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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E ENGENHARIA


FACULDADE DE ENGENHARIA DE MINAS
CURSO DE ENGENHARIA DE MINAS E MEIO AMBIENTE

MINERAIS INDUSTRIAIS: PEDRAS BRITADAS

Carolina Formentini Araujo Souza


João Pedro Junior Miranda dos Reis
Lucas Freire Sampaio Gouveia

MARABÁ
2017
Carolina Formentini Araujo Souza
João Pedro Junior Miranda dos Reis
Lucas Freire Sampaio Gouveia

MINERAIS INDUSTRIAIS: PEDRAS BRITADAS

Trabalho apresentado no Curso de Engenharia de


Minas e Meio Ambiente, da Universidade Federal do
Sul e Sudeste do Pará, como requisito de avaliação
parcial da disciplina de Minerais e Rochas Industriais.

Docente: Ana Luiza Coelho Braga

MARABÁ
2017
3

LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Granito e Gnaisse ............................................................................................................ 07
FIGURA 2 – Calcário e Dolomito ........................................................................................................ 07
FIGURA 3 – Basalto e Diabásio ........................................................................................................... 08
FIGURA 4 – Formação de Rochas ....................................................................................................... 12
FIGURA 5 – Fluxograma típico do processo produtivo. ...................................................................... 13
FIGURA 6 – Determinação, limpeza e decapeamento do local ............................................................ 14
FIGURA 7 – Perfuração e desmonte primário e secundário. ................................................................ 14
FIGURA 8 – Carregamento com escavadeira hidrálica e pá-carregadeira ........................................... 15
FIGURA 9 – Britagem primária............................................................................................................ 15
FIGURA 10 – Transporte entre britadores ............................................................................................ 16
FIGURA 11 – Peneiramento ................................................................................................................. 16
FIGURA 12 – Expedição dos produtos ................................................................................................ 17
FIGURA 13 – Tipos de Brita ............................................................................................................... 20
FIGURA 14 – Produção de pedras britadas nacionais (em metros cúbicos) ........................................ 24
FIGURA 15 – Características relacionadas à demanda ........................................................................ 27
FIGURA 16 – Conjunto de britagem móvel ......................................................................................... 31
FIGURA 17 – Fatores atrelados ao baixo risco de substituição............................................................ 32

LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – Reservas de pedras britadas............................................................................................10
QUADRO 2 – Porte e número de minas de brita no Brasil no ano de 2007..........................................17
QUADRO 3 – Produção anual brasileira de brita, de 2012 até 2014.....................................................18
QUADRO 4 – Empresas com maior participação na comercialização de brita.....................................18
QUADRO 5 – Maiores pedreiras em volume de extração.....................................................................19
QUADRO 6 – Preço médio praticado no Brasil para brita....................................................................23
QUADRO 7 – Consumo de brita no Brasil............................................................................................25
QUADRO 8 – Principais estados produtores no Brasil..........................................................................25
QUADRO 9 – Consumo per capita de agregados..................................................................................29
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Sumário
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 5
2 PROPRIEDADES ................................................................................................................................ 6
3 DISPONIBILIDADE ........................................................................................................................... 9
4 TAMANHO E GÊNESE DOS DEPÓSITOS .................................................................................... 10
4.1 GRANITO ................................................................................................................................... 11
4.2 GNAISSE .................................................................................................................................... 12
5 ROTAS DE PROCESSO ................................................................................................................... 13
6 VOLUMES DE PRODUÇÃO ........................................................................................................... 18
7 APLICAÇÕES INDUSTRIAIS ......................................................................................................... 20
8 ESPECIFICAÇÕES ........................................................................................................................... 21
9 FUNÇÕES.......................................................................................................................................... 22
10 VALOR ............................................................................................................................................ 23
11 RAIO DE COMÉRCIO .................................................................................................................... 24
12 PERFIL DA DEMANDA INTERNA E EXTERNA ....................................................................... 27
12.1 IMPORTAÇÃO ........................................................................................................................ 28
12.2 EXPORTAÇÃO ........................................................................................................................ 29
13 GRAU DE COMPETIÇÃO NO MERCADO NACIONAL E INTERNACIONAL ....................... 30
14 VULNERABILIDADE A SUBSTITUIÇÃO .................................................................................. 31
15 CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 34
16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 35
5

1 INTRODUÇÃO

Os minerais industriais são todas as rochas e minerais, naturais ou sintéticos de


origem mineral, que devido suas propriedades podem ser empregados em processos
industriais. Podem ser utilizados em diversos segmentos da indústria, como a de construção
civil, sendo que os agregados minerais compõem grande parte dessa indústria, com ênfase
neste trabalho em pedras britadas.
Pedra britada ou simplesmente brita pode ser definida como o produto do
processo de beneficiamento (britagem e peneiramento) de blocos extraídos do maciço rochoso
com o auxílio de explosivos, com o intuito de cominuir vários tipos de rochas duras,
formando materiais granulares, sem forma ou volume definido, que apresentam propriedades
adequadas para uso em obras da construção civil. Na construção civil, de acordo com a
Sindipedras, a brita representa, em média, 2% do custo global de construções e 60% do seu
volume, sendo que em obras de pavimentação, o custo com brita chega a 30%. (PINHO,
2007).
A brita é conhecida como um dos minerais industriais mais abundantes no Brasil,
alcançou uma produção de aproximadamente 300 milhões de toneladas no ano de 2014.
Todos os estados da Federação são produtores de pedras britadas. (DNPM). Existem mais de
500 empresas, conhecidas como pedreiras, que produzem esses minerais. Os produtos finais
das pedreiras são rachão, gabião, brita graduada, brita 1, brita 2, brita 3, brita 4, brita 5, brita
0, pó de pedra, areia de brita. Com aplicação principal em concretos, pavimentações,
edificações, obras civis, etc. (BRASIL, 2009).
Existem, no Brasil, abundantes reserva de rochas que podem ser cominuídas para
tornarem-se britas, porém este fato preocupa, já que devido às restrições, a distância e a falta
de apoio da sociedade do entorno, o empreendimento não consegue avançar e muito menos
serem instaladas novas pedreiras para garantir o desenvolvimento através de construções.
6

2 PROPRIEDADES

A princípio, qualquer rocha pode ser britada e usada na construção civil,


entretanto para utilização em concreto, pavimento, lastro de ferrovias, produção de peças de
cimento são necessárias algumas características específicas e outras características são
indesejáveis para o uso. Portanto, as rochas mais usadas para produção de brita são granitos,
gnaisses, basalto, diabásio, calcário e dolomito. No Brasil, 85% da brita produzida tem como
rocha-fonte o granito e o gnaisse, 10% o calcário e o dolomito e 5% o basalto e o diabásio.
Como melhor ilustrado no Gráfico 1. (BIZZI, 2003).

10% 5%
GRANITO E
GNAISSE
CALCÁRIO E
DOLOMITO
85%
BASALTO E
DIABÁSIO

Gráfico 1 – Representação das principais rochas destinadas a produção de brita


Fonte: Elaborado pelos autores, com base em Bizzi (2003).

Os granitos são rochas plutônicas ácidas constituídas por cristais de feldspatos


potássicos, plagioclásio, quartzo e mica. Há variedades de granitos. Podem apresentar cor
avermelhada, cinza, amarela, rosada, entre outras. Apresentam resistência mecânica
relativamente alta e pequena alterabilidade, são, portanto muito empregadas para uso de
pedras britadas. A figura 1-a mostra um tipo dessa rocha. Os gnaisses são rochas
metamórficas, com composição variada, dependendo da rocha origem. A Figura 1-b ilustra
essa rocha. (SERNA, 2010).
7

a) b)

Figura 1 – a) Granito b) Gnaisse.


Fonte: Google/imagens.

Os calcários podem ter origem metamórfica ou sedimentar com composição


mineralógica principalmente calcítica (cálcio) ou secundariamente dolomítica (magnésio), de
origem metamórfica são mais resistentes mecanicamente, mas com dureza inferior aos
silicatos, apresentam boas propriedades como pedra britada para concreto hidráulico, mas sua
baixa dureza não são credenciais para uso em revestimento de rodovias. A figura 2 representa
essas duas rochas citadas. (SERNA, 2010).
a) b)

Figura 2 – a) Calcário b) Dolomito.


Fonte: Google/imagens.

O basalto e diabásio são compostos principalmente de plagioclásio e piroxênios,


podem apresentar também olivina ou anfibólio, são rochas básicas, apresentam alta resistência
mecânica. A Figura 3 ilustra essas duas rochas. Caso apresentem sílica amorfa na sua
composição, poderá gerar reações com álcalis do cimento e ter adesividade insatisfatória com
ligantes. (SERNA, 2010).
8

a) b)

Figura 3 – a) Basalto b) Diabásio.


Fonte: Google/imagens.

As propriedades físicas e químicas dos agregados são essenciais para a vida das
estruturas em que são usadas, por isso faz-se necessária a utilização de agregados com
especificações técnicas adequadas. Essas propriedades estão relacionadas com o tipo e a
quantidade relativa dos minerais e o seu arranjo. A brita precisa ter propriedades que:
 Garanta à construção cumprir a função desejada durante um período projetado. Por
exemplo, um pavimento asfáltico precisa funcionar como suporte para um determinado
tráfego, com condições necessárias para garantir sustentação à uma operação segura.
 Permita manipular e manusear satisfatoriamente durante a construção, transporte,
estocagem, mistura com outros agregados ou ligantes e compactação.
Muitas propriedades, por exemplo, a resistência é exigida em um nível mínimo,
independente do uso. Porém, propriedades diferentes são requeridas para diferentes utilidades
finais, assim, as propriedades requeridas para a pavimentação não são as mesmas requeridas
para a utilização em concretos.
As características intrínsecas da rocha influenciam diretamente nos produtos que
dela se origina. Dentre essas características, merecem destaque:
 O estado de alteração: influencia na durabilidade e propriedades físicas e mecânicas;
 A presença de minerais deletérios - provocam reações com substâncias presentes no
cimento (quando a rocha é usada como agregado para concreto); ou podem apresentar
reações com substâncias presentes na atmosfera de uso doméstico (quando a rocha é usada
para revestimento);
 As propriedades físico-mecânicas dependentes da composição mineralógica: interage com
as propriedades de ligantes betuminosos (quando a rocha é usada como agregado
para pavimentação). (PINHO, 2007).
9

3 DISPONIBILIDADE

O levantamento de reservas e recursos minerais é importante para analisar a


relação produção e reserva, acompanhar a evolução, prever exaustão de reservas, indicar
necessidade de novos investimentos em pesquisa mineral, criar políticas de incentivo à busca
desses recursos, etc. Porém, no caso das rochas destinadas à produção de brita , isso não se
aplica, devido a abundância e presença do recurso em maior parte do Brasil, então a ação
política necessária é impedir a esterilização dos recursos, isto é, impedir que outras atividades
de uso de solo incompatíveis com a extração mineral ocupem áreas onde haja recursos
minerais para produção de brita.
Na maior parte do Brasil existem rochas para a produção de britas, elas são
facilmente encontradas na natureza e, desta forma, são considerados recursos abundantes,
porém essa abundância deve ser encarada com certo cuidado. A brita é um bem mineral
barato e o custo de transporte da pedreira até os centros de distribuição ou ao consumidor
final encarece muito o preço do produto.
Praticamente, todo o transporte da brita no Brasil é rodoviário. Portanto,
idealmente a pedreira deve ser o mais próximo possível dos centros de consumo, para que
torne viável economicamente grande parte dos recursos minerais disponíveis na natureza.
Considera-se que para a maioria das regiões, as jazidas localizadas fora de um raio de 100 km
do mercado consumidor, não são viáveis.
Pode-se tomar como exemplo a região de Manaus-AM, as rochas para brita não
são encontradas devido a distância dos recursos. Na Região Norte as rochas próprias para
britagem são escassas, devido principalmente ao extenso manto sedimentar que encobre as
reservas possíveis de serem aproveitadas. Já no Rio de Janeiro-RJ, há o recurso disponível,
mas ele não pode ser extraído devido restrições à exploração, pois acima da cota 100 e abaixo
da cota 0 é proibida a exploração o de recursos minerais. Fatos estes que restringem o nível
de produção, a vida útil das pedreiras e inviabiliza a abertura de novas. As rochas basálticas
são utilizadas na bacia do Paraná. Granitos, gnaisses e calcários são mais utilizadas em
regiões litorâneas, mas também no interior de Goiás, São Paulo e estados do Nordeste.
(SERNA, 2010).
A urbanização crescente é o maior problema para o aproveitamento das reservas,
pois inviabiliza importantes depósitos ou restringe a extração. O modo de ocorrência dos
depósitos de rochas para britas é geralmente em serras de fácil acesso, formadas por corpos de
10

origem ígnea e/ou metamórfica, que, por condições geológicas desfavoráveis, não podem ser
utilizados como produtos mais nobres, por exemplo, rochas ornamentais.
Pelo fato de serem produtos de baixo valor e abundantes, torna-se desnecessário
analisar os números de reservas disponíveis, pois não será proveitoso haver reservas de ótima
qualidade e quantidade se há restrições quanto ao seu aproveitamento ou que sejam muito
distante do local de interesse.
Os valores numéricos de reservas de rochas para britas perdem o sentido pelos
seguintes fatos:
• Muitas pedreiras trabalham no regime de Licenciamento que não exige cubagem de
reservas;
• Muitas concessões são obtidas para servirem de proteção à pedreira, evitando que vire
loteamento;
• Produtores de rochas calcárias (calcário e dolomito) vendem como brita parte da rocha
produzida que não serviram para a fabricação de cimento, cal, etc;
• Pedreiras formadas para uso temporário como construção de estradas;
• Existência de muitas pedreiras ilegais.
Mas apenas por questões de melhor visualização do cenário, as reservas
brasileiras de pedras britadas são apresentadas no Quadro 1, dados segundo o Anuário
Brasileiro Mineral (2001). A partir desse ano, não foram mais realizadas medições de reservas
por motivos já mencionados. Enfim, reservas de boa qualidade existem em abundância,
contudo a lavra está condicionada à localização e à legislação vigente.

QUANTIDADE (t)
SUBSTÂNCIA
Medida Indicada Inferida

Pedras Britadas (m³) 7.060.745.287 2.520.695.077 1.746.404.537

Quadro 1 – Reservas de Pedras Britadas no Brasil


Fonte: DNPM, 2001.

4 TAMANHO E GÊNESE DOS DEPÓSITOS

Como já mencionado, as pedras britadas são o resultado do beneficiamento de


variados tipos de rochas, deste modo, o presente tópico abordará as características dos
depósitos das duas rochas principais na produção de brita, são elas: Granito e Gnaisse.
11

4.1 GRANITO

O granito resulta da cristalização do magma ácido, formado pelos minerais de


quartzo, feldspato, moscovite e biotite (micas), em profundidade no manto ou na crosta
inferior da Terra. O calor requerido para gerar o material fundido vem do interior da Terra,
este é formado por uma solução de silicatos, água e gases. No processo de cristalização, o
resfriamento inverte os eventos da fusão. A medida que a temperatura do líquido cai, os íons
ficam mais próximos e começam a perder sua liberdade de movimento. Quando o
esfriamento é suficiente, as forças de ligação química confinarão novamente os átomos a um
arranjo cristalino ordenado. Normalmente, todo o material fundido não solidifica no mesmo
tempo. Esse processo é ilustrado na Figura 4.
Por isso é uma rocha magmática plutônica, que sendo menos densa que os
materiais do interior da Terra, ascende até um certo ponto, ainda no seu interior. Como se vão
formando outros granitos por baixo, vão empurrando o granito, anteriormente formado, até à
superfície da Terra, fazendo ceder o solo para poder passar.
Posteriormente, o granito e outos materiais do Maciço Hespérico esteve sujeito, a
intensa ação erosiva durante milhares de anos e aos intensos movimentos compressivos da
orogenia alpina. Estes movimentos internos que provocaram imensas fraturas do maciço com
direção, predominante, do qual resultou um grande jogo de blocos (horts e grabens) que
associado à diferente resistência das rochas à erosão, provocaram as diversas formas de relevo
que hoje comtemplamos.
As rochas plutônicas (intrusivas) podem ocorrer de maneiras muito diversas,
formando corpos e tamanho variado e que apresentam relações variadas com as rochas
encaixantes, dentro das quais elas se solidificaram. As dimensões dessas formações podem ser
relativamente pequenas como os diques, sill e lacólito ou bastante grandes como os batólitos e
lopólitos. As formas de ocorrência principais do granito são batólitos e stocks.
 BATÓLITO: são massas enormes de material magmático (granítico) que afloram numa
extensão de pelo menos 100 Km². Denomina-se STOCK quando ocupar uma área inferior
a 100 km²;
 STOCKS: são massas produzidas pelo magma, exposto em uma área menor do que 100
quilômetros quadrados.
12

Figura 4 – Formação de rochas.


Fonte: Google/imagens.

4.2 GNAISSE

Gnaisse é uma rocha de origem metamórfica, resultante da deformação de


sedimentos arcósicos ou granitos. Sua composição é de diversos minerais, mais de 20% de
feldspato potássico, plagioclásio, quartzo e biotita. Qualquer rocha submetida à ação de altas
pressões e temperaturas, além da percolação de fluidos, passa por transformações dos
minerais que as constituem, além de modificar sua estrutura, tornando-se orientadas. Essas
propriedades definem uma rocha metamórfica.
Rochas preexistentes submetidas a altas pressões e temperaturas, terá sua
reorientação dos minerais com mudanças na mineralogia, química e estrutura de rochas, no
processo chamado metamorfismo. As rochas resultantes do processo de metamorfismo
dependem do tipo de rocha e sua composição mineralógica, e as principais transformações são
a recristalização de minerais e, ou, formação de novos minerais e deformações na estrutura
das rochas.
Nos gnaisses, geralmente, ocorre em metamorfismo regional (mostrado na Figura
4), desenvolve-se em grandes extensões e profundidades na crosta, e está relacionado a
cinturões orogênicos nos limites de placas convergentes. A ação conjunta da temperatura e
pressão provocando a recristalização na rocha e favorecendo o aparecimento de novas
estruturas. Está intimamente relacionado com a formação de cadeias de montanhas (áreas
conhecidas como geosinclinais). Este tipo de metamorfismo ocorre a grandes profundidades,
mas, pela ação do intemperismo e erosão, as rochas metamorfisadas podem atingir a
13

superfície, completamente transformada em grandes massas de gnaisses. - Ocorre em regiões


de dobramentos da crosta terrestre (processo de tectonismo - movimentação contínua ou
descontínua da crosta) com a consequente formação de grandes cadeias montanhosas. - Os
fenômenos dinamotermais são responsáveis pelo aparecimento de rochas muito comuns como
xistos e gnaisses. O ambiente geológico normalmente é em faixas tectônicas e grandes áreas
de dobramentos.

5 ROTAS DE PROCESSO

A lavra de rocha para brita possui as mesmas características da explotação de


qualquer rocha dura a céu aberto, com extração em bancadas, iniciando com a determinação
do local de explotação, seguido da limpeza e decapeamento, perfuração e desmonte por
explosivos, carregamento e transporte para o britador, britagem e expedição dos produtos.
Como bem ilustra a Figura 4.

Figura 5 – Fluxograma típico do processo produtivo


Fonte: Google/imagens (scielo.br).

As operações se iniciam com a determinação do local de explotação (com auxílio


de dados topográficos), seguido da limpeza e o decapeamento, normalmente, são feitos no
início da atividade, com remoção do material intemperizado, retirada da vegetação e excesso
de solo, sendo comum a terceirização dessa etapa. A Figura 5 mostra esses processos iniciais.
As pedreiras trabalham com altura de bancadas que variam geralmente, entre 9m e 25m. Os
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diâmetros dos furos mais comuns são de 63mm e 89mm e são realizados através de
perfuratrizes normalmente pneumáticas. (SILVA, 2012).

Figura 6 – Determinação do local, limpeza e decapeamento


Fonte: Google Imagens

Atualmente, o desmonte é adotado pela maioria das pedreiras, com sistema de


iniciação não-elétrico e emulsão bombeada também vem substituindo os explosivos
encartuchados. Depois de observadas as recomendações de segurança, então é executado o
plano de fogo para desmonte primário (perfuração + detonação por explosivos), que
fragmenta cada trecho das bancadas da frente de lavra. Caso o material não esteja com
dimensões adequadas para a entrada na planta de beneficiamento (fragmentos maiores que um
metro), efetua-se o desmonte secundário. A perfuração e os desmontes são apresentados na
Figura 6.

a) b)

Figura 7 – a) Perfuração e desmonte por explosivos. b) Desmonte secundário.


Fonte: Google Imagens
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Na maioria das empresas, o carregamento é feito por pás-carregadeiras ou


escavadeiras hidráulicas, como expõe a Figura 7, que depositam o material em locais junto às
instalações de britagem, conhecidos como praças de alimentação, para armazenagem
temporária, embora muitas estejam adotando o uso de escavadeiras trabalhando sobre a pilha
de rocha desmontada e o transporte da rocha para a britagem geralmente é feito por
caminhões fora-de-estrada com capacidade entre 25 e 35 toneladas, mas podem ser realizados
também através de correias transportadoras. (SILVA, 2012).
a) b)

Figura 8 – Carregamento a) com escavadeira hidráulica b) com pá-carregadeira


Fonte: Google Imagens

A etapa seguinte é a de beneficiamento, que se trata basicamente de britagem


primária, como mostra a Figura 8, secundária e rebritagem em uma ou duas etapas (britagem
terciária e quaternária), pode ser realizada a seco ou a úmido. O britador primário, geralmente
de mandíbulas, faz a fragmentação de matacões, e neste ponto pode ou não ter a lavagem da
rocha, para a retirada dos finos. Com o material obtido da britagem primária é formado a
pilha-pulmão que alimenta o britador secundário, ocorre geralmente através do auxílio de
correias transportadoras, como mostra a Figura 9 . O britador secundário pode ser de
mandíbulas ou do tipo cônico e os britadores terciários e quaternários são cônicos ou de
impactos. (SILVA, 2012).
16

Figura 9 – Britagem primária


Fonte: Google Imagens

Figura 10 – Transporte entre britadores por correias transportadoras


Fonte: Google Imagens

Na maioria dos casos as etapas de britagem e classificação são constituídas por


equipamentos fixos, porém quando a pedreira é aberta para atender uma obra específica, o uso
de equipamentos móveis é mais comum e apresenta um melhor custo-benefício. (SILVA,
2012).
Por fim, a brita é passada por peneiras, Figura 9, onde é classificada de acordo
com a granulometria, feita por peneiras vibratórias. Normalmente, a fração retida nas peneiras
superiores retorna aos rebritadores, entrando novamente no circuito de beneficiamento.
(SILVA, 2012).
17

Figura 11 – Peneiramento
Fonte: Google Imagens

A fração passante das peneiras compõe as pilhas de estoque, principalmente forma


de armazenamento dos produtos, que deste ponto em diante faz parte da etapa de expedição
dos produtos, esta já pertence ao setor comercial. A Figura 10 ilustra bem essa etapa. O
carregamento para a comercialização é realizada de forma mecanizada ou automatizada e o
transporte geralmente é dependente de pagamento de frete. (SILVA, 2012).

Figura 12 – Expedição dos produtos


Fonte: Google Imagens
18

6 VOLUMES DE PRODUÇÃO

Na produção nacional, se sobressaem as minas de pequeno porte, isso se deve


principalmente pelo fato das pedras britadas possuírem um pequeno valor unitário, logo um
custo elevado com transporte inviabiliza o processo. Assim se tem a necessidade de se haver
micromercados regionalizados, buscando diminuir o custo com transporte ao máximo, e
produção fica restrita aos volumes que aquele mesmo mercado consegue absorver.

Quadro 2 - Porte e número de minas de brita no Brasil no ano de 2007


Fonte: DNPM, 2008

Com exceção do Acre, que importa de estados vizinhos a brita para seu consumo,
todas as unidades da federação do Brasil são produtoras de brita e cascalho, conforme os
relatórios anuais de lavra (RAL) entregues ao DNPM.
O mercado de rochas britadas, mesmo com esta tendência a micromercados é
composto por empresas de tamanhos variantes e com fins diferentes, tendo por exemplo desde
uma mineradora típica, cuja o produto final visado é apenas a própria brita, como pode-se ter
também empresas que pertencem a grupos cujo produto final de produção é cimento e/ou
concreto, se tendo uma verticalização do processo.
Segundo o DNPM (2008), no período 2001 a 2007 as minas de rocha britada,
representaram 25% do total de minas a céu aberto e acima de 10.000 toneladas operando no
país. As minas de rocha britada representam 41% do total de minas de porte médio (abaixo de
um milhão e acima de 100 mil toneladas).

Quadro 3 - Produção anual brasileira de brita, de 2012 até 2014


Fonte: DNPM, 2015
19

A produção de brita de 2014 são 5% superiores às de 2013. São Paulo foi o estado
com maior produção/consumo, concentrando, em 2014, 26,7% do total nacional. A segunda
unidade da federação mais importante foi Minas Gerais, que participou com 10,7% do total de
2014, seguida pelo Rio de Janeiro, com 8,1%, e Paraná, com 6,5%.
As principais empresas produtoras de rocha britada estão situadas em São Paulo,
obviamente pela grande necessidade local de matéria prima para os empreendimentos civis,
destacando-se a Basalto Pedreira e Pavimentação Ltda e a Embu S/A Engenharia e Comércio.

Quadro 4 - Empresas com maior participação na comercialização de brita nacional no


ano de 2007
Fonte: DNPM, 2008
Dentre as pedreiras com maior volume de produção destaca-se a da Fazenda Santo
Antônio, pertencente a empresa Polimix Concreto LTDA, juntamente com a pedreira da
Unidade Caieiras, pertencente a Mineradora Pedrix LTDA. Ambas com volumes de produção
acima de 1 milhão de m³.

Quadro 5 - Maiores pedreiras em volume de extração no Brasil no ano de 2007


Fonte: DNPM, 2008

O Brasil tem um dos menores índices de consumo per capita de agregados do


mundo, com 1,8 t/hab/ano, sendo de 0,7 t/hab/ano o consumo de pedra britada em 2004
(DNPM, 2005); enquanto na Europa esta taxa chega a 6-10 t/hab/ano.
Segundo a Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para
Construção Civil (ANEPAC), a produção de pedras britadas encontra-se espalhado por todas
as unidades da federação com as seguintes estatísticas:
 Envolve, oficialmente, cerca de 600 empresas;
20

 Gera cerca de 20.000 empregos diretos;


 60% das empresas produzem menos de 200.000 toneladas/ano;
 30% produzem entre 200.000 e 500.000 toneladas/ano;
 E 10% produzem mais do que 500.000 toneladas/ano.

7 APLICAÇÕES INDUSTRIAIS

Filler: É utilizado nos serviços de: preparação de concretos, para preencher


espaços vazios, na adição a cimentos, na preparação da argamassa betuminosa, como
espessante de asfaltos fluídos, representa o “material de enchimento”.
Pó de Pedra: É usado na construção civil em obras de terraplenagem como
material para subbase, calçamento de pisos pré-moldados e paralelos, identificação de rede e
drenagem – usina de asfalto (fabricação de massa asfáltica para recapeamento de estradas,
avenidas e estabilização do solo).
Brita 0: Aplicada na confecção de asfalto, concretos para lajes pré-moldadas ou
para estruturas de ferragem densa, artefatos de concreto (pré-moldados), chapiscos e brita
graduada para base de pistas.
Brita 1: É a mais usada nas construções, pois seu tamanho permite um concreto
leve para virar e uma ótima resistência na liga. Também é muito usada para pavimentação de
calçamentos e ruas, centrais de concreto – fabricação do concreto convencional e bombeado;
usina de asfalto - fabricação da massa asfáltica, indústria de pré-moldados - fabricação de
manilhas, blocos de concreto, meio-fio, lajes pré-fabricadas, galpões e postes de concreto. Por
apresentar facilidades no seu manuseio e aplicação, é utilizada em concreto para lajes pré-
moldadas.
Brita 2: Seu uso é recomendado para concreto, pavimentação e calçamento, é a
segunda rocha britada mais usada em obras em geral.
Brita 3: Recomendada para pavimentação e calçamento de ruas e terrenos, pela
característica de sua granulometria, este agregado é indicado para lastro ferroviário,
decantação de fossas sépticas e drenagem de solo.
Brita 4: Recomendada para a pavimentação e calçamento de ruas e terrenos, a
pedra 4 é a maior rocha britada, é bastante usada na construção civil para confecção de filtros
de decantação de dejetos sanitários, drenagem, estabilização de solo.
21

Rachão Gabião: É formada por grandes pedras, em geral são usadas em drenos
grandes, muros de contenção de barrancos e encostas.

Figura 13 - Tipos de brita


Fonte: Google/imagens (scielo.br)

8 ESPECIFICAÇÕES

As pedras britadas precisam atender alguns requisitos, para assumir alguma


utilidade, sendo necessário elevado grau de sanidade mineralógica, alto grau de cubicidade,
baixa alterabilidade e elevada resistência mecânica. Logicamente a qualidade das pedras
britadas das propriedades intrínsecas à natureza da rocha da qual foi originada e da resistência
mecânica decorrente. Deve ser considerado também a eventual presença de minerais
secundários e de deletérios que são potenciais causadores de reações diversas (reações álcalis-
agregado por exemplo). Assim então se busca evitar as rochas onde se tenha a forte presença
de minerais como micas (especialmente biotita e clorita, em porcentagem > 20%), e também
sulfetos, óxidos e carbonatos em grãos grossos.
Portanto, se tem uma preferência por rochas com ausência de minerais
desagregados ou decomposição. O arranjo e o estado de alteração dos minerais influenciam o
grau de porosidade e a capacidade de absorção d’água da brita. A resistência mecânica
depende da natureza da rocha, já que ela é influenciada pela granularidade dos minerais
presentes e seu estado de alteração, da porosidade, da textura e da estrutura da rocha. Logo a
textura da rocha que dará origem a pedra britada deve ser coesa e não muito grossa, com
ausência de plano de fraqueza ou estrutura isotrópica e baixa porosidade. Se evitando ao
máximo qualquer rocha xistosa, com foliações finas, acamamento e micro fraturas.
22

A estrutura influencia, por sua vez, também o formato das britas (formas
arredondadas e superfícies lisas reduzem a porosidade entre os grãos e facilitam a fluidez do
concreto, formas angulosas e superfícies rugosas facilitam a aderência do cimento), outras
propriedades de interesse são: a distribuição granulométrica e a massa unitária que, além dos
parâmetros de natureza da rocha, dependem do processo adotado na sua produção; a
adesividade a ligantes betuminosos que é influenciada pela natureza da rocha (SILVA, 2012).
Como o custo unitário da pedra britada não é muito elevado acaba que se torna
inviável também estudos prévios da geologia e petrografia das pedreiras a serem explorada,
isso faz com que alguns materiais não se adequem às normas técnicas vigentes pela simples
falta de conhecimento das propriedades físicas do próprio material em questão, por vezes até
inviabilizando seu uso. Em outros casos, o desconhecimento das características dos materiais
britados faz com que haja uma maior geração de resíduos e finos de pedreira, que acabam por
gerar maiores problemas ainda.

9 FUNÇÕES

Como já dito, o uso das pedras britadas tem maior proporção quando se trata de
agregados da construção civil, onde a mesma é misturada ao ciumento para formar o concreto,
e trazer resistência. Temos que o concreto, em média, é uma mistura de cimento (10%), água
(7%), brita (42%), areia (40%) e aditivos químicos (1%). Expressos como fração do volume
total.
Outra função de suma importância é sua utilização como lastro, para a execução
de uma ferrovia. Dentre outras características, ele é responsável por distribuir as cargas dos
veículos sobre a plataforma. A estabilidade e a durabilidade da malha depende dele, pois
também é responsável em suprimir irregularidades da plataforma; formar um colchão com
elasticidade necessária para atenuar as trepidações resultantes da passagem dos veículos;
formar uma superfície uniforme e contínua para os dormentes e trilhos, preenchendo as
depressões da plataforma e permitindo o perfeito nivelamento dos mesmos; impedir o
deslocamento dos dormentes; facilitar a restauração e manutenção da geometria da via;
melhorar a permeabilidade e ventilação e evitar bolsas de lama.
Devido ao baixo preço a brita é bastante utilizada também como sub-base na
pavimentação de estradas, sua função é auxiliar a transmitir os elevados esforços para as
camadas inferiores, evitando-se assim uma grande deformação da base.
23

No demais sua função é dá volume nas misturas de concreto, visando baratear o


processo seja da fabricação de pré-moldados ou para demais usos. Assim como também
auxiliar no processo de decantação e tratamento de dejetos ou águas contaminadas em filtros.

10 VALOR

Pelo fato do valor unitário ser muito baixo, têm se a necessidade de reduzir ao máximo a
distância entre o mercado consumidor e o local da extração. Normalmente, jazidas localizadas
numa distância maior que 150 km de distância do mercado consumidor acabam por
inviabilizar empreendimentos deste tipo. Porém um problema que surge em contrapartida a
esta proximidade é os efeitos negativos causados pela própria mineração, que tende a causar
poluição sonora e do ar, assim como outros problemas causados por uso de explosivos por
exemplo.
Assim devido a esta peculiaridade de inexistir comércio entre grandes distâncias, o preço
deste tipo de agregado diferentemente de alguns dos demais produtos da indústria mineral
acaba por ser determinado localmente, ou seja, em cada um dos micromercados
regionalizados. Logo o preço pode apresentar uma variância muito grande entre estados e até
mesmo entre regiões metropolitanas.
Um item que tende a ter implicância direta no valor final de um mineral são os equipamentos
e peças de reposição, porém para os agregados minerais, no geral, a tecnologia não tende a
representar um custo significativo devido a baixa complexidade do processo de
beneficiamento, em relação a outros produtos minerais. Pra se ter uma ideia, no preço final
das pedras britadas, o transporte responde por cerca de 1/3 a 2/3 do valor do produto.

Quadro 6 - Preço médio praticado no Brasil para a Pedra Britada nº 2


Fonte: DNPM, 2014
24

Gráfico 2 - Preço médio da Pedra Britada nº 2 praticada por estado (JAN-JUL/2009)


Fonte: DNPM, 2009

Os preços foram mais voláteis na região norte, sobressaindo nesse aspecto o


estado do Amazonas, com maiores valores do país, seguido por Acre, que a brita é encarecida
pois necessita ser traga de seus estados vizinhos. A região norte é desfavorecida em
ocorrência de jazidas de boa qualidade para rochas britadas. Enquanto isso Bahia, Minas
Gerais e Paraná, tiveram os menores preços médios, sendo a Bahia o único estado que
manteve a brita abaixo dos R$ 20,00.
Nas capitais menos populosas, onde o setor privado de construção civil não é tão
grande, o preço é muito influenciado pelas obras públicas e programas de melhorias na infra-
estrutura implementados pelos governos que se sucedem a cada 4 anos. A trajetória da
tendência dos preços pode mudar de altista para estabilidade em curto período de meses.

11 RAIO DE COMÉRCIO

Em análise feita pela Anepac (Associação nacional de entidades produtoras de


agregados para construção) em 2010, a distribuição de consumo de agregados por região foi
de: Norte com 7%, Nordeste com 20%, Centro Oeste com 9%, Sudeste com 48% e Sul com
16%.
Tanto no Brasil como mundialmente, os recursos geológicos para obtenção
desses agregados são considerados abundantes, com eventual escassez em regiões muito
localizadas.
Em 10/12/2013, foi sancionada a Lei nº 12.890 que inclui os remineralizadores na
lista de insumos destinados à agricultura no Brasil. Com esta medida, dependendo da
25

composição das rochas da jazida, principalmente relacionada à abundancia de micas e


feldspatos potássicos, os produtores de rocha britada terão mais um mercado para
comercialização de subprodutos de suas pedreiras.
Rochas para britagem são facilmente encontradas na natureza e são consideradas
recursos minerais abundantes. Entretanto, essa relativa abundância deve ser encarada com o
devido cuidado.
O custo de transporte da pedreira aos centros de distribuição ou ao consumidor
final encarece o preço final. Praticamente todo o transporte é feito por via rodoviária.
Portanto, idealmente, a brita deve ser produzida o mais próximo possível dos centros de
consumo, o que é visto na figura 2, tornando antieconômico boa parte dos recursos minerais
disponíveis na natureza.

Figura 14– Produção de pedras britadas nacionais (em metros cúbicos)


Fonte: DNPM, 2006.

Quadro 7 – Consumo de brita no Brasil em 2007


Fonte: ANEPAC
26

Quadro 8 – Principais estados produtores no Brasil em 2007


Fonte: ANEPAC

Em todas as regiões brasileiras há mineração de areias, cascalhos e rochas para


brita. Entretanto, em vastas áreas da Região Norte as rochas próprias para britagem são
escassas, devido principalmente ao extenso manto sedimentar que encobre as reservas
possíveis de serem aproveitadas economicamente, Gráfico 3.

Gráfico 3 – Principais mercados em 2006


Fonte: DNPM, 2006.

O comércio dos agregados tende a ser bastante descentralizado espacialmente, e


com grande quantidade de ocorrências e empreendimentos. Fato que acompanha a dinâmica
do principal setor consumidor, o da construção civil, relevante em todas as regiões urbanas.
A restrição de comércio a grandes distâncias, devido aos custos de transporte
induz à formação de micromercados regionalizados separados por um raio de até 150 km. A
restrição imposta pela distância se constitui que torna necessário reduzir ao máximo possível a
distância entre o lugar de extração e o mercado consumidor. Considera-se que, para a maior
parte das regiões, as jazidas localizadas fora de um raio de 100 km do mercado consumidor,
não são viáveis economicamente. A mineração de agregados, como também o seu
beneficiamento gera impactos ambientais como poluição sonora e do ar. Quando a cidade se
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aproxima muito dos locais de produção, as populações atingidas mobilizam-se no sentido de


afastar a mineração de seus locais de moradia, sendo uma importante barreira à entrada no
mercado.
No aspecto regional, na Bacia sedimentar do Paraná, os afloramentos de rocha
para britagem são difíceis de serem encontrados, criando-se a necessidade de transportar a
brita por distâncias superiores a 100 km. No Estado do Acre e grandes regiões amazônicas
não há reservas de boa qualidade. No Acre a indústria da construção civil local utiliza brita
oriunda de jazidas localizadas no Estado vizinho de Rondônia. Em Goiânia, há carência de
areia natural, o que faz o consumo de areia artificial chegar a 35%. Há também restrições de
ordem ambiental. Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, nos locais acima da cota de
100 metros, é proibida a extração de rocha, restringindo tanto o nível de produção quanto à
vida útil das pedreiras em operação, além de inviabilizar a abertura de novas pedreiras.

12 PERFIL DA DEMANDA INTERNA E EXTERNA

A melhoria da renda da população e a ampliação das obras de infraestrutura geram


um forte crescimento do mercado de construção civil no país e, por consequência, de seus
insumos, como a brita. Segundo dados da ANEPAC, a demanda por esses materiais cresceu
numa média anual de 6,2% do ano de 2006 ao ano de 2011.
Não existem dados mais atualizados, mas baseados em dados de outros insumos
da construção civil, 2012 teve uma estagnação do mercado e 2013 teve uma retomada da
ordem de 3%. Mas em cenário de médio e longo prazo, as perspectivas do setor são bastante
animadoras para os próximos anos. Pesquisas realizadas pela ANEPAC indicam que em 2015,
o país estaria demandando um total de 583 milhões de toneladas de agregados, estando a brita
incluída. Isso pelo fato de existir uma infinidade de obras relacionadas a programas de
renovação da infraestrutura aeroportuária em função dos projetos da Copa do Mundo de 2014
e das Olimpíadas de 2016, que deve manter o segmento em alta por um bom tempo.
Segundo a ANEPAC, os principais clientes de uma indústria de britas são:
 32% Concreteiras
 24% Construtoras
 14% Indústrias de pré-fabricados
 10% Revendedores / Depósitos
 09% Usinas de Asfalto
28

 07% Órgãos Públicos


 04% Outros
Assim, podem ser vistos como canais de distribuição apenas os revendedores, em
geral os depósitos de material de construção.
Como dito anteriormente em Raio de comércio, os mercados são essencialmente
regionais, uma vez que se trata de um produto de baixo valor unitário e os preços do frete
pesam no valor final do produto. Sendo assim, as empresas instaladas próximas a áreas
urbanas apresentam forte diferencial competitivo, atingindo grandes capacidades instaladas,
Figura 4.

Figura 15 – Características relacionadas à demanda


Fonte: ANEPAC, 2007.

Com exceção do Acre, que importa de estados vizinhos a brita para seu consumo,
todas as unidades da federação do Brasil são produtoras de brita e cascalho, conforme os
relatórios anuais de lavra (RAL) entregues ao DNPM. Porém, dados indiretos obtidos a partir
do consumo de um importante produto complementar, o cimento, indicam que os números
obtidos através dos RALs estão muito aquém do total produzido em todas as regiões. Tendo
em conta este fato, as estatísticas publicadas pelo DNPM, em suas publicações, para brita e
cascalho, são estimativas com base em dados de consumo de produtos complementares,
notadamente cimento e asfalto, na indústria da construção.

12.1 IMPORTAÇÃO

As importações de brita e cascalho, em 2013, totalizaram 131.811 toneladas, com


um valor de US$ 4.851.122 e tiveram, como principais países de origem, Turquia (57,5% das
29

quantidades importadas), Uruguai (39,2%) e o restante, de 3,3%, distribuído por diversos


países.

12.2 EXPORTAÇÃO

Foram exportadas, em 2013, 38.887 toneladas de brita e cascalho, valoradas em


US$ 1.275.935, que estiveram distribuídas, em termos de quantidades, em 96,8% para a
Bolívia, e o restante, entre Venezuela, Peru e China.
O levantamento estatístico da produção de brita é falho. Para poder fazer as séries
históricas de produção e consumo, foi usada a relação que existe entre o consumo da brita
com o consumo do cimento e informações parciais obtidas de outras fontes.
Para estimativa do consumo histórico de brita, a correlação foi feita com o
consumo da brita. Em 2005, foram 130 milhões de toneladas; em 2006, 142 milhões; em
2007, 156 milhões; e em 2008, 185 milhões.
Na projeção para 2030, prevê-se que o consumo atinja 321milhões de toneladas
no “cenário frágil”, 507 milhões de toneladas no “cenário vigoroso” e 783 milhões de
toneladas no “cenário inovador. A seguir, mostra-se a projeção pelo menos até 2019.

Gráfico 4 – Projeção de demanda até 2019


Fonte: ANEPAC 2015

Já no seguinte quadro , quadro 9, tem-se o consumo per capita de agregados pelo


mundo, lembrando que as pedras britadas constituem 40% da produção.
30

Quadro 9 – Consumo per capita de agregados


Fonte: Manual de Aridos

Gráfico 5 – Consumo per capita de agregados no Brasil


Fonte: Senado 2007

13 GRAU DE COMPETIÇÃO NO MERCADO NACIONAL E


INTERNACIONAL

O mercado produtor de rochas britadas é composto por empresas de vários


tamanhos e natureza, variando desde mineradoras típicas, cujo principal produto pode ser a
própria brita ou outro produto mineral, como o calcário agrícola ou para cimento, por
exemplo, quantas empresas pertencentes a grupos produtores de cimento e/ou concreto,
funcionando de maneira verticalizada, sendo algumas também coligadas a construtoras de
vários portes.
31

O número de empresas que produzem pedra britada é da ordem de 600, a maioria


de controle familiar. Estas empresas geram cerca de 20 mil empregos diretos e mais de 100
mil indiretos. Sendo que 60% produzem menos de 200.000 toneladas/ano; 30%, entre 200.000
toneladas/ano e 500.000 toneladas/ano; e 10%, mais do que 500.000 toneladas/ano. Não estão
computadas as empresas que, mesmo que coloquem brita regularmente no mercado,
produzem rocha para finalidades específicas como produção de cimento, cal, corretivo de
solo, etc.
O mercado de brita no Brasil não está consolidado. A rivalidade entre as firmas é
baixa, então, em qualquer micro mercado, pode haver de aquisições e fusões para
proporcionar maior poder de competitividade. Além da diluição dos custos, as empresas
buscam maior participação em cada micro mercado, ampliação de sua área de atuação,
aumento da capacidade de fornecimento e fortalecimento de participações nos canais de
distribuição, por exemplo, nos segmentos de concreto e asfalto.
Comparativamente aos países da Europa Ocidental e da América do Norte, a
produtividade das empresas brasileiras ainda é muito baixa. A facilidade de crédito no
mercado norte-americano, por exemplo, faz com que as empresas troquem máquinas e
equipamentos com mais frequência. No Brasil, além dos juros muito altos, o mercado esteve
muito debilitado nos últimos anos, impedindo os produtores modernizarem seu parque
produtivo. Assim, enquanto os americanos podem automatizar sua planta de britagem,
adquirir caminhões e carregadeiras maiores, usar sistemas informatizados para
comercialização, necessitando de cada vez menos funcionários para produzir e comercializar,
o produtor brasileiro está limitado na sua capacidade de investir.

14 VULNERABILIDADE A SUBSTITUIÇÃO

Os substitutos das rochas britadas e cascalho são as escórias siderúrgicas (de alto-
forno e de aciaria), argilas expandidas, resíduos da produção de rochas ornamentais e resíduos
da construção e demolição (RCD). Dentre esses, os RCDs são os que apresentam maior
potencial de crescimento, uma vez que estudos tanto de caracterização tecnológica, quanto de
rotas de tratamento, e mesmo de modelos dinâmicos visando o gerenciamento desses resíduos
em nível municipal, têm sido cada vez mais frequentes. Mas nenhuma outra fonte é tão
abundante quanto os próprios agregados minerais.
32

Em relação entulhos de demolição, dependendo do processamento a que são


submetidos, podem gerar agregados para a construção de qualidade comparável aos agregados
naturais. O agregado reciclado, em comparação ao natural, apresenta menores custos de
energia e de transporte pela possibilidade de serem produzidos nos locais de consumo. Há
empresas que fazem o papel de britar esses entulhos e vender as britas de reaproveitamento de
construção civil, utilizando um equipamento versátil, o britador móvel, Figura 17.

Figura 18 – Conjunto de britagem móvel


Fonte: ANEPAC, 2007

Embora os substitutos das pedras britadas tenham certa relevância em alguns


mercados localizados, a rocha natural, pela abundância das fontes de abastecimento
disponíveis, mantém-se como a principal fonte de material de construções agregados para
construção civil são bens de baixo valor unitário, mas com os maiores volumes físicos de
comercialização dentre todos os produtos da indústria mineral.
Seus usos estão ligados as suas propriedades de granulometria e resistência, mas
sem que a diferenciação no produto exista como estratégia relevante de concorrência.
Aproximam-se mais do conceito microeconômico de bens homogêneos, o que acarreta um
padrão de concorrência mais voltado à eficiência nos custos, seja por redução nos custos de
transporte (com localização perto do mercado consumidor), na busca por métodos
operacionais e de movimentação de materiais mais eficientes (como a britagem móvel), ou em
arranjos organizacionais que aperfeiçoem os processos internos e redução de custos, com
fusões e aquisições, levando muitas vezes à verticalização da produção.
A possibilidade de utilização de outro recurso, seja industrializado ou natural, em
substituição à pedra britada, mesmo que já se tenha tecnologia apropriada, é quase nula. Além
disso, por ser um produto homogêneo e abundante no Brasil, possui pouco valor agregado e
33

apresenta baixo preço de venda em relação ao volume produzido (DNPM, 2008; OLIVEIRA
et al., 2008), Figura 18.

Figura 19 – Fatores atrelados ao baixo risco de substituição


Fonte: ANEPAC, 2007

A essencialidade do produto, a dificuldade de substituição e as barreiras à entrada,


são particularidades do setor que sugerem baixa elasticidade - preço da demanda, pouca
rivalidade entre as firmas e, consequentemente, possibilidade de existência e exercício do
poder de mercado. Além disso, por estar na base da cadeia produtiva do setor de construção
civil, a pedra britada, ao sofrer elevações de preços devido às imperfeições de mercado, impõe
custos maiores à indústria, afetando o custo de vida das famílias e o nível dos salários e, ou,
emprego da economia (NEVES; SILVA, 2007).
34

15 CONCLUSÃO

Ao se fazer análises de um determinado tipo de produção mineral, leva-se em


conta diversos fatores, especialistas da área analisam o processo desde o conhecimento das
propriedades dos materias até o mercado dos mesmos; com as pedras britadas não é diferente,
apesar de não ser dos mais importantes recursos minerais, economicamente falando, tem sua
relevância no mercado nacional, é o que faz centenas de empresas de pequeno a grande porte
tranformarem a produção desse bem mineral na segundo maior, atrás apenas do ferro.
As britas estão em diversos segmentos, são praticamente insubstituíveis
atualmente, as altas em seu preço afetam todo um ciclo, que vai de um maior custo na
insdústria civil até o bolso do cidadão, portanto, evidencia-se a necessidade de viabilizar cada
vez mais esse mercado, através de medidas governamentais, que incluem aumento de
infraestrutura, diminuição da burocracia, facilidade de crédito e investimento.
35

16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIZZI, L. A. et al. Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil. Brasília: CPRM.


2003.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Agregados para Construção Civil. Brasília:


MME, 2009.

DNPM. Sumário Mineral. Edições 2001 a 2016.

KULAIF, Y. Análise dos mercados de matérias-primas minerais: um estudo de caso da


indústria de pedras britadas do estado de São Paulo. São Paulo: USP. 144 p. Tese
(Doutorado em Engenharia) – Universidade de São Paulo, 2001.

PINHO, D. Contribuição à Petrografia de Pedra Britada. 2007. 447 f. Dissertação


(Mestrado em Recursos Minerais e Hidrogeologia). Instituto de Geociências, Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2007.

POLETTO, C. A exploração de pedreiras na Região Metropolitana de São Paulo no


contexto do planejamento e gestão do território. São Paulo: USP. 236 p. Tese Jersey:
Prentice Hall, 1993. 623 p. NEVES, C.

SERNA, H. A. L.; REZENDE, M. M. Agregados para a Construção Civil. São Paulo:


DNPM, 2010.

SILVA, G. A. Diagnóstico do Setor de Agregados para Construção Civil na Região


Metropolitana de Natal - RN. 2012. 193 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mineral).
Instituto de Geociências, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2012.

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