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Vergílio Ferreira
APARIÇÃO

1) QUADRO-SÍNTESE

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Professora: Vilma Serrano
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2) A INFLUÊNCIA DA FILOSOFIA EXISTENCIALISTA

(ver páginas 283 a 286)

 Em Aparição, Vergílio Ferreira volta-se para o problema do homem que procura a sua verdade mais

profunda e que quer entender o problema da sua relação com os outros, com a vida e com a arte.

O termo “aparição” significa exatamente a revelação instantânea de si a si próprio.

 Alberto é um solitário que parece querer espalhar a sua verdade junto dos outros, inquietá-los com os

problemas do Homem em face da vida. Mas a sua comunicação não acontece, mesmo com Ana, que

parece sua confidente; nem com Sofia, que prefere o absoluto da destruição, levando o mais longe

possível as consequências de estar no mundo; ou com Carolino, que entende ao contrário a sua mensagem

de vida.

 Cada homem é único e cada um tem a sua verdade. Além disso, é um ser transitório, um ser para a

morte, que se tenta ultrapassar a si próprio e só se consegue perpetuar através da arte. Daí o lugar

especial concedido à música, que exprime cadência, fugacidade, e sempre transcendência rumo ao

absoluto. E também a montanha ou a planície, com os seus sentidos cósmicos, a ligar o Homem a esse

absoluto e a simbolizar o permanente.

 Dentro do pensamento existencialista, com Deus a perturbá-lo, há uma interrogação constante sobre a

condição humana, sobre os problemas existenciais mais profundos. Alberto tenta mostrar que a vida é

uma coisa maravilhosa e que o reconhecimento da morte ajuda a perceber o quão extraordinário se

perde.

 O tema deste romance centra-se na problemática do SER. Oferece-nos a demanda da realização do ser

humano pela reconquista da harmonia, depois de iluminados os limites da sua condição.

 Alberto procura encontrar a verdade da vida, mas a sua angústia cresce perante a fragilidade da

existência e uma certa solidão e incompreensão no quotidiano. Querendo superar essa condição, cai na

consciência do fracasso. Recusa Deus e afirma a sua fé na omnipotência do Homem. As respostas para a

justificação da sua condição estão no próprio Homem. Mas tudo isto provoca angústia e uma conceção

trágica da realidade do ser humano: ao conceber a vida como criação, o ser humano defronta-se com o

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absurdo da morte; a liberdade do Homem enquanto ser no mundo e responsável pelo que faz é

contrariedade pelas condições e atitudes dos outros e da sociedade, mas, sobretudo, pelos limites da

condição humana.

 A vida coloca-nos perante o absurdo e a inverosimilhança da morte. Existir é ser para a morte. Por isso,

a morte é angústia e fascínio. Incita à vida na própria tensão que contém. Como diz Vergílio Ferreira, a

vida está entre duas noites: o nascimento e a morte.

 A MORTE: surge nas diversas circunstâncias – a morte do Pai (já velho, subitamente à mesa), de

Cristina (ainda criança, num acidente rodoviário), de Bailote (por suicídio), de Sofia (assassinada), a

morte dos animais (o cão e a galinha) – mas sempre como destino, fim último para quem não aceita a

intervenção de Deus. A morte intriga Alberto, pois é inexplicável e absurda, mas também uma “violenta

redescoberta sempre ameaçadora”.

 Em Aparição, há uma tentativa de alertar para a necessidade de consciência do homem sobre si mesmo.

Vergílio Ferreira reflete sobre o lugar do indivíduo personalizado, que resulta de um processo interior,

a partir da circunstância em que vive.

 Toda a obra gira em torno do milagre de ser. O aparecer de nós a nós próprios resulta de uma reflexão

da consciência sobre si mesma e da relação com os outros e com o mundo.

3) ESTRUTURA DA OBRA:
(ver páginas 291-292 do manual)

Estrutura fragmentada: a sequência narrativa é múltiplas vezes quebrada, por analepses (recuos no

tempo), produtos da memória, que introduzem, por seu lado, espaços associados a tempos diferenciados e

perspetivas narrativas distintas.

A escrita é uma experiência que conduzirá a uma descoberta. Coloca-se um problema que é dimensionado

entre os acontecimentos narrados e as reflexões do narrador; por outro lado, o desnudamento do “eu” do

narrador é progressivo, ou seja, a descoberta do “eu” realiza-se através do ato da escrita.

Estrutura circular: inicia e termina com a frase “Sento-me aqui nesta sala vazia e relembro.” A

interseção entre tempos distintos (passado e presente) pressupõe a circularidade cuja significação

simbólica é materializada pela “lua quente de verão” ou por “uma lua quente de fim de verão” (no final da

obra), numa alusão quer à sua forma em círculo, quer à realidade que a lua, enquanto elemento

cosmogónico, significa. A lua, associada à mãe, propõe o regresso à infância (não apenas a infância de

Alberto Soares, mas à infância da própria humanidade), ou seja, a descoberta que Alberto realiza em

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relação ao seu próprio “eu” é o espelho da vivência humana ao longo dos séculos, numa tentativa de

explicação da própria existência.

A linha circular possui a qualidade dinâmica de se perpetuar, de não apressar um início e um fim. De

facto, no final, Alberto assume a sua condição humana – aceita que nem todas as interrogações têm

resposta (apesar de, nesta última fase, a tranquilidade substituir a inquietação inicial): “Sei, não talvez

como quem conquistou mas como se despoja: a minha verdade é o que me sobeja de tudo.”

4) AÇÃO TRÁGICA

(ver página 326)

A ação trágica insere-se na ação principal e relaciona-se com a ideologia da obra. A tragédia consiste no

assassínio de Sofia, após a deturpação que Carolino realiza da mensagem transmitida a Alberto.

Os indícios de tragicidade surgem a vários níveis:

- caracterização de Sofia, carnal e diabólica (p. 81 da obra)

- comportamento de Sofia, desafiante (p. 54 da obra)

- descrição física de Carolino (p. 123 da obra)

- descrição psicológica de Carolino, que revela incapacidade de descodificação das ideias

apresentadas por Alberto (p. 123 da obra)

Ao longo da narrativa, os aspetos indiciais concretizam-se em episódios – Alberto funciona como aquele

que irá despertar as outras personagens de um sono letárgico e tranquilo, motivador de uma felicidade

aparente, levando-lhes o “veneno” da interrogação, a inquietação, que quebra a tranquilidade e provoca

conflitos.

O episódio da morte de Cristina introduz a dimensão do absurdo, do inexplicável. Já não se trata de

revolta, mas apenas de consciência – o sofrimento das personagens que rodeavam esta menina angélica é,

aliás, traduzido de uma forma quase tranquila: a mãe chora baixinho, Ana opta pelo silêncio, Sofia canta

junto ao local onde ocorrera o acidente.

5) PERSONAGENS
(ver páginas 307 a 309 do manual)

Alberto: preocupado com as questões fundamentais da vida, não consegue superar a angústia, embora

com a esposa já tenha aprendido a “verdade”.

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Evaristo: irmão mais novo de Alberto; o narrador caracteriza-o como “magro e alto, articulado como um

boneco de lata”, irrequieto e quase sempre bem-disposto, mas que “tanto era cruel ou amável, egoísta ou

generoso”. Representa a aversão à interrogação existencial do narrador. Recusa a atitude de “monge” de

Alberto, saciando-se com aquilo que pode ver e possuir. O seu materialismo e ceticismo colocam-no no

mundo de uma atitude mesquinha. Cortará relações com os irmãos, aquando das partilhas, apesar de a

distribuição das terras ter sido feita através de sorteio, na presença de um advogado.

Sofia: olhos vivos; “uma beleza demoníaca” (cap. 7). Provocadora e sensual, o seu amor é feito de

entusiasmo, de desespero e de loucura. Revela-se difícil, desde criança, desafiando tudo e todos, as

convenções sociais e morais e a própria vida, tentando o suicídio. Dotada de excessiva energia, prefere o

absoluto da destruição (isto pode observar-se quando a irmã parte o braço de uma boneca e ela destrói

os brinquedos um a um). Sofia é uma personagem lunar, noturna. Tudo nela é enigma, com comportamento,

muitas vezes, desconcertantes. Carolino assassina-a (cap. 25) por considerá-la superior, enorme,

grandiosa; Sofia pagou com a vida a sua ousadia.

Sofia representa o duplo especular de Alberto: se considerarmos que Sofia é igual a Alberto na partilha

e na angústia existencial e na questionação constante, verificamos que são ambos reflexos da mesma

imagem, embora com atitudes diferentes perante a vida. Porém, enquanto Sofia utiliza a Palavra como

arma efetiva para contestar a ordem aparente do Universo em que ambos se procuram, Alberto utiliza o

Silêncio. Se a grandeza de Sofia é sinónimo de ação direta, na expressão solitária da sua individualidade,

Alberto protagoniza a tentativa de “catequizar” os outros através de expetativas pessoais, idealizando-

os e impondo-lhes os seus valores numa manifesta atitude de detentor da Verdade da Existência.

Ana: revela-se, para Alberto, de uma enorme grandeza. Inquieta, parece, até certo momento, aceitá-lo e

compreendê-lo, embora resista à sua notícia “messiânica”. A sua sabedoria seduz o professor.

Lera dois livros de Alberto e sentira-se tocada pelas considerações existencialistas que neles se

vislumbram. Parece haver uma interseção entre a verdade de Ana e a verdade de Alberto.

A angústia perante a fragilidade e limitações da condição humana são para Ana o resultado de não poder

ter filhos, sente-se frustrada, infeliz e humilhada por ver que o marido (Alfredo Cerqueira) apenas se

preocupa em exibir “a sua posse” (cap. 9). Transfere o seu potencial de amor materno para Cristina, e

com a morte desta, transforma o seu comportamento. Ela representa a angústia metafísica e a

integridade, com o regresso ao equilíbrio interior. Consegue encontrar a paz de espírito quando, tempos

depois, adota os dois filhos de Bailote, que se suicidara.

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Cristina: ela é só arte; é criança e não questiona a vida, revelando, com a sua música, um mundo

maravilhoso de harmonia. A sua música tem, para o narrador, o dom da revelação. Parece não pertencer

ao mundo terreno. Através da morte, vai possibilitar a Alberto a exaltação integral da condição humana,

“ter a evidência ácida do milagre do que sou, de como infinitamente é necessário que eu esteja vivo, e ver

depois, em fulgor, que tenho de morrer”. Cristina e a força mágica da sua música continuarão vivas na

memória de todos.

Susana: é a mãe de Alberto. Subjugada por instituições sociais, como o casamento, revela uma submissão

tranquila, uma desistência de si mesma enquanto pessoa individual, com desejos e vontade próprios, para

viver em função de um grupo dominado por figuras masculinas – o seu mundo é a representação de uma

sociedade patriarcal, onde a mulher foi, desde menina, ensinada a viver para o lar e para a maternidade.

Com a morte do marido e o afastamento dos filhos, vive como se fosse um fantasma, encarando de frente

a sua solidão total, numa antecipação da sua morte física.

Tia Dulce: será através do seu álbum que Alberto mergulhará, mais tarde, no tempo da sua infância

perdida (pp. 191-192 da obra).

6) NARRADOR
(ver páginas 293-294 do manual)

Aparentemente temos:

- um narrador homodiegético: é aquele que em determinado momento, apresenta a função de

narrador, sendo uma personagem que a história integra.

- um narrador autodiegético: tratando-se do narrador que relata as suas vivências como

personagem central da história.

Estes dois narradores constituem uma unidade: ambos contam os acontecimentos, ambos são

protagonistas; são momentos temporais distintos que nos levam a considerá-los entidades também

distintas.

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7) TEMPO

(ver página 295 do manual)

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8) ELEMENTOS SIMBÓLICOS

(ver páginas 327-328 do manual)

NOITE: frequentemente acompanhada da lua, surge ligada a acontecimentos trágicos que afetam o

narrador (mortes do Pai, de Cristina, de Sofia e de Mondego). A noite favorece a germinação das

interrogações, da descoberta, da “aparição” da verdade, da transcendência, da vida e da morte.

Sugerindo silêncio e solidão, torna-se propícia à revelação da verdade da vida – é a “noite germinadora”.

NEVE: associa-se à pureza e à purificação. Cobre o mundo para que um novo surja. As neves provocam a

destruição mas, derretidas em água, favorecem a germinação. A neve liga-se, assim, à génese da vida.

Como surge de inverno, contém em si o gérmen da renovação que se dá na primavera.

MONTANHA: incógnita e enigmática. É um verdadeiro símbolo cósmico, exprime as origens dos tempos, o

halo genesíaco (o brilho da génese, da origem); imutável e grandiosa, aparece como seio acolhedor,

proteção dos perigos da cidade, onde há ausência do mal e se estreita a relação com o sagrado.

LUA: surge como força purificadora, de pureza original e absoluta. Associada à noite, permite a

revelação do eu, mas também a angústia e a morte.

CHUVA: ligada à água, é o símbolo da fertilidade da terra. Alberto gosta de andar à chuva pois ela surge-

lhe como revelação, fertilizando a memória e abrindo-lhe o presente ao passado.

VENTO: conota o sopro criador (“o vento do espírito”). É a voz das origens. Mas o vento passa e, por isso,

é também símbolo de efemeridade.

SOL: simboliza a vida, a luz, a energia. Mas o sol pode também ser símbolo da morte, pois torna a terra

calcinada. Ao ser luz, o sol simboliza a revelação de si e dos outros. Pode ser também entendido como

símbolo do sublime, do Bem.

SILÊNCIO: aparece a traduzir os momentos de reflexão, de busca do eu profundo, da busca ontológica

do ser.

FOGO: conota, naturalmente, a destruição para a renovação. O fogo é ambivalente, exprime a catástrofe

e a vida. No Alentejo, os “restos do incêndio” permitem com o esforço consciente do homem, o renascer.

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O fogo pode também traduzir a força e o aniquilamento da paixão, como sucede em Sofia, ardente e

sedutora, que à semelhança da planície alentejana, tem um destino de desastre.

MÚSICA: revela a sensibilidade, a harmonia e o próprio fluir da escrita. A música parece estruturar a

narrativa, simbolizando o vibrar da vida, nas suas múltiplas manifestações. O Noturno em dó sustenido

menor, obra póstuma de Chopin, associa a imagem da noite a escuridão e a nostalgia. Com a noite, e as

presenças constantes da morte, este Noturno favorece o tom angustiado de Aparição. A música, o grito,

o gesto são vozes das profundezas, ecos da memória.

ALENTEJO (a planície): símbolo do espaço terrestre. A planície e a montanha falam a mesma voz

primordial, mas a planície surge também ligada ao destino trágico de Sofia. Terra calcinada, deserto

estéril, talhada para a tragédia.

CIDADE (ÉVORA): cidade branca “semeada de ruínas, de arcos partidos, de nichos de santos das

orações de outras eras”, surge associada aos perigos, à falta de ordem.

MORTE (violenta): fim do passado, do esplendor, de quem se sentia criador, mas nunca tomou consciência

do milagre da vida (Bailote). Símbolo do vazio, do fim do imediato, da efemeridade da beleza e da

sensualidade (Sofia). Símbolo da destruição nas mão de quem quer ser senhor (Carolino): “O homem é que

é Deus porque pode matar” (capítulo 10). Símbolo do que não comporta o intemporal (Cristina).

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