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John Piper
Eu olho para eles e vejo suas mãos e seus olhos. E penso sobre minhas mãos e
meus olhos, e sobre minha morte e minha fé. E então, eu ouço as palavras de
Jesus colocar tudo isto em perspectiva, e em relação ao sexo.
“Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo que todo aquele que
olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com
ela. Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é
melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado
no inferno. E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te
é melhor que se perca um dos teus membros do que vá todo o teu corpo para o
inferno” (Mateus 5:27-30).
Em outras palavras, há algo muito mais importante do que guardar seu olho ou
sua mão – ou sua cabeça – a saber, receber a vida eterna e não perecer no
inferno. E Jesus liga isto com a guerra que estamos travando, não no Iraque, mas
em nossos corações. E o assunto é o desejo sexual e o que desejamos fazer com
ele.
Por onde quer que você olhe no mundo, parece que há lembranças de que a vida
é uma guerra. Nós não podemos brincar neste final de semana. Céu e inferno,
Jesus disse, estão na balança.
Eu tenho dois pontos simples e relevantes para fazer. Eu penso que tudo nesta
conferência será a explanação e a aplicação destes dois pontos. O primeiro é que
a sexualidade é designada por Deus como uma maneira de se conhecer a Deus
em Cristo mais completamente. O segundo é que conhecer a Deus em Cristo
mais completamente é designado como uma maneira de se guardar e guiar nossa
sexualidade. Eu uso a frase “Deus em Cristo” para indicar no princípio que
voltarei freqüentemente a essa frase, porque o pressuposto bíblico desta
conferência é que Cristo é Deus.
Ou para colocar de uma maneira melhor: 1) toda a corrupção serve para ocultar o
verdadeiro conhecimento de Cristo, mas 2) o verdadeiro conhecimento de Cristo
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Deus criou seres humanos à Sua imagem – macho e fêmea Ele os criou, com
capacidades para prazeres sexuais intensos, e com um chamado para
compromisso no casamento e continência na vida de solteiro. [1] E seu propósito
em criar seres humanos com individualidade e paixão foi assegurar que houvesse
linguagem e imagens sexuais que apontassem para as promessas e os prazeres do
relacionamento de Deus com o Seu povo e de nosso relacionamento com Ele. Em
outras palavras, a razão última (não somente a única) por que somos sexuais é
para tornar Deus mais profundamente conhecível. A linguagem e as imagens da
sexualidade são as mais gráficas e as mais poderosas que a Bíblia usa para
descrever o relacionamento entre Deus e o Seu povo – tanto positivamente
(quando somos fiéis), como negativamente (quando não somos).
Ouça, por exemplo, se você pode sem embaraço, tanto o lado positivo como o
negativo nas palavras de Deus faladas através do profeta Ezequiel. Tenha em
mente que Deus tinha escolhido Israel dentre todos os povos da terra para
experimentar o seu amor pactual especial, até o dia quando o Messias Judeu,
Jesus Cristo, veio e viveu e morreu no lugar de pecadores, para que o evangelho
de Cristo pudesse transbordar as bordas de Israel e inundar as nações do mundo.
Assim, o que ouvimos Deus dizer sobre Seu amor para com Seu povo Israel no
Antigo Testamento, é tudo ainda mais verdadeiro de Seu relacionamento com
aqueles que crêem em Seu Filho, o Messias, Jesus Cristo. Aqui está como Deus
descreve este relacionamento com Israel de acordo com o profeta Ezequiel,
capítulo 16. Ele fala a Jerusalém como a encarnação de Seu povo e ensaia mais
de mil anos de história. Começando no verso 4:
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Ezequiel 16:13ss:
Assim foste ornada de ouro e prata, e o teu vestido foi de linho fino, de seda e de
bordados; de flor de farinha te nutriste, e de mel e azeite; e chegaste a ser
formosa em extremo, e subiste até a realeza. Correu a tua fama entre as nações,
por causa da tua formosura, pois era perfeita, graças ao esplendor que eu tinha
posto sobre ti, diz o Senhor Deus. Mas confiaste na tua formosura, e te
corrompeste por causa da tua fama; e derramavas as tuas prostituições sobre
todo o que passava, para seres dele. E tomaste dos teus vestidos e fizeste lugares
altos adornados de diversas cores, e te prostituíste sobre eles, como nunca
sucedera, nem sucederá... Tens sido como a mulher adúltera que, em lugar de seu
marido, recebe os estranhos. A todas as meretrizes se dá a sua paga, mas tu dás
presentes a todos es teus amantes; e lhes dás peitas, para que venham a ti de
todas as partes, pelas tuas prostituições....
Portanto, ó meretriz, ouve a palavra do Senhor. Assim diz o Senhor Deus: Pois
que se derramou a tua lascívia, e se descobriu a tua nudez nas tuas prostituições
com os teus amantes; por causa também de todos os ídolos das tuas
abominações, e do sangue de teus filhos que lhes deste; portanto eis que ajuntarei
todos os teus amantes, com os quais te deleitaste, como também todos os que
amaste, juntamente com todos os que odiaste, sim, ajunta-los-ei contra ti em
redor, e descobrirei a tua nudez diante deles, para que vejam toda a tua nudez...
Pois assim diz o Senhor Deus: Eu te farei como fizeste, tu que desprezaste o
juramento, quebrantando o pacto. Contudo eu me lembrarei do meu pacto, que
fiz contigo nos dias da tua mocidade; e estabelecerei contigo um pacto eterno... E
estabelecerei o meu pacto contigo, e saberás que eu sou o Senhor; para que te
lembres, e te envergonhes, e nunca mais abras a tua boca, por causa da tua
vergonha, quando eu te perdoar tudo quanto fizeste, diz o Senhor Deus.
O fim da história é que Deus, após abrir mão de Sua infiel esposa nas mãos de
seus amantes brutais, não somente a tomará de volta, e não somente fará com ela
um novo e eterno pacto, mas Ele mesmo pagará por todos os seus pecados. Esta
prostituta tem débitos a pagar? Este marido os pagará. “Quando Eu
perdoar...tudo quanto fizeste, diz o Senhor”. Deveras Ele pagará com a vida de
Seu próprio Filho.
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estar reunindo um povo para Si mesmo e para o Seu Pai celestial, o apóstolo
Paulo chama todos os maridos a viverem com suas esposas dessa forma (Efésios
5:25-27). Modele seu amor neste tipo de amor:
Vós, maridos, amai a vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si
mesmo se entregou por ela, a fim de a santificar, tendo-a purificado com a
lavagem da água, pela palavra, para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem
mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.
Portanto, digo novamente: Deus nos criou à Sua imagem, macho e fêmea, com
individualidade e paixões sexuais, para que quando Ele viesse a nós neste
mundo, existissem estas poderosas palavras e imagens para descrever as
promessas e os prazeres de nossa relação pactual com Ele, através de Cristo.
Deus nos fez poderosamente sexuais para que Ele fosse mais profundamente
conhecível: Foi nos dado o poder para conhecer um ao outro sexualmente, para
que pudéssemos ter alguma dica do que seria conhecer a Cristo supremamente.
Este é o primeiro dos meus dois pontos. Agora o segundo é este: Não somente
todos os usos impróprios de nossa sexualidade servem para ocultar ou distorcer o
verdadeiro conhecimento de Deus em Cristo, mas o oposto também opera
poderosamente: o verdadeiro conhecimento de Deus em Cristo serve para
prevenir o uso impróprio de nossa sexualidade. Assim, por um lado, a
sexualidade é designada por Deus como uma maneira de conhecer a Cristo mais
completamente. E, por outro lado, conhecer a Cristo mais completamente é
designado como uma maneira de se guardar e guiar nossa sexualidade.
Agora, em face disso, parecerá para muitos como patentemente falso que o
conhecer a Cristo guardará e guiará nossa sexualidade. Porque muitos listarão os
pastores, presbíteros e teólogos que têm cometido adultério, ou que têm sido
descobertos como viciados em pornografia, ou que têm usado sexualmente
garotos ou garotas. Certamente, então, se pastores, que sustenta o sagrado ofício
de ternamente pastorear o rebanho de Cristo, podem ser tão sexualmente
corrompidos, não pode haver nenhuma correlação entre conhecer a Cristo e ser
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Eu penso que esta questão deva ser respondida a partir das Escrituras, não da
experiência, porque se as Escrituras ensinam que conhecer verdadeiramente a
Deus guarda, guia e governa nossa sexualidade em pureza e amor, então,
podemos estar certos de que um pastor, ou padre, ou teólogo, ou qualquer outra
pessoa, cuja sexualidade não é governada, guardada e guiada numa pureza e
amor que exaltam a Cristo, não conhece a Deus – pelo menos não como deveria
conhecer. Assim, o que a Bíblia ensina com respeito ao conhecimento de Deus e
o guardar de nossa sexualidade?
Eu não quero dizer que toda vez que a palavra “conhecer” é usada na Bíblia, há
conotações sexuais. Isto não é verdade. Mas o que eu quero dizer é que a
linguagem sexual na Bíblia para nosso relacionamento com Deus, nos leva a
pensar sobre o conhecer a Deus com base na analogia da intimidade e êxtase
sexual. Eu não quero dizer que tenhamos, de alguma forma, relações sexuais com
Deus ou Ele com o homem. Este é um pensamento pagão; não é um pensamento
cristão. Mas eu quero dizer que a intimidade e o êxtase das relações sexuais
apontam para o que o conhecer a Deus deve ser.
Um dos livros da Bíblia que deixam isto claro é o livro de Oséias. Ouça a forma
que Deus fala através de Oséias para descrever a restauração de Seu casamento
com o infiel Israel. Oséias 2:14-20:
Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração.
E lhe darei as suas vinhas dali, e o vale de Acor por porta de esperança; e ali
responderá, como nos dias da sua mocidade, e como no dia em que subiu da terra
do Egito. E naquele dia, diz o Senhor, ela me chamará meu marido; e não me
chamará mais meu Baal. Pois da sua boca tirarei os nomes dos baalins, e não
mais se fará menção desses nomes. Naquele dia farei por eles aliança com as
feras do campo, e com as aves do céu, e com os répteis da terra; e da terra tirarei
o arco, e a espada, e a guerra, e os farei deitar em segurança. E desposar-te-ei
comigo para sempre; sim, desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em
amorável benignidade, e em misericórdias; e desposar-te-ei comigo em
fidelidade, e conhecerás ao Senhor.
Eu penso que seja virtualmente impossível ler isto e então, honestamente dizer
que conhecer a Deus, como Deus deseja ser conhecido por Seu povo no novo
pacto, significa simplesmente consciência, entendimento ou conhecimento
mental de Deus. Nem em um milhão de anos é o que “conhecer a Deus” significa
aqui. Este é o conhecimento de um amante, não de um acadêmico. Um
acadêmico pode ser um amante. Mas um acadêmico – ou um pastor – não
conhece a Deus até que ele seja um amante. Você pode conhecer sobre Deus
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através de pesquisa; mas até que o pesquisador seja impressionado pelo que vê,
ele não poderá conhecer a Deus da forma como Ele realmente é. E esta é uma
das grandes razões porque muitos pastores podem se tornar impuros. Eles não
conhecem a Deus – o verdadeiro, massivo, glorioso, gracioso e bíblico Deus. A
intimidade humilde e o êxtase de um coração quebrantado – colocando fogo aos
fatos – não existe.
Mas até agora eu tenho apenas falado; eu ainda não mostrei isso a partir das
Escrituras. Eu apenas disse, “Se as Escrituras ensinam que conhecer
verdadeiramente a Deus guarda, guia e governa nossa sexualidade em pureza e
amor, então, podemos estar certos de que um pastor, ou padre, ou teólogo, ou
qualquer outra pessoa, cuja sexualidade não é governada, guardada e guiada
numa pureza e amor que exaltam a Cristo, não conhece a Deus – pelo menos não
como deveria conhecer”.
Então, é isto o que a Bíblia ensina: que conhecer a Deus – conhecer a Cristo – é
o caminho para pureza? É realmente verdade que o verdadeiro conhecimento de
Deus prometido em Oséias (e Jeremias 31:34) traz as poderosas paixões do corpo
debaixo da influência da verdade, da pureza e do amor?
Eu penso que toda esta conferência será uma resposta a esta pergunta. Mas,
deixe-me simplesmente te mostrar alguns dos textos que provêem a resposta. [2]
Cada um dos textos ensinam que o conhecer a Deus revelado em Jesus Cristo,
guarda nossa sexualidade do uso impróprio, e que o não conhecer a Deus nos
leva a sermos escravos de nossas paixões. Romanos 1:28:
Visto que eles não procuraram ter Deus em [seu] conhecimento, Deus os
entregou a uma mente depravada para fazer o que não dever ser feito. (tradução
literal)
Este é o caminho velho. Quando nos chegamos a Cristo, nos despimos disso
como um traje velho. Ignorância da ira e da glória de Deus não combina mais
conosco. O novo caminho é a santidade sexual, e Paulo contrasta isso com o não
conhecer a Deus. 1 Tessalonicenses 4:3-5:
Não conhecer a Deus te coloca à mercê de suas paixões – e elas não têm
misericórdia sem Deus. Aqui está a forma como Pedro diz isto em 1 Pedro
1:14-15:
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Como filhos obedientes, não vos conformeis às concupiscências que antes tínheis
na vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós
também santos em todo o vosso procedimento.
Os desejos que te governaram naqueles dias receberam seu poder para enganar,
não para dar conhecimento. Efésios 4:22:
Quando Paulo descreve a nova pessoa em Cristo, que está se despindo das velhas
práticas e escravidões, ele diz em Colossenses 3:10 que “vos vestistes do novo,
que se renova para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o
criou”. E neste conhecimento você será renovado - incluindo sua sexualidade.
A segunda carta de Pedro tem uma das mais claras passagens na Bíblia sobre o
relacionamento entre conhecer a Deus e ser libertado da corrupção. Em 2 Pedro
1:3-4 Ele diz,
Visto como o seu divino poder nos tem dado tudo o que diz respeito à vida e à
piedade, pelo pleno conhecimento daquele que nos chamou por sua própria
glória e virtude; pelas quais ele nos tem dado as suas preciosas e grandíssimas
promessas, para que por elas vos torneis participantes da natureza divina,
havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo.
O divino poder que nos leva a piedade vem “pelo conhecimento daquele que nos
chamou para sua própria glória e virtude”. E nos tornamos participantes de Sua
divina natureza – isto, compartilhamos do Seu caráter justo – através de Suas
preciosas e grandíssimas promessas. Em outras palavras, conhecer o glorioso
tesouro que Deus prometeu ser para nós, nos livra da corrupção da luxúria e nos
molda segundo a imagem de Deus.
Nem toda verdade. A verdade que você encontra em minha palavra. A verdade
que você encontra na relação comigo, como meu discípulo. E o que é esta
verdade? “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem a mim, se o
Pai não o trouxer” (João 14:6). “Ninguém conhece Pai, senão o Filho, e aquele a
quem o Filho o quiser revelar” (Mateus 11:27).
O Filho conhece o Pai com verdade, intimidade e êxtase infinitos. O gozo que o
Filho tem no Pai é sem paralelos. Sua satisfação em Deus o Pai excede toda
satisfação (Hebreus 1:9). E isto Ele compartilha conosco, que confiamos nEle
como Salvador, Senhor e Tesouro de nossas vidas. “Estas coisas vos tenho dito,
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para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo” (João
15:11). “Ninguém conhece Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser
revelar”. E se Ele quiser, nós conheceremos o Pai. E se nós conhecermos o Pai
da maneira que Cristo conhece o Pai, seremos livres.
Conclusão
Portanto, digo novamente meus dois pontos que balançam como uma bandeira
dupla sobre esta conferência: 1) a sexualidade é designada por Cristo como uma
maneira para se conhecer a Deus mais completamente. E 2) conhecer a Cristo
mais completamente em toda Sua supremacia infinita é designado como uma
maneira de se guardar e guiar nossa sexualidade. Toda corrupção sexual serve
para ocultar o verdadeiro conhecimento de Cristo, e o verdadeiro conhecimento
de Cristo serve para prevenir a corrupção sexual.
NOTAS
[1] - Eu concordarei que quando Deus deseja a vida de solteiro para alguma
pessoa, Ele projeta isso como uma forma de conhecê-Lo mais completamente.
Há modos únicos de se conhecer a Deus através da continência sexual na vida de
solteiro e modos únicos de se conhecer a Deus através da intimidade sexual no
casamento.
[2] - Veja outros textos não citados nesta mensagem: 2 Timóteo 2:24-26;
Romanos 12:2; Filipenses 1:9; Romanos 10:3; Oséias 4:1, 6; 5:4; 6:3.
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