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UFPR - Universidade Federal do Paraná

Aluna: Mariana Borges


Diurno 2º ano B
Fichamento do texto de Judith Martins Costa acerca de Direito das Obrigações

O Código Civil de 2002 apresentou uma nova ideologia, desprendida sobretudo do


individualismo moderno típico do Direito Privado. Tal desprendimento é visível no conteúdo de
Obrigações, pelo qual o código assumiu novidades peculiares, tanto estruturais e classificatórias às
obrigações, além de trazer linhas de destaque, como por exemplo, o adimplemento.
Muito se discute no Direito Privado acerca do papel do sujeito de direito, sobre suas
liberdades civis e econômicas e a relevância da pessoa sobre determinados efeitos jurídicos. Tal
discussão logo possibilita a formação dos denominados "parâmetros concretos", fazendo referência à
categorização formal do sujeito de direito. Também fala-se na racionalidade pós-moderna, sobretudo
referente à superação, diga-se "parcial", do individualismo moderno, uma vez que a pós-modernidade
é marcada por certa desmaterialização. Por sua vez, a junção do paradigma do sujeito de direito bem
como a nova racionalidade social que se apresenta, evidencia o vácuo existente entre a realidade
jurídica e não-jurídica.
A consideração centralizada do sujeito de direito que existe nas relações jurídicas sobretudo
mostra o aspecto abstrato do direito obrigacional. A complexidade das relações jurídicas obrigacionais
encontra-se limitada ao considerar o sujeito de direito soment de modo estagnado, abstrato. Este deve
ser considerado, afinal. Contudo, a noção abstrata não pode se ater à subjetividade jurídica e às ricas
situações que existem no direito das obrigações.
Por isso, é necessário pensar as relações inter-subjetivas de modo que ocorra maior coerência
nas peculiaridades dos sujeitos das relações com ordenamento jurídico. Para tal, uma análise interna
da relação obrigacional é necessária para analisar a concretude das relações desenvolvidas, a partir de
sua totalidade e não apenas suas externalidades, o que permite a tutela jurídica adequada à diversidade
material das situações.
A tutela, por sua vez, não se assemelha à uma regra, isto é, não se assemelha à uma plena
subsunção do fato à norma, pois a tutela é sempre variável e nem mesmo será aplicada de modo
idêntico às situações idênticas. Deste modo, enxergar o Direito das Obrigações pela esfera da
processualidade, como bem definida por Clóvis de Couto e Silva a partir da obrigação como um
"processo", é perspectiva decisiva para fins de adequação à modificação ocasionada pela sociedade
pós-industrial.
É necessário, no mais, entender o contexto histórico da compreensão do campo das
obrigações. A obrigação do ponto de vista da teoria pessoalista, representada principalmente por
Savigny, enxerga o vínculo obrigacional a partir de uma relação de dever e pretensão, o que a
configura a relação a partir da junção entre duas vontades. Surge outra teoria que enxerga a
pessoalidade por um plano mais secundário: a teoria realista. Esta acreditava que os créditos e dívidas,
em razão da transmissibilidade destes, faziam a relação surgir como uma relação entre patrimônios,
não importando tão mais a personalidade do credor e do devedor.
Finalmente, surgiu então a doutrina mista ou dualista, conhecida por Schuld und Haftung.
Esta doutrina, por sua vez, decompõe a obrigação em dois planos: o de débito e garantia (ou
responsabilidade). O débito refere-se ao dever de prestar, isto é, o de observar dado comportamento a
ser seguido ou adimplementado. A garantia trata-se do "responder por", é a garantia dos casos em
que haja inadimplemento, onde o patrimônio do devedor responde por sua dívida. É, sobretudo, o
poder de submissão de intervir para o adimplemento do interesse do credor, e por este motivo, a
garantia possui/ um plano de fundo patrimonial.
Entre a distinção destes dois campos, nasce daí a responsabilidade, em que é permitido à
agressão ao patrimônio do devedor em razão do adimplemento da prestação. A responsabilidade, por
sua vez, ocorre no campo de Haftung, uma vez que já é possível a ação, isto é, a imposição de
determinado direito sobre a violação observada (poder de agressão, assim chamado).
Da Doutrina Dualista surge daí a relação obrigacional como um processo, isto é, como
sequências de relações intersubjetivas que se estruturam que têm como fim o adimplemento do
interesse do credor. Deste modo, observar a obrigação como processo implica na necessária relação
cooperativa das partes para a promoção da finalidade inicial do contrato. Deste modo, a finalidade,
tem por sua natureza a transição, a extinção, e o percurso para que ela se extinga deve ser realizado
com vistas à boa-fé.
A boa-fé, por sua vez, é o princípio norteador da relação jurídica obrigacional. Trata-se da
construção da confiança entre credor, devedor e sua necessidade e mostra-se importante porque a
confiança deve ser cultuada na medida em que as relações tornam-se cada vez mais impessoalizadas e
distantes. A construção da confiança é tanto um pressuposto ético-normativo coagido pela própria
ordem jurídica - seja pela dedução da boa-fé pela doutrina do Código Civil ou pela Jurispridência de
modo implícito - , como um elemento de necessidade às relações jurídicas dos sujeitos em sociedade,
seja nos planos pré e pós contratuais.

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