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LEGISLAÇÃO BÁSICA

Somente alguns direitos não são estendidos a todas as


pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exi-
1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. ge a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais
titulares de direitos políticos.

Direitos individuais e coletivos (artigo 5º) 2 Relação direitos-deveres


O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan-
1 Abrangência protetiva tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação
direitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamen-
1.1 Direitos individuais e coletivos tais. Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a premissa
O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres reconhecida nos direitos fundamentais de que não há di-
individuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capí- reito que seja absoluto, correspondendo-se para cada di-
tulo já se extrai que a proteção vai além dos direitos do reito um dever. Logo, o exercício de direitos fundamentais é
indivíduo e também abrange direitos da coletividade. A limitado pelo igual direito de mesmo exercício por parte de
maior parte dos direitos enumerados no artigo 5º do texto
outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos.
constitucional é de direitos individuais, mas são incluídos
Explica Canotilho2 quanto aos direitos fundamentais: “a
alguns direitos coletivos e mesmo remédios constitucionais
ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser entendi-
próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.: manda-
da como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como
do de segurança coletivo).
ao titular de um direito fundamental corresponde um de-
1.2 Direitos e garantias ver por parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o
Não obstante, o capítulo vai além da proteção dos di- particular está vinculado aos direitos fundamentais como
reitos e estabelece garantias em prol da preservação destes, destinatário de um dever fundamental. Neste sentido, um
bem como remédios constitucionais a serem utilizados caso direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia um
estes direitos e garantias não sejam preservados. Neste dever correspondente”. Com efeito, a um direito funda-
sentido, dividem-se em direitos e garantias as previsões do mental conferido à pessoa corresponde o dever de respeito
artigo 5º: os direitos são as disposições declaratórias e as ao arcabouço de direitos conferidos às outras pessoas.
garantias são as disposições assecuratórias.
O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo 3 Direitos em espécie assegurados no artigo 5º
o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu
a expressão da atividade intelectual, artística, cientí ca e de caput: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
comunicação, independentemente de censura ou licença” qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos es-
– o direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a trangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vedação de censura ou exigência de licença. Em outros ca- vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
sos, o legislador traz o direito num dispositivo e a garantia nos termos seguintes [...]”.
em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada no O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um
artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da pri- dos principais (senão o principal) artigos da Constituição
são ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no artigo Federal, consagra o princípio da igualdade e delimita as
5º, LXV1. cinco esferas de direitos individuais e coletivos que mere-
Em caso de ine cácia da garantia, implicando em vio- cem proteção, isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança
lação de direito, cabe a utilização dos remédios constitu- e propriedade. Os incisos deste artigos delimitam vários
cionais. direitos e garantias que se enquadram em alguma destas
Atenção para o fato de o constituinte chamar os remé-
esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es-
dios constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas
pecí cas que ganham também destaque no texto consti-
de direitos e garantias propriamente ditas apenas de direi-
tucional, quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos
tos.
constitucionais-penais.
1.3 Brasileiros e estrangeiros
O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção con- 4 Direito à igualdade
ferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamente,
“aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”. No 4.1 Abrangência
entanto, tal restrição é apenas aparente e tem sido interpre- Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o
tada no sentido de que os direitos estarão protegidos com constituinte a rmou por duas vezes o princípio da igualda-
relação a todas as pessoas nos limites da soberania do país. de: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in- quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estran-
gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou geiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel seu à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
localizado no Brasil (ainda que não resida no país). termos seguintes [...]”.
1 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em telecon- 2 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional
ferência. e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479.

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Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro in- Neste sentido, as discriminações legais asseguram a ver-
ciso: “I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- dadeira igualdade, por exemplo, com as ações a rmativas, a
ções, nos termos desta Constituição”. Este inciso é especi ca- proteção especial ao trabalho da mulher e do menor, as ga-
mente voltado à necessidade de igualdade de gênero, a r- rantias aos portadores de de ciência, entre outras medidas
mando que não deve haver nenhuma distinção sexo feminino que atribuam a pessoas com diferentes condições, iguais pos-
e o masculino, de modo que o homem e a mulher possuem sibilidades, protegendo e respeitando suas diferenças3. Tem
os mesmos direitos e obrigações. predominado em doutrina e jurisprudência, inclusive no Su-
Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito mais premo Tribunal Federal, que as ações a rmativas são válidas.
do que a igualdade de gêneros, envolve uma perspectiva
mais ampla.
5 Direito à vida
O direito à igualdade é um dos direitos norteadores de
interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro enfo-
que que foi dado a este direito foi o de direito civil, enqua- 5.1 Abrangência
drando-o na primeira dimensão, no sentido de que a todas as O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção
pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direitos e deve- do direito à vida. A vida humana é o centro gravitacional em
res. Trata-se de um aspecto relacionado à igualdade enquanto torno do qual orbitam todos os direitos da pessoa humana,
liberdade, tirando o homem do arbítrio dos demais por meio possuindo re exos jurídicos, políticos, econômicos, morais e
da equiparação. Basicamente, estaria se falando na igualdade religiosos. Daí existir uma di culdade em conceituar o vocá-
perante a lei. bulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa possui deixa de
No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que ter valor ou sentido se ela perde a vida. Sendo assim, a vida é
não bastava igualar todos os homens em direitos e deveres o bem principal de qualquer pessoa, é o primeiro valor moral
para torná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas inerente a todos os seres humanos4.
condições de exercer estes direitos e deveres. Logo, não é su- No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de nas-
ciente garantir um direito à igualdade formal, mas é preciso cer/permanecer vivo, o que envolve questões como pena
buscar progressivamente a igualdade material. No sentido de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco e aborto;
de igualdade material que aparece o direito à igualdade num quanto o direito de viver com dignidade, o que engloba o
segundo momento, pretendendo-se do Estado, tanto no mo- respeito à integridade física, psíquica e moral, incluindo neste
mento de legislar quanto no de aplicar e executar a lei, uma
aspecto a vedação da tortura, bem como a garantia de recur-
postura de promoção de políticas governamentais voltadas a
sos que permitam viver a vida com dignidade.
grupos vulneráveis.
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado nos
Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá-
veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de um dos
uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em sociedade; direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais e socio-
e o de igualdade material, correspondendo à necessidade de lógicos. É no direito à vida que se encaixam polêmicas dis-
discriminações positivas com relação a grupos vulneráveis da cussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com células
sociedade, em contraponto à igualdade formal. tronco, pena de morte, eutanásia, etc.

4.2 Ações a rmativas 5.2 Vedação à tortura


Neste sentido, desponta a temática das ações a rmati- De forma expressa no texto constitucional destaca-se a
vas, que são políticas públicas ou programas privados criados vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme pre-
temporariamente e desenvolvidos com a nalidade de reduzir visão no inciso III do artigo 5º:
as desigualdades decorrentes de discriminações ou de uma
hipossu ciência econômica ou física, por meio da concessão Art. 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem
de algum tipo de vantagem compensatória de tais condições. a tratamento desumano ou degradante.
Quem é contra as ações a rmativas argumenta que, em
uma sociedade pluralista, a condição de membro de um gru- A tortura é um dos piores meios de tratamento desuma-
po especí co não pode ser usada como critério de inclusão
no, expressamente vedada em âmbito internacional, como
ou exclusão de benefícios. Ademais, a rma-se que elas des-
visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina constitu-
privilegiam o critério republicano do mérito (segundo o qual
cional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 de ne os crimes de
o indivíduo deve alcançar determinado cargo público pela sua
capacidade e esforço, e não por pertencer a determinada ca- tortura e dá outras providências, destacando-se o artigo 1º:
tegoria); fomentariam o racismo e o ódio; bem como ferem o
princípio da isonomia por causar uma discriminação reversa.
Por outro lado, quem é favorável às ações a rmativas de-
fende que elas representam o ideal de justiça compensatória 3 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e
II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
(o objetivo é compensar injustiças passadas, dívidas históricas,
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08.
como uma compensação aos negros por tê-los feito escravos, p.
4 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte.
ex.); representam o ideal de justiça distributiva (a preocupação, Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comen-
aqui, é com o presente. Busca-se uma concretização do princí- tários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: For-
pio da igualdade material); bem como promovem a diversidade. tium, 2008, p. 15.

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Art. 1º Constitui crime de tortura: 6.2 Liberdade de pensamento e de expressão


I - constranger alguém com emprego de violência ou grave O artigo 5º, IV, CF prevê, consolidando a a rmação simultâ-
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: nea da liberdade de pensamento e da liberdade de expressão:
a) com o m de obter informação, declaração ou con ssão
da vítima ou de terceira pessoa; Art. 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamento,
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; sendo vedado o anonimato.
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento.
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofri- A nal, “o ser humano, através dos processos internos de re e-
mento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal xão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais do
ou medida de caráter preventivo. que a opinião de seu emitente. Assim, a regra constitucional,
Pena - reclusão, de dois a oito anos. ao consagrar a livre manifestação do pensamento, imprime a
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa existência jurídica ao chamado direito de opinião”5. Em outras
ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou men- palavras, primeiro existe o direito de ter uma opinião, depois
tal, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou o de expressá-la.
não resultante de medida legal. No mais, surge como corolário do direito à liberdade de
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quan- pensamento e de expressão o direito à escusa por convicção
do tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de losó ca ou política:
detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gra- Art. 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por moti-
víssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta vo de crença religiosa ou de convicção losó ca ou política,
morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, xada
I - se o crime é cometido por agente público; em lei.
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, porta-
dor de de ciência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; Trata-se de instrumento para a consecução do direito as-
III - se o crime é cometido mediante sequestro. segurado na Constituição Federal – não basta permitir que se
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou pense diferente, é preciso respeitar tal posicionamento.
emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro Com efeito, este direito de liberdade de expressão é li-
do prazo da pena aplicada. mitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na
§ 6º O crime de tortura é ina ançável e insuscetível de garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria certa
graça ou anistia. e determinada, permitindo eventuais responsabilizações por
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a manifestações que contrariem a lei.
hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF:
fechado.
Art. 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte-
6 Direito à liberdade lectual, artística, cientí ca e de comunicação, indepen-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote- dentemente de censura ou licença.
ção do direito à liberdade, delimitada em alguns incisos que
o seguem. Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres-
são, referente de forma especí ca a atividades intelectuais,
6.1 Liberdade e legalidade artísticas, cientí cas e de comunicação. Dispensa-se, com
Prevê o artigo 5º, II, CF: relação a estas, a exigência de licença para a manifestação
do pensamento, bem como veda-se a censura prévia.
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impe-
Art. 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar dir a divulgação e o acesso a informações como modo de
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
controle do poder. A censura somente é cabível quando
necessária ao interesse público numa ordem democrática,
O princípio da legalidade se encontra delimitado neste
por exemplo, censurar a publicação de um conteúdo de
inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer
exploração sexual infanto-juvenil é adequado.
ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei assim de-
termine. Assim, salvo situações previstas em lei, a pessoa tem O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à in-
liberdade para agir como considerar conveniente. denização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapar-
Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela- tida para aquele que teve algum direito seu violado (no-
ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo à tadamente inerentes à privacidade ou à personalidade)
pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expressamente em decorrência dos excessos no exercício da liberdade de
estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer tudo o que expressão.
quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer maneira que a 5 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano.
lei não proíba. Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

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6.3 Liberdade de crença/religiosa 6.4 Liberdade de informação


Dispõe o artigo 5º, VI, CF: O direito de acesso à informação também se liga a uma
dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o ar-
Art. 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciência tigo 5º, XIV, CF:
e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos lo- Art. 5º, XIV - é assegurado a todos o acesso à informa-
cais de culto e a suas liturgias. ção e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício pro ssional.
Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé
como bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma Trata-se da liberdade de informação, consistente na
crença ou religião que seja proibida, garantindo-se que a liberdade de procurar e receber informações e ideias por
pro ssão desta fé possa se realizar em locais próprios. quaisquer meios, independente de fronteiras, sem interfe-
Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos
rência.
distintos, porém intrinsecamente relacionados de liberda-
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao
des: a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liberda-
passo que a liberdade de expressão tem uma caracterís-
de de organização religiosa.
tica ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo
Consoante o magistério de José Afonso da Silva6, entra
e passivo da exteriorização da liberdade de pensamento:
na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião,
a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade não basta poder manifestar o seu próprio pensamento, é
(ou o direito) de mudar de religião, além da liberdade de preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade
não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de de se garantir o acesso ao pensamento manifestado para
descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnos- a sociedade.
ticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o livre Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de
exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liber- todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a
dade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente
os atos próprios das manifestações exteriores em casa ou pelos meios de comunicação imparciais e não monopoli-
em público, bem como a de recebimento de contribuições zados (artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível
para tanto. Por m, a liberdade de organização religiosa que a imprensa divulgue com quem obteve a informação
refere-se à possibilidade de estabelecimento e organização divulgada, sem o que a segurança desta poderia car pre-
de igrejas e suas relações com o Estado. judicada e a informação inevitavelmente não chegaria ao
Como decorrência do direito à liberdade religiosa, as- público.
segurando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF: Especi cadamente quanto à liberdade de informação
no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas
Art. 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a presta- previsões.
ção de assistência religiosa nas entidades civis e milita- Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF:
res de internação coletiva.
Art. 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos ór-
O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos gãos públicos informações de seu interesse particular, ou
prisionais civis e militares, mas também a hospitais. de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo
Ainda, surge como corolário do direito à liberdade reli- da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
giosa o direito à escusa por convicção religiosa: cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
do Estado.
Art. 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
motivo de crença religiosa ou de convicção losó ca ou po- A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011
lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna- art. 5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Infor-
tiva, xada em lei. mação.
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF:
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por
exemplo, a todos os homens maiores de 18 anos o alis- Art. 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, independen-
tamento militar, não cabe se escusar, a não ser que tenha temente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos
fundado motivo em crença religiosa ou convicção losó- Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade
ca/política, caso em que será obrigado a cumprir uma ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em reparti-
prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que não ções públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
contrarie tais preceitos. situações de interesse pessoal.
6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

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Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cumpre Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo
observar que o direito de petição deve resultar em uma ma- Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário in el,
nifestação do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a
uma questão proposta, em um verdadeiro exercício contínuo única exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento
de delimitação dos direitos e obrigações que regulam a vida é a que se refere à obrigação alimentícia.
social e, desta maneira, quando “di culta a apreciação de um
pedido que um cidadão quer apresentar” (muitas vezes, em- 6.6 Liberdade de trabalho
baraçando-lhe o acesso à Justiça); “demora para responder O direito à liberdade também é mencionado no artigo
aos pedidos formulados” (administrativa e, principalmente, 5º, XIII, CF:
judicialmente) ou “impõe restrições e/ou condições para a
formulação de petição”, traz a chamada insegurança jurídica, Art. 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer traba-
que traz desesperança e faz proliferar as desigualdades e as lho, ofício ou pro ssão, atendidas as quali cações pro s-
injustiças. sionais que a lei estabelecer.
Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar O livre exercício pro ssional é garantido, respeitados
cópias reprográ cas e certidões, bem como de ofertar de- os limites legais. Por exemplo, não pode exercer a pro ssão
núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez na de advogado aquele que não se formou em Direito e não
intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públicos foi aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil;
em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que gera não pode exercer a medicina aquele que não fez faculdade
confusões conceituais no sentido do direito de obter certi- de medicina reconhecida pelo MEC e obteve o cadastro no
dões ser dissociado do direito de petição. Conselho Regional de Medicina.
Por m, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, CF:
6.7 Liberdade de reunião
Art. 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade dos Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF:
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interes-
se social o exigirem.
Art. 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se paci camente,
sem armas, em locais abertos ao público, independente-
Logo, o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas o
mente de autorização, desde que não frustrem outra reu-
será quando a intimidade merecer preservação (ex.: processo
nião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
criminal de estupro ou causas de família em geral) ou quando
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.
o interesse social exigir (ex.: investigações que possam ser
comprometidas pela publicidade). A publicidade é instru-
mento para a efetivação da liberdade de informação. Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com de-
mais na defesa de uma causa, apenas possuindo o dever
6.5 Liberdade de locomoção de informar tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de
Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no artigo segurança coletiva. Imagine uma grande reunião de pes-
5º, XV, CF: soas por uma causa, a exemplo da Parada Gay, que chega
a aglomerar milhões de pessoas em algumas capitais: seria
Art. 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território nacio- absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso do
nal em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos poder público para que ele organize o policiamento e a as-
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. sistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas
que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso
A liberdade de locomoção é um aspecto básico do direi- de armas, totalmente vedado, assim como de substâncias
to à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o territó- ilícitas (Ex.: embora a Marcha da Maconha tenha sido au-
rio do país em tempos de paz (em tempos de guerra é possí- torizada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou-se que nela
vel limitar tal liberdade em prol da segurança). A liberdade de tal substância ilícita fosse utilizada).
sair do país não signi ca que existe um direito de ingressar
em qualquer outro país, pois caberá à ele, no exercício de sua 6.8 Liberdade de associação
soberania, controlar tal entrada. No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º,
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liberda- XVII, CF:
de. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser presa nos
casos autorizados pela própria Constituição Federal. A des- Art. 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação
peito da normativa especí ca de natureza penal, reforça-se para ns lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
a impossibilidade de se restringir a liberdade de locomoção
pela prisão civil por dívida. A liberdade de associação difere-se da de reunião por
Prevê o artigo 5º, LXVII, CF: sua perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é
exercida de forma sazonal, eventual, a liberdade de asso-
Art. 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívida, sal- ciação implica na formação de um grupo organizado que
vo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescu- se mantém por um período de tempo considerável, dotado
sável de obrigação alimentícia e a do depositário in el. de estrutura e organização próprias.

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Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são associa- O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo
ções ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas e o dispositivo legal os direitos à privacidade e à personalidade.
ideal de realizar sua própria justiça paralelamente à estatal. Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimidade,
O texto constitucional se estende na regulamentação ao abordar a proteção da vida privada – que, em resumo, é
da liberdade de associação. a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio e de
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza: círculos de amigos –, Silva7 entende que “o segredo da vida
privada é condição de expansão da personalidade”, mas não
Art. 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na forma caracteriza os direitos de personalidade em si.
da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo A união da intimidade e da vida privada forma a privaci-
vedada a interferência estatal em seu funcionamento. dade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais estrita.
É possível ilustrar a vida social como se fosse um grande cír-
Neste sentido, associações são organizações resultan- culo no qual há um menor, o da vida privada, e dentro deste
tes da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou um ainda mais restrito e impenetrável, o da intimidade. Com
sem personalidade jurídica, para a realização de um obje- efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria dos Círculos Con-
tivo comum; já cooperativas são uma forma especí ca de cêntricos”), importada do direito alemão, quanto mais próxi-
associação, pois visam a obtenção de vantagens comuns ma do indivíduo, maior a proteção a ser conferida à esfera (as
em suas atividades econômicas. esferas são representadas pela intimidade, pela vida privada,
Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF: e pela publicidade).
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois ante-
Art. 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compul- riores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem
soriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os
decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabilidade no
julgado. meio social. O direito à imagem também possui duas conota-
ções, podendo ser entendido em sentido objetivo, com rela-
ção à reprodução grá ca da pessoa, por meio de fotogra as,
O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja,
lmagens, desenhos, ou em sentido subjetivo, signi cando o
a associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é
conjunto de qualidades cultivadas pela pessoa e reconheci-
preciso o trânsito em julgado da decisão judicial que as-
das como suas pelo grupo social”8.
sim determine, pois antes disso sempre há possibilidade
de reverter a decisão e permitir que a associação continue
7.2 Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspon-
em funcionamento. Contudo, a decisão judicial pode sus-
dência
pender atividades até que o trânsito em julgado ocorra, ou
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a inviola-
seja, no curso de um processo judicial. bilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e co-
Em destaque, a legitimidade representativa da associa- municações.
ção quanto aos seus liados, conforme artigo 5º, XXI, CF: Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê:
Art. 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex- Art. 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, nin-
pressamente autorizadas, têm legitimidade para represen- guém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
tar seus liados judicial ou extrajudicialmente. salvo em caso de agrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
Trata-se de caso de legitimidade processual extraordi-
nária, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode
outra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza. nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser EM
A liberdade de associação envolve não somente o di- QUALQUER HORÁRIO no caso de agrante delito (o morador
reito de criar associações e de fazer parte delas, mas tam- foi agrado na prática de crime e fugiu para seu domicílio)
bém o de não associar-se e o de deixar a associação, con- ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou para pres-
forme artigo 5º, XX, CF: tar socorro (morador teve ataque do coração, está sufocado,
desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por determina-
Art. 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a asso- ção judicial.
ciar-se ou a permanecer associado. Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica-
ções, prevê o artigo 5º, XII, CF: “XII - é inviolável o sigilo da
7 Direitos à privacidade e à personalidade correspondência e das comunicações telegrá cas, de dados
e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por
7.1 Abrangência ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabele-
Prevê o artigo 5º, X, CF: cer para ns de investigação criminal ou instrução processual
penal”. O sigilo de correspondência e das comunicações está
Art. 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida pri- melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996.
vada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o di- 7 Ibid.
reito a indenização pelo dano material ou moral decorrente 8 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito cons-
de sua violação. titucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

7.3 Personalidade jurídica e gratuidade de registro Dano material é aquele que atinge o patrimônio (mate-
Quando se fala em reconhecimento como pessoa pe- rial ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado nancei-
rante a lei desdobra-se uma esfera bastante especí ca dos ramente e indenizado.
direitos de personalidade, consistente na personalidade ju- “Dano moral direto consiste na lesão a um interesse que
rídica. Basicamente, consiste no direito de ser reconhecido visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimo-
como pessoa perante a lei. nial contido nos direitos da personalidade (como a vida, a
Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, a inti-
necessário o registro. Por ser instrumento que serve como midade, os sentimentos afetivos, a própria imagem) ou nos
pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse- atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o estado
gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição de de família)”10.
com ele arcar. Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Có-
Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF: digo Civil: “Salvo se autorizadas, ou se necessárias à admi-
nistração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a
Art. 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconhecida- divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publi-
mente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nasci- cação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa
mento; b) a certidão de óbito. poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da
indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama
O reconhecimento do marco inicial e do marco nal ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a ns comerciais”.
da personalidade jurídica pelo registro é direito individual,
não dependendo de condições nanceiras. Evidente, seria 8 Direito à segurança
absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elabora- O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote-
ção de documentos para que ela seja reconhecida como ção do direito à segurança. Na qualidade de direito individual
viva ou morta, o que apenas incentivaria a indigência dos liga-se à segurança do indivíduo como um todo, desde sua
menos favorecidos. integridade física e mental, até a própria segurança jurídica.
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pessoal
é o direito de viver sem medo, protegido pela solidariedade
7.4 Direito à indenização e direito de resposta
e liberto de agressões, logo, é uma maneira de garantir o
Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di-
direito à vida.
reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se
Nesta linha, para Silva11, “efetivamente, esse conjunto de
dois instrumentos, o direito à indenização e o direito de
direitos aparelha situações, proibições, limitações e procedi-
resposta, conforme as necessidades do caso concreto.
mentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de algum
Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
direito individual fundamental (intimidade, liberdade pessoal
ou a incolumidade física ou moral)”.
Art. 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, pro- Especi camente no que tange à segurança jurídica, tem-
porcional ao agravo, além da indenização por dano mate- se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
rial, moral ou à imagem.
Art. 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito adquiri-
“A manifestação do pensamento é livre e garantida do, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
em nível constitucional, não aludindo a censura prévia em
diversões e espetáculos públicos. Os abusos porventura Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroatividade
ocorridos no exercício indevido da manifestação do pensa- da lei.
mento são passíveis de exame e apreciação pelo Poder Ju- De ne o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do
diciário com a consequente responsabilidade civil e penal Direito Brasileiro:
de seus autores, decorrentes inclusive de publicações inju-
riosas na imprensa, que deve exercer vigilância e controle Art. 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral,
da matéria que divulga”9. respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
O direito de resposta é o direito que uma pessoa julgada.
tem de se defender de críticas públicas no mesmo meio § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado se-
em que foram publicadas garantida exatamente a mes- gundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
ma repercussão. Mesmo quando for garantido o direito § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o
de resposta não é possível reverter plenamente os da- seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles
nos causados pela manifestação ilícita de pensamento, cujo começo do exercício tenha termo pré- xo, ou condição
razão pela qual a pessoa inda fará jus à indenização. pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
A manifestação ilícita do pensamento geralmente cau- § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão
sa um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que judicial de que já não caiba recurso.
pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econô- 10 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil.
mico e não econômico. Buenos Aires: Astrea, 1982.
9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. 11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
ed. São Paulo: Malheiros, 2011. positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

9 Direito à propriedade Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a pro-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote- priedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e
ção do direito à propriedade, tanto material quanto intelec- graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requi-
tual, delimitada em alguns incisos que o seguem. sitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
9.1 Função social da propriedade material II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis
O artigo 5º, XXII, CF estabelece: e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações
Art. 5º, XXII, CF. É garantido o direito de propriedade. de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietá-
A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o rios e dos trabalhadores.
principal fator limitador deste direito:
9.2 Desapropriação
Art. 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua função No caso de desrespeito à função social da propriedade
social. cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que po-
de-se depreender do texto constitucional duas possibilidades
A propriedade, segundo Silva12, “[...] não pode mais ser de desapropriação: por desrespeito à função social e por ne-
considerada como um direito individual nem como institui- cessidade ou utilidade pública.
ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direitos A Constituição Federal prevê a possibilidade de desapro-
individuais, ela não mais poderá ser considerada puro di- priação por desatendimento à função social:
reito individual, relativizando-se seu conceito e signi cado,
especialmente porque os princípios da ordem econômica Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público munici-
são preordenados à vista da realização de seu m: assegu- pal, mediante lei especí ca para área incluída no plano diretor,
rar a todos existência digna, conforme os ditames da jus- exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano
tiça social. Se é assim, então a propriedade privada, que, não edi cado, subutilizado ou não utilizado, que promova
ademais, tem que atender a sua função social, ca vincula- seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
da à consecução daquele princípio”. I - parcelamento ou edi cação compulsórios;
Com efeito, a proteção da propriedade privada está li- II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o progressivo no tempo;
requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade III - desapropriação com pagamento mediante títulos da
da pessoa humana. A propriedade de bens e valores em dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado
geral é um direito assegurado na Constituição Federal e, Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas
como todos os outros, se encontra limitado pelos demais anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indeni-
princípios conforme melhor se atenda à dignidade do ser zação e os juros legais14.
humano.
A Constituição Federal delimita o que se entende por Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por inte-
função social: resse social, para ns de reforma agrária, o imóvel rural que
não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urba- justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláu-
no, executada pelo Poder Público municipal, conforme dire- sula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até
trizes gerais xadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o utilização será de nida em lei15.
bem-estar de seus habitantes.
Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias se-
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ- rão indenizadas em dinheiro.
mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte
mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen-
volvimento e de expansão urbana. 14 Nota-se que antes de se promover a desapropriação de
imóvel urbano por desatendimento à função social é necessário tomar
duas providências, sucessivas: primeiro, o parcelamento ou edi cação
Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua compulsórios; depois, o estabelecimento de imposto sobre a pro-
função social quando atende às exigências fundamentais de priedade predial e territorial urbana progressivo no tempo. Se ambas
ordenação da cidade expressas no plano diretor13. medidas restarem ine cazes, parte-se para a desapropriação por de-
satendimento à função social.
15 A desapropriação em decorrência do desatendimento da
12 Ibid. função social é indenizada, mas não da mesma maneira que a desa-
13 Instrumento básico de um processo de planejamento mu- propriação por necessidade ou utilidade pública, já que na primeira
nicipal para a implantação da política de desenvolvimento urbano, há violação do ordenamento constitucional pelo proprietário, mas na
norteando a ação dos agentes públicos e privados (Lei n. 10.257/2001 segunda não. Por isso, indeniza-se em títulos da dívida agrária, que na
- Estatuto da cidade). prática não são tão valorizados quanto o dinheiro.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

No que tange à desapropriação por necessidade ou utili- Um grande problema que faz com que processos que
dade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF: tenham a desapropriação por objeto se estendam é a indevi-
Art. 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento para da valorização do imóvel pelo Poder Público, que geralmente
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por in- pretende pagar valor muito abaixo do devido, necessitando o
teresse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, Judiciário intervir em prol da correta avaliação.
ressalvados os casos previstos nesta Constituição. Outra questão reside na chamada tredestinação, pela
qual há a destinação de um bem expropriado (desapropria-
Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF: ção) a nalidade diversa da que se planejou inicialmente. A
Art. 183, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urbanos tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilícita quando re-
serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. sultante de desvio do propósito original; e será lícita quando
a Administração Pública dê ao bem nalidade diversa, porém
Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF: preservando a razão do interesse público.
Art. 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel como de
interesse social, para ns de reforma agrária, autoriza a União 9.3 Política agrária e reforma agrária
a propor a ação de desapropriação. Enquanto desdobramento do direito à propriedade imó-
vel e da função social desta propriedade, tem-se ainda o ar-
Art. 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer pro- tigo 5º, XXVI, CF:
cedimento contraditório especial, de rito sumário, para o pro-
cesso judicial de desapropriação. Art. 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, assim de-
A desapropriação por utilidade ou necessidade pública nida em lei, desde que trabalhada pela família, não será obje-
deve se dar mediante prévia e justa indenização em dinheiro. to de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua
O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando o proce- atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de nanciar
dimento e conceituando utilidade pública, em seu artigo 5º: o seu desenvolvimento.

Artigo 5º, Decreto-lei nº 3.365/1941. Consideram-se casos Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma peque-
de utilidade pública: na propriedade será assegurado que permaneça com ela e a
a) a segurança nacional; torne mais produtiva.
b) a defesa do Estado; A preservação da pequena propriedade em detrimento
c) o socorro público em caso de calamidade; dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes-
d) a salubridade pública; guias da regulamentação da política agrária brasileira, que
e) a criação e melhoramento de centros de população, seu tem como principal escopo a realização da reforma agrária.
abastecimento regular de meios de subsistência; Parte da questão nanceira atinente à reforma agrária se
f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas mi- encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF:
nerais, das águas e da energia hidráulica;
g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, Art. 184, § 4º, CF. O orçamento xará anualmente o volu-
casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medicinais; me total de títulos da dívida agrária, assim como o montante
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos; de recursos para atender ao programa de reforma agrária no
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou lo- exercício.
gradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o
parcelamento do solo, com ou sem edi cação, para sua melhor Art. 184, § 5º, CF. São isentas de impostos federais, esta-
utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou duais e municipais as operações de transferência de imóveis
ampliação de distritos industriais; desapropriados para ns de reforma agrária.
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
k) a preservação e conservação dos monumentos históricos Como a nalidade da reforma agrária é transformar terras
e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou improdutivas e grandes propriedades em atinentes à função
rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes e real- social, alguns imóveis rurais não podem ser abrangidos pela
çar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a reforma agrária:
proteção de paisagens e locais particularmente dotados pela
natureza; Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, ns de reforma agrária: I - a pequena e média propriedade
documentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico; rural, assim de nida em lei, desde que seu proprietário não
m) a construção de edifícios públicos, monumentos come- possua outra; II - a propriedade produtiva. Parágrafo único.
morativos e cemitérios; A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso e xará normas para o cumprimento dos requisitos relativos
para aeronaves; a sua função social.
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de nature-
za cientí ca, artística ou literária;
p) os demais casos previstos por leis especiais.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo 187: § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo pos-
suidor mais de uma vez.
Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e exe- § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usu-
cutada na forma da lei, com a participação efetiva do setor capião.
de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais,
bem como dos setores de comercialização, de armazena- Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
mento e de transportes, levando em conta, especialmente: pública, pací ca, ininterrupta e contínua), são exigidos os
I - os instrumentos creditícios e scais; seguintes requisitos especí cos:
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da locali-
garantia de comercialização; zação, área urbana é a que está dentro do perímetro urba-
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; no. Pela teoria da destinação, mais importante que a locali-
IV - a assistência técnica e extensão rural; zação é a sua utilização. Ex.: se tem ns agrícolas/pecuários
V - o seguro agrícola; e estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para
VI - o cooperativismo; ns de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da
VII - a eletri cação rural e irrigação; localização.
VIII - a habitação para o trabalhador rural. b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris-
agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e orestais. prudência é pací ca que a posse desde o início deve car
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agríco- restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve
la e de reforma agrária. ter 250m², não a área construída (a área de um sobrado,
por exemplo, pode ser maior que a de um terreno).
As terras devolutas e públicas serão destinadas confor- c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição
me a política agrícola e o plano nacional de reforma agrá- Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes
ria (artigo 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a de 05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos
concessão, a qualquer título, de terras públicas com área dentro do limite da usucapião urbana? Predominou que
superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física só corria o prazo a partir da criação do instituto, não só
ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de porque antes não existia e o prazo não podia correr, como
prévia aprovação do Congresso Nacional”, salvo no caso de também não se poderia prejudicar o proprietário.
alienações ou concessões de terras públicas para ns de d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse,
reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF). é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família,
Os que forem favorecidos pela reforma agrária (ho- ao longo de todo o prazo (não só no início ou no nal).
mens, mulheres, ambos, qualquer estado civil) não poderão Logo, não cabe acessio temporis por cessão da posse.
negociar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189, CF). e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no
Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al-
ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este re-
jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão quisito é veri cado no momento em que completa 5 anos.
de autorização do Congresso Nacional” (artigo 190, CF). Em relação à previsão da usucapião especial rural, des-
taca-se o artigo 191, CF:
9.4 Usucapião
Usucapião é o modo originário de aquisição da pro- Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imó-
priedade que decorre da posse prolongada por um lon- vel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos inin-
go tempo, preenchidos outros requisitos legais. Em outras terruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não
palavras, usucapião é uma situação em que alguém tem a superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu
posse de um bem por um tempo longo, sem ser incomo- trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adqui-
dado, a ponto de se tornar proprietário. rir-lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos
A Constituição regulamenta o acesso à propriedade não serão adquiridos por usucapião.
mediante posse prolongada no tempo – usucapião – em
casos especí cos, denominados usucapião especial urbana Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
e usucapião especial rural. pública, pací ca, ininterrupta e contínua), são exigidos os
O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião seguintes requisitos especí cos:
especial urbana: a) Imóvel rural
b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da
até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo ru-
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua ral? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas é
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde assunto muito controverso.
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a
conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, indepen- área é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibilidade
dentemente do estado civil. antes da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar O Direito do Consumidor pode ser considerado um
na área rural. ramo recente do Direito. No Brasil, a legislação que o re-
e) Nenhum outro imóvel. gulamentou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº
f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado 8.078, de 11 de setembro de 1990, conforme determinado
a área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro pela Constituição Federal de 1988, que também estabele-
labore”. Dependerá do caso concreto. ceu no artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias: “o Congresso Nacional, dentro de cento e vin-
9.5 Uso temporário te dias da promulgação da Constituição, elaborará código
No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao di- de defesa do consumidor”. A elaboração do Código de De-
reito de propriedade que não possui o caráter de nitivo fesa do Consumidor foi um grande passo para a proteção
da desapropriação, mas é temporária, conforme artigo 5º, da pessoa nas relações de consumo que estabeleça, res-
XXV, CF: peitando-se a condição de hipossu ciente técnico daquele
que adquire um bem ou faz uso de determinado serviço,
Art. 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo público, a enquanto consumidor.
autoridade competente poderá usar de propriedade par-
ticular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se 9.8 Propriedade intelectual
houver dano. Além da propriedade material, o constituinte protege
também a propriedade intelectual, notadamente no artigo
Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação 5º, XXVII, XXVIII e XXIX, CF:
de perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex.: mon-
tar uma base para capturar um fugitivo), pois o interesse da Art. 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito exclu-
coletividade é maior que o do indivíduo proprietário. sivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei xar;
9.6 Direito sucessório
O direito sucessório aparece como uma faceta do direi- Art. 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei: a)
to à propriedade, encontrando disciplina constitucional no a proteção às participações individuais em obras coleti-
artigo 5º, XXX e XXXI, CF: vas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive
nas atividades desportivas; b) o direito de scalização do
Art. 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança. aproveitamento econômico das obras que criarem ou de
que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respecti-
Art. 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangeiros vas representações sindicais e associativas;
situados no País será regulada pela lei brasileira em benefí-
cio do cônjuge ou dos lhos brasileiros, sempre que não lhes Art. 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de inven-
seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. tos industriais privilégio temporário para sua utilização,
bem como proteção às criações industriais, à propriedade
O direito à herança envolve o direito de receber – seja das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distin-
devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens tivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
de uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa tecnológico e econômico do País.
para outra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou
a lei determine. A Constituição estabelece uma disciplina Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual
especí ca para bens de estrangeiros situados no Brasil, as- que deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto
segurando que eles sejam repassados ao cônjuge e lhos sob o patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro,
brasileiros nos termos da lei mais bené ca (do Brasil ou do a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os
país estrangeiro). direitos autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes
são conexos”.
9.7 Direito do consumidor O artigo 7° do referido diploma considera como obras
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF: intelectuais que merecem a proteção do direito do autor
os textos de obras de natureza literária, artística ou cientí -
Art. 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da lei, ca; as conferências, sermões e obras semelhantes; as obras
a defesa do consumidor. cinematográ cas e televisivas; as composições musicais;
fotogra as; ilustrações; programas de computador; coletâ-
O direito do consumidor liga-se ao direito à proprieda- neas e enciclopédias; entre outras.
de a partir do momento em que garante à pessoa que irá Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis,
adquirir bens e serviços que estes sejam entregues e pres- inalienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o di-
tados da forma adequada, impedindo que o fornecedor se reito de reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divul-
enriqueça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da gado na utilização desta, assegurar a integridade desta ou
posição menos favorável e de vulnerabilidade técnica do modi cá-la e retirá-la de circulação se esta passar a afron-
consumidor. tar sua honra ou imagem.

11
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos ar- Finalmente, Cappelletti e Garth19 apontam uma terceira
tigos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos onda consistente no surgimento de uma concepção mais
contados do primeiro ano seguinte à sua morte ou do ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins-
falecimento do último coautor, ou contados do primeiro tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados:
ano seguinte à divulgação da obra se esta for de natureza “[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla
audiovisual ou fotográ ca. Estes, por sua vez, abrangem, variedade de reformas, incluindo alterações nas formas de
basicamente, o direito de dispor sobre a reprodução, edi- procedimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a
ção, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases de criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou pa-
dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo rapro ssionais, tanto como juízes quanto como defensores,
modi cações no direito substantivo destinadas a evitar li-
que estas modalidades de utilização podem se dar a título
tígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos
oneroso ou gratuito.
privados ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque,
“Os direitos autorais, também conhecidos como co- em suma, não receia inovações radicais e compreensivas,
pyright (direito de cópia), são considerados bens móveis, que vão muito além da esfera de representação judicial”.
podendo ser alienados, doados, cedidos ou locados. Res- Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos
salte-se que a permissão a terceiros de utilização de cria- aspectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se
ções artísticas é direito do autor. [...] A proteção consti- o Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas
tucional abrange o plágio e a contrafação. Enquanto que as pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta ga-
o primeiro caracteriza-se pela difusão de obra criada ou rantir meios de acesso se estes forem insu cientes, já que
produzida por terceiros, como se fosse própria, a segunda para que exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário
con gura a reprodução de obra alheia sem a necessária que se aplique o direito material de maneira justa e célere.
permissão do autor”16. Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça,
prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV:
10 Direitos de acesso à justiça
A formação de um conceito sistemático de acesso à Art. 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do
justiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apon- Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
taram três ondas de acesso, isto é, três posicionamentos
básicos para a realização efetiva de tal acesso. Tais ondas O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princí-
pio de Direito Processual Público subjetivo, também cunha-
foram percebidas paulatinamente com a evolução do Di-
do como Princípio da Ação, em que a Constituição garante
reito moderno conforme implementadas as bases da onda
a necessária tutela estatal aos con itos ocorrentes na vida
anterior, quer dizer, cou evidente aos autores a emergên- em sociedade. Sempre que uma controvérsia for levada ao
cia de uma nova onda quando superada a a rmação das Poder Judiciário, preenchidos os requisitos de admissibili-
premissas da onda anterior, restando parcialmente imple- dade, ela será resolvida, independentemente de haver ou
mentada (visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao não previsão especí ca a respeito na legislação.
pleno atendimento em todas as ondas). Também se liga à primeira onda de acesso à justiça,
Primeiro, Cappelletti e Garth17 entendem que surgiu no que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos
uma onda de concessão de assistência judiciária aos po- favorecidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
bres, partindo-se da prestação sem interesse de remunera-
ção por parte dos advogados e, ao nal, levando à criação Art. 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurídi-
de um aparato estrutural para a prestação da assistência ca integral e gratuita aos que comprovarem insu ciência
pelo Estado. de recursos.
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth18,
veio a onda de superação do problema na representação O constituinte, ciente de que não basta garantir o aces-
dos interesses difusos, saindo da concepção tradicional de so ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efeti-
processo como algo restrito a apenas duas partes indivi- vidade processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº
dualizadas e ocasionando o surgimento de novas institui- 45/2004 o inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição:
ções, como o Ministério Público.
Art. 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e admi-
nistrativo, são assegurados a razoável duração do proces-
so e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

Com o tempo se percebeu que não bastava garantir


16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais:
o acesso à justiça se este não fosse célere e e caz. Não
teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da Repú-
blica Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas,
signi ca que se deve acelerar o processo em detrimento
1997. de direitos e garantias assegurados em lei, mas sim que é
17 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. preciso proporcionar um trâmite que dure nem mais e nem
Tradução Ellen Grace North eet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris menos que o necessário para a efetiva realização da justiça
Editor, 1998, p. 31-32. no caso concreto.
18 Ibid., p. 49-52. 19 Ibid., p. 67-73.

12
LEGISLAÇÃO BÁSICA

11 Direitos constitucionais-penais 11.3 Anterioridade e irretroatividade da lei


O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:
11.1 Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de
exceção Art. 5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que o
Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona: de na, nem pena sem prévia cominação legal.

Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem senten- É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena
ciado senão pela autoridade competente. sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio da
legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há crime
O dispositivo consolida o princípio do juiz natural que sem lei que o de na, nem pena sem prévia cominação legal, e
assegura a toda pessoa o direito de conhecer previamente o princípio da anterioridade, posto que não há crime sem lei
daquele que a julgará no processo em que seja parte, re- anterior que o de na.
vestindo tal juízo em jurisdição competente para a matéria Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem-se
especí ca do caso antes mesmo do fato ocorrer. o artigo 5º, XL, CF:
Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon-
tra-se no Art. 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para be-
ne ciar o réu.
Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de ex-
ceção. O dispositivo consolida outra faceta do princípio da ante-
rioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha de ni-
Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente do um fato como crime e dado certo tratamento penal a este
criado para uma situação pretérita, bem como não reconhe- fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo de pena, etc.)
cido como legítimo pela Constituição do país. antes que ele ocorra; por outro lado, se vier uma lei posterior
ao fato que o exclua do rol de crimes ou que con ra trata-
11.2 Tribunal do júri mento mais bené co (diminuindo a pena ou alterando o regi-
A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o me de cumprimento, notadamente), ela será aplicada. Restam
artigo 5º, XXXVIII, CF: consagrados tanto o princípio da irretroatividade da lei penal
in pejus quanto o da retroatividade da lei penal mais bené ca.
Art. 5º, XXXVIII, CF. É reconhecida a instituição do júri,
com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a ple- 11.4 Menções especí cas a crimes
nitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes
dolosos contra a vida. Art. 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação aten-
tatória dos direitos e liberdades fundamentais.
O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que
julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental o Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao
de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e não princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
magistrados, no caso de determinados crimes que por sua qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No en-
natureza possuem fortes fatores de in uência emocional. tanto, o constituinte entendeu por bem prever tratamento
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto especí co a certas práticas criminosas.
a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
ampla defesa assegurada em todos os procedimentos judi-
ciais e administrativos. Art. 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
Sigilo das votações envolve a realização de votações se- ina ançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
cretas, preservando a liberdade de voto dos que compõem termos da lei.
o conselho que irá julgar o ato praticado.
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, a A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 de ne os crimes
soberania dos veredictos veda a alteração das decisões dos resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles
jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do Tribunal não cabe ança (pagamento de valor para deixar a prisão
do Júri para que seja procedido novo julgamento uma vez provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda de
cassada a decisão recorrida, haja vista preservar o ordena- pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo decurso
mento jurídico pelo princípio do duplo grau de jurisdição. do tempo).
Por m, a competência para julgamento é dos crimes Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o risco
de produção do resultado) contra a vida, que são: homicídio, Art. 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes ina ançáveis e in-
aborto, induzimento, instigação ou auxílio a suicídio e infan- suscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o trá co
ticídio. Sua competência não é absoluta e é mitigada, por ilícito de entorpecentes e drogas a ns, o terrorismo e os de ni-
vezes, pela própria Constituição (artigos 29, X / 102, I, b) e dos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandan-
c) / 105, I, a) / 108, I). tes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.

13
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve
termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e exe-
extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto cutório, evitando-se a padronização a sanção penal. A in-
apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a dividualização da pena signi ca adaptar a pena ao conde-
anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o in- nado, consideradas as características do agente e do delito.
dulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo A pena privativa de liberdade é aquela que restringe,
Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena-
exclusiva do Presidente da República; a anistia pode ser do, consistente em permanecer em algum estabelecimento
concedida antes da sentença nal ou depois da condena- prisional, por um determinado tempo.
ção irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição
em julgado da sentença condenatória; graça e o indulto do patrimônio do indivíduo delituoso.
apenas extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do A prestação social alternativa corresponde às penas
crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e restritivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas
solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo. privativas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Có-
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar digo Penal.
que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra Por seu turno, a individualização da pena deve também
crimes de tortura, trá co, terrorismo (TTT) e hediondos se fazer presente na fase de sua execução, conforme se de-
(previstos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além preende do artigo 5º, XLVIII, CF:
disso, são crimes que não aceitam ança.
Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabe-
Por m, prevê a CF: lecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito,
a idade e o sexo do apenado.
Art. 5º, XLIV, CF. Constitui crime ina ançável e impres-
critível a ação de grupos armados, civis ou militares, A distinção do estabelecimento conforme a natureza
do delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
do crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato su -
ciente para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo,
11.5 Personalidade da pena
o nível de segurança das prisões. Quanto à idade, desta-
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo
cam-se as Fundações Casas, para cumprimento de medida
5º, XLV, CF:
por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões costumam
ser exclusivamente para homens ou para mulheres.
Art. 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa do
Também se denota o respeito à individualização da
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a de-
pena nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF:
cretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, esten-
didas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do Art. 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas condi-
valor do patrimônio transferido. ções para que possam permanecer com seus lhos durante
o período de amamentação.
O princípio da personalidade encerra o comando de o
crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu Preserva-se a individualização da pena porque é toma-
turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria a- da a condição peculiar da presa que possui lho no perío-
grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos do de amamentação, mas também se preserva a dignidade
atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de da criança, não a afastando do seio materno de maneira
restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se precária e impedindo a formação de vínculo pela amamen-
uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio tação.
responderá pelas repercussões nanceiras do ilícito.
11.7 Vedação de determinadas penas
11.6 Individualização da pena O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de
A individualização da pena tem por nalidade concre- penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
tizar o princípio de que a responsabilização penal é sempre
pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculia- Art. 5º, XLVII, CF. Não haverá penas: a) de morte, salvo
ridades do agente. em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b)
A primeira menção à individualização da pena se en- de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de bani-
contra no artigo 5º, XLVI, CF: mento; e) cruéis.

Art. 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da Em resumo, o inciso consolida o princípio da humani-
pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou dade, pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar
restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) presta- sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que
ção social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos. lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados”20 .
20 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16.

14
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o 11.9 Devido processo legal, contraditório e ampla defesa
constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizan- Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
do-a nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se
respeitar o princípio da anterioridade da lei, ou seja, a le- Art. 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou de
gislação deve prever a pena de morte ao fato antes dele ser seus bens sem o devido processo legal.
praticado. No ordenamento brasileiro, este papel é cumpri-
do pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969), Pelo princípio do devido processo legal a legislação deve
que prevê a pena de morte a ser executada por fuzilamento ser respeitada quando o Estado pretender punir alguém ju-
nos casos tipi cados em seu Livro II, que aborda os crimes dicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre de vícios e
militares em tempo de guerra. seguir estritamente a legislação vigente, sob pena de nulidade
Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quais- processual.
quer circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de traba- Surgem como corolário do devido processo legal o con-
lhos forçados, de banimento e cruéis. traditório e a ampla defesa, pois somente um procedimento
No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar que os garanta estará livre dos vícios. Neste sentido, o artigo
que o trabalho obrigatório não é considerado um trata- 5º, LV, CF:
mento contrário à dignidade do recluso, embora o trabalho
forçado o seja. O trabalho é obrigatório, dentro das condi- Art. 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou admi-
ções do apenado, não podendo ser cruel ou menosprezar nistrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contradi-
a capacidade física e intelectual do condenado; como o tório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
trabalho não existe independente da educação, cabe in- O devido processo legal possui a faceta formal, pela qual
centivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o se deve seguir o adequado procedimento na aplicação da lei
trabalho deve se aproximar da realidade do mundo exter- e, sendo assim, respeitar o contraditório e a ampla defesa. Não
no, será remunerado; além disso, condições de dignidade e obstante, o devido processo legal tem sua faceta material que
segurança do trabalhador, como descanso semanal e equi- consiste na tomada de decisões justas, que respeitem os parâ-
metros da razoabilidade e da proporcionalidade.
pamentos de proteção, deverão ser respeitados.
11.10 Vedação de provas ilícitas
11.8 Respeito à integridade do preso
Dispõe o artigo 5º, LVI, CF:
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF:
Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as provas
Art. 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito à
obtidas por meios ilícitos.
integridade física e moral.
Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao artigo
157 do CPP, são as obtidas em violação a normas constitucio-
Obviamente, o desrespeito à integridade física e mo-
nais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra de direito
ral do preso é uma violação do princípio da dignidade da material, constitucional ou legal, no momento da sua obten-
pessoa humana. ção. São vedadas porque não se pode aceitar o descumpri-
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade mento do ordenamento para fazê-lo cumprir: seria paradoxal.
estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição
Federal. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e 11.11 Presunção de inocência
de tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III, Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII:
CF), o que vale na execução da pena.
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF: Art. 5º, LVII, CF. ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Art. 5º, LVIII, CF. O civilmente identi cado não será sub- Consolida-se o princípio da presunção de inocência, pelo
metido a identi cação criminal, salvo nas hipóteses pre- qual uma pessoa não é culpada até que, em de nitivo, o Judi-
vistas em lei. ciário assim decida, respeitados todos os princípios e garantias
constitucionais.
Se uma pessoa possui identi cação civil, não há por-
que fazer identi cação criminal, colhendo digitais, fotos, 11.12 Ação penal privada subsidiária da pública
etc. Pensa-se que seria uma situação constrangedora des- Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
necessária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade
moral. Art. 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos crimes de
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal.
A chamada ação penal privada subsidiária da pública en-
contra respaldo constitucional, assegurando que a omissão do
poder público na atividade de persecução criminal não será
ignorada, fornecendo-se instrumento para que o interessado
ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1. a proponha.

15
LEGISLAÇÃO BÁSICA

11.13 Prisão e liberdade 11.14 Indenização por erro judiciário


O constituinte confere espaço bastante extenso no artigo A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciário
5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente por se encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF:
tratar de ato que vai contra o direito à liberdade. Obviamente, a
prisão não é vedada em todos os casos, porque práticas aten- Art. 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado por erro
tatórias a direitos fundamentais implicam na tipi cação penal, judiciário, assim como o que car preso além do tempo xa-
autorizando a restrição da liberdade daquele que assim agiu. do na sentença.
No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se:
Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação e
Art. 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em agrante julgamento de um processo criminal, resultando em conde-
delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade nação de alguém inocente. Neste caso, o Estado indenizará.
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou Ele também indenizará uma pessoa que car presa além do
crime propriamente militar, de nidos em lei. tempo que foi condenada a cumprir.

Logo, a prisão somente se dará em caso de agrante de- 12 Direitos fundamentais implícitos
lito (necessariamente antes do trânsito em julgado), ou em Prevê o § 2º do artigo 5º da Constituição Federal:
caráter temporário, provisório ou de nitivo (as duas primeiras
independente do trânsito em julgado, preenchidos requisitos Art. 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
legais e a última pela irreversibilidade da condenação). Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação ao princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso: que a República Federativa do Brasil seja parte.

Art. 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o local onde Daí se depreende que os direitos ou garantias podem es-
se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz compe- tar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sendo as-
tente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. sim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é apenas exem-
pli cativo, não taxativo.
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos os
seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo entrar em 13 Tratados internacionais incorporados ao ordena-
contato com sua família e com um advogado, conforme artigo mento interno
5º, LXIII, CF: Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garantias
podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados interna-
Art. 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus direitos, cionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a Para o tratado internacional ingressar no ordenamento
assistência da família e de advogado. jurídico brasileiro deve ser observado um procedimento com-
plexo, que exige o cumprimento de quatro fases: a negociação
Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF: (bilateral ou multilateral, com posterior assinatura do Presiden-
te da República), submissão do tratado assinado ao Congresso
Art. 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identi cação dos Nacional (que dará referendo por meio do decreto legislativo),
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial. rati cação do tratado (con rmação da obrigação perante a
comunidade internacional) e a promulgação e publicação do
Por isso mesmo, o auto de prisão em agrante e a ata do tratado pelo Poder Executivo21. Notadamente, quando o cons-
depoimento do interrogatório são assinados pelas autorida- tituinte menciona os tratados internacionais no §2º do artigo
des envolvidas nas práticas destes atos procedimentais. 5º refere-se àqueles que tenham por fulcro ampliar o rol de
Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para direitos do artigo 5º, ou seja, tratado internacional de direitos
que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, humanos.
tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF: O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originá-
ria na Constituição Federal, conferindo o caráter de primazia
Art. 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente rela- dos direitos humanos, desde logo consagrando o princípio
xada pela autoridade judiciária. da primazia dos direitos humanos, como reconhecido pela
doutrina e jurisprudência majoritários na época. “O princípio
Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previsão da primazia dos direitos humanos nas relações internacionais
do artigo 5º, LXVI, CF: implica em que o Brasil deve incorporar os tratados quanto ao
tema ao ordenamento interno brasileiro e respeitá-los. Implica,
Art. 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou nela também em que as normas voltadas à proteção da dignidade
mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou em caráter universal devem ser aplicadas no Brasil em caráter
sem ança. prioritário em relação a outras normas”22.
Mesmo que a pessoa seja presa em agrante, devido ao 21 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e
princípio da presunção de inocência, entende-se que ela não Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008.
deve ser mantida presa quando não preencher os requisitos 22 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacio-
legais para prisão preventiva ou temporária. nal Público e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009.

16
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Regra geral, os tratados internacionais comuns ingressam víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra
com força de lei ordinária no ordenamento jurídico brasileiro da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes
porque somente existe previsão constitucional quanto à pos- cometidos durante esses con itos, sua jurisdição não está
sibilidade da equiparação às emendas constitucionais se o tra- restrita a uma situação especí ca”23.
tado abranger matéria de direitos humanos. Antes da emenda Resume Mello24: “a Conferência das Nações Unidas so-
alterou o quadro quanto aos tratados de direitos humanos, bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida
era o que acontecia, mas isso não signi ca que tais direitos em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma-
eram menos importantes devido ao princípio da primazia e ao nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter-
reconhecimento dos direitos implícitos. nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra
Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucional a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão.
nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Constituição Fe- Para o crime de genocídio usa a de nição da convenção
deral, de modo que os tratados internacionais de direitos hu- de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados:
manos foram equiparados às emendas constitucionais, desde assassinato, escravidão, prisão violando as normas inter-
que houvesse a aprovação do tratado em cada Casa do Con- nacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual,
gresso Nacional e obtivesse a votação em dois turnos e com prostituição forçada, esterilização, etc. São crimes de guer-
três quintos dos votos dos respectivos membros: ra: homicídio internacional, destruição de bens não justi -
cada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a servir
Art. 5º, § 3º, CF. Os tratados e convenções internacionais nas forças inimigas, etc.”.
sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos 15 Remédios constitucionais
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais. Remédios constitucionais são as espécies de ações ju-
diciárias que visam proteger os direitos fundamentais re-
Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados de conhecidos no texto constitucional quando a declaração e
direitos humanos que ingressarem no ordenamento jurídico
a garantia destes não se mostrar su ciente. Assim, o Poder
brasileiro, versando sobre matéria de direitos humanos, irão
Judiciário será acionado para sanar o desrespeito a estes
passar por um processo de aprovação semelhante ao da
direitos fundamentais, servindo cada espécie de ação para
emenda constitucional.
uma forma de violação.
Contudo, há posicionamentos con ituosos quanto à
possibilidade de considerar como hierarquicamente consti-
15.1 Habeas corpus
tucional os tratados internacionais de direitos humanos que
No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a
ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro anteriormen-
te ao advento da referida emenda. Tal discussão se deu com Constituição em seu artigo 5º, LXVIII:
relação à prisão civil do depositário in el, prevista como legal
na Constituição e ilegal no Pacto de São José da Costa Rica Art. 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sempre
(tratado de direitos humanos aprovado antes da EC nº 45/04), que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
sendo que o Supremo Tribunal Federal rmou o entendimento ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade
pela supralegalidade do tratado de direitos humanos anterior ou abuso de poder.
à Emenda (estaria numa posição que paralisaria a e cácia da
lei infraconstitucional, mas não revogaria a Constituição no Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXX-
ponto controverso). VII, CF.
a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa,
14 Tribunal Penal Internacional de 1215, foi o primeiro documento a mencionar este remé-
Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º: dio e o Habeas Corpus Act, de 1679, o regulamentou.
b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade
Art. 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de Tri- de locomoção. Antes de haver proteção no Brasil por ou-
bunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado tros remédios constitucionais de direitos que não este, o
adesão. habeas-corpus foi utilizado para protegê-los. Hoje, apenas
serve à lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir.
O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho
promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de se- predominantemente penal, pois protege o direito de ir e vir
tembro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em e vai contra a restrição arbitrária da liberdade.
Roma, no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de
e o funcionamento deste Tribunal voltado às pessoas res- violação ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo con-
ponsáveis por crimes de maior gravidade com repercussão duto”, ou repressivo, para quando ameaça já tiver se mate-
internacional (artigo 1º, ETPI). rializado.
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju- 23 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público &
risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
compete o processo e julgamento de violações contra indi- 24 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Inter-
nacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

17
LEGISLAÇÃO BÁSICA

e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá f) Competência: Conforme o caso, nos termos da
-lo, em próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministé- Constituição, do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”),
rio Público (artigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa do Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribu-
com a ação e paciente é aquele que está sendo vítima da nais Regionais Federais (art. 108, I, “c”), bem como dos juí-
restrição à liberdade de locomoção. As duas guras podem zes federais (art. 109, VIII).
se concentrar numa mesma pessoa. g) Regulamentação especí ca: Lei nº 9.507, de 12 de
f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público novembro de 1997.
ou privado. h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997.
g) Competência: é determinada pela autoridade coa-
tora, sendo a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.: 15.3 Mandado de segurança individual
Delegado de Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX:
Criminal Estadual; Juiz de Direito de uma Vara Criminal é a
Art. 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segu-
autoridade coatora, impetra no Tribunal de Justiça.
rança para proteger direito líquido e certo, não amparado
h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável
648, CPP: pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Art. 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando Poder Público.
não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso
por mais tempo do que determina a lei; III - quando quem a) Origem: Veio com a nalidade de preencher a lacu-
ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; IV - na decorrente da sistemática do habeas corpus e das limi-
quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; nares possessórias.
V - quando não for alguém admitido a prestar ança, nos b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com
casos em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for natureza subsidiária pelo qual se busca a invalidação de
manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade. atos de autoridade ou a suspensão dos efeitos da omissão
administrativa, geradores de lesão a direito líquido e certo,
i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a por ilegalidade ou abuso de poder. São protegidos todos
667 do Código de Processo Penal. os direitos líquidos e certos à exceção da proteção de direi-
tos humanos à liberdade de locomoção e ao acesso ou re-
15.2 Habeas data ti cação de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades
O artigo 5º, LXXII, CF prevê:
governamentais ou de caráter público, ambos sujeitos a
instrumentos especí cos.
Art. 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza
assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa civil, independente da natureza do ato impugnado (admi-
do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados nistrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, trabalhista).
de entidades governamentais ou de caráter público; b) para d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência
a reti cação de dados, quando não se pre ra fazê-lo por de violação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando
processo sigiloso, judicial ou administrativo. já consumado o abuso/ilegalidade.
e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser de-
Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (ar- monstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem
tigo 5º, LXXVII, CF). a necessidade de dilação probatória, isto devido à natureza
a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act, célere e sumária do procedimento.
de 1974. f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abran-
b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais gendo não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou
constantes de registros ou bancos de dados de entidades estrangeira, residente ou não no Brasil, bem como órgãos
governamentais ou de caráter público, para o conhecimen- públicos despersonalizados e universalidades/pessoas for-
to ou reti cação (correção). mais reconhecidas por lei.
c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve
ser autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
acesso a informações pessoais.
exercício de atribuições do Poder Público. Neste viés, o art.
d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou es-
6º, §3º, Lei nº 12.016/09, preceitua que “considera-se auto-
trangeira, ou por pessoa jurídica, de direito público ou pri- ridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugna-
vado, tratando-se de ação personalíssima – os dados de- do ou da qual emane a ordem para a sua prática”.
vem ser a respeito da pessoa que a propõe. h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade
e) Legitimidade passiva: entidades governamentais coatora.
da Administração Pública Direta e Indireta nas três esferas, i) Regulamentação especí ca: Lei nº 12.016, de 07 de
bem como instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídi- agosto de 2009.
cas privadas prestadores de serviços de interesse público j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09.
que possuam dados relativos à pessoa do impetrante.

18
LEGISLAÇÃO BÁSICA

15.4 Mandado de segurança coletivo a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que
A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingres- seja proposto o mandado de injunção são a existência de
so com mandado de segurança coletivo, consoante ao ar- norma constitucional de e cácia limitada que prescreva di-
tigo 5º, LXX: reitos, liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes
à nacionalidade, à soberania e à cidadania; além da falta de
Art. 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo pode norma regulamentadores, impossibilitando o exercício dos
ser impetrado por: a) partido político com representação no direitos, liberdades e prerrogativas em questão. Assim, visa
Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de curar o hábito que se incutiu no legislador brasileiro de não
classe ou associação legalmente constituída e em funciona- regulamentar as normas de e cácia limitada para que elas
mento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de não sejam aplicáveis.
seus membros ou associados. b) Natureza jurídica: ação constitucional que objeti-
va a regulamentação de normas constitucionais de e cácia
limitada.
a) Origem: Constituição Federal de 1988.
c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou
b) Escopo: preservação ou reparação de direito líqui-
estrangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titula-
do e certo relacionado a interesses transindividuais (indi-
rize direito fundamental não materializável por omissão le-
viduais homogêneos ou coletivos), e devido à questão da
gislativa do Poder público, bem como o Ministério Público
legitimidade ativa, pertencente a partidos políticos e deter- na defesa de seus interesses institucionais. Não se aceita a
minadas associações. legitimidade ativa de pessoas jurídicas de direito público.
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a
civil, independente da natureza do ato, de caráter coletivo. elaboração de norma regulamentadora for atribuição do
d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coleti- Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câma-
vo são os direitos coletivos e os direitos individuais homo- ra dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma
gêneos. Tal instituto não se presta à proteção dos direitos dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União,
difusos, conforme posicionamento amplamente majoritá- de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo
rio, já que, dada sua difícil individualização, ca improvável Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Tribunal de
a veri cação da ilegalidade ou do abuso do poder sobre tal Justiça, quando a elaboração da norma regulamentadora
direito (art. 21, parágrafo único, Lei nº 12.016/09). for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da
e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disci- administração direta ou indireta, excetuados os casos da
plina constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09, competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da
é de partido político com representação no Congresso Na- Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e
cional, bem como de organização sindical, entidade de da Justiça Federal (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior
classe ou associação legalmente constituída e em funcio- Eleitoral, quando as decisões dos Tribunais Regionais Elei-
namento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos torais denegarem habeas corpus, mandado de segurança,
líquidos e certos que atinjam diretamente seus interesses habeas data ou mandado de injunção (art. 121, §4º, V, CF);
ou de seus membros. e aos Tribunais de Justiça Estaduais, frente aos entes a ele
f) Disciplina especí ca na Lei nº 12.016/09: “Art. 22. vinculados.
No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa e) Procedimento: aplicação da Lei nº 13.300/16.
julgada limitadamente aos membros do grupo ou catego-
ria substituídos pelo impetrante. § 1º O mandado de segu- 15.6 Ação popular
Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF:
rança coletivo não induz litispendência para as ações indi-
viduais, mas os efeitos da coisa julgada não bene ciarão o
Art. 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima
impetrante a título individual se não requerer a desistência
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao pa-
de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a
trimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
contar da ciência comprovada da impetração da segurança moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô-
coletiva. § 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar nio histórico e cultural, cando o autor, salvo comprovada
só poderá ser concedida após a audiência do representante má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se
pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas”. a) Origem: Constituição Federal de 1934.
b) Escopo: é instrumento de exercício direto da demo-
15.5 Mandado de injunção cracia, permitindo ao cidadão que busque a proteção da
Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF: coisa pública, ou seja, que vise assegurar a preservação dos
interesses transindividuais.
Art. 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injunção c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional,
sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviá- que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de en-
vel o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das tidade de que o Estado participe, à moralidade administra-
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à ci- tiva, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural
dadania. d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aque-
le nacional que esteja no pleno gozo dos direitos políticos.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

e) Legitimidade passiva: ente da Administração Públi- Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser
ca, direta ou indireta, ou então pessoa jurídica que de algum alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igualdade
modo lide com a coisa pública. material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente aper-
f) Competência: Será xada de acordo com a origem feiçoamento da oferta de serviços públicos com qualidade
do ato ou omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº para que todos os nacionais tenham garantidos seus direitos
4.717/65). fundamentais de segunda dimensão da maneira mais plena
g) Regulamentação especí ca: Lei nº 4.717, de 29 de possível.
junho de 1965. Há se ressaltar também que o Estado não possui apenas
h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65. um papel direto na promoção dos direitos econômicos, so-
ciais e culturais, mas também um indireto, quando por meio
Direitos sociais (artigo 6º) de sua gestão permite que os indivíduos adquiram condições
para sustentarem suas necessidades pertencentes a esta ca-
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no ca- tegoria de direitos.
pítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria nor-
mas programáticas e que necessitam de uma postura inter- 2 Reserva do possível e mínimo existencial
ventiva estatal em prol da implementação. Os direitos sociais serão concretizados gradualmente,
Os direitos assegurados nesta categoria encontram men- notadamente porque estão previstos em normas progra-
ção genérica no artigo 6º, CF: máticas e porque a implementação deles gera um ônus
para o Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que
Art. 6º, CF. São direitos sociais a educação, a saúde, a ali- dependem de uma postura de abstenção estatal, os direi-
mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a tos sociais precisam que o Estado assuma um papel ativo
segurança, a previdência social, a proteção à maternida- em prol da efetivação destes.
de e à infância, a assistência aos desamparados, na forma A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma
desta Constituição. Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado
de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à ne-
Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado gativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequên-
Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma- cia de uma Carta Magna cujas nalidades não condigam
nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direitos com seus próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder
econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos sociais Público como determinador de que particulares respeitem
envolvem prestações positivas do Estado (diferente dos de os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, os
liberdade, que referem-se à postura de abstenção estatal), administradores, conseguem cumprir o que consta de seu
ou seja, políticas estatais que visem consolidar o princípio da Estatuto Máximo25.
igualdade não apenas formalmente, mas materialmente (tra- Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar
tando os desiguais de maneira desigual). a cláusula da reserva do possível como argumento para a
Por seu turno, embora no capítulo especí co do Título não implementação de determinado direito social – seja
II que aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa pela absoluta ausência de recursos (reserva do possível fá-
regulamentação destes, à exceção dos direitos trabalhistas, o
tica), seja pela ausência de previsão orçamentária nos ter-
Título VIII da Constituição Federal, que aborda a ordem social,
mos do artigo 167, CF (reserva do possível jurídica).
se concentra em trazer normativas mais detalhadas a respei-
O Ministro Celso de Mello a rmou em julgamento que
tos de direitos indicados como sociais.
os direitos sociais “não pode converter-se em promessa
constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Públi-
1 Igualdade material e efetivação dos direitos sociais
co, fraudando justas expectativas nele depositadas pela co-
Independentemente da categoria de direitos que esteja
letividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento
sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num sen-
tido meramente formal, mas necessariamente material. Signi- de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de
ca que discriminações indevidas são proibidas, mas existem in delidade governamental ao que determina a própria Lei
certas distinções que não só devem ser aceitas, como tam- Fundamental do Estado”26.
bém se mostram essenciais. Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do
No que tange aos direitos sociais percebe-se que a igual- possível, embora viável, não pode servir de muleta para
dade material assume grande relevância. A nal, esta categoria que o Estado não arque com obrigações básicas. Neste
de direitos pressupõe uma postura ativa do Estado em prol viés, geralmente, quando invocada a cláusula é afastada,
da efetivação. Nem todos podem arcar com suas despesas de entendendo o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se
saúde, educação, cultura, alimentação e moradia, assim como eximir de garantir direitos sociais com o simples argumen-
nem todos se encontram na posição de explorador da mão- to de que não há orçamento especí co para isso – ele de-
de-obra, sendo a grande maioria da população de explora- veria ter reservado parcela su ciente de suas nanças para
dos. Estas pessoas estão numa clara posição de desigualdade atender esta demanda.
e caberá ao Estado cuidar para que progressivamente atinjam 25 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mí-
uma posição de igualdade real, já que não é por conta desta nimo existencial: a pretensão de e cácia da norma constitucional em
posição desfavorável que se pode a rmar que são menos dig- face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57.
nos, menos titulares de direitos fundamentais. 26 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, que VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
tem por fulcro limitar a discricionariedade político-adminis- VII - garantia de padrão de qualidade.
trativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a serem VIII - piso salarial pro ssional nacional para os pro ssio-
seguidas, sob pena de caber a intervenção do Poder Judiciário nais da educação escolar pública, nos termos de lei federal.
em prol de sua efetivação. Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de traba-
lhadores considerados pro ssionais da educação básica e sobre
3 Princípio da proibição do retrocesso a xação de prazo para a elaboração ou adequação de seus
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que uma con- planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
quista garantida na Constituição Federal sofra um retrocesso, de Federal e dos Municípios.
modo que um direito social garantido não pode deixar de o ser.
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso deve Art. 207. As universidades gozam de autonomia didáti-
ser tomada com reservas, até mesmo porque segundo enten- co-cientí ca, administrativa e de gestão nanceira e patri-
dimento predominante as normas do artigo 7º, CF não são monial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre
cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alteração. Se for al-
ensino, pesquisa e extensão.
terada normativa sobre direito trabalhista assegurado no re-
§ 1º É facultado às universidades admitir professores, téc-
ferido dispositivo, não sendo o prejuízo evidente, entende-se
nicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei.
válida (por exemplo, houve alteração do prazo prescricional
diferenciado para os trabalhadores agrícolas). O que, em hi- § 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de
pótese alguma, pode ser aceito é um retrocesso evidente, seja pesquisa cientí ca e tecnológica.
excluindo uma categoria de direitos (ex.: abolir o Sistema Úni-
co de Saúde), seja diminuindo sensivelmente a abrangência da Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado
proteção (ex.: excluindo o ensino médio gratuito). mediante a garantia de:
Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso: se I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (qua-
uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito so- tro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua
cial, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador alterar oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na
a Constituição para retirar este avanço? Por um lado, a proi- idade própria;
bição do retrocesso merece ser tomada em conceito amplo, II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro lado, a deci- III - atendimento educacional especializado aos portado-
são judicial não tem por fulcro alterar a norma, o que somente res de de ciência, preferencialmente na rede regular de ensino;
é feito pelo legislador, e ele teria o direito de prever que aquela IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças
decisão judicial não está incorporada na proibição do retroces- até 5 (cinco) anos de idade;
so. A questão é polêmica e não há entendimento dominante. V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
Direito à educação (artigos 205 a 214) VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às con-
dições do educando;
CAPÍTULO III VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO educação básica, por meio de programas suplementares de ma-
terial didático escolar, transporte, alimentação e assistência à
Seção I saúde.
DA EDUCAÇÃO § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
público subjetivo.
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Po-
e da família, será promovida e incentivada com a colaboração
der Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade
da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua quali cação da autoridade competente.
para o trabalho. § 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos
no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas
na escola; as seguintes condições:
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;
o pensamento, a arte e o saber; II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e Público.
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos Art. 210. Serão xados conteúdos mínimos para o ensino
o ciais; fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum
V - valorização dos pro ssionais da educação escolar, e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui-
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos rá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino
das redes públicas; fundamental.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às es-
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas colas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitá-
também a utilização de suas línguas maternas e processos rias, confessionais ou lantrópicas, de nidas em lei, que:
próprios de aprendizagem. I - comprovem nalidade não-lucrativa e apliquem
seus excedentes nanceiros em educação;
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
cípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas escola comunitária, lantrópica ou confessional, ou ao Poder
de ensino. Público, no caso de encerramento de suas atividades.
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e § 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser
o dos Territórios, nanciará as instituições de ensino públi- destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamen-
cas federais e exercerá, em matéria educacional, função re- tal e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem
distributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de insu ciência de recursos, quando houver falta de vagas e
oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do cursos regulares da rede pública na localidade da residência
do educando, cando o Poder Público obrigado a investir
ensino mediante assistência técnica e nanceira aos Estados, ao
prioritariamente na expansão de sua rede na localidade.
Distrito Federal e aos Municípios;
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estí-
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino
mulo e fomento à inovação realizadas por universidades e/
fundamental e na educação infantil. ou por instituições de educação pro ssional e tecnológica
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritaria- poderão receber apoio nanceiro do Poder Público.
mente no ensino fundamental e médio.
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de edu-
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de nirão formas cação, de duração decenal, com o objetivo de articular o
de colaboração, de modo a assegurar a universalização do en- sistema nacional de educação em regime de colaboração
sino obrigatório. e de nir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de imple-
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente mentação para assegurar a manutenção e desenvolvimento
ao ensino regular. do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por
meio de ações integradas dos poderes públicos das diferen-
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos tes esferas federativas que conduzam a:
de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios I - erradicação do analfabetismo;
vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de II - universalização do atendimento escolar;
impostos, compreendida a proveniente de transferências, na III - melhoria da qualidade do ensino;
manutenção e desenvolvimento do ensino. IV - formação para o trabalho;
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida V - promoção humanística, cientí ca e tecnológica
pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou do País.
pelos Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos pú-
para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo blicos em educação como proporção do produto interno bruto.
que a transferir.
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no «caput» O artigo 6º da Constituição Federal menciona o direi-
deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino fede- to à educação como um de seus direitos sociais. A educa-
ral, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do ção proporciona o pleno desenvolvimento da pessoa, não
art. 213. apenas capacitando-a para o trabalho, mas também para
a vida social como um todo. Contudo, a educação tem um
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prio-
custo para o Estado, já que nem todos podem arcar com o
ridade ao atendimento das necessidades do ensino obriga-
custeio de ensino privado.
tório, no que se refere a universalização, garantia de padrão
No título VIII, que aborda a ordem social, delimita-se a
de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional de questão da obrigação do Estado com relação ao direito à
educação. educação, assim como menciona-se quais outros agentes
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e as- responsáveis pela efetivação deste direito.
sistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão nanciados Neste sentido, o artigo 205, CF, prevê: “A educação, di-
com recursos provenientes de contribuições sociais e outros re- reito de todos e dever do Estado e da família, será promovi-
cursos orçamentários. da e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicio- ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
nal de nanciamento a contribuição social do salário-e- exercício da cidadania e sua quali cação para o trabalho”.
ducação, recolhida pelas empresas na forma da lei. Resta claro que a educação não é um dever exclusivo
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da do Estado, mas da sociedade como um todo e, principal-
contribuição social do salário-educação serão distribuídas mente, da família. Depreende-se que educação vai além
proporcionalmente ao número de alunos matriculados na do mero aprendizado de conteúdos e envolve a educação
educação básica nas respectivas redes públicas de ensino. para a cidadania e o comportamento ético em sociedade
– a educação da qual o constituinte fala não é apenas a
formal, mas também a informal.

22
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Por seu turno, o artigo 206 da Constituição estabelece os Fica denotada ausência de comprometimento orçamentário
princípios que devem guiar o ensino: e infraestrutural estatal com um número su ciente de uni-
- “igualdade de condições para o acesso e permanência versidades/faculdades públicas aptas a recepcionar o maciço
na escola”, que signi ca a compreensão de que a educação contingente de alunos que saem da camada básica de ensino,
é um direito de todos e não apenas dos mais favorecidos, sendo, pois, clarividente exemplo de aplicação da reserva do
cabendo ao Estado investir para que os menos favorecidos possível dentro da Constituição. Ainda, é preciso observar que
ingressem e permaneçam na escola; se utiliza a expressão “segundo a capacidade de cada um”, de
- “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o forma que o critério para admissão em universidades/faculda-
pensamento, a arte e o saber”, de forma que o ensino tem des públicas é, somente, pelo preparo intelectual do cidadão,
um caráter ativo e passivo, indo além da compreensão de a ser testado em avaliações com tal to, como o vestibular e o
conteúdos dogmático se abrangendo também os processos exame nacional do ensino médio.
criativos; O ensino básico possui conteúdos mínimos, xados nos
- “pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e moldes do artigo 210, CF. A menção do ensino religioso como
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino”, de facultativo remete à laicidade do Estado, ao passo que a men-
modo que não se entende haver um único método de ensino, ção ao ensino de línguas de povos indígenas remete ao plura-
uma única maneira de aprender, permitindo a exploração das lismo político, fundamento da República Federativa.
atividades educacionais também por instituições privadas. A O artigo 211, CF trabalha com a organização e colabora-
respeito das instituições privadas, o artigo 209, CF prevê que ção dos sistemas de ensino entre os entes federativos.
“o ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes Por sua vez, os artigos 212 e 213 da Constituição traba-
condições: I - cumprimento das normas gerais da educação lham com aspectos orçamentários:
nacional; II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Encerrando a disciplina da educação, o artigo 214 traba-
Público”; lha com o plano nacional de educação, de duração decenal
- “gratuidade do ensino público em estabelecimentos o - (na atualidade, estamos no início da implementação do PNE
ciais”, sendo esta a principal vertente de implementação do cuja duração se estende até o ano de 202427), que tem metas
direito à educação pelo Estado; ali descritas.
- “valorização dos pro ssionais da educação escolar, ga-
rantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos
1.1 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
das redes públicas”, bem como “piso salarial pro ssional na-
cional para os pro ssionais da educação escolar pública, nos ADOLESCENTE - LEI Nº 8.069 DE 1990
termos de lei federal”, pois sem a valorização dos pro ssio-
nais responsáveis pelo ensino será inatingível o seu aperfei-
çoamento. Além disso, “a lei disporá sobre as categorias de LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
trabalhadores considerados pro ssionais da educação básica
e sobre a xação de prazo para a elaboração ou adequação Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e
de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, dá outras providências.
do Distrito Federal e dos Municípios” (artigo 206, parágrafo
único, CF); O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o
- “gestão democrática do ensino público, na forma da lei”, Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
remetendo ao direito de participação popular na tomada de
decisões políticas referentes às atividades de ensino; e - “ga- Título I
rantia de padrão de qualidade”, posto que sem qualidade de Das Disposições Preliminares
ensino é impossível atingir uma melhoria na quali cação pes-
soal e pro ssional dos nacionais. Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à crian-
O ensino universitário encontra respaldo no artigo 207 da ça e ao adolescente.
Constituição, tendo autonomia didático-cientí ca, adminis- Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a
trativa e de gestão nanceira e patrimonial, e sendo baseado pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
na tríade ensino-pesquisa-extensão, disciplina que se estende aquela entre doze e dezoito anos de idade.
a instituições de pesquisa cientí ca e tecnológica. Com vistas
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
ao aperfeiçoamento desta tríade, autoriza-se a contratação de
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e
pro ssionais estrangeiros.
vinte e um anos de idade.
Enquanto que os artigos 205 e 206 da Constituição pos-
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os
suem uma menor densidade normativa, colacionando princí-
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem
pios diretores e ideias basilares, o artigo 208 volta-se à regu-
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, asse-
lamentação do modo pelo qual o Estado efetivará o direito à
gurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as
educação.
Interessante notar, em primeira análise, que o Estado se oportunidades e facilidades, a m de lhes facultar o de-
exime da obrigatoriedade no fornecimento de educação su- senvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em
perior, no art. 208, V, quando assegura, apenas, o “acesso” aos condições de liberdade e de dignidade.
níveis mais elevados de ensino, pesquisa e criação artística. 27 http://pne.mec.gov.br/

23
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei apli- § 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado
cam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discrimina- assegurarão às mulheres e aos seus lhos recém-nascidos
ção de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, et- alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção
nia ou cor, religião ou crença, de ciência, condição pessoal primária, bem como o acesso a outros serviços e a gru-
de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, pos de apoio à amamentação. (Redação dada pela Lei nº
ambiente social, região e local de moradia ou outra condi- 13.257, de 2016)
ção que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade § 4o Incumbe ao poder público proporcionar assis-
em que vivem.(incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) tência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da socie- pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as
dade em geral e do poder público assegurar, com abso- consequências do estado puerperal. (Incluído pela Lei
luta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, nº 12.010, de 2009) Vigência
à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, § 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá
à pro ssionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à ser prestada também a gestantes e mães que manifestem
liberdade e à convivência familiar e comunitária. interesse em entregar seus lhos para adoção, bem como
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a gestantes e mães que se encontrem em situação de pri-
a) primazia de receber proteção e socorro em quais- vação de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
quer circunstâncias; 2016)
b) precedência de atendimento nos serviços públicos § 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um)
ou de relevância pública; acompanhante de sua preferência durante o período do
c) preferência na formulação e na execução das políti- pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imedia-
cas sociais públicas; to. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas § 7o A gestante deverá receber orientação sobre alei-
áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. tamento materno, alimentação complementar saudável e
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre
de qualquer forma de negligência, discriminação, explora- formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de es-
ção, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei timular o desenvolvimento integral da criança. (Incluído
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos pela Lei nº 13.257, de 2016)
fundamentais. § 8o A gestante tem direito a acompanhamento sau-
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta dável durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso,
os ns sociais a que ela se dirige, as exigências do bem estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras inter-
comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a venções cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela Lei
condição peculiar da criança e do adolescente como pes- nº 13.257, de 2016)
soas em desenvolvimento. § 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da
gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de
Título II pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às
Dos Direitos Fundamentais consultas pós-parto. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Capítulo I § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e
Do Direito à Vida e à Saúde à mulher com lho na primeira infância que se encontrem
sob custódia em unidade de privação de liberdade, am-
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção biência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do
à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais Sistema Único de Saúde para o acolhimento do lho, em
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento articulação com o sistema de ensino competente, visando
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. ao desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei
Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos nº 13.257, de 2016)
programas e às políticas de saúde da mulher e de plane- Art. 9º O poder público, as instituições e os empre-
jamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, gadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento
atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério materno, inclusive aos lhos de mães submetidas a medida
e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no privativa de liberdade.
âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação dada pela § 1o Os pro ssionais das unidades primárias de saúde
Lei nº 13.257, de 2016) desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas,
§ 1o O atendimento pré-natal será realizado por pro- visando ao planejamento, à implementação e à avaliação
ssionais da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento
13.257, de 2016) materno e à alimentação complementar saudável, de for-
§ 2o Os pro ssionais de saúde de referência da gestan- ma contínua. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
te garantirão sua vinculação, no último trimestre da ges- § 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva neo-
tação, ao estabelecimento em que será realizado o parto, natal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade
garantido o direito de opção da mulher. (Redação dada de coleta de leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de
pela Lei nº 13.257, de 2016) 2016)

24
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de § 2o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de
atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são entrada, os serviços de assistência social em seu compo-
obrigados a: nente especializado, o Centro de Referência Especializado
I - manter registro das atividades desenvolvidas, atra- de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Siste-
vés de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; ma de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente
II - identi car o recém-nascido mediante o registro de deverão conferir máxima prioridade ao atendimento das
sua impressão plantar e digital e da impressão digital da crianças na faixa etária da primeira infância com suspeita
mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela au- ou con rmação de violência de qualquer natureza, formu-
toridade administrativa competente; lando projeto terapêutico singular que inclua intervenção
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e tera- em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar. (In-
pêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nas- cluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
cido, bem como prestar orientação aos pais; Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá progra-
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem mas de assistência médica e odontológica para a preven-
necessariamente as intercorrências do parto e do desen- ção das enfermidades que ordinariamente afetam a popu-
volvimento do neonato; lação infantil, e campanhas de educação sanitária para pais,
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao educadores e alunos.
neonato a permanência junto à mãe. § 1o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cui- recomendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado
dado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por do parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016)
intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o prin- § 2o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à
cípio da equidade no acesso a ações e serviços para pro- saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma trans-
moção, proteção e recuperação da saúde. (Redação dada versal, integral e intersetorial com as demais linhas de cui-
pela Lei nº 13.257, de 2016) dado direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela Lei
§ 1o A criança e o adolescente com de ciência serão nº 13.257, de 2016)
§ 3o A atenção odontológica à criança terá função
atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas ne-
educativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de
cessidades gerais de saúde e especí cas de habilitação e
o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e,
reabilitação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de
§ 2o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamen-
vida, com orientações sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei
te, àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, pró-
nº 13.257, de 2016)
teses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamen-
§ 4o A criança com necessidade de cuidados odonto-
to, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes,
lógicos especiais será atendida pelo Sistema Único de Saú-
de acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas ne-
de. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
cessidades especí cas. (Redação dada pela Lei nº 13.257,
de 2016) Capítulo II
§ 3o Os pro ssionais que atuam no cuidado diário ou Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
frequente de crianças na primeira infância receberão for-
mação especí ca e permanente para a detecção de sinais Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberda-
de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para de, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em
o acompanhamento que se zer necessário. (Incluído pela processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos
Lei nº 13.257, de 2016) civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, leis.
inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
cuidados intermediários, deverão proporcionar condições aspectos:
para a permanência em tempo integral de um dos pais ou I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
responsável, nos casos de internação de criança ou adoles- comunitários, ressalvadas as restrições legais;
cente. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) II - opinião e expressão;
Art. 13. Os casos de suspeita ou con rmação de castigo III - crença e culto religioso;
físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tra- IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
tos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente V - participar da vida familiar e comunitária, sem dis-
comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, criminação;
sem prejuízo de outras providências legais. (Redação dada VI - participar da vida política, na forma da lei;
pela Lei nº 13.010, de 2014) VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
§ 1o As gestantes ou mães que manifestem interesse Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilida-
em entregar seus lhos para adoção serão obrigatoriamen- de da integridade física, psíquica e moral da criança e do
te encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infân- adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da
cia e da Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos
espaços e objetos pessoais.

25
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da crian- Capítulo III
ça e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tra- Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária
tamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou Seção I
constrangedor. Disposições Gerais
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de
ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado
tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em
disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, família substituta, assegurada a convivência familiar e co-
munitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento
pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis,
integral. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
pelos agentes públicos executores de medidas socioeduca-
§ 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido
tivas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles,
em programa de acolhimento familiar ou institucional terá
tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei nº sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses,
13.010, de 2014) devendo a autoridade judiciária competente, com base em
Parágrafo único. Para os ns desta Lei, considera- relatório elaborado por equipe interpro ssional ou multi-
se: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) disciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibi-
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou puni- lidade de reintegração familiar ou colocação em família
tiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art.
o adolescente que resulte em:(Incluído pela Lei nº 13.010, 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
de 2014) gência
a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, § 2o A permanência da criança e do adolescente em
de 2014) programa de acolhimento institucional não se prolongará
b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma que atenda ao seu superior interesse, devidamente funda-
cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescen- mentada pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº
te que: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) 12.010, de 2009) Vigência
a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) § 3o A manutenção ou a reintegração de criança ou
b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº adolescente à sua família terá preferência em relação a
qualquer outra providência, caso em que será esta incluída
13.010, de 2014)
em serviços e programas de proteção, apoio e promoção,
c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
nos termos do § 1o do art. 23, dos incisos I e IV do caput do
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta
os responsáveis, os agentes públicos executores de medi- Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
das socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de § 4o Será garantida a convivência da criança e do ado-
cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los lescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por
ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável
cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela enti-
educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem dade responsável, independentemente de autorização ju-
prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medi- dicial. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
das, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do Art. 20. Os lhos, havidos ou não da relação do casa-
caso: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) mento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e quali-
I - encaminhamento a programa o cial ou comunitário cações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
de proteção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de relativas à liação.
2014) Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psi- de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispu-
quiátrico; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) ser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito
III - encaminhamento a cursos ou programas de orien- de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciá-
ria competente para a solução da divergência. (Expres-
tação; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
são substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda
especializado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
e educação dos lhos menores, cabendo-lhes ainda, no in-
V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) teresse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo se- determinações judiciais.
rão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis,
providências legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compar-
tilhados no cuidado e na educação da criança, devendo
ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas
crenças e culturas, assegurados os direitos da criança esta-
belecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não § 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade,
constitui motivo su ciente para a perda ou a suspensão será necessário seu consentimento, colhido em audiên-
do poder familiar. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, cia. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência § 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o
§ 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize a grau de parentesco e a relação de a nidade ou de afeti-
decretação da medida, a criança ou o adolescente será man- vidade, a m de evitar ou minorar as consequências de-
tido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamen- correntes da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
te ser incluída em serviços e programas o ciais de proteção, 2009) Vigência
apoio e promoção. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
§ 2o A condenação criminal do pai ou da mãe não implica- tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a
rá a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de con- comprovada existência de risco de abuso ou outra situação
denação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o que justi que plenamente a excepcionalidade de solução
próprio lho ou lha. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompi-
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão
mento de nitivo dos vínculos fraternais. (Incluído pela Lei
decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos
nº 12.010, de 2009) Vigência
casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de
§ 5o A colocação da criança ou adolescente em famí-
descumprimento injusti cado dos deveres e obrigações a que
alude o art. 22. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de lia substituta será precedida de sua preparação gradativa e
2009)Vigência acompanhamento posterior, realizados pela equipe inter-
pro ssional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
Seção II preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis
Da Família Natural pela execução da política municipal de garantia do direito
à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade 2009) Vigência
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descenden- § 6o Em se tratando de criança ou adolescente indíge-
tes. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência na ou proveniente de comunidade remanescente de qui-
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou am- lombo, é ainda obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010,
pliada aquela que se estende para além da unidade pais e - de 2009) Vigência
lhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos I - que sejam consideradas e respeitadas sua identi-
com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vín- dade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem
culos de a nidade e afetividade. (Incluído pela Lei nº 12.010, como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis
de 2009) Vigência com os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e
Art. 26. Os lhos havidos fora do casamento poderão ser pela Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no pró- 2009) Vigência
prio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no
ou outro documento público, qualquer que seja a origem da seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma
liação. etnia; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nas- III - a intervenção e oitiva de representantes do ór-
cimento do lho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar des- gão federal responsável pela política indigenista, no caso
cendentes. de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos,
Art. 27. O reconhecimento do estado de liação é direi- perante a equipe interpro ssional ou multidisciplinar que
to personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser
irá acompanhar o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer res-
2009) Vigência
trição, observado o segredo de Justiça.
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta
a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade
Seção III
Da Família Substituta com a natureza da medida ou não ofereça ambiente fami-
Subseção I liar adequado.
Disposições Gerais Art. 30. A colocação em família substituta não admi-
tirá transferência da criança ou adolescente a terceiros ou
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á median- a entidades governamentais ou não-governamentais, sem
te guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação autorização judicial.
jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei. Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
§ 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será constitui medida excepcional, somente admissível na mo-
previamente ouvido por equipe interpro ssional, respeita- dalidade de adoção.
do seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável
sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devida- prestará compromisso de bem e elmente desempenhar o
mente considerada. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de encargo, mediante termo nos autos.
2009) Vigência

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

Subseção II Subseção III


Da Guarda Da Tutela

Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a
material, moral e educacional à criança ou adolescente, pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação
conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
inclusive aos pais. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, prévia decretação da perda ou suspensão do poder fami-
podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos pro- liar e implica necessariamente o dever de guarda. (Ex-
cedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por pressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
estrangeiros. Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos documento autêntico, conforme previsto no parágrafo úni-
casos de tutela e adoção, para atender a situações pecu- co do art. 1.729 da Lei no10.406, de 10 de janeiro de 2002
liares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, - Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a
podendo ser deferido o direito de representação para a abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao
prática de atos determinados. controle judicial do ato, observando o procedimento pre-
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a con- visto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação dada pela
dição de dependente, para todos os ns e efeitos de direi- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
to, inclusive previdenciários. Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão ob-
§ 4o Salvo expressa e fundamentada determinação em servados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na
a medida for aplicada em preparação para adoção, o de- disposição de última vontade, se restar comprovado que
ferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra
não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, as- pessoa em melhores condições de assumi-la. (Redação
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
sim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no
de regulamentação especí ca, a pedido do interessado ou
art. 24.
do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
Subseção IV
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assis-
Da Adoção
tência jurídica, incentivos scais e subsídios, o acolhimento,
sob a forma de guarda, de criança ou adolescente afastado
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-
do convívio familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, se-á segundo o disposto nesta Lei.
de 2009) Vigência § 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à
§ 1o A inclusão da criança ou adolescente em progra- qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recur-
mas de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhi- sos de manutenção da criança ou adolescente na família
mento institucional, observado, em qualquer caso, o cará- natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25
ter temporário e excepcional da medida, nos termos desta desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2o É vedada a adoção por procuração. (Incluído
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, de-
receber a criança ou adolescente mediante guarda, obser- zoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guar-
vado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. (Incluído pela da ou tutela dos adotantes.
Lei nº 12.010, de 2009) Art. 41. A adoção atribui a condição de lho ao adota-
§ 3o A União apoiará a implementação de serviços de do, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessó-
acolhimento em família acolhedora como política pública, rios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes,
os quais deverão dispor de equipe que organize o acolhi- salvo os impedimentos matrimoniais.
mento temporário de crianças e de adolescentes em re- § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o lho
sidências de famílias selecionadas, capacitadas e acompa- do outro, mantêm-se os vínculos de liação entre o adota-
nhadas que não estejam no cadastro de adoção. (Incluído do e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos
pela Lei nº 13.257, de 2016) parentes.
§ 4o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado,
distritais e municipais para a manutenção dos serviços de seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descen-
acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repas- dentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de
se de recursos para a própria família acolhedora. (Incluído vocação hereditária.
pela Lei nº 13.257, de 2016) Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tem- independentemente do estado civil. (Redação dada pela
po, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Minis- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tério Público. § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
adotando.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os ado- Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença
tantes sejam casados civilmente ou mantenham união está- judicial, que será inscrita no registro civil mediante manda-
vel, comprovada a estabilidade da família. (Redação dada do do qual não se fornecerá certidão.
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos como pais, bem como o nome de seus ascendentes.
mais velho do que o adotando. § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará
§ 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os o registro original do adotado.
ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto § 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá
que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde ser lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de
que o estágio de convivência tenha sido iniciado na cons- sua residência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
tância do período de convivência e que seja comprovada a 2009) Vigência
existência de vínculos de a nidade e afetividade com aquele § 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato po-
não detentor da guarda, que justi quem a excepcionalida- derá constar nas certidões do registro. (Redação dada
de da concessão. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência § 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do ado-
§ 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que de- tante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a
monstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada modi cação do prenome. (Redação dada pela Lei nº
a guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da 12.010, de 2009) Vigência
Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. (Reda- § 6o Caso a modi cação de prenome seja requerida
ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observa-
§ 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, do o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Reda-
após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.(In- § 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais prevista no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legíti- retroativa à data do óbito. (Incluído pela Lei nº 12.010,
mos. de 2009) Vigência
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e § 8o O processo relativo à adoção assim como outros a
saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se
pupilo ou o curatelado. seu armazenamento em micro lme ou por outros meios,
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais garantida a sua conservação para consulta a qualquer tem-
ou do representante legal do adotando. po. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à § 9º Terão prioridade de tramitação os processos de
criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou adoção em que o adotando for criança ou adolescente
tenham sido destituídos do poder familiar. (Expressão com de ciência ou com doença crônica. (Incluído pela
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei nº 12.955, de 2014)
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem
de idade, será também necessário o seu consentimento. biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convi- no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes,
vência com a criança ou adolescente, pelo prazo que a auto- após completar 18 (dezoito) anos. (Redação dada pela
ridade judiciária xar, observadas as peculiaridades do caso. Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado se Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção po-
o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do ado- derá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoi-
tante durante tempo su ciente para que seja possível avaliar to) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência
a conveniência da constituição do vínculo. (Redação dada jurídica e psicológica. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o po-
dispensa da realização do estágio de convivência. (Reda- der familiar dos pais naturais. (Expressão substituída pela
ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada co-
ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cum- marca ou foro regional, um registro de crianças e adoles-
prido no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) centes em condições de serem adotados e outro de pes-
dias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência soas interessadas na adoção. (Vide Lei nº 12.010, de
§ 4o O estágio de convivência será acompanhado pela 2009) Vigência
equipe interpro ssional a serviço da Justiça da Infância e da § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos res- consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Minis-
ponsáveis pela execução da política de garantia do direito tério Público.
à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não
acerca da conveniência do deferimento da medida. (In- satisfazer os requisitos legais, ou veri cada qualquer das
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência hipóteses previstas no art. 29.

29
LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 3o A inscrição de postulantes à adoção será prece- § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor
dida de um período de preparação psicossocial e jurídica, de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previa-
orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da mente nos termos desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos res- 12.010, de 2009) Vigência
ponsáveis pela execução da política municipal de garantia I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído
do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência II - for formulada por parente com o qual a criança ou
§ 4o Sempre que possível e recomendável, a prepa- adolescente mantenha vínculos de a nidade e afetivida-
ração referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com de; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou insti- III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guar-
tucional em condições de serem adotados, a ser realizado da legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente,
sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe técni- desde que o lapso de tempo de convivência comprove a
ca da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio dos xação de laços de a nidade e afetividade, e não seja cons-
técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e tatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações
pela execução da política municipal de garantia do direito previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluído pela Lei
à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de nº 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o
§ 5o Serão criados e implementados cadastros esta- candidato deverá comprovar, no curso do procedimento,
duais e nacional de crianças e adolescentes em condições que preenche os requisitos necessários à adoção, confor-
de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à me previsto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
§ 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na
residentes fora do País, que somente serão consultados na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domici-
inexistência de postulantes nacionais habilitados nos ca- liado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Con-
venção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção
dastros mencionados no § 5o deste artigo. (Incluído pela
das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Inter-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de
§ 7o As autoridades estaduais e federais em matéria de
janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21
adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-
de junho de 1999. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para
2009) Vigência
melhoria do sistema. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
§ 1o A adoção internacional de criança ou adolescen-
2009) Vigência
te brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar
§ 8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo quando restar comprovado: (Redação dada pela Lei nº
de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e 12.010, de 2009) Vigência
adolescentes em condições de serem adotados que não I - que a colocação em família substituta é a solução
tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das adequada ao caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010,
pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à de 2009) Vigência
adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no § II - que foram esgotadas todas as possibilidades de
5o deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído colocação da criança ou adolescente em família substituta
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência brasileira, após consulta aos cadastros mencionados no art.
§ 9o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela 50 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
manutenção e correta alimentação dos cadastros, com gência
posterior comunicação à Autoridade Central Federal Bra- III - que, em se tratando de adoção de adolescente,
sileira. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio
§ 10. A adoção internacional somente será deferida se, de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a
após consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados medida, mediante parecer elaborado por equipe interpro-
à adoção, mantido pela Justiça da Infância e da Juventude ssional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28
na comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
referidos no § 5o deste artigo, não for encontrado interes- § 2o Os brasileiros residentes no exterior terão prefe-
sado com residência permanente no Brasil. (Incluído pela rência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de criança ou adolescente brasileiro. (Redação dada pela
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interes- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
sado em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre § 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção
que possível e recomendável, será colocado sob guarda das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria
de família cadastrada em programa de acolhimento fami- de adoção internacional. (Redação dada pela Lei nº
liar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação crite- Art. 52. A adoção internacional observará o procedi-
riosa dos postulantes à adoção serão scalizadas pelo Mi- mento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as se-
nistério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- guintes adaptações: (Redação dada pela Lei nº 12.010,
gência de 2009) Vigência

30
LEGISLAÇÃO BÁSICA

I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar § 3o Somente será admissível o credenciamento de or-
criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido ganismos que: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
de habilitação à adoção perante a Autoridade Central em gência
matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim I - sejam oriundos de países que rati caram a Con-
entendido aquele onde está situada sua residência habi- venção de Haia e estejam devidamente credenciados pela
tual; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Autoridade Central do país onde estiverem sediados e no
II - se a Autoridade Central do país de acolhida con- país de acolhida do adotando para atuar em adoção in-
siderar que os solicitantes estão habilitados e aptos para ternacional no Brasil; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
adotar, emitirá um relatório que contenha informações so- 2009) Vigência
bre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos II - satis zerem as condições de integridade moral,
solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e competência pro ssional, experiência e responsabilidade
médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Cen-
aptidão para assumir uma adoção internacional; (Incluí- tral Federal Brasileira; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o III - forem quali cados por seus padrões éticos e sua
relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a formação e experiência para atuar na área de adoção inter-
Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluído pela Lei nacional; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nº 12.010, de 2009) Vigência IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamen-
IV - o relatório será instruído com toda a documen- to jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Au-
tação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado toridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº
por equipe interpro ssional habilitada e cópia autenticada 12.010, de 2009) Vigência
da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova § 4o Os organismos credenciados deverão ainda: (In-
de vigência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên- cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cia I - perseguir unicamente ns não lucrativos, nas condi-
V - os documentos em língua estrangeira serão devida- ções e dentro dos limites xados pelas autoridades compe-
mente autenticados pela autoridade consular, observados tentes do país onde estiverem sediados, do país de acolhi-
os tratados e convenções internacionais, e acompanhados da e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluído
da respectiva tradução, por tradutor público juramenta- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
do; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência II - ser dirigidos e administrados por pessoas quali ca-
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigên- das e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada
cias e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial formação ou experiência para atuar na área de adoção in-
do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de ternacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia Fe-
acolhida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência deral e aprovadas pela Autoridade Central Federal Brasilei-
VII - veri cada, após estudo realizado pela Autoridade ra, mediante publicação de portaria do órgão federal com-
Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangei- petente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ra com a nacional, além do preenchimento por parte dos III - estar submetidos à supervisão das autoridades
postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos competentes do país onde estiverem sediados e no país
necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe de acolhida, inclusive quanto à sua composição, funciona-
esta Lei como da legislação do país de acolhida, será expe- mento e situação nanceira; (Incluído pela Lei nº 12.010,
dido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá de 2009) Vigência
validade por, no máximo, 1 (um) ano; (Incluído pela Lei nº IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira,
12.010, de 2009) Vigência a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas,
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado bem como relatório de acompanhamento das adoções in-
será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o ternacionais efetuadas no período, cuja cópia será encami-
Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encon- nhada ao Departamento de Polícia Federal; (Incluído pela
tra a criança ou adolescente, conforme indicação efetua- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
da pela Autoridade Central Estadual. (Incluído pela Lei nº V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Au-
12.010, de 2009) Vigência toridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade
§ 1o Se a legislação do país de acolhida assim o au- Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois)
torizar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de
internacional sejam intermediados por organismos creden- cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a cidada-
ciados. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nia do país de acolhida para o adotado; (Incluído pela Lei
§ 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira nº 12.010, de 2009) Vigência
o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os
encarregados de intermediar pedidos de habilitação à ado- adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Bra-
ção internacional, com posterior comunicação às Autorida- sileira cópia da certidão de registro de nascimento estran-
des Centrais Estaduais e publicação nos órgãos o ciais de geira e do certi cado de nacionalidade tão logo lhes sejam
imprensa e em sítio próprio da internet. (Incluído pela Lei concedidos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
nº 12.010, de 2009) Vigência gência

31
LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 5o A não apresentação dos relatórios referidos no § Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e
4 deste artigo pelo organismo credenciado poderá acar-
o descredenciamento, o repasse de recursos provenientes
retar a suspensão de seu credenciamento. (Incluído pela de organismos estrangeiros encarregados de intermediar
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pedidos de adoção internacional a organismos nacionais
§ 6o O credenciamento de organismo nacional ou es- ou a pessoas físicas. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
trangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção 2009) Vigência
internacional terá validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Ado-
§ 7o A renovação do credenciamento poderá ser con- lescente e estarão sujeitos às deliberações do respectivo
cedida mediante requerimento protocolado na Autoridade Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente. (In-
Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ao término do respectivo prazo de validade. (Incluído Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior
em país rati cante da Convenção de Haia, cujo processo
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de adoção tenha sido processado em conformidade com a
§ 8o Antes de transitada em julgado a decisão que con-
legislação vigente no país de residência e atendido o dis-
cedeu a adoção internacional, não será permitida a saída
posto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção,
do adotando do território nacional. (Incluído pela Lei nº
será automaticamente recepcionada com o reingresso no
12.010, de 2009) Vigência Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade ju- § 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea
diciária determinará a expedição de alvará com autoriza- “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença
ção de viagem, bem como para obtenção de passaporte, ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. (In-
constando, obrigatoriamente, as características da criança cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais § 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em
sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a país não rati cante da Convenção de Haia, uma vez rein-
aposição da impressão digital do seu polegar direito, ins- gressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sen-
truindo o documento com cópia autenticada da decisão tença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. (In-
e certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente
qualquer momento, solicitar informações sobre a situação do país de origem da criança ou do adolescente será co-
das crianças e adolescentes adotados. (Incluído pela Lei nhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver proces-
nº 12.010, de 2009) Vigência sado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comu-
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos nicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará
credenciados, que sejam considerados abusivos pela Au- as providências necessárias à expedição do Certi cado de
toridade Central Federal Brasileira e que não estejam devi- Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
damente comprovados, é causa de seu descredenciamen- 2009) Vigência
to. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela
ser representados por mais de uma entidade credenciada decisão se restar demonstrado que a adoção é manifesta-
para atuar na cooperação em adoção internacional. (In- mente contrária à ordem pública ou não atende ao interes-
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência se superior da criança ou do adolescente. (Incluído pela
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domi-
§ 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção,
ciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano,
prevista no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá
podendo ser renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
imediatamente requerer o que for de direito para resguar-
2009) Vigência
dar os interesses da criança ou do adolescente, comunican-
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de do-se as providências à Autoridade Central Estadual, que
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira
dirigentes de programas de acolhimento institucional ou e à Autoridade Central do país de origem. (Incluído pela
familiar, assim como com crianças e adolescentes em con- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dições de serem adotados, sem a devida autorização judi- Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil
cial. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá no país de origem porque a sua legislação a delega ao país
limitar ou suspender a concessão de novos credenciamen- de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com deci-
tos sempre que julgar necessário, mediante ato adminis- são, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não
trativo fundamentado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção
2009) Vigência seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído pela Lei
nº 12.010, de 2009) Vigência

32
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Capítulo IV Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os va-


Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao lores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto
Lazer social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a
liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da
visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e
para o exercício da cidadania e quali cação para o trabalho, espaços para programações culturais, esportivas e de lazer
assegurando-se-lhes: voltadas para a infância e a juventude.
I - igualdade de condições para o acesso e permanência
na escola; Capítulo V
II - direito de ser respeitado por seus educadores; Do Direito à Pro ssionalização e à Proteção no
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo re- Trabalho
correr às instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de
estudantis; quatorze anos de idade, salvo na condição de apren-
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua diz. (Vide Constituição Federal)
residência. Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é re-
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter gulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto
ciência do processo pedagógico, bem como participar da de- nesta Lei.
nição das propostas educacionais. Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técni-
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao ado- co-pro ssional ministrada segundo as diretrizes e bases da
lescente: legislação de educação em vigor.
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive Art. 63. A formação técnico-pro ssional obedecerá aos
para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; seguintes princípios:
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuida- I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao en-
de ao ensino médio; sino regular;
III - atendimento educacional especializado aos porta- II - atividade compatível com o desenvolvimento do
dores de de ciência, preferencialmente na rede regular de adolescente;
ensino; III - horário especial para o exercício das atividades.
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
de zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº assegurada bolsa de aprendizagem.
13.306, de 2016) Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesqui- anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previden-
sa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; ciários.
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às con- Art. 66. Ao adolescente portador de de ciência é asse-
dições do adolescente trabalhador; gurado trabalho protegido.
VII - atendimento no ensino fundamental, através de Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regi-
programas suplementares de material didático-escolar, me familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido
transporte, alimentação e assistência à saúde. em entidade governamental ou não-governamental, é ve-
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito dado trabalho:
público subjetivo. I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo po- dia e as cinco horas do dia seguinte;
der público ou sua oferta irregular importa responsabilidade II - perigoso, insalubre ou penoso;
da autoridade competente. III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto IV - realizado em horários e locais que não permitam a
aos pais ou responsável, pela frequência à escola. frequência à escola.
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matri- Art. 68. O programa social que tenha por base o traba-
cular seus lhos ou pupilos na rede regular de ensino. lho educativo, sob responsabilidade de entidade governa-
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fun- mental ou não-governamental sem ns lucrativos, deverá
damental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: assegurar ao adolescente que dele participe condições de
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; capacitação para o exercício de atividade regular remune-
II - reiteração de faltas injusti cadas e de evasão escolar, rada.
esgotados os recursos escolares; § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade la-
III - elevados níveis de repetência. boral em que as exigências pedagógicas relativas ao de-
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiên- senvolvimento pessoal e social do educando prevalecem
cias e novas propostas relativas a calendário, seriação, currí- sobre o aspecto produtivo.
culo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo tra-
de crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental balho efetuado ou a participação na venda dos produtos
obrigatório. de seu trabalho não des gura o caráter educativo.

33
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 69. O adolescente tem direito à pro ssionalização e Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescen-
à proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, tes com de ciência terão prioridade de atendimento nas
entre outros: ações e políticas públicas de prevenção e proteção. (In-
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desen- cluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
volvimento; Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem
II - capacitação pro ssional adequada ao mercado de nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem
trabalho. contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a reco-
nhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos
Título III de maus-tratos praticados contra crianças e adolescen-
Da Prevenção tes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
Capítulo I Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela
Disposições Gerais comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarre-
gadas, por razão de cargo, função, ofício, ministério, pro-
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de amea- ssão ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de
ça ou violação dos direitos da criança e do adolescente. crianças e adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os injusti cado retardamento ou omissão, culposos ou dolo-
Municípios deverão atuar de forma articulada na elabora- sos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
ção de políticas públicas e na execução de ações destina- Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a infor-
das a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel mação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e
ou degradante e difundir formas não violentas de educa- produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar
ção de crianças e de adolescentes, tendo como principais de pessoa em desenvolvimento.
ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem
I - a promoção de campanhas educativas permanentes da prevenção especial outras decorrentes dos princípios
para a divulgação do direito da criança e do adolescente por ela adotados.
de serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção im-
ou de tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos
portará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica,
de proteção aos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº
nos termos desta Lei.
13.010, de 2014)
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do
Capítulo II
Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho
Da Prevenção Especial
Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do Ado-
Seção I
lescente e com as entidades não governamentais que atuam
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões
na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) e Espetáculos
III - a formação continuada e a capacitação dos pro s-
sionais de saúde, educação e assistência social e dos demais Art. 74. O poder público, através do órgão competente,
agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos di- regulará as diversões e espetáculos públicos, informando
reitos da criança e do adolescente para o desenvolvimento sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se re-
das competências necessárias à prevenção, à identi cação comendem, locais e horários em que sua apresentação se
de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de to- mostre inadequada.
das as formas de violência contra a criança e o adolescen- Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e es-
te; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) petáculos públicos deverão a xar, em lugar visível e de fácil
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pací- acesso, à entrada do local de exibição, informação destaca-
ca de con itos que envolvam violência contra a criança e o da sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especi -
adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) cada no certi cado de classi cação.
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às di-
a garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a versões e espetáculos públicos classi cados como adequa-
atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e respon- dos à sua faixa etária.
sáveis com o objetivo de promover a informação, a re exão, Parágrafo único. As crianças menores de dez anos so-
o debate e a orientação sobre alternativas ao uso de castigo mente poderão ingressar e permanecer nos locais de apre-
físico ou de tratamento cruel ou degradante no processo sentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou
educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) responsável.
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente
articulação de ações e a elaboração de planos de atuação exibirão, no horário recomendado para o público infanto
conjunta focados nas famílias em situação de violência, com juvenil, programas com nalidades educativas, artísticas,
participação de pro ssionais de saúde, de assistência social culturais e informativas.
e de educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado
dos direitos da criança e do adolescente. (Incluído pela ou anunciado sem aviso de sua classi cação, antes de sua
Lei nº 13.010, de 2014) transmissão, apresentação ou exibição.

34
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcio- 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai,
nários de empresas que explorem a venda ou aluguel de mãe ou responsável.
tas de programação em vídeo cuidarão para que não haja § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais
venda ou locação em desacordo com a classi cação atri- ou responsável, conceder autorização válida por dois anos.
buída pelo órgão competente. Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a auto-
Parágrafo único. As tas a que alude este artigo de- rização é dispensável, se a criança ou adolescente:
verão exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da I - estiver acompanhado de ambos os pais ou respon-
obra e a faixa etária a que se destinam. sável;
Art. 78. As revistas e publicações contendo material im- II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado ex-
próprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão pressamente pelo outro através de documento com rma
ser comercializadas em embalagem lacrada, com a adver- reconhecida.
tência de seu conteúdo. Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, ne-
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as ca- nhuma criança ou adolescente nascido em território na-
pas que contenham mensagens pornográ cas ou obscenas cional poderá sair do País em companhia de estrangeiro
sejam protegidas com embalagem opaca. residente ou domiciliado no exterior.
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público
infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotogra as, Parte Especial
legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, taba-
co, armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos Título I
e sociais da pessoa e da família. Da Política de Atendimento
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que ex- Capítulo I
plorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por Disposições Gerais
casas de jogos, assim entendidas as que realizem apostas,
ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja per- Art. 86. A política de atendimento dos direitos da crian-
mitida a entrada e a permanência de crianças e adolescen- ça e do adolescente far-se-á através de um conjunto articu-
tes no local, a xando aviso para orientação do público. lado de ações governamentais e não-governamentais, da
União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
Seção II Art. 87. São linhas de ação da política de atendimen-
Dos Produtos e Serviços to: (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - políticas sociais básicas;
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: II - serviços, programas, projetos e benefícios de assis-
tência social de garantia de proteção social e de prevenção
I - armas, munições e explosivos;
e redução de violações de direitos, seus agravamentos ou
II - bebidas alcoólicas;
reincidências; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
III - produtos cujos componentes possam causar de-
III - serviços especiais de prevenção e atendimento
pendência física ou psíquica ainda que por utilização in-
médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tra-
devida;
tos, exploração, abuso, crueldade e opressão;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles
IV - serviço de identi cação e localização de pais, res-
que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de pro-
ponsável, crianças e adolescentes desaparecidos;
vocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida; V - proteção jurídico-social por entidades de defesa
V - revistas e publicações a que alude o art. 78; dos direitos da criança e do adolescente.
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. VI - políticas e programas destinados a prevenir ou
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou ado- abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a
lescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento con- garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar
gênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou de crianças e adolescentes; (Incluído pela Lei nº 12.010,
responsável. de 2009) Vigência
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma
Seção III de guarda de crianças e adolescentes afastados do con-
Da Autorização para Viajar vívio familiar e à adoção, especi camente inter-racial, de
crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da especí cas de saúde ou com de ciências e de grupos de
comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou res- irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ponsável, sem expressa autorização judicial. Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
§ 1º A autorização não será exigida quando: I - municipalização do atendimento;
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacio-
criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na nal dos direitos da criança e do adolescente, órgãos de-
mesma região metropolitana; liberativos e controladores das ações em todos os níveis,
b) a criança estiver acompanhada: assegurada a participação popular paritária por meio de
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, organizações representativas, segundo leis federal, esta-
comprovado documentalmente o parentesco; duais e municipais;

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

III - criação e manutenção de programas especí cos, ob- § 1o As entidades governamentais e não governamen-
servada a descentralização político-administrativa; tais deverão proceder à inscrição de seus programas, es-
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e muni- peci cando os regimes de atendimento, na forma de nida
cipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Crian-
criança e do adolescente; ça e do Adolescente, o qual manterá registro das inscrições
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Mi- e de suas alterações, do que fará comunicação ao Conse-
nistério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência lho Tutelar e à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº
Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de 12.010, de 2009) Vigência
agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se atri- § 2o Os recursos destinados à implementação e ma-
bua autoria de ato infracional; nutenção dos programas relacionados neste artigo serão
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Mi- previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos
nistério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados encarregados das áreas de Educação, Saúde e Assistência
da execução das políticas sociais básicas e de assistência so-
Social, dentre outros, observando-se o princípio da priori-
cial, para efeito de agilização do atendimento de crianças e de
dade absoluta à criança e ao adolescente preconizado pelo
adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar
caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e
ou institucional, com vista na sua rápida reintegração à famí-
lia de origem ou, se tal solução se mostrar comprovadamente parágrafo único do art. 4odesta Lei. (Incluído pela Lei nº
inviável, sua colocação em família substituta, em quaisquer 12.010, de 2009) Vigência
das modalidades previstas no art. 28 desta Lei; (Redação dada § 3o Os programas em execução serão reavaliados pelo
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adoles-
VII - mobilização da opinião pública para a indispensável cente, no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se
participação dos diversos segmentos da sociedade. (Incluído critérios para renovação da autorização de funcionamen-
pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência to: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VIII - especialização e formação continuada dos pro ssionais I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei,
que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira infân- bem como às resoluções relativas à modalidade de aten-
cia, incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre dimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos
desenvolvimento infantil;(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) da Criança e do Adolescente, em todos os níveis; (Incluído
IX - formação pro ssional com abrangência dos diversos pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
direitos da criança e do adolescente que favoreça a interseto- II - a qualidade e e ciência do trabalho desenvolvido,
rialidade no atendimento da criança e do adolescente e seu atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e
desenvolvimento integral;(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) pela Justiça da Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº
X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvol- 12.010, de 2009) Vigência
vimento infantil e sobre prevenção da violência.(Incluído pela III - em se tratando de programas de acolhimento ins-
Lei nº 13.257, de 2016) titucional ou familiar, serão considerados os índices de su-
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos cesso na reintegração familiar ou de adaptação à família
conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do substituta, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010,
adolescente é considerada de interesse público relevante e de 2009)Vigência
não será remunerada. Art. 91. As entidades não-governamentais somente
poderão funcionar depois de registradas no Conselho Mu-
Capítulo II nicipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual
Das Entidades de Atendimento
comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade
Seção I
judiciária da respectiva localidade.
Disposições Gerais
§ 1o Será negado o registro à entidade que: (Incluído
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pela manutenção das próprias unidades, assim como pelo pla- a) não ofereça instalações físicas em condições adequa-
nejamento e execução de programas de proteção e socioedu- das de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
cativos destinados a crianças e adolescentes, em regime de: b) não apresente plano de trabalho compatível com os
I - orientação e apoio sócio familiar; princípios desta Lei;
II - apoio socioeducativo em meio aberto; c) esteja irregularmente constituída;
III - colocação familiar; d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº e) não se adequar ou deixar de cumprir as resolu-
12.010, de 2009) vigência ções e deliberações relativas à modalidade de atendimento
V - prestação de serviços à comunidade; (Redação dada prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) e do Adolescente, em todos os níveis. (Incluída pela Lei
VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº 12.594, nº 12.010, de 2009) Vigência
de 2012) (Vide) § 2o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos,
VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e
2012) (Vide) do Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de
VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de sua renovação, observado o disposto no § 1o deste artigo.
2012) (Vide) (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de § 7o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três)
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os se- anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial aten-
guintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de ção à atuação de educadores de referência estáveis e qua-
2009) Vigência litativamente signi cativos, às rotinas especí cas e ao aten-
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da dimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto
reintegração familiar;(Redação dada pela Lei nº 12.010, de como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
2009)Vigência Art. 93. As entidades que mantenham programa de
II - integração em família substituta, quando esgota- acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional
dos os recursos de manutenção na família natural ou ex- e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia
tensa; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência determinação da autoridade competente, fazendo comu-
III - atendimento personalizado e em pequenos gru- nicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz
pos; da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilida-
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co de. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
-educação; Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autorida-
V - não desmembramento de grupos de irmãos; de judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para com o apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas
outras entidades de crianças e adolescentes abrigados; necessárias para promover a imediata reintegração familiar
VII - participação na vida da comunidade local; da criança ou do adolescente ou, se por qualquer razão não
VIII - preparação gradativa para o desligamento; for isso possível ou recomendável, para seu encaminha-
IX - participação de pessoas da comunidade no pro- mento a programa de acolhimento familiar, institucional ou
cesso educativo. a família substituta, observado o disposto no § 2o do art.
§ 1o O dirigente de entidade que desenvolve progra- 101 desta Lei.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
ma de acolhimento institucional é equiparado ao guardião, Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
para todos os efeitos de direito. (Incluído pela Lei nº 12.010, internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
de 2009) Vigência I - observar os direitos e garantias de que são titulares
§ 2o Os dirigentes de entidades que desenvolvem pro- os adolescentes;
gramas de acolhimento familiar ou institucional remeterão II - não restringir nenhum direito que não tenha sido
à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, objeto de restrição na decisão de internação;
relatório circunstanciado acerca da situação de cada crian- III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas
ça ou adolescente acolhido e sua família, para ns da rea- unidades e grupos reduzidos;
valiação prevista no § 1o do art. 19 desta Lei.(Incluído pela IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de res-
Lei nº 12.010, de 2009)Vigência peito e dignidade ao adolescente;
§ 3o Os entes federados, por intermédio dos Poderes V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da
Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a per- preservação dos vínculos familiares;
manente quali cação dos pro ssionais que atuam direta VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente,
ou indiretamente em programas de acolhimento institucio- os casos em que se mostre inviável ou impossível o reata-
nal e destinados à colocação familiar de crianças e adoles- mento dos vínculos familiares;
centes, incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério VII - oferecer instalações físicas em condições adequa-
Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de das de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e
2009) Vigência os objetos necessários à higiene pessoal;
§ 4o Salvo determinação em contrário da autorida- VIII - oferecer vestuário e alimentação su cientes e
de judiciária competente, as entidades que desenvolvem adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos;
programas de acolhimento familiar ou institucional, se ne- IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odonto-
cessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos lógicos e farmacêuticos;
de assistência social, estimularão o contato da criança ou X - propiciar escolarização e pro ssionalização;
adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo. (Incluído XII - propiciar assistência religiosa àqueles que deseja-
pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência rem, de acordo com suas crenças;
§ 5o As entidades que desenvolvem programas de aco- XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
lhimento familiar ou institucional somente poderão rece- XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
ber recursos públicos se comprovado o atendimento dos máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à au-
princípios, exigências e nalidades desta Lei.(Incluído pela toridade competente;
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência XV - informar, periodicamente, o adolescente interna-
§ 6o O descumprimento das disposições desta Lei do sobre sua situação processual;
pelo dirigente de entidade que desenvolva programas de XVI - comunicar às autoridades competentes todos os
acolhimento familiar ou institucional é causa de sua desti- casos de adolescentes portadores de moléstias infecto-
tuição, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade contagiosas;
administrativa, civil e criminal. (Incluído pela Lei nº 12.010, XVII - fornecer comprovante de depósito dos perten-
de 2009) Vigência ces dos adolescentes;

37
LEGISLAÇÃO BÁSICA

XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompa- Título II


nhamento de egressos; Das Medidas de Proteção
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercí- Capítulo I
cio da cidadania àqueles que não os tiverem; Disposições Gerais
XX - manter arquivo de anotações onde constem data
e circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescen-
pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acom- te são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta
panhamento da sua formação, relação de seus pertences e Lei forem ameaçados ou violados:
demais dados que possibilitem sua identi cação e a indivi- I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
dualização do atendimento. II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
§ 1o Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes III - em razão de sua conduta.
deste artigo às entidades que mantêm programas de aco-
lhimento institucional e familiar. (Redação dada pela Lei nº Capítulo II
12.010, de 2009) Vigência Das Medidas Especí cas de Proteção
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este
artigo as entidades utilizarão preferencialmente os recursos Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser
da comunidade. aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituí-
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abri- das a qualquer tempo.
guem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta
caráter temporário, devem ter, em seus quadros, pro ssionais as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que vi-
capacitados a reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar sus- sem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
peitas ou ocorrências de maus-tratos. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. São também princípios que regem
13.046, de 2014) a aplicação das medidas:(Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
Seção II I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de
Da Fiscalização das Entidades direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos
previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição
Art. 95. As entidades governamentais e não-governa- Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
mentais referidas no art. 90 serão scalizadas pelo Judiciário, II - proteção integral e prioritária: a interpretação e apli-
pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares. cação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que
serão apresentados ao estado ou ao município, conforme a crianças e adolescentes são titulares; (Incluído pela Lei nº
origem das dotações orçamentárias. 12.010, de 2009) Vigência
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendi- III - responsabilidade primária e solidária do poder públi-
mento que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem co: a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a
prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo
ou prepostos: (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nos casos por esta expressamente ressalvados, é de respon-
I - às entidades governamentais: sabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de governo,
a) advertência; sem prejuízo da municipalização do atendimento e da possi-
b) afastamento provisório de seus dirigentes; bilidade da execução de programas por entidades não gover-
c) afastamento de nitivo de seus dirigentes; namentais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. IV - interesse superior da criança e do adolescente: a in-
II - às entidades não-governamentais: tervenção deve atender prioritariamente aos interesses e di-
a) advertência; reitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da conside-
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas; ração que for devida a outros interesses legítimos no âmbito
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto; (In-
d) cassação do registro. cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1o Em caso de reiteradas infrações cometidas por en- V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da
tidades de atendimento, que coloquem em risco os direitos criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela
assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Mi- intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada;(In-
nistério Público ou representado perante autoridade judiciária cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
competente para as providências cabíveis, inclusive suspen- VI - intervenção precoce: a intervenção das autorida-
são das atividades ou dissolução da entidade. (Redação dada des competentes deve ser efetuada logo que a situação
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de perigo seja conhecida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
§ 2o As pessoas jurídicas de direito público e as orga- 2009) Vigência
nizações não governamentais responderão pelos danos que VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exer-
seus agentes causarem às crianças e aos adolescentes, carac- cida exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja
terizado o descumprimento dos princípios norteadores das ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à
atividades de proteção especí ca. (Redação dada pela Lei nº proteção da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009)Vigência 12.010, de 2009) Vigência

38
LEGISLAÇÃO BÁSICA

VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção § 2o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais


deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e
que a criança ou o adolescente se encontram no momento das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afasta-
em que a decisão é tomada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de mento da criança ou adolescente do convívio familiar é de
2009) Vigência competência exclusiva da autoridade judiciária e importará
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser na de agração, a pedido do Ministério Público ou de quem
efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres tenha legítimo interesse, de procedimento judicial conten-
para com a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº cioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o
12.010, de 2009) Vigência exercício do contraditório e da ampla defesa.(Incluído pela
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
proteção da criança e do adolescente deve ser dada preva- § 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser
lência às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua encaminhados às instituições que executam programas
família natural ou extensa ou, se isto não for possível, que
de acolhimento institucional, governamentais ou não, por
promovam a sua integração em família substituta; (Incluído
meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autori-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o
outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento
e capacidade de compreensão, seus pais ou responsável I - sua identi cação e a quali cação completa de seus
devem ser informados dos seus direitos, dos motivos que pais ou de seu responsável, se conhecidos;(Incluído pela Lei
determinaram a intervenção e da forma como esta se pro- nº 12.010, de 2009) Vigência
cessa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência II - o endereço de residência dos pais ou do responsá-
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o ado- vel, com pontos de referência;(Incluído pela Lei nº 12.010,
lescente, em separado ou na companhia dos pais, de res- de 2009) Vigência
ponsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados
pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar em tê-los sob sua guarda;(Incluído pela Lei nº 12.010, de
nos atos e na de nição da medida de promoção dos direi- 2009) Vigência
tos e de proteção, sendo sua opinião devidamente consi- IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao
derada pela autoridade judiciária competente, observado o convívio familiar.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.(Incluído pela Lei gência
nº 12.010, de 2009) Vigência § 4o Imediatamente após o acolhimento da criança ou
Art. 101. Veri cada qualquer das hipóteses previstas no do adolescente, a entidade responsável pelo programa de
art. 98, a autoridade competente poderá determinar, den- acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano
tre outras, as seguintes medidas: individual de atendimento, visando à reintegração familiar,
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada
termo de responsabilidade; em contrário de autoridade judiciária competente, caso em
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; que também deverá contemplar sua colocação em família
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabeleci- substituta, observadas as regras e princípios desta Lei.(In-
mento o cial de ensino fundamental; cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
IV - inclusão em serviços e programas o ciais ou co- § 5o O plano individual será elaborado sob a respon-
munitários de proteção, apoio e promoção da família, sabilidade da equipe técnica do respectivo programa de
da criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº atendimento e levará em consideração a opinião da criança
13.257, de 2016)
ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável.
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
§ 6o Constarão do plano individual, dentre ou-
VI - inclusão em programa o cial ou comunitário de
tros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicôma-
nos; I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (In-
VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nº 12.010, de 2009) Vigência II - os compromissos assumidos pelos pais ou respon-
VIII - inclusão em programa de acolhimento fami- sável; e (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
liar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas
IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei com a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais
nº 12.010, de 2009) Vigência ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso
§ 1o O acolhimento institucional e o acolhimento fa- seja esta vedada por expressa e fundamentada determi-
miliar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis nação judicial, as providências a serem tomadas para sua
como forma de transição para reintegração familiar ou, não colocação em família substituta, sob direta supervisão
sendo esta possível, para colocação em família substituta, da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
não implicando privação de liberdade. (Incluído pela Lei nº 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência

39
LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 7o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá § 3o Caso ainda não de nida a paternidade, será de a-
no local mais próximo à residência dos pais ou do respon- grado procedimento especí co destinado à sua averigua-
sável e, como parte do processo de reintegração familiar, ção, conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro
sempre que identi cada a necessidade, a família de origem de 1992. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
será incluída em programas o ciais de orientação, de apoio § 4o Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é
e de promoção social, sendo facilitado e estimulado o con- dispensável o ajuizamento de ação de investigação de pa-
tato com a criança ou com o adolescente acolhido.(Incluído ternidade pelo Ministério Público se, após o não compa-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência recimento ou a recusa do suposto pai em assumir a pa-
§ 8o Veri cada a possibilidade de reintegração familiar, ternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para
o responsável pelo programa de acolhimento familiar ou adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
institucional fará imediata comunicação à autoridade judi- § 5o Os registros e certidões necessários à inclusão, a
ciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimen-
(cinco) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº to são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando
12.010, de 2009) Vigência de absoluta prioridade. (Incluído dada pela Lei nº 13.257,
§ 9o Em sendo constatada a impossibilidade de re- de 2016)
integração da criança ou do adolescente à família de ori- § 6o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação re-
gem, após seu encaminhamento a programas o ciais ou querida do reconhecimento de paternidade no assento de
comunitários de orientação, apoio e promoção social, será nascimento e a certidão correspondente. (Incluído dada
enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no pela Lei nº 13.257, de 2016)
qual conste a descrição pormenorizada das providências
tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técni- Título III
cos da entidade ou responsáveis pela execução da política Da Prática de Ato Infracional
municipal de garantia do direito à convivência familiar, para Capítulo I
a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou Disposições Gerais
guarda.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descri-
o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de ta como crime ou contravenção penal.
destituição do poder familiar, salvo se entender necessária Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de
a realização de estudos complementares ou outras provi- dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
dências que entender indispensáveis ao ajuizamento da Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser con-
demanda.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência siderada a idade do adolescente à data do fato.
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comar-
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança cor-
ca ou foro regional, um cadastro contendo informações
responderão as medidas previstas no art. 101.
atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de
acolhimento familiar e institucional sob sua responsabilida-
Capítulo II
de, com informações pormenorizadas sobre a situação jurí-
Dos Direitos Individuais
dica de cada um, bem como as providências tomadas para
sua reintegração familiar ou colocação em família substitu-
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua li-
ta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28 desta
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência berdade senão em agrante de ato infracional ou por or-
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o dem escrita e fundamentada da autoridade judiciária com-
Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os petente.
Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adoles- Parágrafo único. O adolescente tem direito à identi -
cente e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar cação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser
sobre a implementação de políticas públicas que permitam informado acerca de seus direitos.
reduzir o número de crianças e adolescentes afastados do Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o lo-
convívio familiar e abreviar o período de permanência em cal onde se encontra recolhido serão incontinenti comu-
programa de acolhimento. (Incluído pela Lei nº 12.010, nicados à autoridade judiciária competente e à família do
de 2009) Vigência apreendido ou à pessoa por ele indicada.
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena
Capítulo serão acompanhadas da regularização do regis- de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
tro civil. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser de-
§ 1º Veri cada a inexistência de registro anterior, o as- terminada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
sento de nascimento da criança ou adolescente será feito Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e
à vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da basear-se em indícios su cientes de autoria e materialida-
autoridade judiciária. de, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.
§ 2º Os registros e certidões necessários à regulariza- Art. 109. O adolescente civilmente identi cado não
ção de que trata este artigo são isentos de multas, custas e será submetido a identi cação compulsória pelos órgãos
emolumentos, gozando de absoluta prioridade. policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de con-
frontação, havendo dúvida fundada.

40
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Capítulo III Seção III


Das Garantias Processuais Da Obrigação de Reparar o Dano

Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua li- Art. 116. Em se tratando de ato infracional com re exos
berdade sem o devido processo legal. patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso,
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento
as seguintes garantias: do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a
infracional, mediante citação ou meio equivalente; medida poderá ser substituída por outra adequada.
II - igualdade na relação processual, podendo confron-
tar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as pro- Seção IV
vas necessárias à sua defesa; Da Prestação de Serviços à Comunidade
III - defesa técnica por advogado;
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos neces-
realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período
sitados, na forma da lei;
não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais,
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem
competente; como em programas comunitários ou governamentais.
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou res- Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as
ponsável em qualquer fase do procedimento. aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jor-
nada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos
Capítulo IV e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a fre-
Das Medidas Sócio-Educativas quência à escola ou à jornada normal de trabalho.
Seção I
Disposições Gerais Seção V
Da Liberdade Assistida
Art. 112. Veri cada a prática de ato infracional, a au-
toridade competente poderá aplicar ao adolescente as se- Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que
guintes medidas: se a gurar a medida mais adequada para o m de acompa-
I - advertência; nhar, auxiliar e orientar o adolescente.
II - obrigação de reparar o dano; § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
III - prestação de serviços à comunidade; acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por en-
IV - liberdade assistida; tidade ou programa de atendimento.
V - inserção em regime de semi-liberdade; § 2º A liberdade assistida será xada pelo prazo mínimo
VI - internação em estabelecimento educacional; de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, re-
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. vogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador,
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta o Ministério Público e o defensor.
a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravi- Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a super-
dade da infração. visão da autoridade competente, a realização dos seguintes
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será encargos, entre outros:
I - promover socialmente o adolescente e sua família,
admitida a prestação de trabalho forçado.
fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou de -
programa o cial ou comunitário de auxílio e assistência social;
ciência mental receberão tratamento individual e especiali-
II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar
zado, em local adequado às suas condições. do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. III - diligenciar no sentido da pro ssionalização do ado-
99 e 100. lescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos IV - apresentar relatório do caso.
II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas su cien-
tes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a Seção VI
hipótese de remissão, nos termos do art. 127. Do Regime de Semi-liberdade
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada
sempre que houver prova da materialidade e indícios su- Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determi-
cientes da autoria. nado desde o início, ou como forma de transição para o meio
aberto, possibilitada a realização de atividades externas, inde-
Seção II pendentemente de autorização judicial.
Da Advertência § 1º São obrigatórias a escolarização e a pro ssionaliza-
ção, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação ver- existentes na comunidade.
bal, que será reduzida a termo e assinada. § 2º A medida não comporta prazo determinado aplican-
do-se, no que couber, as disposições relativas à internação.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

Seção VII VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;


Da Internação IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio
pessoal;
Art. 121. A internação constitui medida privativa da li- X - habitar alojamento em condições adequadas de hi-
berdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionali- giene e salubridade;
dade e respeito à condição peculiar de pessoa em desen- XI - receber escolarização e pro ssionalização;
volvimento. XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa de- XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença,
terminação judicial em contrário. e desde que assim o deseje;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, de- XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor
vendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante da-
fundamentada, no máximo a cada seis meses. queles porventura depositados em poder da entidade;
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de inter- XVI - receber, quando de sua desinternação, os documen-
nação excederá a três anos. tos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo ante- § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
rior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regi- § 2º A autoridade judiciária poderá suspender tempora-
me de semi-liberdade ou de liberdade assistida. riamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interes-
de idade. ses do adolescente.
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será prece- Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e
dida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público. mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequa-
§ 7o A determinação judicial mencionada no § 1o po- das de contenção e segurança.
derá ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciá-
ria. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Capítulo V
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplica- Da Remissão
da quando:
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para
ameaça ou violência a pessoa; apuração de ato infracional, o representante do Ministério Pú-
II - por reiteração no cometimento de outras infrações blico poderá conceder a remissão, como forma de exclusão
graves; do processo, atendendo às circunstâncias e consequências do
fato, ao contexto social, bem como à personalidade do ado-
III - por descumprimento reiterado e injusti cável da
lescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.
medida anteriormente imposta.
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III
remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão
deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses,
ou extinção do processo.
devendo ser decretada judicialmente após o devido pro-
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o re-
cesso legal. (Redação dada pela Lei nº 12.594, de
conhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem
2012) (Vide)
prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir even-
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, tualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em
havendo outra medida adequada. lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a in-
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entida- ternação.
de exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá
destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por cri- ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido
térios de idade, compleição física e gravidade da infração. expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclu- Ministério Público.
sive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liber- Título IV
dade, entre outros, os seguintes: Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do
Ministério Público; Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; I - encaminhamento a serviços e programas o ciais ou co-
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; munitários de proteção, apoio e promoção da família; (Re-
IV - ser informado de sua situação processual, sempre dação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
que solicitada; II - inclusão em programa o cial ou comunitário de auxí-
V - ser tratado com respeito e dignidade; lio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psi-
naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou res- quiátrico;
ponsável; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orien-
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; tação;

42
LEGISLAÇÃO BÁSICA

V - obrigação de matricular o lho ou pupilo e acom- Parágrafo único. Constará da lei orçamentária muni-
panhar sua frequência e aproveitamento escolar; cipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos neces-
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente sários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à remu-
a tratamento especializado; neração e formação continuada dos conselheiros tutela-
VII - advertência; res. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
VIII - perda da guarda; Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro cons-
IX - destituição da tutela; tituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de
X - suspensão ou destituição do poder familiar. (Ex- idoneidade moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
pressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas Capítulo II
nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto Das Atribuições do Conselho
nos arts. 23 e 24.
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
Art. 130. Veri cada a hipótese de maus-tratos, opres-
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses
são ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável,
previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas
a autoridade judiciária poderá determinar, como medida
no art. 101, I a VII;
cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, apli-
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a cando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
xação provisória dos alimentos de que necessitem a crian- III - promover a execução de suas decisões, podendo
ça ou o adolescente dependentes do agressor. (Incluído para tanto:
pela Lei nº 12.415, de 2011) a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, edu-
cação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
Título V b) representar junto à autoridade judiciária nos casos
Do Conselho Tutelar de descumprimento injusti cado de suas deliberações.
Capítulo I IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato
Disposições Gerais que constitua infração administrativa ou penal contra os
direitos da criança ou adolescente;
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e au- V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
tônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de competência;
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do ado- VI - providenciar a medida estabelecida pela autorida-
lescente, de nidos nesta Lei. de judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Ad- o adolescente autor de ato infracional;
ministrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) VII - expedir noti cações;
Conselho Tutelar como órgão integrante da administração VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de
pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos criança ou adolescente quando necessário;
pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, per- IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração
mitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de es- da proposta orçamentária para planos e programas de
colha. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho X - representar, em nome da pessoa e da família, contra
Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II,
da Constituição Federal;
I - reconhecida idoneidade moral;
XI - representar ao Ministério Público para efeito das
II - idade superior a vinte e um anos;
ações de perda ou suspensão do poder familiar, após es-
III - residir no município.
gotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o lo-
adolescente junto à família natural. (Redação dada pela
cal, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros, XII - promover e incentivar, na comunidade e nos gru-
aos quais é assegurado o direito a: (Redação dada pela pos pro ssionais, ações de divulgação e treinamento para
Lei nº 12.696, de 2012) o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças
I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
12.696, de 2012) Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições,
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do
1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluí- convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Minis-
do pela Lei nº 12.696, de 2012) tério Público, prestando-lhe informações sobre os moti-
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, vos de tal entendimento e as providências tomadas para a
de 2012) orientação, o apoio e a promoção social da família. (In-
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de 2012) Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente po-
V - grati cação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, derão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de
de 2012) quem tenha legítimo interesse.

43
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Capítulo III Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador


Da Competência especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses
destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de com- quando carecer de representação ou assistência legal ainda
petência constante do art. 147. que eventual.
Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, poli-
Capítulo IV ciais e administrativos que digam respeito a crianças e ado-
Da Escolha dos Conselheiros lescentes a que se atribua autoria de ato infracional.
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do não poderá identi car a criança ou adolescente, vedando-
Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e rea- se fotogra a, referência a nome, apelido, liação, paren-
lizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos tesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobreno-
Direitos da Criança e do Adolescente, e a scalização do me. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a
12.10.1991) que se refere o artigo anterior somente será deferida pela
§ 1o O processo de escolha dos membros do Conse- autoridade judiciária competente, se demonstrado o inte-
lho Tutelar ocorrerá em data uni cada em todo o território resse e justi cada a nalidade.
nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do
mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presi- Capítulo II
dencial. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Da Justiça da Infância e da Juventude
§ 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia Seção I
10 de janeiro do ano subsequente ao processo de esco- Disposições Gerais
lha. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
§ 3o No processo de escolha dos membros do Conse- Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar
lho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer
varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude,
ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qual-
cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionali-
quer natureza, inclusive brindes de pequeno valor. (Incluído
dade por número de habitantes, dotá-las de infra-estrutura
pela Lei nº 12.696, de 2012)
e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.
Capítulo V
Seção II
Dos Impedimentos
Do Juiz
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conse-
lho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz
genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa fun-
sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. ção, na forma da lei de organização judiciária local.
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do con- Art. 147. A competência será determinada:
selheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
judiciária e ao representante do Ministério Público com II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescen-
atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício te, à falta dos pais ou responsável.
na comarca, foro regional ou distrital. § 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a
autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as
Título VI regras de conexão, continência e prevenção.
Do Acesso à Justiça § 2º A execução das medidas poderá ser delegada à
Capítulo I autoridade competente da residência dos pais ou respon-
Disposições Gerais sável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a
criança ou adolescente.
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou ado- § 3º Em caso de infração cometida através de trans-
lescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao missão simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais
Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos. de uma comarca, será competente, para aplicação da pe-
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos nalidade, a autoridade judiciária do local da sede estadual
que dela necessitarem, através de defensor público ou ad- da emissora ou rede, tendo a sentença e cácia para todas
vogado nomeado. as transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado.
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é com-
Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumen- petente para:
tos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé. I - conhecer de representações promovidas pelo Minis-
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão repre- tério Público, para apuração de ato infracional atribuído a
sentados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou
forma da legislação civil ou processual. extinção do processo;

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes; Seção III


IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses Dos Serviços Auxiliares
individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao ado-
lescente, observado o disposto no art. 209; Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades sua proposta orçamentária, prever recursos para manuten-
em entidades de atendimento, aplicando as medidas ca- ção de equipe interpro ssional, destinada a assessorar a
bíveis; Justiça da Infância e da Juventude.
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de Art. 151. Compete à equipe interpro ssional dentre ou-
infrações contra norma de proteção à criança ou ado- tras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação
lescente; local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver tra-
Tutelar, aplicando as medidas cabíveis. balhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento,
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou ado- prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à
lescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do
Justiça da Infância e da Juventude para o m de: ponto de vista técnico.
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, Capítulo III
perda ou modi cação da tutela ou guarda; (Expressão Dos Procedimentos
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Seção I
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o ca- Disposições Gerais
samento;
d) conhecer de pedidos baseados em discordância Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei apli-
paterna ou materna, em relação ao exercício do poder cam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na le-
familiar; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de gislação processual pertinente.
2009) Vigência Parágrafo único. É assegurada, sob pena de responsa-
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, bilidade, prioridade absoluta na tramitação dos processos
quando faltarem os pais; e procedimentos previstos nesta Lei, assim como na execu-
f) designar curador especial em casos de apresentação ção dos atos e diligências judiciais a eles referentes. (In-
de queixa ou representação, ou de outros procedimentos cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não cor-
ou adolescente; responder a procedimento previsto nesta ou em outra lei,
g) conhecer de ações de alimentos; a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar
h) determinar o cancelamento, a reti cação e o supri- de ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério
mento dos registros de nascimento e óbito. Público.
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
através de portaria, ou autorizar, mediante alvará: para o m de afastamento da criança ou do adolescente de
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, sua família de origem e em outros procedimentos necessa-
desacompanhado dos pais ou responsável, em: riamente contenciosos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
a) estádio, ginásio e campo desportivo; 2009) Vigência
b) bailes ou promoções dançantes; Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
c) boate ou congêneres;
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; Seção II
e) estúdios cinematográ cos, de teatro, rádio e televisão. Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar
II - a participação de criança e adolescente em: (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
a) espetáculos públicos e seus ensaios; gência
b) certames de beleza.
§ 1º Para os ns do disposto neste artigo, a autoridade Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão
judiciária levará em conta, dentre outros fatores: do poder familiar terá início por provocação do Ministério
a) os princípios desta Lei; Público ou de quem tenha legítimo interesse. (Expres-
b) as peculiaridades locais; são substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
c) a existência de instalações adequadas; Art. 156. A petição inicial indicará:
d) o tipo de frequência habitual ao local; I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
e) a adequação do ambiente a eventual participação II - o nome, o estado civil, a pro ssão e a residência
ou frequência de crianças e adolescentes; do requerente e do requerido, dispensada a quali cação
f) a natureza do espetáculo. em se tratando de pedido formulado por representante do
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste ar- Ministério Público;
tigo deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as III - a exposição sumária do fato e o pedido;
determinações de caráter geral. IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde
logo, o rol de testemunhas e documentos.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade § 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade,
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspen- a autoridade judicial requisitará sua apresentação para a oi-
são do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o tiva. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
julgamento de nitivo da causa, cando a criança ou ado- Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária
lescente con ado a pessoa idônea, mediante termo de res- dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias,
ponsabilidade. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, salvo quando este for o requerente, designando, desde logo,
de 2009) Vigência audiência de instrução e julgamento.
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez § 1º A requerimento de qualquer das partes, do Minis-
dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem tério Público, ou de ofício, a autoridade judiciária poderá
produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas determinar a realização de estudo social ou, se possível, de
e documentos. perícia por equipe interpro ssional.
§ 1o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos § 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério Pú-
os meios para sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962, blico, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmen-
de 2014) te o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito,
§ 2o O requerido privado de liberdade deverá ser citado manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido
pessoalmente. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) e o Ministério Público, pelo tempo de vinte minutos cada
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de um, prorrogável por mais dez. A decisão será proferida na
constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e audiência, podendo a autoridade judiciária, excepcional-
de sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja mente, designar data para sua leitura no prazo máximo de
nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de res- cinco dias.
posta, contando-se o prazo a partir da intimação do des- Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedi-
pacho de nomeação. mento será de 120 (cento e vinte) dias. (Redação dada
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
liberdade, o o cial de justiça deverá perguntar, no momen- Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou
a suspensão do poder familiar será averbada à margem do
to da citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado de-
registro de nascimento da criança ou do adolescente. (In-
fensor. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária re-
quisitará de qualquer repartição ou órgão público a apre-
Seção III
sentação de documento que interesse à causa, de ofício ou
Da Destituição da Tutela
a requerimento das partes ou do Ministério Público.
Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autoridade
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o proce-
judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por dimento para a remoção de tutor previsto na lei processual
cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo civil e, no que couber, o disposto na seção anterior.
em igual prazo.
§ 1o A autoridade judiciária, de ofício ou a requeri- Seção IV
mento das partes ou do Ministério Público, determinará a Da Colocação em Família Substituta
realização de estudo social ou perícia por equipe interpro-
ssional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de teste- Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de
munhas que comprovem a presença de uma das causas de colocação em família substituta:
suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos I - quali cação completa do requerente e de seu even-
arts. 1.637 e 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de tual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste;
2002 - Código Civil, ou no art. 24 desta Lei. (Redação dada II - indicação de eventual parentesco do requerente e de
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente,
§ 2o Em sendo os pais oriundos de comunidades in- especi cando se tem ou não parente vivo;
dígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe III - quali cação completa da criança ou adolescente e
pro ssional ou multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, de seus pais, se conhecidos;
de representantes do órgão federal responsável pela políti- IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento,
ca indigenista, observado o disposto no § 6o do art. 28 des- anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão;
ta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou
gência rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.
§ 3o Se o pedido importar em modi cação de guarda, Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-
será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da se-ão também os requisitos especí cos.
criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desen- Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido desti-
volvimento e grau de compreensão sobre as implicações tuídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem aderido
da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- expressamente ao pedido de colocação em família substi-
gência tuta, este poderá ser formulado diretamente em cartório,
§ 4o É obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses em petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada
forem identi cados e estiverem em local conhecido. (In- a assistência de advogado. (Redação dada pela Lei nº
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 1o Na hipótese de concordância dos pais, esses se- Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescen-
rão ouvidos pela autoridade judiciária e pelo representante te sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhi-
do Ministério Público, tomando-se por termo as declara- mento familiar será comunicada pela autoridade judiciária à
ções. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência entidade por este responsável no prazo máximo de 5 (cinco)
§ 2o O consentimento dos titulares do poder familiar dias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
será precedido de orientações e esclarecimentos prestados
pela equipe interpro ssional da Justiça da Infância e da Ju- Seção V
ventude, em especial, no caso de adoção, sobre a irrevo- Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adoles-
gabilidade da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de cente
2009) Vigência
§ 3o O consentimento dos titulares do poder familiar Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem
será colhido pela autoridade judiciária competente em au- judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.
diência, presente o Ministério Público, garantida a livre ma- Art. 172. O adolescente apreendido em agrante de ato
nifestação de vontade e esgotados os esforços para manu- infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade poli-
tenção da criança ou do adolescente na família natural ou cial competente.
extensa. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. Havendo repartição policial especializa-
§ 4o O consentimento prestado por escrito não terá da para atendimento de adolescente e em se tratando de ato
validade se não for rati cado na audiência a que se refe- infracional praticado em co-autoria com maior, prevalecerá a
re o § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de atribuição da repartição especializada, que, após as providên-
2009) Vigência cias necessárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à
§ 5o O consentimento é retratável até a data da publi- repartição policial própria.
cação da sentença constitutiva da adoção. (Incluído pela Art. 173. Em caso de agrante de ato infracional cometido
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade
§ 6o O consentimento somente terá valor se for dado policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo úni-
co, e 107, deverá:
após o nascimento da criança. (Incluído pela Lei nº
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o
12.010, de 2009) Vigência
adolescente;
§ 7o A família substituta receberá a devida orientação
II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
por intermédio de equipe técnica interpro ssional a serviço
III - requisitar os exames ou perícias necessários à com-
do Poder Judiciário, preferencialmente com apoio dos téc-
provação da materialidade e autoria da infração.
nicos responsáveis pela execução da política municipal de
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de agrante, a la-
garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela
vratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocor-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência rência circunstanciada.
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a reque- Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsá-
rimento das partes ou do Ministério Público, determinará vel, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade
a realização de estudo social ou, se possível, perícia por policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de
equipe interpro ssional, decidindo sobre a concessão de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no
guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil ime-
estágio de convivência. diato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda pro- repercussão social, deva o adolescente permanecer sob inter-
visória ou do estágio de convivência, a criança ou o ado- nação para garantia de sua segurança pessoal ou manuten-
lescente será entregue ao interessado, mediante termo ção da ordem pública.
de responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial
2009) Vigência encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pe- Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreen-
ricial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adoles- são ou boletim de ocorrência.
cente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo § 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autori-
prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em dade policial encaminhará o adolescente à entidade de aten-
igual prazo. dimento, que fará a apresentação ao representante do Minis-
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, tério Público no prazo de vinte e quatro horas.
a perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressu- § 2º Nas localidades onde não houver entidade de aten-
posto lógico da medida principal de colocação em família dimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À
substituta, será observado o procedimento contraditório falta de repartição policial especializada, o adolescente aguar-
previsto nas Seções II e III deste Capítulo. (Expressão dará a apresentação em dependência separada da destinada
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, exceder o
Parágrafo único. A perda ou a modi cação da guarda prazo referido no parágrafo anterior.
poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento, Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade po-
observado o disposto no art. 35. licial encaminhará imediatamente ao representante do Mi-
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o nistério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de
disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47. ocorrência.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 177. Se, afastada a hipótese de agrante, houver Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judi-
indícios de participação de adolescente na prática de ato ciária designará audiência de apresentação do adolescente,
infracional, a autoridade policial encaminhará ao represen- decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção
tante do Ministério Público relatório das investigações e da internação, observado o disposto no art. 108 e pará-
demais documentos. grafo.
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão
ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado cienti cados do teor da representação, e noti cados a
em compartimento fechado de veículo policial, em condi- comparecer à audiência, acompanhados de advogado.
ções atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco § 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a
à sua integridade física ou mental, sob pena de responsa- autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
bilidade. § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representan- judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, deter-
te do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto minando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresen-
de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, tação.
devidamente autuados pelo cartório judicial e com infor- § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada
mação sobre os antecedentes do adolescente, procederá a sua apresentação, sem prejuízo da noti cação dos pais
imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, ou responsável.
de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas. Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela au-
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o re- toridade judiciária, não poderá ser cumprida em estabele-
presentante do Ministério Público noti cará os pais ou cimento prisional.
responsável para apresentação do adolescente, podendo § 1º Inexistindo na comarca entidade com as carac-
requisitar o concurso das polícias civil e militar. terísticas de nidas no art. 123, o adolescente deverá ser
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo imediatamente transferido para a localidade mais próxima.
anterior, o representante do Ministério Público poderá: § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adoles-
I - promover o arquivamento dos autos; cente aguardará sua remoção em repartição policial, desde
II - conceder a remissão; que em seção isolada dos adultos e com instalações apro-
III - representar à autoridade judiciária para aplicação priadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco
de medida sócio-educativa. dias, sob pena de responsabilidade.
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou con- Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou res-
cedida a remissão pelo representante do Ministério Públi- ponsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mes-
co, mediante termo fundamentado, que conterá o resumo mos, podendo solicitar opinião de pro ssional quali cado.
dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a
para homologação. remissão, ouvirá o representante do Ministério Público,
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a au- proferindo decisão.
toridade judiciária determinará, conforme o caso, o cum- § 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medi-
primento da medida. da de internação ou colocação em regime de semi-liberda-
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa de, a autoridade judiciária, veri cando que o adolescente
dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despa- não possui advogado constituído, nomeará defensor, de-
cho fundamentado, e este oferecerá representação, desig- signando, desde logo, audiência em continuação, podendo
nará outro membro do Ministério Público para apresentá determinar a realização de diligências e estudo do caso.
-la, ou rati cará o arquivamento ou a remissão, que só en- § 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado,
tão estará a autoridade judiciária obrigada a homologar. no prazo de três dias contado da audiência de apresenta-
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do ção, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas.
Ministério Público não promover o arquivamento ou con- § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as teste-
ceder a remissão, oferecerá representação à autoridade munhas arroladas na representação e na defesa prévia,
judiciária, propondo a instauração de procedimento para cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe in-
aplicação da medida sócio-educativa que se a gurar a mais terpro ssional, será dada a palavra ao representante do Mi-
adequada. nistério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo
§ 1º A representação será oferecida por petição, que de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez,
conterá o breve resumo dos fatos e a classi cação do ato a critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá
infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, po- decisão.
dendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada Art. 187. Se o adolescente, devidamente noti cado,
pela autoridade judiciária. não comparecer, injusti cadamente à audiência de apre-
§ 2º A representação independe de prova pré-consti- sentação, a autoridade judiciária designará nova data, de-
tuída da autoria e materialidade. terminando sua condução coercitiva.
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a con- Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou sus-
clusão do procedimento, estando o adolescente internado pensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase
provisoriamente, será de quarenta e cinco dias. do procedimento, antes da sentença.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer II – dados cadastrais: informações referentes a nome e
medida, desde que reconheça na sentença: endereço de assinante ou de usuário registrado ou autenti-
I - estar provada a inexistência do fato; cado para a conexão a quem endereço de IP, identi cação de
II - não haver prova da existência do fato; usuário ou código de acesso tenha sido atribuído no momen-
III - não constituir o fato ato infracional; to da conexão.
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido § 3º A in ltração de agentes de polícia na internet não será
para o ato infracional. admitida se a prova puder ser obtida por outros meios. (In-
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o cluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
adolescente internado, será imediatamente colocado em Art. 190-B. As informações da operação de in ltração se-
liberdade. rão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela auto-
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida rização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela
de internação ou regime de semi-liberdade será feita: Lei nº 13.441, de 2017)
I - ao adolescente e ao seu defensor; Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o aces-
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus so aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao
pais ou responsável, sem prejuízo do defensor. delegado de polícia responsável pela operação, com o obje-
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far- tivo de garantir o sigilo das investigações. (Incluído pela Lei
se-á unicamente na pessoa do defensor. nº 13.441, de 2017)
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a
deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sen- sua identidade para, por meio da internet, colher indícios
tença. de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts.
240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts.
Seção V-A 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). (Incluído pela Lei nº
Da In ltração de Agentes de Polícia para a Investi- 13.441, de 2017)
Parágrafo único. O agente policial in ltrado que deixar de
gação de Crimes contra a Dignidade Sexual de Criança
observar a estrita nalidade da investigação responderá pelos
e de Adolescente”
excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público po-
Art. 190-A. A in ltração de agentes de polícia na inter-
derão incluir nos bancos de dados próprios, mediante pro-
net com o m de investigar os crimes previstos nos arts.
cedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as
240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts.
informações necessárias à efetividade da identidade ctícia
154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848,
criada. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que tra-
seguintes regras: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) ta esta Seção será numerado e tombado em livro especí -
I – será precedida de autorização judicial devidamente co. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limi- Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrô-
tes da in ltração para obtenção de prova, ouvido o Ministé- nicos praticados durante a operação deverão ser registrados,
rio Público; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministé-
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Pú- rio Público, juntamente com relatório circunstanciado. (In-
blico ou representação de delegado de polícia e conterá a cluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados
dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investiga- no caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e
das e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito
que permitam a identi cação dessas pessoas; (Incluído policial, assegurando-se a preservação da identidade do agen-
pela Lei nº 13.441, de 2017) te policial in ltrado e a intimidade das crianças e dos adoles-
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, centes envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o total
não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demons- Seção VI
trada sua efetiva necessidade, a critério da autoridade judi- Da Apuração de Irregularidades em Entidade de
cial. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) Atendimento
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão
requisitar relatórios parciais da operação de in ltração antes Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades
do término do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste em entidade governamental e não-governamental terá início
artigo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) mediante portaria da autoridade judiciária ou representação
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste ar- do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde conste,
tigo, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) necessariamente, resumo dos fatos.
I – dados de conexão: informações referentes a hora, Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a auto-
data, início, término, duração, endereço de Protocolo de In- ridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar limi-
ternet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (In- narmente o afastamento provisório do dirigente da entidade,
cluído pela Lei nº 13.441, de 2017) mediante decisão fundamentada.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão
prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo jun- sucessivamente o Ministério Público e o procurador do re-
tar documentos e indicar as provas a produzir. querido, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorro-
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo ne- gável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em
cessário, a autoridade judiciária designará audiência de ins- seguida proferirá sentença.
trução e julgamento, intimando as partes.
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Seção VIII
Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
nais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou de-
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no
nitivo de dirigente de entidade governamental, a auto- Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste: (Incluído
ridade judiciária o ciará à autoridade administrativa ime- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
diatamente superior ao afastado, marcando prazo para a I - quali cação completa; (Incluído pela Lei nº 12.010,
substituição. de 2009) Vigência
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autorida- II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
de judiciária poderá xar prazo para a remoção das irregu- 2009) Vigência
laridades veri cadas. Satisfeitas as exigências, o processo III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou
será extinto, sem julgamento de mérito. casamento, ou declaração relativa ao período de união está-
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigen- vel; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
te da entidade ou programa de atendimento. IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Ca-
dastro de Pessoas Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Seção VII 2009) Vigência
Da Apuração de Infração Administrativa às Nor- V - comprovante de renda e domicílio; (Incluído pela Lei
mas de Proteção à Criança e ao Adolescente nº 12.010, de 2009) Vigência
VI - atestados de sanidade física e mental; (Incluído pela
Art. 194. O procedimento para imposição de penali- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VII - certidão de antecedentes criminais; (Incluído pela
dade administrativa por infração às normas de proteção
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
à criança e ao adolescente terá início por representação
VIII - certidão negativa de distribuição cível. (Incluído
do Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
infração elaborado por servidor efetivo ou voluntário cre- Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 (qua-
denciado, e assinado por duas testemunhas, se possível. renta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério Público,
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá: (Incluído pela Lei nº
poderão ser usadas fórmulas impressas, especi cando-se a 12.010, de 2009) Vigência
natureza e as circunstâncias da infração. I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe
§ 2º Sempre que possível, à veri cação da infração se- interpro ssional encarregada de elaborar o estudo técnico a
guir-se-á a lavratura do auto, certi cando-se, em caso con- que se refere o art. 197-C desta Lei; (Incluído pela Lei nº
trário, dos motivos do retardamento. 12.010, de 2009) Vigência
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apre- II - requerer a designação de audiência para oitiva dos
sentação de defesa, contado da data da intimação, que postulantes em juízo e testemunhas; (Incluído pela Lei nº
será feita: 12.010, de 2009) Vigência
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for la- III - requerer a juntada de documentos complementares
vrado na presença do requerido; e a realização de outras diligências que entender necessá-
II - por o cial de justiça ou funcionário legalmente ha- rias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
bilitado, que entregará cópia do auto ou da representação Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe
interpro ssional a serviço da Justiça da Infância e da Juven-
ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando certi-
tude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá
dão;
subsídios que permitam aferir a capacidade e o preparo dos
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não postulantes para o exercício de uma paternidade ou mater-
for encontrado o requerido ou seu representante legal; nidade responsável, à luz dos requisitos e princípios desta
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
não sabido o paradeiro do requerido ou de seu represen- § 1o É obrigatória a participação dos postulantes em
tante legal. programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude
Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo le- preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
gal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministé- execução da política municipal de garantia do direito à convi-
rio Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo. vência familiar, que inclua preparação psicológica, orientação
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária e estímulo à adoção inter-racial, de crianças maiores ou de
procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo adolescentes, com necessidades especí cas de saúde ou com
necessário, designará audiência de instrução e julgamen- de ciências e de grupos de irmãos. (Incluído pela Lei nº
to. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 2o Sempre que possível e recomendável, a etapa VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior
obrigatória da preparação referida no § 1o deste artigo in- instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de
cluirá o contato com crianças e adolescentes em regime agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho fundamenta-
de acolhimento familiar ou institucional em condições de do, mantendo ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias;
serem adotados, a ser realizado sob a orientação, super- VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão
visão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância remeterá os autos ou o instrumento à superior instância den-
e da Juventude, com o apoio dos técnicos responsáveis tro de vinte e quatro horas, independentemente de novo pe-
pelo programa de acolhimento familiar ou institucional e dido do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos depen-
pela execução da política municipal de garantia do direito derá de pedido expresso da parte interessada ou do Ministé-
à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de rio Público, no prazo de cinco dias, contados da intimação.
2009) Vigência Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art.
Art. 197-D. Certi cada nos autos a conclusão da parti- 149 caberá recurso de apelação.
cipação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a au- Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efei-
toridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, to desde logo, embora sujeita a apelação, que será recebi-
decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério da exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de
Público e determinará a juntada do estudo psicossocial, adoção internacional ou se houver perigo de dano irreparável
designando, conforme o caso, audiência de instrução e jul- ou de difícil reparação ao adotando. (Incluído pela Lei nº
gamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligên- Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer
cias, ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária dos genitores do poder familiar ca sujeita a apelação, que
determinará a juntada do estudo psicossocial, abrindo a deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo. (Incluído
seguir vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cin- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
co) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção
12.010, de 2009) Vigência e de destituição de poder familiar, em face da relevância das
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será questões, serão processados com prioridade absoluta, de-
inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a vendo ser imediatamente distribuídos, cando vedado que
sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem aguardem, em qualquer situação, oportuna distribuição, e se-
cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de rão colocados em mesa para julgamento sem revisão e com
crianças ou adolescentes adotáveis. (Incluído pela Lei nº parecer urgente do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
§ 1o A ordem cronológica das habilitações somente Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa
poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quan- contado da sua conclusão. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
do comprovado ser essa a melhor solução no interesse do 2009) Vigência
adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da
§ 2o A recusa sistemática na adoção das crianças ou data do julgamento e poderá na sessão, se entender necessá-
adolescentes indicados importará na reavaliação da ha- rio, apresentar oralmente seu parecer. (Incluído pela Lei nº
bilitação concedida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a instau-
ração de procedimento para apuração de responsabilidades
Capítulo IV se constatar o descumprimento das providências e do prazo
Dos Recursos previstos nos artigos anteriores. (Incluído pela Lei nº 12.010,
de 2009) Vigência
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infân-
cia e da Juventude, inclusive os relativos à execução das Capítulo V
medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal Do Ministério Público
da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Pro-
cesso Civil), com as seguintes adaptações: (Redação Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.
I - os recursos serão interpostos independentemente Art. 201. Compete ao Ministério Público:
de preparo; I - conceder a remissão como forma de exclusão do
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de de- processo;
claração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa II - promover e acompanhar os procedimentos relativos
será sempre de 10 (dez) dias; (Redação dada pela Lei nº às infrações atribuídas a adolescentes;
12.594, de 2012) (Vide) III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os
III - os recursos terão preferência de julgamento e dis- procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar,
pensarão revisor; nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem
IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência como o ciar em todos os demais procedimentos da com-
V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência petência da Justiça da Infância e da Juventude; (Expressão
VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

IV - promover, de ofício ou por solicitação dos inte- § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inci-
ressados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e so VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério
a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer Público:
administradores de bens de crianças e adolescentes nas hi- a) reduzir a termo as declarações do reclamante, ins-
póteses do art. 98; taurando o competente procedimento, sob sua presidência;
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para b) entender-se diretamente com a pessoa ou autorida-
a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos de reclamada, em dia, local e horário previamente noti ca-
relativos à infância e à adolescência, inclusive os de nidos dos ou acertados;
no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal; c) efetuar recomendações visando à melhoria dos ser-
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para viços públicos e de relevância pública afetos à criança e
instruí-los: ao adolescente, xando prazo razoável para sua perfeita
a) expedir noti cações para colher depoimentos ou es- adequação.
clarecimentos e, em caso de não comparecimento injusti-
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não
cado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia
for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na
civil ou militar;
defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hi-
b) requisitar informações, exames, perícias e documen-
pótese em que terá vista dos autos depois das partes, po-
tos de autoridades municipais, estaduais e federais, da ad-
dendo juntar documentos e requerer diligências, usando
ministração direta ou indireta, bem como promover inspe-
ções e diligências investigatórias; os recursos cabíveis.
c) requisitar informações e documentos a particulares Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qual-
e instituições privadas; quer caso, será feita pessoalmente.
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências inves- Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público
tigatórias e determinar a instauração de inquérito policial, acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício
para apuração de ilícitos ou infrações às normas de prote- pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
ção à infância e à juventude; Art. 205. As manifestações processuais do representan-
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias te do Ministério Público deverão ser fundamentadas.
legais assegurados às crianças e adolescentes, promoven-
do as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis; Capítulo VI
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e Do Advogado
habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal,
na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou res-
afetos à criança e ao adolescente; ponsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse
X - representar ao juízo visando à aplicação de penali- na solução da lide poderão intervir nos procedimentos de
dade por infrações cometidas contra as normas de prote- que trata esta Lei, através de advogado, o qual será inti-
ção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da mado para todos os atos, pessoalmente ou por publicação
responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível; o cial, respeitado o segredo de justiça.
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária in-
atendimento e os programas de que trata esta Lei, ado- tegral e gratuita àqueles que dela necessitarem.
tando de pronto as medidas administrativas ou judiciais Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prá-
necessárias à remoção de irregularidades porventura ve- tica de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será
ri cadas; processado sem defensor.
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á no-
dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de as-
meado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo,
sistência social, públicos ou privados, para o desempenho
constituir outro de sua preferência.
de suas atribuições.
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adia-
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações
mento de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear
cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só efeito
esta Lei. do ato.
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não ex- § 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando
cluem outras, desde que compatíveis com a nalidade do se tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver
Ministério Público. sido indicado por ocasião de ato formal com a presença da
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercí- autoridade judiciária.
cio de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se
encontre criança ou adolescente.
§ 4º O representante do Ministério Público será res-
ponsável pelo uso indevido das informações e documentos
que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.

52
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Capítulo VII § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Mi-


Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, nistérios Públicos da União e dos estados na defesa dos
Difusos e Coletivos interesses e direitos de que cuida esta Lei.
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações associação legitimada, o Ministério Público ou outro legiti-
de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à mado poderá assumir a titularidade ativa.
criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão to-
oferta irregular: (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência mar dos interessados compromisso de ajustamento de sua
I - do ensino obrigatório; conduta às exigências legais, o qual terá e cácia de título
II - de atendimento educacional especializado aos porta- executivo extrajudicial.
dores de de ciência; Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegi-
III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças dos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações
de zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº pertinentes.
13.306, de 2016) § 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições normas do Código de Processo Civil.
do educando; § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pú-
V - de programas suplementares de oferta de material blica ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribui-
didático-escolar, transporte e assistência à saúde do edu- ções do poder público, que lesem direito líquido e certo
cando do ensino fundamental; previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se rege-
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à rá pelas normas da lei do mandado de segurança.
família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimen-
ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem; to de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá
VII - de acesso às ações e serviços de saúde; a tutela especí ca da obrigação ou determinará providên-
VIII - de escolarização e pro ssionalização dos adoles- cias que assegurem o resultado prático equivalente ao do
centes privados de liberdade. adimplemento.
IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e ha-
e promoção social de famílias e destinados ao pleno exercício vendo justi cado receio de ine cácia do provimento nal,
do direito à convivência familiar por crianças e adolescen- é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após jus-
tes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ti cação prévia, citando o réu.
X - de programas de atendimento para a execução das § 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior
medidas socioeducativas e aplicação de medidas de prote- ou na sentença, impor multa diária ao réu, independente-
ção. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) mente de pedido do autor, se for su ciente ou compatível
§ 1o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da com a obrigação, xando prazo razoável para o cumpri-
proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou co- mento do preceito.
letivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em
pela Constituição e pela Lei. (Renumerado do Parágrafo julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida
único pela Lei nº 11.259, de 2005) desde o dia em que se houver con gurado o descumpri-
§ 2o A investigação do desaparecimento de crianças ou mento.
adolescentes será realizada imediatamente após noti cação Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo ge-
aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos rido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescen-
portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de trans- te do respectivo município.
porte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o
os dados necessários à identi cação do desaparecido. (In- trânsito em julgado da decisão serão exigidas através de
cluído pela Lei nº 11.259, de 2005) execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propos- autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
tas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o di-
omissão, cujo juízo terá competência absoluta para proces- nheiro cará depositado em estabelecimento o cial de cré-
sar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a dito, em conta com correção monetária.
competência originária dos tribunais superiores. Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coleti- recursos, para evitar dano irreparável à parte.
vos ou difusos, consideram-se legitimados concorrentemente: Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser
I - o Ministério Público; condenação ao poder público, o juiz determinará a remes-
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal sa de peças à autoridade competente, para apuração da
e os territórios; responsabilidade civil e administrativa do agente a que se
III - as associações legalmente constituídas há pelo me- atribua a ação ou omissão.
nos um ano e que incluam entre seus ns institucionais a Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julga-
defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dis- do da sentença condenatória sem que a associação autora
pensada a autorização da assembleia, se houver prévia auto- lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Públi-
rização estatutária. co, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.

53
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar Título VII


ao réu os honorários advocatícios arbitrados na conformi- Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
dade do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro Capítulo I
de 1973 (Código de Processo Civil), quando reconhecer Dos Crimes
que a pretensão é manifestamente infundada. Seção I
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a as- Disposições Gerais
sociação autora e os diretores responsáveis pela propo-
situra da ação serão solidariamente condenados ao dé- Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados
cuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem
perdas e danos. prejuízo do disposto na legislação penal.
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não Art. 226. Aplicam-se aos crimes de nidos nesta Lei as
haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao pro-
periciais e quaisquer outras despesas. cesso, as pertinentes ao Código de Processo Penal.
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público Art. 227. Os crimes de nidos nesta Lei são de ação pú-
deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, pres- blica incondicionada
tando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto
de ação civil, e indicando-lhe os elementos de convicção. Seção II
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos Dos Crimes em Espécie
e tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam
ensejar a propositura de ação civil, remeterão peças ao Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o diri-
Ministério Público para as providências cabíveis. gente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma
poderá requerer às autoridades competentes as certidões e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de for-
e informações que julgar necessárias, que serão forneci- necer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da
alta médica, declaração de nascimento, onde constem as
das no prazo de quinze dias.
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
pessoa, organismo público ou particular, certidões, in-
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
formações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
qual não poderá ser inferior a dez dias úteis.
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de iden-
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas to-
ti car corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião
das as diligências, se convencer da inexistência de fun-
do parto, bem como deixar de proceder aos exames referi-
damento para a propositura da ação cível, promoverá o
dos no art. 10 desta Lei:
arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças Pena - detenção de seis meses a dois anos.
informativas, fazendo-o fundamentadamente. Parágrafo único. Se o crime é culposo:
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de infor- Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
mação arquivados serão remetidos, sob pena de se in- Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liber-
correr em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho dade, procedendo à sua apreensão sem estar em agrante
Superior do Ministério Público. de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autorida-
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promo- de judiciária competente:
ção de arquivamento, em sessão do Conselho Superior Pena - detenção de seis meses a dois anos.
do Ministério público, poderão as associações legitima- Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que pro-
das apresentar razões escritas ou documentos, que serão cede à apreensão sem observância das formalidades legais.
juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
informação. apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata co-
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a municação à autoridade judiciária competente e à família
exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
Público, conforme dispuser o seu regimento. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua auto-
promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro ridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997:
as disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985. Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa
causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou ado-
lescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da
apreensão:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

54
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 235. Descumprir, injusti cadamente, prazo xado Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade: distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive
Pena - detenção de seis meses a dois anos. por meio de sistema de informática ou telemático, foto-
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade ju- gra a, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
diciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do explícito ou pornográ ca envolvendo criança ou adoles-
Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei: cente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e mul-
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de ta. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela
judicial, com o m de colocação em lar substituto: Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. I – assegura os meios ou serviços para o armazena-
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de lho ou pu- mento das fotogra as, cenas ou imagens de que trata
pilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: o caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem ofere- computadores às fotogra as, cenas ou imagens de que
ce ou efetiva a paga ou recompensa. trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato des- 2008)
tinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior § 2o As condutas tipi cadas nos incisos I e II do §
com inobservância das formalidades legais ou com o to 1 deste artigo são puníveis quando o responsável legal
o

de obter lucro: pela prestação do serviço, o cialmente noti cado, deixa


Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata
Parágrafo único. Se há emprego de violência, gra- o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
ve ameaça ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qual-
12.11.2003) quer meio, fotogra a, vídeo ou outra forma de registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográ ca envolven-
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
do criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de
correspondente à violência.
2008)
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, lmar
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul-
ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou
ta. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
pornográ ca, envolvendo criança ou adolescente: (Re-
§ 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois ter-
dação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
ços) se de pequena quantidade o material a que se refere
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e mul-
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
ta. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, faci- tem a nalidade de comunicar às autoridades competen-
lita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a tes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241,
participação de criança ou adolescente nas cenas referidas 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita
no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contrace- por: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
na. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) I – agente público no exercício de suas funções; (In-
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
comete o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de II – membro de entidade, legalmente constituída, que
2008) inclua, entre suas nalidades institucionais, o recebimento,
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pre- o processamento e o encaminhamento de notícia dos cri-
texto de exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de mes referidos neste parágrafo;(Incluído pela Lei nº 11.829,
2008) de 2008)
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabi- III – representante legal e funcionários responsáveis de
tação ou de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede
11.829, de 2008) de computadores, até o recebimento do material relativo à
III – prevalecendo-se de relações de parentesco con- notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou
sanguíneo ou a m até o terceiro grau, ou por adoção, ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de § 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão
quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, manter sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela
ou com seu consentimento. (Incluído pela Lei nº 11.829, Lei nº 11.829, de 2008)
de 2008) Art. 241-C. Simular a participação de criança ou ado-
Art. 241. Vender ou expor à venda fotogra a, vídeo ou lescente em cena de sexo explícito ou pornográ ca por
outro registro que contenha cena de sexo explícito ou por- meio de adulteração, montagem ou modi cação de foto-
nográ ca envolvendo criança ou adolescente: (Redação gra a, vídeo ou qualquer outra forma de representação vi-
dada pela Lei nº 11.829, de 2008) sual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e mul- Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (In-
ta. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

55
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem § 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o ge-
vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou rente ou o responsável pelo local em que se veri que a
divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o submissão de criança ou adolescente às práticas referi-
material produzido na forma do caput deste artigo. (Incluí- das no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.975, de
do pela Lei nº 11.829, de 2008) 23.6.2000)
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, § 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cas-
por qualquer meio de comunicação, criança, com o m de sação da licença de localização e de funcionamento do es-
com ela praticar ato libidinoso:(Incluído pela Lei nº 11.829, tabelecimento. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
de 2008) Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de me-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (In- nor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008) ou induzindo-o a praticá-la:(Incluído pela Lei nº 12.015, de
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (In- 2009)
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído
I – facilita ou induz o acesso à criança de material con- pela Lei nº 12.015, de 2009)
tendo cena de sexo explícito ou pornográ ca com o m de § 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
com ela praticar ato libidinoso;(Incluído pela Lei nº 11.829, quem pratica as condutas ali tipi cadas utilizando-se de
de 2008) quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo da internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
com o m de induzir criança a se exibir de forma pornográ- § 2o As penas previstas no caput deste artigo são au-
ca ou sexualmente explícita.(Incluído pela Lei nº 11.829, mentadas de um terço no caso de a infração cometida ou
de 2008) induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, 25 de julho de 1990. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
a expressão “cena de sexo explícito ou pornográ ca” com-
preende qualquer situação que envolva criança ou adoles- Capítulo II
cente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, Das Infrações Administrativas
ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adoles-
cente para ns primordialmente sexuais(Incluído pela Lei Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por
nº 11.829, de 2008) estabelecimento de atenção à saúde e de ensino funda-
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente mental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade
ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente competente os casos de que tenha conhecimento, en-
arma, munição ou explosivo: volvendo suspeita ou con rmação de maus-tratos contra
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação criança ou adolescente:
dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, cando-se o dobro em caso de reincidência.
ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de en-
a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros tidade de atendimento o exercício dos direitos constantes
produtos cujos componentes possam causar dependên- nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
cia física ou psíquica:(Redação dada pela Lei nº 13.106, de Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
2015) cando-se o dobro em caso de reincidência.
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autoriza-
se o fato não constitui crime mais grave. (Redação dada ção devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato
pela Lei nº 13.106, de 2015) ou documento de procedimento policial, administrativo ou
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fo- ato infracional:
gos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qual- cando-se o dobro em caso de reincidência.
quer dano físico em caso de utilização indevida: § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou par-
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. cialmente, fotogra a de criança ou adolescente envolvido
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga res-
tais de nidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição peito ou se re ra a atos que lhe sejam atribuídos, de forma
ou à exploração sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de a permitir sua identi cação, direta ou indiretamente.
23.6.2000) § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista
perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a
favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente apreensão da publicação ou a suspensão da programação
da unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em da emissora até por dois dias, bem como da publicação
que foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro do periódico até por dois números. (Expressão declara
de boa-fé. (Redação dada pela Lei nº 13.440, de 2017) inconstitucional pela ADIN 869-2).

56
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente ta
seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o m de regularizar de programação em vídeo, em desacordo com a classi ca-
a guarda, adolescente trazido de outra comarca para a presta- ção atribuída pelo órgão competente:
ção de serviço doméstico, mesmo que autorizado pelos pais Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
ou responsável: caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter-
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican- minar o fechamento do estabelecimento por até quinze
do-se o dobro em caso de reincidência, independentemente dias.
das despesas de retorno do adolescente, se for o caso. Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deve- e 79 desta Lei:
res inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou Pena - multa de três a vinte salários de referência, du-
guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou plicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo
Conselho Tutelar: (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de de apreensão da revista ou publicação.
2009) Vigência
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican-
o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o
do-se o dobro em caso de reincidência.
acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompa-
sobre sua participação no espetáculo: (Vide Lei nº 12.010,
nhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita
desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel de 2009) Vigência
ou congênere:(Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter-
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de minar o fechamento do estabelecimento por até quinze
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamen- dias.
to do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluído pela Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de pro-
Lei nº 12.038, de 2009). videnciar a instalação e operacionalização dos cadastros
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído
a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será de nitivamente fe- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
chado e terá sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº 12.038, Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
de 2009). (três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qual- gência
quer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autorida-
85 desta Lei: de que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican- adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas
do-se o dobro em caso de reincidência. ou casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo em regime de acolhimento institucional ou familiar. (Incluí-
público de a xar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
do local de exibição, informação destacada sobre a natureza Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigen-
da diversão ou espetáculo e a faixa etária especi cada no cer- te de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
ti cado de classi cação: efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican- de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante
do-se o dobro em caso de reincidência. interessada em entregar seu lho para adoção: (Incluído
Art. 253. Anunciar peças teatrais, lmes ou quaisquer re-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
presentações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
a que não se recomendem:
(três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplica-
gência
da em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa
de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade. Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetá- de programa o cial ou comunitário destinado à garantia
culo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua do direito à convivência familiar que deixa de efetuar a co-
classi cação: municação referida no caput deste artigo. (Incluído pela Lei
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; dupli- nº 12.010, de 2009) Vigência
cada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no
determinar a suspensão da programação da emissora por até inciso II do art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de
dois dias. 2015)
Art. 255. Exibir lme, trailer, peça, amostra ou congêne- Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$
re classi cado pelo órgão competente como inadequado às 10.000,00 (dez mil reais);(Redação dada pela Lei nº 13.106,
crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo: de 2015)
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão comercial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação
do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
até quinze dias.

57
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Disposições Finais e Transitórias Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calen-


Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da dário de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação
publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo de que trata o inciso II do caput do art. 260 diretamente
sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da em sua Declaração de Ajuste Anual. (Incluído pela Lei nº
política de atendimento xadas no art. 88 e ao que estabele- 12.594, de 2012) (Vide)
ce o Título V do Livro II. § 1o A doação de que trata o caput poderá ser deduzi-
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios da até os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto
promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às apurado na declaração: (Incluído pela Lei nº 12.594, de
diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei. 2012) (Vide)
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, 2012) (Vide)
distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprova- II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de
das, sendo essas integralmente deduzidas do imposto de
2012) (Vide)
renda, obedecidos os seguintes limites:(Redação dada pela
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
2012. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido
§ 2o A dedução de que trata o caput: (Incluído pela Lei
apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro
real; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apu- I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do im-
rado pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, posto sobre a renda apurado na declaração de que trata o
observado o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de inciso II do caput do art. 260; (Incluído pela Lei nº 12.594,
dezembro de 1997.(Redação dada pela Lei nº 12.594, de de 2012) (Vide)
2012) (Vide) II - não se aplica à pessoa física que: (Incluído pela Lei
§ 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 1o-A. Na de nição das prioridades a serem atendidas a) utilizar o desconto simpli cado; (Incluído pela Lei nº
com os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais 12.594, de 2012) (Vide)
e municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão b) apresentar declaração em formulário; ou (Incluído
consideradas as disposições do Plano Nacional de Promo- pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
ção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescen- c) entregar a declaração fora do prazo; (Incluído pela
tes à Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Na- Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
cional pela Primeira Infância. (Redação dada dada pela Lei III - só se aplica às doações em espécie; e (Incluído
nº 13.257, de 2016) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções
direitos da criança e do adolescente xarão critérios de em vigor. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações § 3o O pagamento da doação deve ser efetuado até a
subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamen- data de vencimento da primeira quota ou quota única do
te percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma imposto, observadas instruções especí cas da Secretaria
de guarda, de crianças e adolescentes e para programas de da Receita Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594,
atenção integral à primeira infância em áreas de maior ca- de 2012) (Vide)
rência socioeconômica e em situações de calamidade. (Re- § 4o O não pagamento da doação no prazo estabe-
dação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
lecido no § 3o implica a glosa de nitiva desta parcela de
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministé-
dedução, cando a pessoa física obrigada ao recolhimento
rio da Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará
da diferença de imposto devido apurado na Declaração de
a comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos
Ajuste Anual com os acréscimos legais previstos na legisla-
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca ção. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
a forma de scalização da aplicação, pelo Fundo Municipal § 5o A pessoa física poderá deduzir do imposto apu-
dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos s- rado na Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no
cais referidos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de respectivo ano-calendário, aos fundos controlados pelos
12.10.1991) Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente mu-
§ 5o Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei nicipais, distrital, estaduais e nacional concomitantemente
n 9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que
o com a opção de que trata o caput, respeitado o limite pre-
trata o inciso I do caput:(Redação dada pela Lei nº 12.594, visto no inciso II do art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594, de
de 2012) (Vide) 2012) (Vide)
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art.
limite em conjunto com outras deduções do imposto; e (In- 260 poderá ser deduzida: (Incluído pela Lei nº 12.594, de
cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 2012) (Vide)
II - não poderá ser computada como despesa operacio- I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas ju-
nal na apuração do lucro real. (Incluído pela Lei nº 12.594, de rídicas que apuram o imposto trimestralmente; e (Incluído
2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

58
LEGISLAÇÃO BÁSICA

tII - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão
para as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmen- não será considerado na determinação do valor dos bens
te. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) doados, exceto se o leilão for determinado por autoridade
Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
do período a que se refere a apuração do imposto. (Incluí- Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts.
do pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 260-D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por
Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta um prazo de 5 (cinco) anos para ns de comprovação da
Lei podem ser efetuadas em espécie ou em bens. (Incluído dedução perante a Receita Federal do Brasil. (Incluído pela
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administra-
devem ser depositadas em conta especí ca, em institui- ção das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do
ção nanceira pública, vinculadas aos respectivos fundos Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais de-
de que trata o art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594, de
vem: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
2012) (Vide)
I - manter conta bancária especí ca destinada exclusi-
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administra-
vamente a gerir os recursos do Fundo; (Incluído pela Lei nº
ção das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do
12.594, de 2012) (Vide)
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais de-
vem emitir recibo em favor do doador, assinado por pes- II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído
soa competente e pelo presidente do Conselho corres- pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
pondente, especi cando: (Incluído pela Lei nº 12.594, de III - informar anualmente à Secretaria da Receita Fede-
2012) (Vide) ral do Brasil as doações recebidas mês a mês, identi can-
I - número de ordem; (Incluído pela Lei nº 12.594, de do os seguintes dados por doador: (Incluído pela Lei nº
2012) (Vide) 12.594, de 2012) (Vide)
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
e endereço do emitente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
2012) (Vide) b) valor doado, especi cando se a doação foi em
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) espécie ou em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de
do doador; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 2012) (Vide)
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obriga-
e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) ções previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal
V - ano-calendário a que se refere a doação. (Incluído do Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério Públi-
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) co. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 1o O comprovante de que trata o caput deste arti- Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do
go pode ser emitido anualmente, desde que discrimine os Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais di-
valores doados mês a mês. (Incluído pela Lei nº 12.594, de vulgarão amplamente à comunidade: (Incluído pela Lei nº
2012) (Vide) 12.594, de 2012) (Vide)
§ 2o No caso de doação em bens, o comprovante I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº
deve conter a identi cação dos bens, mediante descrição 12.594, de 2012) (Vide)
em campo próprio ou em relação anexa ao comprovan- II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de
te, informando também se houve avaliação, o nome, CPF atendimento à criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei
ou CNPJ e endereço dos avaliadores. (Incluído pela Lei nº nº 12.594, de 2012) (Vide)
12.594, de 2012) (Vide)
III - os requisitos para a apresentação de projetos a se-
Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador
rem bene ciados com recursos dos Fundos dos Direitos da
deverá: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou
I - comprovar a propriedade dos bens, median-
municipais; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
te documentação hábil; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
2012) (Vide) IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-
II - baixar os bens doados na declaração de bens e di- calendário e o valor dos recursos previstos para implemen-
reitos, quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, tação das ações, por projeto; (Incluído pela Lei nº 12.594,
no caso de pessoa jurídica; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
de 2012) (Vide) V - o total dos recursos recebidos e a respectiva desti-
III - considerar como valor dos bens doados: (Incluído nação, por projeto atendido, inclusive com cadastramento
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) na base de dados do Sistema de Informações sobre a In-
a) para as pessoas físicas, o valor constante da últi- fância e a Adolescência; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de
ma declaração do imposto de renda, desde que não ex- 2012) (Vide)
ceda o valor de mercado; (Incluído pela Lei nº 12.594, de VI - a avaliação dos resultados dos projetos bene cia-
2012) (Vide) dos com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais. (In-
bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

59
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Pena - reclusão de três a nove anos.»
Comarca, a forma de scalização da aplicação dos incentivos Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro
scais referidos no art. 260 desta Lei. (Incluído pela Lei nº de 1973, ca acrescido do seguinte item:
12.594, de 2012) (Vide) “Art. 102 ....................................................................
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. “
arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por Art. 265. A Imprensa Nacional e demais grá cas da
ação judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá União, da administração direta ou indireta, inclusive funda-
atuar de ofício, a requerimento ou representação de qual- ções instituídas e mantidas pelo poder público federal pro-
quer cidadão. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) moverão edição popular do texto integral deste Estatuto, que
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presi- será posto à disposição das escolas e das entidades de aten-
dência da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da dimento e de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, ar- Art. 265-A. O poder público fará periodicamente am-
quivo eletrônico contendo a relação atualizada dos Fundos pla divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos
dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, meios de comunicação social. (Redação dada pela Lei nº
estaduais e municipais, com a indicação dos respectivos nú- 13.257, de 2016)
meros de inscrição no CNPJ e das contas bancárias especí- Parágrafo único. A divulgação a que se refere
cas mantidas em instituições nanceiras públicas, destina- o caput será veiculada em linguagem clara, compreensível e
das exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. (Incluído adequada a crianças e adolescentes, especialmente às crian-
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) ças com idade inferior a 6 (seis) anos. (Incluído dada pela
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil Lei nº 13.257, de 2016)
expedirá as instruções necessárias à aplicação do dispos- Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua
to nos arts. 260 a 260-K.(Incluído pela Lei nº 12.594, de publicação.
2012) (Vide) Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão
Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos ser promovidas atividades e campanhas de divulgação e es-
da criança e do adolescente, os registros, inscrições e alte- clarecimentos acerca do disposto nesta Lei.
rações a que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697,
desta Lei serão efetuados perante a autoridade judiciária da de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais
comarca a que pertencer a entidade. disposições em contrário.
Parágrafo único. A União ca autorizada a repassar aos
estados e municípios, e os estados aos municípios, os recur- Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e
sos referentes aos programas e atividades previstos nesta 102º da República.
Lei, tão logo estejam criados os conselhos dos direitos da
criança e do adolescente nos seus respectivos níveis.
Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tute- 1.2 LDBEN - LEI Nº 9.394 DE 1990
lares, as atribuições a eles conferidas serão exercidas pela
autoridade judiciária.
Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alte- LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996
rações:
1) Art. 121 ............................................................ A lei estudada neste tópico, provavelmente a mais rele-
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um vante deste edital, tanto que é repetida em dois outros tópi-
terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica cos, “estabelece as diretrizes e bases da educação nacio-
de pro ssão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar nal”. Data de 20 de dezembro de 2016, tendo sido promul-
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conse- gada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas já
quências do seu ato, ou foge para evitar prisão em agrante. passou por inúmeras alterações desde então. Partamos para
Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço, o comentário em bloco de seus dispositivos:
se o crime é praticado contra pessoa menor de catorze anos.
2) Art. 129 ............................................................... TÍTULO I
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qual- Da Educação
quer das hipóteses do art. 121, § 4º.
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. Art. 1º A educação abrange os processos formativos que
121. se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana,
3) Art. 136................................................................. no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos mo-
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é prati- vimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas mani-
cado contra pessoa menor de catorze anos. festações culturais.
4) Art. 213 .................................................................. § 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desen-
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos: volve, predominantemente, por meio do ensino, em institui-
Pena - reclusão de quatro a dez anos. ções próprias.
5) Art. 214................................................................... § 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do
Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos: trabalho e à prática social.

60
LEGISLAÇÃO BÁSICA

O primeiro artigo da LDB estabelece que a educação TÍTULO III


é um processo que não se dá exclusivamente nas escolas. Do Direito à Educação e do Dever de Educar
Trata-se da clássica distinção entre educação formal e não
formal ou informal: “A educação formal é aquela desen- Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública
volvida nas escolas, com conteúdos previamente demarca- será efetivado mediante a garantia de:
dos; a informal como aquela que os indivíduos aprendem I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4
durante seu processo de socialização - na família, bairro, (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da
clube, amigos, etc., carregada de valores e cultura própria, seguinte forma:
de pertencimento e sentimentos herdados; e a educação a) pré-escola;
não formal é aquela que se aprende ‘no mundo da vida’, via b) ensino fundamental;
os processos de compartilhamento de experiências, princi- c) ensino médio;
palmente em espaços e ações coletivas cotidianas”28. A LDB II - educação infantil gratuita às crianças de até 5
disciplina apenas a educação escolar, ou seja, a educação
(cinco) anos de idade;
formal, que não exclui o papel das famílias e das comuni-
III - atendimento educacional especializado gratuito
dades na educação informal.
aos educandos com de ciência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, trans-
TÍTULO II
Dos Princípios e Fins da Educação Nacional versal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencial-
mente na rede regular de ensino;
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, ins- IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamen-
pirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solida- tal e médio para todos os que não os concluíram na idade
riedade humana, tem por nalidade o pleno desenvolvi- própria;
mento do educando, seu preparo para o exercício da cidada- V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da
nia e sua quali cação para o trabalho. pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de
cada um;
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
princípios: condições do educando;
I - igualdade de condições para o acesso e permanência VII - oferta de educação escolar regular para jovens e
na escola; adultos, com características e modalidades adequadas às
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que
cultura, o pensamento, a arte e o saber; forem trabalhadores as condições de acesso e permanência
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; na escola;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
V - coexistência de instituições públicas e privadas de educação básica, por meio de programas suplementares
ensino; de material didático-escolar, transporte, alimentação e
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos assistência à saúde;
o ciais; IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, de ni-
VII - valorização do pro ssional da educação escolar; dos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de
desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; ensino-aprendizagem.
IX - garantia de padrão de qualidade; X - vaga na escola pública de educação infantil ou de
X - valorização da experiência extraescolar;
ensino fundamental mais próxima de sua residência a
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
toda criança a partir do dia em que completar 4 (quatro)
práticas sociais.
anos de idade.
XII - consideração com a diversidade étnico-racial.

A educação escolar deve permitir a formação do cida- Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direi-
dão e do trabalhador: uma pessoa que consiga se inserir no to público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de
mercado de trabalho e ter noções adequadas de cidada- cidadãos, associação comunitária, organização sindical, en-
nia e solidariedade no convívio social. Entre os princípios, tidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o
trabalha-se com o direito de acesso à educação de quali- Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo.
dade (gratuita nos estabelecimentos públicos), a liberdade § 1º O poder público, na esfera de sua competência
nas atividades de ensino em geral (tanto para o educador federativa, deverá:
quanto para o educado), a valorização do professor, o in- I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em
centivo à educação informal e o respeito às diversidades de idade escolar, bem como os jovens e adultos que não con-
ideias, gêneros, raça e cor. cluíram a educação básica;
28 GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal, participação
II - fazer-lhes a chamada pública;
da sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: aval. III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência
pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 14, n. 50, p. 27-38, jan./mar. 2006. à escola.

61
LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Público TÍTULO IV


assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório, Da Organização da Educação Nacional
nos termos deste artigo, contemplando em seguida os de-
mais níveis e modalidades de ensino, conforme as priorida- Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
des constitucionais e legais. Municípios organizarão, em regime de colaboração, os
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste respectivos sistemas de ensino.
artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, § 1º Caberá à União a coordenação da política nacional
na hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sen- de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e
do gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente. exercendo função normativa, redistributiva e supletiva
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade compe- em relação às demais instâncias educacionais.
tente para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, po- § 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organi-
derá ela ser imputada por crime de responsabilidade. zação nos termos desta Lei.
§ 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de
ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso Art. 9º A União incumbir-se-á de:
aos diferentes níveis de ensino, independentemente da esco- I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em cola-
larização anterior. boração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui-
Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a ma- ções o ciais do sistema federal de ensino e o dos Territórios;
trícula das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) III - prestar assistência técnica e nanceira aos Es-
anos de idade. tados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o desen-
volvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento
Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo sua função
seguintes condições: redistributiva e supletiva;
I - cumprimento das normas gerais da educação nacional IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Dis-
e do respectivo sistema de ensino;
trito Federal e os Municípios, competências e diretrizes
II - autorização de funcionamento e avaliação de qualida-
para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino
de pelo Poder Público;
médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos míni-
III - capacidade de auto nanciamento, ressalvado o pre-
mos, de modo a assegurar formação básica comum;
visto no art. 213 da Constituição Federal.
IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e procedimen-
Conforme se percebe pelo artigo 4º, divide-se em etapas
tos para identi cação, cadastramento e atendimento, na
a formação escolar, nos seguintes termos:
- A educação básica é obrigatória e gratuita. Envolve a educação básica e na educação superior, de alunos com al-
pré-escola, o ensino fundamental e o ensino médio. A edu- tas habilidades ou superdotação;
cação infantil deve ser garantida próxima à residência. Com V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a
efeito, existe a garantia do direito à creche gratuita. No mais, educação;
pessoas fora da idade escolar que queiram completar seus VI - assegurar processo nacional de avaliação do
estudos têm direito ao ensino fundamental e médio. rendimento escolar no ensino fundamental, médio e supe-
- A educação superior envolve os níveis mais elevados rior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivan-
do ensino, da pesquisa e da criação artística, devendo ser do a de nição de prioridades e a melhoria da qualidade do
acessível conforme a capacidade de cada um. ensino;
- Neste contexto, devem ser assegurados programas su- VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação
plementares de material didático-escolar, transporte, alimen- e pós-graduação;
tação e assistência à saúde. VIII - assegurar processo nacional de avaliação das
O artigo 5º reitera a gratuidade e obrigatoriedade do instituições de educação superior, com a cooperação dos
ensino básico e assegura a possibilidade de se buscar judi- sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de
cialmente a garantia deste direito em caso de negativa pelo ensino;
poder público. Será possível fazê-lo por meio de mandado IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar
de segurança ou ação civil pública. Além da judicialização e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de
para fazer valer o direito na esfera cível, cabe em caso de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de
negligência o acionamento na esfera penal, buscando-se a ensino.
punição por crime de responsabilidade. § 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Na-
Adiante, coloca-se o dever dos pais ou responsáveis efe- cional de Educação, com funções normativas e de supervi-
tuar a matrícula da criança. são e atividade permanente, criado por lei.
Por m, o artigo 7º estabelece a possibilidade do ensino § 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX,
particular, desde que sejam respeitadas as normas da educa- a União terá acesso a todos os dados e informações neces-
ção nacional, autorizado o funcionamento pelo poder público sários de todos os estabelecimentos e órgãos educacionais.
e que tenha possibilidade de se manter independentemente § 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão
de auxílio estatal, embora exista previsão de tais auxílios em ser delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que
circunstâncias determinadas descritas no artigo 213, CF. mantenham instituições de educação superior.

62
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de: V - prover meios para a recuperação dos alunos de
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui- menor rendimento;
ções o ciais dos seus sistemas de ensino; VI - articular-se com as famílias e a comunidade,
II - de nir, com os Municípios, formas de colaboração criando processos de integração da sociedade com a escola;
na oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus
a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo lhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a fre-
com a população a ser atendida e os recursos nanceiros quência e rendimento dos alunos, bem como sobre a exe-
disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público; cução da proposta pedagógica da escola;
III - elaborar e executar políticas e planos educacio- VIII - noti car ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz
nais, em consonância com as diretrizes e planos nacionais competente da Comarca e ao respectivo representante do
de educação, integrando e coordenando as suas ações e as Ministério Público a relação dos alunos que apresentem
dos seus Municípios; quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do
IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e percentual permitido em lei.
avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de edu-
cação superior e os estabelecimentos do seu sistema de en- Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
sino; I - participar da elaboração da proposta pedagógica do
V - baixar normas complementares para o seu sistema estabelecimento de ensino;
de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a
VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem, III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
respeitado o disposto no art. 38 desta Lei; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os
VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede alunos de menor rendimento;
estadual. V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos,
Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as além de participar integralmente dos períodos dedicados ao
planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento pro ssio-
competências referentes aos Estados e aos Municípios.
nal;
VI - colaborar com as atividades de articulação da es-
Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de:
cola com as famílias e a comunidade.
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e insti-
tuições o ciais dos seus sistemas de ensino, integrando-os
Art. 14. Os sistemas de ensino de nirão as normas da
às políticas e planos educacionais da União e dos Estados;
gestão democrática do ensino público na educação bá-
II - exercer ação redistributiva em relação às suas es-
sica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os
colas; seguintes princípios:
III - baixar normas complementares para o seu siste- I - participação dos pro ssionais da educação na elabo-
ma de ensino; ração do projeto pedagógico da escola;
IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabele- II - participação das comunidades escolar e local em
cimentos do seu sistema de ensino; conselhos escolares ou equivalentes.
V - oferecer a educação infantil em creches e pré
-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental, per- Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades
mitida a atuação em outros níveis de ensino somente quan- escolares públicas de educação básica que os integram pro-
do estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua gressivos graus de autonomia pedagógica e administra-
área de competência e com recursos acima dos percentuais tiva e de gestão nanceira, observadas as normas gerais
mínimos vinculados pela Constituição Federal à manuten- de direito nanceiro público.
ção e desenvolvimento do ensino.
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede Art. 16. O sistema federal de ensino compreende:
municipal. I - as instituições de ensino mantidas pela União;
Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, II - as instituições de educação superior criadas e manti-
por se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor das pela iniciativa privada;
com ele um sistema único de educação básica. III - os órgãos federais de educação.

Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Dis-
normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a in- trito Federal compreendem:
cumbência de: I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente,
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal;
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e II - as instituições de educação superior mantidas pelo
nanceiros; Poder Público municipal;
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas III - as instituições de ensino fundamental e médio cria-
-aula estabelecidas; das e mantidas pela iniciativa privada;
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Fede-
cada docente; ral, respectivamente.

63
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de TÍTULO V


educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada, Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino
integram seu sistema de ensino.
CAPÍTULO I
Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem: Da Composição dos Níveis Escolares
I - as instituições do ensino fundamental, médio e de
educação infantil mantidas pelo Poder Público municipal; Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
II - as instituições de educação infantil criadas e manti- I - educação básica, formada pela educação infantil, en-
das pela iniciativa privada; sino fundamental e ensino médio;
II - educação superior.
III - os órgãos municipais de educação.
CAPÍTULO II
Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes ní- DA EDUCAÇÃO BÁSICA
veis classi cam-se nas seguintes categorias administrativas:
I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorpora- Seção I
das, mantidas e administradas pelo Poder Público; Das Disposições Gerais
II - privadas, assim entendidas as mantidas e adminis-
tradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Art. 22. A educação básica tem por nalidades desenvol-
ver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispen-
Art. 20. As instituições privadas de ensino se enqua- sável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para
drarão nas seguintes categorias: progredir no trabalho e em estudos posteriores.
I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as
que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas fí- Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries
sicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem as anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular
características dos incisos abaixo; de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na
II - comunitárias, assim entendidas as que são insti- idade, na competência e em outros critérios, ou por forma di-
tuídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais versa de organização, sempre que o interesse do processo de
pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem aprendizagem assim o recomendar.
§ 1º A escola poderá reclassi car os alunos, inclusi-
ns lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora
ve quando se tratar de transferências entre estabelecimentos
representantes da comunidade;
situados no País e no exterior, tendo como base as normas
III - confessionais, assim entendidas as que são insti- curriculares gerais.
tuídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais § 2º O calendário escolar deverá adequar-se às pecu-
pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e liaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a crité-
ideologia especí cas e ao disposto no inciso anterior; rio do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o
IV - lantrópicas, na forma da lei. número de horas letivas previsto nesta Lei.

A LDB estabelece um regime de colaboração entre as Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e mé-
entidades de ensino nas esferas federativas diversas, no en- dio, será organizada de acordo com as seguintes regras co-
tanto, coloca competência à União de encabeçar e coorde- muns:
nar os sistemas de ensino. Tal papel de liderança, descrito I - a carga horária mínima anual será de oitocentas
no artigo 9º, envolve poderes de regulação e de controle, horas para o ensino fundamental e para o ensino médio, dis-
autorizando funcionamento ou suspendendo-o, realizando tribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho
avaliação constante de desempenho, entre outros deveres. escolar, excluído o tempo reservado aos exames nais, quando
Uma nota interessante é reparar que o artigo 10 esta- houver; ;
belece o dever dos Estados de garantir a educação no en- II - a classi cação em qualquer série ou etapa, exceto a
sino fundamental e priorizar a educação no ensino médio, primeira do ensino fundamental, pode ser feita:
a) por promoção, para alunos que cursaram, com apro-
ao passo que o artigo 11 coloca o dever dos municípios
veitamento, a série ou fase anterior, na própria escola;
de garantir a educação infantil e priorizar a educação fun-
b) por transferência, para candidatos procedentes de ou-
damental. É possível, ainda, integrar educação municipal e tras escolas;
estadual em um sistema único. c) independentemente de escolarização anterior, median-
Quanto às questões pedagógicas e de gestão dos es- te avaliação feita pela escola, que de na o grau de desenvol-
tabelecimentos de ensino, incumbe a eles próprios, em in- vimento e experiência do candidato e permita sua inscrição
tegração com seus docentes. Este processo de interação na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do
entre instituição e docente, bem como destes com a co- respectivo sistema de ensino;
munidade local, é conhecido como gestão democrática. III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regu-
lar por série, o regimento escolar pode admitir formas de pro-
gressão parcial, desde que preservada a sequência do currí-
culo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino;

64
LEGISLAÇÃO BÁSICA

IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alu- § 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões
nos de séries distintas, com níveis equivalentes de adianta- regionais, constituirá componente curricular obrigatório da
mento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, educação básica.
artes, ou outros componentes curriculares; § 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica
V - a veri cação do rendimento escolar observará os se- da escola, é componente curricular obrigatório da educação
guintes critérios: infantil e do ensino fundamental, sendo sua prática facultativa
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho ao aluno:
do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os I - que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os seis horas;
de eventuais provas nais; II - maior de trinta anos de idade;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos III - que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em
com atraso escolar; situação similar, estiver obrigado à prática da educação física;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries me- IV - amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outu-
diante veri cação do aprendizado; bro de 1969;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; V - (VETADO);
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de pre- VI - que tenha prole.
ferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as
rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições contribuições das diferentes culturas e etnias para a forma-
de ensino em seus regimentos; ção do povo brasileiro, especialmente das matrizes indíge-
VI - o controle de frequência ca a cargo da escola, na, africana e europeia.
conforme o disposto no seu regimento e nas normas do res- § 5o No currículo do ensino fundamental, a partir do
pectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de sexto ano, será ofertada a língua inglesa.
setenta e cinco por cento do total de horas letivas para § 6o As artes visuais, a dança, a música e o teatro são
aprovação; as linguagens que constituirão o componente curricular de
VII - cabe a cada instituição de ensino expedir histó- que trata o § 2o deste artigo.
ricos escolares, declarações de conclusão de série e di- § 7º A integralização curricular poderá incluir, a critério
plomas ou certi cados de conclusão de cursos, com as dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os
especi cações cabíveis. temas transversais de que trata o caput.
§ 1º A carga horária mínima anual de que trata o in- § 8º A exibição de lmes de produção nacional cons-
ciso I do caput deverá ser ampliada de forma progressiva, tituirá componente curricular complementar integrado à pro-
no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, devendo posta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória
os sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo de cinco por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais.
anos, pelo menos mil horas anuais de carga horária, a partir § 9o Conteúdos relativos aos direitos humanos e à pre-
de 2 de março de 2017. venção de todas as formas de violência contra a criança e
§ 2º Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de o adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos
educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular, currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo
adequado às condições do educando, conforme o inciso como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
VI do art. 4º. da Criança e do Adolescente), observada a produção e distri-
Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades res- buição de material didático adequado.
ponsáveis alcançar relação adequada entre o número de § 10. A inclusão de novos componentes curriculares de
alunos e o professor, a carga horária e as condições ma- caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular de-
teriais do estabelecimento. penderá de aprovação do Conselho Nacional de Educação e
Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, de homologação pelo Ministro de Estado da Educação.
à vista das condições disponíveis e das características regio-
nais e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental
disposto neste artigo. e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório
o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino § 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo
fundamental e do ensino médio devem ter base nacional incluirá diversos aspectos da história e da cultura que carac-
comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e terizam a formação da população brasileira, a partir desses
em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversi ca- dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África
da, exigida pelas características regionais e locais da socie- e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no
dade, da cultura, da economia e dos educandos. Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio
§ 1º Os currículos a que se refere o caput devem abran- na formação da sociedade nacional, resgatando as suas con-
ger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e tribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes
da matemática, o conhecimento do mundo físico e na- à história do Brasil.
tural e da realidade social e política, especialmente da § 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-bra-
República Federativa do Brasil, observado, na educação in- sileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no
fantil, o disposto no art. 31, no ensino fundamental, o dis- âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de
posto no art. 32, e no ensino médio, o disposto no art. 36. educação artística e de literatura e história brasileiras.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica Seção II


observarão, ainda, as seguintes diretrizes: Da Educação Infantil
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse so-
cial, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação
comum e à ordem democrática; básica, tem como nalidade o desenvolvimento integral da
II - consideração das condições de escolaridade dos criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psico-
lógico, intelectual e social, complementando a ação da família
alunos em cada estabelecimento;
e da comunidade.
III - orientação para o trabalho;
IV - promoção do desporto educacional e apoio às prá- Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
ticas desportivas não-formais. I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até
três anos de idade;
Art. 28. Na oferta de educação básica para a população II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco)
rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações ne- anos de idade.
cessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e
de cada região, especialmente: Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas com as seguintes regras comuns:
às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; I - avaliação mediante acompanhamento e registro do de-
II - organização escolar própria, incluindo adequação do senvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mes-
calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições mo para o acesso ao ensino fundamental;
climáticas; II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas,
distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
educacional;
Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo,
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas
indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada
órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que consi- integral;
derará a justi cativa apresentada pela Secretaria de Educa- IV - controle de frequência pela instituição de educação
ção, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a mani- pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por
festação da comunidade escolar. cento) do total de horas;
V - expedição de documentação que permita atestar os
A educação básica tem por papel a formação da base processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança.
do educado. A educação infantil é ministrada em creches até os 3 anos
Os critérios para mudança de série podem ser promo- de idade e em pré-escolas dos 3 aos 5 anos de idade.
ção (aprovação em etapa anterior), transferência (candida-
tos de outras escolas) e avaliação (análise da experiência e Seção III
Do Ensino Fundamental
desenvolvimento do candidato). O ensino poderá ser ace-
lerado caso necessário. Nas situações de alunos que não
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração
acompanhem seu ritmo, deverá ser garantida recuperação. de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos
Exige-se, além do desempenho, a frequência de 75%, 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do
no mínimo, para aprovação. cidadão, mediante:
O currículo da educação básica segue uma base na- I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
cional comum. Devem abranger língua portuguesa e da como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do
matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e cálculo;
da realidade social e política. A educação física deve ser II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
oferecida obrigatoriamente, mas é facultativa ao aluno em político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fun-
certas situações, como de trabalho, serviço militar, idade damenta a sociedade;
superior a 30 anos. Em respeito ao pluralismo, deve consi- III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
derar as matrizes indígena, africana e europeia como temas tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
transversais. Ainda em tal condição, cabe o aprendizado de formação de atitudes e valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se as-
de todas as formas de violência contra a criança e o ado-
senta a vida social.
lescente. É obrigatório o estudo da história e cultura afro § 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensi-
-brasileira e indígena. Ainda, a educação deve considerar no fundamental em ciclos.
as peculiaridades da zona rural quando nela for ministrada. § 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular
por série podem adotar no ensino fundamental o regime de
progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do proces-
so de ensino-aprendizagem, observadas as normas do res-
pectivo sistema de ensino.

66
LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em III - o aprimoramento do educando como pessoa humana,
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia
utilização de suas línguas maternas e processos próprios de intelectual e do pensamento crítico;
aprendizagem. IV - a compreensão dos fundamentos cientí co-tecnológi-
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensi- cos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prá-
no a distância utilizado como complementação da aprendiza- tica, no ensino de cada disciplina.
gem ou em situações emergenciais.
§ 5º O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigato- Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular de -
riamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos nirá direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio,
adolescentes, tendo como diretriz a Lei nº 8.069, de 13 de conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas
julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adoles- seguintes áreas do conhecimento:
cente, observada a produção e distribuição de material didá- I - linguagens e suas tecnologias;
tico adequado. II - matemática e suas tecnologias;
§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído III - ciências da natureza e suas tecnologias;
como tema transversal nos currículos do ensino fundamental. IV - ciências humanas e sociais aplicadas.
§ 1º A parte diversi cada dos currículos de que trata
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é o caput do art. 26, de nida em cada sistema de ensino, de-
parte integrante da formação básica do cidadão e constitui dis- verá estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricu-
ciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fun- lar e ser articulada a partir do contexto histórico, econômico,
damental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa
social, ambiental e cultural.
do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.
§ 2º A Base Nacional Comum Curricular referente ao
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedi-
ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práti-
mentos para a de nição dos conteúdos do ensino religioso
cas de educação física, arte, sociologia e loso a.
e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos
§ 3º O ensino da língua portuguesa e da matemática
professores.
será obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada
§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, consti-
às comunidades indígenas, também, a utilização das respec-
tuída pelas diferentes denominações religiosas, para a de ni-
tivas línguas maternas.
ção dos conteúdos do ensino religioso.
§ 4º Os currículos do ensino médio incluirão, obriga-
Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá toriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar
pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferen-
aula, sendo progressivamente ampliado o período de perma- cialmente o espanhol, de acordo com a disponibilidade de
nência na escola. oferta, locais e horários de nidos pelos sistemas de ensino.
§ 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das § 5º A carga horária destinada ao cumprimento da Base
formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei. Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil
§ 2º O ensino fundamental será ministrado progressiva- e oitocentas horas do total da carga horária do ensino
mente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino. médio, de acordo com a de nição dos sistemas de ensino.
§ 6º A União estabelecerá os padrões de desempenho
O ensino fundamental inicia-se aos 6 anos de idade e tem esperados para o ensino médio, que serão referência nos
duração de 9 anos. Além de objetivar a alfabetização, também processos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional
incentiva a formação do cidadão, da pessoa em contato com Comum Curricular.
o mundo que o cerca estabelecendo vínculos de solidarieda- § 7º Os currículos do ensino médio deverão considerar
de e amizade. O ensino fundamental deve ser presencial, em a formação integral do aluno, de maneira a adotar um
regra. O ensino religioso é facultativo. A carga horária diária é trabalho voltado para a construção de seu projeto de vida e
de no mínimo 4 horas. para sua formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioe-
mocionais.
Seção IV § 8º Os conteúdos, as metodologias e as formas de
Do Ensino Médio avaliação processual e formativa serão organizados nas re-
des de ensino por meio de atividades teóricas e práticas,
Art. 35. O ensino médio, etapa nal da educação básica, provas orais e escritas, seminários, projetos e atividades
com duração mínima de três anos, terá como nalidades: on-line, de tal forma que ao nal do ensino médio o edu-
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos cando demonstre:
adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prossegui- I - domínio dos princípios cientí cos e tecnológicos que
mento de estudos; presidem a produção moderna;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do II - conhecimento das formas contemporâneas de lin-
educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de guagem.
se adaptar com exibilidade a novas condições de ocupação ou
aperfeiçoamento posteriores;

67
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 36. O currículo do ensino médio será composto I - demonstração prática;


pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerários II - experiência de trabalho supervisionado ou outra ex-
formativos, que deverão ser organizados por meio da ofer- periência adquirida fora do ambiente escolar;
ta de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância III - atividades de educação técnica oferecidas em outras
para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de en- instituições de ensino credenciadas;
sino, a saber: IV - cursos oferecidos por centros ou programas ocupa-
I - linguagens e suas tecnologias; cionais;
II - matemática e suas tecnologias; V - estudos realizados em instituições de ensino nacio-
III - ciências da natureza e suas tecnologias; nais ou estrangeiras;
IV - ciências humanas e sociais aplicadas; VI - cursos realizados por meio de educação a distância
V - formação técnica e pro ssional. ou educação presencial mediada por tecnologias.
§ 1º A organização das áreas de que trata o caput e das § 12. As escolas deverão orientar os alunos no processo
respectivas competências e habilidades será feita de acor- de escolha das áreas de conhecimento ou de atuação pro-
do com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino. ssional previstas no caput.
§ 2º (Revogado)
§ 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá ser A etapa nal do ensino médio tem a duração de três
composto itinerário formativo integrado, que se traduz na anos e busca fornecer a consolidação e o aprofundamento
composição de componentes curriculares da Base Nacio- dos conhecimentos transmitidos no ensino fundamental,
nal Comum Curricular - BNCC e dos itinerários formativos, com a devida atenção a conhecimentos que permitam o
considerando os incisos I a V do caput. ingresso do aluno no ensino universitário e na carreira de
§ 4º (Revogado) trabalho. Neste ponto, a LDB sofreu alterações recentes
§ 5º Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade pela Medida Provisória nº 746/2016, convertida na Lei nº
de vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do en- 13.415, de 2017, que foi alvo de inúmeras críticas, nota-
sino médio cursar mais um itinerário formativo de que trata damente por estabelecer como facultativos conhecimen-
o caput. tos que antes eram tidos como obrigatórios. Para entender
§ 6º A critério dos sistemas de ensino, a oferta de for- melhor esta questão, percebe-se que na verdade a propos-
mação com ênfase técnica e pro ssional considerará: ta é a especi cação de matrizes ainda durante o ensino
I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor médio: o aluno poderá escolher em quais áreas de conheci-
produtivo ou em ambientes de simulação, estabelecendo par- mento pretende se concentrar. Por exemplo, um aluno que
cerias e fazendo uso, quando aplicável, de instrumentos es- não queira se especializar em ciências humanas, não teria
tabelecidos pela legislação sobre aprendizagem pro ssional; a obrigação de cursar matérias como história e geogra a.
II - a possibilidade de concessão de certi cados interme- Um aluno que não tenha interesse em ir para a universida-
diários de quali cação para o trabalho, quando a formação de e já queira ingressar no mercado de trabalho, terá aulas
for estruturada e organizada em etapas com terminalidade. concentradas em formação técnica e pro ssional, apren-
§ 7º A oferta de formações experimentais relacionadas dendo marcenaria, mecânica, administração, entre outras
ao inciso V do caput, em áreas que não constem do Catá- questões. As áreas que podem ser optadas são as seguin-
logo Nacional dos Cursos Técnicos, dependerá, para sua tes: linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tec-
continuidade, do reconhecimento pelo respectivo Conse- nologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências
lho Estadual de Educação, no prazo de três anos, e da inser- humanas e sociais aplicadas; formação técnica e pro ssio-
ção no Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo de nal. As únicas matérias estabelecidas como obrigatórias
cinco anos, contados da data de oferta inicial da formação. são: português, matemática, artes, educação física, loso a
§ 8º A oferta de formação técnica e pro ssional a que e sociologia – estas quatro últimas inicialmente seriam fa-
se refere o inciso V do caput, realizada na própria insti- cultativas, mas devido a pressões sociais foram colocadas
tuição ou em parceria com outras instituições, deverá ser como obrigatórias. Ainda é cedo para dizer se realmente
aprovada previamente pelo Conselho Estadual de Educa- este será o rumo conferido pela reforma, eis que a Base
ção, homologada pelo Secretário Estadual de Educação e Nacional Comum Curricular que detalhará estas questões
certi cada pelos sistemas de ensino. ainda está em discussão.
§ 9º As instituições de ensino emitirão certi cado com
validade nacional, que habilitará o concluinte do ensino Seção IV-A
médio ao prosseguimento dos estudos em nível superior Da Educação Pro ssional Técnica de Nível Médio
ou em outros cursos ou formações para os quais a conclu-
são do ensino médio seja etapa obrigatória. Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste
§ 10. Além das formas de organização previstas no art. Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do edu-
23, o ensino médio poderá ser organizado em módulos e cando, poderá prepará-lo para o exercício de pro ssões
adotar o sistema de créditos com terminalidade especí ca. técnicas.
§ 11. Para efeito de cumprimento das exigências cur- Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho
riculares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão e, facultativamente, a habilitação pro ssional poderão ser
reconhecer competências e rmar convênios com institui- desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino mé-
ções de educação a distância com notório reconhecimento, dio ou em cooperação com instituições especializadas em
mediante as seguintes formas de comprovação: educação pro ssional.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 36-B. A educação pro ssional técnica de nível mé- Seção V


dio será desenvolvida nas seguintes formas: Da Educação de Jovens e Adultos
I - articulada com o ensino médio;
II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada
concluído o ensino médio. àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de es-
Parágrafo único. A educação pro ssional técnica de ní- tudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
vel médio deverá observar: § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente
I - os objetivos e de nições contidos nas diretrizes cur- aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os es-
tudos na idade regular, oportunidades educacionais apro-
riculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de
priadas, consideradas as características do alunado, seus in-
Educação;
teresses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos
II - as normas complementares dos respectivos sistemas
e exames.
de ensino; § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso
III - as exigências de cada instituição de ensino, nos ter- e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações
mos de seu projeto pedagógico. integradas e complementares entre si.
§ 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-se,
Art. 36-C. A educação pro ssional técnica de nível mé- preferencialmente, com a educação pro ssional, na forma
dio articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B do regulamento.
desta Lei, será desenvolvida de forma:
I - integrada, oferecida somente a quem já tenha con- Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames
cluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado de supletivos, que compreenderão a base nacional comum do
modo a conduzir o aluno à habilitação pro ssional técnica currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em ca-
de nível médio, na mesma instituição de ensino, efetuando- ráter regular.
se matrícula única para cada aluno; § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os
médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrículas dis- maiores de quinze anos;
tintas para cada curso, e podendo ocorrer: II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maio-
res de dezoito anos.
a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos
oportunidades educacionais disponíveis;
educandos por meios informais serão aferidos e reconheci-
b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se
dos mediante exames.
as oportunidades educacionais disponíveis;
c) em instituições de ensino distintas, mediante convê- A educação de jovens e adultos objetiva permitir a con-
nios de intercomplementaridade, visando ao planejamento e clusão do ensino fundamental e médio para aqueles que já
ao desenvolvimento de projeto pedagógico uni cado. ultrapassaram a idade regular em que isso deveria ter acon-
tecido.
Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação pro s-
sional técnica de nível médio, quando registrados, terão CAPÍTULO III
validade nacional e habilitarão ao prosseguimento de Da Educação Pro ssional e Tecnológica
estudos na educação superior.
Parágrafo único. Os cursos de educação pro ssional Art. 39. A educação pro ssional e tecnológica, no
técnica de nível médio, nas formas articulada concomitante cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se
e subsequente, quando estruturados e organizados em eta- aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimen-
pas com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certi - sões do trabalho, da ciência e da tecnologia.
cados de quali cação para o trabalho após a conclusão, com § 1º Os cursos de educação pro ssional e tecnológica
aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma quali - poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibili-
tando a construção de diferentes itinerários formativos, ob-
cação para o trabalho.
servadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino.
§ 2º A educação pro ssional e tecnológica abrangerá os
A educação pro ssional e técnica pode se dar durante
seguintes cursos:
o Ensino Médio, notadamente se o estudante zer a op- I – de formação inicial e continuada ou quali cação
ção por esta categoria de ensino (o ensino médio pode pro ssional;
ser voltado à formação técnico-pro ssional, preparando o II – de educação pro ssional técnica de nível médio;
jovem para o ingresso no mercado de trabalho indepen- III – de educação pro ssional tecnológica de gradua-
dentemente de ensino universitário), quanto após o Ensino ção e pós-graduação.
Médio, em instituições próprias de ensino técnico-pro s- § 3º Os cursos de educação pro ssional tecnológica de
sionalizante (neste sentido, há cursos técnicos-pro ssionais graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que con-
com menor duração que os cursos de ensino superior e cerne a objetivos, características e duração, de acordo com
que são equiparados a este). as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conse-
lho Nacional de Educação.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 40. A educação pro ssional será desenvolvida Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes
em articulação com o ensino regular ou por diferentes cursos e programas:
estratégias de educação continuada, em instituições es- I - cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes
pecializadas ou no ambiente de trabalho. níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam
aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino, des-
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação pro s- de que tenham concluído o ensino médio ou equivalente;
sional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser objeto
II - de graduação, abertos a candidatos que tenham
de avaliação, reconhecimento e certi cação para prossegui-
concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido clas-
mento ou conclusão de estudos.
si cados em processo seletivo;
Art. 42. As instituições de educação pro ssional e tec- III - de pós-graduação, compreendendo programas de
nológica, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos mestrado e doutorado, cursos de especialização, aperfeiçoa-
especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula mento e outros, abertos a candidatos diplomados em cursos
à capacidade de aproveitamento e não necessariamente de graduação e que atendam às exigências das instituições
ao nível de escolaridade. de ensino;
IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam
A educação pro ssional e tecnológica pode se dar não aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições
apenas no ensino médio, mas também em instituições pró- de ensino.
prias, que podem conferir inclusive diploma de formação § 1º. Os resultados do processo seletivo referido no
em nível superior. Exemplos: FATEC, SENAI, entre outros. O inciso II do caput deste artigo serão tornados públicos
acesso a este tipo de ensino não necessariamente exige pelas instituições de ensino superior, sendo obrigatória a
conclusão dos níveis prévios de educação, eis que seu prin-
divulgação da relação nominal dos classi cados, a respec-
cipal objetivo não é o ensino de conteúdos típicos, mas sim
a capacitação pro ssional. tiva ordem de classi cação, bem como do cronograma das
chamadas para matrícula, de acordo com os critérios para
CAPÍTULO IV preenchimento das vagas constantes do respectivo edital.
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR § 2º No caso de empate no processo seletivo, as ins-
tituições públicas de ensino superior darão prioridade de
Art. 43. A educação superior tem por nalidade: matrícula ao candidato que comprove ter renda familiar
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento inferior a dez salários mínimos, ou ao de menor renda fa-
do espírito cientí co e do pensamento re exivo; miliar, quando mais de um candidato preencher o critério
II - formar diplomados nas diferentes áreas de co- inicial.
nhecimento, aptos para a inserção em setores pro ssionais § 3º O processo seletivo referido no inciso II considera-
e para a participação no desenvolvimento da sociedade bra- rá as competências e as habilidades de nidas na Base Na-
sileira, e colaborar na sua formação contínua; cional Comum Curricular.
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação
cientí ca, visando o desenvolvimento da ciência e da tec-
nologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, de- Art. 45. A educação superior será ministrada em ins-
senvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; tituições de ensino superior, públicas ou privadas, com
IV - promover a divulgação de conhecimentos cultu- variados graus de abrangência ou especialização.
rais, cientí cos e técnicos que constituem patrimônio da
humanidade e comunicar o saber através do ensino, de pu- Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos,
blicações ou de outras formas de comunicação; bem como o credenciamento de instituições de educa-
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento ção superior, terão prazos limitados, sendo renovados,
cultural e pro ssional e possibilitar a correspondente concre- periodicamente, após processo regular de avaliação.
tização, integrando os conhecimentos que vão sendo adqui- § 1º Após um prazo para saneamento de de ciências
ridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhe- eventualmente identi cadas pela avaliação a que se refere
cimento de cada geração; este artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar, con-
VI - estimular o conhecimento dos problemas do forme o caso, em desativação de cursos e habilitações, em
mundo presente, em particular os nacionais e regionais,
intervenção na instituição, em suspensão temporária de
prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer
prerrogativas da autonomia, ou em descredenciamento.
com esta uma relação de reciprocidade;
VII - promover a extensão, aberta à participação da § 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo
população, visando à difusão das conquistas e benefícios re- responsável por sua manutenção acompanhará o processo
sultantes da criação cultural e da pesquisa cientí ca e tecno- de saneamento e fornecerá recursos adicionais, se necessá-
lógica geradas na instituição. rios, para a superação das de ciências.
VIII - atuar em favor da universalização e do aprimo-
ramento da educação básica, mediante a formação e a Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, in-
capacitação de pro ssionais, a realização de pesquisas pe- dependente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de
dagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado
que aproximem os dois níveis escolares. aos exames nais, quando houver.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 1º As instituições informarão aos interessados, antes Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconheci-
de cada período letivo, os programas dos cursos e demais dos, quando registrados, terão validade nacional como
componentes curriculares, sua duração, requisitos, quali - prova da formação recebida por seu titular.
cação dos professores, recursos disponíveis e critérios de § 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão
avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condi- por elas próprias registrados, e aqueles conferidos por ins-
ções, e a publicação deve ser feita, sendo as 3 (três) primei- tituições não-universitárias serão registrados em universi-
ras formas concomitantemente: dades indicadas pelo Conselho Nacional de Educação.
I - em página especí ca na internet no sítio eletrônico § 2º Os diplomas de graduação expedidos por univer-
o cial da instituição de ensino superior, obedecido o seguinte: sidades estrangeiras serão revalidados por universidades
a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter como públicas que tenham curso do mesmo nível e área ou equi-
título “Grade e Corpo Docente”; valente, respeitando-se os acordos internacionais de reci-
b) a página principal da instituição de ensino superior, procidade ou equiparação.
bem como a página da oferta de seus cursos aos ingressan- § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expe-
tes sob a forma de vestibulares, processo seletivo e outras didos por universidades estrangeiras só poderão ser reco-
com a mesma nalidade, deve conter a ligação desta com a nhecidos por universidades que possuam cursos de pós-
página especí ca prevista neste inciso; graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de
c) caso a instituição de ensino superior não possua sítio conhecimento e em nível equivalente ou superior.
eletrônico, deve criar página especí ca para divulgação das
informações de que trata esta Lei; Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão
d) a página especí ca deve conter a data completa de a transferência de alunos regulares, para cursos a ns, na
sua última atualização; hipótese de existência de vagas, e mediante processo sele-
II - em toda propaganda eletrônica da instituição de en- tivo.
sino superior, por meio de ligação para a página referida no Parágrafo único. As transferências ex o cio dar-se-ão
inciso I; na forma da lei.
III - em local visível da instituição de ensino superior e de
Art. 50. As instituições de educação superior, quando
fácil acesso ao público;
da ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas
IV - deve ser atualizada semestralmente ou anualmente,
de seus cursos a alunos não regulares que demonstrarem
de acordo com a duração das disciplinas de cada curso ofe-
capacidade de cursá-las com proveito, mediante processo
recido, observando o seguinte:
seletivo prévio.
a) caso o curso mantenha disciplinas com duração dife-
renciada, a publicação deve ser semestral;
Art. 51. As instituições de educação superior credencia-
b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do das como universidades, ao deliberar sobre critérios e nor-
início das aulas; mas de seleção e admissão de estudantes, levarão em conta
c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo os efeitos desses critérios sobre a orientação do ensino mé-
docente até o início das aulas, os alunos devem ser comuni- dio, articulando-se com os órgãos normativos dos sistemas
cados sobre as alterações; de ensino.
V - deve conter as seguintes informações:
a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição Art. 52. As universidades são instituições pluridiscipli-
de ensino superior; nares de formação dos quadros pro ssionais de nível supe-
b) a lista das disciplinas que compõem a grade curricular rior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do
de cada curso e as respectivas cargas horárias; saber humano, que se caracterizam por:
c) a identi cação dos docentes que ministrarão as aulas I - produção intelectual institucionalizada mediante
em cada curso, as disciplinas que efetivamente ministrará o estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes,
naquele curso ou cursos, sua titulação, abrangendo a quali - tanto do ponto de vista cientí co e cultural, quanto regional
cação pro ssional do docente e o tempo de casa do docente, e nacional;
de forma total, contínua ou intermitente. II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titu-
§ 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveita- lação acadêmica de mestrado ou doutorado;
mento nos estudos, demonstrado por meio de provas e III - um terço do corpo docente em regime de tempo
outros instrumentos de avaliação especí cos, aplicados integral.
por banca examinadora especial, poderão ter abreviada a Parágrafo único. É facultada a criação de universidades
duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos especializadas por campo do saber.
sistemas de ensino.
§ 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores, Art. 53. No exercício de sua autonomia, são assegura-
salvo nos programas de educação a distância. das às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes
§ 4º As instituições de educação superior oferecerão, atribuições:
no período noturno, cursos de graduação nos mesmos I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e
padrões de qualidade mantidos no período diurno, sendo programas de educação superior previstos nesta Lei, obede-
obrigatória a oferta noturna nas instituições públicas, ga- cendo às normas gerais da União e, quando for o caso, do
rantida a necessária previsão orçamentária. respectivo sistema de ensino;

71
LEGISLAÇÃO BÁSICA

II - xar os currículos dos seus cursos e programas, ob- § 2º Atribuições de autonomia universitária poderão
servadas as diretrizes gerais pertinentes; ser estendidas a instituições que comprovem alta quali ca-
III - estabelecer planos, programas e projetos de pesqui- ção para o ensino ou para a pesquisa, com base em avalia-
sa cientí ca, produção artística e atividades de extensão; ção realizada pelo Poder Público.
IV - xar o número de vagas de acordo com a capacida-
de institucional e as exigências do seu meio; Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu
V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos Orçamento Geral, recursos su cientes para manutenção e
em consonância com as normas gerais atinentes; desenvolvimento das instituições de educação superior por
VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; ela mantidas.
VII - rmar contratos, acordos e convênios;
VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos Art. 56. As instituições públicas de educação superior
de investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegu-
geral, bem como administrar rendimentos conforme dispo- rada a existência de órgãos colegiados deliberativos, de
sitivos institucionais; que participarão os segmentos da comunidade institucional,
IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma local e regional.
prevista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos es- Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocupa-
tatutos; rão setenta por cento dos assentos em cada órgão colegiado
X - receber subvenções, doações, heranças, legados e e comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração e mo-
cooperação nanceira resultante de convênios com entida- di cações estatutárias e regimentais, bem como da escolha
des públicas e privadas. de dirigentes.
Parágrafo único. Para garantir a autonomia didático-
cientí ca das universidades, caberá aos seus colegiados de Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior,
ensino e pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários o professor cará obrigado ao mínimo de oito horas sema-
disponíveis, sobre: nais de aulas.
I - criação, expansão, modi cação e extinção de cursos;
II - ampliação e diminuição de vagas;
A educação superior se funda no tripé: ensino, pesqui-
III - elaboração da programação dos cursos;
sa e extensão. No viés do ensino, objetiva-se propiciar o
IV - programação das pesquisas e das atividades de ex-
acesso ao conhecimento técnico e cientí co, tanto dentro
tensão;
do ambiente acadêmico quanto fora dele; no aspecto pes-
V - contratação e dispensa de professores;
quisa, busca-se desenvolver os conhecimentos já existen-
VI - planos de carreira docente.
tes; no aspecto extensão, pretende-se atingir a comunida-
de por meio de atividades que possam ir além dos ambien-
Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público
gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial tes acadêmicos, inserindo-se no cotidiano da vida social.
para atender às peculiaridades de sua estrutura, organiza- Classicamente, a educação superior se dá nos níveis de
ção e nanciamento pelo Poder Público, assim como dos graduação, cujo acesso se dá por meio dos vestibulares, e
seus planos de carreira e do regime jurídico do seu pessoal. pós-graduação, cujo acesso também se dá por processos
§ 1º No exercício da sua autonomia, além das atribui- seletivos próprios, funcionando como complementação
ções asseguradas pelo artigo anterior, as universidades pú- ao ensino superior. Entretanto, o ensino superior também
blicas poderão: pode se dar em cursos sequenciais e em cursos de exten-
I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e são, de menor duração e complexidade.
administrativo, assim como um plano de cargos e salários, O ensino superior pode ser ministrado em instituições
atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos dispo- públicas ou privadas. Independentemente da natureza da
níveis; instituição, é necessário respeitar as regras mínimas sobre
II - elaborar o regulamento de seu pessoal em conformi- duração do ano letivo, programas de curso, componentes
dade com as normas gerais concernentes; curriculares, etc.
III - aprovar e executar planos, programas e projetos de O diploma faz prova da formação.
investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em É possível a transferência entre instituições. A transfe-
geral, de acordo com os recursos alocados pelo respectivo rência a pedido está condicionada a número de vagas e a
Poder mantenedor; processo seletivo. As transferências de ofício se sujeitam a
IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais; critérios próprios. Um exemplo de transferência de ofício
V - adotar regime nanceiro e contábil que atenda às se dá no caso de remoção de servidor público de ofício no
suas peculiaridades de organização e funcionamento; interesse da Administração (caso o servidor ou seu depen-
VI - realizar operações de crédito ou de nanciamen- dente estude em instituição pública na cidade onde estava
to, com aprovação do Poder competente, para aquisição de lotado, tem o direito de ser transferido para a instituição
bens imóveis, instalações e equipamentos; pública da nova lotação).
VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras É possível que uma pessoa assista aulas nas instituições
providências de ordem orçamentária, nanceira e patrimo- públicas independentemente de vínculo com o curso, des-
nial necessárias ao seu bom desempenho. de que haja vagas disponíveis.

72
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Para propiciar o desenvolvimento institucional, exige- Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro na-
se que pelo menos 1/3 do corpo docente da instituição cional de alunos com altas habilidades ou superdotação
possua mestrado ou doutorado, bem como que 1/3 do matriculados na educação básica e na educação superior, a
corpo docente se dedique exclusivamente à docência. m de fomentar a execução de políticas públicas destinadas
Em que pesem as regras mínimas acerca do ensino su- ao desenvolvimento pleno das potencialidades desse aluna-
perior, as instituições de ensino superior são dotadas de do.
autonomia para se organizarem. Parágrafo único. A identi cação precoce de alunos com
As universidades públicas gozam de estatuto jurídico altas habilidades ou superdotação, os critérios e procedi-
especial. mentos para inclusão no cadastro referido no caput deste
As instituições públicas devem obedecer ao princípio artigo, as entidades responsáveis pelo cadastramento, os
da gestão democrática, assegurado pela existência de ór- mecanismos de acesso aos dados do cadastro e as políticas
gãos colegiados deliberativos que mesclem membros da de desenvolvimento das potencialidades do alunado de que
comunidade, do corpo docente e do corpo discente. trata o caput serão de nidos em regulamento.

CAPÍTULO V Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino


DA EDUCAÇÃO ESPECIAL estabelecerão critérios de caracterização das instituições
privadas sem ns lucrativos, especializadas e com atuação
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efei- exclusiva em educação especial, para ns de apoio técnico e
tos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida nanceiro pelo Poder Público.
preferencialmente na rede regular de ensino, para educan- Parágrafo único. O poder público adotará, como alter-
dos com de ciência, transtornos globais do desenvolvi- nativa preferencial, a ampliação do atendimento aos edu-
mento e altas habilidades ou superdotação. candos com de ciência, transtornos globais do desenvolvi-
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio es- mento e altas habilidades ou superdotação na própria rede
pecializado, na escola regular, para atender às peculiarida- pública regular de ensino, independentemente do apoio às
des da clientela de educação especial. instituições previstas neste artigo.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes,
escolas ou serviços especializados, sempre que, em função A educação especial volta-se a educandos com de-
das condições especí cas dos alunos, não for possível a sua ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
integração nas classes comuns de ensino regular. habilidades ou superdotação. Para que ela seja efetivada,
§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucio- exige-se a especialização das instituições de ensino e de
nal do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, seus pro ssionais.
durante a educação infantil.
TÍTULO VI
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educan- Dos Pro ssionais da Educação
dos com de ciência, transtornos globais do desenvolvimento
e altas habilidades ou superdotação: Art. 61. Consideram-se pro ssionais da educação
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e
e organização especí cos, para atender às suas necessidades; tendo sido formados em cursos reconhecidos, são:
II - terminalidade especí ca para aqueles que não I – professores habilitados em nível médio ou supe-
puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino rior para a docência na educação infantil e nos ensinos
fundamental, em virtude de suas de ciências, e aceleração fundamental e médio;
para concluir em menor tempo o programa escolar para os II – trabalhadores em educação portadores de di-
superdotados; ploma de pedagogia, com habilitação em administração,
III - professores com especialização adequada em ní- planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacio-
vel médio ou superior, para atendimento especializado, bem nal, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas
como professores do ensino regular capacitados para a inte- mesmas áreas;
gração desses educandos nas classes comuns; III - trabalhadores em educação, portadores de diplo-
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua ma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou
efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições a m; e
adequadas para os que não revelarem capacidade de inser- IV - pro ssionais com notório saber reconhecido pelos
ção no trabalho competitivo, mediante articulação com os respectivos sistemas de ensino para ministrar conteú-
órgãos o ciais a ns, bem como para aqueles que apresen- dos de áreas a ns à sua formação para atender o dispos-
tam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual to no inciso V do caput do art. 36.
ou psicomotora; Parágrafo único. A formação dos pro ssionais da edu-
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas cação, de modo a atender às especi cidades do exercício
sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes
ensino regular. etapas e modalidades da educação básica, terá como fun-
damentos:

73
LEGISLAÇÃO BÁSICA

I – a presença de sólida formação básica, que propi- Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada
cie o conhecimento dos fundamentos cientí cos e sociais de para os pro ssionais a que se refere o caput, no local de tra-
suas competências de trabalho; balho ou em instituições de educação básica e superior, in-
II – a associação entre teorias e práticas, mediante cluindo cursos de educação pro ssional, cursos superiores de
estágios supervisionados e capacitação em serviço; graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação.
III – o aproveitamento da formação e experiências
anteriores, em instituições de ensino e em outras atividades. Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão:
IV - pro ssionais com notório saber reconhecido pe- I - cursos formadores de pro ssionais para a educa-
los respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos ção básica, inclusive o curso normal superior, destinado à
de áreas a ns à sua formação ou experiência pro ssional, formação de docentes para a educação infantil e para as pri-
atestados por titulação especí ca ou prática de ensino em meiras séries do ensino fundamental;
unidades educacionais da rede pública ou privada ou das II - programas de formação pedagógica para portado-
res de diplomas de educação superior que queiram se dedicar
corporações privadas em que tenham atuado, exclusivamen-
à educação básica;
te para atender ao inciso V do caput do art. 36;
III - programas de educação continuada para os pro-
V - pro ssionais graduados que tenham feito com-
ssionais de educação dos diversos níveis.
plementação pedagógica, conforme disposto pelo Conse-
lho Nacional de Educação. Art. 64. A formação de pro ssionais de educação para
administração, planejamento, inspeção, supervisão e orienta-
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educa- ção educacional para a educação básica, será feita em cursos
ção básica far-se-á em nível superior, em curso de licencia- de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação,
tura plena, admitida, como formação mínima para o exercí- a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação,
cio do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros a base comum nacional.
anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na
modalidade normal. Art. 65. A formação docente, exceto para a educação
§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu- superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas
nicípios, em regime de colaboração, deverão promover a horas.
formação inicial, a continuada e a capacitação dos pro s-
sionais de magistério. Art. 66. A preparação para o exercício do magistério
§ 2º A formação continuada e a capacitação dos pro- superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritaria-
ssionais de magistério poderão utilizar recursos e tecno- mente em programas de mestrado e doutorado.
logias de educação a distância. Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por uni-
§ 3º A formação inicial de pro ssionais de magisté- versidade com curso de doutorado em área a m, poderá su-
rio dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamente prir a exigência de título acadêmico.
fazendo uso de recursos e tecnologias de educação a dis-
tância. Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valori-
§ 4º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu- zação dos pro ssionais da educação, assegurando-lhes,
nicípios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira
permanência em cursos de formação de docentes em nível do magistério público:
superior para atuar na educação básica pública. I - ingresso exclusivamente por concurso público de pro-
vas e títulos;
§ 5º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu-
II - aperfeiçoamento pro ssional continuado, inclusive
nicípios incentivarão a formação de pro ssionais do ma-
com licenciamento periódico remunerado para esse m;
gistério para atuar na educação básica pública mediante
III - piso salarial pro ssional;
programa institucional de bolsa de iniciação à docência a
IV - progressão funcional baseada na titulação ou habili-
estudantes matriculados em cursos de licenciatura, de gra- tação, e na avaliação do desempenho;
duação plena, nas instituições de educação superior. V - período reservado a estudos, planejamento e avalia-
§ 6º O Ministério da Educação poderá estabelecer ção, incluído na carga de trabalho;
nota mínima em exame nacional aplicado aos concluintes VI - condições adequadas de trabalho.
do ensino médio como pré-requisito para o ingresso em § 1º A experiência docente é pré-requisito para o exercí-
cursos de graduação para formação de docentes, ouvido o cio pro ssional de quaisquer outras funções de magistério,
Conselho Nacional de Educação - CNE. nos termos das normas de cada sistema de ensino.
§ 7º (VETADO). § 2º Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no
§ 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes § 8º do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas
terão por referência a Base Nacional Comum Curricular. funções de magistério as exercidas por professores e espe-
cialistas em educação no desempenho de atividades edu-
Art. 62-A. A formação dos pro ssionais a que se refere o cativas, quando exercidas em estabelecimento de educação
inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de conteúdo básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas,
técnico-pedagógico, em nível médio ou superior, incluindo além do exercício da docência, as de direção de unidade
habilitações tecnológicas. escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico.

74
LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 3º A União prestará assistência técnica aos Estados, I - recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de
ao Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de con- cada mês, até o vigésimo dia;
cursos públicos para provimento de cargos dos pro ssio- II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigési-
nais da educação. mo dia de cada mês, até o trigésimo dia;
III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao
Os pro ssionais da educação devem possuir formação nal de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente.
especí ca, notadamente possuir habilitação para a docên- § 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a cor-
cia, que pode se dar pelas licenciaturas e magistérios em reção monetária e à responsabilização civil e criminal das
geral, bem como pela pedagogia, ou ainda por formação e
autoridades competentes.
área a m que habilite para o ensino de matérias especí cas
(ex.: pro ssional do Direito pode lecionar português, loso-
Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e
a e sociologia). Além disso, devem possuir experiência em
atividades de ensino. Quanto ao ensino superior, exige-se desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com
pós-graduação, que pode ser uma simples especialização, vistas à consecução dos objetivos básicos das instituições
embora deva preferencialmente se possuir mestrado ou educacionais de todos os níveis, compreendendo as que se
doutorado. No âmbito do ensino público, exige-se valori- destinam a:
zação do pro ssional, criando-se plano de carreira e aper- I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e
feiçoando-se as condições de trabalho. demais pro ssionais da educação;
II - aquisição, manutenção, construção e conservação de
TÍTULO VII instalações e equipamentos necessários ao ensino;
Dos Recursos nanceiros III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao
ensino;
Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educa- IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas vi-
ção os originários de: sando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à
I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do expansão do ensino;
Distrito Federal e dos Municípios; V - realização de atividades-meio necessárias ao funcio-
II - receita de transferências constitucionais e outras namento dos sistemas de ensino;
transferências;
VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas
III - receita do salário-educação e de outras contribui-
públicas e privadas;
ções sociais;
VII - amortização e custeio de operações de crédito des-
IV - receita de incentivos scais;
V - outros recursos previstos em lei. tinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo;
VIII - aquisição de material didático-escolar e manuten-
Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos ção de programas de transporte escolar.
de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
vinte e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e
Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com:
impostos, compreendidas as transferências constitucionais, I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de en-
na manutenção e desenvolvimento do ensino público. sino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino, que
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua qualida-
pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí- de ou à sua expansão;
pios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não será II - subvenção a instituições públicas ou privadas de ca-
considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, ráter assistencial, desportivo ou cultural;
receita do governo que a transferir. III - formação de quadros especiais para a administração
§ 2º Serão consideradas excluídas das receitas de im- pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos;
postos mencionadas neste artigo as operações de crédito IV - programas suplementares de alimentação, assistên-
por antecipação de receita orçamentária de impostos.
cia médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e ou-
§ 3º Para xação inicial dos valores correspondentes
tras formas de assistência social;
aos mínimos estatuídos neste artigo, será considerada a re-
V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para
ceita estimada na lei do orçamento anual, ajustada, quan-
do for o caso, por lei que autorizar a abertura de créditos bene ciar direta ou indiretamente a rede escolar;
adicionais, com base no eventual excesso de arrecadação. VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educa-
§ 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas ção, quando em desvio de função ou em atividade alheia à
e as efetivamente realizadas, que resultem no não atendi- manutenção e desenvolvimento do ensino.
mento dos percentuais mínimos obrigatórios, serão apu-
radas e corrigidas a cada trimestre do exercício nanceiro. Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e de-
§ 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do senvolvimento do ensino serão apuradas e publicadas nos
caixa da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- balanços do Poder Público, assim como nos relatórios a que
nicípios ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela se refere o § 3º do art. 165 da Constituição Federal.
educação, observados os seguintes prazos:

75
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 73. Os órgãos scalizadores examinarão, prioritaria- § 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser
mente, na prestação de contas de recursos públicos, o cum- destinados a bolsas de estudo para a educação básica, na
primento do disposto no art. 212 da Constituição Federal, no forma da lei, para os que demonstrarem insu ciência de re-
art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e cursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da
na legislação concernente. rede pública de domicílio do educando, cando o Poder Pú-
blico obrigado a investir prioritariamente na expansão da sua
Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Dis- rede local.
trito Federal e os Municípios, estabelecerá padrão mínimo § 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão
de oportunidades educacionais para o ensino fundamen- poderão receber apoio nanceiro do Poder Público, inclusive
tal, baseado no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de mediante bolsas de estudo.
assegurar ensino de qualidade.
Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este ar- No aspecto orçamentário, merece destaque a exigên-
tigo será calculado pela União ao nal de cada ano, com cia de dedicação de parcela mínima dos impostos da União
validade para o ano subsequente, considerando variações (18%) e dos Estados e Distrito Federal (25%) voltada à edu-
regionais no custo dos insumos e as diversas modalidades cação. Ainda, coloca-se o papel de suplementação e redistri-
de ensino. buição da União em relação aos Estados e Municípios e dos
Estados com relação aos Municípios, repassando-se verbas
Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e para permitir que estas unidades federativas consigam lograr
dos Estados será exercida de modo a corrigir, progressiva- êxito em oferecer parâmetro mínimo de qualidade no ensino
mente, as disparidades de acesso e garantir o padrão mí- que é de sua incumbência.
nimo de qualidade de ensino.
§ 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a TÍTULO VIII
fórmula de domínio público que inclua a capacidade de Das Disposições Gerais
atendimento e a medida do esforço scal do respectivo
Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração
Estado, do Distrito Federal ou do Município em favor da
das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos
manutenção e do desenvolvimento do ensino.
índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pesqui-
§ 2º A capacidade de atendimento de cada governo
sa, para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural
será de nida pela razão entre os recursos de uso constitu-
aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:
cionalmente obrigatório na manutenção e desenvolvimen-
I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a
to do ensino e o custo anual do aluno, relativo ao padrão
recuperação de suas memórias históricas; a rea rmação de
mínimo de qualidade.
suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciên-
§ 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e cias;
2º, a União poderá fazer a transferência direta de recursos II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o aces-
a cada estabelecimento de ensino, considerado o número so às informações, conhecimentos técnicos e cientí cos da so-
de alunos que efetivamente frequentam a escola. ciedade nacional e demais sociedades indígenas e não-índias.
§ 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser
exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e dos Art. 79. A União apoiará técnica e nanceiramente os sis-
Municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensino temas de ensino no provimento da educação intercultural às
de sua responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10 comunidades indígenas, desenvolvendo programas integra-
e o inciso V do art. 11 desta Lei, em número inferior à sua dos de ensino e pesquisa.
capacidade de atendimento. § 1º Os programas serão planejados com audiência das
comunidades indígenas.
Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no § 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos
artigo anterior cará condicionada ao efetivo cumprimento nos Planos Nacionais de Educação, terão os seguintes obje-
pelos Estados, Distrito Federal e Municípios do disposto nesta tivos:
Lei, sem prejuízo de outras prescrições legais. I - fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna
de cada comunidade indígena;
Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às esco- II - manter programas de formação de pessoal especializa-
las públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, do, destinado à educação escolar nas comunidades indígenas;
confessionais ou lantrópicas que: III - desenvolver currículos e programas especí cos, neles
I - comprovem nalidade não-lucrativa e não distri- incluindo os conteúdos culturais correspondentes às respecti-
buam resultados, dividendos, boni cações, participações ou vas comunidades;
parcela de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto; IV - elaborar e publicar sistematicamente material didáti-
II - apliquem seus excedentes nanceiros em educação; co especí co e diferenciado.
III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra § 3º No que se refere à educação superior, sem prejuízo
escola comunitária, lantrópica ou confessional, ou ao Poder de outras ações, o atendimento aos povos indígenas efetivar-
Público, no caso de encerramento de suas atividades; se-á, nas universidades públicas e privadas, mediante a oferta
IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos rece- de ensino e de assistência estudantil, assim como de estímu-
bidos. lo à pesquisa e desenvolvimento de programas especiais.

76
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 79-A. (VETADO). TÍTULO IX


Das Disposições Transitórias
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de no-
vembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’. Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se
um ano a partir da publicação desta Lei.
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvi- § 1º A União, no prazo de um ano a partir da publica-
mento e a veiculação de programas de ensino a distân- ção desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Pla-
cia, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de no Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os
educação continuada.
dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial
§ 1º A educação a distância, organizada com abertura
sobre Educação para Todos.
e regime especiais, será oferecida por instituições especi ca-
§ 2º (Revogado).
mente credenciadas pela União.
§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realiza- § 3º O Distrito Federal, cada Estado e Município, e, su-
ção de exames e registro de diploma relativos a cursos de pletivamente, a União, devem:
educação a distância. I - (Revogado).
§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e
programas de educação a distância e a autorização para adultos insu cientemente escolarizados;
sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de III - realizar programas de capacitação para todos os
ensino, podendo haver cooperação e integração entre os professores em exercício, utilizando também, para isto, os
diferentes sistemas. recursos da educação a distância;
§ 4º A educação a distância gozará de tratamento IV - integrar todos os estabelecimentos de ensino funda-
diferenciado, que incluirá: mental do seu território ao sistema nacional de avaliação do
I - custos de transmissão reduzidos em canais comer- rendimento escolar.
ciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros § 4º (Revogado).
meios de comunicação que sejam explorados mediante au- § 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando a
torização, concessão ou permissão do poder público; progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino
II - concessão de canais com nalidades exclusivamente fundamental para o regime de escolas de tempo integral.
educativas;
§ 6º A assistência nanceira da União aos Estados, ao
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder
Distrito Federal e aos Municípios, bem como a dos Estados
Público, pelos concessionários de canais comerciais.
aos seus Municípios, cam condicionadas ao cumprimen-
Art. 81. É permitida a organização de cursos ou insti- to do art. 212 da Constituição Federal e dispositivos legais
tuições de ensino experimentais, desde que obedecidas as pertinentes pelos governos bene ciados.
disposições desta Lei.
Art. 87-A. (VETADO).
Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas
de realização de estágio em sua jurisdição, observada a lei Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
federal sobre a matéria. nicípios adaptarão sua legislação educacional e de ensino às
disposições desta Lei no prazo máximo de um ano, a partir
Art. 83. O ensino militar é regulado em lei especí ca, da data de sua publicação.
admitida a equivalência de estudos, de acordo com as nor- § 1º As instituições educacionais adaptarão seus esta-
mas xadas pelos sistemas de ensino. tutos e regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas
dos respectivos sistemas de ensino, nos prazos por estes
Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser estabelecidos.
aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas respecti- § 2º O prazo para que as universidades cumpram o dis-
vas instituições, exercendo funções de monitoria, de acordo posto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos.
com seu rendimento e seu plano de estudos.
Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que ve-
Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titula-
nham a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar
ção própria poderá exigir a abertura de concurso públi-
co de provas e títulos para cargo de docente de instituição da publicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de
pública de ensino que estiver sendo ocupado por professor ensino.
não concursado, por mais de seis anos, ressalvados os direi-
tos assegurados pelos arts. 41 da Constituição Federal e 19 Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o re-
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. gime anterior e o que se institui nesta Lei serão resolvidas
pelo Conselho Nacional de Educação ou, mediante delega-
Art. 86. As instituições de educação superior constituídas ção deste, pelos órgãos normativos dos sistemas de ensino,
como universidades integrar-se-ão, também, na sua condi- preservada a autonomia universitária.
ção de instituições de pesquisa, ao Sistema Nacional de
Ciência e Tecnologia, nos termos da legislação especí ca.

77
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. II - estimular a re exão crítica e propositiva que deve
subsidiar a formulação, a execução e a avaliação do projeto
Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024, político-pedagógico da escola de Educação Básica;
de 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novembro de III - orientar os cursos de formação inicial e continua-
1968, não alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24 de novembro da de docentes e demais pro ssionais da Educação Básica,
de 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, ainda, as Leis os sistemas educativos dos diferentes entes federados e
nºs 5.692, de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18 de outubro as escolas que os integram, indistintamente da rede a que
de 1982, e as demais leis e decretos-lei que as modi caram e pertençam.
quaisquer outras disposições em contrário. Art. 3º As Diretrizes Curriculares Nacionais especí cas
para as etapas e modalidades da Educação Básica devem
evidenciar o seu papel de indicador de opções políticas,
2. DIRETRIZES CURRICULARES sociais, culturais, educacionais, e a função da educação,
NACIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA. na sua relação com um projeto de Nação, tendo como re-
ferência os objetivos constitucionais, fundamentando-se
na cidadania e na dignidade da pessoa, o que pressupõe
igualdade, liberdade, pluralidade, diversidade, respeito,
RESOLUÇÃO Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010 justiça social, solidariedade e sustentabilidade.

De ne Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a TÍTULO II


Educação Básica. REFERÊNCIAS CONCEITUAIS

O Presidente da Câmara de Educação Básica do Con- Art. 4º As bases que dão sustentação ao projeto nacio-
selho Nacional de Educação, no uso de suas atribuições nal de educação responsabilizam o poder público, a família,
legais, e de conformidade com o disposto na alínea “c” do a sociedade e a escola pela garantia a todos os educandos
§ 1º do artigo 9º da Lei nº 4.024/1961, com a redação dada de um ensino ministrado de acordo com os princípios de:
pela Lei nº 9.131/1995, nos artigos 36, 36-A, 36-B, 36-C, I - igualdade de condições para o acesso, inclusão, per-
36-D, 37, 39, 40, 41 e 42 da Lei nº 9.394/1996, com a reda- manência e sucesso na escola;
ção dada pela Lei nº 11.741/2008, bem como no Decreto II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
nº 5.154/2004, e com fundamento no Parecer CNE/CEB nº a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
7/2010, homologado por Despacho do Senhor Ministro de III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
Estado da Educação, publicado no DOU de 9 de julho de IV - respeito à liberdade e aos direitos;
2010. V - coexistência de instituições públicas e privadas de
RESOLVE: ensino;
Art. 1º A presente Resolução de ne Diretrizes Curricu- VI - gratuidade do ensino público em estabelecimen-
lares Nacionais Gerais para o conjunto orgânico, sequencial tos o ciais;
e articulado das etapas e modalidades da Educação Básica, VII - valorização do pro ssional da educação escolar;
baseando-se no direito de toda pessoa ao seu pleno de- VIII - gestão democrática do ensino público, na forma
senvolvimento, à preparação para o exercício da cidadania da legislação e das normas dos respectivos sistemas de en-
e à quali cação para o trabalho, na vivência e convivên- sino;
cia em ambiente educativo, e tendo como fundamento IX - garantia de padrão de qualidade;
a responsabilidade que o Estado brasileiro, a família e a
X - valorização da experiência extraescolar;
sociedade têm de garantir a democratização do acesso, a
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e
inclusão, a permanência e a conclusão com sucesso das
as práticas sociais.
crianças, dos jovens e adultos na instituição educacional, a
Art. 5º A Educação Básica é direito universal e alicerce
aprendizagem para continuidade dos estudos e a extensão
da obrigatoriedade e da gratuidade da Educação Básica. indispensável para o exercício da cidadania em plenitude,
da qual depende a possibilidade de conquistar todos os
TÍTULO I demais direitos, de nidos na Constituição Federal, no Es-
OBJETIVOS tatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na legislação
ordinária e nas demais disposições que consagram as prer-
Art. 2º Estas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais rogativas do cidadão.
para a Educação Básica têm por objetivos: Art. 6º Na Educação Básica, é necessário considerar as
I - sistematizar os princípios e as diretrizes gerais da dimensões do educar e do cuidar, em sua inseparabilida-
Educação Básica contidos na Constituição, na Lei de Diretri- de, buscando recuperar, para a função social desse nível da
zes e Bases da Educação Nacional (LDB) e demais disposi- educação, a sua centralidade, que é o educando, pessoa
tivos legais, traduzindo-os em orientações que contribuam em formação na sua essência humana.
para assegurar a formação básica comum nacional, tendo
como foco os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola;

78
LEGISLAÇÃO BÁSICA

TÍTULO III VIII - valorização dos pro ssionais da educação, com pro-
SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO grama de formação continuada, critérios de acesso, perma-
nência, remuneração compatível com a jornada de trabalho
Art. 7º A concepção de educação deve orientar a ins- de nida no projeto político-pedagógico;
titucionalização do regime de colaboração entre União, IX - realização de parceria com órgãos, tais como os de
Estados, Distrito Federal e Municípios, no contexto da es- assistência social e desenvolvimento humano, cidadania, ciên-
trutura federativa brasileira, em que convivem sistemas cia e tecnologia, esporte, turismo, cultura e arte, saúde, meio
educacionais autônomos, para assegurar efetividade ao ambiente.
projeto da educação nacional, vencer a fragmentação das Art. 10. A exigência legal de de nição de padrões mínimos
políticas públicas e superar a desarticulação institucional. de qualidade da educação traduz a necessidade de reconhecer
§ 1º Essa institucionalização é possibilitada por um Sis- que a sua avaliação associa-se à ação planejada, coletivamen-
tema Nacional de Educação, no qual cada ente federativo, te, pelos sujeitos da escola.
com suas peculiares competências, é chamado a colaborar § 1º O planejamento das ações coletivas exercidas pela es-
para transformar a Educação Básica em um sistema orgâni- cola supõe que os sujeitos tenham clareza quanto:
co, sequencial e articulado. I - aos princípios e às nalidades da educação, além do
§ 2º O que caracteriza um sistema é a atividade inten- reconhecimento e da análise dos dados indicados pelo Índice
cional e organicamente concebida, que se justi ca pela de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e/ou outros
realização de atividades voltadas para as mesmas nalida- indicadores, que o complementem ou substituam;
des ou para a concretização dos mesmos objetivos. II - à relevância de um projeto político-pedagógico con-
§ 3º O regime de colaboração entre os entes federados cebido e assumido colegiadamente pela comunidade educa-
pressupõe o estabelecimento de regras de equivalência cional, respeitadas as múltiplas diversidades e a pluralidade
entre as funções distributiva, supletiva, normativa, de su- cultural;
pervisão e avaliação da educação nacional, respeitada a au- III - à riqueza da valorização das diferenças manifestadas
tonomia dos sistemas e valorizadas as diferenças regionais. pelos sujeitos do processo educativo, em seus diversos seg-
mentos, respeitados o tempo e o contexto sociocultural;
TÍTULO IV IV - aos padrões mínimos de qualidade (Custo Aluno-
ACESSO E PERMANÊNCIA PARA A CONQUISTA DA Qualidade Inicial – CAQi);
QUALIDADE SOCIAL § 2º Para que se concretize a educação escolar, exige-se
um padrão mínimo de insumos, que tem como base um inves-
Art. 8º A garantia de padrão de qualidade, com pleno timento com valor calculado a partir das despesas essenciais
acesso, inclusão e permanência dos sujeitos das aprendiza- ao desenvolvimento dos processos e procedimentos formati-
gens na escola e seu sucesso, com redução da evasão, da vos, que levem, gradualmente, a uma educação integral, dota-
retenção e da distorção de idade/ano/série, resulta na qua- da de qualidade social:
lidade social da educação, que é uma conquista coletiva de I - creches e escolas que possuam condições de infraestru-
todos os sujeitos do processo educativo. tura e adequados equipamentos;
Art. 9º A escola de qualidade social adota como cen- II - professores quali cados com remuneração adequada
tralidade o estudante e a aprendizagem, o que pressupõe e compatível com a de outros pro ssionais com igual nível de
atendimento aos seguintes requisitos: formação, em regime de trabalho de 40 (quarenta) horas em
I - revisão das referências conceituais quanto aos dife- tempo integral em uma mesma escola;
rentes espaços e tempos educativos, abrangendo espaços III - de nição de uma relação adequada entre o número
sociais na escola e fora dela; de alunos por turma e por professor, que assegure aprendiza-
II - consideração sobre a inclusão, a valorização das gens relevantes;
diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade IV - pessoal de apoio técnico e administrativo que respon-
cultural, resgatando e respeitando as várias manifestações da às exigências do que se estabelece no projeto político-pe-
de cada comunidade; dagógico.
III - foco no projeto político-pedagógico, no gosto pela
aprendizagem e na avaliação das aprendizagens como ins- TÍTULO V
trumento de contínua progressão dos estudantes; ORGANIZAÇÃO CURRICULAR: CONCEITO, LIMITES,
IV - inter-relação entre organização do currículo, do POSSIBILIDADES
trabalho pedagógico e da jornada de trabalho do profes-
sor, tendo como objetivo a aprendizagem do estudante; Art. 11. A escola de Educação Básica é o espaço em que se
V - preparação dos pro ssionais da educação, gesto- ressigni ca e se recria a cultura herdada, reconstruindo-se as
res, professores, especialistas, técnicos, monitores e outros; identidades culturais, em que se aprende a valorizar as raízes
VI - compatibilidade entre a proposta curricular e a in- próprias das diferentes regiões do País.
fraestrutura entendida como espaço formativo dotado de Parágrafo único. Essa concepção de escola exige a supera-
efetiva disponibilidade de tempos para a sua utilização e ção do rito escolar, desde a construção do currículo até os cri-
acessibilidade; térios que orientam a organização do trabalho escolar em sua
VII - integração dos pro ssionais da educação, dos es- multidimensionalidade, privilegia trocas, acolhimento e acon-
tudantes, das famílias, dos agentes da comunidade interes- chego, para garantir o bem-estar de crianças, adolescentes,
sados na educação; jovens e adultos, no relacionamento entre todas as pessoas.

79
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 12. Cabe aos sistemas educacionais, em geral, de - II - ampliação e diversi cação dos tempos e espaços
nir o programa de escolas de tempo parcial diurno (matuti- curriculares que pressuponham pro ssionais da educação
no ou vespertino), tempo parcial noturno, e tempo integral dispostos a inventar e construir a escola de qualidade so-
(turno e contra-turno ou turno único com jornada escolar cial, com responsabilidade compartilhada com as demais
de 7 horas, no mínimo, durante todo o período letivo), ten- autoridades que respondem pela gestão dos órgãos do
do em vista a amplitude do papel socioeducativo atribuído poder público, na busca de parcerias possíveis e necessá-
ao conjunto orgânico da Educação Básica, o que requer ou- rias, até porque educar é responsabilidade da família, do
tra organização e gestão do trabalho pedagógico. Estado e da sociedade;
§ 1º Deve-se ampliar a jornada escolar, em único ou III - escolha da abordagem didático-pedagógica dis-
diferentes espaços educativos, nos quais a permanência ciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar
do estudante vincula-se tanto à quantidade e qualidade pela escola, que oriente o projeto político-pedagógico
do tempo diário de escolarização quanto à diversidade de e resulte de pacto estabelecido entre os pro ssionais da
atividades de aprendizagens.
escola, conselhos escolares e comunidade, subsidiando a
§ 2º A jornada em tempo integral com qualidade im-
organização da matriz curricular, a de nição de eixos temá-
plica a necessidade da incorporação efetiva e orgânica, no
ticos e a constituição de redes de aprendizagem;
currículo, de atividades e estudos pedagogicamente plane-
IV - compreensão da matriz curricular entendida como
jados e acompanhados.
§ 3º Os cursos em tempo parcial noturno devem esta- propulsora de movimento, dinamismo curricular e educa-
belecer metodologia adequada às idades, à maturidade e à cional, de tal modo que os diferentes campos do conheci-
experiência de aprendizagens, para atenderem aos jovens mento possam se coadunar com o conjunto de atividades
e adultos em escolarização no tempo regular ou na moda- educativas;
lidade de Educação de Jovens e Adultos. V - organização da matriz curricular entendida como
alternativa operacional que embase a gestão do currículo
CAPÍTULO I escolar e represente subsídio para a gestão da escola (na
FORMAS PARA A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR organização do tempo e do espaço curricular, distribuição
e controle do tempo dos trabalhos docentes), passo para
Art. 13. O currículo, assumindo como referência os uma gestão centrada na abordagem interdisciplinar, orga-
princípios educacionais garantidos à educação, assegu- nizada por eixos temáticos, mediante interlocução entre os
rados no artigo 4º desta Resolução, con gura-se como o diferentes campos do conhecimento;
conjunto de valores e práticas que proporcionam a produ- VI - entendimento de que eixos temáticos são uma for-
ção, a socialização de signi cados no espaço social e con- ma de organizar o trabalho pedagógico, limitando a dis-
tribuem intensamente para a construção de identidades persão do conhecimento, fornecendo o cenário no qual se
socioculturais dos educandos. constroem objetos de estudo, propiciando a concretização
§ 1º O currículo deve difundir os valores fundamentais da proposta pedagógica centrada na visão interdisciplinar,
do interesse social, dos direitos e deveres dos cidadãos, do superando o isolamento das pessoas e a compartimentali-
respeito ao bem comum e à ordem democrática, conside- zação de conteúdos rígidos;
rando as condições de escolaridade dos estudantes em VII - estímulo à criação de métodos didático-pedagó-
cada estabelecimento, a orientação para o trabalho, a pro- gicos utilizando-se recursos tecnológicos de informação
moção de práticas educativas formais e não-formais. e comunicação, a serem inseridos no cotidiano escolar, a
§ 2º Na organização da proposta curricular, deve-se m de superar a distância entre estudantes que aprendem
assegurar o entendimento de currículo como experiências
a receber informação com rapidez utilizando a linguagem
escolares que se desdobram em torno do conhecimento,
digital e professores que dela ainda não se apropriaram;
permeadas pelas relações sociais, articulando vivências e
VIII - constituição de rede de aprendizagem, entendida
saberes dos estudantes com os conhecimentos historica-
como um conjunto de ações didático-pedagógicas, com
mente acumulados e contribuindo para construir as identi-
dades dos educandos. foco na aprendizagem e no gosto de aprender, subsidiada
§ 3º A organização do percurso formativo, aberto e pela consciência de que o processo de comunicação entre
contextualizado, deve ser construída em função das pecu- estudantes e professores é efetivado por meio de práticas
liaridades do meio e das características, interesses e neces- e recursos diversos;
sidades dos estudantes, incluindo não só os componentes IX - adoção de rede de aprendizagem, também, como
curriculares centrais obrigatórios, previstos na legislação e ferramenta didático-pedagógica relevante nos programas
nas normas educacionais, mas outros, também, de modo de formação inicial e continuada de pro ssionais da educa-
exível e variável, conforme cada projeto escolar, e asse- ção, sendo que esta opção requer planejamento sistemá-
gurando: tico integrado estabelecido entre sistemas educativos ou
I - concepção e organização do espaço curricular e fí- conjunto de unidades escolares;
sico que se imbriquem e alarguem, incluindo espaços, am- § 4º A transversalidade é entendida como uma forma
bientes e equipamentos que não apenas as salas de aula de organizar o trabalho didático pedagógico em que te-
da escola, mas, igualmente, os espaços de outras escolas mas e eixos temáticos são integrados às disciplinas e às
e os socioculturais e esportivo recreativos do entorno, da áreas ditas convencionais, de forma a estarem presentes
cidade e mesmo da região; em todas elas.

80
LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 5º A transversalidade difere da interdisciplinaridade e § 2º A LDB inclui o estudo de, pelo menos, uma língua
ambas complementam-se, rejeitando a concepção de co- estrangeira moderna na parte diversi cada, cabendo sua
nhecimento que toma a realidade como algo estável, pron- escolha à comunidade escolar, dentro das possibilidades
to e acabado. da escola, que deve considerar o atendimento das caracte-
§ 6º A transversalidade refere-se à dimensão didático rísticas locais, regionais, nacionais e transnacionais, tendo
-pedagógica, e a interdisciplinaridade, à abordagem epis- em vista as demandas do mundo do trabalho e da interna-
temológica dos objetos de conhecimento. cionalização de toda ordem de relações.
§ 3º A língua espanhola, por força da Lei nº 11.161/2005,
CAPÍTULO II é obrigatoriamente ofertada no Ensino Médio, embora fa-
FORMAÇÃO BÁSICA COMUM E PARTE DIVERSIFI- cultativa para o estudante, bem como possibilitada no En-
CADA sino Fundamental, do 6º ao 9º ano.
Art. 16. Leis especí cas, que complementam a LDB, de-
terminam que sejam incluídos componentes não discipli-
Art. 14. A base nacional comum na Educação Básica
nares, como temas relativos ao trânsito, ao meio ambiente
constitui-se de conhecimentos, saberes e valores produzi-
e à condição e direitos do idoso.
dos culturalmente, expressos nas políticas públicas e gera-
Art. 17. No Ensino Fundamental e no Ensino Médio,
dos nas instituições produtoras do conhecimento cientí co
destinar-se-ão, pelo menos, 20% do total da carga horá-
e tecnológico; no mundo do trabalho; no desenvolvimento ria anual ao conjunto de programas e projetos interdisci-
das linguagens; nas atividades desportivas e corporais; na plinares eletivos criados pela escola, previsto no projeto
produção artística; nas formas diversas de exercício da ci- pedagógico, de modo que os estudantes do Ensino Fun-
dadania; e nos movimentos sociais. damental e do Médio possam escolher aquele programa
§ 1º Integram a base nacional comum nacional: ou projeto com que se identi quem e que lhes permitam
a) a Língua Portuguesa; melhor lidar com o conhecimento e a experiência.
b) a Matemática; § 1º Tais programas e projetos devem ser desenvolvi-
c) o conhecimento do mundo físico, natural, da realida- dos de modo dinâmico, criativo e exível, em articulação
de social e política, especialmente do Brasil, incluindo-se o com a comunidade em que a escola esteja inserida.
estudo da História e das Culturas Afro-Brasileira e Indígena, § 2º A interdisciplinaridade e a contextualização devem
d) a Arte, em suas diferentes formas de expressão, in- assegurar a transversalidade do conhecimento de diferen-
cluindo-se a música; tes disciplinas e eixos temáticos, perpassando todo o cur-
e) a Educação Física; rículo e propiciando a interlocução entre os saberes e os
f) o Ensino Religioso. diferentes campos do conhecimento.
§ 2º Tais componentes curriculares são organizados
pelos sistemas educativos, em forma de áreas de conhe- TÍTULO VI
cimento, disciplinas, eixos temáticos, preservando-se a es- ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
peci cidade dos diferentes campos do conhecimento, por
meio dos quais se desenvolvem as habilidades indispensá- Art. 18. Na organização da Educação Básica, devem-
veis ao exercício da cidadania, em ritmo compatível com as se observar as Diretrizes Curriculares Nacionais comuns a
etapas do desenvolvimento integral do cidadão. todas as suas etapas, modalidades e orientações temáticas,
§ 3º A base nacional comum e a parte diversi cada não respeitadas as suas especi cidades e as dos sujeitos a que
podem se constituir em dois blocos distintos, com discipli- se destinam.
nas especí cas para cada uma dessas partes, mas devem § 1º As etapas e as modalidades do processo de es-
colarização estruturam-se de modo orgânico, sequencial e
ser organicamente planejadas e geridas de tal modo que
articulado, de maneira complexa, embora permanecendo
as tecnologias de informação e comunicação perpassem
individualizadas ao logo do percurso do estudante, apesar
transversalmente a proposta curricular, desde a Educação
das mudanças por que passam:
Infantil até o Ensino Médio, imprimindo direção aos proje-
I - a dimensão orgânica é atendida quando são obser-
tos político-pedagógicos. vadas as especi cidades e as diferenças de cada sistema
Art. 15. A parte diversi cada enriquece e complemen- educativo, sem perder o que lhes é comum: as semelhan-
ta a base nacional comum, prevendo o estudo das carac- ças e as identidades que lhe são inerentes;
terísticas regionais e locais da sociedade, da cultura, da II - a dimensão sequencial compreende os processos
economia e da comunidade escolar, perpassando todos os educativos que acompanham as exigências de aprendiza-
tempos e espaços curriculares constituintes do Ensino Fun- gens de nidas em cada etapa do percurso formativo, con-
damental e do Ensino Médio, independentemente do ciclo tínuo e progressivo, da Educação Básica até a Educação
da vida no qual os sujeitos tenham acesso à escola. Superior, constituindo-se em diferentes e insubstituíveis
§ 1º A parte diversi cada pode ser organizada em te- momentos da vida dos educandos;
mas gerais, na forma de eixos temáticos, selecionados co- III - a articulação das dimensões orgânica e sequencial
legiadamente pelos sistemas educativos ou pela unidade das etapas e das modalidades da Educação Básica, e destas
escolar. com a Educação Superior, implica ação coordenada e inte-
gradora do seu conjunto.

81
LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 2º A transição entre as etapas da Educação Básica e suas § 2º Para as crianças, independentemente das diferen-
fases requer formas de articulação das dimensões orgânica tes condições físicas, sensoriais, intelectuais, linguísticas,
e sequencial que assegurem aos educandos, sem tensões étnico-raciais, socioeconômicas, de origem, de religião, en-
e rupturas, a continuidade de seus processos peculiares de tre outras, as relações sociais e intersubjetivas no espaço
aprendizagem e desenvolvimento. escolar requerem a atenção intensiva dos pro ssionais da
Art. 19. Cada etapa é delimitada por sua nalidade, seus educação, durante o tempo de desenvolvimento das ativi-
princípios, objetivos e diretrizes educacionais, fundamentan- dades que lhes são peculiares, pois este é o momento em
do-se na inseparabilidade dos conceitos referenciais: cuidar que a curiosidade deve ser estimulada, a partir da brinca-
e educar, pois esta é uma concepção norteadora do projeto deira orientada pelos pro ssionais da educação.
político-pedagógico elaborado e executado pela comunida- § 3º Os vínculos de família, dos laços de solidariedade
de educacional. humana e do respeito mútuo em que se assenta a vida so-
Art. 20. O respeito aos educandos e a seus tempos men- cial devem iniciar-se na Educação Infantil e sua intensi ca-
tais, socioemocionais, culturais e identitários é um princípio
ção deve ocorrer ao longo da Educação Básica.
orientador de toda a ação educativa, sendo responsabilidade
§ 4º Os sistemas educativos devem envidar esforços
dos sistemas a criação de condições para que crianças, ado-
promovendo ações a partir das quais as unidades de Edu-
lescentes, jovens e adultos, com sua diversidade, tenham a
cação Infantil sejam dotadas de condições para acolher as
oportunidade de receber a formação que corresponda à ida-
de própria de percurso escolar. crianças,
em estreita relação com a família, com agentes sociais
CAPÍTULO I e com a sociedade, prevendo programas e projetos em
ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA parceria, formalmente estabelecidos.
§ 5º A gestão da convivência e as situações em que se
Art. 21. São etapas correspondentes a diferentes momen- torna necessária a solução de problemas individuais e cole-
tos constitutivos do desenvolvimento educacional: tivos pelas crianças devem ser previamente programadas,
I - a Educação Infantil, que compreende: a Creche, en- com foco nas motivações estimuladas e orientadas pelos
globando as diferentes etapas do desenvolvimento da criança professores e demais pro ssionais da educação e outros
até 3 (três) anos e 11 (onze) meses; e a Pré-Escola, com dura- de áreas pertinentes, respeitados os limites e as potenciali-
ção de 2 (dois) anos; dades de cada criança e os vínculos desta com a família ou
II - o Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, com du- com o seu responsável direto.
ração de 9 (nove) anos, é organizado e tratado em duas fases:
a dos 5 (cinco) anos iniciais e a dos 4 (quatro) anos nais; Seção II
III - o Ensino Médio, com duração mínima de 3 (três) anos. Ensino Fundamental
Parágrafo único. Essas etapas e fases têm previsão de
idades próprias, as quais, no entanto, são diversas quando se Art. 23. O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de
atenta para sujeitos com características que fogem à norma, duração, de matrícula obrigatória para as crianças a partir
como é o caso, entre outros: dos 6 (seis) anos de idade, tem duas fases sequentes com
I - de atraso na matrícula e/ou no percurso escolar; características próprias, chamadas de anos iniciais, com 5
II - de retenção, repetência e retorno de quem havia (cinco) anos de duração, em regra para estudantes de 6
abandonado os estudos; (seis) a 10 (dez) anos de idade; e anos nais, com 4 (quatro)
III - de portadores de de ciência limitadora; anos de duração, para os de 11 (onze) a 14 (quatorze) anos.
IV - de jovens e adultos sem escolarização ou com esta
Parágrafo único. No Ensino Fundamental, acolher sig-
incompleta;
ni ca também cuidar e educar, como forma de garantir
V - de habitantes de zonas rurais;
a aprendizagem dos conteúdos curriculares, para que o
VI - de indígenas e quilombolas;
estudante desenvolva interesses e sensibilidades que lhe
VII - de adolescentes em regime de acolhimento ou inter-
nação, jovens e adultos em situação de privação de liberdade permitam usufruir dos bens culturais disponíveis na comu-
nos estabelecimentos penais. nidade, na sua cidade ou na sociedade em geral, e que lhe
possibilitem ainda sentir-se como produtor valorizado des-
Seção I ses bens.
Educação Infantil Art. 24. Os objetivos da formação básica das crianças,
de nidos para a Educação Infantil, prolongam-se duran-
Art. 22. A Educação Infantil tem por objetivo o desenvol- te os anos iniciais do Ensino Fundamental, especialmente
vimento integral da criança, em seus aspectos físico, afetivo, no primeiro, e completam-se nos anos nais, ampliando e
psicológico, intelectual, social, complementando a ação da intensi cando, gradativamente, o processo educativo, me-
família e da comunidade. diante:
§ 1º As crianças provêm de diferentes e singulares contex- I - desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
tos socioculturais, socioeconômicos e étnicos, por isso devem como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita
ter a oportunidade de ser acolhidas e respeitadas pela escola e e do cálculo;
pelos pro ssionais da educação, com base nos princípios da in- II - foco central na alfabetização, ao longo dos 3 (três)
dividualidade, igualdade, liberdade, diversidade e pluralidade. primeiros anos;

82
LEGISLAÇÃO BÁSICA

III - compreensão do ambiente natural e social, do sistema Seção I


político, da economia, da tecnologia, das artes, da cultura e Educação de Jovens e Adultos
dos valores em que se fundamenta a sociedade;
IV - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, Art. 28. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) destina-
tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e se aos que se situam na faixa etária superior à considerada
a formação de atitudes e valores; própria, no nível de conclusão do Ensino Fundamental e do
V - fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de Ensino Médio.
solidariedade humana e de respeito recíproco em que se as- § 1º Cabe aos sistemas educativos viabilizar a oferta de
senta a vida social. cursos gratuitos aos jovens e aos adultos, proporcionando-
Art. 25. Os sistemas estaduais e municipais devem estabe- lhes oportunidades educacionais apropriadas, consideradas
lecer especial forma de colaboração visando à oferta do Ensi- as características do alunado, seus interesses, condições de
no Fundamental e à articulação sequente entre a primeira fase, vida e de trabalho, mediante cursos, exames, ações integra-
no geral assumida pelo Município, e a segunda, pelo Estado, das e complementares entre si, estruturados em um projeto
para evitar obstáculos ao acesso de estudantes que se trans - pedagógico próprio.
ram de uma rede para outra para completar esta escolaridade § 2º Os cursos de EJA, preferencialmente tendo a Edu-
obrigatória, garantindo a organicidade e a totalidade do pro- cação Pro ssional articulada com a Educação Básica, devem
cesso formativo do escolar. pautar-se pela exibilidade, tanto de currículo quanto de
tempo e espaço, para que seja(m):
Seção III I - rompida a simetria com o ensino regular para crian-
Ensino Médio ças e adolescentes, de modo a permitir percursos individua-
lizados e conteúdos signi cativos para os jovens e adultos;
Art. 26. O Ensino Médio, etapa nal do processo formativo II - providos o suporte e a atenção individuais às dife-
da Educação Básica, é orientado por princípios e nalidades rentes necessidades dos estudantes no processo de apren-
que preveem: dizagem, mediante atividades diversi cadas;
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimen-
III - valorizada a realização de atividades e vivências so-
tos adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o pros-
cializadoras, culturais, recreativas e esportivas, geradoras de
seguimento de estudos;
enriquecimento do percurso formativo dos estudantes;
II - a preparação básica para a cidadania e o trabalho, to-
IV - desenvolvida a agregação de competências para o
mado este como princípio educativo, para continuar apren-
trabalho;
dendo, de modo a ser capaz de enfrentar novas condições de
V - promovida a motivação e a orientação permanente
ocupação e aperfeiçoamento posteriores;
dos estudantes, visando maior participação nas aulas e seu
III - o desenvolvimento do educando como pessoa huma-
na, incluindo a formação ética e estética, o desenvolvimento melhor aproveitamento e desempenho;
da autonomia intelectual e do pensamento crítico; VI - realizada, sistematicamente, a formação continua-
IV - a compreensão dos fundamentos cientí cos e tecno- da, destinada, especi camente, aos educadores de jovens
lógicos presentes na sociedade contemporânea, relacionando e adultos.
a teoria com a prática.
§ 1º O Ensino Médio deve ter uma base unitária sobre a Seção II
qual podem se assentar possibilidades diversas como prepara- Educação Especial
ção geral para o trabalho ou, facultativamente, para pro ssões
técnicas; na ciência e na tecnologia, como iniciação cientí ca e Art. 29. A Educação Especial, como modalidade trans-
tecnológica; na cultura, como ampliação da formação cultural. versal a todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, é
§ 2º A de nição e a gestão do currículo inscrevem-se em parte integrante da educação regular, devendo ser prevista
uma lógica que se dirige aos jovens, considerando suas singu- no projeto político-pedagógico da unidade escolar.
laridades, que se situam em um tempo determinado. § 1º Os sistemas de ensino devem matricular os estu-
§ 3º Os sistemas educativos devem prever currículos e- dantes com de ciência, transtornos globais do desenvolvi-
xíveis, com diferentes alternativas, para que os jovens tenham mento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns
a oportunidade de escolher o percurso formativo que atenda do ensino regular e no Atendimento Educacional Especiali-
seus interesses, necessidades e aspirações, para que se asse- zado (AEE), complementar ou suplementar à escolarização,
gure a permanência dos jovens na escola, com proveito, até a ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em cen-
conclusão da Educação Básica. tros de AEE da rede pública ou de instituições comunitárias,
confessionais ou lantrópicas sem ns lucrativos.
CAPÍTULO II § 2º Os sistemas e as escolas devem criar condições
MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA para que o professor da classe comum possa explorar as
potencialidades de todos os estudantes, adotando uma pe-
Art. 27. A cada etapa da Educação Básica pode correspon- dagogia dialógica, interativa, interdisciplinar e inclusiva e, na
der uma ou mais das modalidades de ensino: Educação de interface, o professor do AEE deve identi car habilidades e
Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Pro ssional e necessidades dos estudantes, organizar e orientar sobre os
Tecnológica, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena serviços e recursos pedagógicos e de acessibilidade para a
e Educação a Distância. participação e aprendizagem dos estudantes.

83
LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 3º Na organização desta modalidade, os sistemas de Art. 33. A organização curricular da Educação Pro ssio-
ensino devem observar as seguintes orientações funda- nal e Tecnológica por eixo tecnológico fundamenta-se na
mentais: identi cação das tecnologias que se encontram na base de
I - o pleno acesso e a efetiva participação dos estudan- uma dada formação pro ssional e dos arranjos lógicos por
tes no ensino regular; elas constituídos.
II - a oferta do atendimento educacional especializado; Art. 34. Os conhecimentos e as habilidades adquiridos
III - a formação de professores para o AEE e para o de- tanto nos cursos de Educação Pro ssional e Tecnológica,
senvolvimento de práticas educacionais inclusivas; como os adquiridos na prática laboral pelos trabalhadores,
IV - a participação da comunidade escolar; podem ser objeto de avaliação, reconhecimento e certi ca-
V - a acessibilidade arquitetônica, nas comunicações e ção para prosseguimento ou conclusão de estudos.
informações, nos mobiliários e equipamentos e nos trans-
portes; Seção IV
VI - a articulação das políticas públicas intersetoriais. Educação Básica do Campo

Seção III Art. 35. Na modalidade de Educação Básica do Campo,


Educação Pro ssional e Tecnológica a educação para a população rural está prevista com ade-
quações necessárias às peculiaridades da vida no campo e
Art. 30. A Educação Pro ssional e Tecnológica, no cum- de cada região, de nindo-se orientações para três aspectos
primento dos objetivos da educação nacional, integra-se essenciais à organização da ação pedagógica:
aos diferentes níveis e modalidades de educação e às di- I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas
mensões do trabalho, da ciência e da tecnologia, e articula- às reais necessidades e interesses dos estudantes da zona
se com o ensino regular e com outras modalidades educa- rural;
cionais: Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial e II - organização escolar própria, incluindo adequação
Educação a Distância. do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condi-
Art. 31. Como modalidade da Educação Básica, a Edu- ções climáticas;
cação Pro ssional e Tecnológica ocorre na oferta de cursos III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
de formação inicial e continuada ou quali cação pro ssio- Art. 36. A identidade da escola do campo é de nida
nal e nos de Educação Pro ssional Técnica de nível médio. pela vinculação com as questões inerentes à sua realidade,
Art. 32. A Educação Pro ssional Técnica de nível médio com propostas pedagógicas que contemplam sua diver-
é desenvolvida nas seguintes formas: sidade em todos os aspectos, tais como sociais, culturais,
I - articulada com o Ensino Médio, sob duas formas: políticos, econômicos, de gênero, geração e etnia.
a) integrada, na mesma instituição; ou Parágrafo único. Formas de organização e metodolo-
b) concomitante, na mesma ou em distintas institui- gias pertinentes à realidade do campo devem ter acolhidas,
ções; como a pedagogia da terra, pela qual se busca um traba-
II - subsequente, em cursos destinados a quem já te- lho pedagógico fundamentado no princípio da sustenta-
nha concluído o Ensino Médio. bilidade, para assegurar a preservação da vida das futuras
§ 1º Os cursos articulados com o Ensino Médio, orga- gerações, e a pedagogia da alternância, na qual o estu-
nizados na forma integrada, são cursos de matrícula única, dante participa, concomitante e alternadamente, de dois
que conduzem os educandos à habilitação pro ssional téc- ambientes/situações de aprendizagem: o escolar e o labo-
nica de nível médio ao mesmo tempo em que concluem a ral, supondo parceria educativa, em que ambas as partes
última etapa da Educação Básica. são corresponsáveis pelo aprendizado e pela formação do
§ 2º Os cursos técnicos articulados com o Ensino Mé- estudante.
dio, ofertados na forma concomitante, com dupla matrícu-
la e dupla certi cação, podem ocorrer: Seção V
I - na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as Educação Escolar Indígena
oportunidades educacionais disponíveis;
II - em instituições de ensino distintas, aproveitando-se Art. 37. A Educação Escolar Indígena ocorre em uni-
as oportunidades educacionais disponíveis; dades educacionais inscritas em suas terras e culturas, as
III - em instituições de ensino distintas, mediante con- quais têm uma realidade singular, requerendo pedagogia
vênios de intercomplementaridade, com planejamento e própria em respeito à especi cidade étnico-cultural de
desenvolvimento de projeto pedagógico uni cado. cada povo ou comunidade e formação especí ca de seu
§ 3º São admitidas, nos cursos de Educação Pro ssio- quadro docente, observados os princípios constitucionais,
nal Técnica de nível médio, a organização e a estruturação a base nacional comum e os princípios que orientam a Edu-
em etapas que possibilitem quali cação pro ssional inter- cação Básica brasileira.
mediária. Parágrafo único. Na estruturação e no funcionamen-
§ 4º A Educação Pro ssional e Tecnológica pode ser to das escolas indígenas, é reconhecida a sua condição de
desenvolvida por diferentes estratégias de educação con- possuidores de normas e ordenamento jurídico próprios,
tinuada, em instituições especializadas ou no ambiente de com ensino intercultural e bilíngue, visando à valorização
trabalho, incluindo os programas e cursos de aprendiza- plena das culturas dos povos indígenas e à a rmação e ma-
gem, previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). nutenção de sua diversidade étnica.

84
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 38. Na organização de escola indígena, deve ser CAPÍTULO I


considerada a participação da comunidade, na de nição O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E O REGIMEN-
do modelo de organização e gestão, bem como: TO ESCOLAR
I - suas estruturas sociais;
II - suas práticas socioculturais e religiosas; Art. 43. O projeto político-pedagógico, interdepen-
III - suas formas de produção de conhecimento, pro- dentemente da autonomia pedagógica, administrativa e
cessos próprios e métodos de ensino-aprendizagem; de gestão nanceira da instituição educacional, representa
IV - suas atividades econômicas; mais do que um documento, sendo um dos meios de viabi-
V - edi cação de escolas que atendam aos interesses lizar a escola democrática para todos e de qualidade social.
das comunidades indígenas; § 1º A autonomia da instituição educacional baseia-se
VI - uso de materiais didático-pedagógicos produzi- na busca de sua identidade, que se expressa na constru-
dos de acordo com o contexto sociocultural de cada povo ção de seu projeto pedagógico e do seu regimento escolar,
enquanto manifestação de seu ideal de educação e que
indígena.
permite uma nova e democrática ordenação pedagógica
das relações escolares.
Seção VI
§ 2º Cabe à escola, considerada a sua identidade e a de
Educação a Distância
seus sujeitos, articular a formulação do projeto político-pe-
dagógico com os planos de educação – nacional, estadual,
Art. 39. A modalidade Educação a Distância caracteri- municipal –, o contexto em que a escola se situa e as neces-
za-se pela mediação didático pedagógica nos processos sidades locais e de seus estudantes.
de ensino e aprendizagem que ocorre com a utilização de § 3º A missão da unidade escolar, o papel socioeduca-
meios e tecnologias de informação e comunicação, com tivo, artístico, cultural, ambiental, as questões de gênero,
estudantes e professores desenvolvendo atividades edu- etnia e diversidade cultural que compõem as ações educa-
cativas em lugares ou tempos diversos. tivas, a organização e a gestão curricular são componentes
Art. 40. O credenciamento para a oferta de cursos e integrantes do projeto político-pedagógico, devendo ser
programas de Educação de Jovens e Adultos, de Educação previstas as prioridades institucionais que a identi cam,
Especial e de Educação Pro ssional Técnica de nível mé- de nindo o conjunto das ações educativas próprias das
dio e Tecnológica, na modalidade a distância, compete aos etapas da Educação Básica assumidas, de acordo com as
sistemas estaduais de ensino, atendidas a regulamentação especi cidades que lhes correspondam, preservando a sua
federal e as normas complementares desses sistemas. articulação sistêmica.
Art. 44. O projeto político-pedagógico, instância de
Seção VII construção coletiva que respeita os sujeitos das aprendiza-
Educação Escolar Quilombola gens, entendidos como cidadãos com direitos à proteção e
à participação social, deve contemplar:
Art. 41. A Educação Escolar Quilombola é desenvolvida I - o diagnóstico da realidade concreta dos sujeitos do
em unidades educacionais inscritas em suas terras e cul- processo educativo, contextualizados no espaço e no tem-
tura, requerendo pedagogia própria em respeito à especi- po;
cidade étnico-cultural de cada comunidade e formação II - a concepção sobre educação, conhecimento, avalia-
especí ca de seu quadro docente, observados os princí- ção da aprendizagem e mobilidade escolar;
pios constitucionais, a base nacional comum e os princí- III - o per l real dos sujeitos – crianças, jovens e adul-
pios que orientam a Educação Básica brasileira. tos – que justi cam e instituem a vida da e na escola, do
ponto de vista intelectual, cultural, emocional, afetivo, so-
Parágrafo único. Na estruturação e no funcionamento
cioeconômico, como base da re exão sobre as relações vi-
das escolas quilombolas, bem com nas demais, deve ser
da-conhecimento-cultura professor-estudante e instituição
reconhecida e valorizada a diversidade cultural.
escolar;
IV - as bases norteadoras da organização do trabalho
TÍTULO VII
pedagógico;
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS PARA A ORGANI- V - a de nição de qualidade das aprendizagens e, por
ZAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS consequência, da escola, no contexto das desigualdades
GERAIS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA que se re etem na escola;
VI - os fundamentos da gestão democrática, comparti-
Art. 42. São elementos constitutivos para a operacio- lhada e participativa (órgãos colegiados e de representação
nalização destas Diretrizes o projeto político-pedagógico estudantil);
e o regimento escolar; o sistema de avaliação; a gestão VII - o programa de acompanhamento de acesso, de
democrática e a organização da escola; o professor e o permanência dos estudantes e de superação da retenção
programa de formação docente. escolar;
VIII - o programa de formação inicial e continuada dos
pro ssionais da educação, regentes e não regentes;

85
LEGISLAÇÃO BÁSICA

IX - as ações de acompanhamento sistemático dos re- § 3º A avaliação na Educação Infantil é realizada me-
sultados do processo de avaliação interna e externa (Siste- diante acompanhamento e registro do desenvolvimento
ma de Avaliação da Educação Básica – SAEB, Prova Brasil, da criança, sem o objetivo de promoção, mesmo em se
dados estatísticos, pesquisas sobre os sujeitos da Educação tratando de acesso ao Ensino Fundamental.
Básica), incluindo dados referentes ao IDEB e/ou que com- § 4º A avaliação da aprendizagem no Ensino Funda-
plementem ou substituam os desenvolvidos pelas unida- mental e no Ensino Médio, de caráter formativo predo-
des da federação e outros; minando sobre o quantitativo e classi catório, adota uma
X - a concepção da organização do espaço físico da estratégia de progresso individual e contínuo que favorece
instituição escolar de tal modo que este seja compatível o crescimento do educando, preservando a qualidade ne-
com as características de seus sujeitos, que atenda as nor- cessária para a sua formação escolar, sendo organizada de
mas de acessibilidade, além da natureza e das nalidades acordo com regras comuns a essas duas etapas.
da educação, deliberadas e assumidas pela comunidade
educacional.
Seção II
Art. 45. O regimento escolar, discutido e aprovado pela
Promoção, aceleração de estudos e classi cação
comunidade escolar e conhecido por todos, constitui-se
em um dos instrumentos de execução do projeto político
Art. 48. A promoção e a classi cação no Ensino Funda-
pedagógico, com transparência e responsabilidade.
Parágrafo único. O regimento escolar trata da natureza mental e no Ensino Médio podem ser utilizadas em qual-
e da nalidade da instituição, da relação da gestão demo- quer ano, série, ciclo, módulo ou outra unidade de percur-
crática com os órgãos colegiados, das atribuições de seus so adotada, exceto na primeira do Ensino Fundamental,
órgãos e sujeitos, das suas normas pedagógicas, incluindo alicerçando-se na orientação de que a avaliação do rendi-
os critérios de acesso, promoção, mobilidade do estudante, mento escolar observará os seguintes critérios:
dos direitos e deveres dos seus sujeitos: estudantes, profes- I - avaliação contínua e cumulativa do desempenho do
sores, técnicos e funcionários, gestores, famílias, represen- estudante, com prevalência dos aspectos qualitativos so-
tação estudantil e função das suas instâncias colegiadas. bre os quantitativos e dos resultados ao longo do período
sobre os de eventuais provas nais;
CAPÍTULO II II - possibilidade de aceleração de estudos para estu-
AVALIAÇÃO dantes com atraso escolar;
III - possibilidade de avanço nos cursos e nas séries
Art. 46. A avaliação no ambiente educacional com- mediante veri cação do aprendizado;
preende 3 (três) dimensões básicas: IV - aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
I - avaliação da aprendizagem; V - oferta obrigatória de apoio pedagógico destinado
II - avaliação institucional interna e externa; à recuperação contínua e concomitante de aprendizagem
III - avaliação de redes de Educação Básica. de estudantes com dé cit de rendimento escolar, a ser
previsto no regimento escolar.
Seção I Art. 49. A aceleração de estudos destina-se a estudan-
Avaliação da aprendizagem tes com atraso escolar, àqueles que, por algum motivo, en-
contram-se em descompasso de idade, por razões como
Art. 47. A avaliação da aprendizagem baseia-se na con- ingresso tardio, retenção, di culdades no processo de en-
cepção de educação que norteia a relação professor-estu- sino-aprendizagem ou outras.
dante-conhecimento-vida em movimento, devendo ser um Art. 50. A progressão pode ser regular ou parcial, sen-
ato re exo de reconstrução da prática pedagógica avalia-
do que esta deve preservar a sequência do currículo e
tiva, premissa básica e fundamental para se questionar o
observar as normas do respectivo sistema de ensino, re-
educar, transformando a mudança em ato, acima de tudo,
querendo o redesenho da organização das ações peda-
político.
gógicas, com previsão de horário de trabalho e espaço de
§ 1º A validade da avaliação, na sua função diagnóstica,
liga-se à aprendizagem, possibilitando o aprendiz a recriar, atuação para professor e estudante, com conjunto próprio
refazer o que aprendeu, criar, propor e, nesse contexto, de recursos didático pedagógicos.
aponta para uma avaliação global, que vai além do aspecto Art. 51. As escolas que utilizam organização por sé-
quantitativo, porque identi ca o desenvolvimento da auto- rie podem adotar, no Ensino Fundamental, sem prejuízo
nomia do estudante, que é indissociavelmente ético, social, da avaliação do processo ensino-aprendizagem, diversas
intelectual. formas de progressão, inclusive a de progressão continua-
§ 2º Em nível operacional, a avaliação da aprendiza- da, jamais entendida como promoção automática, o que
gem tem, como referência, o conjunto de conhecimentos, supõe tratar o conhecimento como processo e vivência
habilidades, atitudes, valores e emoções que os sujeitos do que não se harmoniza com a ideia de interrupção, mas sim
processo educativo projetam para si de modo integrado e de construção, em que o estudante, enquanto sujeito da
articulado com aqueles princípios de nidos para a Educa- ação, está em processo contínuo de formação, construin-
ção Básica, redimensionados para cada uma de suas eta- do signi cados.
pas, bem assim no projeto político-pedagógico da escola.

86
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Seção III Art. 55. A gestão democrática constitui-se em instru-


Avaliação institucional mento de horizontalização das relações, de vivência e con-
vivência colegiada, superando o autoritarismo no planeja-
Art. 52. A avaliação institucional interna deve ser pre- mento e na concepção e organização curricular, educando
vista no projeto político pedagógico e detalhada no plano para a conquista da cidadania plena e fortalecendo a ação
de gestão, realizada anualmente, levando em consideração conjunta que busca criar e recriar o trabalho da e na escola
as orientações contidas na regulamentação vigente, para mediante:
rever o conjunto de objetivos e metas a serem concreti- I - a compreensão da globalidade da pessoa, enquanto
zados, mediante ação dos diversos segmentos da comu- ser que aprende, que sonha e ousa, em busca de uma con-
nidade educativa, o que pressupõe delimitação de indica- vivência social libertadora fundamentada na ética cidadã;
dores compatíveis com a missão da escola, além de clareza II - a superação dos processos e procedimentos buro-
quanto ao que seja qualidade social da aprendizagem e da cráticos, assumindo com pertinência e relevância: os planos
escola. pedagógicos, os objetivos institucionais e educacionais, e
as atividades de avaliação contínua;
Seção IV III - a prática em que os sujeitos constitutivos da comu-
Avaliação de redes de Educação Básica nidade educacional discutam a própria práxis pedagógica
impregnando-a de entusiasmo e de compromisso com a
Art. 53. A avaliação de redes de Educação Básica ocorre sua própria comunidade, valorizando-a, situando-a no con-
periodicamente, é realizada texto das relações sociais e buscando soluções conjuntas;
por órgãos externos à escola e engloba os resultados IV - a construção de relações interpessoais solidárias,
da avaliação institucional, sendo que os geridas de tal modo que os professores se sintam estimula-
resultados dessa avaliação sinalizam para a sociedade dos a conhecer melhor os seus pares (colegas de trabalho,
se a escola apresenta qualidade estudantes, famílias), a expor as suas ideias, a traduzir as
su ciente para continuar funcionando como está. suas di culdades e expectativas pessoais e pro ssionais;
V - a instauração de relações entre os estudantes, pro-
CAPÍTULO III porcionando-lhes espaços de convivência e situações de
GESTÃO DEMOCRÁTICA E ORGANIZAÇÃO DA ES- aprendizagem, por meio dos quais aprendam a se com-
COLA preender e se organizar em equipes de estudos e de práti-
cas esportivas, artísticas e políticas;
Art. 54. É pressuposto da organização do trabalho pe- VI - a presença articuladora e mobilizadora do gestor
dagógico e da gestão da escola conceber a organização e no cotidiano da escola e nos espaços com os quais a escola
a gestão das pessoas, do espaço, dos processos e procedi- interage, em busca da qualidade social das aprendizagens
mentos que viabilizam o trabalho expresso no projeto po- que lhe caiba desenvolver, com transparência e responsa-
lítico-pedagógico e em planos da escola, em que se con- bilidade.
formam as condições de trabalho de nidas pelas instâncias
colegiadas. CAPÍTULO IV
§ 1º As instituições, respeitadas as normas legais e as O PROFESSOR E A FORMAÇÃO INICIAL E CONTI-
do seu sistema de ensino, têm incumbências complexas e NUADA
abrangentes, que exigem outra concepção de organização
do trabalho pedagógico, como distribuição da carga horá- Art. 56. A tarefa de cuidar e educar, que a fundamenta-
ria, remuneração, estratégias claramente de nidas para a ção da ação docente e os programas de formação inicial e
ação didático-pedagógica coletiva que inclua a pesquisa, continuada dos pro ssionais da educação instauram, re e-
a criação de novas abordagens e práticas metodológicas, te-se na eleição de um ou outro método de aprendizagem,
incluindo a produção de recursos didáticos adequados às a partir do qual é determinado o per l de docente para a
condições da escola e da comunidade em que esteja ela Educação Básica, em atendimento às dimensões técnicas,
inserida. políticas, éticas e estéticas.
§ 2º É obrigatória a gestão democrática no ensino pú- § 1º Para a formação inicial e continuada, as escolas de
blico e prevista, em geral, para todas as instituições de en- formação dos pro ssionais da educação, sejam gestores,
sino, o que implica decisões coletivas que pressupõem a professores ou especialistas, deverão incluir em seus currí-
participação da comunidade escolar na gestão da escola culos e programas:
e a observância dos princípios e nalidades da educação. a) o conhecimento da escola como organização com-
§ 3º No exercício da gestão democrática, a escola deve plexa que tem a função de promover a educação para e na
se empenhar para constituir-se em espaço das diferenças e cidadania;
da pluralidade, inscrita na diversidade do processo tornado b) a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de
possível por meio de relações intersubjetivas, cuja meta é investigações de interesse da área educacional;
a de se fundamentar em princípio educativo emancipador, c) a participação na gestão de processos educativos e
expresso na liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e di- na organização e funcionamento de sistemas e instituições
vulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber. de ensino;

87
LEGISLAÇÃO BÁSICA

d) a temática da gestão democrática, dando ênfase FRANCISCO APARECIDO CORDÃO


à construção do projeto político pedagógico, mediante
trabalho coletivo de que todos os que compõem a comu-
nidade escolar são responsáveis. 3. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
Art. 57. Entre os princípios de nidos para a educação
nacional está a valorização do pro ssional da educação,
com a compreensão de que valorizá-lo é valorizar a es-
cola, com qualidade gestorial, educativa, social, cultural, LEI N° 13.005, DE 25 DE JUNHO DE 2014
ética, estética, ambiental.
§ 1º A valorização do pro ssional da educação escolar Trata-se da legislação que “Aprova o Plano Nacional de
vincula-se à obrigatoriedade da garantia de qualidade e Educação - PNE e dá outras providências”.
ambas se associam à exigência de programas de forma-
ção inicial e continuada de docentes e não docentes, no Art. 1o É aprovado o Plano Nacional de Educação -
contexto do conjunto de múltiplas atribuições de nidas PNE, com vigência por 10 (dez) anos, a contar da publica-
para os sistemas educativos, em que se inscrevem as fun- ção desta Lei, na forma do Anexo, com vistas ao cumprimen-
ções do professor. to do disposto no art. 214 da Constituição Federal.
§ 2º Os programas de formação inicial e continuada
dos pro ssionais da educação, vinculados às orientações Art. 2o São diretrizes do PNE:
destas Diretrizes, devem prepará-los para o desempenho I - erradicação do analfabetismo;
de suas atribuições, considerando necessário: II - universalização do atendimento escolar;
a) além de um conjunto de habilidades cognitivas, sa- III - superação das desigualdades educacionais, com
ber pesquisar, orientar, avaliar e elaborar propostas, isto é, ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas
interpretar e reconstruir o conhecimento coletivamente; as formas de discriminação;
b) trabalhar cooperativamente em equipe; IV - melhoria da qualidade da educação;
V - formação para o trabalho e para a cidadania,
c) compreender, interpretar e aplicar a linguagem e os
com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamen-
instrumentos produzidos ao longo da evolução tecnoló-
ta a sociedade;
gica, econômica e organizativa;
VI - promoção do princípio da gestão democrática
d) desenvolver competências para integração com a
da educação pública;
comunidade e para relacionamento com as famílias.
VII - promoção humanística, cientí ca, cultural e
Art. 58. A formação inicial, nos cursos de licenciatura,
tecnológica do País;
não esgota o desenvolvimento dos conhecimentos, sabe-
VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recur-
res e habilidades referidas, razão pela qual um programa
sos públicos em educação como proporção do Produto
de formação continuada dos pro ssionais da educação
Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessi-
será contemplado no projeto político-pedagógico. dades de expansão, com padrão de qualidade e equidade;
Art. 59. Os sistemas educativos devem instituir orien- IX - valorização dos (as) pro ssionais da educação;
tações para que o projeto de formação dos pro ssionais X - promoção dos princípios do respeito aos direitos
preveja: humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioam-
a) a consolidação da identidade dos pro ssionais da biental.
educação, nas suas relações com a escola e com o estu-
dante; Art. 3o As metas previstas no Anexo desta Lei serão
b) a criação de incentivos para o resgate da imagem cumpridas no prazo de vigência deste PNE, desde que não
social do professor, assim como da autonomia docente haja prazo inferior de nido para metas e estratégias espe-
tanto individual como coletiva; cí cas.
c) a de nição de indicadores de qualidade social da
educação escolar, a m de que as agências formadoras de Art. 4o As metas previstas no Anexo desta Lei deverão
pro ssionais da educação revejam os projetos dos cursos ter como referência a Pesquisa Nacional por Amostra
de formação inicial e continuada de docentes, de modo de Domicílios - PNAD, o censo demográ co e os censos
que correspondam às exigências de um projeto de Nação. nacionais da educação básica e superior mais atualizados,
Art. 60. Esta Resolução entrará em vigor na data de disponíveis na data da publicação desta Lei.
sua publicação. Parágrafo único. O poder público buscará ampliar o es-
copo das pesquisas com ns estatísticos de forma a incluir
informação detalhada sobre o per l das populações de 4
(quatro) a 17 (dezessete) anos com de ciência.

Art. 5o A execução do PNE e o cumprimento de suas


metas serão objeto de monitoramento contínuo e de ava-
liações periódicas, realizados pelas seguintes instâncias:

88
LEGISLAÇÃO BÁSICA

I - Ministério da Educação - MEC; § 2o As conferências nacionais de educação realizar-


II - Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e se-ão com intervalo de até 4 (quatro) anos entre elas, com
Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal; o objetivo de avaliar a execução deste PNE e subsidiar a
III - Conselho Nacional de Educação - CNE; elaboração do plano nacional de educação para o decênio
IV - Fórum Nacional de Educação. subsequente.
§ 1o Compete, ainda, às instâncias referidas no caput:
I - divulgar os resultados do monitoramento e das ava- Art. 7o A União, os Estados, o Distrito Federal e os
liações nos respectivos sítios institucionais da internet; Municípios atuarão em regime de colaboração, visando
II - analisar e propor políticas públicas para assegu- ao alcance das metas e à implementação das estratégias ob-
rar a implementação das estratégias e o cumprimento das jeto deste Plano.
metas; § 1o Caberá aos gestores federais, estaduais, munici-
III - analisar e propor a revisão do percentual de investi- pais e do Distrito Federal a adoção das medidas governa-
mento público em educação. mentais necessárias ao alcance das metas previstas neste
§ 2o A cada 2 (dois) anos, ao longo do período de vi- PNE.
gência deste PNE, o Instituto Nacional de Estudos e Pes- § 2o As estratégias de nidas no Anexo desta Lei não
quisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP publicará estu- elidem a adoção de medidas adicionais em âmbito local
dos para aferir a evolução no cumprimento das metas esta- ou de instrumentos jurídicos que formalizem a coopera-
belecidas no Anexo desta Lei, com informações organizadas ção entre os entes federados, podendo ser complementadas
por ente federado e consolidadas em âmbito nacional, tendo por mecanismos nacionais e locais de coordenação e cola-
como referência os estudos e as pesquisas de que trata o art. boração recíproca.
4o, sem prejuízo de outras fontes e informações relevantes. § 3o Os sistemas de ensino dos Estados, do Distrito
§ 3o A meta progressiva do investimento público em Federal e dos Municípios criarão mecanismos para o acom-
educação será avaliada no quarto ano de vigência do PNE e panhamento local da consecução das metas deste PNE e
poderá ser ampliada por meio de lei para atender às necessi- dos planos previstos no art. 8o.
§ 4o Haverá regime de colaboração especí co para a
dades nanceiras do cumprimento das demais metas.
implementação de modalidades de educação escolar que
§ 4º O investimento público em educação a que se re-
necessitem considerar territórios étnico-educacionais e a
ferem o inciso VI do art. 214 da Constituição Federal e a
utilização de estratégias que levem em conta as identidades
meta 20 do Anexo desta Lei engloba os recursos aplicados
e especi cidades socioculturais e linguísticas de cada comu-
na forma do art. 212 da Constituição Federal e do art. 60
nidade envolvida, assegurada a consulta prévia e informada
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, bem
a essa comunidade.
como os recursos aplicados nos programas de expansão da
§ 5o Será criada uma instância permanente de nego-
educação pro ssional e superior, inclusive na forma de in- ciação e cooperação entre a União, os Estados, o Distrito
centivo e isenção scal, as bolsas de estudos concedidas no Federal e os Municípios.
Brasil e no exterior, os subsídios concedidos em programas § 6o O fortalecimento do regime de colaboração entre
de nanciamento estudantil e o nanciamento de creches, os Estados e respectivos Municípios incluirá a instituição
pré-escolas e de educação especial na forma do art. 213 da de instâncias permanentes de negociação, cooperação e
Constituição Federal. pactuação em cada Estado.
§ 5o Será destinada à manutenção e ao desenvolvimen- § 7o O fortalecimento do regime de colaboração entre
to do ensino, em acréscimo aos recursos vinculados nos os Municípios dar-se-á, inclusive, mediante a adoção de ar-
termos do art. 212 da Constituição Federal, além de outros ranjos de desenvolvimento da educação.
recursos previstos em lei, a parcela da participação no re-
sultado ou da compensação nanceira pela exploração de Art. 8o Os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
petróleo e de gás natural, na forma de lei especí ca, com pios deverão elaborar seus correspondentes planos de
a nalidade de assegurar o cumprimento da meta prevista educação, ou adequar os planos já aprovados em lei, em
no inciso VI do art. 214 da Constituição Federal. consonância com as diretrizes, metas e estratégias previstas
neste PNE, no prazo de 1 (um) ano contado da publicação
Art. 6o A União promoverá a realização de pelo menos desta Lei.
2 (duas) conferências nacionais de educação até o nal § 1o Os entes federados estabelecerão nos respectivos
do decênio, precedidas de conferências distrital, municipais planos de educação estratégias que:
e estaduais, articuladas e coordenadas pelo Fórum Nacional I - assegurem a articulação das políticas educacionais
de Educação, instituído nesta Lei, no âmbito do Ministério da com as demais políticas sociais, particularmente as culturais;
Educação. II - considerem as necessidades especí cas das popula-
§ 1o O Fórum Nacional de Educação, além da atribuição ções do campo e das comunidades indígenas e quilombolas,
referida no caput: asseguradas a equidade educacional e a diversidade cultural;
I - acompanhará a execução do PNE e o cumprimento III - garantam o atendimento das necessidades especí -
de suas metas; cas na educação especial, assegurado o sistema educacional
II - promoverá a articulação das conferências nacionais inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades;
de educação com as conferências regionais, estaduais e mu- IV - promovam a articulação interfederativa na imple-
nicipais que as precederem. mentação das políticas educacionais.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 2o Os processos de elaboração e adequação dos § 5o A avaliação de desempenho dos (as) estudantes em


planos de educação dos Estados, do Distrito Federal e dos exames, referida no inciso I do § 1o, poderá ser diretamente
Municípios, de que trata o caput deste artigo, serão reali- realizada pela União ou, mediante acordo de cooperação, pe-
zados com ampla participação de representantes da comu- los Estados e pelo Distrito Federal, nos respectivos sistemas de
nidade educacional e da sociedade civil. ensino e de seus Municípios, caso mantenham sistemas pró-
prios de avaliação do rendimento escolar, assegurada a com-
Art. 9o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios patibilidade metodológica entre esses sistemas e o nacional,
deverão aprovar leis especí cas para os seus sistemas especialmente no que se refere às escalas de pro ciência e ao
calendário de aplicação.
de ensino, disciplinando a gestão democrática da educa-
ção pública nos respectivos âmbitos de atuação, no prazo de
Art. 12. Até o nal do primeiro semestre do nono ano de
2 (dois) anos contado da publicação desta Lei, adequando,
vigência deste PNE, o Poder Executivo encaminhará ao Con-
quando for o caso, a legislação local já adotada com essa gresso Nacional, sem prejuízo das prerrogativas deste Poder,
nalidade. o projeto de lei referente ao Plano Nacional de Educação a
vigorar no período subsequente, que incluirá diagnóstico, dire-
Art. 10. O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias trizes, metas e estratégias para o próximo decênio.
e os orçamentos anuais da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios serão formulados de maneira a as- Art. 13. O poder público deverá instituir, em lei especí -
segurar a consignação de dotações orçamentárias com- ca, contados 2 (dois) anos da publicação desta Lei, o Sistema
patíveis com as diretrizes, metas e estratégias deste PNE e Nacional de Educação, responsável pela articulação entre os
com os respectivos planos de educação, a m de viabilizar sistemas de ensino, em regime de colaboração, para efetiva-
sua plena execução. ção das diretrizes, metas e estratégias do Plano Nacional de
Educação.
Art. 11. O Sistema Nacional de Avaliação da Edu-
cação Básica, coordenado pela União, em colaboração Art. 14. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, cons-
tituirá fonte de informação para a avaliação da quali- Brasília, 25 de junho de 2014; 193o da Independência e
126 da República.
o
dade da educação básica e para a orientação das políti-
cas públicas desse nível de ensino.
O Plano Nacional de Educação (PNE) determina diretri-
§ 1o O sistema de avaliação a que se refere o caput pro-
zes, metas e estratégias para a política educacional dos pró-
duzirá, no máximo a cada 2 (dois) anos: ximos dez anos. O primeiro grupo são metas estruturantes
I - indicadores de rendimento escolar, referentes ao para a garantia do direito a educação básica com qualidade,
desempenho dos (as) estudantes apurado em exames na- e que assim promovam a garantia do acesso, à universaliza-
cionais de avaliação, com participação de pelo menos 80% ção do ensino obrigatório, e à ampliação das oportunidades
(oitenta por cento) dos (as) alunos (as) de cada ano escolar educacionais. Um segundo grupo de metas diz respeito es-
periodicamente avaliado em cada escola, e aos dados perti- peci camente à redução das desigualdades e à valorização
nentes apurados pelo censo escolar da educação básica; da diversidade, caminhos imprescindíveis para a equidade. O
II - indicadores de avaliação institucional, relativos a terceiro bloco de metas trata da valorização dos pro ssionais
características como o per l do alunado e do corpo dos (as) da educação, considerada estratégica para que as metas an-
pro ssionais da educação, as relações entre dimensão do teriores sejam atingidas, e o quarto grupo de metas refere-se
corpo docente, do corpo técnico e do corpo discente, a in- ao ensino superior.
fraestrutura das escolas, os recursos pedagógicos disponíveis O Ministério da Educação se mobilizou de forma arti-
e os processos da gestão, entre outras relevantes. culada com os demais entes federados e instâncias repre-
§ 2o A elaboração e a divulgação de índices para ava- sentativas do setor educacional, direcionando o seu trabalho
liação da qualidade, como o Índice de Desenvolvimento em torno do plano em um movimento inédito: referenciou
seu Planejamento Estratégico Institucional e seu Plano Tático
da Educação Básica - IDEB, que agreguem os indicadores
Operacional a cada meta do PNE, envolveu todas as secreta-
mencionados no inciso I do § 1o não elidem a obrigatorie-
rias e autarquias na de nição das ações, dos responsáveis e
dade de divulgação, em separado, de cada um deles.
dos recursos. A elaboração do Plano Plurianual (PPA) 2016-
§ 3o Os indicadores mencionados no § 1o serão esti- 2019 também foi orientada pelo PNE.
mados por etapa, estabelecimento de ensino, rede esco- O PNE vige de 2014 a 2024. O anexo ao PNE colaciona
lar, unidade da Federação e em nível agregado nacional, metas que correspondem às diretrizes descritas no artigo 2º.
sendo amplamente divulgados, ressalvada a publicação Atividades de monitoramento e avaliação do cumprimento
de resultados individuais e indicadores por turma, que ca do PNE são desempenhadas pelo MEC, pela Comissão de
admitida exclusivamente para a comunidade do respectivo Educação da Câmara dos Deputados e Comissão de Educa-
estabelecimento e para o órgão gestor da respectiva rede. ção, Cultura e Esporte do Senado Federal, pelo CNE e pelo
§ 4o Cabem ao Inep a elaboração e o cálculo do Ideb e Fórum Nacional de Educação. O Fórum Nacional de Educa-
dos indicadores referidos no § 1o. ção tem o papel de organizar duas conferências nacionais
neste período, integrando os diversos setores componentes

90
LEGISLAÇÃO BÁSICA

da educação no país. O INEP irá publicar os resultados de 1.10) fomentar o atendimento das populações do cam-
avaliação a cada dois anos. Ainda, o PNE institui um regime po e das comunidades indígenas e quilombolas na educação
colaborativo entre as diversas unidades da federação, refor- infantil nas respectivas comunidades, por meio do redimen-
çando o dever dos Estados e municípios de rmarem seus sionamento da distribuição territorial da oferta, limitando a
próprios planos de educação e de elaborarem leis especí cas nucleação de escolas e o deslocamento de crianças, de forma
no âmbito dos seus sistemas de ensino. a atender às especi cidades dessas comunidades, garantido
consulta prévia e informada;
ANEXO 1.11) priorizar o acesso à educação infantil e fomentar
METAS E ESTRATÉGIAS a oferta do atendimento educacional especializado comple-
mentar e suplementar aos (às) alunos (as) com de ciência,
Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) superdotação, assegurando a educação bilíngue para crianças
anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em surdas e a transversalidade da educação especial nessa etapa
creches de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta da educação básica;
por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o nal da 1.12) implementar, em caráter complementar, programas
vigência deste PNE. de orientação e apoio às famílias, por meio da articulação
Estratégias: das áreas de educação, saúde e assistência social, com foco
1.1) de nir, em regime de colaboração entre a União, os no desenvolvimento integral das crianças de até 3 (três) anos
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, metas de expansão de idade;
das respectivas redes públicas de educação infantil segundo 1.13) preservar as especi cidades da educação infantil na
padrão nacional de qualidade, considerando as peculiaridades organização das redes escolares, garantindo o atendimento
locais; da criança de 0 (zero) a 5 (cinco) anos em estabelecimentos
1.2) garantir que, ao nal da vigência deste PNE, seja in- que atendam a parâmetros nacionais de qualidade, e a arti-
ferior a 10% (dez por cento) a diferença entre as taxas de fre- culação com a etapa escolar seguinte, visando ao ingresso do
quência à educação infantil das crianças de até 3 (três) anos (a) aluno(a) de 6 (seis) anos de idade no ensino fundamental;
oriundas do quinto de renda familiar per capita mais elevado e 1.14) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento
as do quinto de renda familiar per capita mais baixo; do acesso e da permanência das crianças na educação infan-
1.3) realizar, periodicamente, em regime de colaboração, til, em especial dos bene ciários de programas de transferên-
levantamento da demanda por creche para a população de cia de renda, em colaboração com as famílias e com os órgãos
até 3 (três) anos, como forma de planejar a oferta e veri car o públicos de assistência social, saúde e proteção à infância;
atendimento da demanda manifesta; 1.15) promover a busca ativa de crianças em idade cor-
1.4) estabelecer, no primeiro ano de vigência do PNE, nor- respondente à educação infantil, em parceria com órgãos pú-
mas, procedimentos e prazos para de nição de mecanismos blicos de assistência social, saúde e proteção à infância, pre-
de consulta pública da demanda das famílias por creches; servando o direito de opção da família em relação às crianças
1.5) manter e ampliar, em regime de colaboração e res- de até 3 (três) anos;
peitadas as normas de acessibilidade, programa nacional de 1.16) o Distrito Federal e os Municípios, com a colabora-
construção e reestruturação de escolas, bem como de aqui- ção da União e dos Estados, realizarão e publicarão, a cada
sição de equipamentos, visando à expansão e à melhoria da ano, levantamento da demanda manifesta por educação in-
rede física de escolas públicas de educação infantil; fantil em creches e pré-escolas, como forma de planejar e ve-
1.6) implantar, até o segundo ano de vigência deste PNE, ri car o atendimento;
avaliação da educação infantil, a ser realizada a cada 2 (dois) 1.17) estimular o acesso à educação infantil em tempo
anos, com base em parâmetros nacionais de qualidade, a m integral, para todas as crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos,
de aferir a infraestrutura física, o quadro de pessoal, as condi- conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares Nacionais
ções de gestão, os recursos pedagógicos, a situação de acessi- para a Educação Infantil.
bilidade, entre outros indicadores relevantes;
1.7) articular a oferta de matrículas gratuitas em creches Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9
certi cadas como entidades bene centes de assistência social (nove) anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (qua-
na área de educação com a expansão da oferta na rede escolar torze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e
pública; cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na ida-
1.8) promover a formação inicial e continuada dos (as) pro- de recomendada, até o último ano de vigência deste PNE.
ssionais da educação infantil, garantindo, progressivamente, o Estratégias:
atendimento por pro ssionais com formação superior; 2.1) o Ministério da Educação, em articulação e colabo-
1.9) estimular a articulação entre pós-graduação, núcleos ração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, de-
de pesquisa e cursos de formação para pro ssionais da educa- verá, até o nal do 2o (segundo) ano de vigência deste PNE,
ção, de modo a garantir a elaboração de currículos e propostas elaborar e encaminhar ao Conselho Nacional de Educação,
pedagógicas que incorporem os avanços de pesquisas ligadas precedida de consulta pública nacional, proposta de direitos
ao processo de ensino-aprendizagem e às teorias educacionais e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para os (as)
no atendimento da população de 0 (zero) a 5 (cinco) anos; alunos (as) do ensino fundamental;

91
LEGISLAÇÃO BÁSICA

2.2) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e Mu- Estratégias:


nicípios, no âmbito da instância permanente de que trata 3.1) institucionalizar programa nacional de renovação do
o § 5º do art. 7º desta Lei, a implantação dos direitos e obje- ensino médio, a m de incentivar práticas pedagógicas com
tivos de aprendizagem e desenvolvimento que con gurarão abordagens interdisciplinares estruturadas pela relação entre
a base nacional comum curricular do ensino fundamental; teoria e prática, por meio de currículos escolares que organi-
2.3) criar mecanismos para o acompanhamento indivi- zem, de maneira exível e diversi cada, conteúdos obrigató-
dualizado dos (as) alunos (as) do ensino fundamental; rios e eletivos articulados em dimensões como ciência, traba-
2.4) fortalecer o acompanhamento e o monitoramen- lho, linguagens, tecnologia, cultura e esporte, garantindo-se
to do acesso, da permanência e do aproveitamento escolar a aquisição de equipamentos e laboratórios, a produção de
dos bene ciários de programas de transferência de renda, material didático especí co, a formação continuada de profes-
bem como das situações de discriminação, preconceitos e sores e a articulação com instituições acadêmicas, esportivas
violências na escola, visando ao estabelecimento de condi- e culturais;
ções adequadas para o sucesso escolar dos (as) alunos (as), 3.2) o Ministério da Educação, em articulação e colabo-
em colaboração com as famílias e com órgãos públicos de ração com os entes federados e ouvida a sociedade mediante
assistência social, saúde e proteção à infância, adolescência consulta pública nacional, elaborará e encaminhará ao Con-
e juventude; selho Nacional de Educação - CNE, até o 2o(segundo) ano de
2.5) promover a busca ativa de crianças e adolescentes vigência deste PNE, proposta de direitos e objetivos de apren-
fora da escola, em parceria com órgãos públicos de assis- dizagem e desenvolvimento para os (as) alunos (as) de ensino
tência social, saúde e proteção à infância, adolescência e médio, a serem atingidos nos tempos e etapas de organização
juventude; deste nível de ensino, com vistas a garantir formação básica
2.6) desenvolver tecnologias pedagógicas que combi- comum;
nem, de maneira articulada, a organização do tempo e das 3.3) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e Mu-
atividades didáticas entre a escola e o ambiente comunitá- nicípios, no âmbito da instância permanente de que trata o §
rio, considerando as especi cidades da educação especial, 5o do art. 7o desta Lei, a implantação dos direitos e objeti-
vos de aprendizagem e desenvolvimento que con gurarão a
das escolas do campo e das comunidades indígenas e qui-
base nacional comum curricular do ensino médio;
lombolas;
3.4) garantir a fruição de bens e espaços culturais, de for-
2.7) disciplinar, no âmbito dos sistemas de ensino, a or-
ma regular, bem como a ampliação da prática desportiva, in-
ganização exível do trabalho pedagógico, incluindo ade-
tegrada ao currículo escolar;
quação do calendário escolar de acordo com a realidade lo-
3.5) manter e ampliar programas e ações de correção de
cal, a identidade cultural e as condições climáticas da região;
uxo do ensino fundamental, por meio do acompanhamento
2.8) promover a relação das escolas com instituições e
individualizado do (a) aluno (a) com rendimento escolar defa-
movimentos culturais, a m de garantir a oferta regular de sado e pela adoção de práticas como aulas de reforço no turno
atividades culturais para a livre fruição dos (as) alunos (as) complementar, estudos de recuperação e progressão parcial,
dentro e fora dos espaços escolares, assegurando ainda que de forma a reposicioná-lo no ciclo escolar de maneira compa-
as escolas se tornem polos de criação e difusão cultural; tível com sua idade;
2.9) incentivar a participação dos pais ou responsáveis 3.6) universalizar o Exame Nacional do Ensino Médio -
no acompanhamento das atividades escolares dos lhos por ENEM, fundamentado em matriz de referência do conteúdo
meio do estreitamento das relações entre as escolas e as fa- curricular do ensino médio e em técnicas estatísticas e psico-
mílias; métricas que permitam comparabilidade de resultados, arti-
2.10) estimular a oferta do ensino fundamental, em es- culando-o com o Sistema Nacional de Avaliação da Educação
pecial dos anos iniciais, para as populações do campo, indí- Básica - SAEB, e promover sua utilização como instrumento
genas e quilombolas, nas próprias comunidades; de avaliação sistêmica, para subsidiar políticas públicas para
2.11) desenvolver formas alternativas de oferta do en- a educação básica, de avaliação certi cadora, possibilitando
sino fundamental, garantida a qualidade, para atender aos aferição de conhecimentos e habilidades adquiridos dentro e
lhos e lhas de pro ssionais que se dedicam a atividades de fora da escola, e de avaliação classi catória, como critério de
caráter itinerante; acesso à educação superior;
2.12) oferecer atividades extracurriculares de incentivo 3.7) fomentar a expansão das matrículas gratuitas de en-
aos (às) estudantes e de estímulo a habilidades, inclusive sino médio integrado à educação pro ssional, observando-se
mediante certames e concursos nacionais; as peculiaridades das populações do campo, das comunidades
2.13) promover atividades de desenvolvimento e estímu- indígenas e quilombolas e das pessoas com de ciência;
lo a habilidades esportivas nas escolas, interligadas a um 3.8) estruturar e fortalecer o acompanhamento e o mo-
plano de disseminação do desporto educacional e de desen- nitoramento do acesso e da permanência dos e das jovens
volvimento esportivo nacional. bene ciários (as) de programas de transferência de renda, no
ensino médio, quanto à frequência, ao aproveitamento escolar
Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento esco- e à interação com o coletivo, bem como das situações de dis-
lar para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezesse- criminação, preconceitos e violências, práticas irregulares de
te) anos e elevar, até o nal do período de vigência des- exploração do trabalho, consumo de drogas, gravidez precoce,
te PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio em colaboração com as famílias e com órgãos públicos de as-
para 85% (oitenta e cinco por cento). sistência social, saúde e proteção à adolescência e juventude;

92
LEGISLAÇÃO BÁSICA

3.9) promover a busca ativa da população de 15 (quinze) 4.4) garantir atendimento educacional especializado em
a 17 (dezessete) anos fora da escola, em articulação com os salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou ser-
serviços de assistência social, saúde e proteção à adolescên- viços especializados, públicos ou conveniados, nas formas
cia e à juventude; complementar e suplementar, a todos (as) alunos (as) com
3.10) fomentar programas de educação e de cultura de ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
para a população urbana e do campo de jovens, na faixa habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública
etária de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos, e de adultos, com de educação básica, conforme necessidade identi cada por
quali cação social e pro ssional para aqueles que estejam meio de avaliação, ouvidos a família e o aluno;
fora da escola e com defasagem no uxo escolar; 4.5) estimular a criação de centros multidisciplinares
3.11) redimensionar a oferta de ensino médio nos tur-
de apoio, pesquisa e assessoria, articulados com instituições
nos diurno e noturno, bem como a distribuição territorial das
acadêmicas e integrados por pro ssionais das áreas de saú-
escolas de ensino médio, de forma a atender a toda a de-
manda, de acordo com as necessidades especí cas dos (as) de, assistência social, pedagogia e psicologia, para apoiar o
alunos (as); trabalho dos (as) professores da educação básica com os (as)
3.12) desenvolver formas alternativas de oferta do ensi- alunos (as) com de ciência, transtornos globais do desenvol-
no médio, garantida a qualidade, para atender aos lhos e vimento e altas habilidades ou superdotação;
lhas de pro ssionais que se dedicam a atividades de caráter 4.6) manter e ampliar programas suplementares que
itinerante; promovam a acessibilidade nas instituições públicas, para
3.13) implementar políticas de prevenção à evasão mo- garantir o acesso e a permanência dos (as) alunos (as) com
tivada por preconceito ou quaisquer formas de discrimina- de ciência por meio da adequação arquitetônica, da oferta
ção, criando rede de proteção contra formas associadas de de transporte acessível e da disponibilização de material di-
exclusão; dático próprio e de recursos de tecnologia assistiva, assegu-
3.14) estimular a participação dos adolescentes nos cur- rando, ainda, no contexto escolar, em todas as etapas, níveis
sos das áreas tecnológicas e cientí cas. e modalidades de ensino, a identi cação dos (as) alunos (as)
com altas habilidades ou superdotação;
Meta 4: universalizar, para a população de 4 (qua- 4.7) garantir a oferta de educação bilíngue, em Língua
tro) a 17 (dezessete) anos com de ciência, transtornos Brasileira de Sinais - LIBRAS como primeira língua e na mo-
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou su- dalidade escrita da Língua Portuguesa como segunda lín-
perdotação, o acesso à educação básica e ao atendi-
gua, aos (às) alunos (as) surdos e com de ciência auditiva de
mento educacional especializado, preferencialmente na
0 (zero) a 17 (dezessete) anos, em escolas e classes bilíngues
rede regular de ensino, com a garantia de sistema edu-
cacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, e em escolas inclusivas, nos termos do art. 22 do Decreto
classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou no 5.626, de 22 de dezembro de 2005, e dos arts. 24 e 30 da
conveniados. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com De ciência,
bem como a adoção do Sistema Braille de leitura para ce-
Estratégias: gos e surdos-cegos;
4.1) contabilizar, para ns do repasse do Fundo de Ma- 4.8) garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a
nutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Va- exclusão do ensino regular sob alegação de de ciência e
lorização dos Pro ssionais da Educação - FUNDEB, as ma- promovida a articulação pedagógica entre o ensino regular
trículas dos (as) estudantes da educação regular da rede e o atendimento educacional especializado;
pública que recebam atendimento educacional especializa- 4.9) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento
do complementar e suplementar, sem prejuízo do cômputo do acesso à escola e ao atendimento educacional especiali-
dessas matrículas na educação básica regular, e as matrí- zado, bem como da permanência e do desenvolvimento es-
culas efetivadas, conforme o censo escolar mais atualizado, colar dos (as) alunos (as) com de ciência, transtornos globais
na educação especial oferecida em instituições comunitárias, do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação
confessionais ou lantrópicas sem ns lucrativos, convenia- bene ciários (as) de programas de transferência de renda,
das com o poder público e com atuação exclusiva na moda- juntamente com o combate às situações de discriminação,
lidade, nos termos da Lei no11.494, de 20 de junho de 2007;
preconceito e violência, com vistas ao estabelecimento de
4.2) promover, no prazo de vigência deste PNE, a uni-
condições adequadas para o sucesso educacional, em cola-
versalização do atendimento escolar à demanda manifesta
pelas famílias de crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos com boração com as famílias e com os órgãos públicos de assis-
de ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas tência social, saúde e proteção à infância, à adolescência e
habilidades ou superdotação, observado o que dispõe a Lei à juventude;
no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as 4.10) fomentar pesquisas voltadas para o desenvolvi-
diretrizes e bases da educação nacional; mento de metodologias, materiais didáticos, equipamentos
4.3) implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos e recursos de tecnologia assistiva, com vistas à promoção
multifuncionais e fomentar a formação continuada de pro- do ensino e da aprendizagem, bem como das condições de
fessores e professoras para o atendimento educacional es- acessibilidade dos (as) estudantes com de ciência, transtor-
pecializado nas escolas urbanas, do campo, indígenas e de nos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou su-
comunidades quilombolas; perdotação;

93
LEGISLAÇÃO BÁSICA

4.11) promover o desenvolvimento de pesquisas interdis- 4.19) promover parcerias com instituições comunitárias,
ciplinares para subsidiar a formulação de políticas públicas confessionais ou lantrópicas sem ns lucrativos, convenia-
intersetoriais que atendam as especi cidades educacionais das com o poder público, a m de favorecer a participação
de estudantes com de ciência, transtornos globais do desen- das famílias e da sociedade na construção do sistema edu-
volvimento e altas habilidades ou superdotação que requei- cacional inclusivo.
ram medidas de atendimento especializado;
4.12) promover a articulação intersetorial entre órgãos Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo,
e políticas públicas de saúde, assistência social e direitos hu- até o nal do 3o (terceiro) ano do ensino fundamental.
manos, em parceria com as famílias, com o m de desen-
Estratégias:
volver modelos de atendimento voltados à continuidade do
5.1) estruturar os processos pedagógicos de alfabetiza-
atendimento escolar, na educação de jovens e adultos, das
ção, nos anos iniciais do ensino fundamental, articulando-os
pessoas com de ciência e transtornos globais do desenvol-
vimento com idade superior à faixa etária de escolarização com as estratégias desenvolvidas na pré-escola, com quali -
obrigatória, de forma a assegurar a atenção integral ao lon- cação e valorização dos (as) professores (as) alfabetizadores
go da vida; e com apoio pedagógico especí co, a m de garantir a alfa-
4.13) apoiar a ampliação das equipes de pro ssionais da betização plena de todas as crianças;
educação para atender à demanda do processo de escolari- 5.2) instituir instrumentos de avaliação nacional perió-
zação dos (das) estudantes com de ciência, transtornos glo- dicos e especí cos para aferir a alfabetização das crianças,
bais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdota- aplicados a cada ano, bem como estimular os sistemas de
ção, garantindo a oferta de professores (as) do atendimento ensino e as escolas a criarem os respectivos instrumentos de
educacional especializado, pro ssionais de apoio ou auxilia- avaliação e monitoramento, implementando medidas peda-
res, tradutores (as) e intérpretes de Libras, guias-intérpretes gógicas para alfabetizar todos os alunos e alunas até o nal
para surdos-cegos, professores de Libras, prioritariamente do terceiro ano do ensino fundamental;
surdos, e professores bilíngues; 5.3) selecionar, certi car e divulgar tecnologias educa-
4.14) de nir, no segundo ano de vigência deste PNE, in- cionais para a alfabetização de crianças, assegurada a di-
dicadores de qualidade e política de avaliação e supervisão versidade de métodos e propostas pedagógicas, bem como o
para o funcionamento de instituições públicas e privadas acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em
que prestam atendimento a alunos com de ciência, trans-
que forem aplicadas, devendo ser disponibilizadas, preferen-
tornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
cialmente, como recursos educacionais abertos;
superdotação;
5.4) fomentar o desenvolvimento de tecnologias educa-
4.15) promover, por iniciativa do Ministério da Educação,
nos órgãos de pesquisa, demogra a e estatística competen- cionais e de práticas pedagógicas inovadoras que assegurem
tes, a obtenção de informação detalhada sobre o per l das a alfabetização e favoreçam a melhoria do uxo escolar e a
pessoas com de ciência, transtornos globais do desenvolvi- aprendizagem dos (as) alunos (as), consideradas as diversas
mento e altas habilidades ou superdotação de 0 (zero) a 17 abordagens metodológicas e sua efetividade;
(dezessete) anos; 5.5) apoiar a alfabetização de crianças do campo, in-
4.16) incentivar a inclusão nos cursos de licenciatura e dígenas, quilombolas e de populações itinerantes, com a
nos demais cursos de formação para pro ssionais da educa- produção de materiais didáticos especí cos, e desenvolver
ção, inclusive em nível de pós-graduação, observado o dis- instrumentos de acompanhamento que considerem o uso da
posto no caput do art. 207 da Constituição Federal, dos refe- língua materna pelas comunidades indígenas e a identidade
renciais teóricos, das teorias de aprendizagem e dos proces- cultural das comunidades quilombolas;
sos de ensino-aprendizagem relacionados ao atendimento 5.6) promover e estimular a formação inicial e continua-
educacional de alunos com de ciência, transtornos globais da de professores (as) para a alfabetização de crianças, com
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; o conhecimento de novas tecnologias educacionais e práti-
4.17) promover parcerias com instituições comunitárias, cas pedagógicas inovadoras, estimulando a articulação en-
confessionais ou lantrópicas sem ns lucrativos, convenia- tre programas de pós-graduação stricto sensu e ações de for-
das com o poder público, visando a ampliar as condições
mação continuada de professores (as) para a alfabetização;
de apoio ao atendimento escolar integral das pessoas com
5.7) apoiar a alfabetização das pessoas com de ciência,
de ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
considerando as suas especi cidades, inclusive a alfabetiza-
habilidades ou superdotação matriculadas nas redes públi-
cas de ensino; ção bilíngue de pessoas surdas, sem estabelecimento de ter-
4.18) promover parcerias com instituições comunitárias, minalidade temporal.
confessionais ou lantrópicas sem ns lucrativos, convenia-
das com o poder público, visando a ampliar a oferta de for- Meta 6: oferecer educação em tempo integral em,
mação continuada e a produção de material didático acessí- no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas pú-
vel, assim como os serviços de acessibilidade necessários ao blicas, de forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e
pleno acesso, participação e aprendizagem dos estudantes cinco por cento) dos (as) alunos (as) da educação bá-
com de ciência, transtornos globais do desenvolvimento e sica.
altas habilidades ou superdotação matriculados na rede pú-
blica de ensino;

94
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Estratégias:
6.1) promover, com o apoio da União, a oferta de educação básica pública em tempo integral, por meio de atividades de
acompanhamento pedagógico e multidisciplinares, inclusive culturais e esportivas, de forma que o tempo de permanência dos
(as) alunos (as) na escola, ou sob sua responsabilidade, passe a ser igual ou superior a 7 (sete) horas diárias durante todo o
ano letivo, com a ampliação progressiva da jornada de professores em uma única escola;
6.2) instituir, em regime de colaboração, programa de construção de escolas com padrão arquitetônico e de mobiliário
adequado para atendimento em tempo integral, prioritariamente em comunidades pobres ou com crianças em situação de
vulnerabilidade social;
6.3) institucionalizar e manter, em regime de colaboração, programa nacional de ampliação e reestruturação das escolas
públicas, por meio da instalação de quadras poliesportivas, laboratórios, inclusive de informática, espaços para atividades
culturais, bibliotecas, auditórios, cozinhas, refeitórios, banheiros e outros equipamentos, bem como da produção de material
didático e da formação de recursos humanos para a educação em tempo integral;
6.4) fomentar a articulação da escola com os diferentes espaços educativos, culturais e esportivos e com equipamentos
públicos, como centros comunitários, bibliotecas, praças, parques, museus, teatros, cinemas e planetários;
6.5) estimular a oferta de atividades voltadas à ampliação da jornada escolar de alunos (as) matriculados nas escolas da
rede pública de educação básica por parte das entidades privadas de serviço social vinculadas ao sistema sindical, de forma
concomitante e em articulação com a rede pública de ensino;
6.6) orientar a aplicação da gratuidade de que trata o art. 13 da Lei no 12.101, de 27 de novembro de 2009, em atividades
de ampliação da jornada escolar de alunos (as) das escolas da rede pública de educação básica, de forma concomitante e
em articulação com a rede pública de ensino;
6.7) atender às escolas do campo e de comunidades indígenas e quilombolas na oferta de educação em tempo integral,
com base em consulta prévia e informada, considerando-se as peculiaridades locais;
6.8) garantir a educação em tempo integral para pessoas com de ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação na faixa etária de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, assegurando atendimento educacional es-
pecializado complementar e suplementar ofertado em salas de recursos multifuncionais da própria escola ou em instituições
especializadas;
6.9) adotar medidas para otimizar o tempo de permanência dos alunos na escola, direcionando a expansão da jornada
para o efetivo trabalho escolar, combinado com atividades recreativas, esportivas e culturais.

Meta 7: fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do uxo
escolar e da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb:

IDEB 2015 2017 2019 2021


Anos iniciais do ensino fundamental 5,2 5,5 5,7 6,0
Anos nais do ensino fundamental 4,7 5,0 5,2 5,5
Ensino médio 4,3 4,7 5,0 5,2

Estratégias:
7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa, diretrizes pedagógicas para a educação básica e a base
nacional comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos (as) alunos (as) para cada
ano do ensino fundamental e médio, respeitada a diversidade regional, estadual e local;
7.2) assegurar que:
a) no quinto ano de vigência deste PNE, pelo menos 70% (setenta por cento) dos (as) alunos (as) do ensino fundamental
e do ensino médio tenham alcançado nível su ciente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento de seu ano de estudo, e 50% (cinquenta por cento), pelo menos, o nível desejável;
b) no último ano de vigência deste PNE, todos os (as) estudantes do ensino fundamental e do ensino médio tenham al-
cançado nível su ciente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de seu ano
de estudo, e 80% (oitenta por cento), pelo menos, o nível desejável;
7.3) constituir, em colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, um conjunto nacional de
indicadores de avaliação institucional com base no per l do alunado e do corpo de pro ssionais da educação, nas condições
de infraestrutura das escolas, nos recursos pedagógicos disponíveis, nas características da gestão e em outras dimensões rele-
vantes, considerando as especi cidades das modalidades de ensino;
7.4) induzir processo contínuo de autoavaliação das escolas de educação básica, por meio da constituição de instrumentos
de avaliação que orientem as dimensões a serem fortalecidas, destacando-se a elaboração de planejamento estratégico, a
melhoria contínua da qualidade educacional, a formação continuada dos (as) pro ssionais da educação e o aprimoramento
da gestão democrática;

95
LEGISLAÇÃO BÁSICA

7.5) formalizar e executar os planos de ações articuladas dando cumprimento às metas de qualidade estabelecidas para a
educação básica pública e às estratégias de apoio técnico e nanceiro voltadas à melhoria da gestão educacional, à formação
de professores e professoras e pro ssionais de serviços e apoio escolares, à ampliação e ao desenvolvimento de recursos peda-
gógicos e à melhoria e expansão da infraestrutura física da rede escolar;
7.6) associar a prestação de assistência técnica nanceira à xação de metas intermediárias, nos termos estabelecidos
conforme pactuação voluntária entre os entes, priorizando sistemas e redes de ensino com Ideb abaixo da média nacional;
7.7) aprimorar continuamente os instrumentos de avaliação da qualidade do ensino fundamental e médio, de forma a
englobar o ensino de ciências nos exames aplicados nos anos nais do ensino fundamental, e incorporar o Exame Nacional
do Ensino Médio, assegurada a sua universalização, ao sistema de avaliação da educação básica, bem como apoiar o uso dos
resultados das avaliações nacionais pelas escolas e redes de ensino para a melhoria de seus processos e práticas pedagógicas;
7.8) desenvolver indicadores especí cos de avaliação da qualidade da educação especial, bem como da qualidade da
educação bilíngue para surdos;
7.9) orientar as políticas das redes e sistemas de ensino, de forma a buscar atingir as metas do Ideb, diminuindo a dife-
rença entre as escolas com os menores índices e a média nacional, garantindo equidade da aprendizagem e reduzindo pela
metade, até o último ano de vigência deste PNE, as diferenças entre as médias dos índices dos Estados, inclusive do Distrito
Federal, e dos Municípios;
7.10) xar, acompanhar e divulgar bienalmente os resultados pedagógicos dos indicadores do sistema nacional de avalia-
ção da educação básica e do Ideb, relativos às escolas, às redes públicas de educação básica e aos sistemas de ensino da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, assegurando a contextualização desses resultados, com relação a indicadores
sociais relevantes, como os de nível socioeconômico das famílias dos (as) alunos (as), e a transparência e o acesso público às
informações técnicas de concepção e operação do sistema de avaliação;
7.11) melhorar o desempenho dos alunos da educação básica nas avaliações da aprendizagem no Programa Internacio-
nal de Avaliação de Estudantes - PISA, tomado como instrumento externo de referência, internacionalmente reconhecido, de
acordo com as seguintes projeções:

PISA 2015 2018 2021


Média dos resultados em matemática, leitura e ciências 438 455 473

7.12) incentivar o desenvolvimento, selecionar, certi car e divulgar tecnologias educacionais para a educação infantil, o
ensino fundamental e o ensino médio e incentivar práticas pedagógicas inovadoras que assegurem a melhoria do uxo escolar
e a aprendizagem, assegurada a diversidade de métodos e propostas pedagógicas, com preferência para softwares livres e
recursos educacionais abertos, bem como o acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em que forem aplicadas;
7.13) garantir transporte gratuito para todos (as) os (as) estudantes da educação do campo na faixa etária da educação
escolar obrigatória, mediante renovação e padronização integral da frota de veículos, de acordo com especi cações de nidas
pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO, e nanciamento compartilhado, com participação
da União proporcional às necessidades dos entes federados, visando a reduzir a evasão escolar e o tempo médio de desloca-
mento a partir de cada situação local;
7.14) desenvolver pesquisas de modelos alternativos de atendimento escolar para a população do campo que considerem
as especi cidades locais e as boas práticas nacionais e internacionais;
7.15) universalizar, até o quinto ano de vigência deste PNE, o acesso à rede mundial de computadores em banda larga
de alta velocidade e triplicar, até o nal da década, a relação computador/aluno (a) nas escolas da rede pública de educação
básica, promovendo a utilização pedagógica das tecnologias da informação e da comunicação;
7.16) apoiar técnica e nanceiramente a gestão escolar mediante transferência direta de recursos nanceiros à escola,
garantindo a participação da comunidade escolar no planejamento e na aplicação dos recursos, visando à ampliação da
transparência e ao efetivo desenvolvimento da gestão democrática;
7.17) ampliar programas e aprofundar ações de atendimento ao (à) aluno (a), em todas as etapas da educação básica, por
meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde;
7.18) assegurar a todas as escolas públicas de educação básica o acesso a energia elétrica, abastecimento de água trata-
da, esgotamento sanitário e manejo dos resíduos sólidos, garantir o acesso dos alunos a espaços para a prática esportiva, a
bens culturais e artísticos e a equipamentos e laboratórios de ciências e, em cada edifício escolar, garantir a acessibilidade às
pessoas com de ciência;
7.19) institucionalizar e manter, em regime de colaboração, programa nacional de reestruturação e aquisição de equipa-
mentos para escolas públicas, visando à equalização regional das oportunidades educacionais;
7.20) prover equipamentos e recursos tecnológicos digitais para a utilização pedagógica no ambiente escolar a todas as
escolas públicas da educação básica, criando, inclusive, mecanismos para implementação das condições necessárias para a
universalização das bibliotecas nas instituições educacionais, com acesso a redes digitais de computadores, inclusive a internet;

96
LEGISLAÇÃO BÁSICA

7.21) a União, em regime de colaboração com os entes 7.28) mobilizar as famílias e setores da sociedade civil,
federados subnacionais, estabelecerá, no prazo de 2 (dois) articulando a educação formal com experiências de educa-
anos contados da publicação desta Lei, parâmetros míni- ção popular e cidadã, com os propósitos de que a educação
mos de qualidade dos serviços da educação básica, a serem seja assumida como responsabilidade de todos e de ampliar
utilizados como referência para infraestrutura das escolas, o controle social sobre o cumprimento das políticas públicas
recursos pedagógicos, entre outros insumos relevantes, bem educacionais;
como instrumento para adoção de medidas para a melhoria 7.29) promover a articulação dos programas da área
da qualidade do ensino; da educação, de âmbito local e nacional, com os de outras
7.22) informatizar integralmente a gestão das escolas áreas, como saúde, trabalho e emprego, assistência social,
públicas e das secretarias de educação dos Estados, do Dis- esporte e cultura, possibilitando a criação de rede de apoio
trito Federal e dos Municípios, bem como manter programa integral às famílias, como condição para a melhoria da qua-
nacional de formação inicial e continuada para o pessoal lidade educacional;
técnico das secretarias de educação; 7.30) universalizar, mediante articulação entre os ór-
7.23) garantir políticas de combate à violência na es- gãos responsáveis pelas áreas da saúde e da educação, o
cola, inclusive pelo desenvolvimento de ações destinadas à atendimento aos (às) estudantes da rede escolar pública de
capacitação de educadores para detecção dos sinais de suas educação básica por meio de ações de prevenção, promoção
causas, como a violência doméstica e sexual, favorecendo a e atenção à saúde;
adoção das providências adequadas para promover a cons- 7.31) estabelecer ações efetivas especi camente volta-
trução da cultura de paz e um ambiente escolar dotado de das para a promoção, prevenção, atenção e atendimento à
segurança para a comunidade; saúde e à integridade física, mental e emocional dos (das)
7.24) implementar políticas de inclusão e permanência pro ssionais da educação, como condição para a melhoria
na escola para adolescentes e jovens que se encontram em da qualidade educacional;
regime de liberdade assistida e em situação de rua, assegu- 7.32) fortalecer, com a colaboração técnica e nanceira
rando os princípios da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 da União, em articulação com o sistema nacional de avalia-
- Estatuto da Criança e do Adolescente; ção, os sistemas estaduais de avaliação da educação básica,
7.25) garantir nos currículos escolares conteúdos sobre com participação, por adesão, das redes municipais de en-
a história e as culturas afro-brasileira e indígenas e imple- sino, para orientar as políticas públicas e as práticas peda-
mentar ações educacionais, nos termos das Leis nos 10.639, gógicas, com o fornecimento das informações às escolas e à
de 9 de janeiro de 2003, e 11.645, de 10 de março de 2008, sociedade;
assegurando-se a implementação das respectivas diretri- 7.33) promover, com especial ênfase, em consonância
zes curriculares nacionais, por meio de ações colaborativas com as diretrizes do Plano Nacional do Livro e da Leitura, a
com fóruns de educação para a diversidade étnico-racial, formação de leitores e leitoras e a capacitação de professo-
conselhos escolares, equipes pedagógicas e a sociedade res e professoras, bibliotecários e bibliotecárias e agentes da
civil; comunidade para atuar como mediadores e mediadoras da
7.26) consolidar a educação escolar no campo de po- leitura, de acordo com a especi cidade das diferentes etapas
pulações tradicionais, de populações itinerantes e de comu- do desenvolvimento e da aprendizagem;
nidades indígenas e quilombolas, respeitando a articulação 7.34) instituir, em articulação com os Estados, os Municí-
entre os ambientes escolares e comunitários e garantindo: pios e o Distrito Federal, programa nacional de formação de
o desenvolvimento sustentável e preservação da identida- professores e professoras e de alunos e alunas para promover
de cultural; a participação da comunidade na de nição do e consolidar política de preservação da memória nacional;
modelo de organização pedagógica e de gestão das insti- 7.35) promover a regulação da oferta da educação bási-
tuições, consideradas as práticas socioculturais e as formas ca pela iniciativa privada, de forma a garantir a qualidade e
particulares de organização do tempo; a oferta bilíngue na o cumprimento da função social da educação;
educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, 7.36) estabelecer políticas de estímulo às escolas que
em língua materna das comunidades indígenas e em língua melhorarem o desempenho no Ideb, de modo a valorizar o
portuguesa; a reestruturação e a aquisição de equipamen- mérito do corpo docente, da direção e da comunidade es-
tos; a oferta de programa para a formação inicial e conti- colar.
nuada de pro ssionais da educação; e o atendimento em
educação especial; Meta 8: elevar a escolaridade média da população
7.27) desenvolver currículos e propostas pedagógicas es- de 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a al-
pecí cas para educação escolar para as escolas do campo e cançar, no mínimo, 12 (doze) anos de estudo no últi-
para as comunidades indígenas e quilombolas, incluindo os mo ano de vigência deste Plano, para as populações do
conteúdos culturais correspondentes às respectivas comuni- campo, da região de menor escolaridade no País e dos
dades e considerando o fortalecimento das práticas sociocul- 25% (vinte e cinco por cento) mais pobres, e igualar a
turais e da língua materna de cada comunidade indígena, escolaridade média entre negros e não negros declara-
produzindo e disponibilizando materiais didáticos especí - dos à Fundação Instituto Brasileiro de Geogra a e Esta-
cos, inclusive para os (as) alunos (as) com de ciência; tística - IBGE.

97
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Estratégias: 9.7) executar ações de atendimento ao (à) estudante da


8.1) institucionalizar programas e desenvolver tecnolo- educação de jovens e adultos por meio de programas suple-
gias para correção de uxo, para acompanhamento peda- mentares de transporte, alimentação e saúde, inclusive aten-
gógico individualizado e para recuperação e progressão par- dimento oftalmológico e fornecimento gratuito de óculos, em
cial, bem como priorizar estudantes com rendimento escolar articulação com a área da saúde;
defasado, considerando as especi cidades dos segmentos 9.8) assegurar a oferta de educação de jovens e adultos,
populacionais considerados; nas etapas de ensino fundamental e médio, às pessoas priva-
8.2) implementar programas de educação de jovens e das de liberdade em todos os estabelecimentos penais, asse-
adultos para os segmentos populacionais considerados, que gurando-se formação especí ca dos professores e das profes-
estejam fora da escola e com defasagem idade-série, asso- soras e implementação de diretrizes nacionais em regime de
ciados a outras estratégias que garantam a continuidade da colaboração;
escolarização, após a alfabetização inicial; 9.9) apoiar técnica e nanceiramente projetos inovado-
8.3) garantir acesso gratuito a exames de certi cação da res na educação de jovens e adultos que visem ao desenvol-
conclusão dos ensinos fundamental e médio; vimento de modelos adequados às necessidades especí cas
8.4) expandir a oferta gratuita de educação pro ssional desses (as) alunos (as);
técnica por parte das entidades privadas de serviço social e 9.10) estabelecer mecanismos e incentivos que integrem
de formação pro ssional vinculadas ao sistema sindical, de os segmentos empregadores, públicos e privados, e os siste-
forma concomitante ao ensino ofertado na rede escolar pú- mas de ensino, para promover a compatibilização da jornada
blica, para os segmentos populacionais considerados; de trabalho dos empregados e das empregadas com a oferta
8.5) promover, em parceria com as áreas de saúde e as- das ações de alfabetização e de educação de jovens e adultos;
sistência social, o acompanhamento e o monitoramento do 9.11) implementar programas de capacitação tecnológica
acesso à escola especí cos para os segmentos populacionais da população jovem e adulta, direcionados para os segmen-
considerados, identi car motivos de absenteísmo e colaborar tos com baixos níveis de escolarização formal e para os (as)
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios para a alunos (as) com de ciência, articulando os sistemas de ensino,
garantia de frequência e apoio à aprendizagem, de maneira a Rede Federal de Educação Pro ssional, Cientí ca e Tecnoló-
a estimular a ampliação do atendimento desses (as) estu- gica, as universidades, as cooperativas e as associações, por
dantes na rede pública regular de ensino; meio de ações de extensão desenvolvidas em centros vocacio-
8.6) promover busca ativa de jovens fora da escola per- nais tecnológicos, com tecnologias assistivas que favoreçam a
tencentes aos segmentos populacionais considerados, em efetiva inclusão social e produtiva dessa população;
parceria com as áreas de assistência social, saúde e proteção 9.12) considerar, nas políticas públicas de jovens e adultos,
à juventude. as necessidades dos idosos, com vistas à promoção de políti-
cas de erradicação do analfabetismo, ao acesso a tecnologias
Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da popula- educacionais e atividades recreativas, culturais e esportivas,
ção com 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa à implementação de programas de valorização e comparti-
e três inteiros e cinco décimos por cento) até 2015 e, até lhamento dos conhecimentos e experiência dos idosos e à in-
o nal da vigência deste PNE, erradicar o analfabetis- clusão dos temas do envelhecimento e da velhice nas escolas.
mo absoluto e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a
taxa de analfabetismo funcional. Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por
Estratégias: cento) das matrículas de educação de jovens e adultos,
9.1) assegurar a oferta gratuita da educação de jovens e nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à
adultos a todos os que não tiveram acesso à educação básica educação pro ssional.
na idade própria; Estratégias:
9.2) realizar diagnóstico dos jovens e adultos com en- 10.1) manter programa nacional de educação de jovens
sino fundamental e médio incompletos, para identi car a e adultos voltado à conclusão do ensino fundamental e à for-
demanda ativa por vagas na educação de jovens e adultos; mação pro ssional inicial, de forma a estimular a conclusão
9.3) implementar ações de alfabetização de jovens e da educação básica;
adultos com garantia de continuidade da escolarização bá- 10.2) expandir as matrículas na educação de jovens e
sica; adultos, de modo a articular a formação inicial e continua-
9.4) criar benefício adicional no programa nacional de da de trabalhadores com a educação pro ssional, objeti-
transferência de renda para jovens e adultos que frequenta- vando a elevação do nível de escolaridade do trabalhador e
rem cursos de alfabetização; da trabalhadora;
9.5) realizar chamadas públicas regulares para educa- 10.3) fomentar a integração da educação de jovens e
ção de jovens e adultos, promovendo-se busca ativa em regi- adultos com a educação pro ssional, em cursos planejados,
me de colaboração entre entes federados e em parceria com de acordo com as características do público da educação
organizações da sociedade civil; de jovens e adultos e considerando as especi cidades das
9.6) realizar avaliação, por meio de exames especí cos, populações itinerantes e do campo e das comunidades indí-
que permita aferir o grau de alfabetização de jovens e adul- genas e quilombolas, inclusive na modalidade de educação
tos com mais de 15 (quinze) anos de idade; a distância;

98
LEGISLAÇÃO BÁSICA

10.4) ampliar as oportunidades pro ssionais dos jovens 11.2) fomentar a expansão da oferta de educação pro-
e adultos com de ciência e baixo nível de escolaridade, por ssional técnica de nível médio nas redes públicas estaduais
meio do acesso à educação de jovens e adultos articulada à de ensino;
educação pro ssional; 11.3) fomentar a expansão da oferta de educação pro-
10.5) implantar programa nacional de reestruturação e ssional técnica de nível médio na modalidade de educação
aquisição de equipamentos voltados à expansão e à melho- a distância, com a nalidade de ampliar a oferta e demo-
ria da rede física de escolas públicas que atuam na educação cratizar o acesso à educação pro ssional pública e gratuita,
de jovens e adultos integrada à educação pro ssional, ga- assegurado padrão de qualidade;
rantindo acessibilidade à pessoa com de ciência; 11.4) estimular a expansão do estágio na educação pro-
10.6) estimular a diversi cação curricular da educa- ssional técnica de nível médio e do ensino médio regular,
ção de jovens e adultos, articulando a formação básica e a preservando-se seu caráter pedagógico integrado ao itinerá-
preparação para o mundo do trabalho e estabelecendo in- rio formativo do aluno, visando à formação de quali cações
ter-relações entre teoria e prática, nos eixos da ciência, do próprias da atividade pro ssional, à contextualização curri-
trabalho, da tecnologia e da cultura e cidadania, de forma cular e ao desenvolvimento da juventude;
a organizar o tempo e o espaço pedagógicos adequados às 11.5) ampliar a oferta de programas de reconhecimen-
características desses alunos e alunas; to de saberes para ns de certi cação pro ssional em nível
10.7) fomentar a produção de material didático, o de- técnico;
senvolvimento de currículos e metodologias especí cas, os 11.6) ampliar a oferta de matrículas gratuitas de educa-
instrumentos de avaliação, o acesso a equipamentos e labo- ção pro ssional técnica de nível médio pelas entidades pri-
ratórios e a formação continuada de docentes das redes pú- vadas de formação pro ssional vinculadas ao sistema sindi-
blicas que atuam na educação de jovens e adultos articulada cal e entidades sem ns lucrativos de atendimento à pessoa
à educação pro ssional; com de ciência, com atuação exclusiva na modalidade;
10.8) fomentar a oferta pública de formação inicial e
11.7) expandir a oferta de nanciamento estudantil à
continuada para trabalhadores e trabalhadoras articulada
educação pro ssional técnica de nível médio oferecida em
à educação de jovens e adultos, em regime de colaboração
instituições privadas de educação superior;
e com apoio de entidades privadas de formação pro ssional
11.8) institucionalizar sistema de avaliação da qualida-
vinculadas ao sistema sindical e de entidades sem ns lucra-
de da educação pro ssional técnica de nível médio das redes
tivos de atendimento à pessoa com de ciência, com atuação
escolares públicas e privadas;
exclusiva na modalidade;
11.9) expandir o atendimento do ensino médio gratui-
10.9) institucionalizar programa nacional de assistência
to integrado à formação pro ssional para as populações do
ao estudante, compreendendo ações de assistência social, -
campo e para as comunidades indígenas e quilombolas, de
nanceira e de apoio psicopedagógico que contribuam para
garantir o acesso, a permanência, a aprendizagem e a con- acordo com os seus interesses e necessidades;
clusão com êxito da educação de jovens e adultos articulada 11.10) expandir a oferta de educação pro ssional téc-
à educação pro ssional; nica de nível médio para as pessoas com de ciência, trans-
10.10) orientar a expansão da oferta de educação de jo- tornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
vens e adultos articulada à educação pro ssional, de modo superdotação;
a atender às pessoas privadas de liberdade nos estabele- 11.11) elevar gradualmente a taxa de conclusão média
cimentos penais, assegurando-se formação especí ca dos dos cursos técnicos de nível médio na Rede Federal de Edu-
professores e das professoras e implementação de diretrizes cação Pro ssional, Cientí ca e Tecnológica para 90% (no-
nacionais em regime de colaboração; venta por cento) e elevar, nos cursos presenciais, a relação
10.11) implementar mecanismos de reconhecimento de de alunos (as) por professor para 20 (vinte);
saberes dos jovens e adultos trabalhadores, a serem conside- 11.12) elevar gradualmente o investimento em progra-
rados na articulação curricular dos cursos de formação ini- mas de assistência estudantil e mecanismos de mobilidade
cial e continuada e dos cursos técnicos de nível médio. acadêmica, visando a garantir as condições necessárias à
permanência dos (as) estudantes e à conclusão dos cursos
Meta 11: triplicar as matrículas da educação pro s- técnicos de nível médio;
sional técnica de nível médio, assegurando a qualidade 11.13) reduzir as desigualdades étnico-raciais e regio-
da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da nais no acesso e permanência na educação pro ssional téc-
expansão no segmento público. nica de nível médio, inclusive mediante a adoção de políticas
Estratégias: a rmativas, na forma da lei;
11.1) expandir as matrículas de educação pro ssional 11.14) estruturar sistema nacional de informação pro-
técnica de nível médio na Rede Federal de Educação Pro s- ssional, articulando a oferta de formação das instituições
sional, Cientí ca e Tecnológica, levando em consideração a especializadas em educação pro ssional aos dados do mer-
responsabilidade dos Institutos na ordenação territorial, sua cado de trabalho e a consultas promovidas em entidades
vinculação com arranjos produtivos, sociais e culturais locais empresariais e de trabalhadores
e regionais, bem como a interiorização da educação pro s-
sional;

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na edu- 12.9) ampliar a participação proporcional de grupos his-
cação superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa toricamente desfavorecidos na educação superior, inclusive
líquida para 33% (trinta e três por cento) da população mediante a adoção de políticas a rmativas, na forma da lei;
de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a 12.10) assegurar condições de acessibilidade nas institui-
qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% ções de educação superior, na forma da legislação;
(quarenta por cento) das novas matrículas, no segmen- 12.11) fomentar estudos e pesquisas que analisem a ne-
to público. cessidade de articulação entre formação, currículo, pesquisa e
Estratégias: mundo do trabalho, considerando as necessidades econômi-
12.1) otimizar a capacidade instalada da estrutura física cas, sociais e culturais do País;
e de recursos humanos das instituições públicas de educação 12.12) consolidar e ampliar programas e ações de incenti-
superior, mediante ações planejadas e coordenadas, de for- vo à mobilidade estudantil e docente em cursos de graduação
ma a ampliar e interiorizar o acesso à graduação; e pós-graduação, em âmbito nacional e internacional, tendo
12.2) ampliar a oferta de vagas, por meio da expansão e em vista o enriquecimento da formação de nível superior;
interiorização da rede federal de educação superior, da Rede 12.13) expandir atendimento especí co a populações do
Federal de Educação Pro ssional, Cientí ca e Tecnológica e campo e comunidades indígenas e quilombolas, em relação a
do sistema Universidade Aberta do Brasil, considerando a acesso, permanência, conclusão e formação de pro ssionais
densidade populacional, a oferta de vagas públicas em re- para atuação nessas populações;
lação à população na idade de referência e observadas as 12.14) mapear a demanda e fomentar a oferta de for-
características regionais das micro e mesorregiões de nidas mação de pessoal de nível superior, destacadamente a que
pela Fundação Instituto Brasileiro de Geogra a e Estatística - se refere à formação nas áreas de ciências e matemática,
IBGE, uniformizando a expansão no território nacional; considerando as necessidades do desenvolvimento do País, a
12.3) elevar gradualmente a taxa de conclusão média inovação tecnológica e a melhoria da qualidade da educação
dos cursos de graduação presenciais nas universidades pú- básica;
blicas para 90% (noventa por cento), ofertar, no mínimo, um 12.15) institucionalizar programa de composição de acer-
vo digital de referências bibliográ cas e audiovisuais para os
terço das vagas em cursos noturnos e elevar a relação de
cursos de graduação, assegurada a acessibilidade às pessoas
estudantes por professor (a) para 18 (dezoito), mediante es-
com de ciência;
tratégias de aproveitamento de créditos e inovações acadê-
12.16) consolidar processos seletivos nacionais e regionais
micas que valorizem a aquisição de competências de nível
para acesso à educação superior como forma de superar exa-
superior;
mes vestibulares isolados;
12.4) fomentar a oferta de educação superior pública e
12.17) estimular mecanismos para ocupar as vagas ocio-
gratuita prioritariamente para a formação de professores e
sas em cada período letivo na educação superior pública;
professoras para a educação básica, sobretudo nas áreas de
12.18) estimular a expansão e reestruturação das insti-
ciências e matemática, bem como para atender ao dé ce de tuições de educação superior estaduais e municipais cujo en-
pro ssionais em áreas especí cas; sino seja gratuito, por meio de apoio técnico e nanceiro do
12.5) ampliar as políticas de inclusão e de assistência Governo Federal, mediante termo de adesão a programa de
estudantil dirigidas aos (às) estudantes de instituições públi- reestruturação, na forma de regulamento, que considere a sua
cas, bolsistas de instituições privadas de educação superior contribuição para a ampliação de vagas, a capacidade scal e
e bene ciários do Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, as necessidades dos sistemas de ensino dos entes mantenedo-
de que trata a Lei no 10.260, de 12 de julho de 2001, na res na oferta e qualidade da educação básica;
educação superior, de modo a reduzir as desigualdades ét- 12.19) reestruturar com ênfase na melhoria de prazos e
nico-raciais e ampliar as taxas de acesso e permanência na qualidade da decisão, no prazo de 2 (dois) anos, os procedi-
educação superior de estudantes egressos da escola pú- mentos adotados na área de avaliação, regulação e supervi-
blica, afrodescendentes e indígenas e de estudantes com são, em relação aos processos de autorização de cursos e insti-
de ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas tuições, de reconhecimento ou renovação de reconhecimento
habilidades ou superdotação, de forma a apoiar seu suces- de cursos superiores e de credenciamento ou recredenciamen-
so acadêmico; to de instituições, no âmbito do sistema federal de ensino;
12.6) expandir o nanciamento estudantil por meio do 12.20) ampliar, no âmbito do Fundo de Financiamento
Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, de que trata a Lei ao Estudante do Ensino Superior - FIES, de que trata a Lei nº
no 10.260, de 12 de julho de 2001, com a constituição de 10.260, de 12 de julho de 2001, e do Programa Universidade
fundo garantidor do nanciamento, de forma a dispensar para Todos - PROUNI, de que trata a Lei no 11.096, de 13 de ja-
progressivamente a exigência de ador; neiro de 2005, os benefícios destinados à concessão de nan-
12.7) assegurar, no mínimo, 10% (dez por cento) do to- ciamento a estudantes regularmente matriculados em cursos
tal de créditos curriculares exigidos para a graduação em superiores presenciais ou a distância, com avaliação positiva,
programas e projetos de extensão universitária, orientando de acordo com regulamentação própria, nos processos condu-
sua ação, prioritariamente, para áreas de grande pertinência zidos pelo Ministério da Educação;
social; 12.21) fortalecer as redes físicas de laboratórios multifun-
12.8) ampliar a oferta de estágio como parte da forma- cionais das IES e ICTs nas áreas estratégicas de nidas pela po-
ção na educação superior; lítica e estratégias nacionais de ciência, tecnologia e inovação.

100
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Meta 13: elevar a qualidade da educação superior 13.9) promover a formação inicial e continuada dos (as)
e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo pro ssionais técnico-administrativos da educação superior.
docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de
educação superior para 75% (setenta e cinco por cento), Meta 14: elevar gradualmente o número de matrí-
sendo, do total, no mínimo, 35% (trinta e cinco por cen- culas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atin-
to) doutores. gir a titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e
Estratégias: 25.000 (vinte e cinco mil) doutores.
13.1) aperfeiçoar o Sistema Nacional de Avaliação da Estratégias:
Educação Superior - SINAES, de que trata a Lei no 10.861, 14.1) expandir o nanciamento da pós-graduação stricto
de 14 de abril de 2004, fortalecendo as ações de avaliação, sensu por meio das agências o ciais de fomento;
regulação e supervisão; 14.2) estimular a integração e a atuação articulada en-
13.2) ampliar a cobertura do Exame Nacional de De- tre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
sempenho de Estudantes - ENADE, de modo a ampliar o Superior - CAPES e as agências estaduais de fomento à pes-
quantitativo de estudantes e de áreas avaliadas no que diz quisa;
respeito à aprendizagem resultante da graduação; 14.3) expandir o nanciamento estudantil por meio do
13.3) induzir processo contínuo de autoavaliação das Fies à pós-graduação stricto sensu;
instituições de educação superior, fortalecendo a participa- 14.4) expandir a oferta de cursos de pós-graduação stric-
ção das comissões próprias de avaliação, bem como a apli- to sensu, utilizando inclusive metodologias, recursos e tecno-
cação de instrumentos de avaliação que orientem as dimen- logias de educação a distância;
sões a serem fortalecidas, destacando-se a quali cação e a 14.5) implementar ações para reduzir as desigualdades
dedicação do corpo docente; étnico-raciais e regionais e para favorecer o acesso das popu-
13.4) promover a melhoria da qualidade dos cursos de lações do campo e das comunidades indígenas e quilombolas
pedagogia e licenciaturas, por meio da aplicação de instru- a programas de mestrado e doutorado;
mento próprio de avaliação aprovado pela Comissão Nacio- 14.6) ampliar a oferta de programas de pós-gradua-
nal de Avaliação da Educação Superior - CONAES, integran- ção stricto sensu, especialmente os de doutorado, nos cam-
do-os às demandas e necessidades das redes de educação pi novos abertos em decorrência dos programas de expansão
básica, de modo a permitir aos graduandos a aquisição das e interiorização das instituições superiores públicas;
quali cações necessárias a conduzir o processo pedagógico 14.7) manter e expandir programa de acervo digital de
de seus futuros alunos (as), combinando formação geral e referências bibliográ cas para os cursos de pós-graduação,
especí ca com a prática didática, além da educação para as assegurada a acessibilidade às pessoas com de ciência;
relações étnico-raciais, a diversidade e as necessidades das 14.8) estimular a participação das mulheres nos cursos
pessoas com de ciência; de pós-graduação stricto sensu, em particular aqueles liga-
13.5) elevar o padrão de qualidade das universidades, dos às áreas de Engenharia, Matemática, Física, Química, In-
direcionando sua atividade, de modo que realizem, efetiva- formática e outros no campo das ciências;
mente, pesquisa institucionalizada, articulada a programas 14.9) consolidar programas, projetos e ações que objeti-
de pós-graduação stricto sensu; vem a internacionalização da pesquisa e da pós-graduação
13.6) substituir o Exame Nacional de Desempenho de brasileiras, incentivando a atuação em rede e o fortalecimen-
Estudantes - ENADE aplicado ao nal do primeiro ano do to de grupos de pesquisa;
curso de graduação pelo Exame Nacional do Ensino Médio 14.10) promover o intercâmbio cientí co e tecnológico,
- ENEM, a m de apurar o valor agregado dos cursos de nacional e internacional, entre as instituições de ensino, pes-
graduação; quisa e extensão;
13.7) fomentar a formação de consórcios entre insti- 14.11) ampliar o investimento em pesquisas com foco
tuições públicas de educação superior, com vistas a poten- em desenvolvimento e estímulo à inovação, bem como incre-
cializar a atuação regional, inclusive por meio de plano de mentar a formação de recursos humanos para a inovação, de
desenvolvimento institucional integrado, assegurando maior modo a buscar o aumento da competitividade das empresas
visibilidade nacional e internacional às atividades de ensino, de base tecnológica;
pesquisa e extensão; 14.12) ampliar o investimento na formação de doutores
13.8) elevar gradualmente a taxa de conclusão média de modo a atingir a proporção de 4 (quatro) doutores por
dos cursos de graduação presenciais nas universidades pú- 1.000 (mil) habitantes;
blicas, de modo a atingir 90% (noventa por cento) e, nas ins- 14.13) aumentar qualitativa e quantitativamente o de-
tituições privadas, 75% (setenta e cinco por cento), em 2020, sempenho cientí co e tecnológico do País e a competitividade
e fomentar a melhoria dos resultados de aprendizagem, de internacional da pesquisa brasileira, ampliando a cooperação
modo que, em 5 (cinco) anos, pelo menos 60% (sessenta cientí ca com empresas, Instituições de Educação Superior -
por cento) dos estudantes apresentem desempenho positivo IES e demais Instituições Cientí cas e Tecnológicas - ICTs;
igual ou superior a 60% (sessenta por cento) no Exame Na- 14.14) estimular a pesquisa cientí ca e de inovação e
cional de Desempenho de Estudantes - ENADE e, no último promover a formação de recursos humanos que valorize a
ano de vigência, pelo menos 75% (setenta e cinco por cen- diversidade regional e a biodiversidade da região amazôni-
to) dos estudantes obtenham desempenho positivo igual ou ca e do cerrado, bem como a gestão de recursos hídricos no
superior a 75% (setenta e cinco por cento) nesse exame, em semiárido para mitigação dos efeitos da seca e geração de
cada área de formação pro ssional; emprego e renda na região;

101
LEGISLAÇÃO BÁSICA

14.15) estimular a pesquisa aplicada, no âmbito das IES 15.9) implementar cursos e programas especiais para
e das ICTs, de modo a incrementar a inovação e a produção assegurar formação especí ca na educação superior, nas
e registro de patentes. respectivas áreas de atuação, aos docentes com formação
de nível médio na modalidade normal, não licenciados ou
Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre licenciados em área diversa da de atuação docente, em efe-
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tivo exercício;
no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política 15.10) fomentar a oferta de cursos técnicos de nível mé-
nacional de formação dos pro ssionais da educação de dio e tecnológicos de nível superior destinados à formação,
que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da nas respectivas áreas de atuação, dos (as) pro ssionais da
Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurado que educação de outros segmentos que não os do magistério;
todos os professores e as professoras da educação bási- 15.11) implantar, no prazo de 1 (um) ano de vigência
ca possuam formação especí ca de nível superior, obtida desta Lei, política nacional de formação continuada para os
em curso de licenciatura na área de conhecimento em que (as) pro ssionais da educação de outros segmentos que não
atuam. os do magistério, construída em regime de colaboração en-
Estratégias: tre os entes federados;
15.1) atuar, conjuntamente, com base em plano estraté- 15.12) instituir programa de concessão de bolsas de es-
gico que apresente diagnóstico das necessidades de forma- tudos para que os professores de idiomas das escolas públi-
cas de educação básica realizem estudos de imersão e aper-
ção de pro ssionais da educação e da capacidade de atendi-
feiçoamento nos países que tenham como idioma nativo as
mento, por parte de instituições públicas e comunitárias de
línguas que lecionem;
educação superior existentes nos Estados, Distrito Federal e
15.13) desenvolver modelos de formação docente para
Municípios, e de na obrigações recíprocas entre os partíci-
a educação pro ssional que valorizem a experiência prática,
pes; por meio da oferta, nas redes federal e estaduais de edu-
15.2) consolidar o nanciamento estudantil a estudan- cação pro ssional, de cursos voltados à complementação e
tes matriculados em cursos de licenciatura com avaliação certi cação didático-pedagógica de pro ssionais experien-
positiva pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação tes.
Superior - SINAES, na forma da Lei nº 10.861, de 14 de abril
de 2004, inclusive a amortização do saldo devedor pela do- Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50%
cência efetiva na rede pública de educação básica; (cinquenta por cento) dos professores da educação bási-
15.3) ampliar programa permanente de iniciação à do- ca, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a
cência a estudantes matriculados em cursos de licenciatura, todos (as) os (as) pro ssionais da educação básica for-
a m de aprimorar a formação de pro ssionais para atuar mação continuada em sua área de atuação, consideran-
no magistério da educação básica; do as necessidades, demandas e contextualizações dos
15.4) consolidar e ampliar plataforma eletrônica para sistemas de ensino.
organizar a oferta e as matrículas em cursos de formação Estratégias:
inicial e continuada de pro ssionais da educação, bem como 16.1) realizar, em regime de colaboração, o planejamen-
para divulgar e atualizar seus currículos eletrônicos; to estratégico para dimensionamento da demanda por for-
15.5) implementar programas especí cos para formação mação continuada e fomentar a respectiva oferta por parte
de pro ssionais da educação para as escolas do campo e das instituições públicas de educação superior, de forma or-
de comunidades indígenas e quilombolas e para a educação gânica e articulada às políticas de formação dos Estados, do
especial; Distrito Federal e dos Municípios;
15.6) promover a reforma curricular dos cursos de li- 16.2) consolidar política nacional de formação de pro-
cenciatura e estimular a renovação pedagógica, de forma a fessores e professoras da educação básica, de nindo dire-
assegurar o foco no aprendizado do (a) aluno (a), dividindo trizes nacionais, áreas prioritárias, instituições formadoras e
a carga horária em formação geral, formação na área do processos de certi cação das atividades formativas;
saber e didática especí ca e incorporando as modernas tec- 16.3) expandir programa de composição de acervo de
obras didáticas, paradidáticas e de literatura e de dicioná-
nologias de informação e comunicação, em articulação com
rios, e programa especí co de acesso a bens culturais, in-
a base nacional comum dos currículos da educação básica,
cluindo obras e materiais produzidos em Libras e em Braille,
de que tratam as estratégias 2.1, 2.2, 3.2 e 3.3 deste PNE;
sem prejuízo de outros, a serem disponibilizados para os pro-
15.7) garantir, por meio das funções de avaliação, regu-
fessores e as professoras da rede pública de educação básica,
lação e supervisão da educação superior, a plena implemen- favorecendo a construção do conhecimento e a valorização
tação das respectivas diretrizes curriculares; da cultura da investigação;
15.8) valorizar as práticas de ensino e os estágios nos 16.4) ampliar e consolidar portal eletrônico para sub-
cursos de formação de nível médio e superior dos pro ssio- sidiar a atuação dos professores e das professoras da edu-
nais da educação, visando ao trabalho sistemático de ar- cação básica, disponibilizando gratuitamente materiais di-
ticulação entre a formação acadêmica e as demandas da dáticos e pedagógicos suplementares, inclusive aqueles com
educação básica; formato acessível;

102
LEGISLAÇÃO BÁSICA

16.5) ampliar a oferta de bolsas de estudo para pós- 18.2) implantar, nas redes públicas de educação básica
graduação dos professores e das professoras e demais pro s- e superior, acompanhamento dos pro ssionais iniciantes, su-
sionais da educação básica; pervisionados por equipe de pro ssionais experientes, a m de
16.6) fortalecer a formação dos professores e das pro- fundamentar, com base em avaliação documentada, a decisão
fessoras das escolas públicas de educação básica, por meio pela efetivação após o estágio probatório e oferecer, durante
da implementação das ações do Plano Nacional do Livro e esse período, curso de aprofundamento de estudos na área de
Leitura e da instituição de programa nacional de disponibi- atuação do (a) professor (a), com destaque para os conteúdos
lização de recursos para acesso a bens culturais pelo magis- a serem ensinados e as metodologias de ensino de cada disci-
tério público. plina;
18.3) realizar, por iniciativa do Ministério da Educação, a
Meta 17: valorizar os (as) pro ssionais do magis- cada 2 (dois) anos a partir do segundo ano de vigência deste
tério das redes públicas de educação básica de forma PNE, prova nacional para subsidiar os Estados, o Distrito Fe-
deral e os Municípios, mediante adesão, na realização de con-
a equiparar seu rendimento médio ao dos (as) demais
cursos públicos de admissão de pro ssionais do magistério da
pro ssionais com escolaridade equivalente, até o nal
educação básica pública;
do sexto ano de vigência deste PNE.
18.4) prever, nos planos de Carreira dos pro ssionais da
Estratégias:
educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, li-
17.1) constituir, por iniciativa do Ministério da Educação, cenças remuneradas e incentivos para quali cação pro ssional,
até o nal do primeiro ano de vigência deste PNE, fórum inclusive em nível de pós-graduação stricto sensu;
permanente, com representação da União, dos Estados, do 18.5) realizar anualmente, a partir do segundo ano de vi-
Distrito Federal, dos Municípios e dos trabalhadores da edu- gência deste PNE, por iniciativa do Ministério da Educação, em
cação, para acompanhamento da atualização progressiva regime de colaboração, o censo dos (as) pro ssionais da edu-
do valor do piso salarial nacional para os pro ssionais do cação básica de outros segmentos que não os do magistério;
magistério público da educação básica; 18.6) considerar as especi cidades socioculturais das esco-
17.2) constituir como tarefa do fórum permanente o las do campo e das comunidades indígenas e quilombolas no
acompanhamento da evolução salarial por meio de indi- provimento de cargos efetivos para essas escolas;
cadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - 18.7) priorizar o repasse de transferências federais voluntá-
PNAD, periodicamente divulgados pela Fundação Instituto rias, na área de educação, para os Estados, o Distrito Federal e
Brasileiro de Geogra a e Estatística - IBGE; os Municípios que tenham aprovado lei especí ca estabelecen-
17.3) implementar, no âmbito da União, dos Estados, do do planos de Carreira para os (as) pro ssionais da educação;
Distrito Federal e dos Municípios, planos de Carreira para os 18.8) estimular a existência de comissões permanentes
(as) pro ssionais do magistério das redes públicas de edu- de pro ssionais da educação de todos os sistemas de ensino,
cação básica, observados os critérios estabelecidos na Lei em todas as instâncias da Federação, para subsidiar os órgãos
no 11.738, de 16 de julho de 2008, com implantação gra- competentes na elaboração, reestruturação e implementação
dual do cumprimento da jornada de trabalho em um único dos planos de Carreira.
estabelecimento escolar;
17.4) ampliar a assistência nanceira especí ca da Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2 (dois)
União aos entes federados para implementação de políticas anos, para a efetivação da gestão democrática da educa-
de valorização dos (as) pro ssionais do magistério, em par- ção, associada a critérios técnicos de mérito e desempe-
ticular o piso salarial nacional pro ssional. nho e à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito
das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da
União para tanto.
Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a
Estratégias:
existência de planos de Carreira para os (as) pro ssio-
19.1) priorizar o repasse de transferências voluntárias da
nais da educação básica e superior pública de todos os
União na área da educação para os entes federados que te-
sistemas de ensino e, para o plano de Carreira dos (as)
nham aprovado legislação especí ca que regulamente a ma-
pro ssionais da educação básica pública, tomar como téria na área de sua abrangência, respeitando-se a legislação
referência o piso salarial nacional pro ssional, de nido nacional, e que considere, conjuntamente, para a nomeação
em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da dos diretores e diretoras de escola, critérios técnicos de mérito e
Constituição Federal. desempenho, bem como a participação da comunidade escolar;
Estratégias: 19.2) ampliar os programas de apoio e formação aos (às)
18.1) estruturar as redes públicas de educação básica conselheiros (as) dos conselhos de acompanhamento e contro-
de modo que, até o início do terceiro ano de vigência deste le social do Fundeb, dos conselhos de alimentação escolar, dos
PNE, 90% (noventa por cento), no mínimo, dos respectivos conselhos regionais e de outros e aos (às) representantes educa-
pro ssionais do magistério e 50% (cinquenta por cento), no cionais em demais conselhos de acompanhamento de políticas
mínimo, dos respectivos pro ssionais da educação não do- públicas, garantindo a esses colegiados recursos nanceiros,
centes sejam ocupantes de cargos de provimento efetivo e espaço físico adequado, equipamentos e meios de transporte
estejam em exercício nas redes escolares a que se encontrem para visitas à rede escolar, com vistas ao bom desempenho de
vinculados; suas funções;

103
LEGISLAÇÃO BÁSICA

19.3) incentivar os Estados, o Distrito Federal e os Muni- 20.4) fortalecer os mecanismos e os instrumentos que
cípios a constituírem Fóruns Permanentes de Educação, com assegurem, nos termos do parágrafo único do art. 48 da
o intuito de coordenar as conferências municipais, estaduais Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, a trans-
e distrital bem como efetuar o acompanhamento da execu- parência e o controle social na utilização dos recursos pú-
ção deste PNE e dos seus planos de educação; blicos aplicados em educação, especialmente a realização
19.4) estimular, em todas as redes de educação básica, de audiências públicas, a criação de portais eletrônicos de
a constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e transparência e a capacitação dos membros de conselhos
associações de pais, assegurando-se-lhes, inclusive, espaços de acompanhamento e controle social do Fundeb, com a
adequados e condições de funcionamento nas escolas e fo- colaboração entre o Ministério da Educação, as Secretarias
mentando a sua articulação orgânica com os conselhos es- de Educação dos Estados e dos Municípios e os Tribunais de
colares, por meio das respectivas representações; Contas da União, dos Estados e dos Municípios;
19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de 20.5) desenvolver, por meio do Instituto Nacional de Es-
tudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, estu-
conselhos escolares e conselhos municipais de educação,
dos e acompanhamento regular dos investimentos e custos
como instrumentos de participação e scalização na gestão
por aluno da educação básica e superior pública, em todas
escolar e educacional, inclusive por meio de programas de
as suas etapas e modalidades;
formação de conselheiros, assegurando-se condições de fun-
20.6) no prazo de 2 (dois) anos da vigência deste PNE,
cionamento autônomo; será implantado o Custo Aluno-Qualidade inicial - CAQi, re-
19.6) estimular a participação e a consulta de pro ssio- ferenciado no conjunto de padrões mínimos estabelecidos
nais da educação, alunos (as) e seus familiares na formula- na legislação educacional e cujo nanciamento será cal-
ção dos projetos político-pedagógicos, currículos escolares, culado com base nos respectivos insumos indispensáveis ao
planos de gestão escolar e regimentos escolares, asseguran- processo de ensino-aprendizagem e será progressivamente
do a participação dos pais na avaliação de docentes e ges- reajustado até a implementação plena do Custo Aluno Qua-
tores escolares; lidade - CAQ;
19.7) favorecer processos de autonomia pedagógica, ad- 20.7) implementar o Custo Aluno Qualidade - CAQ
ministrativa e de gestão nanceira nos estabelecimentos de como parâmetro para o nanciamento da educação de to-
ensino; das etapas e modalidades da educação básica, a partir do
19.8) desenvolver programas de formação de diretores cálculo e do acompanhamento regular dos indicadores de
e gestores escolares, bem como aplicar prova nacional es- gastos educacionais com investimentos em quali cação e
pecí ca, a m de subsidiar a de nição de critérios objetivos remuneração do pessoal docente e dos demais pro ssionais
para o provimento dos cargos, cujos resultados possam ser da educação pública, em aquisição, manutenção, construção
utilizados por adesão. e conservação de instalações e equipamentos necessários ao
ensino e em aquisição de material didático-escolar, alimen-
Meta 20: ampliar o investimento público em educa- tação e transporte escolar;
ção pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar 20.8) o CAQ será de nido no prazo de 3 (três) anos e
de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto - PIB será continuamente ajustado, com base em metodologia for-
do País no 5o (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mí- mulada pelo Ministério da Educação - MEC, e acompanhado
nimo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao nal pelo Fórum Nacional de Educação - FNE, pelo Conselho Na-
do decênio. cional de Educação - CNE e pelas Comissões de Educação da
Estratégias: Câmara dos Deputados e de Educação, Cultura e Esportes do
Senado Federal;
20.1) garantir fontes de nanciamento permanentes e
20.9) regulamentar o parágrafo único do art. 23 e o art.
sustentáveis para todos os níveis, etapas e modalidades da
211 da Constituição Federal, no prazo de 2 (dois) anos, por
educação básica, observando-se as políticas de colaboração
lei complementar, de forma a estabelecer as normas de coo-
entre os entes federados, em especial as decorrentes do art.
peração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e do Municípios, em matéria educacional, e a articulação do sis-
§ 1o do art. 75 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, tema nacional de educação em regime de colaboração, com
que tratam da capacidade de atendimento e do esforço scal equilíbrio na repartição das responsabilidades e dos recursos
de cada ente federado, com vistas a atender suas demandas e efetivo cumprimento das funções redistributiva e supletiva
educacionais à luz do padrão de qualidade nacional; da União no combate às desigualdades educacionais regio-
20.2) aperfeiçoar e ampliar os mecanismos de acompa- nais, com especial atenção às regiões Norte e Nordeste;
nhamento da arrecadação da contribuição social do salário 20.10) caberá à União, na forma da lei, a complemen-
-educação; tação de recursos nanceiros a todos os Estados, ao Distrito
20.3) destinar à manutenção e desenvolvimento do en- Federal e aos Municípios que não conseguirem atingir o va-
sino, em acréscimo aos recursos vinculados nos termos do lor do CAQi e, posteriormente, do CAQ;
art. 212 da Constituição Federal, na forma da lei especí ca, 20.11) aprovar, no prazo de 1 (um) ano, Lei de Responsa-
a parcela da participação no resultado ou da compensação bilidade Educacional, assegurando padrão de qualidade na
nanceira pela exploração de petróleo e gás natural e outros educação básica, em cada sistema e rede de ensino, aferida
recursos, com a nalidade de cumprimento da meta prevista pelo processo de metas de qualidade aferidas por institutos
no inciso VI do caput do art. 214 da Constituição Federal; o ciais de avaliação educacionais;

104
LEGISLAÇÃO BÁSICA

20.12) de nir critérios para distribuição dos recursos adi- acesso ao conhecimento e aos elementos da cultura im-
cionais dirigidos à educação ao longo do decênio, que consi- prescindíveis para o seu desenvolvimento pessoal e para a
derem a equalização das oportunidades educacionais, a vul- vida em sociedade, assim como os benefícios de uma for-
nerabilidade socioeconômica e o compromisso técnico e de mação comum, independentemente da grande diversidade
gestão do sistema de ensino, a serem pactuados na instância da população escolar e das demandas sociais.
prevista no § 5o do art. 7o desta Lei. Art. 5º O direito à educação, entendido como um di-
reito inalienável do ser humano, constitui o fundamento
maior destas Diretrizes. A educação, ao proporcionar o de-
senvolvimento do potencial humano, permite o exercício
4. DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS dos direitos civis, políticos, sociais e do direito à diferença,
PARA O ENSINO FUNDAMENTAL sendo ela mesma também um direito social, e possibilita a
DE 9 (NOVE) ANOS formação cidadã e o usufruto dos bens sociais e culturais.
§ 1º O Ensino Fundamental deve comprometer-se com
uma educação com qualidade social, igualmente entendida
RESOLUÇÃO Nº 7, DE 14 DE DEZEMBRODE 2010 como direito humano.
§ 2º A educação de qualidade, como um direito funda-
Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fun- mental, é, antes de tudo, relevante, pertinente e equitativa.
damental de 9 (nove) anos. I – A relevância reporta-se à promoção de aprendiza-
gens signi cativas do ponto de vista das exigências sociais
O Presidente da Câmara de Educação Básica do Con- e de desenvolvimento pessoal.
selho Nacional de Educação, de conformidade com o dis- II – A pertinência refere-se à possibilidade de atender
posto na alínea “c” do § 1º do art. 9º da Lei nº 4.024/61, às necessidades e às características dos estudantes de di-
com a redação dada pela Lei nº 9.131/95, no art. 32 da Lei versos contextos sociais e culturais e com diferentes capa-
nº 9.394/96, na Lei nº 11.274/2006, e com fundamento no cidades e interesses.
Parecer CNE/CEB nº 11/2010, homologado por Despacho III – A equidade alude à importância de tratar de forma
do Senhor Ministro de Estado da Educação, publicado no diferenciada o que se apresenta como desigual no ponto
DOU de 9 de dezembro de 2010, resolve: de partida, com vistas a obter desenvolvimento e aprendi-
Art. 1º A presente Resolução xa as Diretrizes Curricula- zagens equiparáveis, assegurando a todos a igualdade de
direito à educação.
res Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos
§ 3º Na perspectiva de contribuir para a erradicação da
a serem observadas na organização curricular dos sistemas
pobreza e das desigualdades, a equidade requer que sejam
de ensino e de suas unidades escolares.
oferecidos mais recursos e melhores condições às escolas
Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para o En-
menos providas e aos alunos que deles mais necessitem.
sino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as
Ao lado das políticas universais, dirigidas a todos sem re-
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Bá-
quisito de seleção, é preciso também sustentar políticas
sica (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº
reparadoras que assegurem maior apoio aos diferentes
4/2010) e reúnem princípios, fundamentos e procedimen-
grupos sociais em desvantagem.
tos de nidos pelo Conselho Nacional de Educação, para § 4º A educação escolar, comprometida com a igualda-
orientar as políticas públicas educacionais e a elaboração, de do acesso de todos ao conhecimento e especialmente
implementação e avaliação das orientações curriculares na- empenhada em garantir esse acesso aos grupos da popu-
cionais, das propostas curriculares dos Estados, do Distrito lação em desvantagem na sociedade, será uma educação
Federal, dos Municípios, e dos projetos político-pedagógi- com qualidade social e contribuirá para dirimir as desigual-
cos das escolas. dades historicamente produzidas, assegurando, assim, o
Parágrafo único. Estas Diretrizes Curriculares Nacionais ingresso, a permanência e o sucesso na escola, com a con-
aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental sequente redução da evasão, da retenção e das distorções
previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de idade/ano/série (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolu-
bem como à Educação do Campo, à Educação Escolar Indí- ção CNE/CEB nº 4/2010, que de ne as Diretrizes Curricula-
gena e à Educação Escolar Quilombola. res Nacionais Gerais para a Educação Básica).

FUNDAMENTOS PRINCÍPIOS
Art. 3º O Ensino Fundamental se traduz como um direi- Art. 6º Os sistemas de ensino e as escolas adotarão,
to público subjetivo de cada um e como dever do Estado e como norteadores das políticas educativas e das ações pe-
da família na sua oferta a todos. dagógicas, os seguintes princípios:
Art. 4º É dever do Estado garantir a oferta do Ensino I – Éticos: de justiça, solidariedade, liberdade e autono-
Fundamental público, gratuito e de qualidade, sem requi- mia; de respeito à dignidade da pessoa humana e de com-
sito de seleção. promisso com a promoção do bem de todos, contribuin-
Parágrafo único. As escolas que ministram esse ensi- do para combater e eliminar quaisquer manifestações de
no deverão trabalhar considerando essa etapa da educação preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
como aquela capaz de assegurar a cada um e a todos o outras formas de discriminação.

105
LEGISLAÇÃO BÁSICA

II – Políticos: de reconhecimento dos direitos e deveres CURRÍCULO


de cidadania, de respeito ao bem comum e à preservação Art. 9º O currículo do Ensino Fundamental é entendido,
do regime democrático e dos recursos ambientais; da bus- nesta Resolução, como constituído pelas experiências es-
ca da equidade no acesso à educação, à saúde, ao traba- colares que se desdobram em torno do conhecimento, per-
lho, aos bens culturais e outros benefícios; da exigência de meadas pelas relações sociais, buscando articular vivências
diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamen-
direitos entre os alunos que apresentam diferentes necessi- te acumulados e contribuindo para construir as identidades
dades; da redução da pobreza e das desigualdades sociais dos estudantes.
e regionais. § 1º O foco nas experiências escolares signi ca que as
III – Estéticos: do cultivo da sensibilidade juntamente orientações e as propostas curriculares que provêm das di-
com o da racionalidade; do enriquecimento das formas versas instâncias só terão concretude por meio das ações
de expressão e do exercício da criatividade; da valorização educativas que envolvem os alunos.
§ 2º As experiências escolares abrangem todos os as-
das diferentes manifestações culturais, especialmente a da
pectos do ambiente escolar:, aqueles que compõem a par-
cultura brasileira; da construção de identidades plurais e
te explícita do currículo, bem como os que também contri-
solidárias.
buem, de forma implícita, para a aquisição de conhecimen-
Art. 7º De acordo com esses princípios, e em confor-
tos socialmente relevantes. Valores, atitudes, sensibilidade
midade com o art. 22 e o art. 32 da Lei nº 9.394/96 (LDB), e orientações de conduta são veiculados não só pelos co-
as propostas curriculares do Ensino Fundamental visarão nhecimentos, mas por meio de rotinas, rituais, normas de
desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum convívio social, festividades, pela distribuição do tempo e
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe organização do espaço educativo, pelos materiais utiliza-
os meios para progredir no trabalho e em estudos poste- dos na aprendizagem e pelo recreio, en m, pelas vivências
riores, mediante os objetivos previstos para esta etapa da proporcionadas pela escola.
escolarização, a saber: § 3º Os conhecimentos escolares são aqueles que as
I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, ten- diferentes instâncias que produzem orientações sobre o
do como meios básicos o pleno domínio da leitura, da es- currículo, as escolas e os professores selecionam e trans-
crita e do cálculo; formam a m de que possam ser ensinados e aprendidos,
II – a compreensão do ambiente natural e social, do ao mesmo tempo em que servem de elementos para a for-
sistema político, das artes, da tecnologia e dos valores em mação ética, estética e política do aluno.
que se fundamenta a sociedade;
III – a aquisição de conhecimentos e habilidades, e a BASE NACIONAL COMUM E PARTE DIVERSIFICADA:
formação de atitudes e valores como instrumentos para COMPLEMENTARIDADE
uma visão crítica do mundo; Art. 10 O currículo do Ensino Fundamental tem uma
IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços base nacional comum, complementada em cada sistema
de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que de ensino e em cada estabelecimento escolar por uma par-
se assenta a vida social. te diversi cada.
Art. 11 A base nacional comum e a parte diversi cada
MATRÍCULA NO ENSINO FUNDAMENTAL DE 9 (NOVE) do currículo do Ensino Fundamental constituem um todo
ANOS E CARGA HORÁRIA integrado e não podem ser consideradas como dois blocos
Art. 8º O Ensino Fundamental, com duração de 9 (nove) distintos.
anos, abrange a população na faixa etária dos 6 (seis) aos § 1º A articulação entre a base nacional comum e a par-
te diversi cada do currículo do Ensino Fundamental possi-
14 (quatorze) anos de idade e se estende, também, a to-
bilita a sintonia dos interesses mais amplos de formação
dos os que, na idade própria, não tiveram condições de
básica do cidadão com a realidade local, as necessidades
frequentá-lo.
dos alunos, as características regionais da sociedade, da
§ 1º É obrigatória a matrícula no Ensino Fundamental
cultura e da economia e perpassa todo o currículo.
de crianças com 6 (seis) anos completos ou a completar até § 2º Voltados à divulgação de valores fundamentais ao
o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula, nos interesse social e à preservação da ordem democrática, os
termos da Lei e das normas nacionais vigentes. conhecimentos que fazem parte da base nacional comum
§ 2º As crianças que completarem 6 (seis) anos após a que todos devem ter acesso, independentemente da re-
essa data deverão ser matriculadas na Educação Infantil gião e do lugar em que vivem, asseguram a característica
(Pré-Escola). unitária das orientações curriculares nacionais, das propos-
§ 3º A carga horária mínima anual do Ensino Funda- tas curriculares dos Estados, do Distrito Federal, dos Mu-
mental regular será de 800 (oitocentas) horas relógio, dis- nicípios, e dos projetos político-pedagógicos das escolas.
tribuídas em, pelo menos, 200 (duzentos) dias de efetivo § 3º Os conteúdos curriculares que compõem a parte
trabalho escolar. diversi cada do currículo serão de nidos pelos sistemas de
ensino e pelas escolas, de modo a complementar e enri-
quecer o currículo, assegurando a contextualização dos co-
nhecimentos escolares em face das diferentes realidades.

106
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 12 Os conteúdos que compõem a base nacional co- § 4º A Música constitui conteúdo obrigatório, mas não
mum e a parte diversi cada têm origem nas disciplinas cien- exclusivo, do componente curricular Arte, o qual com-
tí cas, no desenvolvimento das linguagens, no mundo do preende também as artes visuais, o teatro e a dança, con-
trabalho, na cultura e na tecnologia, na produção artística, nas forme o § 6º do art. 26 da Lei nº 9.394/96.
atividades desportivas e corporais, na área da saúde e ainda § 5º A Educação Física, componente obrigatório do
incorporam saberes como os que advêm das formas diversas currículo do Ensino Fundamental, integra a proposta políti-
de exercício da cidadania, dos movimentos sociais, da cultura co-pedagógica da escola e será facultativa ao aluno apenas
escolar, da experiência docente, do cotidiano e dos alunos. nas circunstâncias previstas no § 3º do art. 26 da Lei nº
Art. 13 Os conteúdos a que se refere o art. 12 são consti- 9.394/96.
tuídos por componentes curriculares que, por sua vez, se arti- § 6º O Ensino Religioso, de matrícula facultativa ao alu-
culam com as áreas de conhecimento, a saber: no, é parte integrante da formação básica do cidadão e
Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências constitui componente curricular dos horários normais das
Humanas. As áreas de conhecimento favorecem a comuni- escolas públicas de Ensino Fundamental, assegurado o res-
cação entre diferentes conhecimentos sistematizados e entre peito à diversidade cultural e religiosa do Brasil e vedadas
estes e outros saberes, mas permitem que os referenciais pró- quaisquer formas de proselitismo, conforme o art. 33 da
prios de cada componente curricular sejam preservados. Lei nº 9.394/96.
Art. 14 O currículo da base nacional comum do Ensino Art. 16 Os componentes curriculares e as áreas de co-
Fundamental deve abranger, obrigatoriamente, conforme o nhecimento devem articular em seus conteúdos, a partir
art. 26 da Lei nº 9.394/96, o estudo da Língua Portuguesa e das possibilidades abertas pelos seus referenciais, a abor-
da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e dagem de temas abrangentes e contemporâneos que afe-
da realidade social e política, especialmente a do Brasil, bem tam a vida humana em escala global, regional e local, bem
como o ensino da Arte, a Educação Física e o Ensino Religioso. como na esfera individual. Temas como saúde, sexualida-
Art. 15 Os componentes curriculares obrigatórios do Ensi- de e gênero, vida familiar e social, assim como os direitos
no Fundamental serão assim organizados em relação às áreas das crianças e adolescentes, de acordo com o Estatuto da
de conhecimento:
Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), preservação do
I – Linguagens:
meio ambiente, nos termos da política nacional de educa-
a) Língua Portuguesa;
ção ambiental (Lei nº 9.795/99), educação para o consumo,
b) Língua Materna, para populações indígenas;
educação scal, trabalho, ciência e tecnologia, e diversida-
c) Língua Estrangeira moderna;
de cultural devem permear o desenvolvimento dos con-
d) Arte; e
teúdos da base nacional comum e da parte diversi cada
e) Educação Física;
do currículo.
II – Matemática;
§ 1º Outras leis especí cas que complementam a Lei
III – Ciências da Natureza;
nº 9.394/96 determinam que sejam ainda incluídos te-
IV – Ciências Humanas:
a) História; mas relativos à condição e aos direitos dos idosos (Lei nº
b) Geogra a; 10.741/2003) e à educação para o trânsito (Lei nº 9.503/97).
V – Ensino Religioso. § 2º A transversalidade constitui uma das maneiras de
§ 1º O Ensino Fundamental deve ser ministrado em língua trabalhar os componentes curriculares, as áreas de conhe-
portuguesa, assegurada também às comunidades indígenas cimento e os temas sociais em uma perspectiva integrada,
a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de conforme a Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
aprendizagem, conforme o art. 210, § 2º, da Constituição Fe- Educação Básica (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução
deral. CNE/CEB nº 4/2010).
§ 2º O ensino de História do Brasil levará em conta as con- § 3º Aos órgãos executivos dos sistemas de ensino
tribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do compete a produção e a disseminação de materiais sub-
povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana sidiários ao trabalho docente, que contribuam para a eli-
e europeia (art. 26, § 4º, da Lei nº 9.394/96). minação de discriminações, racismo, sexismo, homofobia e
§ 3º A história e as culturas indígena e afro-brasileira, pre- outros preconceitos e que conduzam à adoção de compor-
sentes, obrigatoriamente, nos conteúdos desenvolvidos no tamentos responsáveis e solidários em relação aos outros
âmbito de todo o currículo escolar e, em especial, no ensino e ao meio ambiente.
de Arte, Literatura e História do Brasil, assim como a História Art. 17 Na parte diversi cada do currículo do Ensino
da África, deverão assegurar o conhecimento e o reconheci- Fundamental será incluído, obrigatoriamente, a partir do 6º
mento desses povos para a constituição da nação (conforme ano, o ensino de, pelo menos, uma Língua Estrangeira mo-
art. 26-A da Lei nº 9.394/96, alterado pela Lei nº 11.645/2008). derna, cuja escolha cará a cargo da comunidade escolar.
Sua inclusão possibilita ampliar o leque de referências cultu- Parágrafo único. Entre as línguas estrangeiras moder-
rais de toda a população escolar e contribui para a mudança nas, a língua espanhola poderá ser a opção, nos termos da
das suas concepções de mundo, transformando os conheci- Lei nº 11.161/2005.
mentos comuns veiculados pelo currículo e contribuindo para
a construção de identidades mais plurais e solidárias.

107
LEGISLAÇÃO BÁSICA

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO Art. 22 O trabalho educativo no Ensino Fundamental


Art. 18 O currículo do Ensino Fundamental com 9 (nove) deve empenhar-se na promoção de uma cultura escolar
anos de duração exige a estruturação de um projeto educa- acolhedora e respeitosa, que reconheça e valorize as ex-
tivo coerente, articulado e integrado, de acordo com os mo- periências dos alunos atendendo as suas diferenças e ne-
dos de ser e de se desenvolver das crianças e adolescentes cessidades especí cas, de modo a contribuir para efetivar a
nos diferentes contextos sociais. inclusão escolar e o direito de todos à educação.
Art. 19 Ciclos, séries e outras formas de organização a Art. 23 Na implementação do projeto político-pedagó-
que se refere a Lei nº 9.394/96 serão compreendidos como gico, o cuidar e o educar, indissociáveis funções da esco-
tempos e espaços interdependentes e articulados entre si, ao la, resultarão em ações integradas que buscam articular-
longo dos 9 (nove) anos de duração do Ensino Fundamental. se, pedagogicamente, no interior da própria instituição,
e também externamente, com os serviços de apoio aos
GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA COMO GA- sistemas educacionais e com as políticas de outras áreas,
RANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO
para assegurar a aprendizagem, o bem-estar e o desenvol-
Art. 20 As escolas deverão formular o projeto político
vimento do aluno em todas as suas dimensões.
-pedagógico e elaborar o regimento escolar de acordo com
a proposta do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, por
RELEVÂNCIA DOS CONTEÚDOS, INTEGRAÇÃO E
meio de processos participativos relacionados à gestão de-
mocrática. ABORDAGENS
§ 1º O projeto político-pedagógico da escola traduz a Art. 24 A necessária integração dos conhecimentos es-
proposta educativa construída pela comunidade escolar no colares no currículo favorece a sua contextualização e apro-
exercício de sua autonomia, com base nas características dos xima o processo educativo das experiências dos alunos.
alunos, nos pro ssionais e recursos disponíveis, tendo como § 1º A oportunidade de conhecer e analisar experiên-
referência as orientações curriculares nacionais e dos respec- cias assentadas em diversas concepções de currículo inte-
tivos sistemas de ensino. grado e interdisciplinar oferecerá aos docentes subsídios
§ 2º Será assegurada ampla participação dos pro ssio- para desenvolver propostas pedagógicas que avancem na
nais da escola, da família, dos alunos e da comunidade local direção de um trabalho colaborativo, capaz de superar a
na de nição das orientações imprimidas aos processos edu- fragmentação dos componentes curriculares.
cativos e nas formas de implementá-las, tendo como apoio § 2º Constituem exemplos de possibilidades de inte-
um processo contínuo de avaliação das ações, a m de ga- gração do currículo, entre outros, as propostas curriculares
rantir a distribuição social do conhecimento e contribuir para ordenadas em torno de grandes eixos articuladores, pro-
a construção de uma sociedade democrática e igualitária. jetos interdisciplinares com base em temas geradores for-
§ 3º O regimento escolar deve assegurar as condições mulados a partir de questões da comunidade e articulados
institucionais adequadas para a execução do projeto políti- aos componentes curriculares e às áreas de conhecimento,
co-pedagógico e a oferta de uma educação inclusiva e com currículos em rede, propostas ordenadas em torno de con-
qualidade social, igualmente garantida a ampla participação ceitos-chave ou conceitos nucleares que permitam traba-
da comunidade escolar na sua elaboração. lhar as questões cognitivas e as questões culturais numa
§ 4º O projeto político-pedagógico e o regimento esco- perspectiva transversal, e projetos de trabalho com diver-
lar, em conformidade com a legislação e as normas vigentes, sas acepções.
conferirão espaço e tempo para que os pro ssionais da es- § 3º Os projetos propostos pela escola, comunidade,
cola e, em especial, os professores, possam participar de reu- redes e sistemas de ensino serão articulados ao desenvol-
niões de trabalho coletivo, planejar e executar as ações edu-
vimento dos componentes curriculares e às áreas de co-
cativas de modo articulado, avaliar os trabalhos dos alunos,
nhecimento, observadas as disposições contidas nas Dire-
tomar parte em ações de formação continuada e estabelecer
trizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica
contatos com a comunidade.
(Resolução CNE/CEB nº 4/2010, art. 17) e nos termos do
§ 5º Na implementação de seu projeto político-pedagó-
gico, as escolas se articularão com as instituições formadoras Parecer que dá base à presente Resolução.
com vistas a assegurar a formação continuada de seus pro- Art. 25 Os professores levarão em conta a diversida-
ssionais. de sociocultural da população escolar, as desigualdades
Art. 21 No projeto político-pedagógico do Ensino Fun- de acesso ao consumo de bens culturais e a multiplicidade
damental e no regimento escolar, o aluno, centro do plane- de interesses e necessidades apresentadas pelos alunos no
jamento curricular, será considerado como sujeito que atribui desenvolvimento de metodologias e estratégias variadas
sentidos à natureza e à sociedade nas práticas sociais que que melhor respondam às diferenças de aprendizagem en-
vivencia, produzindo cultura e construindo sua identidade tre os estudantes e às suas demandas.
pessoal e social. Art. 26 Os sistemas de ensino e as escolas assegurarão
Parágrafo único. Como sujeito de direitos, o aluno toma- adequadas condições de trabalho aos seus pro ssionais e o
rá parte ativa na discussão e na implementação das normas provimento de outros insumos, de acordo com os padrões
que regem as formas de relacionamento na escola, fornecerá mínimos de qualidade referidos no inciso IX do art. 4º da
indicações relevantes a respeito do que deve ser trabalhado Lei nº 9.394/96 e em normas especí cas estabelecidas pelo
no currículo e será incentivado a participar das organizações Conselho Nacional de Educação, com vistas à criação de
estudantis. um ambiente propício à aprendizagem, com base:

108
LEGISLAÇÃO BÁSICA

I – no trabalho compartilhado e no compromisso indi- ARTICULAÇÕES E CONTINUIDADE DA TRAJETÓRIA ES-


vidual e coletivo dos professores e demais pro ssionais da COLAR
escola com a aprendizagem dos alunos; Art. 29 A necessidade de assegurar aos alunos um per-
II – no atendimento às necessidades especí cas de curso contínuo de aprendizagens torna imperativa a arti-
aprendizagem de cada um mediante abordagens apropria- culação de todas as etapas da educação, especialmente
das; do Ensino Fundamental com a Educação Infantil, dos anos
III – na utilização dos recursos disponíveis na escola e iniciais e dos anos nais no interior do Ensino Fundamental,
nos espaços sociais e culturais do entorno; bem como do Ensino Fundamental com o Ensino Médio,
IV – na contextualização dos conteúdos, assegurando garantindo a qualidade da Educação Básica.
que a aprendizagem seja relevante e socialmente signi - § 1º O reconhecimento do que os alunos já aprenderam
cativa; antes da sua entrada no Ensino Fundamental e a recupera-
V – no cultivo do diálogo e de relações de parceria com ção do caráter lúdico do ensino contribuirão para melhor
as famílias. quali car a ação pedagógica junto às crianças, sobretudo
Parágrafo único. Como protagonistas das ações pe- nos anos iniciais dessa etapa da escolarização.
dagógicas, caberá aos docentes equilibrar a ênfase no § 2º Na passagem dos anos iniciais para os anos nais
reconhecimento e valorização da experiência do aluno e do Ensino Fundamental, especial atenção será dada:
da cultura local que contribui para construir identidades I – pelos sistemas de ensino, ao planejamento da ofer-
a rmativas, e a necessidade de lhes fornecer instrumentos ta educativa dos alunos transferidos das redes municipais
mais complexos de análise da realidade que possibilitem para as estaduais;
o acesso a níveis universais de explicação dos fenômenos, II – pelas escolas, à coordenação das demandas especí-
propiciando-lhes os meios para transitar entre a sua e ou- cas feitas pelos diferentes professores aos alunos, a m de
tras realidades e culturas e participar de diferentes esferas que os estudantes possam melhor organizar as suas ativi-
da vida social, econômica e política. dades diante das solicitações muito diversas que recebem.
Art. 27 Os sistemas de ensino, as escolas e os professo- Art. 30 Os três anos iniciais do Ensino Fundamental de-
vem assegurar:
res, com o apoio das famílias e da comunidade, envidarão
I – a alfabetização e o letramento;
esforços para assegurar o progresso contínuo dos alunos
II – o desenvolvimento das diversas formas de expres-
no que se refere ao seu desenvolvimento pleno e à aqui-
são, incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa, a Li-
sição de aprendizagens signi cativas, lançando mão de
teratura, a Música e demais artes, a Educação Física, assim
todos os recursos disponíveis e criando renovadas opor-
como o aprendizado da Matemática, da Ciência, da História
tunidades para evitar que a trajetória escolar discente seja
e da Geogra a;
retardada ou indevidamente interrompida.
III – a continuidade da aprendizagem, tendo em conta
§ 1º Devem, portanto, adotar as providências necessá-
a complexidade do processo de alfabetização e os prejuí-
rias para que a operacionalização do princípio da continui- zos que a repetência pode causar no Ensino Fundamental
dade não seja traduzida como “promoção automática” de como um todo e, particularmente, na passagem do primei-
alunos de um ano, série ou ciclo para o seguinte, e para que ro para o segundo ano de escolaridade e deste para o ter-
o combate à repetência não se transforme em descompro- ceiro.
misso com o ensino e a aprendizagem. § 1º Mesmo quando o sistema de ensino ou a escola,
§ 2º A organização do trabalho pedagógico inclui- no uso de sua autonomia, zerem opção pelo regime se-
rá a mobilidade e a exibilização dos tempos e espaços riado, será necessário considerar os três anos iniciais do
escolares, a diversidade nos agrupamentos de alunos, as Ensino Fundamental como um bloco pedagógico ou um
diversas linguagens artísticas, a diversidade de materiais, ciclo sequencial não passível de interrupção, voltado para
os variados suportes literários, as atividades que mobili- ampliar a todos os alunos as oportunidades de sistematiza-
zem o raciocínio, as atitudes investigativas, as abordagens ção e aprofundamento das aprendizagens básicas, impres-
complementares e as atividades de reforço, a articulação cindíveis para o prosseguimento dos estudos.
entre a escola e a comunidade, e o acesso aos espaços de § 2º Considerando as características de desenvolvi-
expressão cultural. mento dos alunos, cabe aos professores adotar formas de
Art. 28 A utilização quali cada das tecnologias e con- trabalho que proporcionem maior mobilidade das crianças
teúdos das mídias como recurso aliado ao desenvolvimen- nas salas de aula e as levem a explorar mais intensamente
to do currículo contribui para o importante papel que tem as diversas linguagens artísticas, a começar pela literatura,
a escola como ambiente de inclusão digital e de utilização a utilizar materiais que ofereçam oportunidades de racio-
crítica das tecnologias da informação e comunicação, re- cinar, manuseando-os e explorando as suas características
querendo o aporte dos sistemas de ensino no que se refere e propriedades.
à: Art. 31 Do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, os
I – provisão de recursos midiáticos atualizados e em componentes curriculares Educação Física e Arte poderão
número su ciente para o atendimento aos alunos; estar a cargo do professor de referência da turma, aquele
II – adequada formação do professor e demais pro s- com o qual os alunos permanecem a maior parte do perío-
sionais da escola. do escolar, ou de professores licenciados nos respectivos
componentes.

109
LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 1º Nas escolas que optarem por incluir Língua Estran- § 1º A análise do rendimento dos alunos com base nos
geira nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o professor indicadores produzidos por essas avaliações deve auxiliar
deverá ter licenciatura especí ca no componente curricular. os sistemas de ensino e a comunidade escolar a redimen-
§ 2º Nos casos em que esses componentes curriculares sionarem as práticas educativas com vistas ao alcance de
sejam desenvolvidos por professores com licenciatura es- melhores resultados.
pecí ca (conforme Parecer CNE/CEB nº 2/2008), deve ser § 2º A avaliação externa do rendimento dos alunos re-
assegurada a integração com os demais componentes tra- fere-se apenas a uma parcela restrita do que é trabalhado
balhados pelo professor de referência da turma. nas escolas, de sorte que as referências para o currículo
devem continuar sendo as contidas nas propostas políti-
AVALIAÇÃO: PARTE INTEGRANTE DO CURRÍCULO co-pedagógicas das escolas, articuladas às orientações e
Art. 32 A avaliação dos alunos, a ser realizada pelos propostas curriculares dos sistemas, sem reduzir os seus
professores e pela escola como parte integrante da pro- propósitos ao que é avaliado pelos testes de larga escala.
posta curricular e da implementação do currículo, é redi- Art. 34 Os sistemas, as redes de ensino e os projetos
mensionadora da ação pedagógica e deve: político-pedagógicos das escolas devem expressar com
I – assumir um caráter processual, formativo e partici- clareza o que é esperado dos alunos em relação à sua
pativo, ser contínua, cumulativa e diagnóstica, com vistas a: aprendizagem.
a) identi car potencialidades e di culdades de apren- Art. 35 Os resultados de aprendizagem dos alunos
dizagem e detectar problemas de ensino; devem ser aliados à avaliação das escolas e de seus pro-
b) subsidiar decisões sobre a utilização de estratégias fessores, tendo em conta os parâmetros de referência dos
e abordagens de acordo com as necessidades dos alunos, insumos básicos necessários à educação de qualidade para
criar condições de intervir de modo imediato e a mais lon- todos nesta etapa da educação e respectivo custo aluno-
go prazo para sanar di culdades e redirecionar o trabalho qualidade inicial (CAQi), consideradas inclusive as suas mo-
docente; dalidades e as formas diferenciadas de atendimento como
c) manter a família informada sobre o desempenho dos a Educação do Campo, a Educação Escolar Indígena, a Edu-
alunos; cação Escolar Quilombola e as escolas de tempo integral.
d) reconhecer o direito do aluno e da família de discutir Parágrafo único. A melhoria dos resultados de apren-
os resultados de avaliação, inclusive em instâncias superio- dizagem dos alunos e da qualidade da educação obriga:
res à escola, revendo procedimentos sempre que as reivin- I – os sistemas de ensino a incrementarem os disposi-
dicações forem procedentes. tivos da carreira e de condições de exercício e valorização
II – utilizar vários instrumentos e procedimentos, tais do magistério e dos demais pro ssionais da educação e a
como a observação, o registro descritivo e re exivo, os oferecerem os recursos e apoios que demandam as escolas
trabalhos individuais e coletivos, os portfólios, exercícios, e seus pro ssionais para melhorar a sua atuação;
provas, questionários, dentre outros, tendo em conta a sua II – as escolas a uma apreciação mais ampla das opor-
adequação à faixa etária e às características de desenvolvi- tunidades educativas por elas oferecidas aos educandos,
mento do educando; reforçando a sua responsabilidade de propiciar renovadas
III – fazer prevalecer os aspectos qualitativos da apren- oportunidades e incentivos aos que delas mais necessitem.
dizagem do aluno sobre os quantitativos, bem como os re-
sultados ao longo do período sobre os de eventuais provas A EDUCAÇÃO EM ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL
nais, tal com determina a alínea “a” do inciso V do art. 24 Art. 36 Considera-se como de período integral a jorna-
da Lei nº 9.394/96; da escolar que se organiza em 7 (sete) horas diárias, no mí-
IV – assegurar tempos e espaços diversos para que os nimo, perfazendo uma carga horária anual de, pelo menos,
alunos com menor rendimento tenham condições de ser 1.400 (mil e quatrocentas) horas.
devidamente atendidos ao longo do ano letivo; Parágrafo único. As escolas e, solidariamente, os siste-
V – prover, obrigatoriamente, períodos de recupera- mas de ensino, conjugarão esforços objetivando o progres-
ção, de preferência paralelos ao período letivo, como de- sivo aumento da carga horária mínima diária e, consequen-
termina a Lei nº 9.394/96; temente, da carga horária anual, com vistas à maior quali-
VI – assegurar tempos e espaços de reposição dos con- cação do processo de ensino-aprendizagem, tendo como
teúdos curriculares, ao longo do ano letivo, aos alunos com horizonte o atendimento escolar em período integral.
frequência insu ciente, evitando, sempre que possível, a Art. 37 A proposta educacional da escola de tempo in-
retenção por faltas; tegral promoverá a ampliação de tempos, espaços e opor-
VII – possibilitar a aceleração de estudos para os alunos tunidades educativas e o compartilhamento da tarefa de
com defasagem idade-série. educar e cuidar entre os pro ssionais da escola e de outras
Art. 33 Os procedimentos de avaliação adotados pelos áreas, as famílias e outros atores sociais, sob a coordenação
professores e pela escola serão articulados às avaliações da escola e de seus professores, visando alcançar a melho-
realizadas em nível nacional e às congêneres nos diferentes ria da qualidade da aprendizagem e da convivência social
Estados e Municípios, criadas com o objetivo de subsidiar e diminuir as diferenças de acesso ao conhecimento e aos
os sistemas de ensino e as escolas nos esforços de melhoria bens culturais, em especial entre as populações socialmen-
da qualidade da educação e da aprendizagem dos alunos. te mais vulneráveis.

110
LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 1º O currículo da escola de tempo integral, concebido Art. 40 O atendimento escolar às populações do cam-
como um projeto educativo integrado, implica a ampliação po, povos indígenas e quilombolas requer respeito às suas
da jornada escolar diária mediante o desenvolvimento de peculiares condições de vida e a utilização de pedagogias
atividades como o acompanhamento pedagógico, o refor- condizentes com as suas formas próprias de produzir co-
ço e o aprofundamento da aprendizagem, a experimenta- nhecimentos, observadas as Diretrizes Curriculares Nacio-
ção e a pesquisa cientí ca, a cultura e as artes, o esporte nais Gerais para a Educação Básica (Parecer CNE/CEB nº
e o lazer, as tecnologias da comunicação e informação, a 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010).
a rmação da cultura dos direitos humanos, a preservação § 1º As escolas das populações do campo, dos povos
do meio ambiente, a promoção da saúde, entre outras, arti- indígenas e dos quilombolas, ao contar com a participação
culadas aos componentes curriculares e às áreas de conhe- ativa das comunidades locais nas decisões referentes ao
cimento, a vivências e práticas socioculturais. currículo, estarão ampliando as oportunidades de:
§ 2º As atividades serão desenvolvidas dentro do es- I – reconhecimento de seus modos próprios de vida,
paço escolar conforme a disponibilidade da escola, ou fora
suas culturas, tradições e memórias coletivas, como fun-
dele, em espaços distintos da cidade ou do território em
damentais para a constituição da identidade das crianças,
que está situada a unidade escolar, mediante a utilização
adolescentes e adultos;
de equipamentos sociais e culturais aí existentes e o esta-
II – valorização dos saberes e do papel dessas popula-
belecimento de parcerias com órgãos ou entidades locais,
sempre de acordo com o respectivo projeto político-peda- ções na produção de conhecimentos sobre o mundo, seu
gógico. ambiente natural e cultural, assim como as práticas am-
§ 3º Ao restituir a condição de ambiente de aprendiza- bientalmente sustentáveis que utilizam;
gem à comunidade e à cidade, a escola estará contribuindo III – rea rmação do pertencimento étnico, no caso das
para a construção de redes sociais e de cidades educado- comunidades quilombolas e dos povos indígenas, e do cul-
ras. tivo da língua materna na escola para estes últimos, como
§ 4º Os órgãos executivos e normativos da União e dos elementos importantes de construção da identidade;
sistemas estaduais e municipais de educação assegurarão IV – exibilização, se necessário, do calendário escolar,
que o atendimento dos alunos na escola de tempo integral das rotinas e atividades, tendo em conta as diferenças rela-
possua infraestrutura adequada e pessoal quali cado, além tivas às atividades econômicas e culturais, mantido o total
do que, esse atendimento terá caráter obrigatório e será de horas anuais obrigatórias no currículo;
passível de avaliação em cada escola. V – superação das desigualdades sociais e escolares
que afetam essas populações, tendo por garantia o direito
EDUCAÇÃO DO CAMPO, EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍ- à educação;
GENA E EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA § 2º Os projetos político-pedagógicos das escolas do
Art. 38 A Educação do Campo, tratada como educação campo, indígenas e quilombolas devem contemplar a di-
rural na legislação brasileira, incorpora os espaços da o- versidade nos seus aspectos sociais, culturais, políticos,
resta, da pecuária, das minas e da agricultura e se estende, econômicos, éticos e estéticos, de gênero, geração e etnia.
também, aos espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e § 3º As escolas que atendem a essas populações de-
extrativistas, conforme as Diretrizes para a Educação Básica verão ser devidamente providas pelos sistemas de ensino
do Campo (Parecer CNE/CEB nº 36/2001 e Resolução CNE/ de materiais didáticos e educacionais que subsidiem o tra-
CEB nº 1/2002; Parecer CNE/CEB nº 3/2008 e Resolução balho com a diversidade, bem como de recursos que asse-
CNE/CEB nº 2/2008). gurem aos alunos o acesso a outros bens culturais e lhes
Art. 39 A Educação Escolar Indígena e a Educação Es- permitam estreitar o contato com outros modos de vida e
colar Quilombola são, respectivamente, oferecidas em uni-
outras formas de conhecimento.
dades educacionais inscritas em suas terras e culturas e,
§ 4º A participação das populações locais pode tam-
para essas populações, estão assegurados direitos especí-
bém subsidiar as redes escolares e os sistemas de ensino
cos na Constituição Federal que lhes permitem valorizar e
quanto à produção e à oferta de materiais escolares e no
preservar as suas culturas e rea rmar o seu pertencimento
étnico. que diz respeito a transporte e a equipamentos que aten-
§ 1º As escolas indígenas, atendendo a normas e or- dam as características ambientais e socioculturais das co-
denamentos jurídicos próprios e a Diretrizes Curriculares munidades e as necessidades locais e regionais.
Nacionais especí cas, terão ensino intercultural e bilíngue,
com vistas à a rmação e à manutenção da diversidade EDUCAÇÃO ESPECIAL
étnica e linguística, assegurarão a participação da comu- Art. 41 O projeto político-pedagógico da escola e o re-
nidade no seu modelo de edi cação, organização e ges- gimento escolar, amparados na legislação vigente, deverão
tão, e deverão contar com materiais didáticos produzidos contemplar a melhoria das condições de acesso e de per-
de acordo com o contexto cultural de cada povo (Parecer manência dos alunos com de ciência, transtornos globais
CNE/CEB nº 14/99 e Resolução CNE/CEB nº 3/99). do desenvolvimento e altas habilidades nas classes comuns
§ 2º O detalhamento da Educação Escolar Quilombola do ensino regular, intensi cando o processo de inclusão
deverá ser de nido pelo Conselho Nacional de Educação nas escolas públicas e privadas e buscando a universaliza-
por meio de Diretrizes Curriculares Nacionais especí cas. ção do atendimento.

111
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Parágrafo único. Os recursos de acessibilidade são I – fazer a chamada ampliada dos estudantes em todas
aqueles que asseguram condições de acesso ao currícu- as modalidades do Ensino Fundamental;
lo dos alunos com de ciência e mobilidade reduzida, por II – apoiar as redes e os sistemas de ensino a estabelece-
meio da utilização de materiais didáticos, dos espaços, mo- rem política própria para o atendimento desses estudantes,
biliários e equipamentos, dos sistemas de comunicação e que considere as suas potencialidades, necessidades, expec-
informação, dos transportes e outros serviços. tativas em relação à vida, às culturas juvenis e ao mundo do
Art. 42 O atendimento educacional especializado aos trabalho, inclusive com programas de aceleração da apren-
alunos da Educação Especial será promovido e expandido dizagem, quando necessário;
com o apoio dos órgãos competentes. Ele não substitui a III – incentivar a oferta de Educação de Jovens e Adultos
escolarização, mas contribui para ampliar o acesso ao cur- nos períodos diurno e noturno, com avaliação em processo.
rículo, ao proporcionar independência aos educandos para Art. 46 A oferta de cursos de Educação de Jovens e Adul-
a realização de tarefas e favorecer a sua autonomia (con- tos, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, será presencial
forme Decreto nº 6.571/2008, Parecer CNE/CEB nº 13/2009 e a sua duração cará a critério de cada sistema de ensino,
e Resolução CNE/CEB nº 4/2009). nos termos do Parecer CNE/CEB nº 29/2006, tal como reme-
Parágrafo único. O atendimento educacional especia- te o Parecer CNE/CEB nº 6/2010 e a Resolução CNE/CEB nº
lizado poderá ser oferecido no contraturno, em salas de 3/2010. Nos anos nais, ou seja, do 6º ano ao 9º ano, os cur-
recursos multifuncionais na própria escola, em outra esco- sos poderão ser presenciais ou a distância, devidamente cre-
la ou em centros especializados e será implementado por denciados, e terão 1.600 (mil e seiscentas) horas de duração.
professores e pro ssionais com formação especializada, de Parágrafo único. Tendo em conta as situações, os per s e
acordo com plano de atendimento aos alunos que identi - as faixas etárias dos adolescentes, jovens e adultos, o projeto
que suas necessidades educacionais especí cas, de na os político-pedagógico da escola e o regimento escolar viabili-
recursos necessários e as atividades a serem desenvolvidas. zarão um modelo pedagógico próprio para essa modalida-
de de ensino que permita a apropriação e a contextualização
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS das Diretrizes Curriculares Nacionais, assegurando:
Art. 43 Os sistemas de ensino assegurarão, gratuita- I – a identi cação e o reconhecimento das formas de
mente, aos jovens e adultos que não puderam efetuar os aprender dos adolescentes, jovens e adultos e a valorização
estudos na idade própria, oportunidades educacionais
de seus conhecimentos e experiências;
adequadas às suas características, interesses, condições de
II – a distribuição dos componentes curriculares de
vida e de trabalho mediante cursos e exames, conforme
modo a proporcionar um patamar igualitário de formação,
estabelece o art. 37, § 1º, da Lei nº 9.394/96.
bem como a sua disposição adequada nos tempos e espa-
Art. 44 A Educação de Jovens e Adultos, voltada para
ços educativos, em face das necessidades especí cas dos
a garantia de formação integral, da alfabetização às dife-
estudantes.
rentes etapas da escolarização ao longo da vida, inclusive
Art. 47 A inserção de Educação de Jovens e Adultos no
àqueles em situação de privação de liberdade, é pautada
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, incluin-
pela inclusão e pela qualidade social e requer: I – um pro-
cesso de gestão e nanciamento que lhe assegure isono- do, além da avaliação do rendimento dos alunos, a aferição
mia em relação ao Ensino Fundamental regular; de indicadores institucionais das redes públicas e privadas,
II – um modelo pedagógico próprio que permita a concorrerá para a universalização e a melhoria da qualidade
apropriação e a contextualização das Diretrizes Curricula- do processo educativo.
res Nacionais;
III – a implantação de um sistema de monitoramento A IMPLEMENTAÇÃO DESTAS DIRETRIZES: COMPROMIS-
e avaliação; SO SOLIDÁRIO DOS SISTEMAS E REDES DE ENSINO
IV – uma política de formação permanente de seus Art. 48 Tendo em vista a implementação destas Diretri-
professores; zes, cabe aos sistemas e às redes de ensino prover:
V – maior alocação de recursos para que seja ministra- I – os recursos necessários à ampliação dos tempos e
da por docentes licenciados. espaços dedicados ao trabalho educativo nas escolas e a
Art. 45 A idade mínima para o ingresso nos cursos de distribuição de materiais didáticos e escolares adequados;
Educação de Jovens e Adultos e para a realização de exa- II – a formação continuada dos professores e demais
mes de conclusão de EJA será de 15 (quinze) anos com- pro ssionais da escola em estreita articulação com as ins-
pletos (Parecer CNE/CEB nº 6/2010 e Resolução CNE/CEB tituições responsáveis pela formação inicial, dispensando
nº 3/2010). especiais esforços quanto à formação dos docentes das mo-
Parágrafo único. Considerada a prioridade de aten- dalidades especí cas do Ensino Fundamental e àqueles que
dimento à escolarização obrigatória, para que haja oferta trabalham nas escolas do campo, indígenas e quilombolas;
capaz de contemplar o pleno atendimento dos adolescen- III – a coordenação do processo de implementação do
tes, jovens e adultos na faixa dos 15 (quinze) anos ou mais, currículo, evitando a fragmentação dos projetos educativos
com defasagem idade/série, tanto na sequência do ensino no interior de uma mesma realidade educacional;
regular, quanto em Educação de Jovens e Adultos, assim IV – o acompanhamento e a avaliação dos programas e
como nos cursos destinados à formação pro ssional, tor- ações educativas nas respectivas redes e escolas e o supri-
na-se necessário: mento das necessidades detectadas.

112
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 49 O Ministério da Educação, em articulação com II – Marcos históricos e normativos


os Estados, os Municípios e o Distrito Federal, deverá en- A escola historicamente se caracterizou pela visão da
caminhar ao Conselho Nacional de Educação, precedida educação que delimita a escolarização como privilégio de
de consulta pública nacional, proposta de expectativas de um grupo, uma exclusão que foi legitimada nas políticas e
aprendizagem dos conhecimentos escolares que devem práticas educacionais reprodutoras da ordem social. A par-
ser atingidas pelos alunos em diferentes estágios do Ensino tir do processo de democratização da escola, evidencia-se o
Fundamental (art. 9º, § 3º, desta Resolução). paradoxo inclusão/exclusão quando os sistemas de ensino
Parágrafo único. Cabe, ainda, ao Ministério da Educação universalizam o acesso, mas continuam excluindo indivíduos
e grupos considerados fora dos padrões homogeneizadores
elaborar orientações e oferecer outros subsídios para a im-
da escola. Assim, sob formas distintas, a exclusão tem apre-
plementação destas Diretrizes.
sentado características comuns nos processos de segrega-
Art. 50 A presente Resolução entrará em vigor na data de
ção e integração, que pressupõem a seleção, naturalizando
sua publicação, revogando-se as disposições em contrário, es- o fracasso escolar.
pecialmente a Resolução CNE/CEB nº 2, de 7 de abril de 1998. A partir da visão dos direitos humanos e do conceito de
cidadania fundamentado no reconhecimento das diferenças
FRANCISCO APARECIDO CORDÃO e na participação dos sujeitos, decorre uma identi cação dos
mecanismos e processos de hierarquização que operam na
regulação e produção das desigualdades. Essa problema-
5 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO tização explicita os processos normativos de distinção dos
estudantes em razão de características intelectuais, físicas,
ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA
culturais, sociais e linguísticas, entre outras, estruturantes do
EDUCAÇÃO INCLUSIVA. modelo tradicional de educação escolar.
A educação especial se organizou tradicionalmente
como atendimento educacional especializado substitutivo
Política Nacional de Educação Especial na Perspec- ao ensino comum, evidenciando diferentes compreensões,
tiva da Educação Inclusiva terminologias e modalidades
que levaram à criação de instituições especializadas,
escolas especiais e classes especiais. Essa organização, fun-
I – Introdução
damentada no conceito de normalidade/anormalidade, de-
O movimento mundial pela educação inclusiva é uma
termina formas de atendimento clínico-terapêuticos forte-
ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeada
mente ancorados nos testes psicométricos que, por meio de
em defesa do direito de todos os estudantes de estarem diagnósticos, de nem as práticas escolares para os estudan-
juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de tes com de ciência.
discriminação. A educação inclusiva constitui um paradig- No Brasil, o atendimento às pessoas com de ciência teve
ma educacional fundamentado na concepção de direitos início na época do Império, com a criação de duas institui-
humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores ções: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual
indissociáveis, e que avança em relação à ideia de equida- Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos
de formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da Mudos, em 1857, hoje denominado Instituto Nacional da
produção da exclusão dentro e fora da escola. Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. No
Ao reconhecer que as di culdades enfrentadas nos sis- início do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi (1926),
temas de ensino evidenciam a necessidade de confrontar instituição especializada no atendimento às pessoas com
as práticas discriminatórias e criar alternativas para superá de ciência mental; em 1954, é fundada a primeira Associa-
-las, a educação inclusiva assume espaço central no debate ção de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE; e, em 1945,
acerca da sociedade contemporânea e do papel da escola é criado o primeiro atendimento educacional especializado
na superação da lógica da exclusão. A partir dos referen- às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi, por
ciais para a construção de sistemas educacionais inclusivos, Helena Antipo .
Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com
a organização de escolas e classes especiais passa a ser re-
de ciência passa a ser fundamentado pelas disposições da
pensada, implicando uma mudança estrutural e cultural da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, Lei
escola para que todos os estudantes tenham suas especi -
nº 4.024/61, que aponta o direito dos “excepcionais” à edu-
cidades atendidas. cação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino.
Nesta perspectiva, o Ministério da Educação/Secretaria A Lei nº 5.692/71, que altera a LDBEN de 1961, ao de nir
de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e In- “tratamento especial” para os estudantescom “de ciências
clusão apresenta a Política Nacional de Educação Especial físicas, mentais, os que se encontram em atraso considerá-
na Perspectiva da Educação Inclusiva, que acompanha os vel quanto à idade regular de matrícula e os superdotados”,
avanços do conhecimento e das lutas sociais, visando cons- não promove a organização de um sistema de ensino capaz
tituir políticas públicas promotoras de uma educação de de atender aos estudantes com de ciência, transtornos glo-
qualidade para todos os estudantes. bais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação
e acaba reforçando o encaminhamento dos estudantes para
as classes e escolas especiais.

113
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Em 1973, o MEC cria o Centro Nacional de Educação Em 1994, é publicada a Política Nacional de Educação
Especial – CENESP, responsável pela gerência da educação Especial, orientando o processo de “integração instrucional”
especial no Brasil, que, sob a égide integracionista, impul- que condiciona o acesso às classes comuns do ensino re-
sionou ações educacionais voltadas às pessoas com de - gular àqueles que “(...) possuem condições de acompanhar
ciência e às pessoas com superdotação, mas ainda con - e desenvolver as atividades curriculares programadas do
guradas por campanhas assistenciais e iniciativas isoladas ensino comum, no mesmo ritmo que os estudantes ditos
do Estado. normais” (p.19). Ao rea rmar os pressupostos construídos a
Nesse período, não se efetiva uma política pública de partir de padrões homogêneos de participação e aprendiza-
acesso universal à educação, permanecendo a concepção gem, a Política de 1994 não provoca uma reformulação das
de “políticas especiais” para tratar da educação de estu- práticas educacionais de maneira que sejam valorizados os
dantes com de ciência. No que se refere aos estudantes diferentes potenciais de aprendizagem no ensino comum,
com superdotação, apesar do acesso ao ensino regular, mas mantém a responsabilidade da educação desses estu-
não é organizado um atendimento especializado que con- dantes exclusivamente no âmbito da educação especial.
sidere as suas singularidades de aprendizagem. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei
A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus nº 9.394/96, no artigo 59, preconiza que os sistemas de en-
objetivos fundamentais “promover o bem de todos, sem sino devem assegurar aos estudantes currículo, métodos,
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer recursos e organização especí cos para atender às suas ne-
outras formas de discriminação” (art.3º, inciso IV). De ne, cessidades; assegura a terminalidade especí ca àqueles que
no artigo 205, a educação como um direito de todos, ga- não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino
rantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício fundamental, em virtude de suas de ciências; e assegura a
da cidadania e a quali cação para o trabalho. No seu arti- aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do
go 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de programa escolar. Também de ne, dentre as normas para a
acesso e permanência na escola” como um dos princípios organização da educação básica, a “possibilidade de avanço
para o ensino e garante como dever do Estado, a oferta do nos cursos e nas séries mediante veri cação do aprendi-
atendimento educacional especializado, preferencialmente
zado” (art. 24, inciso V) e “[...] oportunidades educacionais
na rede regular de ensino (art. 208).
apropriadas, consideradas as características do alunado,
O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei nº
seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante
8.069/90, no artigo 55, reforça os dispositivos legais supra-
cursos e exames” (art. 37).
citados ao determinar que “os pais ou responsáveis têm a
Em 1999, o Decreto nº 3.298, que regulamenta a Lei nº
obrigação de matricular seus lhos ou pupilos na rede re-
7.853/89, ao dispor sobre a Política Nacional para a Inte-
gular de ensino”. Também nessa década, documentos como
gração da Pessoa Portadora de De ciência, de ne a edu-
a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a
Declaração de Salamanca (1994) passam a in uenciar a for- cação especial como uma modalidade transversal a todos
mulação das políticas públicas da educação inclusiva. os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação
A Conferência Mundial de Educação para Todos, Jom- complementar da educação especial ao ensino regular.
tien/1990, chama a atenção para os altos índices de crian- Acompanhando o processo de mudança, as Diretrizes
ças, adolescentes e jovens sem escolarização, tendo como Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Re-
objetivo promover transformações nos sistemas de ensino solução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º, determinam que:
para assegurar o acesso e a permanência de todos na es- “Os sistemas de ensino devem matricular todos os estu-
cola. dantes, cabendo às escolas organizarem-se para o atendi-
Para o alcance das metas de educação para todos, a mento aos educandos com necessidades educacionais espe-
Conferência Mundial de Necessidades Educativas Especiais: ciais, assegurando as condições necessárias para uma educa-
Acesso e Qualidade, realizada pela UNESCO em 1994, pro- ção de qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001).”
põe aprofundar a discussão, problematizando as causas da As Diretrizes ampliam o caráter da educação especial
exclusão escolar. A partir desta re exão acerca das práti- para realizar o atendimento educacional especializado com-
cas educacionais que resultam na desigualdade social de plementar ou suplementar à escolarização, porém, ao admi-
diversos grupos, o documento Declaração de Salamanca tir a possibilidade de substituir o ensino regular, não poten-
e Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais cializam a adoção de uma política de educação inclusiva na
proclama que as escolas comuns representam o meio mais rede pública de ensino, prevista no seu artigo 2º.
e caz para combater as atitudes discriminatórias, ressal- O Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001,
tando que: destaca que “o grande avanço que a década da educação
O princípio fundamental desta Linha de Ação é de deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva
que as escolas devem acolher todas as crianças, indepen- que garanta o atendimento à diversidade humana”. Ao es-
dentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, tabelecer objetivos e metas para que os sistemas de ensino
emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher crian- favoreçam o atendimento aos estudantes com de ciência,
ças com de ciência e crianças bem dotadas; crianças que transtornos globais do desenvolvimento e altas habilida-
vivem nas ruas e que trabalham; crianças de populações des/superdotação, aponta um dé cit referente à oferta de
distantes ou nômades; crianças de minorias linguísticas, matrículas para estudantes com de ciência nas classes co-
étnicos ou culturais e crianças de outros grupos e zonas muns do ensino regular, à formação docente, à acessibilida-
desfavorecidos ou marginalizados. (Brasil, 1997, p. 17 e 18). de física e ao atendimento educacional especializado.

114
LEGISLAÇÃO BÁSICA

A Convenção da Guatemala (1999), promulgada no O Decreto nº 5.626/05, que regulamenta a Lei nº


Brasil pelo Decreto nº 3.956/2001, a rma que as pessoas 10.436/2002, visando o acesso à escola aos estudantes surdos,
com de ciência têm os mesmos direitos humanos e liber- dispõe sobre a inclusão da Libras como disciplina curricular, a
dades fundamentais que as demais pessoas, de nindo formação e a certi cação de professor de Libras, instrutor e
como discriminação com base na de ciência toda diferen- tradutor/intérprete de Libras, o ensino da Língua Portuguesa
ciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício como segunda língua para estudantes surdos e a organização
dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. da educação bilíngue no ensino regular.
Este Decreto tem importante repercussão na educação, Em 2005, com a implantação dos Núcleos de Ativida-
exigindo uma reinterpretação da educação especial, com- des de Altas Habilidades/Superdotação –NAAH/S em todos
preendida no contexto da diferenciação, adotado para pro- os estados e no Distrito Federal, são organizados centros de
mover a eliminação das barreiras que impedem o acesso à referência na área das altas habilidades/superdotação para o
escolarização. atendimento educacional especializado, para a orientação às
famílias e a formação continuada dos professores, constituin-
Na perspectiva da educação inclusiva, a Resolução
do a organização da política de educação inclusiva de forma a
CNE/CP nº 1/2002, que estabelece as Diretrizes Curricula-
garantir esse atendimento aos estudantes da rede pública de
res Nacionais para a Formação de Professores da Educação
ensino.
Básica, de ne que as instituições de ensino superior devem
Neste mesmo ano, a Secretaria Especial dos Direitos Hu-
prever, em sua organização curricular, formação docente manos, os Ministérios da Educação e da Justiça, juntamente
voltada para a atenção à diversidade e que contemple co- com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a
nhecimentos sobre as especi cidades dos estudantes com Ciência e a Cultura – UNESCO, lançam o Plano Nacional de
de ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas Educação em Direitos Humanos, que objetiva, dentre as suas
habilidades/superdotação. ações, contemplar, no currículo da educação básica, temáticas
A Lei nº 10.436/02 reconhece a Língua Brasileira de Si- relativas às pessoas com de ciência e desenvolver ações a r-
nais – Libras como meio legal de comunicação e expressão, mativas que possibilitem acesso e permanência na educação
determinando que sejam garantidas formas institucionali- superior.
zadas de apoiar seu uso e difusão, bem como a inclusão da Em 2007, é lançado o Plano de Desenvolvimento da Edu-
disciplina de Libras como parte integrante do currículo nos cação – PDE, rea rmado pela Agenda Social, tendo como eixos
cursos de formação de professores e de fonoaudiologia. a formação de professores para a educação especial, a implan-
A Portaria nº 2.678/02 do MEC aprova diretrizes e nor- tação de salas de recursos multifuncionais, a acessibilidade
mas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do siste- arquitetônica dos prédios escolares, acesso e a permanência
ma Braille em todas as modalidades de ensino, compreen- das pessoas com de ciência na educação superior e o moni-
dendo o projeto da Gra a Braille para a Língua Portuguesa toramento do acesso à escola dos favorecidos pelo Bene cio
e a recomendação para o seu uso em todo o território na- de Prestação Continuada – BPC.
cional. No documento do MEC, Plano de Desenvolvimento da
Em 2003, é implementado pelo MEC o Programa Edu- Educação: razões, princípios e programas é
cação Inclusiva: direito à diversidade, com vistas a apoiar a rea rmada a visão que busca superar a oposição entre
transformação dos sistemas de ensino em sistemas educa- educação regular e educação especial.
cionais inclusivos, promovendo um amplo processo de for- Contrariando a concepção sistêmica da transversalidade da
mação de gestores e educadores nos municípios brasileiros educação especial nos diferentes níveis, etapas e modalidades
para a garantia do direito de acesso de todos à escolariza- de ensino, a educação não se estruturou na perspectiva da inclu-
são e do atendimento às necessidades educacionais especiais,
ção, à oferta do atendimento educacional especializado e à
limitando, o cumprimento do princípio constitucional que prevê
garantia da acessibilidade.
a igualdade de condições para o acesso e permanência na es-
Em 2004, o Ministério Público Federal publica o docu-
cola e a continuidade nos níveis mais elevados de ensino (2007,
mento O Acesso de Estudantes com De ciência às Escolas e
p. 09).
Classes Comuns da Rede Regular, com o objetivo de disse- Para a implementação do PDE é publicado o Decreto nº
minar os 6.094/2007, que estabelece nas diretrizes do Compromisso To-
conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão, rea r- dos pela Educação, a garantia do acesso e permanência no en-
mando o direito e os benefícios da escolarização de estu- sino regular e o atendimento aos estudantes com de ciência,
dantes com e sem de ciência nas turmas comuns do ensi- transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/
no regular. superdotação, fortalecendo seu ingresso nas escolas públicas.
Impulsionando a inclusão educacional e social, o De- A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com De -
creto nº 5.296/04 regulamentou as Leis nº 10.048/00 e nº ciência, aprovada pela ONU em 2006 e rati cada com força
10.098/00, estabelecendo normas e critérios para a promo- de Emenda Constitucional por meio do Decreto Legislativo
ção da acessibilidade às pessoas com de ciência ou com n°186/2008 e do Decreto Executivo n°6949/2009, estabelece
mobilidade reduzida. Nesse contexto, o Programa Brasil que os Estados-Partes devem assegurar um sistema de educa-
Acessível, do Ministério das Cidades, é desenvolvido com ção inclusiva em todos os níveis de ensino, em ambientes que
o objetivo de promover a acessibilidade urbana e apoiar maximizem o desenvolvimento acadêmico e social compatível
ações que garantam o acesso universal aos espaços pú- com a meta da plena participação e inclusão, adotando medi-
blicos. das para garantir que:

115
LEGISLAÇÃO BÁSICA

a) As pessoas com de ciência não sejam excluídas do A Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pes-
sistema educacional geral sob alegação de soa com Transtorno do espectro Autista é criada pela Lei nº
de ciência e que as crianças com de ciência não se- 12.764/2012. Além de consolidar um conjunto de direitos,
jam excluídas do ensino fundamental gratuito e compul- esta lei em seu artigo 7º, veda a recusa de matrícula à pessoas
sório, sob alegação de de ciência; com qualquer tipo de de ciência e estabelece punição para o
b) As pessoas com de ciência possam ter acesso ao gestor escolar ou autoridade competente que pratique esse
ensino fundamental inclusivo, de qualidade e gratuito, em ato discriminatório.
igualdade de condições com as demais pessoas na comu- Ancorada nas deliberações da Conferência Nacional de
Educação – CONAE/ 2010, a Lei nº 13.005/2014, que institui o
nidade em que vivem (Art.24).
Plano Nacional de Educação – PNE, no inciso III, parágrafo 1º,
O Decreto n° 6571/2008, incorporado pelo Decreto
do artigo 8º, determina que os Estados, o Distrito Federal e os
n° 7611/2011, institui a política pública de nanciamento
Municípios garantam o atendimento as necessidades especí-
no âmbito do Fundo de Manutenção e Desenvolvimen- cas na educação especial, assegurado o sistema educacional
to da Educação Básica e de Valorização dos Pro ssionais inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades. Com base
da Educação - FUNDEB, estabelecendo o duplo cômpu- neste pressuposto, a meta 4 e respectivas estratégias objeti-
to das matriculas dos estudantes com de ciência, trans- vam universalizar, para as pessoas com de ciência, transtor-
tornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ nos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdo-
superdotação. Visando ao desenvolvimento inclusivo dos tação, na faixa etária de 04 a 17 anos, o acesso à educação
sistemas públicos de ensino, este Decreto também de ne básica e ao atendimento educacional especializado. O AEE
o atendimento educacional especializado complementar é ofertado preferencialmente na rede regular de ensino, po-
ou suplementar à escolarização e os demais serviços da dendo ser realizado por meio de convênios com instituições
educação especial, além de outras medidas de apoio à especializadas, sem prejuízo do sistema educacional inclusivo.
inclusão escolar. III – Diagnóstico da Educação Especial
Com a nalidade de orientar a organização dos sis- O Censo Escolar/MEC/INEP, realizado anualmente em
temas educacionais inclusivos, o Conselho Nacional de todas as escolas de educação básica, possibilita o acompa-
Educação – CNE publica a Resolução CNE/CEB, 04/2009, nhamento dos indicadores da educação especial: acesso
que institui as Diretrizes Operacionais para o Atendimen- à educação básica, matrícula na rede pública, ingresso nas
classes comuns, oferta do atendimento educacional especia-
to Educacional Especializado – AEE na Educação Básica.
lizado, acessibilidade nos prédios escolares, municípios com
Este documento determina o público alvo da educação
matrícula de estudantes com de ciência, transtornos globais
especial, de ne o caráter complementar ou suplementar
do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, esco-
do AEE, prevendo sua institucionalização no projeto polí- las com acesso ao ensino regular e formação docente para
tico pedagógico da escola. o atendimento às necessidades educacionais especí cas dos
O caráter não substitutivo e transversal da educação estudantes.
especial é rati cado pela Resolução CNE/CEB n°04/2010, Para compor esses indicadores no âmbito da educação
que institui Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação especial, o Censo Escolar/MEC/INEP coleta dados referentes
Básica e preconiza em seu artigo 29, que os sistemas de ao número geral de matrículas; à oferta da matrícula nas es-
ensino devem matricular os estudantes com de ciência, colas públicas, escolas privadas e comunitárias sem ns lucra-
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilida- tivos; às matrículas em classes especiais, escola especial e clas-
des/superdotação nas classes comuns do ensino regular e ses comuns de ensino regular; ao número de estudantes do
no Atendimento Educacional Especializado - AEE, comple- ensino regular com atendimento educacional especializado;
mentar ou suplementar à escolarização, ofertado em salas às matrículas, conforme tipos de de ciência, transtornos do
de recursos multifuncionais ou em centros de AEE da rede desenvolvimento e altas habilidades/superdotação; à infra
pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou -estrutura das escolas quanto à acessibilidade arquitetônica, à
lantrópicas sem ns lucrativos. sala de recursos ou aos equipamentos especí cos; e à forma-
O Decreto n°7084/2010, ao dispor sobre os programas ção dos professores que atuam no atendimento educacional
especializado.
nacionais de materiais didáticos, estabelece no artigo 28,
A partir de 2004, são efetivadas mudanças no instrumen-
que o Ministério da Educação adotará mecanismos para
to de pesquisa do Censo, que passa a registrar a série ou ciclo
promoção da acessibilidade nos programas de material
escolar dos estudantes identi cados na área da educação es-
didático destinado aos estudantes da educação especial e pecial, possibilitando monitorar o percurso escolar. Em 2007,
professores das escolas de educação básica públicas. o formulário impresso do Censo Escolar foi transformado em
A m de promover políticas públicas de inclusão so- um sistema de informações on-line, o Censo Web, que quali -
cial das pessoas com de ciência, dentre as quais, aquelas ca o processo de coleta e tratamento das informações, permi-
que efetivam um sistema educacional inclusivo, nos ter- te atualização dos dados dentro do mesmo ano escolar, bem
mos da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com De- como possibilita o cruzamento com outros bancos de dados,
ciência, instituiu-se, por meio do Decreto n°7612/2011, tais como os das áreas de saúde, assistência e previdência so-
o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com De ciência cial. Também são realizadas alterações que ampliam o univer-
– Viver sem Limite. so da pesquisa, agregando informações individualizadas dos
estudantes, das turmas, dos professores e da escola.

116
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Com relação aos dados da educação especial, o Censo Escolar registra uma evolução nas matrículas, de 337.326 em
1998 para 843.342 em 2013, expressando um crescimento de 150%. No que se refere ao ingresso em classes comuns do
ensino regular, veri ca-se um crescimento de 1.377%, passando de 43.923 estudantes em 1998 para 648.921 em 2013, con-
forme demonstra o grá co a seguir:

Quanto à distribuição dessas matrículas nas esferas pública e privada, em 1998 registra-se 179.364 (53,2%) estudantes
na rede pública e 157.962 (46,8%) nas escolas privadas, principalmente em instituições especializadas lantrópicas. Com
o desenvolvimento das ações e políticas de educação inclusiva nesse período, evidencia-se um crescimento de 270% das
matrículas nas escolas públicas, que alcançam 664.466 (79%) estudantes em 2013, conforme demonstra o grá co:

117
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Com relação à distribuição das matrículas por etapa de • Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobi-
ensino em 2013: 59.959 (7%) estão na educação infantil, liários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e
614.390 (73%) no ensino fundamental, 48.589 (6%) no ensi- informação; e
no médio, 118.047 (13%) na educação de jovens e adultos,
e 2.357 (1%) na educação pro ssional e tecnológica. • Articulação intersetorial na implementação das po-
O Censo da Educação Superior registra que, entre líticas públicas.
2003 e 2012, o número de estudantes passou de 5.078
para 26.663 estudantes, representando um crescimento de V – Estudantes atendidos pela Educação Especial
425%. Por muito tempo perdurou o entendimento de que a
A evolução das ações referentes à educação especial educação especial, organizada de forma paralela à educação
nos últimos anos é expressa no crescimento de 81% no nú- comum, seria a forma mais apropriada para o atendimento
mero de municípios com matrículas de estudantes público de estudantes que apresentavam de ciência ou que não se
alvo da educação especial. Em 1998, registram-se 2.738 adequassem à estrutura rígida dos sistemas de ensino.
municípios (50%), chegando a 2013, com 5.553 municípios Essa concepção exerceu impacto duradouro na história
(99%). da educação especial, resultando em práticas que enfatiza-
Veri ca-se, ainda, o aumento do número de escolas vam os aspectos relacionados à de ciência, em contrapo-
com matrícula, que em 1998 registra 6.557 escolas com sição à sua dimensão pedagógica. O desenvolvimento de
matrícula de estudantes público alvo da educação especial estudos no campo da educação e dos direitos humanos vêm
e, em 2013 passa a registrar 104.000, representando um modi cando os conceitos, a legislação, as práticas educacio-
crescimento de 1.486%. Dentre as escolas com matrícula nais e de gestão, indicando a necessidade de se promover
de estudante público alvo da educação especial, em 2013, uma reestruturação das escolas de ensino regular e da edu-
4.071 são escolas especiais e 99.929 são escolas de ensino cação especial.
regular com matrículas nas turmas comuns. Em 1994, a Declaração de Salamanca proclama que as
O indicador de acessibilidade arquitetônica em pré- escolas regulares com orientação inclusiva constituem os
meios mais e cazes de combater atitudes discriminatórias e
dios escolares, em 1998, aponta que 14% dos 6.557 esta-
que estudantes com de ciência e altas habilidades/superdo-
belecimentos de ensino com matrícula de estudantes com
tação devem ter acesso à escola regular, tendo como princí-
de ciência e altas habilidades/superdotação apresentam
pio orientador que “as escolas deveriam acomodar todas as
acessibilidade arquitetônica. Em 2013, das 104.000 escolas
crianças independentemente de suas condições físicas, inte-
com matrículas de estudantes público alvo da educação es-
lectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras” (BRASIL,
pecial, 24% possuem acessibilidade arquitetônica.
2006, p.330).
Com relação à formação dos professores que atuam na
O conceito de necessidades educacionais especiais, que
educação especial, o Censo Escolar de 2013 registra 93.371 passa a ser amplamente disseminado a partir dessa Decla-
professores com curso especí co nessa área de conheci- ração, ressalta a interação das características individuais dos
mento. estudantes com o ambiente educacional e social. No en-
tanto, mesmo com uma perspectiva conceitual que aponte
IV – Objetivo da Política Nacional de Educação Especial para a organização de sistemas educacionais inclusivos, que
na Perspectiva da Educação Inclusiva garanta o acesso de todos os estudantes e os apoios ne-
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva cessários para sua participação e aprendizagem, as políticas
da Educação Inclusiva tem como objetivo o acesso, a parti- implementadas pelos sistemas de ensino não alcançaram
cipação e a aprendizagem dos estudantes com de ciência, esse objetivo.
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilida- Na perspectiva da educação inclusiva, a educação es-
des/superdotação nas escolas regulares, orientando os sis- pecial passa a integrar a proposta pedagógica da escola
temas de ensino para promover respostas às necessidades regular, promovendo o atendimento aos estudantes com
educacionais, garantindo: de ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação. Nestes casos e em outros, como
• Transversalidade da educação especial desde a os transtornos funcionais especí cos, a educação especial
educação infantil até a educação superior; atua de forma articulada com o ensino comum, orientando
para o atendimento desses estudantes.
• Atendimento educacional especializado; A educação especial direciona suas ações para o aten-
dimento às especi cidades desses estudantes no processo
• Continuidade da escolarização nos níveis mais ele- educacional e, no âmbito de uma atuação mais ampla na
vados do ensino; escola, orienta a organização de redes de apoio, a formação
continuada, a identi cação de recursos, serviços e o desen-
• Formação de professores para o atendimento volvimento de práticas colaborativas.
educacional especializado e demais pro ssionais da edu- Os estudos mais recentes no campo da educação es-
cação para a inclusão escolar; pecial enfatizam que as de nições e uso de classi cações
devem ser contextualizados, não se esgotando na mera es-
• Participação da família e da comunidade; peci cação ou categorização atribuída a um quadro de de -
ciência, transtorno, distúrbio, síndrome ou aptidão.

118
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Considera-se que as pessoas se modi cam continua- Do nascimento aos três anos, o atendimento educa-
mente, transformando o contexto no qual se inserem. Esse cional especializado se expressa por meio de serviços de
dinamismo exige uma atuação pedagógica voltada para al- estimulação precoce, que objetivam otimizar o processo
terar a situação de exclusão, reforçando a importância dos de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os
ambientes heterogêneos para a promoção da aprendizagem serviços de saúde e assistência social. Em todas as etapas e
de todos os estudantes. modalidades da educação básica, o atendimento educacio-
A partir dessa conceituação, considera-se pessoa com nal especializado é organizado para apoiar o desenvolvi-
de ciência aquela que tem impedimentos de longo prazo, mento dos estudantes, constituindo oferta obrigatória dos
de natureza física, mental ou sensorial que, em interação com
sistemas de ensino. Deve ser realizado no turno inverso ao
diversas barreiras, podem ter restringida sua participação
da classe comum, na própria escola ou centro especializa-
plena e efetiva na escola e na sociedade. Os estudantes com
do que realize esse serviço educacional.
transtornos globais do desenvolvimento são aqueles que
apresentam alterações qualitativas das interações sociais re- Desse modo, na modalidade de educação de jovens
cíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e ati- e adultos e educação pro ssional, as ações da educação
vidades restrito, estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse especial possibilitam a ampliação de oportunidades de es-
grupo estudantes com autismo, síndromes do espectro do colarização, formação para ingresso no mundo do trabalho
autismo e psicose infantil. Estudantes com altas habilidades/ e efetiva participação social.
superdotação demonstram potencial elevado em qualquer A interface da educação especial na educação indíge-
uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelec- na, do campo e quilombola deve assegurar que os recursos,
tual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de serviços e atendimento educacional especializado estejam
apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendiza- presentes nos projetos pedagógicos construídos com base
gem e realização de tarefas em áreas de seu interesse. nas diferenças socioculturais desses grupos.
Na educação superior, a educação especial se efetiva
VI – Diretrizes da Política Nacional de Educação Especial por meio de ações que promovam o acesso, a permanência
na Perspectiva da Educação Inclusiva e a participação dos estudantes. Estas ações envolvem o
A educação especial é uma modalidade de ensino que planejamento e a organização de recursos e serviços para
perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o a promoção da acessibilidade arquitetônica, nas comunica-
atendimento educacional especializado, disponibiliza os re-
ções, nos sistemas de informação, nos materiais didáticos e
cursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no proces-
pedagógicos, que devem ser disponibilizados nos proces-
so de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino
sos seletivos e no desenvolvimento de todas as atividades
regular.
O atendimento educacional especializado tem como que envolvam o ensino, a pesquisa e a extensão.
função identi car, elaborar e organizar recursos pedagógicos Para o ingresso dos estudantes surdos nas escolas co-
e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena muns, a educação bilíngue – Língua Portuguesa/Libras de-
participação dos estudantes, considerando suas necessida- senvolve o ensino escolar na Língua Portuguesa e na língua
des especí cas. As atividades desenvolvidas no atendimento de sinais, o ensino da Língua Portuguesa como segunda
educacional especializado diferenciam-se daquelas realiza- língua na modalidade escrita para estudantes surdos, os
das na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escola- serviços de tradutor/intérprete de Libras e Língua Portu-
rização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a guesa e o ensino da Libras para os demais estudantes da
formação dos estudantes com vistas à autonomia e indepen- escola. O atendimento educacional especializado para es-
dência na escola e fora dela. ses estudantes é ofertado tanto na modalidade oral e es-
Dentre as atividades de atendimento educacional espe- crita quanto na língua de sinais. Devido à diferença linguís-
cializado são disponibilizados programas de enriquecimento tica, orienta-se que o aluno surdo esteja com outros surdos
curricular, o ensino de linguagens e códigos especí cos de em turmas comuns na escola regular.
comunicação e sinalização e tecnologia assistiva. Ao longo O atendimento educacional especializado é realizado
de todo o processo de escolarização esse atendimento deve mediante a atuação de pro ssionais com conhecimentos
estar articulado com a proposta pedagógica do ensino co-
especí cos no ensino da Língua Brasileira de Sinais, da
mum. O atendimento educacional
Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda
especializado é acompanhado por meio de instrumentos
língua, do sistema Braille, do Soroban, da orientação e mo-
que possibilitem monitoramento e avaliação da oferta rea-
lizada nas escolas da rede pública e nos centros de atendi- bilidade, das atividades de vida autônoma, da comunica-
mento educacional especializados públicos ou conveniados. ção alternativa, do desenvolvimento dos processos mentais
O acesso à educação tem início na educação infantil, na superiores, dos programas de enriquecimento curricular, da
qual se desenvolvem as bases necessárias para a construção adequação e produção de materiais didáticos e pedagó-
do conhecimento e desenvolvimento global do aluno. Nessa gicos, da utilização de recursos ópticos e não ópticos, da
etapa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comu- tecnologia assistiva e outros.
nicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físicos, emocio- A avaliação pedagógica como processo dinâmico
nais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivência com considera tanto o conhecimento prévio e o nível atual de
as diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito desenvolvimento do aluno quanto às possibilidades de
e a valorização da criança. aprendizagem futura, con gurando uma ação pedagógica

119
LEGISLAÇÃO BÁSICA

processual e formativa que analisa o desempenho do alu- UNESCO, Jomtiem/Tailândia, 1990.


no em relação ao seu progresso individual, prevalecendo BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre
na avaliação os aspectos qualitativos que indiquem as in- necessidades educativas especiais. Brasília: UNESCO, 1994.
tervenções pedagógicas do professor. No processo de ava- BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educa-
liação, o professor deve criar estratégias considerando que ção Especial. Política Nacional de Educação Especial. Brasí-
alguns estudantes podem demandar ampliação do tempo lia: MEC/SEESP, 1994.
para a realização dos trabalhos e o uso da língua de sinais, BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Ba-
de textos em Braille, de informática ou de tecnologia assis- ses da Educação Nacional. LDB 9.394, de 20 de dezembro
tiva como uma prática cotidiana. de 1996.
Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a educação
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educa-
especial na perspectiva da educação inclusiva, disponibi-
ção Especial. Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999.
lizar as funções de instrutor, tradutor/intérprete de Libras
e guia-intérprete, bem como de monitor ou cuidador dos BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educa-
estudantes com necessidade de apoio nas atividades de ção Especial. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial
higiene, alimentação, locomoção, entre outras, que exijam na Educação Básica. Brasília: MEC/SEESP, 2001.
auxílio constante no cotidiano escolar. BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 10.172, de 09 de
Para atuar na educação especial, o professor deve ter janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá
como base da sua formação, inicial e continuada, conheci- outras providências.
mentos gerais para o exercício da docência e conhecimen- BRASIL. Decreto Nº 3.956, de 8 de outubro de 2001.
tos especí cos da área. Essa formação possibilita a sua atua- Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação
ção no atendimento educacional especializado, aprofunda de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas
o caráter interativo e interdisciplinar da atuação nas salas Portadoras de De ciência. Guatemala: 2001.
comuns do ensino regular, nas salas de recursos, nos cen- BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educa-
tros de atendimento educacional especializado, nos núcleos ção Especial. Lei Nº. 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe
de acessibilidade das instituições de educação superior, nas sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS e dá outras
classes hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a providências.
oferta dos serviços e recursos de educação especial. BRASIL. Ministério da Educação. Portaria Nº 2.678, de
Para assegurar a intersetorialidade na implementação 24 de setembro de 2002. Disponível em: ftp://ftp.fnde.gov.
das políticas públicas a formação deve contemplar conhe-
br/web/resoluçoes_2002/por2678_24092002.doc
cimentos de gestão de sistema educacional inclusivo, tendo
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educa-
em vista o desenvolvimento de projetos em parceria com
outras áreas, visando à acessibilidade arquitetônica, aos ção Especial. Decreto Nº 5.296 de 02 de dezembro de 2004.
atendimentos de saúde, à promoção de ações de assistên- BRASIL.Ministério Público Federal. O acesso de estu-
cia social, trabalho e justiça. dantes com de ciência às escolas e classes comuns da rede
Os sistemas de ensino devem organizar as condições regular de ensino. Fundação Procurador Pedro Jorge de
de acesso aos espaços, aos recursos pedagógicos e à co- Melo e Silva( Orgs). 2ª ed. ver. e atualiz. Brasília: Procurado-
municação que favoreçam a promoção da aprendizagem e ria Federal dos Direitos do Cidadão, 2004.
a valorização das diferenças, de forma a atender as necessi- BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Edu-
dades educacionais de todos os estudantes. A acessibilida- cação Especial. Decreto Nº 5.626, de 22 de dezembro de
de deve ser assegurada mediante a eliminação de barreiras 2005. Regulamenta a Lei Nº 10.436, de 24 de abril de 2002.
arquitetônicas, urbanísticas, na edi cação – incluindo ins- BRASIL. Comitê Nacional de Educação em Direitos Hu-
talações, equipamentos e mobiliários – e nos transportes manos. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos.
escolares, bem como as barreiras nas comunicações e in- Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministé-
formações. rio da Educação, Ministério da Justiça, UNESCO, 2006.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educa-
VII – Referências ção Especial. Direito à educação: subsídios para a gestão
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases dos sistemas educacionais – orientações gerais e marcos
da Educação Nacional. LDB 4.024, de 20 de dezembro de
legais. Brasília: MEC/SEESP, 2006.
1961.
BRASIL. IBGE. Censo Demográ co, 2000 Disponível em:
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional. LDB 5.692, de 11 de agosto de 1971. <http://www.ibge.gov.br/ home/estatistica/populacao/
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. censo2000/default.shtm>. Acesso em: 20 de jan. 2007.
Brasília: Imprensa O cial, 1988. BRASIL. INEP. Censo Escolar, 2006. Disponível em:
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação <http:// http://www.inep.gov. br/basica/censo/default.asp
Especial. Lei Nº. 7.853, de 24 de outubro de 1989. >. Acesso em: 20 de jan. 2007.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil. BRASIL. Ministério da Educação. Plano de Desenvolvi-
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. mento da Educação: razões, princípios e programas. Brasí-
BRASIL. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: lia: MEC, 2007.
plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Convenção so-
aprendizagem. bre os Direitos das Pessoas com De ciência, 2006.

120
LEGISLAÇÃO BÁSICA

IX - garantir o acesso e permanência das pessoas com


necessidades educacionais especiais nas classes comuns
6 PLANO DE METAS COMPROMISSO do ensino regular, fortalecendo a inclusão educacional nas
TODOS PELA EDUCAÇÃO. escolas públicas;
X - promover a educação infantil;
XI - manter programa de alfabetização de jovens e
DECRETO Nº 6.094, DE 24 DE ABRIL DE 2007. adultos;
XII - instituir programa próprio ou em regime de cola-
Dispõe sobre a implementação do Plano de Metas boração para formação inicial e continuada de pro ssionais
Compromisso Todos pela Educação, pela União Federal, da educação;
em regime de colaboração com Municípios, Distrito Fede- XIII - implantar plano de carreira, cargos e salários para
ral e Estados, e a participação das famílias e da comunida- os pro ssionais da educação, privilegiando o mérito, a for-
de, mediante programas e ações de assistência técnica e mação e a avaliação do desempenho;
nanceira, visando a mobilização social pela melhoria da XIV - valorizar o mérito do trabalhador da educação,
qualidade da educação básica. representado pelo desempenho e ciente no trabalho, de-
dicação, assiduidade, pontualidade, responsabilidade, rea-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribui- lização de projetos e trabalhos especializados, cursos de
ções que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, atualização e desenvolvimento pro ssional;
da Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 23, XV - dar consequência ao período probatório, tornan-
inciso V, 205 e 211, § 1o, da Constituição, e nos arts. 8o a 15 do o professor efetivo estável após avaliação, de preferên-
da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, cia externa ao sistema educacional local;
DECRETA: XVI - envolver todos os professores na discussão e ela-
boração do projeto político pedagógico, respeitadas as es-
CAPÍTULO I peci cidades de cada escola;
XVII - incorporar ao núcleo gestor da escola coorde-
DO PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS
nadores pedagógicos que acompanhem as di culdades
PELA EDUCAÇÃO
enfrentadas pelo professor;
XVIII - xar regras claras, considerados mérito e desem-
Art. 1o O Plano de Metas Compromisso Todos pela
penho, para nomeação e exoneração de diretor de escola;
Educação (Compromisso) é a conjugação dos esforços da
XIX - divulgar na escola e na comunidade os dados re-
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, atuando em
lativos à área da educação, com ênfase no Índice de Desen-
regime de colaboração, das famílias e da comunidade, em
volvimento da Educação Básica - IDEB, referido no art. 3o;
proveito da melhoria da qualidade da educação básica. XX - acompanhar e avaliar, com participação da comu-
Art. 2o A participação da União no Compromisso será nidade e do Conselho de Educação, as políticas públicas na
pautada pela realização direta, quando couber, ou, nos de- área de educação e garantir condições, sobretudo institu-
mais casos, pelo incentivo e apoio à implementação, por cionais, de continuidade das ações efetivas, preservando a
Municípios, Distrito Federal, Estados e respectivos sistemas memória daquelas realizadas;
de ensino, das seguintes diretrizes: XXI - zelar pela transparência da gestão pública na área
I - estabelecer como foco a aprendizagem, apontando da educação, garantindo o funcionamento efetivo, autôno-
resultados concretos a atingir; mo e articulado dos conselhos de controle social;
II - alfabetizar as crianças até, no máximo, os oito anos XXII - promover a gestão participativa na rede de en-
de idade, aferindo os resultados por exame periódico es- sino;
pecí co; XXIII - elaborar plano de educação e instalar Conselho
III - acompanhar cada aluno da rede individualmente, de Educação, quando inexistentes;
mediante registro da sua frequência e do seu desempenho XXIV - integrar os programas da área da educação com
em avaliações, que devem ser realizadas periodicamente; os de outras áreas como saúde, esporte, assistência social,
IV - combater a repetência, dadas as especi cidades cultura, dentre outras, com vista ao fortalecimento da iden-
de cada rede, pela adoção de práticas como aulas de refor- tidade do educando com sua escola;
ço no contra-turno, estudos de recuperação e progressão XXV - fomentar e apoiar os conselhos escolares, en-
parcial; volvendo as famílias dos educandos, com as atribuições,
V - combater a evasão pelo acompanhamento indi- dentre outras, de zelar pela manutenção da escola e pelo
vidual das razões da não-frequência do educando e sua monitoramento das ações e consecução das metas do
superação; compromisso;
VI - matricular o aluno na escola mais próxima da sua XXVI - transformar a escola num espaço comunitário
residência; e manter ou recuperar aqueles espaços e equipamentos
VII - ampliar as possibilidades de permanência do edu- públicos da cidade que possam ser utilizados pela comu-
cando sob responsabilidade da escola para além da jorna- nidade escolar;
da regular; XXVII - rmar parcerias externas à comunidade escolar,
VIII - valorizar a formação ética, artística e a educação visando a melhoria da infra-estrutura da escola ou a pro-
física; moção de projetos socioculturais e ações educativas;

121
LEGISLAÇÃO BÁSICA

XXVIII - organizar um comitê local do Compromisso, CAPÍTULO IV


com representantes das associações de empresários, traba- DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA E FINANCEIRA DA UNIÃO
lhadores, sociedade civil, Ministério Público, Conselho Tutelar Seção I
e dirigentes do sistema educacional público, encarregado da Das Disposições Gerais
mobilização da sociedade e do acompanhamento das metas
de evolução do IDEB. Art. 8o As adesões ao Compromisso nortearão o apoio
suplementar e voluntário da União às redes públicas de edu-
CAPÍTULO II cação básica dos Municípios, Distrito Federal e Estados.
DO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO § 1o O apoio dar-se-á mediante ações de assistência téc-
BÁSICA nica ou nanceira, que privilegiarão a implementação das di-
retrizes constantes do art. 2o, observados os limites orçamen-
Art. 3o A qualidade da educação básica será aferida, obje- tários e operacionais da União.
tivamente, com base no IDEB, calculado e divulgado periodica- § 2o Dentre os critérios de prioridade de atendimento
mente pelo INEP, a partir dos dados sobre rendimento escolar, da União, serão observados o IDEB, as possibilidades de in-
combinados com o desempenho dos alunos, constantes do cen- cremento desse índice e a capacidade nanceira e técnica do
so escolar e do Sistema de Avaliação da Educação Básica - SAEB, ente apoiado, na forma de normas expedidas pelo Fundo Na-
composto pela Avaliação Nacional da Educação Básica - ANEB e cional de Desenvolvimento da Educação - FNDE.
a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Prova Brasil). § 3o O apoio do Ministério da Educação será orientado a
Parágrafo único. O IDEB será o indicador objetivo para partir dos seguintes eixos de ação expressos nos programas
a veri cação do cumprimento de metas xadas no termo de educacionais do plano plurianual da União:
adesão ao Compromisso. I - gestão educacional;
II - formação de professores e pro ssionais de serviços e
CAPÍTULO III apoio escolar;
DA ADESÃO AO COMPROMISSO III - recursos pedagógicos;
IV - infra-estrutura física.
Art. 4o A vinculação do Município, Estado ou Distrito Fe- § 4o O Ministério da Educação promoverá, adicional-
deral ao Compromisso far-se-á por meio de termo de adesão mente, a pré-quali cação de materiais e tecnologias educa-
voluntária, na forma deste Decreto. cionais que promovam a qualidade da educação básica, os
Art. 5o A adesão voluntária de cada ente federativo ao quais serão posteriormente certi cados, caso, após avaliação,
Compromisso implica a assunção da responsabilidade de veri que-se o impacto positivo na evolução do IDEB, onde
promover a melhoria da qualidade da educação básica em adotados.
sua esfera de competência, expressa pelo cumprimento de § 5o O apoio da União dar-se-á, quando couber, median-
meta de evolução do IDEB, observando-se as diretrizes rela- te a elaboração de um Plano de Ações Articuladas - PAR, na
cionadas no art. 2o. forma da Seção II.
§ 1o O Ministério da Educação enviará aos Municípios,
Distrito Federal e Estados, como subsídio à decisão de adesão Seção II
ao Compromisso, a respectiva Base de Dados Educacionais, Do Plano de Ações Articuladas
acompanhada de informe elaborado pelo INEP, com indica-
ção de meta a atingir e respectiva evolução no tempo. Art. 9o O PAR é o conjunto articulado de ações, apoiado
§ 2o O cumprimento das metas constantes do termo de técnica ou nanceiramente pelo Ministério da Educação, que
adesão será atestado pelo Ministério da Educação. visa o cumprimento das metas do Compromisso e a obser-
§ 3o O Município que não preencher as condições técni- vância das suas diretrizes.
cas para realização da Prova Brasil será objeto de programa § 1o O Ministério da Educação enviará ao ente seleciona-
especial de estabelecimento e monitoramento das metas. do na forma do art. 8o, § 2o, observado o art. 10, § 1o, equipe
Art. 6o Será instituído o Comitê Nacional do Compro- técnica que prestará assistência na elaboração do diagnóstico
misso Todos pela Educação, incumbido de colaborar com a da educação básica do sistema local.
formulação de estratégias de mobilização social pela melhoria § 2o A partir do diagnóstico, o ente elaborará o PAR, com
da qualidade da educação básica, que subsidiarão a atuação auxílio da equipe técnica, que identi cará as medidas mais
dos agentes públicos e privados. apropriadas para a gestão do sistema, com vista à melhoria
§ 1o O Comitê Nacional será instituído em ato do Ministro da qualidade da educação básica, observado o disposto no
de Estado da Educação, que o presidirá. art. 8o, §§ 3o e 4o.
§ 2o O Comitê Nacional poderá convidar a participar de Art. 10. O PAR será base para termo de convênio ou de
suas reuniões e atividades representantes de outros poderes cooperação, rmado entre o Ministério da Educação e o ente
e de organismos internacionais. apoiado.
Art. 7o Podem colaborar com o Compromisso, em ca- § 1o São requisitos para a celebração do convênio ou termo
ráter voluntário, outros entes, públicos e privados, tais como de cooperação a formalização de termo de adesão, nos moldes
organizações sindicais e da sociedade civil, fundações, entida- do art. 5o, e o compromisso de realização da Prova Brasil.
des de classe empresariais, igrejas e entidades confessionais, § 2o Os Estados poderão colaborar, com assistência téc-
famílias, pessoas físicas e jurídicas que se mobilizem para a nica ou nanceira adicionais, para a execução e o monitora-
melhoria da qualidade da educação básica. mento dos instrumentos rmados com os Municípios.

122
LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 3o A participação dos Estados nos instrumentos rma- 2- Outros estudos:


dos entre a União e o Município, nos termos do § 2o, será a)“Desa os para a Educação Especial frente à Lei de Di-
formalizada na condição de partícipe ou interveniente. retrizes e Bases da Educação Nacional”;
Art. 11. O monitoramento da execução do convênio ou b)“Formação de Professores para a Educação Inclusiva”;
termo de cooperação e do cumprimento das obrigações edu- c)“Recomendações aos Sistemas de Ensino”; e,
cacionais xadas no PAR será feito com base em relatórios ou, d)“Referenciais para a Educação Especial”.
quando necessário, visitas da equipe técnica.
§ 1o O Ministério da Educação fará o acompanhamento O Presente Parecer é resultado do conjunto de estu-
geral dos planos, competindo a cada convenente a divulga- dos provenientes das bases, onde o fenômeno é vivido e
ção da evolução dos dados educacionais no âmbito local. trabalhado.
§ 2o O Ministério da Educação realizará o cinas de capa- De modo particular, foi o documento “Recomendações
citação para gestão de resultados, visando instituir metodolo- aos Sistemas de Ensino” que con gurou a necessidade e a
gia de acompanhamento adequada aos objetivos instituídos urgência da elaboração de normas, pelos sistemas de ensi-
neste Decreto. no e educação, para o atendimento da signi cativa popu-
§ 3o O descumprimento das obrigações constantes do lação que apresenta necessidades educacionais especiais.
convênio implicará a adoção das medidas prescritas na legis- A elaboração de projeto preliminar de Diretrizes Na-
lação e no termo de cooperação. cionais para a Educação Especial na Educação Básica havia
Art. 12. As despesas decorrentes deste Decreto correrão sido discutida por diversas vezes, no âmbito da Câmara de
à conta das dotações orçamentárias anualmente consignadas Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, para
ao Ministério da Educação. a qual foi enviado o documento “Referenciais para a Edu-
Art. 13. Este Decreto entra em vigor na data de sua pu- cação Especial”. Após esses estudos preliminares, a Câmara
blicação. de Educação Básica decidiu retomar os trabalhos, sugerin-
Brasília, 24 de abril de 2007; 186o da Independência e do que esse documento fosse encaminhado aos sistemas
119o da República. de ensino de todo o Brasil, de modo que suas orientações
pudessem contribuir para a normatização dos serviços pre-
vistos nos Artigos 58, 59 e 60, do Capítulo V, da Lei de Dire-
7. DIRETRIZES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO trizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN.
ESPECIAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA. Isto posto, tem agora a Câmara de Educação Básica os
elementos indispensáveis para analisar, discutir e sintetizar
o conjunto de estudos oferecidos pelas diversas instâncias
educacionais mencionadas. Com o material assim dispos-
Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Edu-
to, tornou-se possível, atendendo aos “Referenciais para a
cação Básica
Educação Especial”29, elaborar o texto próprio para a edição
I - RELATÓRIO das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Edu-
cação Básica, em dois grandes temas:
A edição de Diretrizes Nacionais envolve estudos abran-
gentes relativos à matéria que, no caso, é a Educação Especial. 29 Com base nos “Referenciais para a Educação Especial”, de-
Muitas interrogações voltam-se para a pesquisa sobre o as- vem ser feitas nesta introdução algumas recomendações aos sistemas
sunto; sua necessidade, sua incidência no âmbito da Educa- de ensino e educação:
ção e do Ensino, como atendimento à clientela constituída de 1. Implantar a educação especial em todas as etapas da educação bá-
portadores de de ciências detectáveis nas mais diversas áreas sica;
educacionais, políticas e sociais. 2 . Prover a rede pública dos meios necessários e su cientes para essa
modalidade;
Como base para o presente relatório e decorrente produ- 3.Estabelecer políticas efetivas e adequadas à implantação da educa-
ção de parecer foram utilizadas, além de ampla bibliogra a, ção especial;
diversos estudos oferecidos à Câmara da Educação Básica do 4.Orientar acerca de exibilizações/adaptações dos currículos escola-
Conselho Nacional de Educação, entre outros, os provenien- res;
tes do Fórum dos Conselhos Estaduais de Educação, do Con- 5.Orientar acerca da avaliação pedagógica e do uxo escolar de alunos
selho Nacional de Secretários Estaduais de Educação e, com com necessidades educacionais especiais;
6.Estabelecer ações conjuntas com as instituições de educação supe-
ênfase, os estudos e trabalhos realizados pela Secretaria de rior para a formação adequada de professores;
Educação Especial do Ministério da Educação. 7.Prever condições para o atendimento extraordinário em classes es-
Dentre os principais documentos que formaram o peciais ou em escolas especiais;
substrato documental do parecer sobre a Educação Espe- 8.Fazer cumprir o Decreto Federal nº 2.208/97, no tocante à educa-
cial citam-se: ção pro ssional de alunos com necessidades educacionais especiais
[posteriormente, o Conselho Nacional de Educação aprovou o Parecer
1- “Proposta de Inclusão de Itens ou Disciplina acerca
CNE/CEB no. 16/99 e a Resolução CNECEB no. 4/99];
dos Portadores de Necessidades Especiais nos currículos 9.Estabelecer normas para o atendimento aos superdotados; e
dos cursos de 1º e 2º graus” (sic.) 10.Atentar para a observância de todas as normas de educação es-
pecial.

123
LEGISLAÇÃO BÁSICA

a)TEMA I: A Organização dos Sistemas de Ensino para - do atendimento extraordinário em classes e escolas
o Atendimento ao Aluno que Apresenta Necessidades Edu- especiais ao atendimento preferencial na rede regular de
cacionais Especiais; e ensino; e
b)TEMA II: A Formação do Professor. - da educação continuada dos professores que estão
em exercício à formação em instituições de ensino superior.
O tema II, por ser parte da competência da Câmara
de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação 1.3- Lei n°. 853/89. Dispõe sobre o apoio às pessoas
(CES/CNE), foi encaminhado àquela Câmara encarregada com de ciências, sua integração social, assegurando o ple-
de elaborar as diretrizes para a formação de professores. no exercício de seus direitos individuais e sociais.
1 - A ORGANIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE ENSINO PARA
1.4- Lei n°. 8.069/90. Dispõe sobre o Estatuto da Crian-
O ATENDIMENTO AO ALUNO QUE APRESENTA NECESSI-
ça e do Adolescente.
DADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
O Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outras
1 - Fundamentos determinações, estabelece, no § 1o do Artigo 2o:“A criança
e o adolescente portadores de de ciências receberão aten-
A Educação Especial, como modalidade da educação dimento especializado.”
escolar, organiza-se de modo a considerar uma aproxima- O ordenamento do Artigo 5o é contundente:
ção sucessiva dos pressupostos e da prática pedagógica “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qual-
social da educação inclusiva, a m de cumprir os seguintes quer forma de negligência, discriminação, violência, cruel-
dispositivos legais e político- losó cos: dade e opressão, punido na forma da lei qualquer atenta-
do, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.”
1.1 - Constituição Federal, Título VIII, da ORDEM SO-
CIAL: 1.5- Lei n°. 9.394/96. Estabelece as diretrizes e bases da
Artigo 208: educação nacional.
III – Atendimento educacional especializado aos por-
tadores de de ciência, preferencialmente na rede regular Art. 4º, III – atendimento educacional especializado aos
de ensino; portadores de de ciência, preferencialmente na rede regu-
IV - § 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é lar de ensino.
direito público e subjetivo.
V – Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes-
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efei-
quisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada
um; tos desta lei, a modalidade de educação escolar, oferecida
Art. 227: preferencialmente na rede regular de ensino, para educan-
II - § 1º - Criação de programas de prevenção e aten- dos portadores de necessidades especiais”.
dimento especializado para os portadores de de ciência §1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio es-
física, sensorial ou mental, bem como de integração social pecializado, na escola regular, para atender às peculiarida-
do adolescente portador de de ciência, mediante o treina- des da clientela de educação especial.
mento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do §2º O atendimento educacional será feito em classes,
acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de escolas ou serviços especializados, sempre que, em função
preconceitos e obstáculos arquitetônicos. das condições especí cas dos alunos, não for possível a sua
§ 2º - A lei disporá normas de construção dos logra- integração nas classes comuns de ensino regular.
douros e dos edifícios de uso público e de fabricação de §3º A oferta de educação especial, dever constitucional
veículos de transporte coletivo, a m de garantir acesso do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos,
adequado às pessoas portadoras de de ciência. durante a educação infantil.
1.2 - Lei n°. 10.172/01. Aprova o Plano Nacional de Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos edu-
Educação e dá outras providências. candos com necessidades especiais:
O Plano Nacional de Educação estabelece vinte e sete
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
objetivos e metas para a educação das pessoas com ne-
organização especí cos, para atender às suas necessidades;
cessidades educacionais especiais. Sinteticamente, essas
metas tratam: II – terminalidade especí ca para aqueles que não pu-
- do desenvolvimento de programas educacionais em derem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino
todos os municípios – inclusive em parceria com as áreas fundamental, em virtude de suas de ciências, e aceleração
de saúde e assistência social – visando à ampliação da ofer- para concluir em menor tempo o programa escolar para os
ta de atendimento desde a educação infantil até a quali - superdotados;
cação pro ssional dos alunos; III – professores com especialização adequada em nível
- das ações preventivas nas áreas visual e auditiva até médio ou superior, para atendimento especializado, bem
a generalização do atendimento aos alunos na educação como professores do ensino regular capacitados para a in-
infantil e no ensino fundamental; tegração desses educandos nas classes comuns;

124
LEGISLAÇÃO BÁSICA

IV – educação especial para o trabalho, visando a sua “todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito fun-
efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condi- damental à educação e que a ela deva ser dada a oportu-
ções adequadas para os que não revelarem capacidade nidade de obter e manter nível aceitável de conhecimento”;
de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação “cada criança tem características, interesses, capacida-
com os órgãos o ciais a ns, bem como para aqueles que des e necessidades de aprendizagem que lhe são próprios”;
apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, in- “os sistemas educativos devem ser projetados e os
telectual ou psicomotora; programas aplicados de modo que tenham em vista toda
V – acesso igualitário aos benefícios dos programas so- gama dessas diferentes características e necessidades”;
ciais suplementares disponíveis para o respectivo nível do “as pessoas com necessidades educacionais especiais
ensino regular. devem ter acesso às escolas comuns que deverão inte-
grá-las numa pedagogia centralizada na criança, capaz de
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino atender a essas necessidades”;
“adotar com força de lei ou como política, o princípio
estabelecerão critérios de caracterização das instituições
da educação integrada que permita a matrícula de todas
privadas sem ns lucrativos, especializadas e com atuação
as crianças em escolas comuns, a menos que haja razões
exclusiva em educação especial, para ns de apoio técnico
convincentes para o contrário”;
e nanceiro pelo Poder Público.
“... Toda pessoa com de ciência tem o direito de mani-
Parágrafo Único. O Poder Público adotará, como alter- festar seus desejos quanto a sua educação, na medida de
nativa preferencial, a ampliação do atendimento aos edu- sua capacidade de estar certa disso. Os pais têm o direito
candos com necessidades especiais na própria rede pública inerente de serem consultados sobre a forma de educação
regular de ensino, independentemente do apoio às institui- que melhor se ajuste às necessidades, circunstâncias e as-
ções previstas neste artigo.” pirações de seus lhos” [Nesse aspecto último, por acrésci-
mo nosso, os pais não podem incorrer em lesão ao direito
1.6 - Decreto n°. 3.298/99. Regulamenta a Lei no. subjetivo à educação obrigatória, garantido no texto cons-
7.853/89, que dispõe sobre a Política Nacional para a In- titucional];
tegração da Pessoa Portadora de De ciência, consolida as “As políticas educacionais deverão levar em conta as
normas de proteção e dá outras providências. diferenças individuais e as diversas situações. Deve ser le-
vada em consideração, por exemplo, a importância da lín-
1.7- Portaria MEC n°. 1.679/99. Dispõe sobre os requi- gua de sinais como meio de comunicação para os surdos,
sitos de acessibilidade a pessoas portadoras de de ciências e ser assegurado a todos os surdos acesso ao ensino da
para instruir processos de autorização e de reconhecimen- língua de sinais de seu país. Face às necessidades especí-
to de cursos e de credenciamento de instituições. cas de comunicação de surdos e de surdos-cegos, seria
mais conveniente que a educação lhes fosse ministrada em
1.8- Lei n°. 10.098/00. Estabelece normas gerais e crité- escolas especiais ou em classes ou unidades especiais nas
rios básicos para promoção da acessibilidade das pessoas escolas comuns”;
portadoras de de ciência ou com mobilidade reduzida e “... desenvolver uma pedagogia centralizada na criança,
dá outras providências. capaz de educar com sucesso todos os meninos e meninas,
inclusive os que sofrem de de ciências graves. O mérito
1.9- Declaração Mundial de Educação para Todos e De- dessas escolas não está só na capacidade de dispensar
claração de Salamanca. educação de qualidade a todas as crianças; com sua cria-
ção, dá-se um passo muito importante para tentar mudar
atitudes de discriminação, criar comunidades que acolham
O Brasil fez opção pela construção de um sistema edu-
a todos...”;
cacional inclusivo ao concordar com a Declaração Mundial
“... que todas as crianças, sempre que possível, possam
de Educação para Todos, rmada em Jomtien, na Tailân-
aprender juntas, independentemente de suas di culdades
dia, em 1990, e ao mostrar consonância com os postulados e diferenças... as crianças com necessidades educacionais
produzidos em Salamanca (Espanha, 1994) na Conferência especiais devem receber todo apoio adicional necessário
Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais: Aces- para garantir uma educação e caz”. “... deverá ser dispen-
so e Qualidade. sado apoio contínuo, desde a ajuda mínima nas classes
Desse documento, ressaltamos alguns trechos que comuns até a aplicação de programas suplementares de
criam as justi cativas para as linhas de propostas que são apoio pedagógico na escola, ampliando-os, quando neces-
apresentadas neste texto30: sário, para receber a ajuda de professores especializados e
30 O documento irá se referir à “necessidades educativas es- de pessoal de apoio externo”;
peciais” como “necessidades educacionais especiais”, adotando a pro- “... A escolarização de crianças em escolas especiais –
posta de Mazzotta (1998), de substituir “educativa” por “educacional”. ou classes especiais na escola regular – deveria ser uma
Do mesmo modo, considerando que a tradução do documento origi- exceção, só recomendável naqueles casos, pouco frequen-
nal de Salamanca deve ser adaptada à terminologia educacional bra- tes, nos quais se demonstre que a educação nas classes
sileira, tomamos a liberdade de alterar as expressões “integrada” ou
“integradora” por “inclusiva”, assim como adequamos as referências às
comuns não pode satisfazer às necessidades educativas ou
etapas da educação básica (“primário e secundário” por “fundamental sociais da criança, ou quando necessário para o bem estar
e médio”). da criança...” “...

125
LEGISLAÇÃO BÁSICA

nos casos excepcionais, em que seja necessário esco- “as escolas comuns, com essa orientação integradora,
larizar crianças em escolas especiais, não é necessário que representam o meio mais e caz de combater atitudes dis-
sua educação seja completamente isolada”. criminatórias, de criar comunidades acolhedoras, construir
“Deverão ser tomadas as medidas necessárias para uma sociedade integradora e dar educação para todos;
conseguir a mesma política integradora de jovens e adultos além disso, proporcionam uma educação efetiva à maioria
com necessidades especiais, no ensino secundário e supe- das crianças e melhoram a e ciência e, certamente, a rela-
rior, assim como nos programas de formação pro ssional”; ção custo– benefício de todo o sistema educativo”;
“assegurar que, num contexto de mudança sistemática, “A inclusão de alunos com necessidades educacionais
os programas de formação do professorado, tanto inicial especiais, em classes comuns, exige que a escola regular se
como contínua, estejam voltados para atender às necessi- organize de forma a oferecer possibilidades objetivas de
dades educacionais especiais nas escolas...”; aprendizagem, a todos os alunos, especialmente àqueles
“Os programas de formação inicial deverão incutir em portadores de de ciências”.
todos os professores da educação básica uma orientação Esses dispositivos legais e político- losó cos possibili-
positiva sobre a de ciência que permita entender o que se tam estabelecer o horizonte das políticas educacionais, de
pode conseguir nas escolas com serviços locais de apoio. modo que se assegure a igualdade de oportunidades e a
Os conhecimentos e as aptidões requeridos são basica- valorização da diversidade no processo educativo. Nesse
mente os mesmos de uma boa pedagogia, isto é, a capa- sentido, tais dispositivos devem converter-se em um com-
cidade de avaliar as necessidades especiais, de adaptar o promisso ético-político de todos, nas diferentes esferas
conteúdo do programa de estudos, de recorrer à ajuda de poder, e em responsabilidades bem de nidas para sua
da tecnologia, de individualizar os procedimentos peda- operacionalização na realidade escolar.
gógicos para atender a um maior número de aptidões...
Atenção especial deverá ser dispensada à preparação de 2 . A política educacional
todos os professores para que exerçam sua autonomia e Percorrendo os períodos da história universal, desde
apliquem suas competências na adaptação dos programas os mais remotos tempos, evidenciam-se teorias e práticas
sociais segregadoras, inclusive quanto ao acesso ao saber.
de estudos e da pedagogia, a m de atender às necessida-
Poucos podiam participar dos espaços sociais nos quais se
des dos alunos e para que colaborem com os especialistas
transmitiam e se criavam conhecimentos. A pedagogia da
e com os pais”;
exclusão tem origens remotas, condizentes com o modo
“A capacitação de professores especializados deverá
como estão sendo construídas as condições de existência
ser reexaminada com vista a lhes permitir o trabalho em
da humanidade em determinado momento histórico.
diferentes contextos e o desempenho de um papel-chave
Os indivíduos com de ciências, vistos como “doentes”
nos programas relativos às necessidades educacionais es-
e incapazes, sempre estiveram em situação de maior des-
peciais. Seu núcleo comum deve ser um método geral que vantagem, ocupando, no imaginário coletivo, a posição de
abranja todos os tipos de de ciências, antes de se especia- alvos da caridade popular e da assistência social, e não de
lizar numa ou várias categorias particulares de de ciência”; sujeitos de direitos sociais, entre os quais se inclui o direito
“o acolhimento, pelas escolas, de todas as crianças, in- à educação. Ainda hoje, constata-se a di culdade de acei-
dependentemente de suas condições físicas, intelectuais, tação do diferente no seio familiar e social, principalmente
sociais, emocionais, linguísticas ou outras (necessidades do portador de de ciências múltiplas e graves, que na es-
educativas especiais); colarização apresenta di culdades acentuadas de aprendi-
“uma pedagogia centralizada na criança, respeitando zagem.
tanto a dignidade como as diferenças de todos os alunos”; Além desse grupo, determinados segmentos da comu-
“uma atenção especial às necessidades de alunos com nidade permanecem igualmente discriminados e à mar-
de ciências graves ou múltiplas, já que se assume terem gem do sistema educacional. É o caso dos superdotados,
eles os mesmos direitos, que os demais membros da co- portadores de altas habilidades, “brilhantes” e talentosos
munidade, de virem a ser adultos que desfrutem de um que, devido a necessidades e motivações especí cas – in-
máximo de independência. Sua educação, assim, deverá ser cluindo a não aceitação da rigidez curricular e de aspectos
orientada nesse sentido, na medida de suas capacidades”; do cotidiano escolar – são tidos por muitos como traba-
“os programas de estudos devem ser adaptados às ne- lhosos e indisciplinados, deixando de receber os serviços
cessidades das crianças e não o contrário, sendo que as especiais de que necessitam, como por exemplo o enrique-
que apresentarem necessidades educativas especiais de- cimento e aprofundamento curricular. Assim, esses alunos
vem receber apoio adicional no programa regular de estu- muitas vezes abandonam o sistema educacional, inclusive
dos, ao invés de seguir um programa de estudos diferente”; por di culdades de relacionamento.
“os administradores locais e os diretores de estabele- 7
cimentos escolares devem ser convidados a criar procedi- Outro grupo que é comumente excluído do sistema
mentos mais exíveis de gestão, a remanejar os recursos educacional é composto por alunos que apresentam di -
pedagógicos, diversi car as opções educativas, estabelecer culdades de adaptação escolar por manifestações condu-
relações com pais e a comunidade”; tuais peculiares de síndromes e de quadros psicológicos,
“o corpo docente, e não cada professor, deverá par- neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam atrasos no
tilhar a responsabilidade do ensino ministrado a crianças desenvolvimento, di culdades acentuadas de aprendiza-
com necessidades especiais”; gem e prejuízo no relacionamento social.

126
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Certamente, cada aluno vai requerer diferentes estraté- Na era atual, batizada como a era dos direitos, pensa-
gias pedagógicas, que lhes possibilitem o acesso à herança se diferentemente acerca das necessidades educacionais de
cultural, ao conhecimento socialmente construído e à vida alunos. A ruptura com a ideologia da exclusão proporcio-
produtiva, condições essenciais para a inclusão social e o nou a implantação da política de inclusão, que vem sendo
pleno exercício da cidadania. Entretanto, devemos conce- debatida e exercitada em vários países, entre eles o Brasil.
ber essas estratégias não como medidas compensatórias Hoje, a legislação brasileira posiciona-se pelo atendimento
e pontuais, e sim como parte de um projeto educativo e dos alunos com necessidades educacionais especiais prefe-
social de caráter emancipatório e global. rencialmente em classes comuns das escolas, em todos os
níveis, etapas e modalidades de educação e ensino.
A construção de uma sociedade inclusiva é um proces-
A educação tem hoje, portanto, um grande desa o: ga-
so de fundamental importância para o desenvolvimento e
rantir o acesso aos conteúdos básicos que a escolarização
a manutenção de um Estado democrático. Entende-se por
deve proporcionar a todos os indivíduos – inclusive àqueles
inclusão a garantia, a todos, do acesso contínuo ao espaço com necessidades educacionais especiais, particularmente
comum da vida em sociedade, sociedade essa que deve alunos que apresentam altas habilidades, precocidade, su-
estar orientada por relações de acolhimento à diversidade perdotação; condutas típicas de síndromes/quadros psicoló-
humana, de aceitação das diferenças individuais, de esfor- gicos, neurológicos ou psiquiátricos; portadores de de ciên-
ço coletivo na equiparação de oportunidades de desenvol- cias, ou seja, alunos que apresentam signi cativas diferen-
vimento, com qualidade, em todas as dimensões da vida. ças físicas, sensoriais ou intelectuais, decorrentes de fatores
Como parte integrante desse processo e contribuição genéticos, inatos ou ambientais, de caráter temporário ou
essencial para a determinação de seus rumos, encontra-se permanente e que, em interação dinâmica com fatores so-
a inclusão educacional. cioambientais, resultam em necessidades muito diferencia-
Um longo caminho foi percorrido entre a exclusão e das da maioria das pessoas31.
a inclusão escolar e social. Até recentemente, a teoria e a Ao longo dessa trajetória, veri cou-se a necessidade de
prática dominantes relativas ao atendimento às necessida- se reestruturar os sistemas de ensino, que devem organizar-
des educacionais especiais de crianças, jovens e adultos, se para dar respostas às necessidades educacionais de todos
de niam a organização de escolas e de classes especiais, os alunos. O caminho foi longo, mas aos poucos está sur-
separando essa população dos demais alunos. Nem sem- gindo uma nova mentalidade, cujos resultados deverão ser
alcançados pelo esforço de todos, no reconhecimento dos
pre, mas em muitos casos, a escola especial desenvolvia-
direitos dos cidadãos. O principal direito refere-se à preser-
se em regime residencial e, consequentemente, a criança,
vação da dignidade e à busca da identidade como cidadãos.
o adolescente e o jovem eram afastados da família e da
Esse direito pode ser alcançado por meio da implementação
sociedade. Esse procedimento conduzia, invariavelmente, a da política nacional de educação especial. Existe uma dívida
um aprofundamento maior do preconceito. social a ser resgatada.
Essa tendência, que já foi senso comum no passado, Vem a propósito a tese defendida no estudo e Parecer
reforçava não só a segregação de indivíduos, mas também da Câmara de Educação Básica (CEB/CNE) sobre a função re-
os preconceitos sobre as pessoas que fugiam do padrão de paradora na Educação de Jovens e Adultos (EJA) que, do seu
“normalidade”, agravando-se pela irresponsabilidade dos relator Prof. Carlos Roberto Jamil Cury, mereceu um capítulo
sistemas de ensino para com essa parcela da população, especial. Sem dúvida alguma, um grande número de alunos
assim como pelas omissões e/ou insu ciência de infor- com necessidades educacionais especiais poderá recuperar
mações acerca desse alunado nos cursos de formação de o tempo perdido por meio dos cursos dessa modalidade:
professores. Na tentativa de eliminar os preconceitos e de “Desse modo, a função reparadora da EJA, no limite,
integrar os alunos portadores de de ciências nas escolas signi ca não só a entrada no circuito do direito civil pela
comuns do ensino regular, surgiu o movimento de integra- restauração de um direito negado: o direito a uma escola de
ção escolar. qualidade, mas também o reconhecimento daquela igualda-
Esse movimento caracterizou-se, de início, pela utiliza- de ontológica de todos e qualquer ser humano. Desta ne-
ção das classes especiais (integração parcial) na “prepara- gação, evidente na história brasileira, resulta uma perda: o
acesso a um bem real, social e simbolicamente importante.
ção” do aluno para a “integração total” na classe comum.
Logo, não se deve confundir a noção de reparação com a de
Ocorria, com frequência, o encaminhamento indevido de
suprimento”.
alunos para as classes especiais e, consequentemente, a ro-
Falando da Função Equalizadora, o mesmo Parecer es-
tulação a que eram submetidos. peci ca:
O aluno, nesse processo, tinha que se adequar à escola, “A igualdade e a desigualdade continuam a ter relação
que se mantinha inalterada. A integração total na classe co- imediata ou mediata com o trabalho. Mas seja para o traba-
mum só era permitida para aqueles alunos que conseguis- lho, seja para a multiformidade de inserções sócio – político
sem acompanhar o currículo ali desenvolvido. Tal processo, – culturais , aqueles que se virem privados do saber básico,
no entanto, impedia que a maioria das crianças, jovens e dos conhecimentos aplicados e das atualizações requeridas,
adultos com necessidades especiais alcançassem os níveis podem se ver excluídos das antigas e novas oportunidades
mais elevados de ensino. Eles engrossavam, dessa forma, a do mercado de trabalho e vulneráveis a novas formas de de-
lista dos excluídos do sistema educacional. sigualdades. Se as múltiplas modalidades de trabalho infor-
31 Conselho de Educação do Estado de São Paulo.

127
LEGISLAÇÃO BÁSICA

mal, o subemprego, o desemprego estrutural, as mudanças Essa re exão favorece o encontro das possibilidades,
no processo de produção e o aumento do setor de serviços das capacidades de que cada um é dotado, facilitando a
geram uma grande instabilidade e insegurança para todos verdadeira inclusão. A interdependência de cada face des-
os que estão na vida ativa e quanto mais para os que se se prisma possibilitará a abertura do indivíduo para com o
vêem desprovidos de bens tão básicos, como a escrita e a outro, decorrente da aceitação da condição humana. Apro-
leitura.” (Parecer nº 11/2000- CEB/CNE.). ximando-se, assim, as duas realidades – a sua e a do outro
Certamente, essas funções descritas e de nidas no Pa- – visualiza- se a possibilidade de interação e extensão de si
recer que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a mesmo.
Educação de Jovens e Adultos podem, sem prejuízo, qua- Em nossa sociedade, ainda há momentos de séria re-
li car as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na jeição ao outro, ao diferente, impedindo-o de sentir-se, de
Educação Básica, principalmente porque muitos alunos que perceber-se e de respeitar-se como pessoa. A educação, ao
apresentam necessidades educacionais especiais também se adotar a diretriz inclusiva no exercício de seu papel socializa-
incluem nessa modalidade de educação. dor e pedagógico, busca estabelecer relações pessoais e so-
ciais de solidariedade, sem máscaras, re etindo um dos tópi-
3. Princípios cos mais importantes para a humanidade, uma das maiores
conquistas de dimensionamento “ad intra” e “ad extra” do
Matéria tão complexa como a do direito à educação das ser e da abertura para o mundo e para o outro. Essa abertu-
pessoas que apresentam necessidades educacionais espe- ra, solidária e sem preconceitos, poderá fazer com que todos
ciais requer fundamentação nos seguintes princípios: percebam-se como dignos e iguais na vida social.
A democracia, nos termos em que é de nida pelo Artigo
- a preservação da dignidade humana; a busca da iden- I da Constituição Federal, estabelece as bases para viabili-
tidade; e zar a igualdade de oportunidades, e também um modo de
sociabilidade que permite a expressão das diferenças, a ex-
- o exercício da cidadania. pressão de con itos, em uma palavra, a pluralidade. Portan-
to, no desdobramento do que se chama de conjunto central
Se historicamente são conhecidas as práticas que leva- de valores, devem valer a liberdade, a tolerância, a sabedo-
ram, inclusive, à extinção e à exclusão social de seres huma- ria de conviver com o diferente, tanto do ponto de vista de
nos considerados não produtivos, é urgente que tais práticas valores quanto de costumes, crenças religiosas, expressões
sejam de nitivamente banidas da sociedade humana. E ba- artísticas, capacidades e limitações.
ni-las não signi ca apenas não praticá-las. Exige a adoção de A atitude de preconceito está na direção oposta do que
práticas fundamentadas nos princípios da dignidade e dos se requer para a existência de uma sociedade democrática e
direitos humanos. Nada terá sido feito se, no exercício da plural. As relações entre os indivíduos devem estar susten-
educação e da formação da personalidade humana, o es- tadas por atitudes de respeito mútuo. O respeito traduz-se
forço permanecer vinculado a uma atitude de comiseração, pela valorização de cada indivíduo em sua singularidade, nas
como se os alunos com necessidades educacionais especiais características que o constituem. O respeito ganha um signi-
fossem dignos de piedade. cado mais amplo quando se realiza como respeito mútuo:
A dignidade humana não permite que se faça esse tipo ao dever de respeitar o outro, articula-se o direito de ser
de discriminação. Ao contrário, exige que os direitos de respeitado. O respeito mútuo tem sua signi cação ampliada
igualdade de oportunidades sejam respeitados. O respeito no conceito de solidariedade.
à dignidade da qual está revestido todo ser humano impõe- A consciência do direito de constituir uma identidade
se, portanto, como base e valor fundamental de todo estudo própria e do reconhecimento da identidade do outro tra-
e ações práticas direcionadas ao atendimento dos alunos duz-se no direito à igualdade e no respeito às diferenças, as-
que apresentam necessidades especiais, independentemen- segurando oportunidades diferenciadas (equidade), tantas
te da forma em que tal necessidade se manifesta. quantas forem necessárias, com vistas à busca da igualdade.
A vida humana ganha uma riqueza se é construída e ex- O princípio da equidade reconhece a diferença e a neces-
perimentada tomando como referência o princípio da dig- sidade de haver condições diferenciadas para o processo
nidade. Segundo esse princípio, toda e qualquer pessoa é educacional.
digna e merecedora do respeito de seus semelhantes e tem Como exemplo dessa a rmativa, pode-se registrar o di-
o direito a boas condições de vida e à oportunidade de rea- reito à igualdade de oportunidades de acesso ao currículo
lizar seus projetos. escolar. Se cada criança ou jovem brasileiro com necessida-
Juntamente com o valor fundamental da dignidade, im- des educacionais especiais tiver acesso ao conjunto de co-
põe-se o da busca da identidade. Trata-se de um caminho nhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como
nunca su cientemente acabado. Todo cidadão deve, primei- necessários para o exercício da cidadania, estaremos dando
ro, tentar encontrar uma identidade inconfundivelmente sua. um passo decisivo para a constituição de uma sociedade
Para simbolizar a sociedade humana, podemos utilizar a for- mais justa e solidária.
ma de um prisma, em que cada face representa uma parte A forma pela qual cada aluno terá acesso ao currículo
da realidade. Assim, é possível que, para encontrar sua iden- distingue-se pela singularidade. O cego, por exemplo, por
tidade especí ca, cada cidadão precise encontrar-se como meio do sistema Braille; o surdo, por meio da língua de sinais
pessoa, familiarizar-se consigo mesmo, até que, nalmente, e da língua portuguesa; o paralisado cerebral, por meio da
tenha uma identidade, um rosto humanamente respeitado. informática, entre outras técnicas.

128
LEGISLAÇÃO BÁSICA

O convívio escolar permite a efetivação das relações de A política de inclusão de alunos que apresentam ne-
respeito, identidade e dignidade. Assim, é sensato pensar cessidades educacionais especiais na rede regular de ensi-
que as regras que organizam a convivência social de forma no não consiste apenas na permanência física desses alu-
justa, respeitosa, solidária têm grandes chances de aí serem nos junto aos demais educandos, mas representa a ousadia
seguidas. de rever concepções e paradigmas, bem como desenvolver
A inclusão escolar constitui uma proposta que repre- o potencial dessas pessoas, respeitando suas diferenças e
senta valores simbólicos importantes, condizentes com a atendendo suas necessidades.
igualdade de direitos e de oportunidades educacionais para O respeito e a valorização da diversidade dos alunos
todos, mas encontra ainda sérias resistências. Estas se ma-
exigem que a escola de na sua responsabilidade no es-
nifestam, principalmente, contra a idéia de que todos de-
tabelecimento de relações que possibilitem a criação de
vem ter acesso garantido à escola comum. A dignidade, os
espaços inclusivos, bem como procure superar a produção,
direitos individuais e coletivos garantidos pela Constituição
Federal impõem às autoridades e à sociedade brasileira a pela própria escola, de necessidades especiais.
obrigatoriedade de efetivar essa política, como um direito A proposição dessas políticas deve centrar seu foco de
público subjetivo, para o qual os recursos humanos e ma- discussão na função social da escola. É no projeto pedagó-
teriais devem ser canalizados, atingindo, necessariamente, gico que a escola se posiciona em relação a seu compro-
toda a educação básica. misso com uma educação de qualidade para todos os seus
O propósito exige ações práticas e viáveis, que tenham alunos. Assim, a escola deve assumir o papel de propiciar
como fundamento uma política especí ca, em âmbito na- ações que favoreçam determinados tipos de interações so-
cional, orientada para a inclusão dos serviços de educação ciais, de nindo, em seu currículo, uma opção por práticas
especial na educação regular. Operacionalizar a inclusão es- heterogêneas e inclusivas. De conformidade com o Artigo
colar – de modo que todos os alunos, independentemente 13 da LDBEN, em seus incisos I e II, ressalta-se o necessário
de classe, raça, gênero, sexo, características individuais ou protagonismo dos professores no processo de construção
necessidades educacionais especiais, possam aprender jun- coletiva do projeto pedagógico.
tos em uma escola de qualidade – é o grande desa o a ser Dessa forma, não é o aluno que se amolda ou se adap-
enfrentado, numa clara demonstração de respeito à diferen- ta à escola, mas é ela que, consciente de sua função, colo-
ça e compromisso com a promoção dos direitos humanos. ca-se à disposição do aluno, tornando-se um espaço inclu-
sivo. Nesse contexto, a educação especial é concebida para
4. Construindo a inclusão na área educacional
possibilitar que o aluno com necessidades educacionais
especiais atinja os objetivos da educação geral.
Por educação especial, modalidade de educação escolar
– conforme especi cado na LDBEN e no recente Decreto nº O planejamento e a melhoria consistentes e contínuos
3.298, de 20 de dezembro de 1999, Artigo 24, § 1º – enten- da estrutura e funcionamento dos sistemas de ensino, com
de-se um processo educacional de nido em uma proposta vistas a uma quali cação crescente do processo pedagó-
pedagógica, assegurando um conjunto de recursos e servi- gico para a educação na diversidade, implicam ações de
ços educacionais especiais, organizados institucionalmente diferente natureza:
para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos,
substituir os serviços educacionais comuns32, de modo a 4.1 - No âmbito político
garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento
das potencialidades dos educandos que apresentam neces- Os sistemas escolares deverão assegurar a matrícula de
sidades educacionais especiais, em todos os níveis, etapas e todo e qualquer aluno,organizando-se para o atendimento
modalidades da educação (Mazzotta, 1998). aos educandos com necessidades educacionais especiais
A educação especial, portanto, insere-se nos diferentes nas classes comuns. Isto requer ações em todas as instân-
níveis da educação escolar: Educação Básica – abrangendo cias, concernentes à garantia de vagas no ensino regular
educação infantil, educação fundamental e ensino médio – para a diversidade dos alunos, independentemente das
e Educação Superior, bem como na interação com as de- necessidades especiais que apresentem; a elaboração de
mais modalidades da educação escolar, como a educação
projetos pedagógicos que se orientem pela política de in-
de jovens e adultos, a educação pro ssional e a educação
clusão e pelo compromisso com a educação escolar desses
indígena.
alunos; o provimento, nos sistemas locais de ensino, dos
32 Este Parecer adota as seguintes acepções para os termos necessários recursos pedagógicos especiais, para apoio
assinalados: aos programas educativos e ações destinadas à capacita-
a)Apoiar: “prestar auxílio ao professor e ao aluno no processo de
ensino e aprendizagem, tanto nas classes comuns quanto em salas ção de recursos humanos para atender às demandas des-
de recursos”; complementar: “completar o currículo para viabilizar o ses alunos.
acesso à base nacional comum”; suplementar: “ampliar, aprofundar ou Essa política inclusiva exige intensi cação quantitativa
enriquecer a base nacional comum”. Essas formas de atuação visam e qualitativa na formação de recursos humanos e garantia
assegurar resposta educativa de qualidade às necessidades educacio- de recursos nanceiros e serviços de apoio pedagógico pú-
nais especiais dos alunos nos serviços educacionais comuns.
b)Substituir: “colocar em lugar de”. Compreende o atendimento edu-
blicos e privados especializados para assegurar o desenvol-
cacional especializado realizado em classes especiais, escolas espe- vimento educacional dos alunos.
ciais, classes hospitalares e atendimento domiciliar.

129
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Considerando as especi cidades regionais e culturais São considerados professores capacitados para atuar
que caracterizam o complexo contexto educacional brasilei- em classes comuns com alunos que apresentam necessida-
ro, bem como o conjunto de necessidades educacionais es- des educacionais especiais, aqueles que comprovem que,
peciais presentes em cada unidade escolar, há que se enfa- emsua formação, de nível médio ou superior, foram incluí-
tizar a necessidade de que decisões sejam tomadas local e/ dos conteúdos ou disciplinas sobre educação especial e de-
ou regionalmente, tendo por parâmetros as leis e diretrizes senvolvidas competências para:
pertinentes à educação brasileira, além da legislação espe- I – perceber as necessidades educacionais especiais dos
cí ca da área. alunos;
É importante que a descentralização do poder, manifes- II - exibilizar a ação pedagógica nas diferentes áreas de
tada na política de colaboração entre União, Estados, Distrito conhecimento;
Federal e Municípios seja efetivamente exercitada no País, III - avaliar continuamente a e cácia do processo edu-
tanto no que se refere ao debate de idéias, como ao proces- cativo;
so de tomada de decisões acerca de como devem se estru- IV - atuar em equipe, inclusive com professores especia-
turar os sistemas educacionais e de quais procedimentos de lizados em educação especial.
controle social serão desenvolvidos. São considerados professores especializados em educa-
Tornar realidade a educação inclusiva, por sua vez, não se ção especial aqueles que desenvolveram competências para
efetuará por decreto, sem que se avaliem as reais condições identi car as necessidades educacionais especiais, de nir
que possibilitem a inclusão planejada, gradativa e contínua e implementar respostas educativas a essas necessidades,
de alunos com necessidades educacionais especiais nos sis- apoiar o professor da classe comum, atuar nos processos de
temas de ensino. Deve ser gradativa, por ser necessário que desenvolvimento e aprendizagem dos alunos, desenvolven-
tanto a educação especial como o ensino regular possam do estratégias de exibilização, adaptação curricular e prá-
ir se adequando à nova realidade educacional, construindo ticas pedagógicas alternativas, entre outras, e que possam
políticas, práticas institucionais e pedagógicas que garantam comprovar:
o incremento da qualidade do ensino, que envolve alunos a)formação em cursos de licenciatura em educação es-
com ou sem necessidades educacionais especiais. pecial ou em uma de suas áreas, preferencialmente de modo
Para que se avance nessa direção, é essencial que os sis- concomitante e associado à licenciatura para educação in-
temas de ensino busquem conhecer a demanda real de aten- fantil ou para os anos iniciais do ensino fundamental; e
dimento a alunos com necessidades educacionais especiais, b)complementação de estudos ou pós-graduação em
mediante a criação de sistemas de informação – que, além áreas especí cas da educação especial, posterior à licencia-
do conhecimento da demanda, possibilitem a identi cação, tura nas diferentes áreas de conhecimento, para atuação nos
análise, divulgação e intercâmbio de experiências educacio- anos nais do ensino fundamental e no ensino médio.
nais inclusivas – e o estabelecimento de interface com os Aos professores que já estão exercendo o magistério
órgãos governamentais responsáveis pelo Censo Escolar e devem ser oferecidas oportunidades de formação conti-
pelo Censo Demográ co, para atender a todas as variáveis nuada, inclusive em nível de especialização, pelas instâncias
implícitas à qualidade do processo formativo desses alunos. educacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios.
4.2 - No âmbito técnico-cientí co Cabe a todos, principalmente aos setores de pesquisa,
às Universidades, o desenvolvimento de estudos na busca
A formação dos professores33 para o ensino na diver- dos melhores recursos para auxiliar/ampliar a capacidade
sidade, bem como para o desenvolvimento de trabalho de das pessoas com necessidades educacionais especiais de se
equipe são essenciais para a efetivação da inclusão. comunicar, de se locomover e de participar de maneira cada
Tal tema, no entanto, por ser da competência da Câmara vez mais autônoma do meio educacional, da vida produtiva
de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação e da vida social, exercendo assim, de maneira plena, a sua
(CES/CNE), foi encaminhado para a comissão bicameral en- cidadania. Estudos e pesquisas sobre inovações na prática
carregada de elaborar as diretrizes para a formação de pro- pedagógica e desenvolvimento e aplicação de novas tecno-
fessores. logias ao processo educativo, por exemplo, são de grande
Cabe enfatizar que o inciso III do artigo 59 da LDBEN relevância para o avanço das práticas inclusivas, assim como
refere-se a dois per s de professores para atuar com alunos atividades de extensão junto às comunidades escolares.
que apresentam necessidades educacionais especiais: o pro-
fessor da classe comum capacitado e o professor especiali- 4.3 - No âmbito pedagógico
zado em educação especial.
33 A fundamentação legal e conceitual que preside à forma- Todos os alunos, em determinado momento de sua vida
ção: a) do professor dos professores; b) do professor generalista, (com escolar, podem apresentar necessidades educacionais, e
orientação explícita para o atendimento, em classe comum, de dis- seus professores, em geral, conhecem diferentes estratégias
centes com necessidades especiais); c) do professor para educação para dar respostas a elas. No entanto, existem necessidades
especial (para o atendimento às diferentes necessidades educacionais
educacionais que requerem, da escola, uma série de recur-
especiais) é estudo próprio da Educação Superior. Portanto, essa ma-
téria está sendo tratada por Comissão Bicameral do Conselho Nacio-
sos e apoios de caráter mais especializado, que proporcio-
nal de Educação, encarregada das Diretrizes Nacionais para Formação nem ao aluno meios para acesso ao currículo. Essas são as
de Professores. chamadas necessidades educacionais especiais.

130
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Como se vê, trata-se de um conceito amplo: em vez de A partir dessa avaliação e das observações feitas pela
focalizar a de ciência da pessoa, enfatiza o ensino e a escola, equipe escolar, legitima- se a criação dos serviços de apoio
bem como as formas e condições de aprendizagem; em vez pedagógico especializado para atendimento às necessidades
de procurar, no aluno, a origem de um problema, de ne-se educacionais especiais dos alunos, ocasião em que o “espe-
pelo tipo de resposta educativa e de recursos e apoios que a cial” da educação se manifesta.
escola deve proporcionar-lhe para que obtenha sucesso es- Para aqueles alunos que apresentem di culdades acen-
colar; por m, em vez de pressupor que o aluno deva ajustar- tuadas de aprendizagem ou di culdades de comunicação e
se a padrões de “normalidade” para aprender, aponta para a sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandem aju-
escola o desa o de ajustar-se para atender à diversidade de da e apoio intenso e contínuo e cujas necessidades especiais
seus alunos. não puderem ser atendidas em classes comuns, os sistemas
Um projeto pedagógico que inclua os educandos com de ensino poderão organizar, extraordinariamente, classes
necessidades educacionais especiais deverá seguir as mes- especiais, nas quais será realizado o atendimento em caráter
mas diretrizes já traçadas pelo Conselho Nacional de Educa-
transitório.
ção para a educação infantil, o ensino fundamental, o ensino
Os alunos que apresentem necessidades educacionais
médio, a educação pro ssional de nível técnico, a educação
especiais e requeiram atenção individualizada nas atividades
de jovens e adultos e a educação escolar indígena. Entretan-
to, esse projeto deverá atender ao princípio da exibilização, da vida autônoma e social, recursos, ajudas e apoios intensos
para que o acesso ao currículo seja adequado às condições e contínuos, bem como adaptações curriculares tão signi -
dos discentes, respeitando seu caminhar próprio e favore- cativas que a escola comum não tenha conseguido prover,
cendo seu progresso escolar. podem ser atendidos, em caráter extraordinário, em escolas
No decorrer do processo educativo, deverá ser realiza- especiais, públicas ou privadas, atendimento esse comple-
da uma avaliação pedagógica dos alunos que apresentem mentado, sempre que necessário e de maneira articulada,
necessidades educacionais especiais, objetivando identi car por serviços das áreas de Saúde, Trabalho e Assistência Social.
barreiras que estejam impedindo ou di cultando o processo É nesse contexto de idéias que a escola deve identi -
educativo em suas múltiplas dimensões. car a melhor forma de atender às necessidades educacionais
Essa avaliação deverá levar em consideração todas as de seus alunos, em seu processo de aprender. Assim, cabe a
variáveis: as que incidem na aprendizagem: as de cunho in- cada unidade escolar diagnosticar sua realidade educacional
dividual; as que incidem no ensino, como as condições da e implementar as alternativas de serviços e a sistemática de
escola e da prática docente; as que inspiram diretrizes gerais funcionamento de tais serviços, preferencialmente no âmbito
da educação, bem como as relações que se estabelecem en- da própria escola, para favorecer o sucesso escolar de todos
tre todas elas. os seus alunos. Nesse processo, há que se considerar as al-
Sob esse enfoque, ao contrário do modelo clínico34, tra- ternativas já existentes e utilizadas pela comunidade escolar,
dicional e classi catório, a ênfase deverá recair no desenvol- que se têm mostrado e cazes, tais como salas de recursos,
vimento e na aprendizagem do aluno, bem como na melho- salas de apoio pedagógico, serviços de itinerância em suas
ria da instituição escolar, onde a avaliação é entendida como diferentes possibilidades de realização (itinerânciaintra e in-
processo permanente de análise das variáveis que interferem terescolar), como também investir na criação de novas alter-
no processo de ensino e aprendizagem, para identi car po- nativas, sempre fundamentadas no conjunto de necessidades
tencialidades e necessidades educacionais dos alunos e as educacionais especiais encontradas no contexto da unidade
condições da escola para responder a essas necessidades. escolar, como por exemplo a modalidade de apoio alocado
Para sua realização, deverá ser formada, no âmbito da pró- na classe comum, sob a forma de professores e/ou pro ssio-
pria escola, uma equipe de avaliação que conte com a parti-
nais especializados, com os recursos e materiais adequados.
cipação de todos os pro ssionais que acompanhem o aluno.
Da mesma forma, há que se estabelecer um relaciona-
Nesse caso, quando os recursos existentes na própria es-
mento pro ssional com os serviços especializados dispo-
cola mostrarem-se insu cientes para melhor compreender as
necessidades educacionais dos alunos e identi car os apoios níveis na comunidade, tais como aqueles oferecidos pelas
indispensáveis, a escola poderá recorrer a uma equipe mul- escolas especiais, centros ou núcleos educacionais especia-
tipro ssional35. A composição dessa equipe pode abranger lizados, instituições públicas e privadas de atuação na área
pro ssionais de uma determinada instituição ou pro ssionais da educação especial. Importante, também, é a integração
de instituições diferentes. Cabe aos gestores educacionais dos serviços educacionais com os das áreas de Saúde, Traba-
buscar essa equipe multipro ssional em outra escola do sis- lho e Assistência Social, garantindo a totalidade do processo
tema educacional ou na comunidade, o que se pode concre- formativo e o atendimento adequado ao desenvolvimento
tizar por meio de parcerias e convênios entre a Secretaria de integral do cidadão.
Educação e outros órgãos, governamentais ou não.
4.4 - No âmbito administrativo
34 Abordagem médica e psicológica, que se detinha no que
pretensamente “faltava” aos educandos. Implicava um diagnóstico clí- Para responder aos desa os que se apresentam, é ne-
nico, para avaliar as características e di culdades manifestadas pelos
cessário que os sistemas de ensino constituam e façam fun-
alunos, objetivando constatar se deviam, ou não, ser encaminhados às
classes especiais ou escolas especiais ou ainda às classes comuns do cionar um setor responsável pela educação especial, dotado
ensino regular. de recursos humanos, materiais e nanceiros que viabilizem
35 Médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, sioterapeutas, tera- e dêem sustentação ao processo de construção da educação
peutas ocupacionais, assistentes sociais e outros. inclusiva.

131
LEGISLAÇÃO BÁSICA

É imprescindível planejar a existência de um canal o -


cial e formal de comunicação, de estudo, de tomada de de-
cisões e de coordenação dos processos referentes às mu-
danças na estruturação dos serviços, na gestão e na prática
pedagógica para a inclusão de alunos com necessidades
educacionais especiais.
Para o êxito das mudanças propostas, é importan-
te que os gestores educacionais e escolares assegurem a
acessibilidade aos alunos que apresentem necessidades
educacionais especiais, mediante a eliminação de barreiras
arquitetônicas urbanísticas, na edi cação – incluindo insta-
lações, equipamentos e mobiliário – e nos transportes es-
colares, bem como de barreiras nas comunicações.
Para o atendimento dos padrões mínimos estabele-
cidos com respeito à acessibilidade, deve ser realizada a
adaptação das escolas existentes e condicionada a autori- 2 - OPERACIONALIZAÇÃO PELOS SISTEMAS DE ENSINO
zação de construção e funcionamento de novas escolas ao
preenchimento dos requisitos de infra-estrutura de nidos. Para eliminar a cultura de exclusão escolar e efetivar os
Com relação ao processo educativo de alunos que propósitos e as ações referentes à educação de alunos com
apresentem condições de comunicação e sinalização dife- necessidades educacionais especiais, torna-se necessário
renciadas dos demais alunos, deve ser garantida a acessi- utilizar uma linguagem consensual, que, com base nos no-
bilidade aos conteúdos curriculares mediante a utilização vos paradigmas, passa a utilizar os conceitos na seguinte
do sistema Braille, da língua de sinais e de demais lingua- acepção:
gens e códigos aplicáveis, sem prejuízo do aprendizado da 1.Educação Especial: Modalidade da educação escolar;
língua portuguesa, facultando-se aos surdos e a suas fa- processo educacional de nido em uma proposta peda-
mílias a opção pela abordagem pedagógica que julgarem gógica, assegurando um conjunto de recursos e serviços
adequada. Para assegurar a acessibilidade, os sistemas de educacionais especiais, organizados institucionalmente
ensino devem prover as escolas dos recursos humanos e para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns ca-
materiais necessários. sos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a
Além disso, deve ser a rmado e ampliado o compro- garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento
misso político com a educação inclusiva – por meio de das potencialidades dos educandos que apresentam ne-
estratégias de comunicação e de atividades comunitárias, cessidades educacionais especiais, em todas as etapas e
entre outras – para, desse modo: modalidades da educação básica.
a)fomentar atitudes pró-ativas das famílias, alunos, 2.Educandos que apresentam necessidades educacio-
professores e da comunidade escolar em geral; nais especiais são aqueles que, durante o processo educa-
b)superar os obstáculos da ignorância, do medo e do cional, demonstram:
preconceito; 2.1.di culdades acentuadas de aprendizagem ou limi-
c)divulgar os serviços e recursos educacionais existentes; tações no processo de desenvolvimento que di cultem o
d)difundir experiências bem sucedidas de educação acompanhamento das atividades curriculares, compreen-
inclusiva; didas em dois grupos:
e)estimular o trabalho voluntário no apoio à inclusão 2.1.1.aquelas não vinculadas a uma causa orgânica es-
escolar. pecí ca;
É também importante que a esse processo se sucedam 2.1.2.aquelas relacionadas a condições, disfunções, li-
ações de amplo alcance,tais como a reorganização admi- mitações ou de ciências.
nistrativa, técnica e nanceira dos sistemas educacionais e 2.2.di culdades de comunicação e sinalização diferen-
a melhoria das condições de trabalho docente. ciadas dos demais alunos, demandando adaptações de
O quadro a seguir ilustra como se deve entender e acesso ao currículo, com utilização de linguagens e códi-
ofertar os serviços de educação especial, como parte in- gos aplicáveis;
tegrante do sistema educacional brasileiro, em todos os 2.3.altas habilidades/superdotação, grande facilidade
níveis de educação e ensino: de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente os
conceitos, os procedimentos e as atitudes e que, por terem
condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos,
devem receber desa os suplementares em classe comum,
em sala de recursos ou em outros espaços de nidos pelos
sistemas de ensino, inclusive para concluir, em menor tem-
po, a série ou etapa escolar.

132
LEGISLAÇÃO BÁSICA

3. Inclusão: Representando um avanço em relação ao 1. O “locus” dos serviços de educação especial


movimento de integração escolar, que pressupunha o ajus- A educação especial deve ocorrer em todas as insti-
tamento da pessoa com de ciência para sua participação tuições escolares que ofereçam os níveis, etapas e modali-
no processo educativo desenvolvido nas escolas comuns, dades da educação escolar previstos na LDBEN, de modo
a inclusão postula uma reestruturação do sistema educa- a propiciar o pleno desenvolvimento das potencialidades
cional, ou seja, uma mudança estrutural no ensino regular, sensoriais, afetivas e intelectuais do aluno, mediante um
cujo objetivo é fazer com que a escola se torne inclusiva36, projeto pedagógico que contemple, além das orientações
um espaço democrático e competente para trabalhar com comuns – cumprimento dos 200 dias letivos, horas aula,
todos os educandos, sem distinção de raça, classe, gêne- meios para recuperação e atendimento do aluno, avaliação
ro ou características pessoais, baseando-se no princípio de e certi cação, articulação com as famílias e a comunidade
que a diversidade deve não só ser aceita como desejada. – um conjunto de outros elementos que permitam de nir
Os desa os propostos visam a uma perspectiva rela- objetivos, conteúdos e procedimentos relativos à própria
cional entre a modalidade da educação especial e as etapas dinâmica escolar.
da educação básica, garantindo o real papel da educação Assim sendo, a educação especial deve ocorrer nas es-
como processo educativo do aluno e apontando para o colas públicas e privadas da rede regular de ensino, com
novo “fazer pedagógico”. base nos princípios da escola inclusiva. Essas escolas, por-
Tal compreensão permite entender a educação espe- tanto, além do acesso à matrícula, devem assegurar as con-
cial numa perspectiva de inserção social ampla, histori- dições para o sucesso escolar de todos os alunos.
camente diferenciada de todos os paradigmas até então Extraordinariamente, os serviços de educação especial
exercitados como modelos formativos, técnicos e limitados podem ser oferecidos em classes especiais, escolas espe-
de simples atendimento. Trata-se, portanto, de uma edu- ciais, classes hospitalares e em ambiente domiciliar.
cação escolar que, em suas especi cidades e em todos os Os sistemas públicos de ensino poderão estabelecer
momentos, deve estar voltada para a prática da cidadania, convênios ou parcerias com escolas ou serviços públicos
em uma instituição escolar dinâmica, que valorize e res- ou privados, de modo a garantir o atendimento às neces-
peite as diferenças dos alunos. O aluno é sujeito em seu sidades educacionais especiais de seus alunos, responsa-
processo de conhecer, aprender, reconhecer e construir a bilizando-se pela identi cação, análise, avaliação da qua-
sua própria cultura. lidade e da idoneidade, bem como pelo credenciamento
Ao fazer a leitura do signi cado e do sentido da edu- das instituições que venham a realizar esse atendimento,
cação especial, neste novo momento, faz-se necessário re- observados os princípios da educação inclusiva.
sumir onde ela deve ocorrer, a quem se destina, como se Para a de nição das ações pedagógicas, a escola deve
realiza e como se dá a escolarização do aluno, entre outros prever e prover, em suas prioridades, os recursos humanos
temas, balizando o seu próprio movimento como uma mo- e materiais necessários à educação na diversidade.
dalidade de educação escolar. É nesse contexto que a escola deve assegurar uma res-
Todo esse exercício de realizar uma nova leitura sobre posta educativa adequada às necessidades educacionais
a educação do cidadão que apresenta necessidades edu- de todos os seus alunos, em seu processo de aprender,
cacionais especiais visa subsidiar e implementar a LDBEN, buscando implantar os serviços de apoio pedagógico es-
baseado tanto no pressuposto constitucional – que deter- pecializado necessários, oferecidos preferencialmente no
mina “A educação, direito de todos e dever do Estado e âmbito da própria escola.
da família, será promovida e incentivada com a colabora- É importante salientar o que se entende por serviço
ção da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da de apoio pedagógico especializado: são os serviços educa-
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua cionais diversi cados oferecidos pela escola comum para
quali cação para o trabalho” – como nas interfaces neces- responder às necessidades educacionais especiais do edu-
sárias e básicas propostas no Capítulo V da própria LDBEN, cando. Tais serviços podem ser desenvolvidos:
com a totalidade dos seus dispositivos preconizados. Para a)nas classes comuns, mediante atuação de profes-
compreender tais propósitos, torna-se necessário retomar sor da educação especial, de professores intérpretes das
as indagações já mencionadas: linguagens e códigos aplicáveis e de outros pro ssionais;
itinerância intra e interinstitucional e outros apoios neces-
sários à aprendizagem, à locomoção e à comunicação;
36 O conceito de escola inclusiva implica uma nova postura da b)em salas de recursos, nas quais o professor da edu-
escola comum, que propõe no projeto pedagógico – no currículo, na
metodologia de ensino, na avaliação e na atitude dos educadores – cação especial realiza a complementação e/ou suplemen-
ações que favoreçam a interação social e sua opção por práticas hete- tação curricular, utilizando equipamentos e materiais espe-
rogêneas. A escola capacita seus professores, prepara-se, organiza-se cí cos.
e adapta-se para oferecer educação de qualidade para todos, inclusive Caracterizam-se como serviços especializados aqueles
para os educandos que apresentam necessidades especiais. Inclusão, realizados por meio de parceria entre as áreas de educação,
portanto, não signi ca simplesmente matricular todos os educandos
com necessidades educacionais especiais na classe comum, ignoran-
saúde, assistência social e trabalho.
do suas necessidades especí cas, mas signi ca dar ao professor e à
escola o suporte necessário a sua ação pedagógica.

133
LEGISLAÇÃO BÁSICA

2. Alunos atendidos pela educação especial 2.1.Em face das condições especí cas associadas à sur-
dez, é importante que os sistemas de ensino se organizem
O Artigo 2º. da LDBEN, que trata dos princípios e ns de forma que haja escolas em condições de oferecer aos
da educação brasileira, garante: “A educação, dever da famí- alunos surdos o ensino em língua brasileira de sinais e em
lia e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos língua portuguesa e, aos surdos-cegos, o ensino em língua
ideais de solidariedade humana, tem por nalidade o pleno de sinais digital, tadoma e outras técnicas, bem como es-
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício colas com propostas de ensino e aprendizagem diferentes,
da cidadania e sua quali cação para o trabalho.” facultando-se a esses alunos e a suas famílias a opção pela
Consoante esse postulado, o projeto pedagógico da es- abordagem pedagógica que julgarem adequada;
cola viabiliza-se por meio de uma prática pedagógica que 2.2.Em face das condições especí cas associadas à ce-
tenha como princípio norteador a promoção do desenvol- gueira e à visão subnormal, os sistemas de ensino devem
vimento da aprendizagem de todos os educandos, inclusive prover aos alunos cegos o material didático, inclusive pro-
daqueles que apresentem necessidades educacionais espe- vas, e o livro didático em Braille e, aos alunos com visão
ciais. subnormal (baixa visão), os auxílios ópticos necessários,
Tradicionalmente, a educação especial tem sido conce- bem como material didático, livro didático e provas em ca-
bida como destinada apenas ao atendimento de alunos que racteres ampliados;
apresentam de ciências (mental, visual, auditiva, física/mo- 3. altas habilidades/superdotação, grande facilidade
tora e múltiplas); condutas típicas de síndromes e quadros de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente os
psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos, bem como de conceitos, os procedimentos e as atitudes e que, por terem
alunos que apresentam altas habilidades/superdotação. condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos,
Hoje, com a adoção do conceito de necessidades edu- devem receber desa os suplementares em classe comum,
cacionais especiais, a rma-se o compromisso com uma nova em sala de recursos ou em outros espaços de nidos pelos
abordagem, que tem como horizonte a Inclusão. sistemas de ensino, inclusive para concluir, em menor tem-
Dentro dessa visão, a ação da educação especial am- po, a série ou etapa escolar.
plia-se, passando a abranger não apenas as di culdades de
Dessa forma, a educação especial – agora concebida
aprendizagem relacionadas a condições, disfunções, limita-
como o conjunto de conhecimentos, tecnologias, recursos
ções e de ciências, mas também aquelas não vinculadas a
humanos e materiais didáticos que devem atuar na relação
uma causa orgânica especí ca, considerando que, por di-
pedagógica para assegurar resposta educativa de quali-
culdades cognitivas, psicomotoras e de comportamento,
dade às necessidades educacionais especiais – continuará
alunos são frequentemente negligenciados ou mesmo ex-
atendendo, com ênfase, os grupos citados inicialmente. En-
cluídos dos apoios escolares.
tretanto, em consonância com a nova abordagem, deverá
O quadro das di culdades de aprendizagem absor-
ve uma diversidade de necessidades educacionais, desta- vincular suas ações cada vez mais à qualidade da relação
cadamente aquelas associadas a: di culdades especí cas pedagógica e não apenas a um público-alvo delimitado,
de aprendizagem, como a dislexia e disfunções correlatas; de modo que a atenção especial se faça presente para to-
problemas de atenção, perceptivos, emocionais, de memó- dos os educandos que, em qualquer etapa ou modalidade
ria, cognitivos, psicolínguísticos, psicomotores, motores, de da educação básica, dela necessitarem para o seu sucesso
comportamento; e ainda a fatores ecológicos e socioeco- escolar.
nômicos, como as privações de caráter sociocultural e nu-
tricional. 3. Implantação e implementação dos serviços de
Assim, entende-se que todo e qualquer aluno pode educação especial
apresentar, ao longo de sua aprendizagem, alguma necessi-
dade educacional especial, temporária ou permanente, vin- Os princípios gerais da educação das pessoas com
culada ou não aos grupos já mencionados, agora reorgani- necessidades educacionais especiais foram delineados
zados em consonância com essa nova abordagem: pela LDBEN, tendo como eixo norteador a elaboração do
1.Educandos que apresentam di culdades acentuadas projeto pedagógico da escola, que incorpora essa modali-
de aprendizagem ou limitações no processo de desenvol- dade de educação escolar em articulação com a família e
vimento que di cultem o acompanhamento das atividades a comunidade. Esse projeto, fruto da participação dos di-
curriculares, compreendidas em dois grupos: ferentes atores da comunidade escolar, deve incorporar a
1.1.aquelas não vinculadas a uma causa orgânica espe- atenção de qualidade à diversidade dos alunos, em suas
cí ca; necessidades educacionais comuns e especiais, como um
1.2.aquelas relacionadas a condições, disfunções, limita- vetor da estrutura, funcionamento e prática pedagógica da
ções ou de ciências; escola.
2.Di culdades de comunicação e sinalização diferencia- Nesse sentido, deve ser garantida uma ampla discus-
das dos demais alunos, particularmente alunos que apresen- são que contemple não só os elementos enunciados an-
tam surdez, cegueira, surdo-cegueira ou distúrbios acentua- teriormente, mas também os pais, os professores e outros
dos de linguagem, para os quais devem ser adotadas formas segmentos da comunidade escolar, explicitando uma com-
diferenciadas de ensino e adaptações de acesso ao currículo, petência institucional voltada à diversidade e às especi -
com utilização de linguagens e códigos aplicáveis, assegu- cidades dessa comunidade, considerando que o aluno é o
rando-se os recursos humanos e materiais necessários; centro do processo pedagógico.

134
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Além disso, recomenda-se às escolas e aos sistemas de g)condições para re exão, ação e elaboração teórica
ensino a constituição de parcerias com instituições de en- da educação inclusiva, com protagonismo dos professores,
sino superior para a realização de pesquisas e estudos de articulando experiência e conhecimento com as necessida-
caso relativos ao processo de ensino e aprendizagem de des/possibilidades surgidas na relação pedagógica, inclu-
alunos com necessidades educacionais especiais, visando sive por meio de colaboração com instituições de ensino
ao aperfeiçoamento desse processo educativo. superior e de pesquisa;
h)uma rede de apoio interinstitucional que envolva
4. Organização do atendimento na rede regular de
pro ssionais das áreas de Saúde, Assistência Social e Tra-
ensino
balho, sempre que necessário para o seu sucesso na apren-
A escola regular de qualquer nível ou modalidade de dizagem, e que seja disponibilizada por meio de convênios
ensino, ao viabilizar a inclusão de alunos com necessida- com organizações públicas ou privadas daquelas áreas;
des especiais, deverá promover a organização de classes i)sustentabilidade do processo inclusivo, mediante
comuns e de serviços de apoio pedagógico especializado. aprendizagem cooperativa em sala de aula; trabalho de
Extraordinariamente, poderá promover a organização de equipe na escola e constituição de redes de apoio, com a
classes especiais, para atendimento em caráter transitório. participação da família no processo educativo, bem como
de outros agentes e recursos da comunidade.
4.1 – Na organização das classes comuns, faz-se neces- j)atividades que favoreçam o aprofundamento e o en-
sário prever: riquecimento de aspetos curriculares aos alunos que apre-
a)professores das classes comuns e da educação espe- sentam superdotação, de forma que sejam desenvolvidas
cial capacitados e especializados, respectivamente, para o suas potencialidades, permitindo ao aluno superdotado
atendimento às necessidades educacionais especiais dos
concluir em menor tempo a educação básica, nos termos
alunos;
do Artigo 24, V, “c”, da LDBEN.
b)distribuição dos alunos com necessidades educacio-
nais especiais pelas várias classes do ano escolar em que Para atendimento educacional aos superdotados, é ne-
forem classi cados, de modo que essas classes comuns se cessário:
bene ciem das diferenças e ampliem positivamente as ex- a)organizar os procedimentos de avaliação pedagógica
periências de todos os alunos, dentro do princípio de edu- e psicológica de alunos com características de superdota-
car para a diversidade; ção;
c) exibilizações e adaptações curriculares, que conside- b)prever a possibilidade de matrícula do aluno em série
rem o signi cado prático e instrumental dos conteúdos bá- compatível com seu desempenho escolar, levando em con-
sicos, metodologias de ensino e recursos didáticos diferen- ta, igualmente, sua maturidade socioemocional;
ciados e processos de avaliação adequados ao desenvolvi- c)cumprir a legislação no que se refere:
mento dos alunos que apresentam necessidades educacio- - ao atendimento suplementar para aprofundar e/ou
nais especiais, em consonância com o projeto pedagógico enriquecer o currículo;
da escola, respeitada a frequência obrigatória;
- à aceleração/avanço, regulamentados pelos respecti-
d)serviços de apoio pedagógico especializado, realiza-
vos sistemas de ensino, permitindo, inclusive, a conclusão
do:
- na classe comum, mediante atuação de professor da da Educação Básica em menor tempo;
educação especial, de professores intérpretes das lingua- - ao registro do procedimento adotado em ata da es-
gens e códigos aplicáveis, como a língua de sinais e o sis- cola e no dossiê do aluno;
tema Braille, e de outros pro ssionais, como psicólogos e d)incluir, no histórico escolar, as especi cações cabíveis;
fonoaudiólogos, por exemplo; itinerância intra e interinsti- e)incluir o atendimento educacional ao superdotado
tucional e outros apoios necessários à aprendizagem, à lo- nos projetos pedagógicos e regimentos escolares, inclusive
comoção e à comunicação; por meio de convênios com instituições de ensino superior
- em salas de recursos, nas quais o professor da educa- e outros segmentos da comunidade.
ção especial realiza a complementação e/ou suplementação Recomenda-se às escolas de Educação Básica a cons-
curricular, utilizando equipamentos e materiais especí cos. tituição de parcerias com instituições de ensino superior
e)avaliação pedagógica no processo de ensino e apren- com vistas à identi cação de alunos que apresentem altas
dizagem, inclusive para a identi cação das necessidades habilidades/superdotação, para ns de apoio ao prosse-
educacionais especiais e a eventual indicação dos apoios
guimento de estudos no ensino médio e ao desenvolvi-
pedagógicos adequados;
mento de estudos na educação superior, inclusive median-
f)temporalidade exível do ano letivo, para atender às
necessidades educacionais especiais de alunos com de - te a oferta de bolsas de estudo, destinando-se tal apoio
ciência mental ou graves de ciências múltiplas, de forma prioritariamente àqueles alunos que pertençam aos estra-
que possam concluir em tempo maior o currículo previsto tos sociais de baixa renda.
para a série/etapa escolar, principalmente nos anos nais
do ensino fundamental, conforme estabelecido por normas
dos sistemas de ensino, procurando-se evitar grande defa-
sagem idade/série;

135
LEGISLAÇÃO BÁSICA

4.2 - Os serviços de apoio pedagógico especializado Os serviços de apoio pedagógico especializado, ou ou-
ocorrem no espaço escolar e envolvem professores com tras alternativas encontradas pela escola, devem ser orga-
diferentes funções: nizados e garantidos nos projetos pedagógicos e regimen-
tos escolares, desde que devidamente regulamentados
a)Classes comuns: serviço que se efetiva por meio do pelos competentes Conselhos de Educação.
trabalho de equipe, abrangendo professores da classe co- O atendimento educacional especializado pode ocor-
mum e da educação especial, para o atendimento às ne- rer fora de espaço escolar, sendo, nesses casos, certi cada
cessidades educacionais especiais dos alunos durante o a frequência do aluno mediante relatório do professor que
processo de ensino e aprendizagem. Pode contar com a o atende:
colaboração de outros pro ssionais, como psicólogos es- a)Classe hospitalar: serviço destinado a prover, me-
colares, por exemplo. diante atendimento especializado, a educação escolar a
b)Salas de recursos: serviço de natureza pedagógica, alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razão de
conduzido por professor especializado, que suplemen- tratamento de saúde que implique internação hospitalar
ta (no caso dos superdotados) e complementa (para os ou atendimento ambulatorial.
demais alunos) o atendimento educacional realizado em b)Ambiente domiciliar: serviço destinado a viabilizar,
classes comuns da rede regular de ensino. Esse serviço mediante atendimento especializado, a educação escolar
realiza-se em escolas, em local dotado de equipamentos e de alunos que estejam impossibilitados de frequentar as
recursos pedagógicos adequados às necessidades educa-
aulas em razão de tratamento de saúde que implique per-
cionais especiais dos alunos, podendo estender-se a alunos
manência prolongada em domicílio.
de escolas próximas, nas quais ainda não exista esse aten-
Os objetivos das classes hospitalares e do atendimento
dimento. Pode ser realizado individualmente ou em pe-
quenos grupos, para alunos que apresentem necessidades em ambiente domiciliar são: dar continuidade ao proces-
educacionais especiais semelhantes, em horário diferente so de desenvolvimento e ao processo de aprendizagem de
daquele em que frequentam a classe comum. alunos matriculados em escolas da Educação Básica, con-
c)Itinerância: serviço de orientação e supervisão peda- tribuindo para seu retorno e reintegração ao grupo escolar;
gógica desenvolvida por professores especializados que e desenvolver currículo exibilizado com crianças, jovens
fazem visitas periódicas às escolas para trabalhar com os e adultos não matriculados no sistema educacional local,
alunos que apresentem necessidades educacionais espe- facilitando seu posterior acesso à escola regular.
ciais e com seus respectivos professores de classe comum
da rede regular de ensino. 4.3 – A classe especial e sua organização:
d)Professores-intérpretes: são pro ssionais especializa-
dos para apoiar alunos surdos, surdos- cegos e outros que As escolas podem criar, extraordinariamente, classes
apresentem sérios comprometimentos de comunicação e especiais, cuja organização fundamente-se no Capítulo II
sinalização. da LDBEN, nas diretrizes curriculares nacionais para a Edu-
Todos os professores de educação especial e os que cação Básica, bem como nos referenciais e parâmetros cur-
atuam em classes comuns deverão ter formação para as riculares nacionais, para atendimento, em caráter transitó-
respectivas funções, principalmente os que atuam em ser- rio, a alunos que apresentem di culdades acentuadas de
viços de apoio pedagógico especializado. aprendizagem ou condições de comunicação e sinalização
A inclusão de alunos com necessidades educacionais diferenciadas dos demais alunos e demandem ajudas e
especiais em classes comuns do ensino regular, como meta apoios intensos e contínuos.
das políticas de educação, exige interação constante en- Aos alunos atendidos em classes especiais devem ter
tre professor da classe comum e os dos serviços de apoio assegurados:
pedagógico especializado, sob pena de alguns educandos a)professores especializados em educação especial;
não atingirem rendimento escolar satisfatório. b)organização de classes por necessidades educacio-
A interação torna-se absolutamente necessária quando nais especiais apresentadas, sem agrupar alunos com dife-
se trata, por exemplo, da educação dos surdos, consideran-
rentes tipos de de ciências;
do que lhes é facultado efetivar sua educação por meio da
c)equipamentos e materiais especí cos;
língua portuguesa e da língua brasileira de sinais, depois
d)adaptações de acesso ao currículo e adaptações nos
de manifestada a opção dos pais e sua própria opinião. Re-
comenda-se que o professor, para atuar com esses alunos elementos curriculares;
em sala de aula da educação infantil e dos anos iniciais do e)atividades da vida autônoma e social no turno inver-
ensino fundamental, tenha complementação de estudos so, quando necessário.
sobre o ensino de línguas: língua portuguesa e língua bra- Classe especial é uma sala de aula, em escola de ensi-
sileira de sinais. Recomenda- se também que o professor, no regular, em espaço físico e modulação adequada. Nesse
para atuar com alunos surdos em sala de recursos, princi- tipo de sala, o professor da educação especial utiliza méto-
palmente a partir da 5ª série do ensino fundamental, tenha, dos, técnicas, procedimentos didáticos e recursos pedagó-
além do curso de Letras e Linguística, complementação de gicos especializados e, quando necessário, equipamentos e
estudos ou cursos de pós-graduação sobre o ensino de lín- materiais didáticos especí cos, conforme série/ciclo/etapa
guas: língua portuguesa e língua brasileira de sinais. da educação básica, para que o aluno tenha acesso ao cur-
rículo da base nacional comum.

136
LEGISLAÇÃO BÁSICA

A classe especial pode ser organizada para atendimen- A partir do desenvolvimento apresentado pelo aluno,
to às necessidades educacionais especiais de alunos cegos, a equipe pedagógica da escola especial e a família devem
de alunos surdos, de alunos que apresentam condutas típi- decidir conjuntamente quanto à transferência do aluno para
cas de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou escola da rede regular de ensino, com base em avaliação pe-
psiquiátricos e de alunos que apresentam casos graves de dagógica e na indicação, por parte do setor responsável pela
de ciência mental ou múltipla. Pode ser utilizada principal- educação especial do sistema de ensino, de escolas regula-
mente nas localidades onde não há oferta de escolas espe- res em condições de realizar seu atendimento educacional.
ciais; quando se detectar, nesses alunos, grande defasagem Para uma educação escolar de qualidade nas escolas
idade/série; quando faltarem, ao aluno, experiências escola- especiais, é fundamental prover e promover em sua orga-
res anteriores, di cultando o desenvolvimento do currículo nização:
em classe comum. I.matrícula e atendimento educacional especializado nas
Não se deve compor uma classe especial com alunos etapas e modalidades da Educação Básica previstas em lei e
que apresentam di culdades de aprendizagem não vincu- no seu regimento escolar;
ladas a uma causa orgânica especí ca, tampouco se deve II.encaminhamento de alunos para a educação regular,
agrupar alunos com necessidades especiais relacionadas a inclusive para a educação de jovens e adultos;
diferentes de ciências. Assim sendo, não se recomenda co- III.parcerias com escolas das redes regulares públicas ou
locar, numa mesma classe especial, alunos cegos e surdos, privadas de educação pro ssional;
por exemplo. Para esses dois grupos de alunos, em parti- IV.conclusão e certi cação de educação escolar, incluin-
cular, recomenda-se o atendimento educacional em classe do terminalidade especí ca, para alunos com de ciência
especial durante o processo de alfabetização, quando não mental e múltipla;
foram bene ciados com a educação infantil. Tal processo V.professores especializados e equipe técnica de apoio;
abrange, para os cegos, o domínio do sistema Braille, e para VI. exibilização e adaptação do currículo previsto na
os surdos, a aquisição da língua de sinais e a aprendizagem LDBEN, nos Referenciais e nos Parâmetros Curriculares Na-
da língua portuguesa. cionais.
O professor da educação especial, nessa classe, deve
As escolas especiais públicas e privadas obedecem às
desenvolver o currículo com a exibilidade necessária às
mesmas exigências na criação e no funcionamento:
condições dos alunos e, no turno inverso, quando necessá-
a)são iguais nas nalidades, embora diferentes na or-
rio, deve desenvolver outras atividades, tais como ativida-
dem administrativa e na origem dos recursos;
des da vida autônoma e social (para alunos com de ciência
b)necessitam de credenciamento e/ou autorização para
mental, por exemplo); orientação e mobilidade (para alu-
o seu funcionamento.
nos cegos e surdos-cegos); desenvolvimento de linguagem:
As escolas da rede privada, sem ns lucrativos, que
língua portuguesa e língua brasileira de sinais (para alunos
surdos); atividades de informática, etc. necessitam pleitear apoio técnico e nanceiro dos órgãos
Essa classe deverá con gurar a etapa, ciclo ou moda- governamentais devem credenciar-se para tal; as escolas da
lidade da educação básica em que o aluno se encontra – rede privada, com ns lucrativos, assim como as anterior-
educação infantil, ensino fundamental, educação de jovens mente citadas, devem ter o acompanhamento e a avaliação
e adultos – promovendo avaliação contínua do seu desem- do órgão gestor e cumprir as determinações dos Conselhos
penho – com a equipe escolar e pais – e proporcionando, de Educação similares às previstas para as demais escolas.
sempre que possível, atividades conjuntas com os demais No âmbito dos sistemas de ensino, cabe aos Conselhos
alunos das classes comuns. de Educação legislar sobre a matéria, observadas as normas
É importante que, a partir do desenvolvimento apre- e diretrizes nacionais.
sentado pelo aluno e das condições para o atendimento in-
clusivo, a equipe pedagógica da escola e a família decidam 6 – Etapas da escolarização de alunos com necessida-
conjuntamente, com base em avaliação pedagógica, quanto des especiais em qualquer espaço escolar
ao seu retorno à classe comum.
Conforme estabelecido nos dispositivos legais da edu-
5 – Organização do atendimento em escola especial cação brasileira, o processo escolar tem início na educação
infantil, que se realiza na faixa etária de zero a seis anos – em
A educação escolar de alunos que apresentam necessi- creches e em turmas de pré-escola – permitindo a identi ca-
dades educacionais especiais e que requeiram atenção in- ção das necessidades educacionais especiais e a estimulação
dividualizada nas atividades da vida autônoma e social, bem do desenvolvimento integrado aluno, bem como a interven-
como ajudas e apoios intensos e contínuos e exibilizações ção para atenuar possibilidades de atraso de desenvolvi-
e adaptações curriculares tão signi cativas que a escola co- mento, decorrentes ou não de fatores genéticos, orgânicos
mum não tenha conseguido prover – pode efetivar-se em e/ou ambientais.
escolas especiais, assegurando-se que o currículo escolar O atendimento educacional oferecido pela educação
observe as diretrizes curriculares nacionais para as etapas e infantil pode contribuir signi cativamente para o sucesso
modalidades da Educação Básica e que os alunos recebam escolar desses educandos. Para tanto, é importante prover
os apoios de que necessitam. É importante que esse aten- a escola que realiza esse etapa da educação básica de recur-
dimento, sempre que necessário, seja complementado por sos tecnológicos e humanos adequados à diversidade das
serviços das áreas de Saúde, Trabalho e Assistência Social. demandas.

137
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Do mesmo modo, é indispensável a integração dos ser- Em casos muito singulares, em que o educando com
viços educacionais com os das áreas de Saúde e Assistên- graves comprometimentos mentais e/ou múltiplos não
cia Social, garantindo a totalidade do processo formativo possa bene ciar-se do currículo da base nacional comum,
e o atendimento adequado ao desenvolvimento integral deverá ser proporcionado um currículo funcional para
do educando. É importante mencionar que o fato de uma atender às necessidades práticas da vida.
criança necessitar de apoio especializado não deve consti- O currículo funcional, tanto na educação infantil como
tuir motivo para di cultar seu acesso e frequência às cre- nos anos iniciais do ensino fundamental, distingue-se pelo
ches e às turmas de pré-escola da educação regular. caráter pragmático das atividades previstas nos parágrafos
Após a educação infantil – ou seja, a partir dos sete 1o, 2o, 3o e 4o do Artigo 26 e no Artigo 32 da LDBEN e
anos de idade – a escolarização do aluno que apresenta pelas adaptações curriculares muito signi cativas.
necessidades educacionais especiais deve processar-se nos Tanto o currículo como a avaliação devem ser funcio-
mesmos níveis, etapas e modalidades de educação e ensino nais, buscando meios úteis e práticos para favorecer: o de-
que os demais educandos, ou seja, no ensino fundamental,
senvolvimento das competências sociais; o acesso ao co-
no ensino médio, na educação pro ssional, na educação de
nhecimento, à cultura e às formas de trabalho valorizadas
jovens e adultos e na educação superior. Essa educação é
pela comunidade; e a inclusão do aluno na sociedade.
suplementada e complementada quando se utilizam os ser-
viços de apoio pedagógico especializado.
8 – Terminalidade especí ca
7 – Currículo
No atendimento a alunos cujas necessidades educacio-
O currículo a ser desenvolvido é o das diretrizes curricu- nais especiais estão associadas a grave de ciência mental
lares nacionais para as diferentes etapas e modalidades da ou múltipla, a necessidade de apoios e ajudas intensos e
Educação Básica: educação infantil, educação fundamental, contínuos, bem como de adaptações curriculares signi -
ensino médio, educação de jovens e adultos e educação cativas, não deve signi car uma escolarização sem hori-
pro ssional. zonte de nido, seja em termos de tempo ou em termos
A escolarização formal, principalmente na educação in- de competências e habilidades desenvolvidas. As escolas,
fantil e/ou nos anos iniciais do ensino fundamental, trans- portanto, devem adotar procedimentos de avaliação pe-
forma o currículo escolar em um processo constante de re- dagógica, certi cação e encaminhamento para alternativas
visão e adequação. Os métodos e técnicas, recursos educa- educacionais que concorram para ampliar as possibilidades
tivos e organizações especí cas da prática pedagógica, por de inclusão social e produtiva dessa pessoa.
sua vez, tornam-se elementos que permeiam os conteúdos. Quando os alunos com necessidades educacionais es-
O currículo, em qualquer processo de escolarização, peciais, ainda que com os apoios e adaptações necessários,
transforma-se na síntese básica da educação. Isto nos pos- não alcançarem os resultados de escolarização previstos no
sibilita a rmar que a busca da construção curricular deve Artigo 32, I da LDBEN: “o desenvolvimento da capacidade
ser entendida como aquela garantida na própria LDBEN, de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio
complementada, quando necessário, com atividades que da leitura, da escrita e do cálculo” – e uma vez esgotadas
possibilitem ao aluno que apresenta necessidades educa- as possibilidades apontadas nos Artigos 24, 26 e 32 da
cionais especiais ter acesso ao ensino, à cultura, ao exercício LDBEN – as escolas devem fornecer-lhes uma certi cação
da cidadania e à inserção social produtiva. de conclusão de escolaridade, denominada terminalidade
O Artigo 5o da LDBEN preceitua: “o acesso ao ensino especí ca.
fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer
Terminalidade especí ca é uma certi cação de con-
cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, orga-
clusão de escolaridade – fundamentada em avaliação pe-
nização sindical, entidade de classe ou outra legalmente
dagógica – com histórico escolar que apresente, de forma
constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder
descritiva, as habilidades e competências atingidas pelos
Público para exigi-lo”.
Os currículos devem ter uma base nacional comum, educandos com grave de ciência mental ou múltipla. É o
conforme determinam os Artigos 26, 27 e 32 da LDBEN, a caso dos alunos cujas necessidades educacionais especiais
ser suplementada ou complementada por uma parte diver- não lhes possibilitaram alcançar o nível de conhecimento
si cada, exigida, inclusive, pelas características dos alunos. exigido para a conclusão do ensino fundamental, respeita-
As di culdades de aprendizagem na escola apresen- da a legislação existente, e de acordo com o regimento e o
tam-se como um contínuo, compreendendo desde situa- projeto pedagógico da escola.
ções mais simples e/ou transitórias – que podem ser resol- O teor da referida certi cação de escolaridade deve
vidas espontaneamente no curso do trabalho pedagógico possibilitar novas alternativas educacionais, tais como o
– até situações mais complexas e/ou permanentes – que encaminhamento para cursos de educação de jovens e
requerem o uso de recursos ou técnicas especiais para que adultos e de educação pro ssional, bem como a inserção
seja viabilizado o acesso ao currículo por parte do educan- no mundo do trabalho, seja ele competitivo ou protegido.
do. Atender a esse contínuo de di culdades requer respos- Cabe aos respectivos sistemas de ensino normatizar
tas educativas adequadas, que abrangem graduais e pro- sobre a idade-limite para a conclusão do ensino funda-
gressivas adaptações de acesso ao currículo, bem como mental.
adaptações de seus elementos.

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LEGISLAÇÃO BÁSICA

9 – A educação pro ssional do aluno com necessi- II – VOTO DOS RELATORES


dades educacionais especiais
A organização da educação especial adquire, portanto,
A educação pro ssional é um direito do aluno com ne- seus contornos legítimos. O que passou faz parte do pro-
cessidades educacionais especiais e visa à sua integração cesso de amadurecimento da sociedade brasileira. Agora
produtiva e cidadã na vida em sociedade. Deve efetivar-se é preciso por em prática, corajosamente, a compreensão
nos cursos oferecidos pelas redes regulares de ensino pú- que foi alcançada pela comunidade sobre a importância
blicas ou pela rede regular de ensino privada, por meio de que deve ser dada a este segmento da sociedade brasileira.
Com a edição deste Parecer e das Diretrizes que o in-
adequações e apoios em relação aos programas de edu-
tegram, este Colegiado está oferecendo ao Brasil e aos alu-
cação pro ssional e preparação para o trabalho, de forma
nos que apresentam necessidades educacionais especiais
que seja viabilizado o acesso das pessoas com necessida-
um caminho e os meios legais necessários para a supera-
des educacionais especiais aos cursos de nível básico, téc- ção do grave problema educacional, social e humano que
nico e tecnológico, bem como a transição para o mercado os envolve.
de trabalho. Igualdade de oportunidades e valorização da diversi-
Essas adequações e apoios – que representam a cola- dade no processo educativo e nas relações sociais são di-
boração da educação especial para uma educação pro s- reitos dessas crianças, jovens e adultos. Tornar a escola e a
sional inclusiva – efetivam-se por meio de: sociedade inclusivas é uma tarefa de todos.
a) exibilizações e adaptações dos recursos instrucio- Brasília, 03 de julho de 2001
nais: material pedagógico, equipamento, currículo e outros; Conselheiro Kuno Paulo Rhoden- Relator
b)capacitação de recursos humanos: professores, ins- Conselheira Sylvia Figueiredo Gouvêa- Relatora
trutores e pro ssionais especializados;
c)eliminação de barreiras atitudinais, arquitetônicas, III – DECISÃO DA CÂMARA
curriculares e de comunicação e sinalização, entre outras;
d)encaminhamento para o mundo do trabalho e acom- A Câmara de Educação Básica aprova por unanimidade
panhamento de egressos. o voto dos relatores.
As escolas das redes de educação pro ssional po- Sala de sessões, em 03 de julho de 2001.
Francisco Aparecido Cordão – Presidente
dem realizar parcerias com escolas especiais, públicas ou
Carlos Roberto Jamil Cury – Vice-presidente
privadas, tanto para construir competências necessárias
à inclusão de alunos em seus cursos quanto para prestar
IV - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
assistência técnica e convalidar cursos pro ssionalizantes ARANHA, Maria Salete Fábio. A inclusão social da
realizados por essas escolas especiais. criança com de ciência. Criança Especial. São Paulo, Edito-
Além disso, na perspectiva de contribuir para um pro- ra Roca (no prelo).
cesso de inclusão social, as escolas das redes de educa- __________________________. Integração social do de -
ção pro ssional poderão avaliar e certi car competências ciente: análise conceitual e metodológica. Temas em Psico-
laborais de pessoas com necessidades especiais não matri- logia, no 2, 63-70, 1995.
culadas em seus cursos, encaminhando-as, a partir desses ASSOCIAÇÃO MILTON CAMPOS – ADV – “Dez Anos em
procedimentos, para o mundo do trabalho. Prol do Bem-dotado”, Belo Horizonte, 1884.
A educação pro ssional do aluno com necessidades BAUMEL, R. “Sugestões sobre Forma e Conteúdo das
educacionais especiais pode realizar-se em escolas espe- Diretrizes Curriculares para a Educação Especial” (texto pre-
ciais, públicas ou privadas, quando esgotados os recursos liminar). São Paulo, FEUSP, 2001 (análise)
da rede regular na provisão de resposta educativa adequa- BOLSANELLO, Maria Augusta. Interação Mãe – Filho
da às necessidades educacionais especiais e quando o alu- Portador de De ciência: Concepções e Modo de Atuação
no demandar apoios e ajudas intensos e contínuos para dos Pro ssionais em Estimulação Precoce. Tese de Douto-
seu acesso ao currículo. Nesse caso, podem ser oferecidos rado. São Paulo, USP, 1988.
BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de
serviços de o cinas pré-pro ssionais ou o cinas pro ssio-
Estudos e Pesquisas Educacionais. “Roteiro e Metas para
nalizantes, de caráter protegido ou não.
Orientar o Debate sobre o Plano Nacional de Educação”.
Os Artigos 3o e 4o, do Decreto no 2.208/97, contem-
Brasília, INEP, 1997 (mimeo).
plam a inclusão de pessoas em cursos de educação pro s- _________________________________________________________
sional de nível básico independentemente de escolarida- ___________________
de prévia, além dos cursos de nível técnico e tecnológico. . “Procedimentos de Elaboração do Plano Nacional de
Assim, alunos com necessidades especiais também podem Educação”. Brasília, INEP, 1997.
ser bene ciados, quali cando-se para o exercício de fun- BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educa-
ções demandadas pelo mundo do trabalho. ção Especial. Política Nacional de Educação Especial. Brasí-
lia, Secretaria de Educação Especial, 1994.
_______________________________________________________.
“Subsídios para Organização e Funcionamento de Serviços
de Educação Especial”. Brasília, SEESP, 1995.

139
LEGISLAÇÃO BÁSICA

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Edu- MENDES, Enicéia Gonçalves. “Análise da Minuta de Re-
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alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília, fevereiro de 2001). São Carlos, UFSCAR, 2001 (análise).
MEC/SEF/SEESP, 1999. _____________. “Parecer sobre as diretrizes curriculares
BUENO, José Geraldo Silveira. “Crianças com Necessi- gerais para as licenciaturas”. São Carlos: Programa de Pós-
dades Educativas Especiais, Política Educacional e a Forma- graduação em Educação Especial, Universidade Federal de
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