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OAB PRIMEIRA FASE – XV EXAME

Direito Civil
Cristiano Sobral

CONTRATOS EM ESPÉCIE g) Contrato paritário ou de adesão – será


paritário quando as partes estiverem em pé de
Por Cristiano Sobral igualdado; já o contrato de adesão ocorre
Instagram @cristianosobral quando uma das partes estipularem as
Livros Indicados: Direito Civil Sistematizado cláusulas e a outra, terá somente como
5ª Ed. Gen/Método e Direito do Consumidor escolha a aceitação das mesmas.
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1.3. Elementos constitutivos
1. COMPRA E VENDA
a) Partes: Capazes
1.1. Conceito
b) Coisa: Deve ser disponível para poder
A definição do contrato de compra e comercializar dentro do mercado. O objeto tem
venda esta conceituado da melhor maneira no que ser lícito e determinado ou determinável.O
Art. 481 CC: “Pelo contrato de compra e venda, objeto do contrato para ser negociado no
um dos contratantes se obriga a transferir o mercado, como prevê o artigo 483 do Código
domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe Civil, poderá também ser futuro.
certo preço em dinheiro”
c) Preço: Justo, certo, determinado e em
1.2. Natureza jurídica moeda corrente, de acordo com o Art. 315 do
Código Civil. Tal elemento possui ainda
a) Contrato bilateral ou sinalagmático – algumas regras especiais:
proporciona, reciprocamente, obrigações para
ambas as partes, com a transferência c.1) Preço por avaliação – Art. 485 do Código
obrigatória do domínio da coisa a outra parte, Civil.
mediante o pagamento justo e certo da coisa;
c.2) Preço à taxa de mercado ou de bolsa –
b) Contrato oneroso – gera repercussão Art. 486 do Código Civil.
econômica com a sua elaboração para ambas
as partes; c.3) Preço por cotação – Art. 487 do Código
Civil.
c) Contratos que podem ser aleatórios ou
comutativos – regra geral, os contratos são c.4) Preço tabelado e médio – Art. 488 do
comutativos em razão das prestações serem Código Civil.
certas.No entanto, a possibilidade de risco não
está completamente excluída; c.5) Preço unilateral – Art. 489 do Código Civil.

d) Contrato consensual – nasce do consenso 1.4. As despesas e riscos do contrato


entre as partes, uma delas será responsável
em aceitar o preço e a outra a contraprestação; Devemos destacar que nesse tópico, é
aplicável a exceção de contrato não cumprido,
e) Contrato formal ou informal – a compra e disposto no art. 476 do Código Civil, com a
venda de bens imóveis com valor superior a finalidade de não gerar danos ao vendedor.
trinta salários mínimos federais deverá ser
sempre por escritura pública. Todavia, se 1.5. Restrições à compra e venda
inferior, a mesma poderá ser feita por a) venda de ascendente para descendente
instrumento particular. (hereditasviventis non datur) – regulamentado
pelo art. 496 do Código Civil, possuindo o
f) Contrato pode ser instantâneo ou de longa prazo decadencial de dois anos, conforme art.
duração – o instantâneo se consumará com a 179 desta lei.
prática do ato, o de longa duração,necessita de
tempo para se exaurir. b) venda entre cônjuges – é permitida pelo art.
499 do Código Civil.

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o pagamento justo e certo da coisa;


c) venda de bens sob administração – é
proibida pelo art. 497 do Código Civil. b) É contrato comutativo – as partes se
cientificam de suas obrigações no ato da
d) venda de parte indivisa em condomínio – elaboração, por serem certas e determinadas
não pode um condômino de coisa indivisível no ato da celebração;
vender a sua parte a terceiros sem notificar o
outro proprietário da res. c) Contrato consensual – ocorre com a
manifestação das partes;
1.6. Regras especiais da compra e venda
d) Contrato pode ser contrato ou informal,
a) venda por amostra, por protótipos ou por solene ou não solene;
modelos – se a venda ocorrer nesta forma,o
vendedor assegurará ter a coisa as qualidades e) Contrato translativo – a transmissão da coisa
que a elas correspondem. ocorrerá com a tradição, trazendo consigo no
contrato;
b) da venda a contento (ad gustum) e da
sujeita a prova – entende-se que é aquela f)Contrato oneroso – proporciona repercussão
realizada sob condição suspensiva, ainda que econômica;
tenha recebido a coisa.
3. CONTRATO ESTIMATÓRIO
c) venda por medida, por extensão ou ad
mensuram – é aquela em que o preço do 3.1. Conceito
imóvel é determinado pela área, formando o
cálculo que originará o preço do contrato. Esse contrato pode ser chamado
também de venda em consignação, tem por
1.7. Cláusulas especiais ou pactos adjetos finalidade vender,em nome próprio, bens de
propriedade de terceiros.O
a) retrovenda ou cláusula de resgate proprietário/consignante entregar somente a
b) cláusula de preempção, preferência ou posse do bem ao vendedor/consignatário, não
prelação sendo entregue o domínio da coisa.
c) cláusula de venda com reserva de domínio
ou pactumreservatidomini – arts. 521 ao 525 do 3.2. Natureza jurídica
Código Civil.
d) venda sobre documentos ou trustreceipt – a) contrato bilateral ou sinalagmático –
arts. 529 ao 532 do Código Civil. caracterizado pela reciprocidade nas
obrigações entre os contratantes;
2. TROCA OU PERMUTA
b)contrato oneroso – proporciona repercussão
2.1. Conceito econômica;

Nesta modalidade contratual, as partes c) contrato real – é concretizado com a efetiva


pactuam suas obrigações, remunerando-se, entrega do bem;
através da compensação dos ofícios
estabelecidos por cada uma delas. d) contrato comutativo – as partes são
cientificadas de suas obrigações no ato da
2.2. Natureza jurídica elaboração;

a) É contrato bilateral ou sinalagmático – e)contrato informal, ou não solene – pois a lei


proporciona, reciprocamente, obrigações não impõe maiores formalidades para a sua
paraambas as partes, com a transferência celebração;
obrigatória do domínio da
coisa a outra parte, mediante

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f) contrato instantâneo e temporário – o


contrato instantâneo se consuma com a prática
do ato já o contrato temporário se efetua 4.3. Espécies de doação
através do termo final para a venda da coisa
consignada. a) pura e simples (art. 543, CC) – o ato possui
liberdade plena, não se submetendo a
3.3. Efeitos e regras condição, termo ou encargo;

- é análogo a uma obrigação alternativa, pois o b) contemplativa (art. 540, 1ª parte, CC) – o
vendedor/consignatário poderá devolver o valor doador efetua a mesma por mera liberalidade,
inicialmente estimado ou a própria coisa; expressando o motivo;

- a coisa deve ser móvel e livre para alienação, c) remuneratória (art. 540, 2ª parte, CC) – se
não podendo estar gravada com cláusula de origina da realização de serviços prestados,
inalienabilidade; cujo pagamento o donatário não pode ou não
deseja cobrar;
Obs: nesta relação contratual, o consignante
possui o domínio, transferindo ao consignatário d) ao nascituro (art. 542, CC) – é válida desde
somente a posse do bem móvel. que aceita pelo seu representante legal. Trata-
se de modalidade que depende
4. DOAÇÃO necessariamente de condição suspensiva para
vigorar, pois condiciona a validade do contrato
4.1. Conceito de doaçãoao nascimento do feto com vida;

A sua definição encontra-se melhor e) feita ao absolutamente incapaz (art. 543,


conceituada no Art. 538, do CC:“Considera-se CC) – trata-se de doação pura, não há
doação o contrato em que uma pessoa, por necessidade da aceitação do donatário, pois se
liberalidade, transfere do seu patrimônio bens presume que o incapaz aceitou, inexistindo
ou vantagens para o de outra”. prova em contrário (iureetiure);

4.2. Natureza jurídica f) de ascendente a descendente ou de um


cônjuge ao outro (art. 544, CC) – está
a) contrato unilateral – proporciona obrigação relacionado ao adiantamento da legítima, visto
para somente uma das partes; que confere as doações o valor, que dele em
vida receberam, sob pena de sonegação.
b) contrato gratuito – a doação será em regra Devemos ressaltar que é importante não
gratuita (excepcionalmente haverá a doação confundir esse tipo de doação com a inoficiosa
modal, conferindo vantagens a ambas as prevista no art. 549, CC;
partes);
g) em forma de subvenção periódica (art. 545,
c) contrato consensual/formal – a lei dispõe CC) – trata-se de pagamentos mensais
que poderá ser celebrado por instrumento realizados pelo doador ao donatário,
público ou particular, sendo faculdade do extinguindo-se com o falecimento de uma das
doador; partes, exceto no caso de falecimento do
doador, que poderá estabelecer aos seus
d) contrato real/formal –ocorrerá quando a herdeiros a continuaçãodos pagamentos ao
doação envolver bem de pequeno valor favorecido;
seguido de sua tradição (doação oral/manual);
h) propternuptias (art. 546, CC) – é aquele
e) contrato comutativo –ocorre quando as direcionado para as núpcias, ou seja, aplicado
partes são cientificadas de suas obrigações no para casamento futuro, não vigendo o contrato
ato da elaboração; em caso de não consumação do mesmo;

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i) com cláusula de reversão ou retorno (art.


547, CC) – trata-se de contrato de doação 4.5. Hipóteses de irrevogabilidade por
intuitu personae, visto que a mesma está ingratidão
direcionada somente ao donatário, pois caso o
mesmo venha a falecer antes do doador, o Conforme o art. 564 do CC, as doações que
bem retornará ao patrimônio do doador ainda não serão revogadas por ingratidão serão as:
que tenha alienado o imóvel antes da morte;
a) as doações puramente remuneratórias;
j) universal (art. 548, CC) – é nula tal b) as oneradas com encargo já cumprido;
modalidade, pois a lei veda a doação pelo c) as que se fizerem em cumprimento de
doador se o mesmo não possuir bens obrigação natural;
suficientes para a sua subsistência. Tal medida d) as feitas para determinado casamento.
visa tutelar a qualidade de vida do doador;
5. LOCAÇÃO DE COISAS
l) inoficiosa (art. 549, CC) – significa que a
doação efetuada ultrapassou o quinhão 5.1. Conceito
disponível para testar.
Trata-se do contrato em que o locador
m) do cônjuge adultero (art. 550, CC) – é a cede ao locatário determinado bem, com o
doação feita entre amantes, geralmente por objetivo que o mesmo use e goze da coisa de
pessoas casadas com impedimento de contrair forma continua e temporária, mediante
união estável, sendo anulável no prazo opagamento de aluguel.
decadencial de dois anos. A anulabilidade do
contrato poderá ser proposta pelo cônjuge 5.2. Natureza jurídica
traído ou também pelos herdeiros necessários.
Todavia a mesma poderá ser convalidada no a) bilateral ou sinalagmático – as partes
caso dos cônjuges estarem separados de fato; possuem vantagens e desvantagens
recíprocas;
n) conjuntiva (art. 551, CC) – trata-se da
doação de um determinado bem a dois ou mais b) oneroso – é essencialmente econômico,
donatários, onde os mesmo se através da cobrança de alugueres;
tornarãocotitulares do bem;
c) comutativo – as partes são cientificadas de
o) modal ou onerosa (art. 553, CC) – é aquela suas obrigações no ato da celebração do
em que o doador atribui ao donatário um contrato de locação;
encargo, o qual se torna elemento modal do
negócio jurídico; d) consensual – a vontade das partes é a
essência do contrato;
p) à entidade futura (art. 554, CC) – a entidade
deverá se constituir regularmente com a e) informal e não solene – inexiste
inscrição dos atos constitutivos no respectivo obrigatoriedade de escritura pública como
registro no prazo máximo de dois anos, no também de contrato escrito;
entanto, se a mesma não estiver devidamente
composta dentro desse prazo, o contrato f) da execução continuada – as prestações
poderá caducar; perduram com o passar do tempo;

4.4. Revogação da doação g) típico – caracterizado por possuir


regulamentação legal no Código Civil;
São os casos definidos nos arts. 555 ao 564,
do CC, merecendo ser conferidos. h) paritário ou de adesão - será paritário
quando as partes estiverem em pé de
igualdade no ato de estabelecer as cláusulas
contratuais e será caracterizado contrato de

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adesão quando uma das partes estipular as


cláusulas e a outra somente puder aderi-las 5.7. Locação por prazo determinado
para que se possa obter o objeto do contrato;
De acordo com a regra prevista no art. 573, do
5.3. Pressupostos CC, esta modalidade cessa de pleno direito
com o fimdo prazo estipulado,
* Coisa independentemente de notificação ou aviso.
* Temporariedade
* Aluguel 5.8. Aluguel pena

5.4. Dos deveres do locador Está relacionado a regra especial disposta no


art. 575 do CC, para onde remetemos sua
O locador é obrigado a entregar ao leitura.
locatário a coisa alugada, com suas
pertenças,em estado de servir ao uso a que se 5.9. A aquisição do bem por terceiro e a
destina, assegurando a utilização pacifica da cláusula de vigência
coisa. Devendo o locatário, durante o período
contratual, manter a coisa no estado em que se Se o bem objeto do contrato for
encontra, salvo, se previsto diversamente em alienado durante a vigência do contrato
cláusula. delocação, o adquirente não ficará obrigado a
respeitar o contrato, se nele não for consignada
5.5. O direito potestativo da redução a cláusula da sua vigência no caso de
proporcional do aluguel ou a resolução do alienação, e não constar de registro.
contrato
5.10. A sucessão na locação
Tais regras encontram-se conceituadas
no art. 567 CC, para onde remetemos a sua Importante que se faça a leitura do art. 577 do
leitura. Código Civil.

5.6. Dos deveres do locatário 5.11. Indenização por benfeitorias

Os deveres legais estão elencados no rol do Importante que se faça a leitura do art. 578 do
art. 569, do CC: Código Civil.

a) servir-se da coisa alugada para os usos 5.12. A Locação na Lei nº 8.245/91


convencionados ou presumidos, conforme a
natureza dela e as circunstâncias, bem como Esta lei se aplica somente nas relações
tratá-la com o mesmo cuidado como se sua locatícias de imóvel urbano, conforme previsto
fosse; no art. 1 da mesma.

b) pagar pontualmente o aluguel nos prazos 5.12.1. Ações inquilinárias ou locatícias


ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o
costume do lugar; 5.12.1.1. Conceito

c) levar ao conhecimento do locador as São quatro as ações previstas na lei de


turbações de terceiros, que se pretendam locações: a ação de despejo, a ação
fundadas em direito; consignatória de alugueres e encargos
locatícios, ação revisional de aluguel e a ação
d) restituir a coisa, finda a locação, no estado renovatória de imóveis não-residenciais.
em que a recebeu, salvas as deteriorações
naturais ao uso regular. Além dessas ações, poderão ser
propostas também; ação de execução dos
encargos locatícios conforme disposto no art.

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585, inciso V, do CPC e ação indenizatória b) tem natureza de ação de rescisão de


proposta pelo locatário em face do locador dissolução contratual, com natureza pessoal e
alegando que o imóvel locado apresentava não possessória ou real;
defeitos causadores tanto de danos morais,
como de danos materiais. c) segue o rito ordinário, conforme art. 59, Lei
8.245/91;
Portanto a Lei 8.245/91 é uma norma híbrida,
pois trata de aspectos materiais, d) no pólo passivo figurará o locatário,
procedimentais, como também processuais. sublocatário e/ou todo e eventual ocupante do
imóvel;
5.12.1.2. Lei do Inquilinato: aspectos gerais
e) é permitido o deferimento de medidas
Algumas questões importantes devem liminares inaudita altera pars, conforme §1º do
ser analisadas, quando estudamos a lei art. 59, Lei 8.245/91;
8.245/91. O primeiro ponto a ser estudado é
ojuízo competente para propor as ações de f) o despejo também poderá ocorrer por
despejo. Aqui se aplica a regra de competência denúncia cheia ou vazia.A primeira ação está
do foro da situação da coisa, disposta no art. baseada no art. 47 da lei do inquilinato; já a
95 do CPC, por trazer maior facilidade ao juízo segunda está disposta no art. 6 da mesma lei.
a proximidade com o bem objeto do desalijo.
g) pode ser proposta ação de despejo por falta
Como previsto pelo art. 58 da lei de pagamento ou por infração contratual;
8.245/91 o valor da causa para a propositura pedido para uso próprio; ausência de
da ação de despejo, corresponderá a doze conservação ou deterioração do imóvel locado
meses de aluguel, ou, na hipótese do inciso II ou, ainda, realizar obras sem o consentimento
do art. 47, a três salários vigentes por ocasião do locador;
do ajuizamento;
h) a sentença tem caráter mandamental por
Segundo entendimento recente do STJ, dispensar a fase final de liquidação da mesma;
o despejo para uso próprio poderá serproposto
nos Juizados Especiais Cíveis, vez que os 5.12.1.3.2. Ação consignatória de aluguéis e
incisos do art. 3 da Lei 9.099/95 não são acessórios na locação
cumulativos e o inciso III do mesmo artigo não
possui limite de valor tanto para bens imóveis, a) esta ação tem por característica evitar a
como para os alugueres vencidos ou inadimplência do locatário, através do depósito
vincendos, se os mesmos existirem. efetuado em juízo quando proposta a exordial;

Por último, devemos esclarecer que o b) transcorre pelo rito especial;


recurso contra sentença proferida, nesses
casos, será o de apelação e será recebido c) se caracteriza como uma ação que visa o
somente no efeito devolutivo, permitindo assim pagamento indireto da obrigação e tem como
o diploma legal, a execução provisória do parte autora o locatário;
julgado.
d) diversamente da ação consignatória prevista
5.12.1.3. Espécies no CPC, esta modalidade não tem caráter
dúplice, pois a lei preceitua o cabimento de
5.12.1.3.1. Ação de despejo (arts. 59 a 66, reconvenção nos termos do inciso VI, do art. 67
Lei 8.245/91) da lei do inquilinato;

a) é a única ação que o locador pode propor 5.12.1.3.3. Ação revisional de aluguel
para recuperar o imóvel objeto da locação;
a) pode ser proposta tanto pelo locador,
buscando o aumento do valor dos alugueres,

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como poderá ser proposta pelo locatário com o


objetivo de reduzi-los; c) a legitimidade ativa é do locatário;

b) este beneficio poderá ser utilizado somente d) nesta demanda será fixado o aluguel
pelo prazo de três anos, ainda que quem tenha provisório a ser devido após o término da
proposto a ação tenha sido a parte contrária; vigência do contrato de locação;

c) segue o rito sumário, conforme art. 68 da lei e) o aluguel fixado na sentença poderá ser
do inquilinato; cobrado imediatamente independentemente da
propositura do recurso;
d) o juiz fixará o aluguel provisório, através dos
elementos fornecidos pelo autor da ação, que f) não sendo renovada a locação, o juiz
será devido desde a citação; determinará a expedição de mandado de
e) na audiência de conciliação, conforme despejo, dentro do prazo de 30 (trinta) dias
recente alteração pela lei 12.112/09, deverá ser para a desocupação voluntária, se houver
apresentada a contestação, contendo a pedido na contestação.
contraproposta; caso exista discordância
quanto ao valor pretendido, tentará o juiz a 6. EMPRÉSTIMO
conciliação; em caso de impossibilidade,
determinará a realização de perícia, se 6.1. Aspectos gerais
necessária, designando, desde logo, audiência
de instrução e julgamento; Esse tipo de contrato abrange tanto o
comodato como o mútuo. Ambos os institutos
f) o aluguel fixado em sentença retroage à se assemelham por terem como objeto a
citação e a diferenças devidas durante a ação entrega da coisa para ser usada e restituída ao
de revisão abrangerá os alugueres vincendos, dono originário ao final do negócio
bem como os vencidos e não pagos; as estabelecido. Diferenciam-se em razão da
mensalidades locatícias serão pagas com natureza da coisa emprestada, pois se o bem
correção monetária exigível a partir do trânsito for fungível o contrato será de mútuo e,se o
em julgado da decisão que fixar o novo aluguel; mesmo for infungível, será comodato.
como também serão descontados os alugueres
provisórios já satisfeitos; 6.2. DO COMODATO (EMPRÉSTIMO DE
USO)
g) no final da ação locatícia serão cobradas as
diferenças locatícias entre o aluguel provisório 6.2.1. Conceito
e o definitivo;
Melhor definido pelo art. 579, do CC, “O
h) a ação de despejo poderá ser fundamentada comodato é o empréstimo gratuito decoisas
pelo inadimplemento dos alugueres provisórios; não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do
objeto”.
5.12.1.3.4. Ação renovatória de contrato

a) esta ação visa à renovação compulsória do


contrato de locaçãoescrito, e não residencial, 6.2.2. Natureza jurídica
por prazo determinado, vigendo no mínimo de
forma ininterrupta pelo prazo de cinco anos, a) real – se limita à obrigação de restituir a
com exploração da mesma atividade pelo coisa entregue;
prazo mínimo de três anos, devendo esta
demanda correr rito ordinário; b) gratuito – como disposto acima, ainda que o
comodatário efetue o pagamento dos encargos
b) essa ação deverá ser proposta no prazo de comodato (p.ex. condomínio, IPTU, dentre
máximo de 1 ano e 6 meses outros) este contrato é considerado gratuito;
após o término do contrato;

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c) informal e não solene – não possui forma cláusula penal típica do contrato de comodato.
prevista em lei;
6.2.6. Responsabilidade do comodatário
d) unilateral –confere obrigações somente ao
comodatário; Em situação de eminente risco da perda
dos bens do comodante e docomodatário e,
e) personalíssimo – extingue-se com a morte este último, tendo somente comosalvaguardar
do comodatário; os seus pertences abandonando os do
comodante, deverá ser responsabilizado pelo
f) fiduciário – como o próprio nome diz, é dano ocorrido, ainda que se trate de caso
baseado na confiança entre o comodante e fortuito ou força maior. Vale dizer, quemesmo
comodatário; nestes casos não será suprimida a culpa do
comodatário que pretere a coisa alheia
6.2.3. Legitimação para celebrar o contrato emprestada em prol de seus pertences.

Em regra, todos os bens imóveis são 6.2.7. Despesas do contrato


passiveis de ser objeto de contrato
decomodato, no entanto, excepcionalmente a Não é possível o comodatário recobrar
lei dispõe que não poderão dar em comodato, do comodante as despesas feitas com ouso e
sem autorização especial, os bens confiados à gozo da coisa emprestada.
guarda dos tutores, curadores e todos os
administradores de bens alheios, em geral. 6.2.8. A solidariedade no contrato

6.2.4. Prazo determinado e indeterminado Só é possível a existência da


solidariedade no contrato de comodato,no caso
Nos casos pactuados por prazo de duas ou mais pessoas serem,
determinado, não poderá o simultaneamente, comodatárias da mesma
comodantesuspender o uso e gozo da coisa coisa, ficando solidariamente responsáveis
emprestada antes de findo o prazo para com o comodante.
convencional, salvo uma urgente necessidade
reconhecida pelo juiz. 6.3. DO MÚTUO (EMPRÉSTIMO DE
CONSUMO)
O comodato poderá não ter prazo
convencionado, e nesse caso se presumirá o 6.3.1. Conceito
prazo através da necessidade da utilização da
coisa. O conceito do contrato de mútuo está
previsto no art. 586 do Código Civil; “o mútuo é
6.2.5. Obrigações do comodatário e o o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é
chamado aluguel pena obrigado a restituir ao mutuante o que dele
recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade
O comodatário tem como obrigação e quantidade”.
conservar o imóvel como se seu fosse, não
podendo usá-lo em desacordo com o contrato 6.3.2. Natureza jurídica
ou a sua natureza, sob pena de responder por
perdas e danos. a) unilateral – gera obrigações somente para
uma das partes, neste caso, o mutuário;
O comodatário será notificado para que
dessa forma seja constituído em mora, b) gratuito – só traz ônus para o mutuante; o
respondendo tanto pelo atraso, como também mutuário irá devolver sem ônus.
pelos alugueres da coisa que forem arbitrados Excepcionalmente esta modalidade contratual
pelo comodante até a efetiva entrega das será onerosa, nos casos de mútuo feneratício
chaves, caracterizando nesse ou, como é popularmente conhecido,
caso, uma espécie de empréstimo em dinheiro;

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cumprir com seu mister, a dívida vencerá


c) informal e não solene – por inexistir previsão antecipadamente ante a exceptio non
legal sobre a forma de celebração, podendo riteadimpleticontractus, como disposto no art.
ser feito por instrumento particular; 477 do Código Civil.

d) real – se concretiza com a entrega do bem 6.3.6. O mútuo feneratício ou mercantil e a


fungível; limitação de juros

6.3.3. A transferência da coisa Trata-se do mútuo destinado a fins


econômicos, cujos juros cobradospresumir-se-
Este contrato se caracteriza pela ão devidos, podendo até chegar ao limite
transferência do domínio da coisa previsto no art. 406 do Código Civil, sob pena
emprestadaao mutuário, que assume todos os de redução.
riscos do bem fungível desde a tradição.
Segundo entendimento do STJ, os
6.3.4. Mútuo feito a pessoa menor contratos bancários que não foram
regulamentadospela legislação específica,
O mútuo realizado por menor de idade, poderão possuir juros moratóriosno limite de
quando não autorizado por seus responsáveis 1% para se convencionar. Além disso, a
legais, ou seja, aqueles que possuem a guarda simples estipulação de juros remuneratórios
do mesmo, não poderá ser reivindicado, nem superiores a 12% ao ano não traz indícios de
do menor nem de quem possui a sua guarda. abusividade.
Todavia, esta regra possui cinco exceções:
O STF ainda entende que a Lei de
a) se o representante legal do menor Usura (DL 22.626/33) não é aplicável
posteriormente ratificar a necessidade do àsinstituições bancárias.
mútuo;
6.3.7. Prazo para a realização do pagamento
b) se o menor se viu obrigado a contrair o do mútuo
empréstimo para os seus alimentos habituais
em razão da ausência de seu representante Inexistindo convenção entre as partes, o mútuo
legal; será devido:

c) se o menor tiver bens ganhos com o seu a) se for de produtos agrícolas, até a próxima
trabalho, observando-se que a execução do colheita quando já estiverem prontos para o
credor não lhes poderá ultrapassar as forças; consumo ou para a semeadura;

d) se o empréstimo reverteu em benefício do b) pelo prazo de trinta dias, se o mútuo for de


menor; dinheiro;

e) se o menor obteve o empréstimo c) se for de qualquer outra coisa fungível


maliciosamente. quando declarar o mutuante;

6.3.5. A garantia no mútuo e a exceptio non


adimplenticontractus 7. DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

Verificando o mutuante que o mutuário 7.1. Conceito


poderá inadimplir com o mesmo o contrato
firmado, poderá este exigir a garantia legal, São aquelas reguladas pelo Código
podendo ser ela real ou fidejussória, com o Civil, como toda espécie de serviço ou trabalho
objetivo de buscar maior segurança jurídica. lícito, material ou imaterial quepode ser
Todavia, mesmo adimplindo o contratada mediante retribuição, e que não
contrato, se o mutuário não

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esteja sujeita às leis trabalhistas ou a lei Importante que se faça a leitura do art. 598 do
especial. Código Civil
7.6. Resilição do contrato
7.2. Natureza jurídica
O prazo para estabelecer a resilição
a) bilateral – gera deveres a ambas as partes; contratual ficará ao arbítrio de ambas as
partes, mediante prévio aviso. Todavia, a lei
b) comutativo – possuem o prévio estipula prazos gerais, caso as partes não
conhecimento das obrigações contratuais; pactuem previamente tais limites:

c) personalíssimo/intuitu personae – deve ser a) oito dias de antecedência, nos casos de


prestado somente pelas partes que pactuaram remuneração fixada por tempo de um mês, ou
os termos do contrato; mais;

d) oneroso – possui repercussão econômica; b) quatro dias de antecedência, se a


remuneração for ajustada por semana, ou
e) informal/não solene – não possui previsão quinzena;
legal quanto a sua forma, podendo ser verbal,
escrito, ou por instrumento particular; c) quando a contratação tenha sido por prazo
inferior a sete dias, poderá ser avisado na
f) consensual – deriva da vontade comum das véspera;
partes;
7.7. Inexecução do contrato
7.3. Objeto do contrato
A lei civil dispõe que não será contado o
Como informado acima, toda espécie de tempo em que o prestador de serviçonão tenha
serviço ou trabalho lícito, material ouimaterial efetuado a sua tarefa.
que pode ser contratada mediante retribuição.
7.8. Amplitude do contrato
7.4. A remuneração (a não presunção de
gratuidade) Quando nesta modalidade de contrato
não se estabelecer a tarefa que o prestadorde
A remuneração será, em regra, paga serviço deverá executar, entende-se que o
após a prestação do serviço, podendo mesmo se obrigou a todo e qualquer serviço
serconvencionada de forma diversa, ou seja, o compatível com as suas forças e condições.
pagamento poderá se dar no início dos
trabalhos ou também, poderá ser dividido em 7.9. Responsabilidade pela ruptura culposa
três parcelas, efetuando o pagamento de 1/3 do contrato
no início, outros 1/3 durante a execução dos
serviços e o restante ao final. Não poderá o prestador de serviço
contratado por tempo certo ou por
No que tange aos valores devidos, se obradeterminada se ausentar sem justa causa
inexistir estipulação prévia emuito menos a antes de preenchido o tempo, ou concluída a
possibilidadedeacordo entre as partes, deverá obra.
ser proposta ação para que o juiz arbitre a
remuneração de acordo de acordo com o Neste caso, terá o contratante direito à
costume do lugar, o tempo de serviço e sua retribuição vencida, através das perdas e
qualidade. danos. Esta punição também se aplicará para o
caso do prestador ser despedido por justa
7.5. Prazo máximo do contrato causa.

7.10. Perdas e danos

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Nos casos em que o prestador de


serviço for despedido sem justa causa, 7.15. Alienação do prédio agrícola e suas
ocontratante será obrigado a lhe pagar a consequências
integral retribuição vencida acrescida da
metade da remuneração a que lhe tocaria, Não implica a rescisão do contrato
caso pudesse cumprir com o termo legal do quando o prédio agrícola, local da prestaçãode
contrato. serviços, é alienado, salvo no caso em que o
prestador opte em continuar com o adquirente
7.11. A declaração formal da dissolução do da propriedade ou com o contratante inicial.
contrato
8. EMPREITADA
O prestador de serviço tem direito de
exigir da outra parte uma declaração, ao final 8.1. Conceito
do contrato afirmando que as obrigações
contraídas foram finalizadas bem como quando Trata-se de contrato em que o
for despedido sem ou com justa causa. contratado/empreiteiro se obriga,
semsubordinação ou dependência, a realizar
7.12. Exigência de capacitação pessoalmente ou por terceiros determinada
obra para o dono da obra ou para o empreiteiro
Nos casos de prestação de serviço por contratado, com material próprio ou fornecido
pessoa que não possua título dehabilitação ou pelo dono da obra, mediante remuneração
não satisfaça requisitos estabelecidos em lei, determinada ou proporcional ao trabalho
não poderá ser cobrada retribuição executado.
correspondente ao trabalho executado por
quem os prestou. 8.2. Natureza jurídica

Se o serviço for prestado de boa-fé, o a) bilateral – gera deveres a ambas as partes;


juiz arbitrará compensação razoável, salvo
quando a proibição da prestação de serviço b) comutativo – possuem o prévio
resultar de lei de ordem pública. conhecimento das obrigações contratuais;

7.13. Formas de extinção do contrato c) oneroso – proporciona repercussão


econômica;
A lei civil estabeleceu algumas formas
de extinção do contrato, dentre elasconsta a d) informal e não solene – não há haver
morte de qualquer das partes, escoamento do previsão legal quanto a sua forma, podendo ser
prazo contratualmente determinado, conclusão verbal, escrito ou, por instrumento particular;
da obra, rescisão do contrato mediante aviso
prévio, inadimplemento de qualquer das partes e) consensual – deriva da vontade comum das
ou impossibilidade da continuação do contrato partes;
motivada por força maior.
f) instantâneo ou de longa duração – o
7.14. Aliciamento do prestador de serviço instantâneo se consumará com a prática do ato
ou já o de longa duração, necessita de tempo
Importante se faz a leitura do art. 608 para se exaurir;
do Código Civil, “Aquele que aliciarpessoas
obrigadas em contrato escrito a prestar serviço g) não personalíssimo – sua execução pode
a outrem pagará a este a importância que ao ser confiada a terceiros, sob a
prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, responsabilidade do empreiteiro;
houvesse de caber durante dois anos”.
8.3. Espécies

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a) de lavor – neste contrato o empreiteiro objetiva segundo a norma do art. 618, do CC,
somente contribui com o seu trabalho; cuja obrigação é de resultado;

b) mista – o empreiteiro contribui com o seu c) se a obra ficar paralisada sem justo motivo
trabalho como também com os materiais resolve-se em perdas e danos, podendo o
necessários para a sua realização; empreiteiro suspender a obra nos casos do art.
625, do CC;
c) de projeto – a obrigatoriedade do empreiteiro
é somente entregar o seu projeto final; 8.6. Subempreitada

d) instantânea – é estabelecida remuneração Esta modalidade contratual não possui


fixa para a execução da obra; natureza personalíssima, podendo a execução
da obra ser confiada a terceiros, desde que os
e) por medida/ad mensuram – nesta mesmos não assumam a direção ou
modalidade, a fixação do preço é determinada fiscalização do serviço, ficando limitados os
pelas etapas realizadas, ou seja, a danos resultantes de defeitos durante o
remuneração é proporcional ao trabalho irredutível prazo de cinco anos;
executado;
9. DEPÓSITO
f) por administração - onde o empreiteiro se
encarrega da execução do projeto, 9.1. Conceito
pesquisando preço, profissionais, dentre outros
aspectos, sendo remunerado de forma fixa ou Neste contrato, o depositário recebe um
através de um percentual sobre o custo da objeto móvel, para guardar, até que
obra; odepositante o reclame, sendo em regra
gratuito, exceto se houver convenção em
8.4. Deveres e direitos do dono da obra contrário, e for frutode atividade negocial ou se
o depositário o praticar por profissão.
Quando a obra for concluída de acordo
com o que foi pactuado inicialmente, odono da 9.2. Natureza jurídica
obra será obrigado a aceitá-la, podendo rejeitar
a obra caso o empreiteiro se afaste das a) real – depende da entrega da coisa;
instruções recebidas, dos planos dados ou das
regras técnicas em trabalhos de tal natureza. b) unilateral – somente gera obrigações a uma
das partes, todavia excepcionalmente na
8.5. Responsabilidade do empreiteiro hipótese do art. 643 do Código Civil, poderá se
tornar contrato bilateral imperfeito;
Existem 3 pontos a serem analisados:
c) gratuito – regra geral onera somente uma
a) de acordo com o art. 617, do CC, “o das partes, havendo excepcionalmente
empreiteiro é obrigado a pagar os materiais remuneração ao depositário;
que recebeu, se por imperícia ou negligência
os inutilizar”; d) informal – não obstante o deposito voluntário
se provar por escrito, não há regramento
b) o empreiteiro responderá durante o específico para a sua celebração;
irredutível prazo de cinco anos, pela solidez e
segurança do trabalho, como também em e) não solene – pode ser feito por instrumento
razão dos materiais utilizados; todavia decairá particular;
o direito do dono da obra que não propuser a
ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta f) personalíssimo – o contrato será ajustado de
dias seguintes ao aparecimento do vício ou acordo com o depositário, podendo ser
defeito; cumpre ressaltar que afastado quando o depositário for pessoa
tal responsabilidade é jurídica;

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g) temporário – pode ser estipulado prazo final b) obter autorização do depositante para usar a
ou não nesta modalidade de contrato; coisa depositada;

9.3. Modalidades c) restituir o bem no prazo final, no local


pactuado, se responsabilizando pela coisa até
a) voluntário – decorre da autonomia da a sua efetiva entrega;
vontade das partes;
9.5.Direitos e deveres do depositante
b) necessário – não decorre da autonomia da
vontade, sendo subdividido em: Como dever, consta o de pagar pelas
despesas referentes à manutenção dodepósito,
b.1) legal – decorrente do direito positivo; bem como sobre os prejuízos que a coisa gerar
b.2) miserável – decorrente de calamidade ao depositário. O depositário tem o direito de
pública; ser ressarcido no caso de deterioração do bem
b.3) hospedeiro – decorrente da guarda das depositado.
bagagens de hospedes;
9.6. Da prisão do depositário infiel
c) regular – decorre de bem infungível e
inconsumível; A presente matéria, objeto de antigas
controvérsias, foi pacificada recentementepela
d) irregular – decorrente de bem fungível ou Súmula Vinculante 25 do STF em que “É ilícita
consumível; a prisão civil de depositário infiel, qualquer que
seja a modalidade do depósito”.
e) judicial – possui como finalidade resguardar
a coisa até a decisão final judicial, derivando de 9.7. Extinção do depósito
mandado judicial;
O presente contrato será extinto por
f)bem indivisível – importante a leitura do art. resilição unilateral, pelo término do
639, do CC; prazoestabelecido, pelo perecimento da coisa,
morte do depositário e pela incapacidade civil
g) fechado – conforme art. 630, do CC, “Se o do depositário. Importante se faz mencionar a
depósito se entregou fechado, colado, selado, Lei 2.313/54 em que após o prazo de vinte e
ou lacrado, nesse mesmo estado se manterá”; cinco anos, se a coisa não for reclamada, os
bens serão recolhidos ao Tesouro Nacional.
9.4. Direitos e deveres do depositário
10. DO MANDATO
A lei traz ao longo do texto os seguintes
direitos: 10.1. Conceito

a) o depositante terá o direito de obter a Esta modalidade contratual ocorre


restituição sobre as despesas necessárias; quando alguém substitui outra pessoa, com
ospoderes legais necessários confiados para
b) direito de retenção do bem depositado para agir em nome do representado, agindo de
o caso de inadimplemento; acordo com sua vontade.

c) ser remunerado, nos casos que é devida a 10.2. Natureza jurídica


remuneração;
a) unilateral – gera somente obrigações ao
Além disso, terá como dever: mandatário;

a) custodiar a coisa com o


devido zelo;

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b) gratuito – quando não ficar estipulada


remuneração, exceto quando se tratar de ofício g) salariado – trata-se de obrigação de meio,
ou profissão lucrativa do mandatário; em que a remuneração se dá independente do
resultado-fim;
c) oneroso – será cabível a remuneração
pactuada entre as partes e, na ausência, a h) geral – engloba todo o patrimônio do
prevista em lei de acordo com a categoria outorgante;
profissional, estabelecendo-se, ainda, de
acordo com os usos e costumes do lugar da i) especial – abrange um ou mais negócios do
celebração ou por arbitramento judicial; mandante;

d) consensual – deriva da autonomia da j) conjunto – quando há uma pluralidade de


vontade das partes; mandatários que devem participar do ato
designado;
e) comutativo – as partes já conhecem os seus
efeitos; l) solidário – com cláusula in solidum, cada
mandatário poderá realizar o mister
f) preparatório – serve para preparar a prática independente dos demais;
de um terceiro ato;
m) fracionário – quando há divisão de tarefas
g) informal e não solene – inexiste previsão devidamente delimitada entre os mandatários;
legal sobre o seu formato;
n) singular – preza pela existência de apenas
10.3. Espécies um outorgado;

a) judicial – possui a finalidade de representar o) plural – quando vários são os nomeados no


perante o Poder Judiciário o outorgante; instrumento de mandato;

b) legal – não há instrumento por decorrer da 10.4. Submandato


lei;
Contrato acessório ao mandato
c) escrito – materializado por instrumento principal, devendo ser escrito, através
público ou particular; doinstrumento de substabelecimento, e tem
como objeto obrigação de fazer fungível.
d) verbal – inexiste documento escrito, sendo Quando há reservas, tanto o mandatário
evidenciado por prova testemunhal; quanto o submandatário podem realizar as
tarefas. Todavia, quando este instrumento for
e) expresso e tácito – o expresso se forma sem reservas, o mandatário revoga os seus
explicitamente através de sua forma, podendo próprios poderes perante o mandante,
ser verbal ou escrito, entretanto, o tácito se dá repassando-os para o submandatário.
com a definição dos deveres em decorrência
de outra pessoa; 10.5. Obrigações do mandatário

f) aparente – terá o mandatário o dever de A lei civil estabelece as regras gerais de


remunerar, adiantar as despesas necessárias, obrigações do mandatário nos arts. 667ao 674
reembolsar as despesas feitas na execução do cuja leitura se faz obrigatória, podendo listar
mandato, ressarcir os prejuízos, honrar os aqui os principais deveres:
compromissos em seu nome assumidos,
vincular-se com quem seu procurador a) agir em nome do mandante dentro dos
contratou, responsabilizar-se solidariamente limites outorgados no instrumento de mandato;
nas hipóteses legais, pagar a remuneração do
substabelecido e vincular-se
a terceiro de boa fé;

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b) ser diligente na execução do contrato e estado de uma das partes, término do prazo e
indenizar no caso de prejuízo causado por sua conclusão do negócio.
culpa ou de quem substabeleceu;

c) prestar contas com o mandante, transferindo 11. CONTRATO DE FIANÇA


as vantagens provenientes do instrumento de
mandato; 11.1. Conceito

d) se identificar como mandatário perante Trata-se de garantia fidejussória em que


terceiros com quem tratar; um terceiro (fiador) passa a
garantirpessoalmente perante o credor a dívida
e) concluir a tarefa a que foi contratado; do devedor com seu patrimônio, tendo dessa
forma uma responsabilidade sem débito.
10.6. Obrigações do mandante
11.2. Natureza jurídica
Importante a leitura dos arts. 675 ao
681, do CC, podendo ser enumerado aqui os a) gratuito – quem obtém o benefício deste
principais deveres: contrato é o credor, que tem o seu direito de
crédito garantido;
a) satisfazer todas as obrigações contraídas
pelo mandatário, na conformidade do mandato b) consensual – atende a autonomia da
conferido, e adiantar a importância das vontade das partes;
despesas necessárias à execução dele,
quando necessário se fizer; c) formal – exige, minimamente, documento
escrito;
b) a pagar ao mandatário pela remuneração
ajustada e despesas da execução do mandato, d) não solene – não há necessidade de
ainda que o negócio não surta o esperado escritura pública;
efeito, salvo tendo o mandatário culpa;
e) obrigação acessória – a sua existência
c) é obrigatório o mandante ressarcir ao depende de um contrato principal;
mandatário as perdas que este sofrer com a
execução do mandato, sempre que não f) típico – possui previsão legal;
resultem de culpa sua ou de excesso de
poderes; g) fiduciário – essencialmente decorre da
confiança das partes;
d) o mandante ficará obrigado para com
aqueles com quem o seu procurador contratou, 11.3. Seus efeitos e regras
ainda que o mandatário contrarie as instruções
originárias; a) as dívidas futuras podem ser objeto de
fiança, mas o fiador, neste caso, não será
e) o mandatário tem direito de retenção sobre a demandado senão depois que se fizer certa e
coisa de que tenha a posse em virtude do líquida a obrigação do principal devedor (art.
mandato, até se reembolsar do que no 821, CC);
desempenho do encargo despendido;
b) a fiança poderá abranger a totalidade da
10.7. Extinção do contrato dívida (total) ou parte da dívida (parcial), sendo
a primeira ilimitada e a segunda limitada;
O Código Civil regulamenta o tema nos
arts. 682 ao 691 determinando a extinção nas c) o credor possui o direito de examinar a
hipóteses de revogação, renúncia, morte de idoneidade da fiança, não podendo ser
uma das partes, interdição de obrigado a aceitá-lo se o mesmo não for
uma das partes, mudança de idôneo, domiciliado no município onde tenha de

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prestar a fiança, e não possua bens suficientes durante sessenta dias após a notificação do
para cumprir a obrigação; credor;

d) em caso de insolvência do fiador, o credor o)não obstante discussões anteriores acerca


poderá exigir a sua substituição; da constitucionalidade da penhora do único
bem imóvel do fiador, o STF recentemente
e) é inerente à fiança o benefício de ordem, pacificou este entendimento acerca da
qual seja, o fiador exigir que inicialmente seja possibilidade, declarando a constitucionalidade
executado o bem do devedor para do art. 3, inciso VII, da Lei 8.009.
posteriormente ter o seu patrimônio atingido;
11.4. Extinção da fiança
f) a solidariedade não se presume, decorre da
lei ou da vontade das partes, logo inexiste São casos de extinção da fiança:
diploma legal dizendo que o devedor e o fiador
são solidários; se inexistir no contrato, não se a) resilição unilateral;
poderá presumi-los solidário, pois se não
violaria a regra legal; b) morte;

g) a fiança poderá ser prestada conjuntamente c) O fiador pode opor ao credor as exceções
a um só débito, por mais de uma pessoa, que lhe forem pessoais e as extintivas da
importando o compromisso de solidariedade obrigação que competem ao devedor principal,
entre elas se declaradamente não se se não provierem simplesmente de
reservarem o benefício da divisão, incapacidade pessoal, salvo o caso do mútuo
respondendo cada fiador unicamente pela feito a pessoa menor;
parte que, em proporção, lhe couber no
pagamento; d) O fiador, ainda que solidário, ficará
desobrigado se, sem consentimento seu, o
h) o fiador também tem direito perante o credor conceder moratória ao devedor; se por
devedor de ser ressarcido de todas as perdas e fato do credor, for impossível a sub-rogação
danos que vier a sofrer em razão da fiança; nos seus direitos e preferências; se o credor,
em pagamento da dívida, aceitar
i) poderá o fiador promover o andamento da amigavelmente do devedor objeto diverso do
execução contra o devedor nos casos em que que este era obrigado a lhe dar, ainda que
o credor, sem justa causa, demorar a executar; depois venha a perdê-lo por evicção;

j) a renúncia convencional é nula, segundo a e) em caso de ser invocado o benefício da


doutrina majoritária; excussão e o devedor, retardando-se a
execução, cair em insolvência, ficará
l) a obrigação do fiador passa para os exonerado o fiador que o invocou, se provar
herdeiros, mas fica limitado ao quinhão que os bens por ele indicados eram, ao tempo
hereditário (forças da herança); da penhora, suficientes para a solução da
dívida afiançada;
m) é o único contrato que há compensação
sem reciprocidade de créditos e débitos,
podendo ser compensado com o credor o que
este deve ao afiançado; CAPÍTULO 4: RESPONSABILIDADE CIVIL

n) a desoneração de fiador em locação urbana


é regulada pelo art. 40 da Lei 8.245/91, em que 1. Conceito
o fiador ainda responde no período de 120 dias
após a sua desoneração, enquanto a da lei A matéria a ser estudada vincula-se ao
civil, o fiador ficará obrigado dever de não causar prejuizo injustamente,
por todos os efeitos da fiança, buscando-se a indenização pelos danos

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sofridos, com a finalidade de reparação na cuidado, gerando as seguintes espécies:


medida do injusto causado resultante da
violação do dever de cuidado. - negligência – conduta caracterizada pelo
desleixo;
2. Pressupostos - imprudência – a conduta é omissiva;
- imperícia – é a falta de habilidade técnica;
a) ato ilícito ou conduta
b) culpa Diante do tema abordado podemos afirmar a
c) dano existência de uma classificação referente à
d) nexo causal graduação, em que a culpa poderá ser grave
em razão do erro grosseiro, culpa leve diante
2.1. Ato ilícito de falta evitável e, ainda, culpa levíssima ante
à falta de atenção extraordinária. Sendo,
Conduta contrária ao direito positivado, obrigatória em qualquer um desses graus a
tendo por elementos a antijuridicidade,ou seja, indenização (in lege Aquilia ET levíssima culpa
o ato ser contrário à ordem jurídica e o agente venit).
ser imputável, respondendo pelo mesmo por
possuir maturidade e sanidade para a prática 2.2.1. Espécies de culpa strictu sensu
dos atos civis.
a) culpa contratual – violação de dever jurídico
2.1.1. Espécies originariamente estabelecido;

a) indenizatório – busca a reparação do estado b) culpa extracontratual ou aquiliana – é aquela


inicial da vítima (status quo ante); que ocorre sem qualquer estabelecimento de
b) invalidante – tem como objetivo a invalidade relação jurídica originária;
do ato praticado de forma ilícita;
c) caducificante – resulta na efetiva perda do c) in comitendo – em cometer, por agir com
direito; imprudência;
d) autorizante – a lei autoriza a prática de uma
conduta em rejeição a um ilícito; d) in omitendo – é a culpa em omitir;

2.2. Culpa e) in vigilando – culpa pela vigilância;

A culpa pode ser dividida em dois casos: f) in eligendo – culpa pela escolha;

a) culpa latu sensu, tendo o dolo como sua g) in custodiando – culpa pela custódia, por
modalidade mais grave, podendo o mesmo ser guardar;
encontrado nas seguintes formas:
h) culpa presumida – a culpa, nesse caso é
- dolo direto: o agente deseja a prática do essencial para o dever de reparar, geralmente
ilícito; a lei já faz o juízo de presunção, não sendo a
mesma adotada pelo CC/02 e, nos casos de
- dolo necessário: diz respeito a um efeito previsão em leis esparsas, a doutrina entende
colateral típico decorrente do meio que se considera caso de responsabilidade
escolhido e admitido, pelo autor, como certo ou objetiva;
necessário;
i) culpa concorrente – é a hipótese em que o
- dolo eventual: o agente, com a sua conduta, agente e a vítima contribuem para a prática do
assume o risco do ilícito; evento danoso, sendo devida, segundo a
doutrina, a divisão proporcional dos graus de
b) culpa strictu sensu (mera culpa): o agente culpa entre os mesmos;
pratica o ilícito com a
ausência do dever de 2.3. Dano

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próprianatureza da responsabilidade civil, que


As espécies de dano existentes são material, é a efetiva reparação de dano causado ao
moral, estético, coletivo e social. patrimônio.

2.3.1. Espécies
2.3.1.3. Dano material futuro
2.3.1.1. Dano material
Inexiste a possibilidade desta
Trata-se de uma efetiva lesão patrimonial, modalidade, vez que somente se pode exigir
podendo ser total ou parcial, suscetível de reparação por danos causados e não por
avaliação pecuniária. danos a causar, ou seja que poderão se dar
futuramente, inexistindo lesão patrimonial.
2.3.1.1.1. Dano emergente, lucro cessante e
perda de uma chance 2.3.1.4. Dano moral

a) dano emergente – do latim É uma espécie de dano,


damnumemergens, significa a perda extrapatrimonial, por violação aos direitos
efetivamente sofrida; inerentes àpessoa, contidos nos direitos da
personalidade.
b) lucro cessante – atinge patrimônio futuro
(ganho esperável), impedindo seu crescimento; 2.3.1.4.1. Formas de fixação

c) perda de uma chance – ocorre quando a 2.3.1.4.1. Compensatório


vítima possui, embora ainda de maneira
incerta, a probabilidade razoável da conquista São analisados dois requisitos
de seu objetivo e, por motivos alheios a sua concomitantemente: extensão do dano
vontade, a vitima é impedida pelo agente +condições pessoais da vítima.
através de um comportamento ilícito, p.ex., nas
Olimpíadas de Atenas em 2004, o maratonista 2.3.1.4.2. Punitiva
Vanderlei Cordeiro de Lima estava liderando a
prova, quando por volta do 36º Km de prova, Neste outro ponto, são outros dois
um padre irlandês o empurrou requisitos: condições econômicas + grau
desconcentrando-o e retirando o ritmo da deculpa do ofensor.
prova, fazendo com que o atleta conquistasse
apenas o bronze; 2.3.1.4.2.1. Punitive damages

Outro grande exemplo de perda de uma Traduzido para a língua portuguesa,


chance foi caso no programa “Show do danos punitivos, seria aquilo que a
Milhão”, em que foi questionada ao participante doutrinachama de “dano moral punitivo”.
uma pergunta que não possuía resposta Defendemos o entendimento de que tal
correta. Neste sentido o STJ entendeu por instituto sejapossível vez que o juiz pode
reduzir a indenização para o valor de R$ entender que diante da proporcionalidade entre
125.000,00 (cento e vinte e cinco mil reais) de a culpa e o dano é cabível indenização com o
acordo com a probabilidade matemática de o objetivo de punir o agente pela prática.
participante acertar, o que, data vênia, saiu de
graça para quem teria o dever de pagar um Todavia, parte da doutrina possui
milhão de reais. posicionamento diverso, entendendo que se
inexiste previsão noCC/02, logo, não é possível
2.3.1.2. Dano incerto ser adotado, sob pena de configurar
enriquecimento sem causa como disposto no
Segundo entendimento do STJ, não se art. 884, do CC.
pode indenizar um dano
incerto, em razão da

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2.3.1.4.2. Dano moral direto e o indireto ou processo nº 2008.61.00.029505-0, distribuído


ricochete perante a 6ª Vara Federal Cível de São Paulo.

Ocorre o dano moral direto quando o


ofendido é diretamente atingido nos
seusdireitos da personalidade. Já o dano moral
indireto refere-se à lesão patrimonial que 2.3.1.4.6. Prova do dano moral
reflete à pessoa também na ordem
extrapatrimonial, legitimando-se para pleitear Segundo entendimento pacificodo STJ,
esta modalidade de dano moral reflexo ou o dano moral é chamado de in reipsa,ou dano
ricochete. na própria coisa, bastando demonstrar
unicamente o fato.
2.3.1.4.3. Dano moral à pessoa jurídica
2.3.1.4.7. A quantificação dos danos morais
Não é pacífico o entendimento da
matéria abordada, sendo majoritário o No momento de fixar o quantum
entendimento de que é possível que a pessoa debeatur, o magistrado deverá estabelecer
jurídica possa sofrer dano moral, conforme umareparação equitativa, baseada na culpa do
Súmula 227 do STJ “A pessoa jurídica pode agente, na extensão e gravidade do prejuízo
sofrer dano moral”. causado e na capacidade econômica das
partes.
2.3.1.4.4. A não possibilidade de incidência
de imposto de renda Na fixação do quantum debeatur, o
magistrado deverá utilizar o critério da
O dano moral é uma recomposição de razoabilidade, deverá ser proporcional,
lesão, ainda que extrapatrimonial, e por tal adequada e ao mesmo tempo necessária à
motivo a sua indenização não significa um condenação do agente.
acréscimo patrimonial, não incidindo deste
modo no imposto de renda sobre as verbas 2.3.1.5. Dano estético e sua natureza
recebidas a título de ressarcimento pelos extrapatrimonial
danos causados.
É a efetiva lesão a integridade corporal
2.3.1.4.5. Dano moral coletivo e social. da vítima e, podendo ser indenizável, o dano
Diferenças. Posicionamento da deve ser duradouro ou permanente ou, em
jurisprudência do STJ alguns casos, impedir as capacidades
laborativas.
O dano moral coletivo é a lesão
extrapatrimonial aos direitos da personalidade O STJ sumulou o seu entendimento no
de um determinado grupo, como p.ex., verbete 387, em que “É lícita acumulação das
discriminação sexual, etnia, religião, dentre indenizações de dano estético e dano moral”.
outras.Já o dano moral social envolve a
sociedade, ou seja, a um grupo indeterminado, 2.4. Nexo causal
não se podendo medir a quantidade de
pessoas lesionadas. Um grande exemplo, a É o vínculo ou relação de causa e efeito
ação civil pública movida pelo MPF/SP, em entre a conduta e o resultado,
face da RedeTV, por ter entrevistado ao vivo a existindodiversas teorias, sendo adotada pela
vítima Eloá no cativeiro momento antes de seu jurisprudência a Teoria do Dano Direto e
assassinato. Nesta ocasião é impossível medir Imediato. No entanto, é importante listar as
a quantidade de pessoas no país queestavam principais teorias existentes:
assistindo ao programa, sendo indiscutível,
ainda, a exposição da vítima em rede nacional, - Teoria da equivalência das condições/conditio
argumentos estes objetos da sinequa non – para esta teoria não há
discussão nos autos do diferença entre os antecedentes do resultado

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danoso, de forma que tudo irá concorrer para o - risco proveito – todo ônus deve ser suportado
evento considerado causador; por quem recebe o bônus;

- Teoria da causalidade adequada – adotada - risco profissional – deriva das relações de


pelo CC/02 majoritariamente nos arts. 944 e trabalho;
945, para esta teoria, considera-se como causa
todo e qualquer evento que haja contribuído - risco excepcional – decorrente de atividades
para a efetiva ocorrência do resultado. que exigem elevado grau de perigo;
Portanto, para se possa adotá-la, devemos
estar diante de uma causa adequada e que - risco integral – modalidade mais elevada de
deva ser apta à efetivação do resultado; responsabilidade objetiva por não admitir
exclusão de culpabilidade, em razão de o
- Teoria do dano direto e imediato – segundo agente ser o responsável universal, adotado
esta teoria, será indenizável todo o dano que excepcionalmente no ordenamento jurídico nas
se filia a uma causa, ainda que remota, desde seguintes formas:
que necessária, encontrando respaldo no art.
403 do atual Código Civil; - dano ambiental: art. 225, §3º CF/88 c/c art.
14, §1º, da Lei nº 6.931/81,defende que o dano
2.4.1. Concorrência de causas ambiental deverá ser reparado
independentemente de culpa;
a) subsequentes – é causado pela prática de
conduta decorrente de um ato fundamentando - seguro obrigatório – DPVAT: Lei 6.194/74
por prática posterior; com posterior alteração pela Lei 8.441/92
estabelece indenização às vítimas de acidente
b) complementares – é gerado pela a prática de veículos automotores independente de
da conduta de dois ou mais agentes que, sem culpa ou de identificação do veículo automotor;
a ajuda do outro, não seria atingido o fim
pretendido; - danos nucleares – art. 21, inciso XXIII “d” CF,
responsabilidade civil por danos nucleares
c) cumulativas – não haveria necessidade da também foi adotada a teoria do risco integral;
conduta dos agentes somarem-se, em razão
de que ambas atingiriam o objetivo-fim da 4. Responsabilidade por ato próprio
mesma maneira;
Decorre por ato do próprio agente, ora
d) alternativas – não há como definir o agente causador do dano. Está disposta nos arts. 939
causador do dano; e 940, do CC.

e) preexistentes – a conduta do agente por si Conforme o primeiro dispositivo, quem


só não atingiria o resultado fim, já tendo outra demandar judicialmente contra devedorantes
causa existente; de vencida a dívida, fora dos casos em que a
lei o permita, ficará obrigado a aguardar o
f) concomitantes – são causas geradoras do vencimento, bem como pagar as custas em
dano que são produzidas ao mesmo tempo; dobro, sendo obrigado ainda a descontar os
juros, por serem até o momento, indevidos.
g) supervenientes – surgem após o evento
danoso; Já o segundo dispositivo, quem
demandar judicialmente por dívida já
3. O risco paga,ainda que somente parte desta, ficará
obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso,
Há diversas espécies de risco dispostas no o dobro do que houver cobrado. E, ainda, se
ordenamento jurídico, devendo ser litigar sem ressalvar as quantias recebidas ou
mencionadas as principais: pedir mais do que for devido, ficará obrigado a
pagar ao devedor o equivalente do que dele

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exigir. Em ambos os casos fica ressalvado


caso já tenha ocorrido à prescrição. Anteriormente a aplicação do Código Civil de
2002, nestes casos, havia a responsabilidade
A diferença entre o art. 940, do CC, e o por culpa in elegendo, como culpa presumida
parágrafo único do art. 42 da Lei 8.078/90, é na forma da Súmula 341 do STF que, ao final,
que o primeiro somente é aplicável a resultava nas mesmas consequências
cobranças judiciais e o segundo, a todas as previstas no atual diploma civil, que
judiciais e extrajudiciais. transformou em responsabilidade objetiva.

5. Responsabilidade por ato de outrem ou A norma abrange não somente a relação de


responsabilidade indireta emprego, mas toda e qualquer outra relação
empregatícia com subordinação, chamada de
De acordo com os ditames do art. 932, preposição.
do CC, é o casoque terceiros praticam o ilícito
e o responsável legal responde pelo fato, ou Os casos de exclusão de responsabilidade do
seja, responde (Haftung) mesmo sem ter empregador são somente quando o empregado
contraído o débito (Schuld). O CC/02 adotou ou preposto age com abuso ou desvio de
para estes casos a responsabilidade objetiva, função, de caso fortuito ou força maior, ou de
conforme redação do art. 933. ter ocorrido fora das relações de trabalho.

A responsabilidade solidária prevista no  Referente aos donos de hotéis,


art. 942 da lei civil é aplicável nos casosdos hospedarias, casas ou estabelecimentos onde
incisos III, IV e V do art. 932. se albergue por dinheiro, mesmo para fins de
educação, pelos seus hóspedes, moradores e
 Os pais irão responder pelos atos dos educandos, importante se faz analisar alguns
filhos que estiverem sob sua guarda e pontos.
companhia, mesmo que provarem não agir
com negligência. Como já mencionado A responsabilidade é objetiva como
anteriormente, a responsabilidade será acima mencionado. Os hotéis, em
objetiva, e os pais irão substituir os filhos, de especial,responderiam também, caso o CC/02
acordo com a Teoria da Substituição, ainda não dispusesse sobre esta matéria, de maneira
que os pais sejam separados e que não seja objetiva, por força do art. 14 da Lei 8.078/90,
dia do filho estar com um dos genitores visto que está presente o risco da atividade
responsável. desenvolvida.

Importante mencionar que somente no Tanto nos casos dos hospitais, clínicas
caso de não possuir a guarda ou não exercer o e outros estabelecimentos similares, bemcomo
poder familiar, o genitor não será às escolas, enquanto estiverem no referido
responsabilizado. local, aplica-se a teoria da guarda.

 A responsabilidade do tutor e curador Quando o paciente nos hospitais for


pelos pupilos e curatelados que se acharem menor ou adolescente, deverá ser observadoo
sob sua autoridade e companhia, é aplicada art. 12 da Lei 8.069/90 (Art. 12 do ECA “Art. 12.
nos mesmos moldes que a responsabilidade Os estabelecimentos de atendimento à saúde
dos genitores. Importante anotar que inexiste deverão proporcionar condições para a
proibição legal sobre direito de regresso em permanência em tempo integral de um dos pais
face dos pupilos ou curatelados. ou responsável, nos casos de internação de
criança ou adolescente.”).
 No caso do empregador ou comitente,
por seus empregados, serviçais e prepostos, Atualmente esta na moda os casos de
no exercício do trabalho que lhes competir ou bullying, em que consiste emapertadíssima
em razão dele, o CC/02 síntese, na pratica infantil de deboche com
inovou. isolamento da pessoa naquela comunidade,

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geralmente ocorrendo nos colégios. Logo há aplica a Teoria da Pulverização dos Danos,
responsabilidade pedagógica do respondendo todos os condôminos por não se
estabelecimento de ensino, sob pena de conseguir individualizar a conduta.
infração administrativa, conforme art. 245, do
ECA(Art. 245 do ECA “Art. 245. Deixar o Já a responsabilidade por fato do
médico, professor ou responsável por animal, é aplicada também a teoria da
estabelecimento de atenção à saúde e de guarda,devendo o dono ou o detentor de
ensino fundamental, pré-escola ou creche, de animal ressarcir o dano causado pelo animal.
comunicar à autoridade competente os casos Esta regra é aplicável tanto a adestrador
de que tenha conhecimento, envolvendo quanto a estabelecimentos especializados.
suspeita ou confirmação de maus-tratos contra Para estes casos são aplicáveis a isenção de
criança ou adolescente:Pena - multa de três a responsabilidade mediante produção probatória
vinte salários de referência, aplicando-se o da culpa exclusiva da vítima ou força maior.
dobro em caso de reincidência”).
7. Responsabilidade civil no Código de
 Em relação aos que gratuitamente Defesa do Consumidor
houverem participado nos produtos do crime,
será responsabilizado objetivamente até a Antes de entrarmos nesse tema, iremos
concorrente quantia da qual tirou o proveito caracterizar as relações de consumo com
efetivo, consagrando o Princípio da reparação osconceitos de fornecedor e consumidor.
do indevido.
7.1. Elementos
 Deve ser destacada norma do art.934
da lei civil, que trata do direito de regresso. Existem 2 elementos referentes às
Somente no caso do inc. I do art.932 não será relações jurídicas de consumo: elementos
cabível tal direito. Atenção! subjetivos e elementos objetivos. Os elementos
subjetivos referem-se às partes envolvidas na
5.1. Independência das responsabilidades relação jurídica de consumo. Já os elementos
civil e criminal objetivos, são o produto ou serviço que recaem
sobre a relação jurídica mencionada.
A responsabilidade civil e criminal possui
comunicação, no entanto irá prevalecer de 7.1.1. Elementos subjetivos
forma absoluta o reconhecimento do fato e de
autoria na justiça penal (art. 935 do CC). Não 7.1.1.1. Consumidor
corre a prescrição antes do trânsito em julgado
da sentença penal condenatória (art. 200 do Segundo a Lei 8.078/90, “consumidor é
CC) e a sentença penal formará título executivo toda pessoa física ou jurídica queadquire ou
judicial na jurisdição civil, conforme inciso II do utiliza produto ou serviço como destinatário
art. 475-N, do CPC. final” . Acerca da expressão “destinatário final”
trazida pela lei, temos três teorias discutindo
esta matéria.
6. Responsabilidade por fato da coisa ou do
animal A Teoria finalista/subjetiva preceitua
que a pessoa,física ou jurídica, que retira o
No caso da responsabilidade pelo fato produto do mercado, possui fins de
da coisa, a responsabilidade será sempredo necessidade pessoal e não há a intenção de
dono do imóvel e não de eventuais ocupantes, revendê-lo, mantendo-o na cadeia econômica.
como locatário, comodatário, dentre outros.
Segundo a Teoria maximalista/objetiva,
Quando não é possível identificar de um basta retirar o produto da cadeia deconsumo,
prédio com diversos blocos o autor do independentemente de se tratar de uso pessoal
lançamento de objetos, a ou não.
doutrina entende que se

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A regra da Lei 8.078/90 é a Teoria necessidade que o desempenho da atividade


finalista. Todavia, o STJ em certos casos seja de forma habitual para obter proteção
efetua um entendimento mais alargado, consumerista.
passando a adotar a teoria finalista
mitigada/aprofundada, abrandando o critério
subjetivo da teoria inicialmente apresentada,
com intuito de inserir consumidores
profissionais na dita relação, mas para isso, 7.1.2. Elementos objetivos da relação de
mister se faz desmembrar as vulnerabilidades consumo
e analisá-las separadamente:
O próprio art. 3 da Lei 8.078/90
a) técnica – desconhecimento sobre o produto conceitua o que seria produto e serviço em
ou serviço adquirido; seusparágrafos 1º e 2º. Nesse sentido, produto
é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou
b) jurídica – também contábil ou econômico, imaterial e serviço é qualquer atividade
abrangendo tanto a pessoa física ou jurídica fornecida no mercado de consumo, mediante
que necessita de alguns profissionais para o remuneração, inclusive as de natureza
exercício de alguma atividade, cuja função seja bancária, financeira, de crédito e securitária,
de suprir sua deficiência ou usufruir de seus salvo as decorrentes das relações de caráter
serviços; trabalhista.

c) fática ou socioeconômica – destavantagem Importante frisar que o contrato entre


profissional do fornecedor do ponto de vista cliente e advogado não configurarelação de
contratual, por impor a sua superioridade consumo, conforme entende o STJ. São
perante o consumidor; também excluídos da aplicação da Lei 8.078/90
a relação cotista e o clube de investimento,
d) informacional – ausência de informação serviços de natureza ut universi (em que o
essencial sobre o produto ou serviço; consumidor é observado como contribuinte),
nos contratos de Franchising em que se
7.1.1.2. Consumidor equiparado relacionam o franqueado e franqueador

A Lei 8.078/90 traz alguns dispositivos 7.2. Modalidades da responsabilidade civil


protegendo o direito de terceiros, quenão
participaram da relação jurídica, mas que se 7.2.1. A ocorrência do vício do produto e do
vitimaram do acidente de consumo, serviço
amparando-os na lei consumerista.
A presente matéria está protegida nos
7.1.1.3. Fornecedor arts. 18, 19, 20, 23 e 26 da Lei 8.078/90. Éo
desapontamento do consumidor por ter sua
Conforme art. 3, caput da Lei 8.078/90, expectativa criada pelo produto ou serviço.
“fornecedor é toda pessoa física oujurídica,
pública ou privada, nacional ou estrangeira, A obrigação dos fornecedores, regra
bem como os entes despersonalizados, que geral, é solidária, com exceção no §5º do art.
desenvolvem atividade de produção, 18 (“No caso de fornecimento de produtos in
montagem, criação, construção, transformação, natura, será responsável perante o consumidor
importação, exportação, distribuição ou o fornecedor imediato, exceto quando
comercialização de produtos ou prestação de identificado claramente seu produtor.”) e no §2º
serviços”. do art. 19 (“O fornecedor imediato será
responsável quando fizer a pesagem ou a
O conceito descrito acima abrange tanto medição e o instrumento utilizado não estiver
os entes particulares, como entes públicos ou aferido segundo os padrões oficiais”), ambos
concessionárias de serviço da Lei 8.078/90.
público. Todavia, há

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O vício do produto poderá ser


manifestado como de quantidade ou de É o acidente causado pelo consumo,
qualidade. causando ao consumidor prejuízos materiaise
morais. O fato do produto é o dano causado
A primeira hipótese está prevista no art. pelo o mesmo, a título de exemplo há alguns
19 da Lei 8.078/90 e ocorrerá “sempreque, anos tinham alguns aparelhos celulares que
respeitadas as variações decorrentes de sua explodiam enquanto carregava a bateria na
natureza, seu conteúdo líquido for inferior às tomada, o que poderiam causar incêndios,
indicações constantes do recipiente, da desde pequenos até gerar maiores proporções.
embalagem, rotulagem ou de mensagem
publicitária”. Também poderia ser causado pela falta
do dever de informar, como p.ex., hápouco
Na segunda hipótese, o vício de tempo tinha um veículo automotor que não
qualidade ocorrerá quando o produto se orientava como manusear determinada parte
tornarimpróprio ou inadequado para o do veículo que decepava o dedo do
consumo. Desta forma, o consumidor consumidor.
notificando o fornecedor de serviços terá,
alternativamente, como opções, aguardar o A responsabilidade do comerciante no
prazo máximo de trinta dias para o vício ser fato do produto será em regra subsidiáriae
sanado; a substituição do produto por outro da objetiva, conforme dispõe o art.13.
mesma espécie, em perfeitas condições de
uso; a restituição imediata da quantia paga, O fato do serviço, é o dano causado
monetariamente atualizada, sem prejuízo de pelo mesmo, cito o exemplo da
eventuais perdas e danos; o abatimento apresentaçãoantecipada de cheque datado
proporcional do preço. Atenção as regras do para posterior depósito chegando este tema a
art. 18§2º e3º. ser sumulado pelo STJ (Sumula 370 do STJ
“Caracteriza dano moral a apresentação
O prazo para reclamar junto ao antecipada de cheque pré-datado”).
fornecedor sobre os vícios do produto e
doserviço são decadenciais de trinta dias para A responsabilidade dos profissionais
os bens não duráveis e de noventa dias para liberais, conforme a Lei 8.078/90,é subjetiva na
os bens duráveis. A contagem deste prazo hipótese do art.14§4º, ou seja, depende de
inicia-se com a entrega efetiva do produto ou análise de culpa.
do término da execução dos serviços.
Destaco as hipóteses de exclusão de
O prazo decadencial é suspenso com a responsabilidade nos art.12 e 14, ambos no§3º
reclamação comprovadamenteformulada pelo da lei consumerista.
consumidor perante o fornecedor de produtos e
serviços até a resposta negativa O prazo para o consumidor exigir
correspondente, que deve ser transmitida de reparação pelos danos causados por fato
forma inequívoca, bem como pela instauração doproduto ou do serviço prescreverá em cinco
de inquérito civil, até seu encerramento. anos, iniciando-se a contagem do prazo a partir
do conhecimento do dano e de sua autoria.
Além disso, tratando-se de vício oculto,
o prazo decadencial inicia-se nomomento em 7.3. Inversão do ônus da prova
que ficar evidenciado o defeito. Há ainda um
critério utilizado baseado na Teoria da Vida A regra geral no processo civil é que o
Útil, em que se avalia a duração do bem ou ônus da prova é de quem alega. Todavia,o
serviço, para se estender o prazo inicial do inciso VIII do art. 6 da Lei 8.078/90 com vistas
consumidor de reclamar. a facilitar a defesa dos direitos do consumidor,
poderá o juiz, entendendo for verossímil a
7.2.2. A ocorrência do fato alegação ou quando for ele hipossuficiente,
do produto e do serviço

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segundo as regras ordinárias de experiências, resguardar direito seu ou de outra pessoa em


inverter o dever da produção probatória. situação de perigo concreto.

Devemos ressaltar que não obstante a Esta excludente está regulamentada no


responsabilidade do fornecedor debens e art. 188, inciso II c/c art. 929, ambos doCódigo
serviços ser objetiva e ocorrer a inversão do Civil.
ônus probatório, o consumidor não estará
isento de comprovar o dano e o nexo de
causalidade. 8.2. Legítima defesa

Além da hipótese prevista acima, o Este instituto preceitua que o agente,


CDC nos apresenta a modalidade opelegis ,ou diante de situação de injusta agressão atuale
seja, quando a lei dispuser, não necessitando iminente, a si ou a outra pessoa, age de forma
de avaliação judicial, p.ex, arts. 12 § 3º, 14 §3º moderada a repelir o acometido. Tal forma de
e 38 da Lei 8.078/90; exclusão de ilicitude encontra-se prevista no
art. 188, inciso I, 1ª parte, do CC.
A inversão do ônus da prova não
implica a inversão do ônus financeiro. No caso da defesa gerar danos a
Logo,p.ex., se o consumidor pedir prova terceiros, deverá o agente, ainda que
pericial, é ele quem deverá custear o perito. licitamenteem sua defesa ou de outrem,
indenizar o terceiro na forma dos arts. 929 e
7.4. Juízo competente para a propositura da 930 do Código Civil.
ação indenizatória por fato epor vício
8.3. Exercício regular do direito
O consumidor poderá, facultativamente,
propor a ação tanto em seu domicilioquanto no Presente no art. 188, inciso I, 2ª parte,
domicilio do Réu, por força da regra do art. do CC, consiste na extrapolação dos
101, I e do art. 6, VII, ambos da Lei 8.078/90. finscolimados pela lei. Quando não for ilícito,
será exercício regular do direito. Devemos
8. Excludentes de ilicitude e excludentes de ressaltar que o estrito cumprimento do dever
responsabilidade legal não está previsto, dessa forma devemos
encará-lo como uma espécie de exercício
As excludentes de ilicitude afastam a regular do direito.
ilicitude da conduta, mas não o dever
deindenizar, respondendo o agente por atos 8.4. Caso fortuito e força maior
lícitos. Temos, como exemplo, o estado de
necessidade, a legitima defesa e o exercício São institutos bem parecidos e iremos
regular do direito. conceituá-los na seguinte maneira:

Já as excludentes de responsabilidade a) Caso fortuito – caracterizada pela


rompem o nexo causal e afastam o dever de imprevisibilidade, advém de causa
indenizar. Como exemplo, tem-se o caso desconhecida;
fortuito, a força maior e a culpa exclusiva da
vítima. b) Força maior – caracterizada pela
inevitabilidade, advém de causa conhecida;
8.1. Estado de necessidade
8.5. Culpa exclusiva da vítima
Basea-se na deterioração ou destruição
da coisa alheia, ou lesão à pessoa, com o fim Diferente da culpa concorrente da
de remover perigo iminente, quando as vítima, a culpa exclusiva da vítima
circunstâncias não autorizarem outra forma de ocorreráquando a vítima concorrer sozinha
atuação. Neste caso, o para a ocorrência do evento danoso. Há
agente irá atuar com o fim de previsão neste sentido no art. 14, §3º, inciso II

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da Lei 8.078/90. Um exemplo seria um e) nos casos dos arts. 25 e 51, inciso I da Lei
consumidor que compra uma passagem para 8.078/90;
um determinado horário e não comparece, a
companhia não é obrigada a devolver o valor f) nos casos do art. 247 da Lei 7.565/86
da passagem em razão do serviço ter sido (Código Brasileiro de Aeronáutica);
prestado adequadamente e o consumidor não
ter se beneficiado pelo seu não Requisitos para a validade da cláusula de não
comparecimento. indenizar:

Já a culpa concorrente, prevista no art. a) bilateralidade do consentimento;


945 do Código Civil, ocorrerá se a vítimativer
concorrido culposamente para o evento b) que não colida com preceito de ordem
danoso. A indenização será fixada tendo-se em pública;
conta a gravidade de sua culpa em confronto
com a do autor do dano. c) igualdade das partes;

Importante se faz mencionar que se d) inexistência do escopo de eximir o dolo ou a


houver previsão legal de culpa grave do estipulante;
responsabilidadeobjetiva não se discute a
culpa, exceto quando se tratar de culpa e) ausência da intenção de afastar obrigação
exclusiva da vítima ou culpa concorrente. inerente à função;

8.6. Fato de terceiro

Como o próprio nome diz, um terceiro


estranho a relação jurídica entre a vítimae o
fornecedor de bens ou serviços causa dano.
Desta forma, o fato de terceiro não exime o
dever de indenizar, mas permite o direito de
regresso em face do terceiro.

8.7. Cláusula de não indenizar

Somente poderá ser utilizada nos casos


de responsabilidade contratual, em que
umadas partes estabelece cláusula visando o
afastamento do dever de indenizar quando
ocorrer o dano.

Casos em que não será aceita:

a) quando seu conteúdo tiver por fim exonerar


devedor que incorreria em responsabilidade
por dolo ou culpa grave;

b) quando houver violação a interesse de


ordem pública;

c) diante dos hipossuficientes e vulneráveis;

d) nos casos dos arts. 424 e 734 do Código


Civil;

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