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ANO IX, Nº 5, dezembro de 2015

Informe Técnico do ETENE


Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste – ETENE
Ambiente de Estudos, Pesquisas e Avaliação
Célula de Estudos e Pesquisas

AS FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA SOLAR E EÓLICA NO NORDESTE:


OPORTUNIDADES PARA NOVOS NEGÓCIOS & INOVAÇÃO

Elaboração
Francisco Diniz Bezerra1

Colaboração
Francisca Crísia Diniz Alves (bolsista BNB/ETENE)
Hermano José Pinho (revisão vernacular)

1
Mestre em Engenharia de Produção e Coordenador de Estudos e Pesquisas do BNB/ETENE.
1
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3
2. CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE A MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E
MUNDIAL ................................................................................................................................. 4
3. ENERGIA SOLAR ............................................................................................................ 8
4. ENERGIA EÓLICA......................................................................................................... 13
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 20
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 21

2
1. INTRODUÇÃO

O uso da energia nas atividades humanas vem sendo intensificado nas últimas décadas.
Para o atendimento das necessidades energéticas crescentes, a humanidade tem recorrido às
diversas fontes de suprimento, como petróleo, gás natural, carvão mineral, assim como às fontes
renováveis: biomassa, energia hidráulica, energia eólica, energia solar, dentre outras.

Atualmente, o suprimento das necessidades brasileiras de energia provém, em sua maior


parte, de fontes fósseis, onde prepondera o uso dos derivados do petróleo, com destaque para o
óleo diesel usado nos transportes. No entanto, ainda referindo-se ao uso de combustíveis
líquidos, cabe destacar a importância do etanol e, mais recentemente, do biodiesel. Esses
combustíveis diferenciam a matriz energética brasileira da maioria dos países, onde o uso de
fontes renováveis é menos intenso.

No que se refere à geração de eletricidade, o Brasil também se destaca no cenário


mundial por ter sua matriz de energia elétrica fortemente baseada em fontes renováveis, com
preponderância da hidroeletricidade e da biomassa proveniente da cana-de-açúcar. Mais
recentemente, vêm ganhando destaque as fontes eólica e solar. Como se depreende dos
resultados dos leilões de compra e venda de energia, promovidos pela Agência Nacional de
Energia Elétrica – Aneel, a energia eólica já é considerada atualmente a segunda fonte mais
competitiva, sendo superada apenas pelas grandes usinas hidrelétricas. Neste contexto, o
Nordeste se destaca, em razão de seu elevado potencial eólico e de dispor de “jazidas” de ventos
mais favoráveis do que em outras regiões à instalação de aerogeradores.

Quanto à energia solar, o preço médio de R$ 301,79 por MWh negociado no 8º. Leilão
de Energia de Reserva, realizado em 28/08/2015 e destinado especificamente à fonte solar,
denota que a tecnologia de geração solar ainda apresenta custos elevados, porém com tendência
de queda, como observado nos últimos anos. Ressalta-se que nesse leilão, o Nordeste sobressaiu-
se, em virtude de 24 projetos, dentre os 30 vencedores, serem localizados nessa Região. Por
outro lado, a geração descentralizada para consumo próprio está se tornando competitiva ante os
preços finais praticados pelas concessionárias de energia elétrica, possibilitando o surgimento de
um mercado gigantesco no País para bens e serviços relacionados à energia solar. A legislação
brasileira também tem evoluído nos últimos anos, ensejando maior segurança aos consumidores
na geração de sua própria energia.

Além desta introdução, este texto reúne mais quatro tópicos. No segundo tópico, faz-se
uma rápida contextualização acerca da matriz energética brasileira e mundial, destacando o uso
das fontes renováveis e não renováveis. No terceiro tópico, são apresentadas as potencialidades e
perspectivas para a energia solar no Brasil e no Nordeste, inclusive os desafios na área de
pesquisa e desenvolvimento tecnológico. No quarto tópico, faz-se o mesmo para a energia eólica.
Por fim, no quinto tópico, são tecidas algumas considerações finais.

3
2. CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE A MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E
MUNDIAL

A transformação da energia disponibilizada pela natureza em formas úteis é realizada


mediante o emprego de tecnologias. Para melhor compreensão das tecnologias utilizadas no
aproveitamento dessa energia em prol do atendimento das necessidades humanas, considera-se
importante, preliminarmente, ter-se uma breve noção de sua origem. Como se sabe, toda a
energia disponível na Terra provém das seguintes quatro fontes:

a) Fissão nuclear no interior da Terra, que gera a energia geotérmica (calor da Terra). Vulcões e
gêiseres (fontes termais) decorrem da ação dessa fonte de energia.

b) Fusão nuclear no Sol, que gera os fótons. Esses chegam à Terra na forma de radiação
eletromagnética (luz solar). Parte da luz solar se dissipa em calor ao atingir corpos materiais e
parte é refletida, retornando ao espaço. Uma pequena fração da luz solar é transformada em
biomassa. Quanto ao calor e à biomassa gerada a partir da luz solar, cabe destacar:
• O calor gera o vento e é responsável pelo ciclo hidrológico, por meio do qual a água é
“transportada” para áreas mais elevadas da Terra, dando origem aos rios e
disponibilizando, em consequência, energia hidráulica;
• A biomassa, gerada pelo processo da fotossíntese, consiste na matéria orgânica que forma
as plantas e os animais. As fontes fósseis (petróleo, gás natural, carvão mineral etc.)
tiveram sua origem na biomassa existente em épocas remotas.

c) Gravitação, que decorre do princípio da atração de dois corpos materiais. As marés, formadas
pela atração gravitacional, principalmente entre a Lua e a Terra, são exemplos da ação dessa
força da natureza.

d) Minerais energéticos, dentre os quais o urânio.

Essas quatro “matrizes” energéticas dão origem às fontes primárias de energia, que são
as encontradas na natureza, em sua forma direta. O petróleo, a madeira, o vento, a luz solar, o
urânio, dentre outros, são exemplos de fontes primárias de energia existentes na natureza. As
fontes primárias de energia são comumente agrupadas em fontes renováveis (que não se
esgotam, a exemplo do sol e do vento) e em fontes não renováveis (que são finitas, tais como o
petróleo e o urânio).

As fontes secundárias de energia são as que resultam da transformação das fontes


primárias, a exemplo da eletricidade, da gasolina e do carvão vegetal. Esse processo de
transformação se dá mediante o emprego de tecnologias, que são utilizadas de acordo com a
finalidade desejável. A energia elétrica, por exemplo, pode ser gerada por meio de turbinas de
uma hidrelétrica, acionadas pelo potencial hidráulico dos reservatórios d’água. Pode também ser
gerada, dentre outras formas, por aerogeradores que se movem graças à ação do vento ou por
células fotovoltaicas, que captam os raios solares pelo chamado efeito fotoelétrico. A Figura 1
ilustra a obtenção de energia útil às atividades humanas a partir de diversas fontes primárias e
exemplifica as fontes renováveis e não renováveis.

4
Figura 1 – Interação entre fontes primárias e secundárias de energia

Fonte: Adaptado de J. Anhalt (2013).

São muitas as tecnologias que transformam a energia oriunda de fontes primárias em


outras formas passíveis de atender alguma necessidade humana. No entanto, nem todas são
competitivas. No contexto mundial atual, as fontes primárias mais utilizadas são, pela ordem, o
petróleo, o gás natural, o carvão mineral e o urânio que, em conjunto, representam 86,3% da
matriz energética mundial (Gráfico 1). Portanto, no Mundo, a oferta global de energia provém
basicamente de fontes não renováveis. Biomassa e hidroeletricidade participam, juntas, com
12,4%, ficando para outras fontes primárias, dentre as quais a solar e a eólica, 1,3% da oferta
global de energia. Outras fontes primárias ou não estão disponíveis em determinados lugares ou
não são competitivas, razões pelas quais são preteridas.

A matriz energética brasileira se diferencia da observada no Mundo, em virtude da


expressiva presença das fontes renováveis, que representam 39,5% da Oferta Interna de Energia
(OIE) de 305,6 Mtep, com destaque para os biocombustíveis e a hidroeletricidade. Mesmo assim,
a participação das fontes não renováveis é majoritária, somando 60,5% do total da energia
ofertada no País. No contexto nacional, o suprimento de energia provém principalmente do
petróleo (39,4%) e da biomassa (27,7%). Gás natural (13,5%), carvão mineral (6,3%) e urânio
(1,3%) detêm participação na matriz energética brasileira substancialmente inferior à observa em
nível mundial. Por outro lado, o Brasil se destaca no uso da hidroeletricidade, que representa
11,5% da matriz energética nacional ante apenas 2,5% no Mundo. A fonte geotérmica não é
utilizada no Brasil, enquanto as fontes eólica (0,3%) e solar (0,0002%) ainda são inexpressivas.
5
Gráfico 1 - Participação das fontes primárias na matriz energética mundial e brasileira –
2014 (%)
Mundo: 13.876
5.273 mtep
Mtep
39,4
Brasil: 296 Mtep
306 mtep
Brasil Mundo

31,1
29,0
27,7

21,5

13,5
11,5
9,9
6,3
4,7
1,3 2,5
0,3 0,5 - 0,5 - 0,3

Petróleo Carvão Gás natural Biomassa Urânio Hidro Eólica Geotérmica Solar
mineral
Fonte: BRASIL (2015a)
Elaboração: BNB/ETENE/Ambiente de Estudos e Pesquisas

Para o futuro, a Empresa de Pesquisa Energética – EPE (2014) projeta crescimento


médio na demanda de energia do Brasil de 2,2% a.a. entre 2013 e 2050, elevando-a de 267 para
605 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (Mtep). De acordo com o cenário da EPE, a
participação relativa do conjunto das fontes renováveis na matriz energética nacional pouco se
alterará, elevando-se 1,6 ponto percentual, passando de 43,7% em 2013 para 45,3% em 2050
(Gráfico 2). Conforme as previsões da EPE (2014), haverá aumento na demanda de todas as
fontes primárias elencadas, no entanto, com maior expressividade para o gás natural (230%) e a
hidroeletricidade (220%). Embora o Brasil e, de modo particular, o Nordeste, possua enorme
potencial para energia eólica e solar, o uso dessas fontes na matriz energética nacional será
pouco significativo no horizonte até 2050 ante as fontes convencionais, caso se confirmem as
previsões da Empresa de Pesquisa Energética.

Atualmente, o Brasil é importador líquido de carvão mineral, petróleo e gás natural. No


entanto, a descoberta do Pré-Sal poderá reverter essa situação no futuro. Considerando a média
do período de 2009-2013, a participação do Nordeste na produção brasileira por fonte de energia
corresponde a 7,7% para o petróleo, 7,4% para o álcool, 23,5% para o gás natural e 13,1% para a
geração elétrica.

Gráfico 2 - Previsão da evolução da participação das fontes primárias na matriz energética


brasileira - 2013-2050
700,0 Mtep
605
600,0 549
500,0 460
400,0 353
300,0 267
200,0
100,0
0,0
2013 2020 2030 2040 2050
Outras fontes primárias 5,9 8,1 12,0 13,7 15,1
Lenha e carvão vegetal 21,1 23,3 24,8 25,8 27,2
Hidreletricidade 44,3 59,0 83,3 110,3 139,8
Derivados de cana-de-açúcar 45,4 62,5 77,7 86,2 92,0
Carvão mineral e derivados 13,4 16,2 20,7 24,2 24,8
Gás natural 20,3 34,9 47,4 59,3 67,8
Derivados de petróleo 116,7 149,0 194,6 228,9 238,4
Fonte: EPE, 2014
6
Embora haja pressões para a diminuição do uso dos combustíveis fósseis, em razão dos
impactos ambientais que provocam, particularmente a emissão de gases de efeito estufa, o
Mundo e o Brasil, em particular, ainda dependerão muito dessas fontes energéticas nos próximos
decênios, considerando as previsões da EPE (2014). Neste contexto, há espaço para o
desenvolvimento de novas tecnologias ou mesmo aprimoramento das existentes, tanto para as
fontes convencionais de energia, a exemplo do petróleo, da biomassa, do gás natural e da
hidroeletricidade, como também para fontes não convencionais, dentre elas a eólica e a solar que,
embora ainda incipientes, apresentam enormes perspectivas de crescimento face o paulatino
aumento de sua competitividade.

Para o uso humano, as fontes primárias (e às vezes as secundárias) são transformadas,


mediante o emprego de tecnologias, em formas úteis de energia, dentre as quais se destacam:
• Combustível para transportes
• Eletricidade
• Calor

Figura 2 – Origem e destino dos combustíveis para transportes e da eletricidade na Matriz


Energética Brasileira – 2014
OFERTA RENOVÁVEIS – 120,5 Mtep (39,4%) Biodiesel Eólica
2,9 Mtep 1,0 Mtep
INTERNA DE
ENERGIA Derivados da Lenha e carvão Hidráulica e Outras renováveis CONSUMO
305,6 Mtep cana-de-açúcar vegetal Eletricidade 12,6 Mtep (4,1%) FINAL
48,1 Mtep (15,7%) 24,7 Mtep (8,1%) 35,0 Mtep (11,5%) Lixívia Solar
(100,0%) 2,0 Mtep 0,0006 Mtep

Industrial
0,4 Mtep 4,9 Mtep 17,7 Mtep
87,6 Mtep (28,7%)

Urânio e Bagaço de cana


11,4 Mtep
Residencial
33,2 Mtep (10,9%) 5,7 Mtep
NÃO RENOVÁVEIS – 185,1 Mtep (60,6%)

derivados 24,8 Mtep (8,1%)


4,0 Mtep (1,3%) Eletricidade
45,7 Mtep (15,0%)
2,3 Mtep
Agropecuário
11,2 Mtep (3,7%)
Carvão Mineral 4,3 Mtep
Etanol 13,0
e derivados 14,9 Mtep (4,9%) Mtep
2,7 Mtep
Setor energético
17,6 Mtep (5,8%)
16,8 Mtep 27,5 Mtep (9,0%)
Gás natural
veicular Comercial
Gás natural 1,6 Mtep (0,5%) 7,8 Mtep
41,4 Mtep (13,5%) 8,6 Mtep (2,8%)

Óleo diesel 3,3


Mtep
Público
49,9 Mtep (16,3%) 3,7 Mtep
Petróleo e 41,0 4,0 Mtep (1,3%)
derivados Mtep
120,3 Mtep (39,4%) Óleo combustível 3,7
Mtep Uso não energético
11,9 Mtep (3,9%)*
16,0 Mtep (5,2%)
1,1
Outras Não-
Mtep
Renováveis Gasolina Transportes
0,2 Mtep
1,8 Mtep (0,6%) 25,7 Mtep (8,4%) 86,3 Mtep (28,2%)

Querosene
3,7 Mtep (1,2%)
Combustíveis (86,1 Mtep)
Outros derivados
de petróleo
24,6 (8,0%)

Fonte: BRASIL, 2015b.


Elaboração: BNB/ETENE/Ambiente de Estudos, Pesquisas e Avaliação.
Notas: * Transformação
O rendimento médio das térmicas situa-se entre 30% e 40%. Desta forma, parte expressiva do consumo de
combustível no processo de geração de energia elétrica se dissipa na forma de calor.

No Brasil, o setor de transportes demanda 86,3 Mtep de combustíveis, representando


28,2% da Oferta Interna de Energia, com destaque para a participação do óleo diesel (16,3%). A
energia elétrica consumida no País corresponde a 45,7 Mtep, representando 15,0% da OIE, sendo

7
11,5% proveniente da fonte hídrica. O calor é utilizado principalmente em processos industriais.
A Figura 2 ilustra a origem e o destino dos dois principais insumos energéticos da matriz
energética brasileira: os combustíveis para transportes e a eletricidade. Diferentemente do que se
observa para grande parte dos países, o Brasil se destaca no uso de eletricidade e de combustíveis
provenientes de fontes de energia renováveis.

Olhando para o futuro, as fontes solar, eólica e biomassa se destacam como as mais
promissoras no Nordeste, visando ao aproveitamento de potencialidades energéticas da Região.
A fonte hidráulica, apesar de preponderante atualmente para a geração elétrica, tem o seu
potencial economicamente viável praticamente esgotado na Região. Petróleo e gás natural,
embora existentes no Nordeste, são mais abundantes em outras regiões do País. Considerando
essa realidade, são apresentadas a seguir, as potencialidades e perspectivas de desenvolvimento
tecnológico das fontes solar e eólica, com ênfase no Nordeste.
.

3. ENERGIA SOLAR

De acordo com o Atlas Brasileiro de Energia Solar (Pereira et al., 2006), o Semiárido
nordestino está entre as áreas do País que apresentam os melhores parâmetros técnicos de
insolação. Este fato per se faz dessa Região uma candidata natural a receber investimentos em
projetos de geração de energia elétrica a partir da fonte solar, a exemplo do que já se observa
para a fonte eólica (Figura 3). Também se vislumbra o aumento do uso de tecnologias solares
para aquecimento de água e uso em processos industriais.

Figura 3 - Brasil: radiação solar no plano inclinado – média anual (kWh/m2)

Fonte: Pereira et al. (2006).


Nota: cores mais claras indicam maior radiação solar.

O potencial de utilização da energia solar para geração elétrica é gigantesco no


Nordeste. Essa Região apresenta vantagens em relação às demais regiões brasileiras, graças à
maior intensidade da radiação solar e à maior média diária de luminosidade existente em parte
expressiva de sua área, notadamente no Semiárido (Figura 1). Em virtude dessas características
8
da Região, o primeiro projeto de geração solar com fins comerciais, com potência instalada de 1
MWp, foi implantado no Ceará, no município de Tauá.

O uso da energia solar para geração de energia elétrica é relativamente recente. Assim,
como é natural para qualquer tecnologia nova, vislumbra-se haver espaço para aprimoramentos
ao longo do tempo, principalmente ao se considerar que a eficiência dos painéis comercializados
atualmente é da ordem de 15%. Visando baratear o custo do watt gerado, empresas do mundo
inteiro pesquisam novas tecnologias e o aprimoramento das existentes, face à abundância desse
recurso energético. No Nordeste brasileiro, existem diversos grupos de pesquisa empenhados em
desenvolver tecnologias alternativas de geração solar. As células solares poliméricas e as células
solares orgânicas são dois exemplos de tecnologias novas que têm sido objeto de pesquisa,
inclusive por pesquisadores sediados no Nordeste. Paralelamente a isto, têm sido desenvolvidos
equipamentos e dispositivos cada vez mais eficientes no consumo de energia elétrica, a exemplo
das lâmpadas de led, possibilindo atender as necessidades de iluminação com equipamentos
alternativos, com soluções individualizadas.

Apesar do enorme potencial existente no Nordeste, a geração solar ainda possui escala
de custos superior à de outras fontes, haja vista o seu insucesso nas concorrências dos leilões da
Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel. Essa falta de competitividade ante às demais
fontes ficou evidente no 8º. Leilão de Energia de Reserva, realizado em 28/08/2015 e destinado
exclusivamente à fonte solar, conforme referido na introdução deste documento, no qual a
energia elétrica foi comercializada ao preço médio de R$ 301,79 por MWh, muito superior ao
observado em outros leilões. Contudo, projetos de energia solar apresentam vantagens ante os
grandes projetos centralizados de geração, por se situarem próximos dos pontos de consumo,
diminuindo perdas técnicas e evitando outros problemas nos sistemas. De fato, como salientado
pela Aneel (2014, p. 9), incentivos à geração distribuída justificam-se pelos potenciais benefícios
que tal modalidade pode proporcionar ao sistema elétrico: a postergação de investimentos em
expansão nos sistemas de distribuição e transmissão; o baixo impacto ambiental; a redução no
carregamento das redes; a redução de perdas e a diversificação da matriz energética, entre outros.
Acrescente-se o fato de que alguns tipos de geração descentralizada podem ser instalados nos
próprios telhados de edificações, dispensando custos associados à aquisição ou arrendamento de
terrenos. ANEEL (2014, pág. 13).

Atualmente, as principais tecnologias empregadas para aproveitamento da energia


proveniente do Sol são:
• Heliotérmica (fototérmica ou termossolar)
• Fotovoltaica

A tecnologia heliotérmica consiste no processo de uso e acúmulo do calor proveniente


dos raios solares. Uma das formas de aproveitar essa energia é mediante o emprego de espelhos
que são usados para refletir a luz solar e concentrá-la num único ponto, onde há um receptor.
Dessa forma, grande quantidade de calor é acumulada e usada tanto para processos industriais
que demandam altas temperaturas como para gerar eletricidade. Apesar de ser competitiva em
diversas aplicações, notadamente no aquecimento de água, as tecnologias heliotérmicas são
relativamente pouco utilizadas no Nordeste, havendo espaço para ampliar substancialmente o seu
emprego, tanto em substituição ao chuveiro elétrico como também para o uso em processos
industriais.

A tecnologia fotovoltaica consiste em um processo que converte a radiação solar


diretamente em eletricidade com o uso de células solares. Essa tecnologia tem reduzido de forma
expressiva o preço do Watt-pico (Wp) nas últimas décadas. Enquanto em 1977 as células
9
fotovoltaicas custavam US$ 76,67/Wp, em 2013 eram comercializadas a US$ 0,74/Wp, o que
representa uma redução de mais de 100 vezes (Figura 4). Embora não tenha participado com
sucesso nos leilões da Aneel, a geração solar apresenta perspectivas favoráveis para o futuro
próximo.

Figura 4 - Evolução do preço de células fotovoltaicas de silício cristalino (US$/Watt)

Fonte: Bloomberg New Energy Finance apud The Economist (2015).

Apesar do enorme potencial solar existente no Brasil e, de modo particular, no


Nordeste, é fato que as iniciativas de desenvolvimento tecnológico para o aproveitamento dessa
fonte energética têm sido tímidas, comparativamente a outros países. Contudo, considerando a
cadeia produtiva da geração solar fotovoltaica, o Brasil produz parcela expressiva dos produtos e
serviços utilizados, embora seja carente de empresas que façam o processamento e o refinamento
de silício de grau solar, lingotes e filmes finos de silício (Figura 5). Ressalta-se que o Brasil
figura como um dos líderes mundiais na produção de silício de grau metalúrgico, ficando atrás
apenas da China, quando considerados os países individualmente. A empresa brasileira RIMA
Industrial aparece como a sexta maior produtora mundial. Embora envolva um processo com
elevado nível tecnológico, o silício de grau metalúrgico possui baixo valor agregado
relativamente ao silício de grau solar. A agregação de valor na etapa é da ordem de 100 vezes:
enquanto o quartzo metalúrgico é comercializado a 0,03 US$/kg, o silício de grau metalúrgico é
cotado a 3 US$/kg. Por sua vez, o silício de grau solar é vendido mundialmente pela média de 30
US$/kg, uma agregação de valor da ordem de 1.000 vezes em relação ao quartzo e de 10 vezes
em relação ao silício de grau metalúrgico (Associação Brasileira de Indústria Elétrica e
Eletrônica – ABINEE, 2012a, p. 29).

Figura 5 – Cadeia Produtiva e de Valor da Energia Solar Fotovoltaica

Fonte: ABINEE, 2012b.


Nota: as células hachuriadas de verdes representam produtos e serviços disponibilizados por empresas brasileiras.

10
Atualmente, não existe a purificação de silício até o grau solar no Brasil em nível
comercial. Algumas empresas e grupos acadêmicos nacionais vêm desenvolvendo, em nível
laboratorial, o processo de purificação por meio da rota térmica, ou metalúrgica, que envolve
menor consumo de insumos energéticos, com resultados positivos sobre o custo final. Contudo, o
trabalho ainda se encontra no nível laboratorial, sem ter passado pela experiência de produção
em escala comercial, e encara alguns desafios técnicos, como o controle de impurezas (ABINEE,
2012a, p. 30). A Figura 6 ilustra a situação do Brasil no que se refere ao domínio da tecnologia
solar fotovoltaica.

Figura 6 - Elos para fabricação de célula solar fotovoltaica e a situação do Brasil no


domínio dessa tecnologia

Fonte: ABINEE, 2012a, p. 30.

Também não existem produtores domésticos de células de silício cristalino2 nem


empresas fabricantes de células baseadas na tecnologia de filme fino. Embora estas células ainda
não atinjam os mesmos níveis de eficiência das células baseadas em silício cristalino, há
atualmente um grande volume de capital investido em pesquisa e desenvolvimento de células de
filme fino que poderão vir a obter níveis de eficiência próximos ou superiores às obtidas com
células de silício cristalino (ABINEE, 2012, p. 30). No entanto, comparativamente a outros
países, os investimentos nessas tecnologias são inexpressivos no Brasil. Esta assertiva se torna
evidente quando se observa os pedidos de patente no Mundo relacionados às tecnologias solares
(Gráfico 3). De acordo com os dados apresentados, a China é líder no número de pedidos de
prioridade de patente, com 1.307 ocorrências no primeiro semestre de 2012, aparecendo o Brasil
na lista com apenas 6 ocorrências.

2
A instalação de uma planta local de módulos (Tecnometal, com capacidade de 25 MW anuais), apesar de não
integrada e com escala incomparavelmente menor do que suas congêneres asiáticas, representa, sem dúvida, um
passo importante em direção à internalização e ao adensamento da cadeia produtiva de equipamentos fotovoltaicos
no Brasil.
11
Gráfico 3 – Países de prioridade dos documentos recuperados em nível mundial x número
de ocorrências – energia solar

Fonte: INPI, 2013

No tocante aos pedidos de patente registrados no Brasil relacionados à energia solar, de


acordo com o INPI (2012), foram identificados sete documentos no primeiro semestre de 2012,
sendo seis com prioridade nacional3, e um com prioridade alemã. No período considerado, dentre
os cinquenta países com depósitos prioritários publicados, o Brasil ocupou a vigésima quinta
posição no ranking de prioridades. O perfil dos depositantes brasileiros revela que dos sete
pedidos encontrados, cinco foram efetuados por inventores independentes e os outros dois por
empresas, incluindo-se neste segundo grupo um pedido com prioridade alemã. Não foi detectado
nenhum pedido de origem brasileira que tenha sido efetuado no exterior, publicado no primeiro
semestre de 2012 (INPI, 2012).

Visando ter-se uma ideia das tecnologias mais pesquisadas para o aproveitamento da
energia solar, são apresentados, na Tabela 1, os códigos da Classificação Internacional de
Patentes mais contemplados com pedidos de patente no Mundo. Como se observa, as tecnologias
heliotérmicas preponderam, no entanto, pedidos de patenteamento envolvendo as tecnologias
fotovoltaicas também são expressivas. Do total de 2.621 ocorrências de pedidos de patente
ocorridas no 1º. semestre de 2012, 34,8% são relacionados ao subgrupo F24J2/46 – Partes
componentes, detalhes ou acessórios de coletores de calor solar.

3
O País de prioridade é aquele onde primeiramente foi realizado o pedido de patente referente à invenção.
12
Tabela 1 – Pedidos de Patente sobre Energia Solar publicados no Mundo no 1º semestre de
2012, segundo os códigos da Classificação Internacional de Patentes
Nr. de %
Código Descrição
ocorrências total
PRODUÇÃO DE CALOR, USO DE CALOR NÃO INCLUÍDO EM
F24J
OUTRO LOCAL
Utilização de calor solar, p. ex. coletores de calor solar (destilação ou
evaporação de água usando energia solar C02F 1/14; aspectos da cobertura de
telhados para dispositivos coletores de energia E04D 13/18; dispositivos para
produzir energia mecânica a partir da energia solar F03G 6/00; dispositivos
F24J 2/00 semicondutores especialmente adaptados para converter energia solar em 289 11,0
energia elétrica H01L 31/00; células fotovoltaicas [PV] incluindo meios
diretamente associados com a célula PV para utilizar energia do calor H01L
31/0525; módulos PV incluindo meios associados com o módulo PV para
utilizar a energia do calor H02S 40/44) [2014.01]
F24J 2/04 ·Coletores de calor solar com o fluido de trabalho conduzido através do coletor 262 10,0
F24J 2/05 · ·envolto por um fechamento transparente, p. ex. coletores solares a vácuo 182 6,9
F24J 2/10 · · ·tendo refletores como elementos de concentração 193 7,4
· ·o fluido de trabalho sendo conduzido através de condutos tubulares
F24J 2/24 250 9,5
absorvedores de calor
F24J 2/34 · ·com matéria armazenada de calor 101 3,9
·empregando meios de reboque (F24J 2/02, F24J 2/06 têm prioridade; montagem
ou suportes rotativos para os mesmos F24J 2/54; estruturas de suporte para
F24J 2/38 197 7,5
módulos fotovoltaicos para geração de energia elétrica especialmente adaptadas
para sistemas de detecção solar H02S 20/32) [2014.01]
F24J 2/40 ·Disposições de controle 232 8,9
F24J 2/46 ·Partes componentes, detalhes ou acessórios de coletores de calor solar 913 34,8
F24J 2/48 · ·caracterizado pelo material absorvedor 147 5,6
F24J 2/52 · ·Disposições de montagem ou suporte 360 13,7
F24J 2/54 · · ·especialmente adaptados para movimentos rotativos 135 5,2
Dispositivos semicondutores sensíveis à radiação infravermelha, luz, radiação
eletromagnética de comprimento de onda mais curto ou radiação corpuscular e
H01L 31/042 especialmente adaptados para a conversão da energia de tal radiação em energia 204 7,8
elétrica ou para controle de energia elétrica por meio de tal radiação; · ·Módulos PV
ou conjunto de células simples PV (estruturas de suporte para módulos PV)
TOTAL 2.621 100,0
Fonte: INPI, 2013
Notas: 1. Um único pedido de prioridade de patente pode conter um ou mais códigos de classificação;
2. A quantidade dos códigos terminados em “/00” não representa a soma das subclasses correspondentes com
final “/02”, “/04” e “/06”.
3. Os valores percentuais são relativos ao total de documentos publicados de pedidos de patente no 1º.
Semestre de 2012: 2.621 ocorrências.

Do exposto, constata-se que as poucas iniciativas endógenas de P&D na área de energia


solar, relativamente a outras nações, não condizem com o enorme potencial que o País possui
nessa fonte energética.

4. ENERGIA EÓLICA

Ao longo do tempo, a energia elétrica consumida no Nordeste tem sido gerada basicamente
a partir da fonte hidráulica, destacando-se o Rio São Francisco como o seu principal provedor. No
entanto, em anos recentes, outras fontes têm ocupado espaço mais relevante na matriz de geração
elétrica da Região, sendo promissoras as perspectivas para um paulatino aumento da participação da
13
fonte eólica. Com efeito, além das fontes térmicas, utilizadas com maior intensidade apenas quando
ocorre escassez pluviométrica e diminuição expressiva do nível d’água dos reservatórios, cada vez
mais a fonte eólica ganha espaço na matriz de geração elétrica do Nordeste, já tendo, inclusive,
elevado a sua participação de 0,6% em 2009 para 7,8% em 2014 (Gráfico 1). Além disso, o potencial
hidrelétrico remanescente economicamente viável da Região encontra-se próximo do seu
esgotamento, enquanto as fontes renováveis solar e principalmente a eólica tornam-se cada vez mais
competitivas ante a diminuição dos custos de instalação e de geração.

Gráfico 4 – Evolução da participação das fontes hidráulica, térmica e eólica na matriz de


geração elétrica do Subsistema Nordeste (%)

0,6 2,0 2,2 3,5 4,9 7,8


3,7
13,4 10,0
16,6
38,8
49,0

95,7
84,6 87,9
79,8
56,3
43,3

2009 2010 2011 2012 2013 2014


Eólica Térmica Hidráulica
Fonte: Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS (2015)
Elaboração: BNB/ETENE/Ambiente de Estudos e Pesquisas

Historicamente, a crescente demanda de energia elétrica do Nordeste só é plenamente


atendida graças à importação de outras regiões, principalmente do Subsistema Norte. O Gráfico 2
apresenta a geração e a importação líquida de energia elétrica do Subsistema Nordeste a partir de
2001, demonstrando a sua dependência da produção de eletricidade em outras regiões do País.
Ressalta-se, contudo, que graças ao elevado potencial eólico do Nordeste, aliado à possibilidade de
geração térmica, a Região tende a se tornar autossuficiente na geração de energia elétrica. Alguns
estados da Região, como é o caso do Rio Grande do Norte, já se aproximam da autossuficiência
em energia elétrica, em virtude dos expressivos investimentos em geração eólica realizados nos
últimos anos, aliados a outras iniciativas usando combustíveis fósseis.

Gráfico 5 - Evolução da Geração e Importação Líquida de Energia Elétrica no Subsistema


Nordeste – 2001-2014 (1.000 MWmédios)

1,39
1,35 2,39
0,37 1,99 1,61
0,32 1,34
0,53 2,20
0,75
0,87 1,26
1,04

6,88 7,38 6,89 7,88


6,16 6,60 6,18 6,16 6,57
5,52 5,28
4,25 4,75 4,78

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Import. Líq. Geração

Fonte: ONS, 2015


Elaboração: BNB/ETENE/Ambiente de Estudos e Pesquisas
Nota: O Subsistema Nordeste integra o Sistema Interligado Nacional (SIN) e compreende
todos os Estados da Região, exceto Maranhão.
14
O Brasil possui potencial de geração de energia elétrica a partir da fonte eólica superior
à atual demanda. De acordo com o Atlas do Potencial Eólico do Brasil (Amarante et. al., 2001),
o potencial eólico do Brasil alcança 143 GW, dos quais cerca da metade no Nordeste. Esse
montante foi estimado tendo por base velocidades médias de vento igual ou superior a 7 m/s a 50
metros de altura. Considerando alturas maiores, como a das torres dos novos parques eólicos,
que normalmente ultrapassa 80 metros, estima-se que o potencial eólico do Brasil ultrapasse 300
GW, muito superior à atual capacidade instalada de geração de energia elétrica do País, de cerca
de 150 GW.

Cabe destacar que estão localizadas na Região nordestina as “jazidas” de vento que
apresentam as melhores condições de aproveitamento para fins de geração de energia elétrica
(Figura 1). Por esta razão, a maioria dos projetos que participaram dos leilões de energia da
ANEEL está situada nessa Região. Em função de sua competitividade na geração eólica, o
Nordeste é candidata natural a receber vultosos investimentos previstos para os próximos anos
nessa fonte energética.

Figura 7 – Potencial eólico do Brasil

Fonte: Amarante et. al., 2001 in Atlas do Potencial Eólico do Brasil

A tecnologia de geração de energia elétrica com o uso de aerogeradores não se mostrava


competitiva no Brasil até meados dos anos 2000. No entanto, atualmente representa a segunda
fonte mais competitiva nos leilões de comercialização de energia elétrica, perdendo apenas para
as grandes usinas hidroelétricas (Gráfico 6). É notória a tendência de queda nos preços da fonte
eólica desde o 2º. Leilão de Energia Renovável (LER), realizado em dez/2009, cujo preço foi de
R$ 213,28, em valor atualizado pelo IPCA para julho/2015. Esse desempenho tende a se manter
no futuro, o que ensejará o fortalecimento do mercado de aerogeradores no País. Neste contexto,
seria importante o Brasil fomentar o desenvolvimento de tecnologias endógenas que possibilitem
o aproveitamento do enorme potencial de ventos existente no País, sobretudo no Nordeste.

A competitividade da geração eólica se confirma pelo sucesso alcançado nos leilões


promovidos pela ANEEL, nos quais os projetos que utilizam essa fonte energética têm alcançado
posição de destaque, em razão de seus preços por MWh estarem entre as melhores opções,
15
perdendo apenas para os projetos das grandes hidrelétricas. A competitividade da geração eólica
se torna ainda mais evidente a partir de 2014, ano em que ocorreu um salto no acréscimo anual
de capacidade instalada em relação aos anos precedentes (Gráfico 7). Esse cenário de vultosos
investimentos em geração eólica no Brasil, particularmente no Nordeste, tende a permanecer no
futuro, mantendo aquecido o mercado de equipamentos e serviços nessa área.

Gráfico 6 – Preço médio de energia elétrica comercializada em leilões da ANEEL (Reais)

225,60
219,33 220,12 213,28 (2º LER)
218,28 214,86
207,34 210,54
209,67 204,84
206,11 202,58
187,39 187,64
182,18
174,29
170,97
156,13
157,82
150,02 152,04
146,42 (20º LEN)
142,75 (17º LEN)
138,68 142,41 (19º LEN)
133,95 (13º LEN) 135,31 (18º LEN)
131,32 (13º LEN) 132,58 (Sto. Antônio)
125,23
116,21 114,75
110,14 (Jirau) 109,18 (Belo Monte)
105,87 (15º LEN)
98,72 (15º LEN)
94,91 (São Manoel)
91,35 (Sto. Antônio)

10/10/2006 22/02/2008 06/07/2009 18/11/2010 01/04/2012 14/08/2013 27/12/2014 10/05/2016


BIO EOL PCH UHE UTE

Fonte: Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE (2015).


Notas: valores a preços constantes de jul/2015, corrigidos pelo IPCA.
Legenda: LEN – Leilão de Energia Nova; BIO – Biomassa; EOL – Energia Eólica; PCH – Pequena
Central Hidrelétrica; UHE – Hidrelétrica; UTE – Unidade Termelétrica.

O forte crescimento da geração eólica no Nordeste está suscitando o surgimento na


Região de empresas fornecedoras de bens e serviços para esse setor, cuja demanda se mantém
crescente. Forma-se, portanto, uma nova cadeia produtiva, que requererá investimentos para a
qualificação de recursos humanos e realização de pesquisa e desenvolvimento (P&D), em razão
da dinâmica competitiva das empresas.

Gráfico 7 – Capacidade instalada de parques eólicos com início de operação no ano de


referência (MW)

4.322,5

2.783,8
2.308,5
2.066,4

1.220,6
498,4 456,2 313,2
266,9 325,6

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL, 2015).
Elaboração: BNB/ETENE/Ambiente de Estudos e Pesquisas.
Nota: os dados de 2015 a 2018 referem-se a projetos já previstos.
16
O elevado potencial eólico do Nordeste, associado à competitividade dessa fonte
energética nos leilões de compra e venda de energia elétrica, atraiu fabricantes de componentes
de aerogeradores para a Região, já tendo sido instaladas diversas fábricas, em vários estados
nordestinos (Quadro 1). A vinda de fabricantes desses equipamentos traz consigo know-how que
poderá ser absorvido por profissionais brasileiros e possibilitar o surgimento de massa crítica
nesse campo no País, ainda incipiente. A efervescência dessa indústria, cujo crescimento tem
sido vertiginoso e sustentável nos últimos anos, ensejou a criação de cursos de capacitação nas
universidades brasileiras e nordestinas, bem como a formação de grupos de pesquisas nessa área.
Espera-se, assim, que o Brasil e a Região nordestina, em particular, possam, com o passar do
tempo, gerar inovações no campo da geração eólica, consolidando o processo de internalização
dessa tecnologia no País.

Quadro 1 – Principais fabricantes de componentes da indústria eólica no Nordeste


Estado Localização Principais Fabricantes Principais Produtos
Camaçari Gamesa caixa de rotor
Camaçari Alstom Cubos eólicos
Simões Filho Acciona Windpower Cubos eólicos
Bahia
Jacobina Torres Eólicas do Nordeste Torres
Camaçari Tecsis Pás e aerogeradores
Camaçari Torrebras Torres
Pecém Wöbben/Enercon Pás
Pecém Suzlon Aerogeradores
Pecém Aeris Energy + Suzlon Pás
Ceará
Caucaia Fuhrländer Aerogeradores
Maracanaú Vestas Aerogeradores
Fortaleza Tecnomaq Torres em aço
Suape Impsa Turbinas eólicas
Suape LM Wind Power Pás
Pernambuco
Suape Gestamp Torres
Suape Iraeta Flanges
Rio G. do Norte Areia Branca Acciona Windpower Torres de concreto
Elaboração: BNB/ETENE/Ambiente de Estudos e Pesquisas

Os aerogeradores de grande porte até então instalados no Brasil são produzidos com
tecnologia desenvolvida em seus países de origem e naturalmente se adéquam melhor às
condições para as quais foram projetados. Alguns fatores que interferem no desempenho dos
equipamentos, como a velocidade média anual dos ventos, condições atmosféricas e climáticas,
precisam ser melhor adequadas às características do Brasil, abrindo assim, per se, um leque de
opções de pesquisas tecnológicas para torná-los mais condizentes com a realidade do País. A
tecnologia dos aerogeradores de grande porte é relativamente recente. Dessa forma, vislumbra-se
nesse setor enormes possibilidades de P&D no aperfeiçoamento de seus componentes (turbinas,
rotores, naceles, pás, torres etc.), visando ao aumento da eficiência e da vida útil, além de
equipamentos acessórios de medição de vento e da energia gerada, de controle da qualidade da
geração e da ligação à rede, dentre outros.

No que concerne aos aerogeradores de pequeno porte, existe um espaço enorme para
crescimento, principalmente após a legislação brasileira permitir o intercâmbio de produtores
pessoa física com a rede de distribuição, gerando créditos (em kWh) válidos por um ano. Esta
iniciativa, associada a outras, está favorecendo o surgimento de empresas fabricantes e
17
fornecedoras desses equipamentos no País. Nesse caso, já existe tecnologia nacional, que deverá
ser aprimorada para não perder espaço para fabricantes de outros países.

A exemplo do que se observa para as tecnologias solares, a pesquisa de cunho


tecnológico no campo da energia eólica é incipiente no Brasil. Essa assertiva se torna evidente
quando se observa os registros de prioridade de patente referentes ao 2º. semestre de 2012, nos
quais o Brasil deteve apenas 4 ocorrências. Novamente a China aparece como o País líder no
número de pedidos prioritários de patente, com 1.555 ocorrências no referido período (Gráfico
8). Conforme esclarece o INPI (2013), foram publicados no Brasil 16 depósitos sobre energia
eólica no segundo semestre de 2012, sendo três com a primeira prioridade nacional e outros treze
com prioridades estrangeiras, assim distribuídos: oito pedidos com prioridade reivindicada no
Escritório Europeu de Patentes, dois pedidos com prioridade japonesa, e outros três pedidos com
uma única prioridade dos seguintes países; Alemanha, Taiwan e Estados Unidos. Os três
depósitos com prioridade nacional foram efetuados pelo mesmo inventor independente. Foi
também identificado um único depósito no exterior com prioridade brasileira, sendo o mesmo
efetuado via PCT - Tratado de Cooperação de Patentes (INPI, 2013).

Gráfico 8 – Principais países com pedido de prioridade de patente na área de energia eólica
– 2º. Semestre de 2012

Fonte: INPI, 2013.

No que diz respeito às áreas de concentração de tecnologia, foram pesquisados os


códigos da Classificação Internacional de Patentes (CIP) que constavam nos documentos
encontrados. A Tabela 2 permite visualizar as tecnologias relacionadas à energia eólica com
maior número de incidência nos pedidos de patente publicados no segundo semestre de 2012. De
acordo com os dados apresentados, destaca-se, dentre outros, a prevalência de pedidos de
prioridade de patente relacionados aos itens: F03D11/00 (detalhes, peças ou acessórios não
incluídos nos outros grupos desta subclasse), com 1.114 ocorrências; F03D9/00 (adaptações de
motores a vento para uso especial; combinações de motores a vento com aparelhos por eles
acionados), com 1.016 ocorrências; F03D3/06 (rotores de motores a vento com o eixo de rotação
substancialmente perpendicular ao fluxo de ar na entrada do rotor), com 420 ocorrências; e
18
F03D1/06 (rotores de motores a vento com o eixo de rotação substancialmente paralelo para o
fluxo de ar na entrada do rotor), com 404 ocorrências; e F03D7/00 (controles dos motores a
vento), com 303 ocorrências.

Tabela 2 – Principais itens com pedido de prioridade de patente no Mundo na subclasse


“F03D – motores movidos a vento” da Classificação Internacional de Patentes – 2º.
semestre de 2012
Nr. de
Código Descrição % total
ocorrências
Motores a vento com o eixo de rotação substancialmente
F03D 1/00 191 5,4
paralelo para o fluxo de ar na entrada do rotor
F03D 1/02 ·com vários rotores 65 1,9
·com meios fixos para orientar o vento, p. ex. com coberturas
F03D 1/04 108 3,1
ou canais
F03D 1/06 ·rotores 404 11,5
Motores a vento com o eixo de rotação substancialmente
F03D 3/00 198 5,6
perpendicular ao fluxo de ar na entrada do rotor
F03D 3/02 ·com vários rotores 97 2,8
·com meios fixos para orientar o vento, p. ex. com coberturas
F03D 3/04 175 5,0
ou canais
F03D 3/06 ·rotores 420 12,0
F03D 5/00 Outros motores de vento 44 1,3
·sendo as peças, de contato com o vento, fixas a correntes sem-
F03D 5/02
fim ou similares
·sendo as peças, de contato com o vento, fixas a carrinhos que
F03D 5/04
se deslocam em pistas ou similares
·em que as peças de contato com o vento oscilam, mas não
F03D 5/06
giram
F03D 7/00 Controle dos motores a vento 303 8,6
·motores a vento tendo o eixo de rotação substancialmente
F03D 7/02 168 4,8
paralelo para o fluxo de ar na entrada do rotor
F03D 7/04 ·controle automático; Regulagem 187 5,3
·motores a vento tendo o eixo de rotação substancialmente
F03D 7/06 128 3,6
perpendicular ao fluxo de ar na entrada do rotor
Adaptações de motores a vento para uso especial;
F03D 9/00 Combinações de motores a vento com aparelhos por eles 1.016 28,9
acionados
F03D 9/02 ·os aparelhos armazenando energia 173 4,9
Detalhes, peças ou acessórios não incluídos nos, nem
F03D 11/00 1.114 31,7
pertinentes aos outros grupos desta subclasse
F03D 11/02 ·transmissão de força, p. ex. usando pás ocas de aspiração 214 6,1
F03D 11/04 ·estruturas de montagem 320 9,1
Total 3.513 100,0
Fonte: INPI, 2013.
Notas: 1. Um único pedido de prioridade de patente pode conter um ou mais códigos de classificação;
2. A quantidade dos códigos terminados em /00 não representa a soma das subclasses correspondentes com
final “/02”, “/04” e “/06”.
3. Os valores percentuais são relativos ao total de documentos publicados de pedidos de patente no 2º.
semestre de 2012: 3.513.

Outro aspecto que cabe registro diz respeito ao montante de investimentos requeridos
para implantação dos parques eólicos e, em decorrência, a geração de empregos. De acordo com
a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica, 2015), em 2014, o Brasil recebeu R$ 18
bilhões de investimentos em energia eólica, grande parte financiados pelo BNDES, gerando 36
mil postos de trabalho. Segundo essa entidade, ante a projeção de se ter 18 GW de capacidade

19
instalada em 2019 para a fonte eólica, estima-se a disponibilidade de 150 mil postos de trabalho
em decorrência dos investimentos realizados e dos que estão por vir.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O potencial e a competitividade do Brasil e, de modo particular, do Nordeste nas fontes


de energia solar e eólica credenciam o País e a Região a criar tecnologia própria para o
aproveitamento dessas alternativas energéticas e, dessa forma, não ficar permanentemente
dependente de tecnologias estrangeiras. No entanto, para que isso se torne realidade, são
necessários investimentos em recursos humanos, laboratoriais e a criação de mecanismos
financeiros que estimulem os pesquisadores da Região materializar boas ideias nessa e em outras
áreas com elevado potencial de crescimento.

É importante atentar para o forte posicionamento e a curva de aprendizado acelerada de


investidores globais nas áreas de eólica e solar. Não agir e deixar que o setor se desenvolva
apenas pela dinâmica das forças de mercado poderá significar a perda do timing, deixando-se de
gerar oportunidades endógenas de criação de empregos qualificados nessas áreas, que se
apresentam, conforme referido, muito promissoras no presente e sobretudo no futuro.

A criação de instrumentos de crédito compatíveis com as características dos projetos é


de suma importância para alavancar os negócios envolvendo as tecnologias solar e eólica. Nesse
sentido, considera-se oportuno, no que concerne à geração distribuída, pensar mecanismos de
financiamento para consumidores residenciais, um filão de negócios que está nascendo e tende a
crescer muito no futuro, haja vista o aumento da competitividade das tecnologias solar e eólica.

20
REFERÊNCIAS

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21
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