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Boletim Técnico

ano 2 | número 6 | julho de 2014

DOENÇA DE ALZHEIMER: Aplicação clínica


da dosagem de biomarcadores no liquor

Demência é uma síndrome clínica caracterizada por declínio das Tabela 1: Perfil de alteração das proteínas Aβ1-42, T-tau e P-tau nas principais síndromes demenciais, utilizando-se
como referência pacientes com queixa subjetiva de comprometimento da memória (Schoonenboom e cols.)
funções cognitivas, envolvendo um ou mais domínios, como
aprendizado, memória, linguagem, atenção, cognição social e DOENÇA Aβ1-42 T-tau P-tau
QSCM Referência Referência Referência
funções e habilidades executivas. Os déficits devem ser acentuados Alzheimer ↓↓ ↑↑ ↑↑
o bastante de forma a interferir com as atividades cotidianas e a DLFT ↓ ↑ =

independência do paciente.1 DCL ↓ ↑ ↑


Demência vascular ↓ = =
Creutzfeldt-Jakob = ↑↑↑ ↑
As principais síndromes demenciais são a Doença de Alzheimer Transtornos psiquiátricos = = =

(DA), demência com corpos de Lewy, degeneração lobar QSCM = Queixa subjetiva de comprometimento da memória; DLFT = Degeneração lobar frontotemporal;
DCL = Demência com corpos de Lewy. ↓↓ redução acentuada em comparação com QSCM e outras demências;
frontotemporal, demência vascular e demência associada à Doença ↑↑ aumento acentuado em comparação com QSCM e outras demências;
de Parkinson. Destas a DA é a forma mais comum, sendo ↓ redução acentuada em comparação com QSCM; ↑ aumento acentuado em comparação com QSCM;
= semelhante a QSCM; ↑↑↑ extremamente aumentado comparado aos demais grupos.
responsável por 60 a 80% dos casos de demência em pacientes
idosos.1
A diminuição dos níveis de Aβ e, posteriormente, o aumento dos
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA DOENÇA DE ALZHEIMER níveis de T-tau e P-tau, precedem as manifestações clínicas da DA
por anos, ou seja, naqueles pacientes que irão evoluir com DA, os
Clinicamente, a DA se manifesta como um distúrbio cognitivo biomarcadores já podem estar alterados nas fases pré-clínica e
caracterizado por déficit precoce de memória episódica que evolui pré-demencial da doença.2,3,4 Desta forma, nos pacientes com
de forma gradual e progressiva ao longo de uam período de no comprometimento cognitivo leve (CCL), a detecção de um perfil de
mínimo 6 meses.2 Este déficit deve ser compatível com síndrome alteração dos biomarcadores no LCR compatível com a assinatura
amnéstica do tipo hipocampal, identificada por meio de teste de patológica da DA sinaliza alta probabilidade de evolução para DA
recordação livre tardia de lista de palavras, sentenças ou objetos. no futuro.2,3,4
Entretanto, a acurácia dos testes clínicos para o diagnóstico da DA é
limitada, com sensibilidade variando de 71% a 88% e especificidade A revisão das recomendações sobre os exames complementares
variando de 44% a 71%, quando se considera o diagnóstico empregados para o diagnóstico clínico da DA no Brasil, propõe que
histopatológico como padrão ouro.3 “A dosagem do peptídeo β-amiloide 1-42 e das proteínas tau e
tau-fosforilada no LCR, pode ser empregada em protocolos de
A histopatologia da DA é caracterizada pela deposição extracelular pesquisa ou em ensaios clínicos terapêuticos. Na prática clínica, seu
de agregados da proteína β-amiloide com a formação de placas uso pode contribuir para maior precisão diagnóstica da DA, tanto na
neuríticas, e pela deposição intracelular de agregados da proteína fase demencial quanto na fase de comprometimento cognitivo
tau fosforilada. A proteína tau tem como função a estabilização dos leve”.3
microtúbulos. Na DA ocorre hiperfosforilação da proteína tau, com
consequente dissociação da proteína dos microtúbulos e Recentemente o International Working Group (IWG) for New
agregação da proteína tau fosforilada sob a forma de filamentos Research Criteria for the Diagnosis of Alzheimer Disease publicou
helicoidais pareados insolúveis. Por fim, os filamentos helicoidais se novos critérios diagnósticos para a DA (IWG-2), abrangendo as
organizam sob a forma de emaranhados neurofibrilares formas típica, atípica, com patologia mista e pré-clínica.4 Ainda que
intracelulares (ENF).2,4 destinados primariamente à classificação de pacientes envolvidos
no contexto de pesquisa, os novos critérios diagnósticos IWG-2
ANÁLISE DOS BIOMARCADORES NO LÍQUOR NA DOENÇA DE permitem que a doença seja diagnosticada com base em
ALZHEIMER manifestações clínicas específicas juntamente com evidência in
vivo da patologia própria da DA. A demonstração de níveis
As proteínas β-amiloide, tau total e tau fosforilada podem ser diminuídos de Aβ, associados a níveis aumentados de T-tau ou P-tau
quantificadas no líquido cefalorraquidiano (LCR). Na DA, estes no LCR constitui evidência in vivo da patologia da DA (assinatura
biomarcadores apresentam uma “assinatura patológica” patológica da DA).4
característica que inclui a diminuição da proteína β-amiloide (Aβ),
principal componente das placas neuríticas, e o aumento das DEFINIÇÃO DOS VALORES DE REFERÊNCIA E INTERPRETAÇÃO
proteínas tau total (T-tau) e tau-fosforilada (P-tau), devido à DO RESULTADO DOS BIOMARCADORES NO LÍQUOR PARA
degeneração neuronal associada ao acúmulo intracelular de ENF.3,4 DOENÇA DE ALZHEIMER
Este perfil de diminuição da concentração da proteína Aβ associada
ao aumento da concentração de T-tau ou P-tau permite o O Hermes Pardini realiza a dosagem das proteínas β-amiloide
diagnóstico diferencial entre a DA e outras formas de demência com (peptídeo 1-42, Aβ1-42), tau total e tau fosforilada (na posição 181
sensibilidade e especificidade em torno de 90% a 95% (Tabela 1).3,4 treonina) no LCR pelo método ELISA (INNOGENETICS, Bélgica). Os
ELISAS INNOGENETICS utilizam anticorpos monoclonais que (2)estabelecimento/validação de valores de referência (VR)
garantem alta sensibilidade e especificidade analítica. São os testes próprios, devido à impossibilidade de aplicar VR universais para os
comerciais para determinação de biomarcadores da DA mais biomarcadores 5-8; (3) participação em estudos de controle externo
amplamente avaliados em estudos clínicos internacionais e da qualidade.5
nacionais.
O Hermes Pardini definiu VR com sensibilidade diagnostica > 85%,
O laudo do Hermes Pardini contempla o resultado isolado de cada avaliando amostras de LCR de pacientes com DA e outras
biomarcador, bem como o resultado dos índices IAT (INNOTEST patologias, como degeneração lobar frontotemporal e
amiloide tau index) e T-tau/Aβ1-42. Os resultados dos comprometimento cognitivo leve, provenientes de centro de saúde
biomarcadores devem sempre ser avaliados em conjunto, para a terciário (Tabela 2). Os VR individuais das proteínas Aβ1-42, T-tau e
caracterização da assinatura patológica da DA. Como o IAT P-tau podem ser diferentes dos praticados por outros laboratórios
(Aß1-42/(240 + 1.18xT-tau)) e a razão T-tau/Aβ1-42 incorporam clínicos ou de pesquisa.6,7,8,10 Porém, os VR dos índices IAT e T-tau/Aβ
simultaneamente os resultados das dosagens da proteínas Aβ1-42 e 1-42 foram idênticos aos descritos por Duits e colaboradores, os
T-tau, os mesmos apresentam melhor desempenho diagnóstico quais avaliaram duas coortes independentes envolvendo 2827
para a DA do que o resultado isolado de cada biomarcador.5-8 pacientes.6 Neste último estudo, ambos os índices apresentaram
desempenho diagnóstico similar, com sensibilidade de 93% e
Um dos fatores que impactam a aplicação clínica dos especificidade de 83%, superiores ao de cada biomarcador isolado.
biomarcadores da DA é a variabilidade dos resultados: estudos de
proficiência demonstraram coeficientes de variação Tabela 2: Valores de referência dos biomarcadores para o diagnóstico da doença de Alzheimer.

intra-laboratorial de 5% a 19% e inter-laboratorial de 20% a 30%.5 Aβ1-42 T-tau P-tau IAT T-tau/Aβ1-42
VR < 700 ng/L > 350 ng/L > 52 ng/L > 1,0 > 52,0
Esta variabilidade é decorrente tanto de fatores pré-analíticos,
como os procedimentos adotados na coleta, processamento e
armazenamento das amostras de LCR, quanto de fatores analíticos, Na prática clínica, a dosagem dos biomarcadores da DA no LCR
como variabilidade entre lotes diferentes dos kits. pode ser útil para o diagnostico diferencial da demência ou do
comprometimento cognitivo leve. No entanto, a interpretação dos
Para assegurar maior reprodutibilidade dos resultados dos resultados biomarcadores deve ser criteriosa e correlacionada com
biomarcadores da DA, três medidas devem ser adotadas pelos o quadro clínico, visto que variáveis pré-analiticas e analíticas
laboratórios que realizam os testes: (1)padronização dos podem influenciar o seu desempenho diagnostico.4
procedimentos pré-analíticos segundo as recomendações da
Alzheimer`s Biomarkers Standardization Initiative9;

· Referências:

1· Thomas J Grabowski, Jr. Clinical manifestations and diagnosis of Alzheimer disease. 7· Dumurgier J, et al. Intersite variability of CSF Alzheimer's disease biomarkers in
UpToDate. clinical setting. Alzheimers Dement. 2013 Jul;9(4):406-13.

2· Blennow K, et al. Clinical utility of cerebrospinal fluid biomarkers in the diagnosis of 8· Vos SJ, et al. Variability of CSF Alzheimer's Disease Biomarkers: Implications for Clinical
early Alzheimer's disease. Alzheimers Dement. 2014 May 2. [Epub ahead of print] Practice. PLoS One. 2014 Jun 24;9(6):e100784.
Review.
9· Vanderstichele H, et al. Standardization of preanalytical aspects of cerebrospinal fluid
3· Dubois B, et al. Advancing research diagnostic criteria for Alzheimer's disease: the biomarker testing for Alzheimer’s disease diagnosis: a consensus paper from the
IWG-2 criteria. Lancet Neurol. 2014 Jun;13(6):614-29. Alzheimer’s Biomarkers Standardization Initiative. Alzheimers Dement 2012;8:65–73.

4· Caramelli P, et al. Doença de Alzheimer: exames complementares. Dement 10· Mulder C, et al. Amyloid-beta(1-42), total tau, and phosphorylated tau as
Neuropsychol 2011 June;5(Suppl 1):11-20. cerebrospinal fluid biomarkers for the diagnosis of Alzheimer disease. Clin Chem 2010;
56: 248–253.
5· Mattsson N, et al; Alzheimer's Association QC Program Work Group. CSF biomarker
variability in the Alzheimer's Association quality control program. Alzheimers Dement. 11· Schoonenboom NS, et al. Cerebrospinal fluid markers for differential dementia
2013 May;9(3):251-61. diagnosis in a large memory clinic cohort. Neurology. 2012 Jan 3;78(1):47-54.

6· Duits FH, et al. The cerebrospinal fluid "Alzheimer profile": Easily said, but what does it
mean? Alzheimers Dement. 2014 Apr 7 [Epub ahead of print]

BRITO, Fabiano de Almeida


Médico com Residência em Patologia Clínica e Reumatologia na UFMG.
Mestre em Patologia pela UFMG.
Médico da Assessoria Científica do Hermes Pardini
fabiano.brito@hermespardini.com.br

Hermes Pardini
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