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Coordenação de
A. PAULO DIAS OLIVEIRA
CRISTINA FÉ SANTOS
JOSÉ GONÇALO DUARTE
PATRÍCIA DE JESUS PALMA
CULTURAS DE
ESCRITA:
DA IDADE DO FERRO À ERA DIGITAL
Promontoria Monográfica HISTÓRIA DO ALGARVE 03
EDITOR:
Centro de Estudos em Património, Paisagem e Construção (CEPAC)
Faculdade de Ciências Humanas e Sociais
Universidade do Algarve
Editor:
Centro de Estudos em Património, Paisagem e Construção (CEPAC)
Faculdade de Ciências Humanas e Sociais
Universidade do Algarve
Comissão Coordenadora:
A. Paulo Dias Oliveira
Cristina Fé Santos
José Gonçalo Duarte
Patrícia de Jesus Palma
Introdução:
A. Paulo Dias Oliveira
Patrícia de Jesus Palma
Tiragem:
500
Capa e design:
Lúcia Costa
Depósito Legal:
419839/16
ISBN:
978-989-8859-00-6
Faro, 2016
Impressão:
Gráfica Comercial Arnaldo Matos Pereira, Lda
Zona Industrial de Loulé, Lote 18
Apartado 247 - 8100-911 Loulé
www.graficacomercial.com
Agradecimentos:
Muitos foram os que tornaram possível a concretização deste projecto que já vai no número 3. A alguns
deles, que não vêm referidos no corpo da obra, é necessário deixar aqui o nosso agradecimento: a Lúcia
Costa (luciacosta80@gmail.com), a designer que mais uma vez concebeu e deu rosto a esta publicação,
e um especial obrigado a Emanuel Sancho, director do Museu do Trajo de São Brás de Alportel, uma
presença constante e dedicada.
Nota: O uso do Acordo Ortográfico de 1990 foi opção de cada autor.
7 Resumos
19 Introdução
A escrita do Sudoeste:
23 um breve ensaio de síntese
Amílcar Guerral I Pedro Barros I Samuel Melro
VITOR RIBEIRO
INTRODUÇÃO
1
1
O autor segue o Novo Acordo Ortográfico.
2
Segundo ESCOLANO, “La historia y la memoria pueden reconstruir la realidad y la
imagen del espacio escolar en dos registros etnográficos: a) Como lugar o escenario
en que se llevó a cabo la educación formal. La escuela sería, desde esta perspectiva,
una especie de taller que reflejaría en sus estructuras arquitectónicas los modos de
concebir la organización de la enseñanza, de disponer los elementos que configuran el
sistema, y hasta de pautar las prácticas con que se ha funcionalizado la vida académica
y los comportamientos de los niños y maestros. b) Como representación o textualidad
dotada de significaciones, esto es, como un orden conformado a reglas y formas que
comportan sentido, y que por consiguiente transmiten, a través de su semántica y
de las metáforas y los signos en que se expresa, una determinada cultura.” (2000: 2)
3
Como assinala AMIGUINHO, “a exaltação da ruralidade, e de determinadas virtudes
que a caracterizam, ocorre no reforço da ideologia de um Estado Novo, ao serviço de
cuja inculcação e unidade nacional, a escola se espalha por toda a parte.” (2008: 115)
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Tabela 1: Edifícios e salas a construir no distrito de Faro no âmbito do Plano dos Centenários
1941, Despacho de 15/jul 1943, Mapa Definitivo 1961, Decreto n.º 43.674
Albufeira 36 19 5 1 1 26 33 5 10 2 17 15 5 5 10
Alcoutim 30 22 4 26 22 12 5 17 37 21 8 29
Aljezur 13 6 1 1 8 11 11 11 22 16 3 19
Castro
24 10 2 2 1 15 20 4 8 12 26 16 5 21
Marim
Faro 55 31 4 4 39 53 9 10 3 22 44 8 8 1 2 19
Lagoa 26 7 8 1 16 31 9 7 2 18 27 11 4 2 17
Lagos 34 9 2 3 3 17 31 12 4 1 2 19 19 7 4 1 12
Loulé 127 70 12 3 6 91 94 42 18 4 64 75 37 13 3 53
Monchique 37 27 1 2 30 37 33 2 35 42 30 6 36
Olhão 54 20 6 2 4 32 54 6 7 2 1 3 19 24 8 2 1 1 12
Portimão 31 7 2 5 14 32 9 1 1 2 13 31 7 8 2 17
S. Brás de
29 23 3 26 18 10 4 14 16 12 2 14
Alportel
Silves 69 26 9 7 1 43 53 21 10 2 33 63 31 16 47
Tavira 58 27 7 3 2 39 52 30 7 2 39 49 35 7 42
Vila do
13 11 1 12 12 8 2 10 10 8 1 9
Bispo
V. R. S.º
26 8 2 2 2 14 25 5 7 1 13 2 2 2
António
Total 662 323 68 25 32 448 578 226 101 4 14 3 8 356 502 254 92 10 3 359
Legenda: S – número total de salas; T – número total de edifícios; ns – edifício de n sala(s).
Fonte: DESPACHO…, 1941; PORTUGAL, 1943; DECRETO N.º 43.674…, 1961.
20
Proposição que António Ferro estabelecera, a propósito da exposição e das obras
que lhe estavam associadas, ao sugerir que, “aos artistas”, a colaboração que lhes era
pedida era a de “chegar ao aparente impossível: criar, na pintura, na escultura e na ar-
quitectura, o estilo português de 1940, não um estilo arte-nova mas um estilo moder-
no, forte, saudável, que venha do passado sacudindo a poeira do caminho.” (1939: 22)
300 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 03
(lambris de azulejo dos sanitários; ardósias dos - Legenda: ae – alpendre de entrada; vt – vestíbuo/
vestiário; sa – sala de aula; rc – recreio coberto; is
urinóis) e equipamentos (fogão de sala) ou na – instalação sanitária.
sua substituição por outros necessariamente
- Desenhos produzidos por Vítor Ribeiro (2016) a
mais baratos (cantarias por reboco de cimento; partir das reproduções publicadas em Beja et al.,
1990: 204 e 1996: 88, 110 e 165.
304 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 03
24
Importa referir que embora ainda venham a ser construídas algumas escolas pre-
vistas no Plano dos Centenários de acordo com os projetos-tipo definidos por Lino e
Azevedo, a verdade é que se trata de projetos anteriores àquele plano e que os requi-
sitos do mesmo tornariam obsoletos ou inadequados (particularmente por razões de
natureza económica), impondo a sua rápida substituição, como de facto viria a suce-
der em 1944, no ano seguinte à publicação do Mapa Definitivo das Obras de Escolas
Primárias – Plano dos Centenários.
25
Despacho que refere expressamente, no seu # 5, que “os projectos-tipo regionais
foram criados para […] para integrar o mais possível o pequeno edifício escolar na pai-
sagem que o cerca, como exemplo de vida local e de bom gosto. Se a casa portuguesa
oferece, pelos materiais ou pela linha exterior, a marca regional que a faz diferir do
Alentejo para a Beira ou para Trás-os-Montes, não havia desculpa para a implantação
por toda a parte de um tipo abstrato, número banal de série.”
VÍTOR RIBEIRO AS ESCOLAS PRIMÁRIAS DOS CENTENÁRIOS: Subsídios para uma história das construções escolares no Algarve 305
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