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PROCURADORIA GERAL DO ESTADO

PROCURADORIA REGIONAL DE RIBEIRÃO PRETO

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA UÚ NICA DA COMARCA DE PITANGUEIRAS,


ESTADO DE SAÃ O PAULO.

Processo nº. 459.01.2012.000248-2


Núú mero de Ordem: 276/12
Embargante: VIRAÚ LCOOL AÇUÚ CAR E AÚ LCOOL LTDA.
Embargada: Fazenda do Estado de Saã o Paúlo

A FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO, por súa


Procúradora infra-assinada, nos aútos do processo em epíúgrafe, dos EMBARGOS À
EXECUÇÃO FISCAL opostos por VIRÁLCOOL ÁÇÚCAR E ÁLCOOL LTDA, vem aà
presença de Vossa exceleê ncia apresentar súa IMPUGNAÇÃO pelo qúe passa a expor,
para, ao final, reqúerer:

PRELIMINARMENTE

DA CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO

AOS EMBARGOS À EXECUÇÃO

Qúanto aà aplicaçaã o do art. 739–A do CPC aà s execúçoã es fiscais


temos a considerar qúe o referido artigo tem previsaã o constitúcional, sendo
perfeitamente aplicaú vel aos execútivos fiscais como fonte súbsidiaú ria aà Lei nº

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6.830/80 qúe eú o Coú digo de Processo Civil, como se demonstraraú .

Anteriormente, a regra era a do recebimento dos Embargos


com efeito súspensivo incondicionalmente, desde qúe garantida aà execúçaã o.
Contúdo, a Lei nº 11.382/06 alteroú radicalmente esse regramento, passando a
prever, em regra, o recebimento dos embargos aà execúçaã o sem a concessaã o de
efeito súspensivo a ensejar a paralisaçaã o dos atos execútoú rios, ainda qúe garantida
aà execúçaã o, sendo a múdança trazida no novo artigo 739-A do CPC.

Como a Lei das Execúçoã es Fiscais naã o possúi comando


proú prio no ponto, a solúçaã o continúa sendo a da aplicaçaã o súbsidiaú ria da Lei
Processúal Civil, ateú porqúe naã o se consegúe imaginar qúe a execúçaã o de tíútúlo
extrajúdicial promovida por particúlar naã o seja súspensa com a oposiçaã o de
embargos, como agora estaú previsto no CPC, e a Fazenda Púú blica, cújo creú dito
deteú m garantias em relaçaã o ao creú dito do particúlar, continúe sofrendo a referida
súspensaã o qúando do manejo dos embargos aà execúçaã o.

Portanto, com o advento da nova legislaçaã o, os embargos aà


execúçaã o fiscal seraã o recebidos, em regra, sem efeito súspensivo. EÚ certo, poreú m,
qúe o júiz poderaú conferir efeito súspensivo aos embargos, nos termos do atúal
artigo 739-A, § 1º, do Coú digo de Processo Civil, desde qúe o execútado preencha
concomitantemente os treê s reqúisitos previstos, qúais sejam:

1) a relevaê ncia dos fúndamentos, consúbstanciada na


verossimilhança das alegaçoã es júríúdicas, com a demonstraçaã o
de qúe teê m condiçoã es de serem acolhidas para fins de
desconstitúiçaã o do tíútúlo;

2) a configúraçaã o do grave dano de difíúcil oú incerta reparaçaã o,


aptos a tornar inviaú vel a sobreviveê ncia da sociedade

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empresaú ria oú a manútençaã o do míúnimo indispensaú vel aà


pessoa fíúsica caso naã o haja súspensaã o dos atos execútoú rios; e,
por fim, a garantia do júíúzo pela penhora oú caúçaã o súficientes.

De forma qúe, a regra atúal eú a da aúseê ncia de atribúiçaã o de


efeito súspensivo aos embargos aà execúçaã o fiscal, com exceçaã o do preenchimento
dos reqúisitos previstos no art. 739-A, § 1º, da Lei Processúal Civil.

Poreú m, desde logo, verifica-se sitúaçaã o em qúe seraú


concedido efeito súspensivo aos embargos ainda qúe aúsentes a relevaê ncia dos
fúndamentos e a configúraçaã o do grave dano de difíúcil oú incerta reparaçaã o.

Trata-se da hipoú tese de depoú sito do valor integral do deú bito,


desde qúe seja feito em dinheiro, pelo execútado. Isso porqúe, nesta sitúaçaã o,
restaraú súspensa a exigibilidade do creú dito tribútaú rio, na forma do artigo 151,
inciso II do Coú digo Tribútaú rio Nacional, naã o havendo como ter prossegúimento a
execúçaã o fiscal.

Aleú m disso, excepcionalmente o efeito súspensivo poderaú ser


deferido ainda qúe o júíúzo naã o esteja garantido, pois o devedor pode naã o ter
patrimoê nio oú meios súficientes para garantir a execúçaã o e, ao mesmo tempo, pode
demonstrar a relevaê ncia da fúndamentaçaã o e a ocorreê ncia de grave dano de difíúcil
oú incerta reparaçaã o, devendo ser dada prevaleê ncia a essas figúras e prestigiado o
direito de acesso aà jústiça, especialmente sob o aspecto do artigo 5º, inciso XXXV,
da Constitúiçaã o Federal de 1988.

Entretanto, nenhúma dessas sitúaçoã es de excepcionalidade


estaú presente no caso “súb júdice”, a embargante naã o apresenta nenhúma das
condiçoã es qúe excepcionam a aplicaçaã o do dispositivo legal em qúestaã o, devendo
os embargos ser recebidos sem efeito súspensivo, podendo a exeqúü ente prossegúir

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nos atos execútoú rios, sendo certo, ainda, qúe poderaú haver ateú alienaçaã o dos bens
do devedor mesmo com o recebimento dos embargos, conforme aútoriza o novo
artigo 694, capút e § 2º, do CPC.

Assim, reqúer seja reconsiderada a decisaã o de fls. 359, qúe


recebeú os embargos com efeito súspensivo, para ao reveú s dar regúlar
prossegúimento ao execútivo fiscal.

DA PRETENSÃO DA EMBARGANTE

Trata-se de embargos aà execúçaã o fiscal interpostos pela


execútada, acima identificada, com o objetivo de declarar inexigíúvel o creú dito
tribútaú rio cobrado na açaã o execútiva, cúja origem estaú no AIIM 3043454-3, lavrado
em 05/10/2005, sob a acúsaçaã o de ter deixado de pagar, no meê s de maio de 2002,
o ICMS devido por ter promovido operaçoã es de saíúdas de mercadorias de súa
fabricaçaã o, fazendo constar nas notas fiscais emitidas para acobertar as operaçoã es
como destinataú ria a empresa PETRONOVA DISTRIBUIDORA DE PETRÓLEO
LTDA, sitúada no múnicíúpio de Salvador, Estado da Bahia, calcúlando o imposto
incidente com alíúqúota de 7% (alíúqúota diferenciada para as operaçoã es
interestadúais).

Entretanto, ficoú comprovado pelas aútoridades fiscais, qúe o


destinataú rio jamais recebeú as referidas mercadorias e qúe as mesmas naã o
deixaram o territoú rio paúlista, caso em qúe se aplicaria a alíúqúota de 25% para
operaçoã es internas. A aútúada apresentoú defesa em sede administrativa, mas seús
argúmentos naã o foram acolhidos pelo júlgador tribútaú rio. Inconformada,
apresentoú os presentes embargos, fúndando súa pretensaã o de extinçaã o do
presente feito execútivo com base nos segúintes argúmentos:

a) Alegoú a núlidade do Aúto de Infraçaã o contra ela lavrado,


por inconsisteê ncia entre a hipoú tese legal da infraçaã o e a condúta efetivamente
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cometida, núlidade essa qúe, por conseqúeê ncia, anúlaria todo o procedimento
administrativo e tornaria indevido o creú dito tribútaú rio em qúestaã o;

b) Argúmentoú qúe a responsabilidade sobre o efetivo


transporte da mercadoria para o Estado da Bahia naã o cabia a ele, fúndando seú
argúmento no fato da transmissaã o da propriedade ter sido efetúada ainda dentro
do Estado de Saã o Paúlo, e tambeú m sob a claú úsúla FOB no contrato de compra e
venda com a PETRONOVA DISTRIB. DE PETRÓLEO LTDA;

c) Por fim, alegoú qúe as mercadorias foram, sim, levadas ao


oútro estado da federaçaã o, com base nos depoimentos das testemúnhas do
processo administrativo e no registro das Notas Fiscais na Secretaú ria da Fazenda
do Estado da Bahia.

Frente a esses treê s eixos estrútúrantes de súa argúmentaçaã o,


a execútada pretende a extinçaã o da açaã o de execúçaã o fiscal, como conseqúeê ncia da
núlidade do Aúto de Infraçaã o, bem como súa exclúsaã o do sistema de díúvida ativa
estadúal. Tal pretensaã o, como se demonstraraú , naã o deve prosperar.

DOS FATOS APURADOS


PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Os agentes fiscais de renda da Secretaria da Fazenda do


Estado de Saã o Paúlo fizeram diligeê ncias no estabelecimento da empresa
PETRONOVA DISTRIBUIDORA DE PETRÓLEO LTDA., com o fim de verificar a
regúlaridade das operaçoã es de aú lcool e/oú açúú car, adqúiridas das úsinas paúlistas.
Como descrito no processo administrativo em comento, os agentes fiscais de renda
constataram diversos fatos qúe os levaram aà conclúsaã o de qúe naã o haú prova
ineqúíúvoca do transporte interestadúal das operaçoã es referentes aà s mercadorias
constantes das notas fiscais emitidas pela embargante no períúodo inicialmente
citado.

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A segúir, elencamos os fatos apúrados pelos fiscais:

a) O estabelecimento em qúe seriam recebidas as


mercadorias era úm escritoú rio peqúeno dentro de úm preú dio, no qúal trabalha
apenas úma fúncionaú ria, qúe relatoú naã o estar ciente de nenhúma movimentaçaã o
de mercadoria vinda do Estado de Saã o Paúlo;

b) Por oú bvio, o estabelecimento da filial da Petronova


Distribúidora de Petroú leo Ltda (cúja matriz se localiza em Sorocaba/Osasco – SP)
em Salvador eú absolútamente improú pria para o recebimento de combústíúveis. A
embargada alegoú ter úm terreno arrendado para recebimento de combústíúveis,
mas naã o apresentoú provas da existeê ncia fíúsica do referido terreno;

c) Tanto a Sra. Eúfrosina, úú nica fúncionaú ria da destinataú ria


da mercadoria, responsaú vel por atender os telefonemas no escritoú rio da referida
empresa em Salvado (BA), qúanto o contador da Petronova alegaram naã o ter
conhecimento da circúlaçaã o de mercadorias em qúestaã o. O contador, procúrado
pelos agentes fiscais de renda, redúziú a termo súas palavras, afirmando
categoricamente naã o ter conhecimento dessa movimentaçaã o de aú lcool combústíúvel
aà Bahia.

d) Apúroú-se tambeú m qúe o escritoú rio da filial da Bahia, com


apenas úma fúncionaú ria, naã o realiza nenhúm tipo de escritúraçaã o fiscal, naã o emite
e naã o recebe nenhúm docúmento fiscal.

e) Em diligeê ncias na Secretaria Estadúal da Fazenda da


Bahia, os fiscais de renda obtiveram resposta NEGATIVA a respeito do registro das
notas fiscais emitidas pela embargante relativas aà movimentaçaã o de aú lcool
combústíúvel adqúiridos pela Petronova no meê s de maio de 2002, competeê ncia aqúi
analisada.

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Assim, ficoú demonstrado qúe o contribúinte naã o provoú a


movimentaçaã o de mercadorias do Estado de Saã o Paúlo para a Bahia, beneficiando-
se irregúlarmente da alíúqúota de 7% para operaçoã es interestadúais; desse modo,
aplicoú a Fazenda do Estado a alíúqúota para operaçoã es internas, de 25% e exige na
oportúnidade a diferença do ICMS apúrado.

Com base nesses fatos, pleiteia a embargada a declaraçaã o,


pelos motivos a segúir descritos, de total improcedeê ncia dos presentes embargos.

DAS ARGUIÇÕES PRELIMINARES

Naã o merece acolhida a preliminar de núlidade do Aúto de


Infraçaã o em qúestaã o. Segúndo a embargante, haú descompasso entre a capitúlaçaã o
da infraçaã o, prevista no artigo 527, I, g do Regúlamento de ICMS (o qúal preveê a
aplicaçaã o de múlta no caso de falta de pagamento de imposto qúando hoúver
indicaçaã o de oútro Estado como destino de mercadoria sem qúe ela tenha de fato
saíúdo do territoú rio paúlista) e a tipificaçaã o da infraçaã o nos artigos 55, 87, 112 e 215
do Regúlamento de ICMS.

Naã o haú , no entanto, descompasso algúm entre os artigos


elencados no Aúto de Infraçaã o. O artigo 55 do RICMS estabelece a alíúqúota de 25%
para operaçoã es internas; os artigos 87, 112 e 215 preveem regras para a
escritúraçaã o dos Registros de Entrada e Saíúda. Assim, vemos qúe os artigos naã o saã o
incompatíúveis; saã o complementares, aà medida em qúe os úú ltimos indicam as
condútas qúe devem ser observadas pelos contribúintes, enqúanto o artigo 527, I,
g, prescreve úma sançaã o a úm ilíúcito tribútaú rio.

Desse modo, naã o resta dúú vida de o artigo 527, I, g, estaú de


acordo com a infraçaã o efetivamente apúrada apelos agentes fiscais de renda, como
se veê de súa redaçaã o: “falta de pagamento de imposto quando, indicado outro
Estado como destino da mercadoria, esta não tiver saído do território

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paulista – multa equivalente a 50% do valor total da operação”. A capitúlaçaã o


da infraçaã o tribútaú ria descrita pelos fiscais de renda estaú , portanto, em pleno
acordo com aqúilo qúe esses agentes púú blicos (cújas manifestaçoã es e alegaçoã es
gozam da presúnçaã o de feú púú blica, vale lembrar) descobriram em súas diligeê ncias;
o naã o-transporte de mercadorias ateú o Estado da Bahia, como consta nas notas
fiscais.

Assim, demonstrada a completa validade do Aúto de


Infraçaã o, a primeira preliminar argúíúda pela embargante deve ser afastada.

A oútra preliminar qúe a embargante traz aà discússaã o eú a


invalidade do Aúto de Infraçaã o, argúmentando qúe naã o se pode presúmir o naã o-
transporte do aú lcool havendo prova do negoú cio júríúdico translativo de propriedade.
Essa argúmentaçaã o, aleú m de deslocada (pois seú lúgar eú nas argúmentaçoã es de
meú rito, e naã o nas preliminares como forma de atacar a validade do AIIM) naã o tem
respaldo na legislaçaã o tribútaú ria, úma vez qúe o proú prio Regúlamento de ICMS do
Estado de Saã o Paúlo estatúi, em seú artigo 36, paraú grafo 4º, qúe “presume-se
interna a operação caso o contribuinte não comprove a saída da mercadoria do
território paulista como destino a outro Estado ou a sua efetiva exportação” . A
redaçaã o da lei eú clara: a presúnçaã o existe, pois as alegaçoã es permitem trazeê -la aà
tona, bem como tem previsaã o legal.

Ademais, tambeú m eú preciso separar a ocorreê ncia do fato


gerador do negoú cio júríúdico qúe o tradúz para as relaçoã es privadas. O fato gerador
da circúlaçaã o de mercadoria em qúestaã o eú a proú pria transfereê ncia de propriedade;
vale, nesse contexto, lembrar qúe, no direito brasileiro, existe separaçaã o entre
transmissaã o de domíúnio e o negoú cio júríúdico qúe a embasa. Portanto, o fato de
haver negoú cio júríúdico qúe comprova a destinaçaã o da mercadoria naã o impede a
aútoridade tribútaú ria de entender qúe a circúlaçaã o naã o ocorreú, se assim for
apúrado por essa aútoridade.

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Assim, afastada a segúnda preliminar de meú rito. Resolvidas


essas qúestiúú ncúlas, pode-se passar aà apreciaçaã o de meú rito da qúestaã o.

MÉRITO

A base da argúmentaçaã o da embargante reside em algúmas


linhas mestras, qúe se apresenta a segúir e provar-se-aú eqúivocadas.

Em primeiro lúgar, a embargante traz aà súa argúmentaçaã o a


alegaçaã o de qúe a compra e venda entre ela e a Petronova Distribúidora de Petroú leo
Ltda, qúe deveria ter recebido as mercadorias no Estado da Bahia, assim
jústificando a incideê ncia de alíúqúota de 7%, foi celebrada sob o impeú rio da claú úsúla
FOB – segúndo a qúal a compradora, a partir do momento em qúe retirasse o aú lcool
do estabelecimento da vendedora, teria plena responsabilidade pelo seú
transporte.

Sobre o tema o STJ jaú se manifestoú em acoú rdaã o assim


ementado:

Tributário. ICMS. Operação interestadual.


Descaracterização. Cláusula FOB.
A cláusula FOB opera entre as partes exonerando o
vendedor da responsabilidade pela entrega da
mercadoria ao destinatário, nada valendo perante o
fisco (CTN, art. 123), que só homologa o pagamento de
ICMS pela alíquota estadual se a mercadoria for
entregue no estabelecimento do destinatário em outra
unidade da Federação; não é a nota fiscal que define
uma operação como interestadual, mas a transferência
física da mercadoria de um Estado para o outro (EDREsp
n. 37033/SP, 1993/0020287-1, DJU 3/11/1998, p. 105,
rel. Min. Ary Pargendler, 2ª Turma).

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De fato, sob o ponto de vista estritamente privatíústico, a


compradora teria plena responsabilidade pelo transporte do prodúto ateú aà Bahia;
no entanto, sob o ponto de vista da legislaçaã o tribútaú ria, o legislador optoú por
incúmbir ao contribúinte do imposto sobre circúlaçaã o a responsabilidade sobre o
efetivo transporte interestadúal. EÚ o qúe se depreende do artigo 36, §4º, do
Regúlamento de ICMS de Saã o Paúlo, qúe jaú citamos. Segúndo esse artigo, existe
presúnçaã o de qúe a operaçaã o eú interna caso o CONTRIBUINTE naã o comprove a
saíúda da mercadoria do territoú rio paúlista. Oú seja, a lei deixoú claro qúe a prova do
transporte deve ser feita pelo sújeito passivo (contribúinte) da obrigaçaã o
tribútaú ria, qúal seja, a Viraú lcool Acúú car e AÚ lcool Ltda.

Essa negociaçaã o entre as empresas sitúadas em diferentes


Estados da Federaçaã o se reveste de certa formalidade e estabelece entre elas em
relaçaã o ao Fisco úma responsabilidade tribútaú ria solidaú ria, tornando-se co-
obrigadas, passa a existir úma sitúaçaã o de reciprocidade entre as partes envolvidas
na transaçaã o comercial.

Tal responsabilidade solidaú ria pelo recolhimento do ICMS


estaú prevista no artigo 24, inciso I do Coú digo Tribútaú rio Nacional:

“Art. 124: São solidariamente obrigadas:


I – as pessoas que tenham interesse comum na situação
que constitua o fato gerador da obrigação principal.”

O Regúlamento do ICM tambeú m disciplina a qúestaã o em seú


artigo 11, inciso XII, qúe dispoã e:

“Art. 11: São responsáveis pelo pagamento do imposto


devido:
XII – solidariamente, todos aqueles que efetivamente
concorrer para a sonegação do imposto.”

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Diante da disposiçaã o legal qúe se impoã e, o fato da


embargante ter emitido docúmento fiscal com a declaraçaã o de destino da
mercadoria como sendo oútro Estado da Federaçaã o e qúe tal deslocamento das
mercadorias naã o se verificoú, naã o ficando comprovada a saíúda da mercadoria do
Estado de Saã o Paúlo, evidencia-se aíú qúe a embargante como responsaú vel solidaú ria
qúe eú , tornoú-se obrigada ao pagamento da diferença de alíúqúota.

E como jaú demonstrado essa obrigaçaã o eú ex lege, qúe


independe de intençaã o.

Naã o eú caso de se alegar a boa-feú do contribúinte: esta deve


ser levantada mediante açaã o de regresso contra a distribúidora, se assim entender
qúe foi de tal forma lesada a embargada. Do contraú rio, a dicçaã o da lei eú de clareza
hialina, e atribúi responsabilidade OBJETIVA (isto eú , qúe carece de anaú lise da
efetiva vontade do agente) ao contribúinte naã o apenas pelo transporte da
mercadoria: ele deve se cercar de todos os cúidados para qúe possa,
posteriormente, provar aà fiscalizaçaã o estadúal qúe a operaçaã o entre Estados se
realizoú efetivamente. Assim, temos qúe a obrigaçaã o legal pelo transporte e a prova
de súa ocorreê ncia eú completa do contribúinte; se a distribúidora, por motivos qúe
naã o interessam aà Fazenda, naã o o fez, eú assúnto para demanda júdicial de natúreza
privada entre a compradora e vendedora da mercadoria. AÀ Fazenda, cabe apenas
recolher o imposto devido daqúele qúe a lei marcoú como responsaú vel para tal.

Nesse sentido, cabe fechar o contra-argúmento da


embargada com a redaçaã o do artigo 123 do Coú digo Tribútaú rio Nacional: “Salvo
disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à
responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda
Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações
tributárias correspondentes”. EÚ exatamente o qúe pretende a embargante ao se
eximir da cúlpa pela naã o ocorreê ncia do transporte interestadúal da mercadoria, e,
pelo qúe se veê , condúta vedada pela legislaçaã o, jústamente pelo entendimento de

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qúe haú , nesses casos, responsabilidade objetiva daqúele qúe foi eleito sújeito
passivo da obrigaçaã o pela Lei Tribútaú ria.

Foi trazida, ainda nesse contexto, a argúmentaçaã o de qúe,


úma vez realizada a tradiçaã o, os riscos da coisa ficariam todos a cargo da
distribúidora. Isso eú verdade, mas apenas em parte; os riscos e responsabilidades
sobre a coisa moú vel transferida por tradiçaã o (aú lcool combústíúvel) ficam a cargo da
compradora apenas no qúe se refere aà s relaçoã es júríúdicas de Direito Privado. No
qúe cabe ao Direito Tribútaú rio, jaú esclarecemos qúe a responsabilidade eú objetiva e
cabe únicamente ao contribúinte, qúal seja, a embargante/execútada, ante a
solidariedade legal estabelecida. Sendo assim, se esta sentiú-se lesada pelo naã o-
cúmprimento do acordo firmado com a Petronova Distribúidora de Petroú leo Ltda,
deve considerar úma açaã o de regresso por eventúais perdas com a execúçaã o fiscal
correspondente, qúe deve ter prossegúimento o mais raú pido possíúvel.

Mais ainda, a embargada pretende provar o transporte


interestadúal de súa mercadoria, oútra linha de súa argúmentaçaã o. No entanto, os
meios de qúe lança maã o para fazeê -lo saã o júridicamente poúco convincentes. EÚ
verdade qúe a embargante, no processo administrativo, troúxe testemúnhas qúe
alegaram saberem qúe o transporte aà Bahia foi feito.

No entanto, esses depoimentos saã o confúsos, aleú m de


tardios, pois dados múito tempo depois da ocorreê ncia do fato gerador. Vale, assim,
lembrar os depoimentos da Sra. Eúfrosina, úú nica fúncionaú ria do estabelecimento, e
do contador da Petronova Distribúidora de Petroú leo Ltda., qúe afirmaram com
veemeê ncia naã o terem notíúcia de recebimento de mercadoria vinda do Estado de
Saã o Paúlo pela filial de Salvador, Bahia. Ainda mais, vale a constataçaã o de qúe o
estabelecimento da filial referida eú absolútamente improú prio para o recebimento
de combústíúveis; a esse respeito, aliaú s, a compradora e vendedora alegaram a
existeê ncia de úm terreno arrendado para o recebimento dessas mercadorias. No
entanto, naã o provaram a existeê ncia desse terreno, mesmo tendo plena
oportúnidade de fazeê -lo dúrante o procedimento administrativo. Assim sendo, eú de
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se presúmir, com os depoimentos colhidos da fúncionaú ria e do contador, e da


impossibilidade faú tica de recebimento de mercadorias pelo estabelecimento da
compradora, qúe o transporte naã o ocorreú de fato. Vale lembrar a feú púú blica de qúe
gozam as alegaçoã es dos Agentes Fiscais de Renda.

Qúanto ao Registro das Notas Fiscais na Secretaria da


Fazenda da Bahia, caúsa estranheza a alegaçaã o da embargante de qúe elas estaã o
devidamente registradas, mas qúe esta consúlta tenha sido feita apenas em 2011. O
qúe se depreende do relatoú rio dos Agentes da Fazenda Estadúal (paú ginas 16 e 17
do Procedimento Administrativo em Anexo) eú qúe a consúlta feita aà data das
diligeê ncias (31 de júlho de 2002) na Secretaria da Fazenda da Bahia resúltoú em
resposta NEGATIVA a respeito de registro de movimentaçaã o de mercadorias
oriúndas do Estado de Saã o Paúlo nos anos de 2001 e 2002.. Assim, prova-se qúe, aà
eú poca, naã o hoúve registro do transporte de mercadoria, o qúe corrobora o fato de a
embargante naã o ter provado efetivamente a logíústica interestadúal do combústíúvel
em qúestaã o, tendo, assim, de responder pela diferença de alíúqúotas.

CONCLUSÃO

Com base nos resúltados das diligeê ncias dos Agentes Fiscais
de Renda (paú ginas 16 e 17 do Procedimento Administrativo), eú possíúvel afirmar
qúe o transporte interestadúal qúe constava nas Notas Fiscais em Maio de 2002
naã o ocorreú. Ao naã o lograr eê xito em comprovar o devido transporte, a embargante
sofre a sançaã o legal do artigo 36, paraú grafo 4º do Regúlamento de ICMS de Saã o
Paúlo: considera-se qúe o transporte foi interno ao Estado de Saã o Paúlo, e aplica-se
a alíúqúota de 25% prevista no artigo 88 do regúlamento citado. Assim, sendo a
responsaú vel pela comprovaçaã o do transporte, e naã o o fazendo, cobroú-se dela a
diferença da alíúqúota, bem como a múlta por fazer constar nas notas fiscais algo
divergente da realidade faú tica. Sendo assim, correta a capitúlaçaã o do aúto de
infraçaã o atacado pela embargante, bem como a decisaã o da aútoridade
administrativa. A Certidaã o de Díúvida Ativa goza de todos os reqúisitos de úm tíútúlo

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PROCURADORIA GERAL DO ESTADO
PROCURADORIA REGIONAL DE RIBEIRÃO PRETO

execútivo extrajúdicial, devendo ser restabelecida de pronto a presente execúçaã o


fiscal.

Assim, reqúer sejam declarados IMPROCEDENTES os


Embargos aà Execúçaã o Fiscal, prossegúindo a açaã o execútiva ateú integral satisfaçaã o
do creú dito fazendaú rio.

Termos em qúe, protestando provar o alegado por todos os


meios de prova em Direito admissíúveis, especialmente a docúmental
consúbstanciada no Procedimento Administrativo GDOC Nº 1000292-
733792/2005, jaú anteriormente referido, cúja coú pia integral segúe anexa e da qúal
se reqúer a júntada aos aútos,

pede deferimento.

Ribeiraã o Preto, 27 de março de 2012,.

REGINA MARIA DE PAIVA PELLICER FACINE


PROCURADORA DO ESTADO
OAB/SP 263.418

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