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Nesta quinzena, esta coletânea traz textos verbais e não-verbais que nos
a sociedade tem feito para resolver este grave problema ambiental. Pense a
Boa leitura!
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Publicado em 20/07/2017
Quase 80% desses materiais acabaram nos aterros sanitários ou no meio ambiente
Desde que começou a produção em massa de plásticos, nos anos cinquenta, os humanos geraram
8,3 bilhões de toneladas métricas do material. Dessa quantidade enorme, apenas 9% são reciclados.
A grande maioria acaba sem tratamento nos aterros sanitários ou no meio ambiente. Segundo um
novo estudo sobre a produção desse material sintético, seu uso e destino final, se continuarmos nesse
ritmo, em 2050 haverá mais de 12 bilhões de toneladas de resíduos plásticos.
Apesar de alguns plásticos já existirem no início do século XX, a produção em massa não começou
até o fim da Segunda Guerra Mundial, quando deixou de ser algo quase reservado para os militares.
Fruto de reações químicas (polimerização) de compostos orgânicos obtidos em sua maioria do petróleo,
o plástico é uma das grandes criações da humanidade. Depois do aço e do cimento, é o produto de
origem não natural mais presente na civilização. Mas suas virtudes o transformam em problema quando
seu ciclo de vida útil termina.
“A maioria dos plásticos não é biodegradável, portanto os resíduos plásticos que estamos gerando
nos acompanharão por séculos e até milênios”, diz a pesquisadora da Universidade da Geórgia, Jenna
Jambeck. Em 2015, Jambeck e um grupo de colegas estimava que todo ano chegavam aos mares do
planeta cerca de oito toneladas de plásticos. Agora, com colegas da Universidade da Califórnia em
Santa Barbara e a Associação para a Educação Marina (SEA), Jambeck foi além, calculando quanto
plástico geraram os humanos em sua curta história e onde tudo isso foi parar.
Apenas 9% do plástico é reciclado. O restante é queimado ou, em sua maioria, acaba no aterro
sanitário
A pesquisa, publicada na revista Science Advances, começa no ano 1950, quando o número de
dois milhões de toneladas de plástico produzidas foi ultrapassado. Em 2015, últimos dados disponíveis,
essa quantidade aumentou para 380 milhões de toneladas. Acumulados todos esses anos, os humanos
criaram 8,3 bilhões de toneladas. A maior parte são resinas à base de monômeros como o etileno e o
propileno. Cerca de 2 bilhões de toneladas são fibras, destacando o poliéster, o acrílico e as poliamidas
sintéticas. Os 500 milhões restantes são aditivos para dar as características desejadas a cada produto
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feito de plástico.
Apesar de parecer que a consciência ambiental e o surgimento de novos materiais estavam
deixando o plástico para trás, os dados dizem exatamente o contrário: a metade dos plásticos
produzidos desde 1950 foram fabricados na última década. Outro dado revelado pelo estudo é a
nova geopolítica do plástico. No início, tanto sua produção como seu uso eram algo quase exclusivo
dos Estados Unidos, aos quais aos poucos se uniriam os países europeus. Hoje, no entanto, apesar
de os dois continuarem sendo os principais consumidores de plástico, o maior produtor é a China.
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As fábricas chinesas produzem um terço de todas as resinas e quase 70% das fibras.
O estudo também analisa onde tanto plástico foi parar. Todo ano entram novos plásticos no
circuito e os velhos saem. Isso faz com que haja em uso cerca de 2,5 bilhões de toneladas, a maioria na
construção, onde são usados materiais plásticos de longa vida. O restante – bolsas, roupas, embalagens
– em sua maioria acaba no lixo e, em médio e longo prazo, nas terras e mares do planeta.
Nos anos oitenta começou-se a reciclar o plástico. Mas não parece ter funcionado. Apenas 9%
dos resíduos plásticos são reciclados. Além disso, os plásticos reciclados, que não têm a qualidade
dos originais, poucas vezes são reciclados pela terceira ou quarta vez. Então a reciclagem só atrasa sua
chegada ao lixão. Outros 12% de lixo plástico são eliminados pela incineração. Apesar de a quantidade
de plásticos decompostos por pirólise (mais eficiente e ecológica) estar aumentando, a grande maioria
desses plásticos são queimados sem mais. Por região geográfica, europeus (30%) e chineses (25%)
são os que mais reciclam e também os que mais queimam, 40% e 30%, respectivamente. No outro
extremo estão os Estados Unidos. Com um índice de incineração de 16%, reciclam apenas 9% do
plástico que usam. Os outros 75% são jogados fora e pronto.
“Há regiões em que o plástico é indispensável, especialmente nos produtos feitos para durar”,
comenta a pesquisadora do SEA e coautora do estudo, Kara Lavender. “Mas acho que precisamos
refletir sobre nosso uso amplo dos plásticos e nos perguntar quando usar esses materiais faz ou não
sentido”, acrescenta. Sem essa reflexão, a projeção feita pelos pesquisadores é a de que, em 2050,
os humanos terão produzido mais de 34.000 toneladas de plástico e pelo menos um terço acabará
no lixão ou pior ainda.
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Publicado em 30/10/2017
Um mar composto de escovas de dentes, garfos, colheres, pratos e garrafas de plástico. Essa é
a imagem que a fotógrafa e ativista britânica Caroline Power captou entre as ilhas de Roatán e Cayos
Cochinos, no Caribe hondurenho. “Foi devastador ver algo que me importa tanto sendo lentamente
assassinado e asfixiado”, disse ela ao jornal britânico The Telegraph.
“Isto precisa parar, pensem no seu cotidiano. Como você levou para casa a comida que sobrou
na última vez que você foi a um restaurante? É provável que [a embalagem] fosse de isopor, servida
com um garfo de plástico, e depois colocada numa sacola de plástico”, escreveu Power no Facebook.
A publicação, feita em 16 de outubro, já foi compartilhada mais de 2.770 vezes e recebeu mais de
1.100 reações nessa rede social.
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e dos esforços realizados, estes não tenham sido suficientes (...) e ainda não se vejam resultados
concretos e evidentes”, afirmou a secretaria hondurenha de Relações Exteriores em nota no último
dia 23.
O Governo de Honduras exigiu a mitigação dos danos e uma indenização pelo “investimento
realizado”. Já o presidente guatemalteco, Jimmy Morales, declarou ao jornal Prensa Libre que conversou
com seu homólogo hondurenho sobre as tarefas necessárias para combater o problema, mas que estas
“ainda não foram definidas”.
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Infelizmente estas ideias parecem ser utópicas, mas servem para demonstrar o quanto a máquina
consumista exerce influência sobre o comportamento de compra e estilo de vida de seus integrantes. E
tudo isso acontecendo dentro de um planeta finito, de recursos finitos, onde o lixo cresce de maneira
proporcional a uma população colossal e, consequentemente, vai se tornando parte das paisagens e
dos ecossistemas.
Aliado a esse fator, existe ainda a precariedade de políticas públicas de descarte de resíduos, o
descaso dos regentes sistêmicos e, além disso, existe a influência das grandes corporações envolvidas
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no processo ganancioso do consumo exacerbado. Tem também o problema de base educacional de
uma população que sofre amnésia crítica, sendo assim, vamos convivendo com as consequências desse
lamentável cenário, causando danos irreparáveis ao planeta, à fauna animal e consequentemente a
nós mesmos.
Sendo assim, milhões de toneladas de resíduos plásticos boiam pelos oceanos da Terra e, em alguns
lugares, formam amontoados colossais de lixo, como a Ilha de Plástico do Pacífico, situada entre a costa
da Califórnia a meio caminho do Japão, com uma área maior do que o tamanho dos estados de São
Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo juntos, e a Ilha de Plástico do Atlântico Norte, mais recentemente
descoberta, localizada numa área de convergência próxima ao Estado norte americano da Geórgia.
Grande quantidade desta matéria plástica acaba, de certa forma, voltando ao ser humano através
dos peixes - daqueles que conseguem sobreviver - os quais ingerem minúsculos detritos oriundos da
decomposição do plástico. Isso significa, que, em outras palavras, quem se alimenta de peixe também
corre o risco de estar comendo plástico e todas suas toxinas, o que pode trazer efeitos nocivos ao
organismo.
Esse infortúnio representa o ciclo vicioso que molda a rotina “humanóica” de seres que se julgam
racionais e sociais, nutrindo a necessidade consumista para aumentar e gerar riqueza para uma minoria,
e mais emprego alienante para trazer renda econômica a uma maioria que, consequentemente, irá
revertê-la em consumo novamente.
E assim, o ciclo econômico, em meio ao consumo e ao lixo, segue sua deteriorante trajetória.
Mudar este atual paradigma, dependerá da emersão de uma consciência coletiva sobre a compreensão
das conexões da vida, um rompimento com certas práticas inquestionáveis até então. Avançamos
rumo a uma nova era, onde teremos que fortificar nossa bagagem de conhecimento, ter paciência
para perceber e ter domínio sobre desejos e vontades.
Por fim, eis um antigo ditado oriental para reflexão: “O seu lixo sempre volta à sua porta, cabe
a você escolher a cara dele!”
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Como a arte pode ser uma ferramenta de conscientização importante para o ativismo ambiental?
Conheça a arte ambiental e suas ramificações
Qual é a função da arte? Educar, informar e entreter? Essa é talvez a mais polêmica questão que
envolve o tema, e não há respostas fechadas. Arte pode ser entendida como atividade humana ligada
às manifestações artísticas, seja de ordem estética ou comunicativa, realizadas por diversas formas de
linguagens. Talvez uma pergunta mais pertinente seja: qual o potencial da arte?
A arte impulsiona os processos de percepção, sensibilidade, cognição, expressão e criação. Tem
o poder de sensibilizar e proporcionar uma experiência estética, transmitindo emoções ou ideais.
A arte surge da necessidade de observar o meio que nos cerca, reconhecendo suas formas, luzes e
cores, harmonia e desequilíbrio.
Ela pode propagar e questionar estilos de vida, preparar uma nova consciência através da
sensibilização, alertando e gerando reflexões. As manifestações artísticas são representações ou
contestações oriundas das diversas culturas, a partir do que as sociedades, em cada época, vivem e
pensam.
Nesse contexto, podemos inserir a importância da arte como mais uma ferramenta do ativismo
ambiental. Ao confrontar o público com informações desagradáveis, muitas vezes difíceis de serem
digeridas (como as mudanças climáticas), convergidas em uma experiência estética, a sensibilização
ultrapassa a barreira do racional e realmente toca as pessoas. É mais fácil ignorar estatísticas do que
ignorar imagens e sensações. Quando a arte representa a relação perturbada da sociedade com a
natureza, fica explícita a urgência de ação.
As mudanças ambientais já são há muito tempo objetos da arte. Por trás do verde idílico que os
impressionistas pintavam, havia a fumaça negra das chaminés das fábricas. Uma das marcas da obra
de Monet era o estudo da luz difusa, nessa busca se deparou com o Smog de Londres. Isso originou
obras que mostram a fumaça de carvão cuspida pelas chaminés e trens na cidade.
Em um contexto contemporâneo, o movimento de arte ambiental surgiu a partir da turbulência
política e social dos anos 1960 e início dos anos 70. Artistas foram inspirados pela nova compreensão
das questões ambientais, a grande urbanização e a ameaçadora perda de contato do homem com a
natureza, bem como pelo desejo de trabalhar ao ar livre em espaços não tradicionais.
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A arte ambiental se insere na arte contemporânea não como um movimento fechado, mas
como um modo de fazer, uma tendência que perpassa diversas criações artísticas. A dialética entre o
hedonismo e a sustentabilidade cada vez mais tem sido abordada, e é uma contraproposta às ordens
sociais vigentes. Criticar publicamente o consumismo, o curto ciclo de vida dos produtos e a exploração
de recursos é fazer ativismo ambiental, por mais que muitas vezes não esteja explícito no trabalho.
Reverenciar a beleza da natureza, mesmo que pareça sem maiores preocupações ideológicas, também
é um processo que reforça a necessidade de ações de preservação do meio ambiente.
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Diversos artistas têm a preocupação de expor ao público uma arte voltada para as questões
ambientais. A prática artística dá visibilidade a temas que muitas vezes são abordados pela mídia por
uma perspectiva distanciada. Com um enfoque distinto, temáticas como as mudanças climáticas ou
exploração animal, que sequer ganha destaque na mídia tradicional, geram reflexões potencialmente
transformadoras.
O campo da arte ambiental é tão vasto como o mundo natural que o inspira. A arte é uma lente
através da qual é possível explorar todos os aspectos da sociedade - desde a produção urbana de
alimentos, a política climática, gestão de bacias hidrográficas, infraestrutura de transporte e design
de roupas - a partir de uma perspectiva ecológica.
“Arte ambiental” é um termo genérico que se refere a uma ampla gama de trabalho que ajuda
a melhorar a nossa relação com o mundo natural. Seja informando sobre as forças ambientais, ou
demonstrando problemas ambientais, e até com uma participação mais ativa, reaproveitando materiais
e restaurando a vegetação local. Muitas práticas artísticas, como a land art, eco-arte, e arte na natureza,
bem como os desenvolvimentos relacionados em prática social, ecologia acústica, slow food, slow
fashion, eco-design, bio-art e outros podem ser considerados como parte desta mudança cultural maior.
[...]
Arte ecológica, eco-arte ou arte sustentável
A arte ecológica leva em consideração que toda atividade humana afeta o mundo em torno dela.
Por esse motivo, ela analisa o impacto ecológico da construção, exposição e efeitos a longo prazo da
obra. As questões ambientais são mais aparentes no discurso desse tipo de arte - ela envolve toda uma
metodologia eco-friendly. Muitos projetos envolvem uma restauração local, ou emergem diretamente
de uma função de serviço a ecossistemas ou comunidades. Essa prática artística busca estimular carinho
e respeito pela natureza, propiciando diálogos e incentivando mudanças estruturais a longo prazo.
Muitas vezes os projetos envolvem ciência, arquitetos, educadores, etc.
Um artista que segue essa perspectiva é o brasileiro Vik Muniz, que cria diversas obras utilizando
lixo. O documentário “Lixo Extraordinário” mostra o trabalho do artista e apresenta seu processo
criativo e sua relação com uma comunidade próxima de um aterro sanitário do Rio de Janeiro.
Obra de Vik Muniz utilizou 4,5 toneladas de lixo para ser produzida
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Outro artista muito importante no cenário brasileiro é Frans Krajcberg. Uma marca de sua obra
são esculturas com árvores calcinadas, que são recolhidas de locais que sofreram com queimadas e
desmatamento. A obra denuncia a violência do homem com a natureza e tem forte caráter ativista.
[...]
As preocupações mundiais com temas como o desmatamento, aumento de epidemias, poluição,
aquecimento global, esgotamento de espécies, novas tecnologias genéticas, novas e velhas doenças,
são reflexos de um novo mundo. Junto com tudo isso surge a demanda de atribuir à arte a função de
destacar as questões da natureza. O movimento cultural global em função de uma vida voltada para
consumo consciente expandiu o papel da arte e dos artistas em nossa sociedade. Independente de
uma classificação fechada, percebe-se nos museus e galerias do mundo todo que a questão ecológica
e as mudanças climáticas estão determinando muitas atividades artísticas. Ao artista é creditada a
função de ativista, para expor a demanda pela urgência de mudanças que a sociedade precisa. A arte
ambiental é uma arte engajada. Ela busca a construção de novos valores e jeitos de se viver.
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Publicado em 24/04/2017
Todos os anos, cerca de 80 milhões de toneladas de polietileno são produzidas no mundo, estimam os
pesquisadores - CSIC/AFP
A descoberta de uma larva capaz de devorar polioetileno, um dos materiais plásticos mais
resistentes que existem, utilizado em embalagens, oferece a perspectiva de biodegradar rapidamente
um poluente que leva séculos para se decompor no meio ambiente, contaminando especialmente os
oceanos.
“Os dejetos plásticos são um problema ambiental mundial, sobretudo o polietileno, particularmente
resistente e que muito dificilmente se degrada naturalmente”, explicou a cientista Federica Bertocchini,
do Centro Espanhol de Pesquisa Nacional (CSIC), autora da descoberta desta larva, a “Galleria
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A cientista, que também é apicultora amadora, observou que os sacos plásticos onde ela colocava
a cera das colmeias infectadas pelo parasita, ficavam rapidamente cheios de buracos.
Em outra observação com um saco de supermercado no Reino Unido, exposto a uma centena
dessas larvas, os insetos destruíram o plástico em menos de uma hora.
“Extremamente rápido”
Os buracos começaram a aparecer depois de 40 minutos e, após 12 horas, a massa plástica do
saco havia sido reduzida a 92 miligramas, o que é considerável, explicaram os cientistas.
Eles destacaram que esta taxa de degradação é “extremamente rápida” em comparação com
outras descobertas recentes, como a de uma bactéria, no ano passado, capaz de decompor centenas
de plásticos, porém mais lentamente, ao ritmo de 0,13 miligrama por dia apenas.
Os autores desta última descoberta acreditam que a larva da traça da cera não ingere apenas
o plástico, mas o transforma, ou o quebra quimicamente, com uma substância produzida por suas
glândulas salivares. “Uma das próximas etapas será tentar identificar esse processo molecular e
determinar como isolar a enzima responsável” pelo mesmo, explicaram. “Se for uma simples enzima,
nós poderemos fabricá-la em escala industrial, graças à biotecnologia”, avaliou Paolo Bombelli, da
Universidade de Cambridge, no Reino Unido, um dos principais coautores deste trabalho. Segundo
ele, “essa descoberta poderia ser uma ferramenta importante para eliminar os dejetos de plástico
polietileno que se acumulam nos lixões e nos oceanos”.
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Fonte: https://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/residuos-solidos/galeria-de-infograficos-da-edicao/info009.
Acesso em 23/11/2017.
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