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Partindo do que nos aponta Paulo Freire, solicito que o leitor me acompanhe
na tarefa de buscar as relações entre o texto e o contexto: o texto aqui proposto,
o qual diz respeito à atuação do psicólogo no espaço escolar em uma
perspectiva social crítica; e o contexto, que se refere tanto à história da
psicologia escolar no Brasil quanto às suas implicações sociais e políticas.
Gostaria inicialmente de destacar a própria dificuldade com o título. Afinal,
várias são as terminologias adotadas: Psicologia Escolar; Psicologia Educacional;
Psicologia da Educação; Psicologia na Educação. Goulart (1987) e Davis e Oliveira
(1992) apresentam razões para essas diferentes terminologias, e com certeza
leitores ávidos em identificá-las poderão recorrer à bibliografia indicada.
De nossa parte, interessa demarcar que a diversidade e complexidade da
atuação do psicólogo (afinal, são tantas as chamadas “áreas de atuação”:
escolar, organizacional, do esporte, clínica, jurídica, comunitária, etc.) têm
revelado, ao que parece, como cada vez mais inadequada a discussão sobre
essas áreas de atuação tal qual vinha acontecendo, isto é, como áreas
estanques, separadas, com arcabouço técnico e teórico delimitado. Para
complicar ainda mais os leitores iniciantes na área, há uma diversidade enorme
de orientações teórico-metodológicas.
No que diz respeito à atuação do psicólogo, os esforços na delimitação de
espaços tão demarcados têm sérias implicações, sendo que me parece
importante assinalar ao menos uma: a não reflexão sobre as consequências
sociais e políticas dessas ações. Isto porque, se concordamos que o texto se
relaciona com o contexto que por sua vez se relaciona com o texto, certamente
entendemos que nossas ações sempre e necessariamente resultam de
situações e concomitantemente contribuem para a constituição de novos
contextos. Cabe, pois, refletir sobre esse novo contexto que estamos
produzindo.
A discussão da psicologia enquanto áreas de atuação nos parece, pois,
deslocada. Afinal, como nos aponta Eizirik (1988, p. 33):
Não é o lugar que define a postura de um profissional – embora nem todos pensem assim –, é
antes a capacidade de refletir criticamente sobre teorias, métodos e práticas, avaliando resultados
e pensando acerca das necessidades do país em que nos encontramos.
Espero que essas colocações iniciais ajudem o leitor a entender por que o
título se refere à atuação do psicólogo na escola: o local é demarcado, mas a
atuação profissional que defendemos é necessariamente múltipla, posto que
assim se caracteriza a realidade.
Sugestão de leituras
DAVIS, Cláudia & OLIVEIRA, Zilma. Psicologia na educação. São Paulo: Cortez,
1992.
REGER, Roger. Psicólogo escolar: educador ou clínico? In: PATTO, M.H.S. (org.).
Introdução à psicologia escolar. São Paulo: T.A. Queiroz, 1989.