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2.

Demoras suicidarias ou a doença de ter um sujeito – 07 de março


 Double Bind: não há dissociação X Dialética (positivo – negativo)
 Estética
o Kant: fundamento axiológico
 Universalidade
 Concordância
 Descomprometimento
 Deleite da Autotelia (fim em si mesmo)
o Foucault: estética da existência – relação de poder e liberdade – governo
de si e o governo dos outros
 Aquilo que diz acerca dos modos de sujeição do sujeito e que sujeita
o mundo
 Ideal de vida do sujeito assujeitado (ideia de beleza de sua vida- criar
a memória de uma existência bela)
 Viver a vida como se fosse uma obra de arte: presos, loucos,
mendigos... resistência às forças do estado.
 Cuidado de si – ideal do sujeito (estilização da vida)
o Estética da existência – Nietzsche
 PORQUE SOU TÃO SÁBIO - 1 - A ventura da minha existência,
porventura a sua singularidade, consiste na sua fatalidade: estou, para
me exprimir em forma de enigma, já morto quanto a meu pai, mas,
no tocante à minha mãe, vivo ainda e vou ficando velho.
 Escrita
o Forma, conceito, ato, única forma real e contemporânea de deixar a literatura
de lado.
 Superação da literatura enquanto institucionalização de saberes
 Biopolítica
o Biopoder
 Poder sobre a vida: políticas da vida biológica (principalmente o
controle sobre a sexualidade)
 Conservação da vida para a manutenção de um certo sistema
econômico que, por sua vez, produz sua própria estética.
 Vida considerada como uma atividade / Foucault: vida como
resistência e estética (obra de arte)
 Poder sobre a morte:
 Racismo – julgamento da vida que possui valor e daquela que
deve ser eliminada
 Suicídio –
 Disciplinarização – anatomopolítica do corpo individual
 Lidar e disciplinar os corpos – controle dos corpos pelo
Estado
 Biopolítica – o poder deve exercer-se soberano indivíduos uma vez
que eles se constituem como entidade biológica se queremos utilizá-
los para produzir riquezas e outros indivíduos (Foucault).
o Em defesa da sociedade (Foucault) – conceito de biopolítica
 A construção – Kafka
o Visto pela crítica como um testamento
o Um homem que se propõe a estetizar a própria vida do ponto de vista do
animal
 Como a vida pode estar fadada à ruína desde sempre?
 A frustração de qualquer construção ser inútil.
 “O mundo não é um lugar seguro e há uma vontade de destruição”.
 Porque o mundo não é um lugar seguro?
 Mortalidade
o Vontade/potência de destruição/autodestruição
o O risco de vida é um risco que se quer/deve correr
 “Nós vivemos no interior da terra” – há animais que nem a
saga consegue descrever
o O texto (literário) não consegue abarcar;
 A liberdade sem sentido do sujeito – “cada vez que tento
sair, fico reduzido a mim mesmo”.
o A base de um conceito de biopolítica – alguém que se vigia ou a vigilância
de alguém que vc pode confiar
o Inoperância – désoeuvrement
 Blanchot – ao criar algo, há sempre certa passividade nesta criação;
 (A inoperância do Estado)
 A possibilidade de deixar um intruso entrar – a dúvida acerca da
propriedade
 A ética do cuidado do outro – a chegada do outro pressupõe uma
violência
 CF 1988 –
 Unheimlich – Freud – familiar e não familiar
o O que mais se nega é o que mais se afirma
o Algo que eu tenho conhecimento mas me excede – próximo ao sublime
(Piero)

Último parágrafo de “A construção” se relaciona diretamente com a primeira parte do


mito de Sísifo – “quanto mais medito sobre isso, tanto mais improvável me parece que ele
tenha alguma vez me ouvido... Enquanto eu não tinha conhecimento dele, ele não seria
capaz de me ouvir, pois o meu comportamento então era silencioso...”
Desenvolver essa relação

3 Experiência: como se pensasse... os limites do irrepresentável – 12 de março


DERRIDA – Il faut bien manger ou le calcul du sujet / O animal que logo sou
 Responsabilidade: implica estar diante do outro, responder a ele.
 Quem vem primeiro, o sujeito ou o outro?
o A ideia de que o ser existe antes de sua relação com o outro.
o Eliminação das definições banais acerca do sujeito.
(impossibilidade do suicídio – quando eu me mato não sou eu, mas o outro em mim)
Narratário – figura ficcional do leitor dentro da narrativa
 A diferença entre o animal e o humano – a autobiografia como movimento imunitário,
de salvação, de salvamento... sempre ameaçado de se tornar autoimunitório.

Leitura: Jacques Derrida, “Tímpano/Timpanizar – a filosofia”. In: Margens da filosofia.


Campinas: Papirus, 1991.
O ser no limite

 Que é o limite para o ser?


o Limite corporal, psíquico, moral?
 A filosofia responde a uma necessidade? (Como entender à necessidade?)
o O discurso que se chamou filosofia quis sempre, incluindo o seu, dizer o limite.
 A FILOSOFIA SEMPRE QUIS DIZER O LIMITE DAS COISAS
 Não apenas dizer, mas assegurar o controle do limite (peras, limes, Grenze)
 Peras – grego; Limes – latim; Grenze – alemão
 Também transgrediu o conceito: “Era necessário que o seu próprio limite
não lhe permanecesse estranho”
 A filosofia ateve-se a pensar o seu outro – o seu limite, onde ela acaba
 A superação do limite
o Repensar a Aufhebung de Hegel (Aufhebung — conceito que quer dizer ao mesmo
tempo superação, aniquilação e conservação — como a simples fórmula de tese,
antítese e síntese, é limitar o pensamento a uma fôrma)
o “O texto como máquina de escrita na qual um certo número de proposições
tipografadas e sistematicamente encadeadas representam a “intenção consciente” do
autor como leitor do seu “próprio” texto, no sentido em que hoje se fala de leitor
mecânico”.
o Pensar o outro – o próprio do outro – o outro do próprio
o A relação da filosofia com o não filosófico.
 Pode-se marcar um lugar de exterioridade (não-filosófico) ou de alteridade a
partir do qual se pode ainda tratar da filosofia?
 Esse lugar não terá sido, sempre, ocupado pela filosofia?
 Será possível penetrar o campo de escuta da filosofia falando dela sem que
ela se aproprie do enunciado?
o A imagem do tímpano
 O que timpanizamos é aquilo que descrevemos
 O enunciado é recebido e reverberado no tímpano
 O martelo interior retransmite o enunciado, auxilia para que o
tímpano não se machuque com o som
o Lôxos – obliquidade
 Fazer trabalhar o lôxos no logos – fazer trabalhar o obliquo na palavra
 A palavra tem um limite. Ao fazê-la oblíqua, ultrapassamos esse
limite?
 A filosofia é um discurso que abarca a si mesma e ao seu exterior:
... seu exterior não seja o seu exterior, não o surpreenda nunca...
o Derrida questiona a pretensa unicidade da filosofia e as estruturas que supõem essa
unidade
 A filosofia resiste à desconstrução: “é o controle infinito que a instância do
ser (e do) próprio lhe parece assegurar; ela permite-lhe interiorizar todo e
qualquer limite como sendo e como sendo o seu próprio”.
 O poder filosófico
 A hierarquia
 O envolvimento
 Falologocentrismo
 Logocentrismo

Em minha dissertação, analisei os efeitos da sátira e da paródia como objetos estéticos que
possibilitam conhecimento de uma forma específica: através da desconstrução de discursos
hegemônicos e pacificados no senso comum. Analisei como essas formas estéticas se desdobram no
discurso, observando que há uma possibilidade de encontrar um referente – principalmente se
tratando de um livro escrito na América Latina, onde a literatura e a realidade social/política possuem
laços fortíssimos.
Penso em estender os estudos para o campo do conhecimento do sujeito, do seu íntimo. Agora
pesquiso um discurso não tão fácil de ser observado, pois não se trata de um referente facilmente
reconhecível. Pode a literatura, através de suas formas estéticas, ser mais do que uma história contada?
Como essas formas estéticas podem “tocar” o ser humano, mudando seu eu interior ou
proporcionando conhecimento sobre si mesmo?
Estaria certo Hegel quando trata da universalidade da arte?
Não vou analisar o leitor, pois eles são diferentes, espalhados pelo mundo e estão longe do meu
alcance. Pretendo analisar os narradores mesmo. Busco, portanto, narradores em primeira pessoa que
passam por um processo de experiência estética e o descrevem. Esse processo estético não será,
obviamente, somente voltado para a experiência artística: vejo o processo estético como algo mais
amplo, como algo voltado para a experiência de vida dos narradores e que modificam sua
interioridade.
Nesse sentido, tenho narradores que me são caros. Nellie Campobello, em Cartucho, passa pela
experiência da guerra e, enquanto criança, ainda não tem a noção moral acerca das consequências
daquelas imagens. Ela é, todos os dias, bombardeada com imagens de morte que entram em sua
cabeça, enquanto criança, de uma forma estética.
“Desde uma ventana
Una ventana de dos metros de altura en una esquina. Dos niñas viendo abajo un grupo de diez hombres
con las armas preparadas apuntando a un joven sin rasurar y mugroso, que arrodillado suplicaba
desesperado, terriblemente enfermo se retorcía de terror, alargaba las manos hacia los soldados, se
moría de miedo. El oficial, junto a ellos, va dando las señales con la espada; cuando la elevó como
para picar el cielo, salieron de los treintas diez fogonazos que se incrustaron en su cuerpo hinchado
de alcohol y cobardía. Un salto terrible al recibir los balazos, luego cayó manándole sangre por
muchos agujeros. Sus manos se le quedaron pegadas en la boca. Allí estuvo tirado tres días; se lo
llevaron una tarde, quién sabe quién.
Como estuvo tres noches tirado, ya me había acostumbrado a ver el garabato de su cuerpo, caído
hacia su izquierda con las manos en la cara, durmiendo allí, junto de mí. Me parecía mío aquel muerto.
Había momentos que, temerosa de que se lo hubieran llevado, me levantaba corriendo y me trepaba
en la ventana, era mi obsesión en las noches, me gustaba verlo porque me parecía que tenía mucho
miedo.
Un día, después de comer, me fui corriendo para contemplarlo desde la ventana; ya no estaba. El
muerto tímido había sido robado por alguien, la tierra se quedó dibujada y sola. Me dormí aquel día
soñando em que fusilarían otro y deseando que fuera junto a mi casa.”
Penso também em Clarice Lispector e sua epifania – seria essa epifania uma experiência estética por
parte das personagens?
Penso em La muerte de Artemio Cruz e sua visão próxima da morte – a morte como experiência
estética.
Sobre os valores estéticos, Dufrenne afirma que o valor é o próprio objeto: “Criar valores será criar
objetos” (54). Desse modo, cada objeto estético é único e tem valor por ser significante e significado.
Gadamer afirma que a obra de arte tem um referente no mundo real, mas se torna autônoma
exatamente por não ser representação mimética deste mundo real, e principalmente por modificar
esse próprio real. A obra de arte toma uma materialidade tamanha que aquele aspecto do real se
modifica pela existência própria da obra.
As realidades são, desse modo, modificadas – e penso isso a um nível cognitivo/ de percepção
daqueles que estão em contato tanto com o mundo real quanto com a obra de arte – a partir da
experiência estética. Daí que “O objeto estético significa – ele é belo com a condição de significar –
certa relação do mundo com a subjetividade, uma dimensão do mundo; ele não me propõe uma
verdade a respeito do mundo, ele me descortina o mundo como fonte de verdade” (53). Observo, pois,
essa relação do objeto estético com uma subjetividade que descobre uma dimensão do mundo e de si
mesma a partir da experiência estética.
Em se pensando na repetição como a forma de identificar uma estética própria que cada autor constrói,
posso estender essa ideia a um conjunto de livros de diferentes autores, mas que compartilham mais
ou menos o mesmo tempo e espaço?
Esses livros não necessariamente se reportam ao autor (como a escrita de Glauco), daí que alguns
elementos da epistemologia do romance não seriam utilizados nesta pesquisa.
(o caso de Nelie Campobelo remonta às vivências da escritora).
“Parece paradoxal falar de sensibilidade e, ao mesmo tempo, exigir do efeito sensível compreensão
de elementos regulares regidos pela razão, que são compostos esteticamente. Mas é exatamente
na busca cognitiva por construção de pensamento e conhecimento por meio da arte que ela mesma,
a arte, se propõe como ação transformadora. De que outro modo assumiríamos uma busca à gênese
da criação, em seus elementos mais fecundos, sem cair na tentação da interpretação pessoal? (E
estamos livres disso?) A observação e análise dos processos estéticos exigem de nós algo além da
pura interpretação e especulação.” (Caixeta, 34)

“Para melhor esclarecer, buscamos no dicionário de Hegel uma definição mais fecunda: 1. Gestalt é
uma palavra do vernáculo, originalmente derivada de stellen (“pôr, colocar, armar, formar, etc.),
mas gerando um verbo próprio, gestalten (“formar, configurar”) e, daí, o substantivo Gestaltung
para o processo ou produto de tal formação. Uma Gestalt não uma forma abstrata que possa ser
compartilhada por várias coisas mas a forma ou um todo morfológico de um indivíduo. Assim, pode
referir-se também ao próprio indivíduo formado. Diferentemente de Form, Gestalt não envolve um
contraste com “matéria” ou “conteúdo”. Os objetos que têm uma Gestalt (por exemplo, plantas,
obras musicais, culturas) são concebidos como unidades orgânicas, somente apreciáveis como um
todo, não por consideração distinta de suas partes. (INWOOD, 1997, p. 150 – grifo nosso).” (Caixeta,
35).

Ao associar a criação do Belo, ou seja, a arte, por uma perspectiva de ideal platônico, Hegel consegue
exigir da filosofia um espaço para se falar da arte enquanto pensamento que se manifesta numa
forma e é proveniente de conhecimento, de razão, indo além do efeito causado pela relação sujeito
vs. objeto. Enquanto criação humana, a arte depende de uma sistemática, que é estética, logo,
sensível e racional, necessitando de condições cognoscíveis para se tornar real, concreta e passível
de experiência. Dessa feita, o filósofo rompe com o estigma de que a arte é um fruto puro da
sensação e está abaixo do conhecimento racional. (Caixeta, p. 38).

Falei, na dissertação, sobre atividade estética. Agora penso na experiência estética. Há diferenças?
Quais são?
Atividade: A atividade estética se caracteriza, então, como um jogo amplo, que corresponde
às relações estabelecidas entre obra, autor, leitor e mundo. Esse jogo permite a reflexão
acerca dessas relações, apresentadas através de elementos estéticos que oferecem visões
outras não abarcadas pela objetividade.
Experiência: a experiência não pressupõe atividade? Mesmo que só na observação, pressupõe-se o
entendimento, o reconhecimento dos signos, a construção de um pensamento através da sensação.

“Lembremos que para Merleau-Ponty a arte, assim como outros fenômenos expressivos, nasce da
percepção sensível do mundo, que não reconhece um sentido dado no objeto (empirismo), nem o
busca nos confins do sujeito (intelectualismo), mas instaura um sentido a partir da relação entre
ambos. Na experiência estética, esse sentido é metamorfoseado em um “ser inteiramente novo e
irrepetível” (Frayze-Pereira, 2006, p. 43): o objeto estético. Liberta da demanda do decalque do real,
a arte ainda assim não é ilusão, mas nos apresenta uma certa verdade: A pintura moderna, como em
geral o pensamento moderno, obriga-nos absolutamente a compreender o que seja uma verdade que
se não assemelhe às coisas, que prescinda de modelo exterior, de instrumentos de expressão
predeterminados, mas que seja, mesmo assim, uma verdade (MERLEAU- PONTY, 1969, p. 92-93).”
Alice casa nova reis – a experiencia estética – mendeley

Uma vez mais: perceber “não é julgar, é apreender um sentido imanente ao sensível antes de qualquer
juízo” (Merleau-Ponty, 2006, p. 63). Essa afirmação encontra seu apogeu na experiência estética,
porque “indubiamente a obra de arte existe para alguém, mas ela só espera ser reconhecida –
apreciada, se quisermos – mas não julgada; a obra de arte espera a percepção que lhe faça justiça”
(Dufrenne, 2008, p. 51).

É pelo corpo que há uma unidade do objeto estético, e particularmente das obras compósitas como a
ópera ou o ballet, que fazem apelo a diversos sentidos ao mesmo tempo... a unidade de sua expressão
não poderá ser compreendida senão sob a condição de que a diversidade do sensível esteja
primeiramente unida num sensorium commune: o corpo é o sistema sempre já estabelecido de
equivalências e transposições intersensoriais, é por ele que há uma unidade dada antes que a
diversidade (Dufrenne, 1967b, p. 426). (RELAÇÃO COM A METAFÍSICA DO BELO – O CORPO)
Dufrenne (2008): “O espectador não é somente a testemunha que consagra a obra, ele é, à sua maneira,
o executante que a realiza; o objeto estético tem necessidade do espectador para aparecer” (p. 82). A
experiência estética, portanto, é sempre mediada pela intencionalidade, que não introduz um sentido
no objeto, mas nele se introduz para captar-lhe o sentido.

DUFRENNE, Mikel. Estética e Filosofia. 3. Ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2002.
Estética fenomenológica

 Edmund Husserl
 Roman Ingarden
 N. Hartmann
 Sartre
 Merleau-Ponty
“Entendemos fenomelogia no sentido em que Sartre e Merlau-Ponty aclimaram este termo na França:
descrição que visa a uma essência, a qual é definida como significação imanente ao fenômeno e dada
com ele. A essência está para ser descoberta mas por um desvelamento, não por um salto do conhecido
ao desconhecido” (Phénoménologie).

 Experiência estética do espectador (que se comunica com a experiência do artista através da


obra)
 Obra de arte X Objeto estético (objeto percebido esteticamente)
 O objeto estético: a obra de arte percebida esteticamente
 Descrição do objeto estético em três planos noemáticos1:
o O sensível (natureza) – Presença (corpo)
o O objeto representado (forma) – Representação (imaginação)
o O mundo expresso (mundo) – Sentimento (intelecto)
 O ser do objeto estético depende da percepção e só se realiza na percepção.
o É um quase-sujeito, superando o para-si e o em-si.
 Na atitude estética há uma espécie de oscilação entre a atitude crítica e a atitude sentimental.
 A importância da experiencia estética:
o “Ela reconcilia o homem consigo mesmo. Ela manifesta a aptidão do homem para a
ciência e para a moralidade. E isso porque a experiência estética ‘se situa na origem,
naquele ponto em que o homem, confundido inteiramente com as coisas, experimenta
sua familiaridade com o mundo’.”(p. 13).
 Neutralização do real e irreal na experiência estética
o “Do mesmo modo como o artista se aliena na criação da obra de arte, assim o
espectador se aliena na percepção estética: entrega-se totalmente à manifestação do
objeto. Efetua-se, então, a redução fenomenológica. Real e irreal são neutralizados.”
(16) – Essa neutralização é possível?
 A intencionalidade – comunicação originária entre sujeito e objeto
o “A intencionalidade significa, portanto, que o homem e o mundo são da mesma raça:
a comunicação que ela conota se funda numa comunidade” (p. 17)

PREFÁCIO – A CONTRIBUIÇÃO DA ESTÉTICA À FILOSOFIA

1
Noema ou sentido noemático: aquele forro, ou camada de sentido ou de significação que se intercala entre
a palavra e a coisa, camada impalpável e incorporal, que forma a designação da coisa ‘como tal’, sem a qual
o signo verbal seria simples sinal ou parte da coisa – a palavra nomeio o objeto e lhe confere sentido
enquanto acontecimento.
 “... a arte espontânea exprime o liame do homem com a Natureza. E é nisto que a estética vai
meditar: ao considerar uma experiência original, ela reconduz o pensamento e, talvez, a
consciência à origem” (24-5)
 Descrição da experiência estética:
 “Se o homem na experiencia estética, não realiza necessariamente sua vocação, ao menos
manifesta melhor sua condição: essa experiência revela sua relação mais profunda e mais
estreita com o mundo. Se ele tem necessidade do belo, é na medida em que precisa se sentir
no mundo” (25).
 “... a fenomenologia da experiencia estética enfrenta diretamente a questão fundamental do
surgimento da representação na presença: do nascimento do sentido.” (25-6)
 O acordo entre as faculdades da consciência:
o “A experiência estética, portanto, testemunha uma aptidão do homem para a ciência.
A ciência é suscitada pela práxis e, sobretudo, pelos fracassos dessa práxis. A
ciência, enquanto teoria, - é construção de conceitos e, depois, de máquinas que
produzem objetos à medida dos conceitos – provém do pensamento que é juízo. Esse
pensamento é delirante enquanto a imaginação exerce sua liberdade fora de todo
controle do intelecto, como no sonho; mas o delírio se abranda e se torna promessa
de razão quando a imagem se carrega de sentido ou quando se torna, pela operação
do gênio, ideia estética. Indubitavelmente a poesia não é ciência, mas a prepara, não
só ao provocar o pensamento positivo por meio de obstáculos epistemológicos, mas
ao exercer o intelecto em objetos ainda imaginários” (27).
 O objeto estético é, ao mesmo tempo, sensível e significante (37)
 “E o sentido que ele [o belo] propõe também não pode ser justificado nem por uma
verificação lógica nem por uma verificação prática; é suficiente que ele seja experimentado,
como presente e urgente, pelo sentimento. Esse sentido é a sugestão de um mundo. Um
mundo que não pode ser definido nem em termos de coisa, nem em termos de estado de alma,
mas promessa de ambos; e que só pode ser nomeado pelo nome do seu autor: o mundo de
Mozart ou de Cézanne.” (p.46)
 “se dizemos que uma coisa é bela, atestamos a presença de um signo cuja significação é
irredutível ao conceito e que, entretanto, nos atrai e nos empenha, falando-nos de uma
Natureza que nos fala.” (45)
 “E talvez mesmo tenha sido necessário que o ato criador fosse inspirado por esse contexto
para ter toda sua densidade, toda sua veracidade. Além disso, talvez seja necessário que esta
cultura, de alguma forma, nos esteja presente também através da obra, contando que a obra,
aqui, seja a verdade da cultura, e não a cultura a verdade da obra” (49).
 “É suficiente que a obra de arte ofereça o semblante de uma necessidade sensível e que esteja
lena de um acordo perfeito? Não. Pois não é possível que o sensível não seja significante;
não lhe basta ser soberanamente exaltado e ordenado, é necessário que ele assuma sua função
de linguagem e que, nele, o splendor ordinis provenha de um sentido: sendo a diferença entre
a linguagem da prosa e a da poesia, precisamente, a imanência do sentido ao signo. O objeto
belo é aquele que realiza, no apogeu do sensível, a adequação total do sensível e do
sentido e que, assim, suscita o livre acordo da sensibilidade e do intelecto.” (51)
 Estilo:
o “Esse sentido inseparável do signo define o estilo, pois o estilo, longe de ser uma
coletânea de receitas técnicas impessoais e inexpressivas, define uma maneira de
fazer como maneira de dizer”.
 A mensagem do belo é sem conceito (52)
o “O objeto estético significa – ele é belo com a condição de significar – certa relação
do mundo com a subjetividade, uma dimensão do mundo; ele não me propõe uma
verdade a respeito do mundo, ele me descortina o mundo como fonte de verdade”
(53)
 Os valores estéticos
o O valor é o próprio objeto: “Criar valores será criar objetos” (54)
o “o valor é um possível que espera sua realização, mas que é, ele mesmo, uma figura
do real” (55)
o “O valor que o objeto estético revela – e que ele vale ao revelar – é uma qualidade
afetiva pela qual se desvela um mundo” (55)
o ... o mundo sugerido pela ideia kantiana é um mundo impessoal e objetivo como a
própria razão, é a promessa ou o voto de uma totalidade inteligível afinal conquistada
pelo intelecto. O mundo sugerido pelo objeto estético é a irradiação de uma qualidade
afetiva, a experiencia urgente e precária na qual o homem descobre num instante o
sentido de seu destino, quando ele está totalmente engajado nessa prova” (56).

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