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1 Introdução
2 Definição segundo a Gestalt-terapia
3 Como a Gestalt-terapia trabalha a patologia
3.1 Intervenção
Referências
Anexo I
1 INTRODUÇÃO
Segundo Ballone (2006 apud Feldmann, 2006, p.7) os transtornos alimentares
caracterizam-se por uma grave perturbação do comportamento alimentar que traz diversos
prejuízos ao indivíduo. De acordo com Cordás (2004) citado por Feldmann (2006, p.7) os
transtornos alimentares constituem um conjunto de doenças que afetam principalmente
adolescentes e adultos basicamente do sexo feminino, provocando marcantes prejuízos
biológicos, psicológicos e sociais, causando, dessa maneira, o aumento das taxas de
morbidade e mortalidade nesta população.
“Em termos de magnitude e prevalência, os transtornos alimentares
podem ser considerados doenças emergentes, características da sociedade
pós-moderna. Estima-se que, a cada ano, milhões de pessoas são acometidas
por alguma modalidade de transtorno alimentar. Destas, mais de 90% são
adolescentes do sexo feminino”. (Castro & Goldstein, 1995; Cintra &
Fisberg, 2004; Cordás, 2004; Dietz, 1990 apud Nunes e Holanda, 2008,
p.172).
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Outro conceito de extrema importância para trabalhar com a doença/sintoma é o de
ajustamento criativo.
Da mesma forma, o ajustamento criativo é para Mattos (2006) citado por Nunes e
Holanda (2008, p.175) o processo através do qual o indivíduo se relaciona de forma ativa e
criativa com o meio na busca da satisfação plena de suas necessidades, ou seja, na busca de
equilíbrio.
Broocke e Macedo (2006) citado por Silva e Alencar (2011, p.359) colocam o corpo
como sendo um agente saudável na busca de se regular e ainda um mensageiro dos conflitos
psíquicos, agindo a doença, de acordo com D’ Acri (2007 apud Silva e Alencar, 2011,) como
uma forma que o ser humano encontra de se expressar em determinado momento de sua
existência sendo o sintoma tanto a desordem no processo saúde-doença quanto o ponto de
apoio que conduzirá esse processo novamente ao equilíbrio.
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o homem a partir de sua existência, subjetividade e potencial de constante crescimento e
auto-regulação, o adoecer é visto como uma etapa de um ajustamento criativo disfuncional,
capaz, muitas vezes, de proteger a pessoa de determinadas experiências insuportáveis.
(POLITO, 1999 apud NUNES E HOLANDA, 2008, p.175)
A Gestalt Terapia busca através desse enfoque fenomenológico, compreender a
compulsão alimentar enquanto uma totalidade em si que, no entanto, faz parte de uma
totalidade maior e mais complexa que representa o ser humano, e que esta, por sua vez, faz
parte de uma totalidade ainda maior e mais complexa que representa a relação entre o
indivíduo e seu meio. (FELDMANN, 2008, p. 9)
Os principais transtornos alimentares são a Anorexia Nervosa e a Bulimia Nervosa, e
embora sejam classificadas separadamente (tanto pelo DSM-IV-TR quanto pela CID-10),
encontram-se intimamente relacionados por apresentarem psicopatologia comum: uma idia
prevalente envolvendo a preocupação excessiva com o peso e a forma corporal (medo de
engordar), que leva as pacientes a se engajarem em dietas extremamente restritivas ou a
utilizarem métodos inapropriados para alcançarem o corpo idealizado. (NUNES E
HOLANDA, 2008, p.173)
2.1 Anorexia
Anorexia nervosa caracteriza-se pelo baixo peso corporal da pessoa, que se recusa a
manter o peso corporal dentro do mínimo considerado normal, ou seja, adequado à idade e à
altura (NUNES E HOLANDA, 2008). Mesmo com o peso abaixo do normal, a pessoa
sente-se gorda, tem uma percepção distorcida de si, seguido de um medo extremo de
engordar, o que pode levar o indivíduo a fazer dietas radicais ou a usar de métodos para
perder peso.
Walsh & Garner (1998, apud NUNES E HOLANDA, 2008, p.178) apresentam um
outro ponto de vista que se refere ao fato de que, mesmo que o sujeito perceba seu tamanho,
com precisão, ainda constrói um julgamento acerca dessa percepção. Portanto, a ideia central
não é de que a pessoa magra se enxerga gorda, mas de que, mesmo podendo enxergar-se tal
como é, ainda faz um julgamento contrário acerca de si.
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Para Ferreira (1993 apud NUNES E HOLANDA, 2008, p.173) “anorexia significa
redução ou perda do apetite, por um lado; e inapetência, por outro”. O termo utilizado não é o
mais adequado para se referir a esse transtorno, considerando que; não há perda real do
apetite, pelo menos no início da doença. “Desta forma, o termo alemão pubertaetsmagersucht
mostra- se mais adequado, pois significa “busca da magreza por adolescentes” (CORDÁS,
2004 apud NUNES E HOLANDA, 2008).
2.2 Bulimia
Pode ser observado que entre os episódios bulímicos a pessoa se submete a restrições
alimentares, consumindo poucas calorias. Sendo assim, os ataques compulsivos emergem
como uma compensação por não ter comido alimentos que gostaria. Após as crises
compulsivas, a pessoa começa a apresentar comportamentos compensatórios inadequados,
nos quais a pessoa tem medo de ter ganhado peso começa a induzir vômitos ou a usar
medicamentos laxativos, diuréticos, jejuns e exercícios físicos, para compensar o peso
adquirido pelo descontrole, cabe lembrar que o transtorno é popularmente conhecido pela
indução do vômito, um quadro que atinge 90% dos casos.
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laxativos e diuréticos, o tipo não-purgativo a pessoa tem como comportamento
compensatório, jejuns e excesso das praticas físicas, mas não utiliza nem um tipo de
medicação ou indução de vômito.
De acordo com Feldmann (2006), pessoas com esse transtorno apresentam preocupação
extrema e irracional relacionada ao peso e à forma do corpo. Silva (2005) acrescenta, ainda,
que caracterizam-se por sobrepeso e frequentes crises, as quais acreditam não serem capazes
de parar de comer. Sentem-se culpados e envergonhados, porém, não apresentam atitudes
compensatórias ou compulsivas, tais como vômito ou o uso de laxantes.
Para que seja diagnosticado o transtorno, deve-se perceber a ocorrência de ataques de
comer com frequência mínima de duas vezes por semana (FELDMANN, 2005). Caió (2006)
afirma ainda que, durante esses episódios, o sujeito come rápido e grandes quantidades de
comida, mesmo sem fome, até sentir-se desconfortável. Também come sozinho, com
vergonha da quantidade ingerida. Durante o episódio, a pessoa tende a sentir-se culpada e/ou
com humor deprimido.
Tal como outros transtornos alimentares, a incidência do TCC em mulheres é superior à
constatada em homens. Percebe-se ainda que, entre 10% e 15% dos clientes que procuram
profissionais da saúde com queixas a respeito de sobrepeso sofrem de compulsão alimentar.
Tais como os obesos de modo geral, os compulsivos apresentam maiores chances de terem
colesterol alto, hipertensão arterial e diabetes. (BALLONE, 2006)
O sujeito que apresenta este sintoma costuma ser uma pessoa introjetadora, sem
conscientizar, discriminar ou reestruturar o que é ingerido. Pode ignorar a própria mastigação.
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Muitas vezes, este fato relaciona-se a crenças, valores e ideias introjetadas sem a
“mastigação” apropriada. (FELDMANN, 2006).
Como existem implicações à saúde, recomenda-se que o sujeito que possui os sintomas
procure tratamento o quanto antes, para evitar o desencadeamento de complicações futuras.
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Deve-se entender que cada um estabelece sua própria relação com a comida, e
portanto, o objetivo é auxiliá-lo a compreender e se conscientizar da sua relação com a
mesma, de forma a fortalecer sua awareness, que é um dos objetivos primordiais de qualquer
processo terapêutico em GT. Para isso, o ser humano deve ser visto pelo psicoterapeuta em
sua totalidade integrada, focando no “como” e não no “por quê”, para que ele possa se ajustar
de maneira a ter uma compreensão a respeito da sua qualidade de vida.
O psicoterapeuta deve-se considerar que os o bjetivos e formas de trabalho são
similares a qualquer outra queixa, ou seja, ele está atendendo à pessoa, não à doença. Dessa
forma, deve-se:
“Permitir que o cliente aceite o padrão alimentar para possibilitar uma
reconfiguração dessa relação tanto com a comida quanto om o mundo. O
sintoma protege e é um pedido de ajuda. Ter em vista de que o indivíduo está
fazendo o melhor que ele pode naquele momento, e que não consegue
relacionar-se com o mundo de oura maneira”. (NUNES, 2005, p.60)
Não se pode esquecer que o ser é considerado na sua relação e, por isso, o ambiente
social deve acolher a mudança, pois está imbricado em como o sujeito se estrutura, influencia
e é influenciado.
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REFERÊNCIAS
BALLONE, G. J. Transtornos alimentares. In: PsiqWeb Psiquiatria Geral. Disponível em
<http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=82>. Acesso em 10 nov.
2015.
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ANEXO I
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