão simétrico como parece, na verdade, o [i] é uma vogal mais alta que o [u].

            Ou seja, o [ɐ] no final da palavra , “deveria” ser um [a], mais ela acaba “subindo” (ou seja, alteando) porque
ela é muito fraca devido à sua posição na palavra. Abaixo vai a pronúncia de cada vogal com um exemplo:

[i] – <igreja> – [i’gɾeʒɐ]

[e] – <metal> – [me’taw]

[ɛ] – <pesca> – [‘pɛʃkɐ]

[a] – <água> – [‘agwɐ]

[u] – <urna> – [‘uɦnɐ]

[o] – <hoje> – [‘oʒi]

[ɔ] – <cola> – [‘kɔlɐ]

[ɐ] – <tomada> – [to’madɐ]

Lembrando que aqui nesse post, a maioria das transcrições fonéticas vão ser no português brasileiro, do dialeto
carioca (pronúncia do Rio de Janeiro).

Viu, não é como te falaram no colégio, dizendo que no português só tem cinco vogais, na verdade, tem até mais
dependendo do dialeto, dependendo de como você pronuncia² e dependendo se você acredita em vogais nasais.

As vogais nasais são um problema no português brasileiro (PB), o quadro de vogais seria ampliado para 12 vogais (!)
se fossem acrescentadas as vogais nasais.³

[ɐ̃ pɐ]4
] – <tampa> – [‘tɐ̃

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18/09/2017 fonética – O Programa Linguisticalista

[ẽ] – <menta> – [‘mẽtɐ]

[ĩ] – <lindo> – [‘lĩdu]

[õ] – <contigo> – [kõ’tʃigu]

[ũ] – <tundra> – [‘tũdrɐ]

Falamos e falamos de vogais, mas o que que é uma vogal? Você pode dizer: a – e – i – o – u, mas não, a – e – i – o –
u são exemplos de vogais. Por que A é vogal e B é consoante? O que faz com que o U seja vogal e o S seja uma
consoante? A vogal é caracterizada quando o ar sai livremente pela boca, sem qualquer constrição ou interrupção.

Quando você diz [a], [e], [i], [o], [u], [ɛ], [ɔ] e as outras vogais, o ar passa livremente pela sua garganta e boca.

Para que esse lance de vogais anterior, central e posterior não fique muito abstrato, faça o seguinte teste: fique em
frente a um espelho e pronuncie: [ɛ], [a], [ɔ], você perceberá que a 1ª fica muito próxima aos lábios (anterior), a
segunda fica no centro (central) e a última fica lá atrás (posterior).

Um pequeno esboço sobre a fonética do português brasileiro – consoantes

Primeiro um quadro de todas as consoantes pulmonares das línguas, destacado em vermelho aquelas que são do
português brasileiro.

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/01/3.jpg)

O único som que não foi mostrado foi o [w], ele não está no quadro pois ele é um som co­articulado, ou seja, para ele
ser pronunciado, ele precisa de dois pontos de articulação funcionando (enquanto os outros precisam só de um), ele é
velar e labial (ao mesmo tempo).

Agora a pronuncia de cada vogal, com um exemplo do quadro (de cima para baixo, da esquerda para direita):

[m] – <mala> – [‘malɐ]

[n] – <maneiro> – [ma’ne(j)ru]5

̃
[ɲ] – <galinha> – [ga’liɲɐ], numa fala mais “preguiçosa”, geralmente esse [ɲ] vira um [ȷ] è [ga’lĩȷɐ]
̃

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18/09/2017 fonética – O Programa Linguisticalista

[p] – <pato> – [‘patu]

[b] – <bola> – [‘bɔlɐ]

[t] – <T(h)iago> – [‘tʃjagu] ~ [tʃi’agu]6

[d] – <dia> – [‘dʒijɐ], perceba que quando você diz dia ou tia, há um ditongo [ij], se você for do nordeste,
provavelmente isso não acontece, já que a pronúncia é [‘tiɐ], [‘diɐ]. Isso também acontece com lua [‘luwɐ].7

[c] – <queijo> – [‘ce(j)ʒu] ver nota 5

[ɟ] – <caranguejo> – [kaɾɐ̃ ’ɟeʒu], os sons [c] e [ɟ] só acontecem diante das vogais anteriores, se for diante da vogal
central ou posterior, a pronúncia é [k] e [ɡ], isso talvez tenha influenciado a escrita, perceba o seguinte: <cachorro>,
<colado>, <cobre>, <culpa> [ka’ʃoɦu], [ko’ladu], [‘kɔbɾi] e [‘kuwpɐ]; <gato>, <gota>, <gola>, <gula> [‘gatu],
[‘gotɐ], [‘gɔlɐ] e [‘gulɐ]. Agora quando [k] e [ɡ] estão diante de vogais anteriores: <quilo>, <queimado>, <quer>
[‘cilu], [cej’madu], [‘cɛh]; <guitarra>, <gueixa>, <guerra> [ɟi’taɦɐ], [‘ɟejʃɐ], [‘ɟɛɦɐ], tanto na escrita, quanto na
pronúncia, há mudanças dependendo qual tipo de vogal precede a plosiva velar ([a], [o], [ɔ], [u]) ou a plosiva palatal
([i], [e], [ɛ]).

[k] – <calo> – [‘kalu]

[ɡ] – <grávida> – [‘ɡɾavidɐ]

[s] – <sapo> – [‘sapu]

[z] – <zebra> – [‘zebɾɐ]

[ʃ] – <pasta> – [‘paʃtɐ], assim no dialeto carioca, se essa palavra fosse pronunciada na grande maioria do Brasil, ela
seria assim: [‘pastɐ], o [ʃ] em coda silábica (ou seja, no final da sílaba), é estritamente regional e dialetal, só no Rio,
talvez em outras regiões do Brasil e alguns lugares em Portugal.

[ʒ] – <mesmo> – [‘meʒmu], se fosse em São Paulo, ou Minas, a pronúncia seria assim: [‘mezmu]. Lembrando que
[ʃ] e [ʒ] acontecem em ataque silábico (ou seja, no começo da sílaba): [ʒɐ̃
’ta(h)] e [ʃa’pɛw], nesses casos,
geralmente não há variação regional.

[f] – <faca> – [’fakɐ]

[v] – <vala> – [’valɐ]

[x] – <falar> – [fa’lax]

[ɣ] – <rato> – [‘ɣatu], antigamente (na verdade formalmente até hoje) [x] e [ɣ] eram considerados padrão no dialeto
carioca, mas eu percebo hoje em dia que esse som é usado por pessoas mais velhas, embora alguns cariocas quando
estão com raiva (!), pronunciam [h] ou [ɦ], como [x] e [ɣ], talvez esses sons ainda sejam comuns no sul do Brasil.8

[h] – <pular> – [pu’lah]

[ɦ] – <narrar> – [na’ɦah], [h] e [ɦ] são versões de [x] e [ɣ] só que mais “fracas”.

[ɻ] – <carta> – [‘kaɻtɐ], o [ɻ] retroflexo é o famoso “R” caipira, é estritamente regional, muito comum no interior de
São Paulo.

[j] – <pai> – [‘paj]

[ɾ] – <caro> – [‘kaɾu]

[r] – <carro> – [‘karu], “R” geralmente pronunciado no sul do Brasil, também é regional.

[l] – <luva> – [‘luvɐ]
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18/09/2017 fonética – O Programa Linguisticalista

[ʎ] – <abelha> – [a’beʎɐ], assim como o [ɲ], o [ʎ] também, às vezes, não é pronunciado da “maneira correta”,
porém diferente do [ɲ], o [ʎ], numa pronúncia “preguiçosa”, é pronunciado como [a’beljɐ] – [lj], ou como no
interior de alguns estados: [a’beijɐ] – (sem o [l]).

[w] – <mal> – [‘maw], o [w], assim como o [j], é uma semivogal (é como se ele tivesse cara de vogal, mas está em
posição de consoante, tendo em vista que o “normal” de uma língua é o padrão CV(C) (consoante – vogal –
(consoante)).

Agora por que essas são consoantes? A consoante é caracterizada por uma obstrução (interrupção) ou constrição do
ar. Por exemplo, quando você fala [b], o ar iria passar direto pela boca, porém quando ele está chegando lá, você
OBRIGATORIAMENTE fecha boca e então pronuncia [b]. Quando eu digo obrigatório, é porque é necessário aquele
tipo de movimento para se produzir o som, não sei se você está lembrado, mas o jogador de futebol Daniel Alves
num vídeo tentou produzir um [m] sem tocar os lábios. Coitado, só perdeu tempo, se ele soubesse dessas informações
acerca da fonética, saberia que é impossível pronunciar um [m] sem tocar os lábios e usar o nariz, por quê? Porque o
[m] é uma consoante nasal bilabial. Diga [p], [b] e [m] e perceba que o seu nariz vibra de modo mais intenso do que
̃
quando você pronuncia [p] ou [b]. Lembrando que [m] em final de sílaba geralmente vira [ȷ], como em [o’mẽȷ ].̃

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/01/650x375_daniel­
alves­neymar­barcelona_1401854.jpg)
Daniel, não tem como falar [m] sem tocar nos lábios, assim como não tem como falar nem [p] nem
[b].

            Você deve ter notado no quando de consoantes que há ponto e modo de articulação das consoantes, isso é
simples: o ponto é onde a sua língua toca na hora de produzir e o modo é o modo como você pronuncia o som. Por
exemplo, para dizer [s], você toca num lugar (ponto) chamado alvéolo (região que fica acima dos seus dentes de
coelho J), e depois você assopra, por isso o [s] é uma consoante fricativa alveolar, porque sua língua toca no alvéolo e
o ar faz uma fricção na garganta.

Você também deve ter notado que algumas consoantes ficam ao lado de outras no mesmo modo e ponto de
articulação. Como é possível uma consoante ter um som diferente estando no mesmo ponto e no mesmo modo de
articulação? É simples, a resposta é que você vibra suas cordas vocais em uma consoante e não na outra. Como? É
isso mesmo. Pronuncia [f] pra você mesmo, você juntou seus dentes de coelho ao lábio inferior e assoprou (assoprou
assim como no [s], por isso ambas são fricativas) certo? Ok, agora ponha a mão na garganta e no alto da sua cabeça
(assim como o Roman9 [nosso mascote] está fazendo na imagem abaixo) e pronuncia [f] de novo.

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18/09/2017 fonética – O Programa Linguisticalista

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/01/5.png)

Pouca vibração né? Isso porque suas cordas vocais não vibram, agora pronuncia [f] de novo (ainda com as mãos na
garganta e no alto da cabeça) e depois pronuncia [v], sentiu a diferença? Se não sentiu pronuncie [f] e [v] de novo, se
você sentiu a diferença, sabe que quando se pronuncia [v], sua garganta e cabeça vibram muito mais do que quando o
[f] é pronunciado.

E as duas consoantes se pronunciam do mesmo jeito, ambas são labiodentais e fricativas, porém se diferem na
vibração das cordas vocais, o nome de consoantes desse tipo é chamado de consoante homorgânica.

Sei que existem bilhões de coisas a se falar sobre fonética, mas por enquanto vou parar por aqui. Qualquer dúvida,
pode postar nos comentários ou me mandar um e­mail.

Aqui (https://drive.google.com/open?id=0Bzy­
cJESU4tJc09VdkNoUVF3eVE&authuser=0)vai um áudio das palavras (pronunciadas por mim) usadas
nesse post como exemplo de vogais e consoantes.

Uma tese (https://drive.google.com/open?id=0Bzy­

cJESU4tJb05GelZVbWVBUE0&authuser=0) sobre produção e percepção.

Notas:

* O acento não é uma característica fonética e sim, prosódica. Falaremos sobre prosódia em outro post.
2 Eu já vi transcrições fonéticas do português de Portugal com vogais diferentes como [ɯ], como em pelo: [‘pɯlu],
para pronunciar essa vogal, basta falar [u] sem arredondar os lábios.
3 Alguns acreditam que vogal nasal seja uma vogal seguida de um arquifonema (arquifonema é um assunto para um

artigo sobre fonologia [que não é a mesma coisa que fonética]) (LEITE, 2004) nasal. Artigo disponível aqui

(http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102­44502004000300004).
4 Quando o [a] se nasaliza, ele acaba sendo levemente alteado para [ɐ̃
], embora [ɐ] seja uma vogal átona, ou seja,
nunca está em posição tônica, [ɐ̃
] se encontra em posição tônica como em [maracɐ̃
’nɐ̃
].

https://oprogramalinguisticalista.wordpress.com/tag/fonetica/ 17/24
18/09/2017 fonética – O Programa Linguisticalista
5 Os parênteses indicam que nessa palavra, o item entre parênteses pode ser ou não pronunciado.

6 A dupla transcrição nada tem a ver o na palavra, na verdade o é totalmente irrelevante. O que importa é a rapidez
com o qual o nome ou é pronunciado.
7 Perceber o ditongo [ij] ou [uw], pode ser difícil, mas se você pronunciar [‘muwtɐ], isso pode ser percebido melhor,
se pronunciar ou devagar, isso também pode te ajudar a perceber isso.
8 [h] e [ɦ], assim como [x] e [ɣ], são homorgânicas, embora a vibração não possa ser tão perceptível como [s] e [z],
ou [f] e [v], elas são diferentes foneticamente. O que faz ter dois tipos de “R” diferentes é um fenômeno chamado de
assimilação regressiva. Você pode se aprofundar nisso aqui

(http://spap.fflch.usp.br/sites/spap.fflch.usp.br/files/CRISSILVA.PDF).
9 O nome é em homenagem a um grande linguista chamado Roman Jakobson, um dos poucos linguistas estudados
nas escolas de ensino fundamental e médio brasileiras.

O que que é linguística?
1 DE JANEIRO DE 20152 DE JANEIRO DE 2015  |  ALAN MOTTA
Bem, vamos definir isso de forma bem básica e rápida, a linguística é uma ciência* que está preocupada em analisar
e descrever processos e propriedades essenciais ao seu objeto de estudo, que nesse caso é a linguagem. Ok, mas o que
é realmente linguagem?

Por exemplo, o cachorro late para se comunicar, a abelha dá rodopios no ar para avisar a outras abelhas sobre alguma
coisa, a dança é considerada também como uma forma de linguagem. Sim, essas são formas de linguagem, mas
calma, a linguística não estuda o latido de cães, nem rodopios de abelhas e muito menos o movimento de dançarinos.
Para a linguística, linguagem é realizada por meio da língua e isso faz toda a diferença, porque a língua é
essencialmente, intrinsecamente e exclusivamente humana.

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/01/bee_flying_from_pdphoto.jpg)
A linguística não estuda latidos de cães, nem movimentos de dançarinos, nem giros de abelhas.

Então é isso que a linguística estuda, a linguagem humana, lembrando que a linguagem é realizada por meio da
língua. Tudo bem, mas o que é uma língua?

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18/09/2017 fonética – O Programa Linguisticalista

De modo bem resumido, a língua é formada por dois elementos: os itens lexicais e a sintaxe. O item lexical é a
palavra e a sintaxe é a forma como nós concatenamos, ou seja, juntamos essas palavras.

No português, espanhol, inglês e em outras línguas, existe uma ordem canônica¹ de constituintes que é a seguinte:
SVO (sujeito, verbo e objeto), portanto vamos considerar o seguinte exemplo:

Eu sou um falante nativo do português e, eu quero dizer que meu nome é Alan, ou melhor, que eu sou Alan. E eu
tenho os seguintes itens lexicais: <sou>, <eu>, <Alan>; esses são meus itens lexicais, agora a sintaxe entra para
ordenar essas palavras: Eu sou Alan. Nesse caso eu forço você, amigo(a) a admitir que Alan não é um predicativo do
sujeito e sim um objeto.

Inglês: I am Alan.

Espanhol: Yo soy Alan.

Português: Eu sou Alan.

Alemão²: Ich bin Alan.

Todos esses exemplos são de línguas europeias, todas com a mesma ordem SVO, mas e se fosse uma língua bem
diferente como o japonês, como seria essa ordem? A ordem é diferente, no japonês a ordem canônica é SOV, então os
exemplos anteriores traduzidos para o japonês seriam assim:

Watashi wa³ Aran4 desu. (私 は アランです。)

Eu Alan sou. (Tradução da forma concatenada do japonês)

Então o falante do inglês tem entre seu léxico5 (conjunto de itens lexicais) <am>, <Alan> e <I>, o falante japonês
tem <watashi>, <desu>, <Aran> e <wa> e ambos concatenam esses elementos, porém de formas diferentes, um
coloca o verbo no final, o outro no meio e é assim de forma bem, mais bem resumida, que uma língua funciona.

Então, parece que uma parte da definição da linguística já foi compreendida, mas ainda resta uma parte: “[…] uma
ciência que está preocupada em analisar e descrever processos e propriedades essenciais ao seu objeto de estudo…”

Mas… Como assim, então a linguística procura descrever processos universais a todas as línguas? Mas como ela faz
isso se as línguas são tão diferentes?

Na verdade, todos nós sabemos que parece que o português e o chinês não têm muito a ver um com o outro, mas
existem propriedades essenciais que estão presentes em todas as línguas naturais6 do mundo, essas propriedades
essenciais são chamadas de universais linguísticos, esses universais vão ser abordados mais tarde em outro post.

Eu geralmente comparo as línguas naturais com os seres humanos. Existem vários grupos étnicos no planeta, como
nórdicos, árabes, índios da América do Sul, africanos negros, coreanos etc. Por mais diferente que seja um alemão de
um índio brasileiro, ambos possuem propriedades essencialmente humanas, os dois têm dois olhos, os dois têm cinco
dedos em cada mão, os dois andam, os dois são capazes de criar cultura, os dois têm orelhas, um coração, os dois têm
sua própria língua…

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18/09/2017 fonética – O Programa Linguisticalista

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/01/benettoncollectionfall4.jpg)
Por mais que os rapazes sejam diferentes superficialmente, todos carregam características que são universais a
todos os seres humanos.

Suas diferenças são superficiais, como a cor da pele, a textura do cabelo, a cor e formato dos olhos e a largura do
nariz. As diferenças entre as línguas também são assim, a fonética do inglês é muito diferente da do turco, a sintaxe
do espanhol se difere da do japonês, a morfologia do alemão é muito diferente da do coreano, mas todas essas línguas
se usam da fonética, todas se usam da morfologia, todas se usam da sintaxe. Uma língua é sujeito­verbo­objeto
(inglês), a outra é sujeito­objeto­verbo (coreano), a outra é verbo­sujeito­objeto (língua egípcia), uma outra é verbo­
objeto­sujeito (javanês antigo) e por aí vai…

Conseguiu perceber leitor(a)? Toda língua tem sujeito, verbo e objeto, o que difere é a ordem desses constituintes
numa língua (todo ser humano tem cabelo, o que difere é a textura, tamanho, cor etc.), toda língua tem sua fonética e
fonologia, toda língua tem sua sintaxe, tem sua morfologia, o que difere vai ser o conteúdo desses constituintes em
determinada língua. Sabe por quê? Porque nós somos seres humanos, existe um limite em cada um de nós, a pele do
negro difere da pele do japonês em cor, mas ambas exercem as mesmas funções no corpo dos dois, a língua turca é
muito diferente da língua portuguesa, mas ambas exercem a mesma função na sociedade em que elas estão inseridas.
Não existe nenhuma língua impossível de ser aprendida, porque os falantes dela são humanos, assim como você é.

Notas:

* Há quem (http://specgram.com/CLXVI.2/01.editor.letter.html) diga que a linguística não é uma

ciência, entretanto há um consenso geral que a linguística seja sim

(http://makingnoiseandhearingthings.com/2012/04/11/is­linguistics­a­science/), uma ciência. Esse
debate dá pano pra manga e, eu não vou dar conta disso numa simples nota, portanto esse assunto será esclarecido
melhor em outro post.

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1  A ordem comum e usual.

²  Geralmente é dito que o alemão é uma língua SOV como o japonês, porém isso ocorre em frases coordenadas ou
subordinadas, numa sentença comum, a ordem é como no português, SVO. Ou seja, assim como o holandês, o
alemão é um caso especial. Na imagem abaixo, o primeiro exemplo é uma frase simples, no segundo, uma frase
principal seguida de uma coordenada.

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/01/sem­
tc3adtulo.jpg)
A barrinha amarela demarca a frase principal da coordenada.

Isso também acontece em frases em que há verbos auxiliares. Onde VA = verbo auxiliar e V = verbo principal.

(https://oprogramalinguisticalista.files.wordpress.com/2015/01/sem­1.jpg)

³  “Wa” é uma partícula japonesa muito recorrente nessa língua, ela não tem tradução, ela é só um morfema
(importante) que faz a marcação de tópico na frase (ela não necessariamente marca o sujeito), por isso que nas
línguas europeias a frase <Eu sou Alan.> têm só 3 palavras e na japonesa tem 4.
 4   Em japonês não existe o fonema /l/, portanto meu nome em japonês vai ser pronunciado com o som mais
parecido, nesse caso o fone [r], esse [r] é o mesmo [r] da palavra <caro> (como na frase “Esse carro é caro.”), então
quando você imitar um sotaque japonês, nunca diga “Pastel de flango.”, porque talvez um japonês diria “Pasuteru de
furango”.


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5  O léxico é vocabulário inteiro que uma determinada língua possui para se expressar, o item lexical faz parte do
léxico.
6 Ou língua humana, são línguas que não foram criadas de forma predeterminada por um grupo, ou seja, foram cridas
de forma espontânea e natural e com o tempo, evoluem, ou mudam sendo integradas numa sociedade. É dito
geralmente que o Esperanto e outras línguas artificiais não são línguas naturais, mas isso também é polêmico e
também merece um post próprio.

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