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ARQUITETURA AÇO
Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 15 setembro de 2008
Marquises
e escadas
“ A tecnologia do aço tem que ser pensada tanto no seu conjunto
Os editores
ARQUITETURA&AÇO 1
Arquitetura & Aço nº 15
setembro 2008
Nelson Kon
sumário
10. 14. 16.
04. Uma seleção de marquises mostra o potencial do aço em diversos acabamentos e desenhos variados.
08. No Aeroporto de Natal, a marquise e a escada são características marcantes desta edificação quase
100% em aço. 10. Denominada “Labareda”, a marquise do Auditório Ibirapuera tem sido a mais festejada
pelo público paulistano. 14. Aço e vidro compõem harmoniosamente a marquise e a escada do Centro Brasileiro
Britânico. 16. Um resgate da história do Planetário do Ibirapuera, inaugurado em 1957, cuja marquise é
sustentada por tirantes de aço. 18. Na Mahle Metal Leve, o aço permitiu desenhos esbeltos para os brises
e para a marquise. 22. Perfis tubulares e vidro compõem a escada e a marquise do Shopping Salvador. 24.
Das mais sofisticadas às populares, as escadas de aço apresentam perfil escultórico nesta seleção.
Boas-vindas...
MARQUISES RECEPCIONAM , ABRIGAM , PROTEGEM . GERALMENTE
CONSTITUEM A PRIMEIRA IMPRESSÃO DE UMA EDIFICAÇÃO . O S
LIVROS TÉCNICOS AS CLASSIFICAM COMO ALPENDRE EM BALANÇO
SUSTENTADO POR MÃOS - FRANCESAS , QUE TÊM COMO FUNÇÃO A
DE RESGUARDAR PLATAFORMAS DE ESTAÇÕES , VITRINES , CALÇA -
DAS ETC . HOJE, USA - SE MARQUISE PARA DESIGNAR PRATICA -
MENTE TODAS AS COBERTURAS ABERTAS NAS LATERAIS . ASSIM,
SELECIONAMOS ALGUMAS MARQUISES COM DESENHOS INOVA -
DORES E QUE CUMPREM O PAPEL DE ORGANIZAR A ENTRADA DE
CORTE
TRANSVERSAL
PRÉDIOS COMERCIAIS E HOSPITALARES E QUE , ALIADAS AO USO DO
AÇO , GANHAM LEVEZA E FUNCIONALIDADE
Projetado por Rino Levi na década de 1950 e inaugurado dez anos depois, o Hospital Albert Einstein necessitou adequar algumas áreas para
atender melhor aos usuários, como recepção, espera de pacientes e acompanhantes e estacionamento de carros. O projeto de retrofit, criado
em 1998 pelo arquiteto Siegbert Zanettini, enfocou a ampliação dos espaços da entrada e o resultado ainda surpreende após uma década.
Um dos destaques do projeto é o novo átrio, que segundo o arquiteto, constitui um elemento de valorização da fachada do prédio, tornando-
a mais contemporânea. A área ampliada recebeu estrutura metálica com 36 m de comprimento, pintura eletrostática branca e fechamento
em vidro. A marquise, com 3,60 m de altura e balanço de 7,70 m, é sustentada por tirantes de aço. Montada em tempo recorde (cerca de
dez dias), a estrutura tem pilares constituídos por perfis I com seção 30 x 30 cm, distanciados 7,20 m entre si, soldados e aparafusados no
edifício antigo. Nas vigas principais e nas peças de contraventamento, foram usados perfis tubulares com diâmetro de 273 mm e 168/355
mm, respectivamente, e a carga da estrutura em balanço recai somente sobre os cinco pilares.
No entanto, a inovação tecnológica deste projeto está no modo como se obteve a curvatura dos perfis tubulares: tradicionalmente, a peça é
calandrada a frio e os tubos vão sendo curvados sob pressão que alteram sua seção, apresentando pequenas ondulações no raio interno. No
novo processo, a peça é curvada eletromagneticamente sem deformações graduais, preservando integralmente sua seção original. Envolve-
se a peça com uma bobina por onde flui uma corrente alternada, criando-se um campo magnético que induz um potencial elétrico para a
peça e, conseqüentemente, um fluxo de corrente. A resistência da peça ao fluxo causa o aquecimento que permite a curvatura de tubos com
até 20 polegadas de diâmetro.
“A idéia foi a de se ter uma grande cobertura com 7 m de balanço e, num só tempo,
Fotos Cacá Bratke
buscar a leveza e a simplicidade, como se fosse um pano jogado sobre dois apoios.”
Assim o arquiteto Carlos Bratke resume o projeto da marquise do Centro Empresarial
e Cultural João Domingues de Araújo, executada em aço tipo COR sobre apoios per-
pendiculares à fachada, dando personalidade ao edifício de 16 andares e desafiando
a materialidade do metal.
A maior dificuldade do projeto foi o grande balanço, “solucionado por uma série de
vigas triangulares de forma que duas chapas, a superior e a inferior, acabassem em
uma só linha”, destaca o arquiteto.
Ainda pouco utilizado no Brasil, o aço COR possui em sua composição elementos que
aumentam a resistência à corrosão. Sua principal característica, quando deixado apa-
rente, é a formação de uma pátina de cor avermelhada que se forma com a exposição
aos agentes do ambiente com o passar do tempo e que protege o aço da corrosão.
ARQUITETURA&AÇO 5
CONTINENTAL SQUARE FARIA LIMA/SÃO PAULO, SP
Aço empregado: aço patinável de maior resistência à corrosão; cálculo estrutural, forneci-
mento e montagem da estrutura metálica: Beltec Engenharia; execução da obra: Inpar
6 ARQUITETURA&AÇO
VIVO, SÃO PAULO/SP
Aço empregado: ASTM A36 (estrutura) e A304 (revestimento); cálculo estrutural, fornecimento e montagem da estrutu-
ra metálica: Phyton Engenharia e Equipamentos Industriais; construtora: Walter Torre Jr. Construtora
Investindo em novas instalações para as sedes da empresa em várias capitais do país, a Vivo construiu edificações que empregam o que
há de mais moderno em tecnologia e sistema construtivo. Na capital paulistana, o impacto começa logo na entrada. Para recepcionar as
pessoas, clientes e funcionários, o arquiteto Edo Rocha projetou uma marquise de 4,5 m x 22 m, e 3 m de altura, suportada por pilares
de aço inox 304 (revestimento) encravados em espelhos d’água, distantes 6 m uns dos outros, e com guarda-corpos também em aço
inox. “A idéia foi deixar a estrutura aparente e colocamos os pilares nos espelhos d’água para dar leveza ao projeto. O teto, cujo forro é
do tipo minibrise, em policarbonato compacto jateado permite a entrada de luz natural”, destaca o arquiteto Mauro Halluli, do escritório
Edo Rocha. Assim, a nova sede da Vivo, implantada no bairro do Brooklin, em São Paulo (SP) exibe um exemplo de projeto arquitetônico
arrojado que também chama a atenção pela torre de 100 m, com efeitos multicoloridos, à frente dos dois blocos da empresa. (D.P.) M
Fotos Carlos Gueller
ARQUITETURA&AÇO 7
Fotos Ricardo Junqueira
Inspiração na natureza
Com restrições de tempo, espaço, mas muita ajuda da natureza local, o arquiteto Sérgio
Parada elabora projeto pioneiro, quase 100% em aço, em Natal, RN
O Aeroporto Internacional Augusto Severo, em Natal (RN), ção e ventilação naturais, além de um
é o primeiro do país executado inteiramente em aço. Segundo cuidado com o entorno paisagístico, a
o autor do projeto, o arquiteto Sérgio Roberto Parada, expert em brisa e a luz abundantes do local, que
projetos aeroportuários, o aço foi uma solução lógica e natural. definiram a linguagem arquitetônica
Afinal, além de permitir grande plasticidade, o material responde adotada. A circulação de ar deve-se, em
satisfatoriamente às exigências da Infraero, como rapidez e adap- parte, à forma sinuosa da estrutura,
tação do projeto às fundações já existentes que delimitavam vãos obtida por meio de treliças, formadas
estruturais de 12 m. por perfis tubulares, com seção trans-
Assim, o novo terminal de passageiros, localizado junto a outro versal variável. No encontro das cober-
já existente, deveria ser dimensionado para atender a 1,5 milhão turas, a instalação de um shed reforça
de passageiros/ano, em um nível A de conforto, de acordo com as os recursos de iluminação e ventilação
normas internacionais. dos espaços internos.
A cobertura assume papel de destaque no conjunto e privile- Telhas metálicas, duplas e ondu-
gia grandes aberturas de modo a garantir o máximo de ilumina- ladas, pré-calandradas com isola-
ARQUITETURA&AÇO
sinuosa apresentam na parte mais baixa pé-direito de 5 m, na seção
intermediária 7 m, na parte mais elevada o pé-direito chega a 13,5 m,
e um balanço de 23 m.
As escadas internas também assumem papel importante na
configuração dos espaços. No saguão de embarque e desembarque,
ela tem degraus de perfis dobrados, piso de granito, corrimão tubu-
lar e vigas estruturais – tudo na cor branca – ficando o laranja da
estrutura geométrica, formada por perfil tubular metálico, respon-
sável pelo contraste.
Além de razões pragmáticas, as formas sinuosas marcantes
desta edificação podem evocar o mar e as dunas típicas de Natal
– um dos cartões-postais mais belos do país. (I.G.) M
> Projeto arquitetônico: Sérgio resistência à corrosão em perfis > Fornecimento da estrutura
Roberto Parada soldados (vigas, pilares, chapas metálica: Cibresme/Tecnoserv
> Colaboradores: Antônio Henrique de nós), perfis dobrados a frio > Execução da Obra: Empire
Antônio Carlos, Mariano Garcia, e perfis tubulares das marquises > Data do projeto: 1998
Gilson Freire e Renata Scafuto > Cálculo estrutural: Technica > Conclusão da obra: 2000
ARQUITETURA&AÇO
Fotos Nelson Kon
“Labareda” no parque
PARA O AUDITÓRIO MUSICAL DO PARQUE IBIRAPUERA, OSCAR NIEMEYER CONCEBEU UMA MARQUISE
CONSIDERADA UMA VERDADEIRA OBRA DE ARTE – E A TRANSFORMOU NA FESTEJADA MARCA REGISTRADA
DO ESPAÇO, ONDE REINA A CALMARIA DA NATUREZA
10 ARQUITETURA&AÇO
QUANDO O PÚBLICO OUVIU os acordes então, diversas promessas de que a obra seria construída animaram
iniciais das Bachianas, de Villa-Lobos, o arquiteto, que se apressava em adaptar o desenho a novos pedidos
em outubro de 2005, estava finalmente e condições. No total, 12 versões foram criadas até 2005, quando
inaugurado o Auditório do Ibirapuera. finalmente a proposta saiu do papel.
Foram mais de 50 anos em compasso Em sua forma definitiva, o Auditório do Ibirapuera ganhou uma
de espera, desde os primeiros traços do volumetria surpreendentemente simples – e, por isso mesmo, genial.
arquiteto Oscar Niemeyer para a cria- Trata-se de um bloco único, com planta trapezoidal e corte triangular,
ção de um espaço destinado a espetá- que abriga palco, foyer e platéia. Tudo erguido em concreto armado e
culos musicais no Parque do Ibirapuera revestido com pintura impermeabilizante inteiramente branca.
até a implantação do projeto. Quem dá o tom da marcante identidade visual do espaço é
A idéia original surgiu em 1951, a marquise metálica vermelha que envolve a porta de entrada,
quando Niemeyer foi convidado para erguendo-se em direção ao céu com força monumental. O elemento
projetar o conjunto de edifícios do par- possui tanta personalidade que foi transformado em logomarca do
que paulistano. Na ocasião, o prédio auditório e, dado seu formato, oficialmente batizado de “Labareda”.
não foi considerado essencial e acabou Com 7,5 m de largura nos apoios, 5,5 m de largura na extremi-
indo para o fundo da gaveta. A partir de dade e 16 m de balanço, a marquise foi inserida posteriormente no
De dentro ou de fora: a platéia interna do Auditório do Ibirapuera comporta aproximadamente 800 pessoas; nos fundos do palco, uma
porta com 20 m de largura permite a exibição de espetáculos na área externa, para mais de 15 mil expectadores
ARQUITETURA&AÇO 11
> Projeto arquitetônico: Oscar Niemeyer
> Área construída: 4.870 m²
> Aço empregado: ASTM A36
Construmet
> Execução da obra: Construtora OAS
contexto da obra. “Por isso, precisávamos de rapidez em sua execu- do edifício por meio de chumbadores
ção”, afirma o arquiteto Jair Valera, que trabalha há mais de 30 anos químicos.
no escritório de Niemeyer. Segundo ele, a partir desta necessidade, Com 4.870 m2 de área construída, o
a opção pelo aço foi o caminho natural. “Tecnicamente, poderíamos Auditório Ibirapuera tem sido um ponto
ter apostado em outro material. No entanto, a facilidade de insta- de atração em São Paulo, com a realiza-
lação das peças metálicas, que já chegaram prontas ao canteiro, foi ção de shows musicais das mais diver-
decisiva”, completa. sas culturas internacionais e nacionais.
Para dar vida à sinuosa imaginação de Niemeyer, as chapas de O palco do Auditório também merece
aço foram moldadas ainda na indústria, a partir de um processo destaque: uma boca de cena de 28 m
de deformação a frio com o uso de calandras. “Uma técnica que de largura, 15 m de profundidade e uma
não é nenhum bicho-de-sete-cabeças”, explica o engenheiro Wilson porta de 20 m, localizada ao fundo, que,
Ramos da Silva, diretor da Construmet, empresa fornecedora da quando aberta, permite espetáculos na
estrutura metálica. Dividida em três tiras longitudinais, a marquise área externa para aproximadamente 15
foi facilmente montada no campo e encaixada nas vigas de concreto mil pessoas. (C.P.) M
A simplicidade dá o tom à volumetria do edifício: palco, foyer e platéia foram acomodados em um bloco único, com corte triangular.
A marquise metálica vermelha, batizada de “Labareda”, surge imponente com a assinatura de Oscar Niemeyer
12 ARQUITETURA&AÇO
Manuais da Construção em Aço
NovoManual
Viabilidade
Econômica
Saiba como obter no site:
www.cbca-ibs.org.br
Revista Arquitetura&Aço Nº 6
Foto: Carlos Alberto Maciel
Carlos Gueller
Elegância britânica
O CENTRO BRASILEIRO BRITÂNICO COMBINA FUNCIONALIDADE, INOVAÇÃO E TRADIÇÃO – BEM AO ESTILO
INGLÊS . A ESCOLHA DOS MATERIAIS , COMO O AÇO E O VIDRO , CONFIRMA TAL PREMISSA
DOIS VOLUMES ROBUSTOS E SIMÉTRICOS unidos por uma caixa A fachada de 285 m2 de pano de vidro do saguão
foi montada sem caixilhos. Para isso, foi utiliza-
central leve e translúcida. Trata-se do Centro Brasileiro Britânico
do sistema do tipo spider-glass em que garras
(CBB), localizado no bairro de Pinheiros, em São Paulo, em terreno aparafusam uma folha de vidro à outra e fitas
de 5 mil m2. O prédio destaca-se não só por sua forte presença de silicone completam a vedação. É interessante
observar, ainda, que, para sustentar toda esta
arquitetônica como pelas múltiplas funções que congrega. Afinal, estrutura transparente e conferir um inusita-
é neste imponente e moderno prédio que estão a Sede da Cultura do desenho geométrico, foi implantada uma
delicada rede de tubos de aço na parte interna
Inglesa, o Consulado Britânico, a Câmara de Comércio, entre outras desta fachada
instituições da área educacional, cultural, comercial e política que
representam as relações entre a Inglaterra e o Brasil.
14 ARQUITETURA&AÇO
O projeto, elaborado pelo escritório de vidro na parte anterior e na posterior, próxima ao prédio, ocul-
Botti Rubin Arquitetos Associados, esco- ta uma treliça horizontal que absorve os esforços de compressão
lhido por meio de um concurso privado, decorrentes do processo de atirantamento.
deveria, desta maneira, combinar fun- Mesmo no interior do edifício a dupla aço-vidro é destaque. A
cionalidade e imponência. “O projeto se escada que liga o térreo às galerias de exposição do mezanino é
destaca pela leveza, em que elementos, formada por degraus de vidro temperado de 40 mm de espessura e
como espelhos d’água, aço aparente perfis laterais em U em chapa dobrada, vinculados a um espaçador
combinado com o vidro ressaltam estes que garante o afastamento para o encaixe do guarda-corpo, tam-
aspectos”, explica Mark Rubin. bém de vidro. Com isso, o público pode não apenas apreciar o espe-
A fachada frontal confirma isso. lho d’água sob os pés, como observar reflexos da luz que incide na
Com 285 m2, é formada por vidros estru- água e rebate nos degraus e nos patamares translúcidos. (I.G.) M
turais ultra-resistentes, importados da
Inglaterra, fixados uns aos outros pelos
vértices com garra de aço (spider), dis- > Projeto arquitetônico: Botti > Cálculo estrutural: Eng.
pensando caixilhos e molduras. Outro Rubin Heloísa Martins Maringone
Área construída: 11.545 m2 (Cia de Projetos)
elemento estrutural que confirma tal >
ARQUITETURA&AÇO 15
memória
Nelson Toledo
Fotos Arquivo
Planeta metálico
AÇO POSSIBILITA A INCORPORAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS E RESTAURO , COM
UM MÍNIMO DE INTERFERÊNCIA , EM OBRA - SÍMBOLO DA ARQUITETURA DOS ANOS
1950 DA CIDADE DE SÃO PAULO: O PLANETÁRIO DO I BIRAPUERA
Nelson Toledo
16 ARQUITETURA&AÇO
> Projeto arquitetônico: Paulo
Faccio e Pedro Dias Arquitetura
Nelson Toledo
> Colaboradores: Luis Antônio
Cambiaghi Magnani; Orlando
Morassi Júnior e Piti Rezende
> Aço empregado: ASTM A36
> Cálculo estrutural: Eng. Wagner Internamente, o Planetário sofreu várias interferências para que pudesse com-
de Carvalho portar as novas atividades e tecnologias relacionadas à astronomia. Mas, como
ressalta o arquiteto Luis Cambiaghi Magnani, sempre com a premissa de restaurar
> Execução da obra: Construtora
e preservar o desenho arquitetônico original. Um exemplo desta decisão é a cúpula
Cyrela
de madeira que fica sob a abóbada de concreto. Muito danificada pela umidade e
> Local: São Paulo, SP ataque de cupins, os projetistas resolveram substituí-la por uma outra idêntica e
> Data do projeto: 2002 deixá-la à mostra. Assim, parte do mezanino está propositalmente sem forro para
que os visitantes apreciem esta estrutura formada por arcos e forro de peroba-rosa
> Conclusão da obra: 2006 e sustentada por perfis de aço, uma vez que, como exalta Cambiaghi, “observar a
feitura primorosa dessa cúpula de madeira é, por si só, uma aula de engenharia”
INAUGURADO EM 1957 e conside- projeção tornaram necessária uma reforma. Em 2002, a Prefeitura
rado pioneiro na América Latina, o abriu licitação para a recuperação deste patrimônio tombado pelo
Planetário Aristóteles Orsini, conheci- Conpresp (Conselho Municipal de Tombamento e Preservação do
do como Planetário do Ibirapuera, tem Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo)
sido atração para um público de todas e pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
as idades interessado no espetáculo da Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo).
reprodução da abóbada celeste. O projeto escolhido foi o dos arquitetos Paulo Faccio, Pedro Dias
Projetado pelos arquitetos Roberto e Luis Antonio Cambiaghi Magnani, que adotou como diretrizes a
Goulart Tibau, Eduardo Corona e recuperação das características externas do edifício e, internamen-
Antonio Carlos Pitombo, a edificação te, as adequações necessárias à acessibilidade. “Na maquete origi-
compreende basicamente uma cúpu- nal, percebemos que a idéia era ancorar a marquise com tirantes
la semi-esférica de 20 m de diâmetro, a partir do anel circundante. O projeto foi alterado antes da cons-
onde um aparelho mecânico projeta- trução: o anel deixou de ser estrutural, mas na nossa intervenção
va as imagens espaciais, de estrelas manteve-se como elemento arquitetônico”, esclarece Magnani.
e planetas. A grande marquise é uma estrutura simples em treliças planas,
O planetário ainda impressiona por de perfis de chapas dobradas com revestimento metálico em todas
seu porte e aparência, semelhante a as superfícies. Apresenta balanço de 16,60 m e espessura variável
uma nave espacial metálica, pousan- (frontal 0,64 m, central de 1,04 m e 0,48 m próxima ao edifício). Tem
do entre as árvores do parque. Uma formato trapezoidal (10,15 m na base junto ao edifício e 14,80 m no
marquise de dimensões avantajadas, extremo oposto) e perfil ascensional (2,33 m junto ao acesso e
executada em estrutura metálica e ati- 4,45 m na outra face).
rantada à cúpula, enfatiza o acesso e A aquisição de um novo equipamento digital tornou necessá-
prenuncia o clima do interior. ria outra tela de projeção – pré-moldada, composta de nervuras
Desgastes naturais ocorridos ao em forma de arco e chapas metálicas perfuradas. “Para suportá-la,
longo do tempo em sua estrutura (infil- empregamos uma estrutura de aço, em balanço, que a sustenta a
trações e infestação de cupins) e mesmo uma altura que permite a circulação do público ao redor de toda a
a defasagem tecnológica do aparelho de sala de projeção”, explica o arquiteto. (I.G.) M
ARQUITETURA&AÇO 17
Conceito
eco-tech
18 ARQUITETURA&AÇO
Elementos metálicos compõem a fachada do
edifício. No detalhe à direita, brises protegem
as laterais do prédio sem barrar a vista pano-
râmica para a Mata Atlântica, que se descortina
através de enormes painéis de vidro. Abaixo,
destaque para as marquises metálicas que
cobrem a área de embarque e desembarque
de veículos: as peças foram criadas a partir de
telhas trapezoidais do tipo sanduíche, com alta
performance em isolamento térmico e acústico
ARQUITETURA&AÇO
> Projeto arquitetônico: Roberto
Loeb e Luis Capote
> Área construída: 17.500 m2
> Aço empregado: ASTM A36,
Engenharia
> Local: Jundiaí, SP
20 ARQUITETURA&AÇO
Associação Brasileira da
Construção Metálica
Informações
www.abcem.org.br www.construmetal.com.br
Flutuando
no espaço
UM DOS MAIORES CENTROS COMERCIAIS DO NORDESTE DO PAÍS, O SALVADOR SHOPPING INOVA AO IMPLANTAR
UMA ESCADA CUJO BALANÇO RENDEU-LHE O NOME POPULAR DE "ESCADA VOADORA"
SÃO 180 MIL M2, 263 lojas, 21 escadas rolantes, o mesmo número Associados a travamentos, estes pila-
de elevadores, quatro esteiras rolantes e escadas monumentais. res funcionam estruturalmente como
Trata-se do Salvador Shopping, projetado pelos arquitetos André pórtico espacial. Em aço inox, os guar-
Sá e Francisco Mota e considerado um megaempreendimento para da-corpos foram fixados à estrutura
a região Nordeste do país. Foram utilizadas aproximadamente 7 principal da escada por parafusos.
mil toneladas de aço de alta e média resistência mecânica, como o Outro destaque do projeto é a mar-
ASTM A572 GR 50 e o ASTM A588. quise de entrada. Seu perfil em for-
Um dos destaques do projeto é a chamada "escada voadora" mato de "asa de pássaro" tem o trecho
implantada no vazio central da edificação. Concebida com patama- maior, de 16 m, ancorado na edificação
res triangulares em balanço de 10,25 m, a escada interliga todos os e com balanço de 8 m. O conjunto está
pavimentos e tem estrutura metálica e degraus de vidro laminado apoiado em um pórtico cujos pilares
de 20 mm. Os pontos de fixação das estruturas localizam-se próxi- têm 3,3 m de altura e 60 cm de diâme-
mos aos primeiros e últimos degraus de cada lance, onde se apóia tro. A estrutura é de aço ASTM A588 e
a estrutura metálica que dá a sensação de estar solta no espaço. Os a grelha estrutural da cobertura envi-
pilares, que vão do piso térreo ao último pavimento, são metálicos, draçada é constituída de módulos de
tubulares, vazados, com 400 mm de diâmetro e 10 m de altura. 1,20 x 2,00 m. (L.V.L.) M
22 ARQUITETURA&AÇO
Fotos divulgação
ARQUITETURA&AÇO 23
ACADEMIA COMPETITION/SÃO PAULO, SP
Aço empregado: ASTM A36 (estrutura) e SAE 1010-1020 (degraus); cálculo estrutural,
fornecimento e montagem da estrutura metálica: Poliaço; execução da obra: Tessler
EVOLUÇÃO
TECNOLÓGICA E A CRIATIVIDADE DOS ARQUITETOS , NO ENTANTO , DERAM - LHES DESENHOS TÃO INOVADORES QUE ,
ATUALMENTE , FIGURAM COMO ELEMENTO ESCULTÓRICO DE UMA CONSTRUÇÃO , GRAÇAS ÀS FORMAS INUSITADAS E
A
ESCADAS TÊM O PAPEL FUNDAMENTAL DE INTEGRAR OS PAVIMENTOS DE UMA EDIFICAÇÃO .
Como esculturas
À ASSOCIAÇÃO DE MATERIAIS COMO VIDRO , MADEIRA E AÇO
Sidnei Palatnik
AS
24 ARQUITETURA&AÇO
Foi inaugurado em abril deste ano um dos primeiros prédios do
Rio de Janeiro a receber a pré-certificação do US Green Building
Council, que regula os mais modernos conceitos de sustentabilidade:
é o Edifício Cidade Nova que abriga a nova sede da Universidade
Petrobras, órgão da área de Recursos Humanos da estatal. Projetado
pelo arquiteto Ruy Rezende, tem 52 mil m² de área construída e nove
andares, com capacidade para operar simultaneamente com cerca de
quatro mil pessoas.
Para ligar as áreas comuns do primeiro pavimento, foi construída
uma escada helicoidal em aço. Pensada para o átrio (coberto por uma
clarabóia, recoberta por planos de vidro, de aproximadamente 900
m2), a escada foi projetada para ser um ponto focal marcante no edifí-
cio. “Desta forma, optou-se por uma escada metálica, leve, helicoidal,
para lançar por todo o átrio o olhar de quem a usasse”, descreve Ruy
Rezende. A escada é composta por uma folha dupla de aço dobrado,
estruturada por pilares escultóricos distribuídos em espiral ao seu
redor e com alturas diferentes.
A opção pelo aço, segundo o arquiteto, se deu porque o material é
100% reciclável, integrando-se perfeitamente ao conceito de sustenta-
bilidade do projeto. “Além disso, a leveza pretendida para o elemento
não seria conseguida por meio do concreto.”
Fotos acervo Ruy Rezende Arquitetura
26 ARQUITETURA&AÇO
CENTROS EDUCACIONAIS UNIFICADOS, SÃO PAULO/SP
Aço empregado: aço patinável de maior resistência à corrosão; cálculo estrutural: Eng. Alberto Hamazaki; Arquitetos – CEU Butantã: Vera Lúcia
Domschke, Cristiano Arns Kato, Alan Chu Silveira, Tomaso V. Lateana, Fabiana Nakabayashi Paulinetti e Mário E. Ferreira da Silva; CEU Jambeiro:
Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci; CEU Perus: Ângelo Bucci, Fernando de Mello, Marta Moreira e Milton Braga (MMBB Arquitetos)
Nelson Kon
CEU Butantã
A partir de vários símbolos de infinito sobre- maior cidade brasileira; para os arquitetos, é dar dignidade às classes baixas com
postos, os arquitetos Alexandre Delijaicov, espaços urbanos que tenham referenciais significativos da cultura arquitetônica.
André Takiya e Wanderley Ariza (da Divisão de “As extremidades das escadas permitem trocar de lance sem precisar voltar, as
Projetos do Departamento de Edificações – Edif pessoas admiram a paisagem e podem escolher o novo percurso que querem
– da Prefeitura de São Paulo) estabeleceram o fazer pela varanda, para oeste ou para leste; admirar o ‘entardecer’ ou o ‘ama-
percurso-conceito das escadas laterais dos 21 nhecer’”, explica Alexandre Delijaicov, descrevendo-as como um ponto de encon-
Centros Educacionais Unificados (CEU) cons- tro de pessoas e como as loggias européias, calçadas cobertas que oferecem
truídos na periferia pela Prefeitura, entre 2003 abrigo do sol e da chuva.
e 2004, durante a primeira fase do projeto. O Executadas em aço patinável de maior resistência à corrosão, do ponto de vista
objetivo dos CEUs é oferecer educação, cultura estrutural as escadas laterais formam um triângulo perfeito, têm 20 m de largura
e lazer para as regiões carentes da periferia da e 3,75 m de altura em cada lance.
ARQUITETURA&AÇO 27
CLUBE CHOCOLATE/SÃO PAULO, SP SOUZA, CESCON AVEDISSIAN,
Aço empregado: ASTM A36, aço inox A304; cálculo estrutural: Kurkdjian & Fruchtengarten; fornece- BARRIEU E FLESCH ADVOGADOS/
dor e montagem da estrutura metálica: SCA Caldeiraria Ltda.; execução da obra: Fairbanks & Pilnik SÃO PAULO, SP
Corte Longitudinal
28 ARQUITETURA&AÇO
Aço empregado: SAE 1020 (estrutura principal onde estão fixados os degraus em vidro), aço inox
A304 (revestimento desta estrutura, spiders de fixação de vidros e guarda-corpos); cálculo estrutu-
ral, fornecimento e montagem da estrutura metálica: Plasmont
Fotos Divulgacão
ARQUITETURA&AÇO 29
LIVRARIA CULTURA/SÃO PAULO, SP
Aço empregado: ASTM A36; cálculo estrutural: Modus;
fornecedor da estrutura metálica: Permetal
30 ARQUITETURA&AÇO
Endereços
> ESCRITÓRIOS DE E-mail: projeto@pparquitetura. Gepro Engenharia Fonseca & Mercadante Ltda. Diadema (SP)
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Tel.: (11) 3040-7200 Associados E-mail: geproe@gepro.eng.br fonsecamercadante.com.br Hunter Douglas
E-mail: ag@aflaloegasperini. Rua Santonina, n° 75, cj. 32 Rua General Furtado do
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ARQUITETURA&AÇO 31
expediente
Conselho Editorial
NÚMEROS ANTERIORES: Catia Mac Cord Simões Coelho – CBCA/IBS
Marcelo Micali – CSN
Os números anteriores da revista
Paulo Cesar Arcoverde Lellis – Usiminas
Arquitetura & Aço estão disponíveis para Roberto Inaba – Cosipa
download na área de biblioteca do site: Ronaldo do Carmo Soares – Gerdau Açominas
Silvia Scalzo – ArcelorMittal Tubarão
www.cbca-ibs.org.br
Supervisão Técnica
PRÓXIMA EDIÇÃO: Sidnei Palatnik
Coberturas e fechamentos – dezembro de 2008 Publicidade
Sidnei Palatnik – Tel.: (11) 8199-5527
arquiteturaeaco@ajato.com.br
ERRATA: cbca@ibs.org.br
Na edição nº 14, junho 2008, na legenda da página
18, o nome correto do arquiteto é Marcelo Barbosa
e não Manuel Barbosa, como publicado. Quadrifoglio Editora
Rua Lisboa, 493 – 05413-000 – São Paulo/SP
Tel.: (11) 6808-6000
MATERIAL PARA PUBLICAÇÃO: cbca@arcdesign.com.br
Contribuições para as próximas edições Direção
podem ser enviadas para o CBCA e serão ava- Cristiano S. Barata
liadas pelo Conselho Editorial de Arquitetura Coordenação Editorial
Ledy Valporto Leal
& Aço. Entretanto, não nos comprometemos
Redação
com a sua publicação. O material enviado
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deverá ser acompanhado de uma autorização
Revisão
para a sua publicação nesta revista ou no site Deborah Peleias
do CBCA, em versão eletrônica. Todo o mate- Projeto Gráfico e Editoração
rial recebido será arquivado e não será devol- Cibele Cipola e Jefferson Moura (estagiário)
vido. Caso seja possível publicá-lo, o autor Pré-impressão e Impressão
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será comunicado.
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ções em mídia digital: desenhos técnicos do Revista Arquitetura & Aço – CBCA
projeto, fotos da obra, dados do projeto (local, Av. Rio Branco, 181 – 28º andar
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do projeto, engenheiro calculista e constru-
tor) e dados do arquiteto (endereço, telefone É permitida a reprodução total dos textos, desde que mencionada a fonte.
É proibida a reprodução das fotos e desenhos, exceto mediante autoriza-
de contato e e-mail). ção expressa do autor.
&
32 ARQUITETURA AÇO
Perfis Estruturais Laminados.
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