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Revue franco-brésilienne de géographie / Revista franco-brasilera de geografia
27 | 2016 :
Número 27
Paraná: olhares sobre as regionalizações
M F V B G ,E S G
R N J
Resumos
Português Français English
Os povos e comunidades tradicionais possuem uma relação simbiótica com o ambiente, território de sua
existência, e, portanto, contribuem significativamente para a sua conservação. As Unidades de conservação
destinadas à proteção integral e/ou ao uso sustentável dos recursos naturais quando sobrepostas aos
territórios destes povos e comunidades, podem gerar conflitos de uso no território. Neste artigo,
problematiza-se esta questão por meio da cartografia da sobreposição das Unidades Conservação (UCs) aos
territórios tradicionalmente ocupados por povos e comunidades no estado do Paraná, destacando sua
presença, os pontos de tensão e a necessidades de diálogo. Por meio da abordagem metodológica qualitativa
articulada à dados quantitativos de órgãos oficiais e pesquisas regionais, realizou-se a produção de mapas,
tabelas e análise do tema. Os resultados indicam que, no estado do Paraná, há mais de três milhões de
hectares destinados às UCs distribuídos em 125 Municípios, vinculadas as três esferas administrativas:
Municipal, Estadual e Federal. Verificou-se que dos 49 municípios onde há esta sobreposição entre
comunidades tradicionais e UCs, têm-se 22 unidades de Proteção Integral e 31 de Uso Sustentável. Contudo,
a sobreposição das UCs aos territórios dos povos e comunidades tradicionais expõe a coexistência entre
atores locais e políticos que possuem interesses diferentes sobre um mesmo território, abrindo-se debates
sobre os limites e os direitos de cada um destes atores.
Les peuples et les communautés traditionnelles au Brésil possèdent une relation symbiotique avec
l'environnement, territoire de son existence, auquel ils contribuent de manière significative à la
conservation. Les unités de protection environnementale brésiliennes peuvent être destinées à la protection
intégrale ou à l’usage durable des ressources naturelles. Quand elles sont superposées aux territoires des
peuples traditionnels, cela produit plusieurs conflits sur l’usage du territoire. Dans cet article, on analyse
cette tension par la production d’une cartographie qui révèle la superposition entre les Unités de Protection
Environnementale (UCs) et les espaces occupés par les communautés, en mettant l’accent sur les points de
tension entre les différents acteurs, aussi bien que la nécessité de dialogue entre eux. La méthodologie de
recherche a suivi une approche qualitative articulée aux données quantitatives officielles, à partir desquelles
ont été produites : cartes, tableaux et analyses des données. Les résultats indiquent qu’il y a plus de trois
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millions d’hectares destinés aux UCs dans l’État du Paraná, distribués dans 125 municipalités, liés à toutes
les sphères administratives du pays : les villes, les états, la fédération. On a constaté que parmi les 49
municipalités où on trouve la superposition entre les territoires des communautés traditionnelles et ceux des
UCS, il y en a 22 unités de protection intégrale et 31 d’usage durable. Cependant, la superposition des UCs
sur les territoires des communautés traditionnelles dénonce la coexistence de plusieurs acteurs locaux et
politiques sur un même territoire dont les intérêts sont différents, autant que le débat sur les limites et les
droits de chacun des acteurs.
Traditional people and communities present a symbiotic relation with the environment, territory of people
existence, therefore those people significantly contribute for the environmental conservation. The
Conservation Units (UCs) which are addressed to full protection and/or the use of sustainable natural
resources, when overlapped to people and community territories, may trigger territorial usage conflicts. In
this article, we address this problem by means of overlapped cartography of conservation units related to
territories that are traditionally occupied by people and communities of Paraná Brazilian state. Here, we
focus on people presence, tension points and needs of dialog. By means of a qualitative methodological
approach articulated to quantitative data obtained from official regional research offices, we produced maps,
tables and further, we analyzed this subject. Results show that in Parana state more than three millions of
hectares are destined to UCs distributed in 125 municipalities, attached to three administrative spheres:
cities, states and federal government. We observed that among 49 municipalities where we found matches
between traditional communities and UCs, we discovered 22 unities of full protection and 31 of sustainable
usage. However, the overlapping of UCs and territories of traditional communities exposes the coexistence
between local players and politicians which have different interests regarding to the same territory, thus
opening a new window of debates about the limits and rights of each one of the players.
Entradas no índice
Index de mots-clés : Cartographie, Peuples et communautés traditionnelles , Unités de protection
environnementale.
Index by keywords : Cartography, People and traditional communities, Environmental conservation units.
Índice geográfico : Paraná
Índice de palavras-chaves : Cartografia, Povos e Comunidades Tradicionais, Unidades de Conservação.
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1 No contexto das questões ambientais no mundo contemporâneo, uma das dimensões
importantes para a realidade brasileira diz respeito à relação território e ambiente. No contexto
do Estado do Paraná, porção meridional do Brasil, a sua formação territorial reflete a
complexidade de um espaço partilhado por diversos povos e interesses políticos sobre áreas de
interesse à preservação ambiental.
2 À luz deste tema, o presente artigo realiza uma abordagem cartográfica da sobreposição das
Unidades Conservação (UCs) aos territórios tradicionalmente ocupados por povos e comunidades
no estado do Paraná, destacando sua presença, os pontos de tensão e a necessidades de diálogo.
3 Como povos e comunidades tradicionais, compreende-se que, assim como afirmam Pereira e
Diegues (2010, p.39), não há uma única definição, mas algumas características são importantes
no reconhecimento destas, dentre elas “[...] são evidenciadas a transmissão oral, a existência de
uma ampla ligação com o território habitado, os sistemas de produção voltados para a
subsistência e o caráter econômico pré-capitalista”.
4 E, como UCs, entende-se o “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público,
com objetivos de conservação e limites definidos, sob-regime especial de administração, ao qual
se aplicam garantias adequadas de proteção” (Brasil, 2002). As mesmas são divididas em dois
grupos, com características específicas: Unidades de Conservação de Proteção Integral e Unidades
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de Conservação de Uso Sustentável. Na primeira, o uso é restritivo as práticas humanas e, na
segunda, combina-se conservação com o uso sustentável dos recursos.
5 A inovação da inclusão nesta lei das UCs de Uso Sustentável é parte das conquistas dos
movimentos sociais aos quais as populações tradicionais estão engajadas, com destaque aos povos
extrativistas da Amazônia. Estes vivenciam conflitos e confrontos em seu território, num embate
entre ao seu direito ao ambiente e os interesses capitalistas na região. Enfrentamento que tem
contribuído na construção social de políticas públicas (Allegretti, 2008).
6 O entendimento desta relação entre conservação, povos e comunidades tradicionais resultou
também em outras políticas específicas, dentre elas, o decreto n°6.040/2007 (Brasil, 2007), o
qual instituiu no Brasil a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais – PNPC. Nesta, em seu Art.03, compreende-se como povos e
comunidades tradicionais: grupos culturalmente diferenciados [...], que ocupam e usam
territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa,
ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos
pela tradição (Brasil, 2007).
7 No Paraná a mobilização dos povos e comunidades tradicionais têm se intensificado nos
últimos anos, sendo importante a articulação da Rede Puxirão dos Povos e Comunidades
Tradicionais1, cujo espaço de articulação tem protagonizado a mobilização de distintos grupos, a
saber: Xetá, Guaranis, Kaingangs, Benzedores e Benzedeiras, Pescadores artesanais, Caiçaras,
Cipozeiras, Religiosos de matriz africana, Faxinalenses, Quilombolas e Ilhéus. Esta articulação
tem sido fundamental na organização das demandas e nas conquistas de direitos aos povos,
dentre eles aqueles relacionados às UCs, sobretudo quanto à garantia da permanência e
reprodução de suas práticas sociais e culturais (Buco; Zadra; Vandresen, 2013).
8 Neste artigo, objetiva-se realizar um panorama da sobreposição das UCs aos territórios destes
povos e comunidades tradicionais. Trata-se de comunidades cujos territórios são expressão do seu
próprio manejo dos recursos naturais, ou seja, nos quais se concentram boa parte dos
remanescentes florestais do estado, justamente pela forma com a qual desenvolvem suas práticas
produtivas, sociais e culturais. Alguns, porém, estão dispersos, fora dos seus territórios originais,
em virtude de processos de expropriação.
9 Neste contexto, o texto está dividido em três partes. Na primeira, apresenta-se a metodologia
utilizada para coleta, sistematização e análise dos dados. Na segunda, a contextualização da
criação das UCs no Brasil e no Paraná, e sua relação com os territórios tradicionalmente ocupados
pelos povos e comunidades tradicionais. E na terceira e última parte, a cartografia das UCs, sua
distribuição espacial no Estado, a identificação dos povos e comunidades tradicionais, bem como
a sobreposição dos territórios.
Metodologia
10 Para produzir a cartografia panorâmica da sobreposição das UCs aos territórios
tradicionalmente ocupados no Paraná, optou-se pela abordagem qualitativa combinando à análise
de dados quantitativos, por meio da coleta, sistematização, estudo e síntese de mapas, publicações
em periódicos e dissertação, assim como portarias e resoluções de das fontes oficiais. A
abordagem do tema se apoia em Diegues (1996); Diegues et. al (2000); Pereira, Diegues (2010);
nas resoluções e decretos do Instituto Ambiental do Paraná (IAP); Secretaria de Estado do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA); Instituto de Terras, Cartografia e Geociências (ITCG);
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA); Fundação SOS Mata Atlântica
(SOS Mata Atlântica); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Instituto Brasileiro
de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA); Sistema Nacional de Unidades
de Conservação (SNUC) bem como a reflexão sobre os dados divulgados por pesquisadores locais
sobre os povos e comunidades tradicionais no Paraná (Leite, 2000; Gomes, 2012; Vandresen,
2014; Corrêa, 2015) e as publicações da Nova Cartografia Social da Amazônia (2016)2.
11 Por meio dos dados coletados nestes documentos foi possível identificar as UCs e caracterizá-
las conforme a área, a tipologia e distribuição nos munícipios do estado, assim como, a
correspondência destas aos territórios dos povos e comunidades tradicionais. Com estas
informações produziu-se: os mapas, utilizando do: software QGIS versão 2.8.3, no que concerne a
categorização, organização e representação dos dados; Software Cartes et Donnees para os dados
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quantitativos; e tabelas e gráficos, por meio do software Microsoft Office, aplicativo Excel, versão
2013.
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20 As UCs de Proteção Integral têm como objetivo preservar a natureza, sendo admitido apenas o
uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos na Lei. Integram-se neste
grupo: a Estação Ecológica; a Reserva Biológica; o Parque Nacional; o Monumento Natural; e o
Refúgio de Vida Silvestre. Enquanto as UCs de Uso Sustentável visam compatibilizar a
conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. Integram-se
neste grupo: a Área de Proteção Ambiental; a Área de Relevante Interesse Ecológico; a Floresta
Nacional; a Reserva Extrativista; a Reserva de Fauna; a Reserva de Desenvolvimento Sustentável;
e a Reserva Particular do Patrimônio Natural (Brasil, 2002).
21 Com o objetivo claro da preservação, as restrições de uso no primeiro grupo são grandes. Sendo
permitido apenas o uso indireto dos recursos, tais como: pesquisas científicas e visitação pública
controlada com o objetivo educativo ou de lazer. O segundo grupo, apresenta menor restrição,
com vistas a compatibilizar conservação e uso sustentável dos recursos.
22 Embora as UCs de uso sustentável sejam conquista, Vandresen (2014) afirma que o tratamento
inadequado aos povos e comunidades pela própria administração destas Unidades ou em ações
jurídicas são recorrentes, via de regra, por ignorar esta especificidade e tratar todas as UCs como
de proteção integral.
23 Em casos como esse, observa-se uma contradição entre a legislação e a gestão das Unidades de
Conservação. Além das interpretações equivocadas da legislação, colaboram com essa prática o
desconhecimento da sociedade brasileira sobre a importância dos povos e comunidades
tradicionais para a conservação ambiental.
24 Entre os povos e comunidades tradicionais indígenas e não indígenas, há uma simbiose entre
homem e natureza, o manejo dos recursos naturais no território está diretamente ligado à cultura
(mitos, regras, valores e conhecimentos). Relações de cumplicidade e de interdependência das
comunidades com a natureza estão diretamente ligados à preservação ambiental. A exploração
dos recursos naturais tem objetivo de valor de uso e não de troca. Via de regra, são grupos que
ficaram isolados dos centros econômicos e criaram relações específicas de produção e, por meio
da tradição oral os conhecimentos são compartilhados e transmitidos de geração em geração
(Pereira, Diegues, 2010; Diegues, 1996; Diegues et al. 2000).
25 O manejo dos recursos naturais associados à sua própria presença, não só tem contribuído para
a manutenção e riqueza na biodiversidade, como também tem sido fundamental para a
manutenção dos remanescentes. Estes povos e comunidades têm sido guardiões das florestas e
matas no Brasil.
26 Assim como no restante do Brasil, no Estado do Paraná, a criação das UCs também tem
provocado o debate sobre a importância dos povos e comunidades tradicionais no bojo das
estratégias de conservação. No que confere à política estadual de meio ambiente, vale ressaltar o
pioneirismo do Paraná na criação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
Ecológico, (ICMS Ecológico)6, e sua relação com a manutenção das Unidades de Conservação no
estado. Política que, posteriormente, também foi implementada em outros estados brasileiros
(Loureiro, 2002).
27 O ICMS ecológico é o “Instrumento de política pública que trata do repasse de recursos
financeiros aos municípios que abrigam em seus territórios Unidades de Conservação ou áreas
protegidas, ou ainda mananciais para abastecimento de municípios vizinhos” (Paraná, 1991).
28 Outra regulamentação importante no Paraná, diz respeito ao decreto nº 3446/1997, no qual
trata especificamente da criação das Áreas Especiais de Uso Regulamentado – ARESUR. Nesta,
está disposto que:
29 As ARESUR(s) são uma conquista dos povos e comunidades tradicionais do Paraná, sobretudo
aos faxinalenses, na medida em que regulam o uso e a exploração, e dispõe sobre o acesso aos
recursos para conservação ambiental. Porém, mesmo que no seu objetivo esteja claro a relação do
Sistema Faxinal com a conservação, estas ainda não foram enquadradas como unidades de
conservação no SNUC. Outra fragilidade das ARESUR (s), conforme Vandresen (2014, p. 98) é
que:
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[...] a ARESUR é extremamente importante, no entanto, não legitima ou protege o território,
somente repassa para a prefeitura o valor do ICMS ecológico, sendo responsabilidade da
comunidade organizar as demandas junto ao poder público municipal e fiscalizar sua
aplicação. Nos casos em que a unidade de conservação não possui um processo de
mobilização social de suas comunidades, as prefeituras utilizam os recursos sem nenhuma
distinção.
30 Para o autor, sem dúvida o ICMS ecológico e a ARESUR são avanços que devem ser
reconhecidos no Paraná, porém não são suficientes, sem que o estado inove os instrumentos de
gestão, fiscalização, ocupação, investimento e, sobretudo de participação, pois na prática não
apresentam nenhum tipo de controle social efetivo. Outro agravante é que, no caso das ARESURs,
embora regulem o uso e exploração das florestas não reconhecem a legitimidade dos territórios
tradicionalmente ocupados pelos faxinalenses.
31 Por tudo isso, é flagrante a coincidência entre estes remanescentes no Paraná, as áreas de
interesse estratégico para conservação ambiental, e os povos e comunidades tradicionais, caiçaras,
quilombolas, indígenas, faxinalenses entre outros. Fato que evidencia a importância da correlação
entre ambos quando o assunto é conservação.
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Esfera
Grupo Categorias
Administrativa
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Mapa 3 – Unidades de conservação no Paraná segundo grupos e esferas administrativas - 2014
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37 Observa-se no mapa 3 que entre os 125 municípios que possuem UCs, em 40 deles há unidades
de Proteção Integral e de Uso Sustentável, simultaneamente. Estas podem ser administradas
pelos municípios, estado ou federação. Sendo que, naqueles municípios que há mais de uma
unidade, podem ter duas ou três destas esferas administrativas (tabela 2 e mapa 4), fato que
ressalta a necessidade de diálogos multi-escalares entre diferentes poderes e a população local.
Esfera
Administrativa Municípios
das UCs
Estadual Adrianópolis, Antônio Olinto, Boa Ventura de S. Roque, Campina Grande do Sul, Cerro
Azul, Colombo, Cruz Machado, Inácio Martins, Luziana, Mallet, Palotina, Paula Freitas,
Paulo Frontin, Pinhais, Pinhão, Piraquara, Porto Amazonas, Prudentópolis, Quatro Barras,
Rebouças, Reserva do Iguaçu, Rio Azul, Rio Branco do Sul, S. Jeronimo da Serra, S. João
do Triunfo, S. Pedro do Iguaçu, Santa Mariana, Tijucas do Sul, Três Barras do Paraná,
Tunas do Paraná, Turvo e União da Vitória.
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Campo Magro, Carambeí, Céu Azul, Foz do Iguaçu, General Carneiro, Imbituva, Ipiranga,
Federal Marilena, Matelândia, Nova Laranjeiras, Porto Rico, Querência do Norte, S. Miguel do
Iguaçu, São Pedro do Paraná, Santa Helena, Teixeira Soares e Tuneiras do Oeste.
Municipal e Araucária, Balsa Nova, Campo Mourão, Cornélio Procópio, Curitiba, Guarapuava,
Estadual Jaguariaíva, Londrina, Pato Branco, Roncador e S. Mateus do Sul
Municipal e Alto Paraíso, Altônia, Arapoti, Cianorte, Guairá, Icaraima, Medianeira, Nova Londrina e S.
Federal Jorge do Patrocínio.
Municipal,
Estadual e Campo Largo, Castro, Palmeira, S. José dos Pinhais, Tibagi e Ponta Grossa.
Federal.
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Tabela 03 – Presença dos povos e comunidades tradicionais nos municípios com Unidades
Conservação
Povos e
Municípios com Unidades de Conservação
Comunidades
Caiçara e
Guaraqueçaba, Guaratuba, Paranaguá e Tijucas do Sul.
Cipozeiras
Antônio Olinto, Campo Largo, Guarapuava, Guaraniaçu, Irati, Imbituva, Inacio Martinas,
Lapa, Mallet, Quitandinha, Ponta Grossa, Reserva do Iguaçu,Palmeira, Rebouças, Rio
Faxinais Azul, São João do Triunfo, Boa ventura de São Roque, Campina Grande do Sul,
Prudentópolis, Cruz Machado, Fernandes Pinheiro, Turvo, Pinhão, Tijucas do Sul, Nova
Laranjeiras, Palmeira, Pitanga, São Mateus do Sul e Teixeira Soares.
Alto Paraíso, Altônia, Guaíra, Icaraíma, Porto Rico, Querência do Norte, São Jorge do
Ilhés
Patrocínio, Sengés, Terra Roxa.
Povos e
Grupos Municípios que possuem UCs comunidades
tradicionais
Uso Antônio Olinto, Boa Ventura de São Roque, Irati, Inácio Martins, Lapa, Faxinalense,
Sustentável Mallet, Nova Laranjeiras, Pinhão, Porto Rico, Prudentópolis, Rebouças, Indígena,
Rio Azul, São João do Triunfo, Tijucas do Sul e Turvo.
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Quilombola, Ihéus
e Cipozeira.
Ilhéus,
Proteção Alto Paraíso, Altônia, Bocaíuva do Sul, Campo Largo, Castro, Curiúva, Quilombola,
Integral e Curitiba, Guaíra, Guaraqueçaba, Guarapuava, Guaratuba, Icaraíma, Faxinalenses,
Uso Palmeira, Paranaguá, São Jorge do Patrocínio, São Mateus do Sul, Caiçara,
Sustentável Sengés, Teixeira Soares, Terra Roxa. Cipozeira e
Indígenas.
Conclusões
44 Nesta cartografia panorâmica dos povos tradicionais que produzem o território paranaense,
depara-se com instigantes desafios e questões políticas que são oportunizadas por este tipo de
abordagem. Em primeiro lugar, a forte presença dos povos e comunidades tradicionais no Paraná,
que significa abrir um amplo debate sobre relações entre direitos e a visibilidade destes que,
historicamente, estiveram à margem do reconhecimento territorial oficial. Significa também,
entender que a presença de tais populações, não é somente um dado de localização, mas a herança
histórica, cultural e política de povos de diferentes origens que produzem o espaço paranaense.
45 Nesta cartografia da sobreposição das UCs aos territórios destas comunidades tradicionais do
Paraná foi evidenciado, principalmente, no que diz respeito aos remanescentes florestais no
estado, os territórios são tradicionalmente ocupados por povos que os preservaram por meio do
seu próprio modo de vida. Neste sentido, a presença no mapa assume um papel de urgência
política, sendo necessário reconhecer a importância destes povos tradicionais na produção do
espaço paranaense, seus direitos territoriais e suas ligações históricas, sociais e afetivas com os
lugares vividos.
46 Ao dialogar sobre UCs e povos e comunidades tradicionais, entende-se que a preservação dos
remanescentes florestais está diretamente relacionada ao modo de vida destes e, portanto, sua
presença é fundamental para a própria conservação ambiental destas áreas. As comunidades
tradicionais e natureza se produzem mutuamente, por isso, a necessidade de pensá-las imbricadas
e de compreendê-los como sujeitos indispensáveis à dinâmica do meio.
47 Vale salientar que nesta cartografia cruzada entre unidades de conservação e povos
tradicionais, muitos desafios se mostram latentes: relações entre sistemas oficiais e locais,
compreensão da natureza e da necessidade de escuta do saber tradicional dos povos que habitam
o território, a ampla discussão política sobre o direito ao ambiente e a valorização da experiência e
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Bibliografia
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Notas
1 é um destes movimentos, fruto do 1º Encontro Regional dos Povos e Comunidades Tradicionais, ocorrido
no final do mês de Maio de 2008, em Guarapuava, interior do Paraná.
2 Fascículos publicados podem ser encontrados no endereço eletrônico:
http://novacartografiasocial.com/fasciculos/povos-e-comunidades-tradicionais-do-brasil/
3 Parque Nacional de Itatiaia, no Rio de Janeiro.
4 O SISNAMA e o CONAMA foram instituídos pela Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo
Decreto 99.274, de 06 de junho de 1990. O primeiro constitui-se pelos órgãos e entidades da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas Fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis
pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, dos quais fazem parte o CONAMA, órgão consultivo e
deliberativo do SISNAMA, o Ministério do Meio Ambiente, órgão central e o IBAMA, órgão executor.
5 Foi instituído em 22 de fevereiro de 1989, pela Lei nº 7.735. Com ele, a gestão ambiental passou a ser
integrada.
6 A regulamentação da distribuição dos recursos pela Lei do ICMS Ecológico ou Lei dos Royalties Ecológicos
foi instituída pela: Lei Complementar nº 63, de 11 de janeiro de 1990; Lei Complementar nº 59, de 1º de
outubro de 1991, Decreto Estadual 4.262, de 21 de novembro de 1994, o Decreto Estadual 2.791, de 27 de
dezembro de 1996, Decreto Estadual 3.446, de 14 de agosto de 1997, Resolução 33 e 41 de 2009 da Secretaria
do Estado do Meio Ambiente do Paraná – SEMA.
7 Consultar Documentário dos Ilhéus do Rio Paraná em http://redepuxirao.blogspot.com.br/2011/11/blog-
post.htmle documento final I Encontro dos Ilhéus do Rio Paraná 24 e 25 de novembro de 2011, anexo 15.
https://confins.revues.org/11000 13/14
07/11/2017 Cartografia das unidades de conservação e territórios dos povos tradicionais no Paraná
Autores
Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes
Universidade Estadual do Centro-Oeste, marquiana@unicentro.br
O Rio Grande do Norte no Brasil: uma contextualização em onze imagens [Texto integral]
Publicado em Confins, 32 | 2017
O Paraná no Brasil: uma contextualização em treze imagens (e meia) [Texto integral]
Publicado em Confins, 27 | 2016
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