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Universidade Federal de Pelotas

Centro de Ciências Químicas et al.

Disciplina

Química Nuclear
(Versão 2014/1)

Prof. Dr. rer. nat. W. Martin Wallau (Dipl.-Chem.)


ii
iii
iv
Índice
Índice.....................................................................................................................v
Índice de Figuras..................................................................................................x
Índice de Tabelas................................................................................................xxi
Índice de Equações..........................................................................................xxiv
Índice dos Esquemas......................................................................................xxviii
1. Introdução......................................................................................................1
1.1. Avaliação da disciplina...........................................................................1
1.2. Data das aulas.......................................................................................1
1.3. Assunto temático da Química nuclear e da Radioquímica....................1
1.4. Unidades utilizadas na Química e Física nuclear..................................2
1.4.1. Atividade.........................................................................................2
1.4.2. Dose de energia..............................................................................2
1.4.3. Dose de íon.....................................................................................3
1.4.4. Dose equivalente............................................................................3
1.4.5. Secção eficaz (ou secção de choque)............................................4
1.4.6. Unidades obsoletas........................................................................5
2. Desenvolvimento histórico............................................................................6
2.1. De observações antigas ao descobrimento da radioatividade natural..6
2.2. Tipos de radiação e métodos de detecção..........................................14
2.3. Do descobrimento do núcleo atômico a sua fissão.............................19
2.3.1. O modelo atômico de Thomson....................................................19
2.3.2. Os experimentos de deflexão de Rutherford................................20
2.3.3. O descobrimento do nêutron........................................................30
2.3.4. Reações nucleares e transmutação de elementos......................32
2.3.5. A fissão nuclear.............................................................................35
2.4. Os tormentos da radioatividade...........................................................39
3. Isótopos, radioelementos e radionuclídeos.................................................44
3.1. Tabela periódica e isótopos..................................................................44
3.2. Carta de nuclídeos...............................................................................50
4. A radioatividade natural...............................................................................60
4.1. Introdução geral...................................................................................60
4.2. Radionuclídeos naturais.......................................................................60
4.2.1. A origem dos elementos...............................................................60

v
4.2.2. Os radionuclídeos primordiais......................................................65
4.2.3. Os radionuclídeos radiogênios.....................................................66
4.2.4. Exposição radioativa pelas radionuclídeos naturais....................72
4.2.5. O papel do radônio na exposição radioativa natural....................78
4.3. Radiação cósmica................................................................................82
4.3.1. Composição da radiação cósmica................................................82
4.3.2. A descoberta da radiação cósmica...............................................85
4.3.3. A identificação da radiação cósmica.............................................88
4.3.4. Radiação cósmica e a descoberta de partículas elementares.....89
5. Estabilidade e transmutação de nuclídeos.................................................93
5.1. Observações empíricas.......................................................................93
5.2. Localização dos nuclídeos estáveis na carta de nuclídeos.................95
5.3. Os números mágicos e o modelo de camadas...................................96
5.4. Defeito de massa e energia de ligação de nucleons média................98
5.5. O modelo da gotinha..........................................................................103
5.6. Energia e lei da desintegração radioativa..........................................108
5.6.1. Energia de desintegração radioativa..........................................108
5.6.2. Cinética da desintegração radioativa.........................................109
5.6.3. Dependência da desintegração radioativa do estado químico do
nuclídeo 111
6. Equilíbrios radioativos................................................................................113
6.1. Desintegrações seqüenciais..............................................................113
6.2. Equilíbrio radioativo secular...............................................................115
6.3. Equilíbrio radioativo transiente...........................................................117
6.4. Não-equilíbrio.....................................................................................119
6.4.1. Meia vida do nuclídeo mãe e do nuclídeo filha semelhante.......119
6.4.2. Meia vida do nuclídeo mãe menor que a do nuclídeo filha........120
6.5. Desintegração ramificada..................................................................121
6.6. Desintegrações sucessivas................................................................122
7. Os tipos de desintegração.........................................................................124
7.1. Exposição geral..................................................................................124
7.2. Desintegração .................................................................................125
7.2.1. Energia e esquema da desintegração .....................................125
7.2.2. Regra de Geiger – Nuttall...........................................................128
7.2.3. Efeito de tunelamento.................................................................130

vi
7.3. Desintegração ................................................................................132
7.3.1. Emissão de partículas -.............................................................132
7.3.2. Emissão de partículas +............................................................136
7.3.3. Captura de elétron ....................................................................137
7.3.4. Regras de seleção para desintegração  e ............................137
7.4. Desintegração .................................................................................140
7.4.1. Tipos de radiação e regras de seleção.......................................140
7.4.2. Exemplos de esquemas de níveis de energia para diversos tipos
de núcleos.................................................................................................142
7.4.3. Isômeros nucleares (Internal Transition)....................................143
7.4.4. Transição sem radiação ...........................................................146
7.4.4.1. Elétrons de conversão (Internal Conversion)......................146
7.4.4.2. Criação de pares.................................................................147
7.4.4.3. Elétrons de Auger................................................................149
7.4.5. Exemplos de espectros observados...........................................150
7.5. Fissão espontânea.............................................................................153
7.6. Outros tipos de desintegração...........................................................164
7.6.1. Shake-off.....................................................................................164
7.6.2. Emissão de prótons e nêutrons..................................................164
7.6.3. Emissão de núcleos pesados (clusters).....................................165
7.6.4. Desintegrações duplas e múltiplas.............................................166
7.6.5. Desintegrações  retardadas......................................................166
8. Medição de radioatividade........................................................................167
8.1. Eficiência da contagem de desintegrações.......................................167
8.2. Métodos de medição de radioatividade.............................................170
8.2.1. Métodos elétricos........................................................................170
8.2.1.1. Detectores de ionização......................................................170
8.2.1.2. Detectores de semi-condução.............................................175
8.2.1.3. Detectores de cintilação......................................................177
8.2.1.4. Comparação dos detectores elétricos.................................179
8.2.2. Métodos não elétricos.................................................................181
8.2.2.1. Métodos fotográficos...........................................................181
8.2.2.2. Detectores dielétricos..........................................................183
8.2.2.3. Detectores termoluminescentes..........................................183
8.2.2.4. Detecção de nêutrons.........................................................183

vii
8.2.3. Métodos espectroscópicos.........................................................184
9. Proteção contra radiação ionizante e dosimetria......................................186
9.1. Medidas preventivas..........................................................................186
9.2. Dosimetria..........................................................................................188
9.2.1. Considerações gerais.................................................................188
9.2.2. Dosimetro eletrométrico..............................................................189
9.2.3. Dosimétros fotográficos, de luminescência e rastos de núcleos189
10. Interação com a matéria........................................................................193
10.1. Propriedades de radiação ionizante...............................................193
10.2. Radiação .....................................................................................194
10.3. Radiação ......................................................................................198
10.4. Radiação .....................................................................................206
10.4.1. Adsorção de radiação  e espessura de meio valor...............206
10.4.2. Processos de adsorção de radiação  e coeficiente de adsorção
209
10.4.2.1. O Efeito Compton................................................................209
10.4.2.2. O efeito fotoelétrico..............................................................211
10.4.2.3. Efeito de criação de pares...................................................212
10.4.2.4. Outros processos de adsorção de radiação .....................212
10.4.2.5. Coeficiente de adsorção para radiação ............................213
10.5. Nêutrons.........................................................................................215
11. Os efeitos biológicos de radiação ionizante..........................................217
11.1. Observações empíricas no inicio do século 20..............................217
11.2. Ação de radiação ionizante e acidentes radiológicos....................219
11.2.1. Atuação de radiação ionizante em tecidos biológicos............219
11.2.2. Causas e exemplos de acidentes radiológicas.......................228
12. Radionuclídeos na diagnose e terapia médica.....................................234
12.1. Aplicações de rádio e radônio na medicina – entre charlatanearia e
ciência –234
12.1.1. Rádio como terapêutico..........................................................234
12.1.2. Terapia de radônio...................................................................237
12.2. Terapia radiológica.........................................................................239
12.2.1. Propriedades de radionuclídeos utilizados na terapia............239
12.2.2. Princípios fundamentais de radioterapia.................................240
13. Bibliografia.............................................................................................242

viii
13.1. Livros de texto:...............................................................................242
13.2. Páginas no web:.............................................................................242
13.2.1. Páginas brasileiras..................................................................242
13.2.2. Páginas estrangeiras (inglês ou alemão)................................242
13.3. Proteção Radiológica:....................................................................243
13.4. Cartas e Tabelas de Nuclídeos:.....................................................243
13.5. Calculador de radioatividade..........................................................243
13.6. Apostilas (em Alemão)....................................................................243
13.6.1. Radioquímica, Química nuclear e Física nuclear...................243
13.6.2. Medicina nuclear.....................................................................244
14. Referências............................................................................................245

ix
Índice de Figuras
Figura 1. Fator de qualidade para nêutrons como função da energia.................4
Figura 2. Titus Lucretius Carus (provavelmente 97 – 55 a.C.).............................7
Figura 3. Mapa das Minas antigas de Scaptensula.,...........................................7
Figura 4. “Doença de Schneeberg”......................................................................7
Figura 5. Schneeberg im Erzgebirge....................................................................8
Figura 6. Georg Agrícola (1494 – 1555), “De Re Metallica” 1556........................8
Figura 7. Tratado de Paracelsus (Theophrastus Bombastos von Hohenheim,
1493 – 1541) de 1567 sobre a Doença de Schneeberg......................................9
Figura 8. Martin Heinrich Klaproth (1743-1817) (a), descobriu o urânio como
elemento na pechblenda (uranita, UO2) (b)........................................................10
Figura 9. Jöns Jacob Berzelius (1779 – 1848) (a) descobriu o elemento Tório
na Torita (Th[SiO4]) (b)........................................................................................10
Figura 10. Minérios de urânio: (a) Cu(UO2)(PO4)2  10–12 H2O (Torbernita);
(b) Cu(UO2)(OH)4 (Vandenbrandenita)...............................................................11
Figura 11. Artigos de consumo contendo urânio................................................11
Figura 12. (a) Freiherr Carl Auer von Welsbach; (b) Meia para lampião a gás
(Auer-Glühstrumpf).............................................................................................12
Figura 13. (a) Wilhelm Conrad Röntgen (1845 – 1923); (b) 1ª radiografia da
mão de Anna Röntgen.,......................................................................................12
Figura 14. (a) Antoine Henri Bequerel (1852 – 1908); (b) placa fotográfica
escurecida pela radiatividade de urânio (a sombra do cruz de malta
posicionado entre a placa e o sal de urânio é claramente visível)....................13
Figura 15. 1898 Pierre (1859-1906) e Marie Curie (1867-1934).......................14
Figura 16. (a) Eletrômetro construído por Pierre Curie; (b) arranjo experimental
para determinação da condutividade do ar........................................................14
Figura 17. Comportamento de radiação a, b e g num campo elétrico (pólo
negativo no lado esquerdo/pólo positivo no lado direito)...................................15
Figura 18. (a) Joseph John Thomson (1856-1940); (b) arranjo experimental
para geração de raios de elétrons (raios catódicos)..........................................15
Figura 19. Charles Thomson Rees Wilson (1869-1959)....................................16
Figura 20. (a) Câmera de Wilson;(b) principio...................................................16
Figura 21. Formação de gotas na câmera de Wilson: (a) Ionização de uma
molécula pela radiação; (b) formação de gota pela atração das moléculas de
água....................................................................................................................17
Figura 22. Traços de radiação ,  e  observados numa câmera de Wilson: (a)
radiação  com duas energias diferentes; (b) radiação  em campo magnético;
(c) radiação ; (d) radiação  em campo magnético; (e) detecção indireta de
radiação ............................................................................................................18

x
Figura 23. Câmera de Wilson para demonstração de radiação radioativa no
Swiss Science Centrum (Technorama) em Winterthur.......................................18
Figura 24. (a) Robert Millikan (1868 – 1953); (b) arranjo experimental para
determinação da carga elementar. ....................................................................19
Figura 25. Arranjo experimental para geração de raios anódicos (raios de
canal).22...............................................................................................................20
Figura 26. Modelo atômica de Thomson (plum pudding model)........................20
Figura 27. (a) arranjo experimental para deflexão de partículas (M =
microscópio; S = tela luminescente; F = Folha de ouro; R = rádio, T = cano para
bomba de vácuo); (b) Ernest Rutherford 1st Baron Rutherford of Nelson (1871 –
1937); (c) Hans Geiger (1882 – 1945); (d) Sir Ernest Marsden (1889 – 1970). 21
Figura 28. Comparação dos modelos atômicos de: (a) Thomson e (b)
Rutherford e dos ângulos de deflexão de partículas a previstos e observados.
............................................................................................................................22
Figura 29. Exemplo de um alvo de área A com 4 centros de deflexão com área
..........................................................................................................................22
Figura 30. Elemento espacial angular................................................................24
Figura 31. Decurso de duas partículas defletidas num centro de deflexão S com
diferentes parâmetros de impacto bi..................................................................24
Figura 32. Princípio do Experimento de Marsden, Geiger e Rutherford............25
Figura 33. (a) Secção efetiva diferencial na deflexão de Rutherford; (b) decurso
da deflexão de 3Li3+ num núcleo de 28Ni em escala 1 : 31012 (para ângulos de
deflexão > 140° espera-se aberração do decurso da distribuição de ângulos de
Rutherford, mostrando o contato do núcleo alvo e do núcleo projétil)...............25
Figura 34. Dependência entre o ângulo polar  e o ângulo de deflexão ........26
Figura 35. Fluxograma para determinação de um potencial de um centro de
deflexão pela adaptação do potencial aos dados experimentais......................27
Figura 36. Deflexão de partículas  em ouro, comparação do
experimento/teoria..............................................................................................28
Figura 37. Secção efetiva diferencial como: (a) função do ângulo de deflexão;
(b) função da energia do projétil. .......................................................................29
Figura 38. Ângulo crítico de deflexão de Rutherford..........................................29
Figura 39. Energia cinética de elétron como função da incerteza x................31
Figura 40. (a) Sir James Chadwick (1891 – 1974); (b) Detecção experimental
de nêutrons por Chadwick em 1932...................................................................32
Figura 41. Arranjo experimental com qual Rutherford observou a reação
14
N(,p)17O..........................................................................................................33
Figura 42. A reação 14N(,p)17O observada numa câmera de Wilson...............33
Figura 43. Transmutações de núcleos por reações nucleares de baixa energia.
............................................................................................................................34
Figura 44. Enrico Fermi (1901 – 1954)..............................................................36

xi
Figura 45. (a) Lise Meitner (1878 – 1968); (b) Otto Hahn (1879 – 1968); (c) Fritz
Straßmann (1902 – 1980)..................................................................................37
Figura 46. Bancada do Laboratório de Hahn, Meitner e Straßmann
(Reprodução no Deutsches Museum) ...............................................................38
Figura 47. Princípio da cristalização fracionada utilizada na separação de bário
e rádio.................................................................................................................38
Figura 48. Otto Robert Frisch (1904 - 1979)......................................................39
Figura 49. Esquema da fissão de 235U induzida pela captura de um nêutron
térmico................................................................................................................39
Figura 50. (a) A explosão da primeira bomba atômica em Hiroshima
(06/08/1945); (b) Cidade depois do ataque........................................................40
Figura 51. O desastre de Chernobyl: (a) A usina nuclear destruída
em26/04/1986;(b) e (c) impressões da cidade de Pripyat com então 50.000
habitantes evacuada e abandonada depois do acidente (Fotos por volta de
2001).,.................................................................................................................40
Figura 52. O acidente de Goiânia em 13/09/1987: (a) documentação da IAEA;
(b) queimação típica causada pelo contato com 137Cs.,.....................................41
Figura 53. Conseqüências do acidente de Goiânia: (a) Pessoas contaminadas
vs. dose recebida; (b) áreas contaminadas.......................................................41
Figura 54. Mapa mostrando as áreas atingidas pelo “fall-out” der 137Cs depois
do acidente de Chernobyl...................................................................................42
Figura 55. (a) As usinas nucleares Angra I e Angra II; (b) a cidade de Rio de
Janeiro 150 km distante......................................................................................42
Figura 56. (a) Cidade de Nápoles com o Vesúvio; (b) área atingida pela
erupção do Vesúvio em 79.................................................................................43
Figura 57. John Dalton (1766 – 1844)................................................................44
Figura 58. William Prout (1785 – 1850)..............................................................44
Figura 59. Johann Wolfgang Döbereiner (1780 - 1849).....................................45
Figura 60. Dmitri Ivanovich Mendeleiev (1843 – 1923)......................................45
Figura 61. Esboço da Tabela periódica de Mendeleiev......................................45
Figura 62. Julius Lothar Meyer (1830 – 1895)...................................................45
Figura 63. Clemens Winkler (1838 – 1904)........................................................46
Figura 64. Henry Moseley (1887 – 1915)...........................................................46
Figura 65. (EK)1/2 para os elementos 20Ca-109Mt [] elementos desconhecidos
em 1913; [] elementos conhecidos em 1913..................................................47
Figura 66. Frederick Soddy (1877 – 1956).........................................................48
Figura 67. (a) Francis William Aston (1877 – 1945); (b) principio do
espectrógrafo de massas de Aston....................................................................48
Figura 68. Espectrogramas de massa de íons com número de massa A = 20
(as massas observadas variam entre 19,9878 e 20,0628 u..............................49

xii
Figura 69. Tabela periódica indicando os elementos estáveis e radiativos.......50
Figura 70. Extrato duma carta de nuclídeos......................................................51
Figura 71. Identificação de isótopos, isótonos, isóbaros e isódiaesferas..........52
Figura 72. Carta de nuclídeos N vs Z.................................................................53
Figura 73. Carta de nuclídeos de Karlsruhe.......................................................54
Figura 74. Extrato da carta de nuclídeos de Karlsruhe......................................55
Figura 75. O “Big Bang” e a formação do universo............................................60
Figura 76. Gênese de elementos pesados pelo: (a) ciclo CNO; (b) ciclo Mg-Al e
ciclo Ne-Na.........................................................................................................61
Figura 77. Gênese de elementos mais pesados A > 56 pela captura de
nêutrons seguida de desintegração -: (a) processo lento (s(low)-process); (b)
processo rápido (r(apid)-process)......................................................................63
Figura 78. Freqüência relativa à 28Si (= 106) dos elementos no sol com a
atribuição de processos de formação.................................................................63
Figura 79. Extrato da carta de nuclideos de Karlsruhe com os nuclideos 92Mo,
96
Ru, 102Pd, 106Cd e 112Sn ricos em prótons.........................................................64
Figura 80. Família radioativa de tório (4 n)........................................................67
Figura 81. Família radioativa de urânio – actínio (4 n + 3)................................67
Figura 82. Família radioativo de urânio – rádio (4 n + 2)...................................67
Figura 83. Kazimierz Fajans (1897 – 1975).......................................................68
Figura 84. Família radioativo de netúnio (4 n + 1).............................................69
Figura 85. Centros de cor (centro-F): (a) esquema de centro-F em NaCl; (b)
quartzo fumado; (c) instrumentos de laboratório utilizados na preparação de
RaCl2 puro...........................................................................................................70
Figura 86. Brometo de rádio (2,7 g) fotografado na própria luz.........................71
Figura 87. Areia preta (monazita) em Guarapari – ES.......................................73
Figura 88. (a) Localização das praias investigadas; (b) Localização das
reservas brasileiras de urânio............................................................................75
Figura 89. Morro de Ferro em Minas Gerais......................................................75
Figura 90. Atividade natural no homem..............................................................77
Figura 91. Dose efetiva anual e sua composição na Alemanha........................78
Figura 92. Contaminação do meio ambiente por rádio: (a) Formação e liberação
de radônio; (b) agregação de desagregação de radônio e seus produtos a
aerossóis; (c) Variações da concentração de radônio no meio ambiente; (d)
concentração de radônio e seus produtos de desintegração no interior de casa
como função do tempo e da ventilação..............................................................80
Figura 93. Fontes de contaminação em áreas de mineração. ..........................81
Figura 94. (a) Concentração de radônio no ar de solo; (b) Concentração de
radônio na água potável.....................................................................................82

xiii
Figura 95. Cascada de partículas elementares induzida pela radiciação
cósmica em cima do Piz Buin.............................................................................83
Figura 96. Dose de radiação recebida pelo homem devido a radiação cósmica.
............................................................................................................................84
Figura 97. Exemplos de Aurora boreal: (a) emissão de = 558 nm; (b) emissão
de  = 630 nm ....................................................................................................84
Figura 98. Eletrômetro de Wulf para determinação de radiação cósmica.........86
Figura 99. Victor Franz Hess (1883 – 1964) na gôndola do balão....................86
Figura 100. Ionização do ar vs. altitude relativa (valores da Tabela 26)............87
Figura 101. Dose efetiva na Europa central como função da altitude...............88
Figura 102. Walter Wilhelm Georg Bothe (1891 – 1957)...................................88
Figura 103. Werner Kolhörster (1887 – 1946)....................................................88
Figura 104. Hideki Yukawa (1907 – 1981).........................................................89
Figura 105. Os descobridores dos piones (-meson): (a) César Mansueti Giulio
Lattes (1924 – 2005); (b) Cecil Frank Powell (1903 – 1961).............................90
Figura 106. (a) Observatorio no Pic du Midi de Bigorre; (b) César Lattes no
Chacaltaya..........................................................................................................90
Figura 107. Microfotografia dos traços de um + meson (-meson)
desintegrando em um muon (-meson).............................................................91
Figura 108. Microfotografia dos traços de um - meson (-meson) resultado da
desintegração do núcleo P iniciando a desintegração do núcleo S...................91
Figura 109. Desintegração de 0 meson em fótons e cascadas de +, -
partículas e fótons..............................................................................................92
Figura 110. Extrato da carta de nuclídeos mostrando a Regra de Mattauch para
os isóbaros 46, 50, 54, 58, 64 e 70....................................................................93
Figura 111. Extrato de carta de nuclideos para: (a) 42Mo, 43Tc e 44Ru; (b) 60Nd,
61Pm e 62Sm........................................................................................................94

Figura 112. Faixa dos núcleos estáveis e instáveis no plano Z vs. N................95
Figura 113. Modelo de camadas para núcleos atômicos...................................97
Figura 114. Variações da forma de núcleos atômicos: (a) núcleo esférico; (b)
núcleo prolato (um eixo prolongado); (c) núcleo oblato (eixo de simetria menor);
(d) núcleo triaxial; (e) 294U; (f) 180Hf.....................................................................98
Figura 115. Albert Einstein (1879 – 1955)..........................................................99
Figura 116. Energia de ligação média de nucleons para os elementos
anisótopos.........................................................................................................101
Figura 117. Energia de ligação média em nuclídeos.......................................101
Figura 118. Energia de ligação média nos nuclídeos leves.............................102
Figura 119. Carl Friedrich Freiherr von Weizsäcker (1912 – 2007).................103

xiv
Figura 120. Contribuição dos termos L 1 (Kondensationsenergie), L2
(Oberflächenenergie), L3 (Coulombenergie) e L4 (Asymmetrie-Energie) do
modelo da gotinha á energia de ligação média................................................105
Figura 121. Exemplo para energias de ligação e transmutação para nuclídeos
com número de massa (A): (a) impar; (b) par..................................................105
Figura 122. Linha de  estabilidade no plano N – Z........................................106
Figura 123. As cordilheiras de estabilidade b de nuclídeos no “mar da
instabilidade” como função de Z (Protonen) e N (Neutronen).........................107
Figura 124. O fim (preliminar) da carta de nuclídeos.......................................107
Figura 125. Barreira a de energia para a desintegração radioativa.................108
Figura 126. Atividade relativa vs. tempo (em unidades de t½)..........................110
Figura 127. Acerto de equilíbrio mãe – filha como função da razão t½(1)/t½(2).
..........................................................................................................................115
Figura 128. Equilíbrio secular: (a) Desintegração e formação de nuclídeo filho;
(b) Atividade do nuclídeo pai e do nuclídeo filho..............................................116
Figura 129. Equilíbrio transiente.......................................................................118
Figura 130. Não-equilíbrio: Decurso da atividade total para t½(mãe) < t½(filha).
..........................................................................................................................120
Figura 131. Atividades do nuclídeo mãe e dos nuclideos filha para
desintegração seqüencial de 218Po...................................................................123
Figura 132. Esquema de desintegração  para: (a) 210Po; (b) 212Bi; (c) 212Po. .126
Figura 133. Espectro da radiação  de 235U.....................................................127
Figura 134. (a) Relação Geiger-Nuttall para as famílias de desintegração (4n +
2), (4n) e (4n + 3); (b) diversos nuclideos par – par; (c) para os isótopos de
urânio................................................................................................................129
Figura 135. Decurso do potencial para desintegração .................................130
Figura 136. Decurso da parte real da função de onda para uma partícula  com
uma barreira de energia retangular..................................................................131
Figura 137. Espectro - de 32P (t½ = 14,3 d).....................................................132
Figura 138. Wolfgang Ernst Pauli (1900 – 1958).............................................133
Figura 139. Direita: Clyde Lorrain Cowan jr. (1919 – 1974); esquerda: Frederick
Reines (1918 – 1998). .....................................................................................134
Figura 140. (a) Esboço do principio experimental para detecção do anti-
neutrino, (b) esboço do detector usado para detecção do anti-neutrino.........135
Figura 141. Espectro - de 13O (t½ = 8,9 ms)...................................................136
Figura 142. Esquema de desintegração  de: (a) 64Cu, (b) 46Sc.......................139
Figura 143. Casos extremos para mudança do spin nucelar durante a
desintegração .................................................................................................142

xv
Figura 144. Diagramas dos níveis de energia da desintegração  de 208Tl e 209Tl.
..........................................................................................................................143
Figura 145. Extrato da carta de nuclídeos de Karlsruhe mostrando “ilha de
núcleos isômeros”.............................................................................................144
234
Figura 146. Esquema de desintegração de Pa e 234mPa...............................145
Figura 147. Esquema de desintegração de 80Br e 80mBr...................................146
Figura 148. Esquema de desintegração de 16N...............................................148
Figura 149. Pierre Victor Auger (1899 – 1993).................................................149
Figura 150. Florescência de raios-X (a) origem; (b) nomenclatura.................149
Figura 151. Origem do efeito Auger..................................................................150
Figura 152. Esboço de espectro de desintegração  com emissão simultânea
de elétrons de conversão.................................................................................151
Figura 153. Espectro  de 137Cs.......................................................................151
137
Figura 154. Esquema de desintegração de Cs............................................152
Figura 155. Espectro  de 137Cs.......................................................................153
Figura 156. Georgy Nikolayevich Flyorov (1913 – 1990).................................154
Figura 157. Núcleos formados (excesso de nêutrons) como produtos de fissão
de 235U...............................................................................................................155
Figura 158. Passos da fissão espontânea.......................................................156
Figura 159. Barreia de potencial para fissão espontânea no modelo de gotinha.
..........................................................................................................................157
Figura 160. Tempo de meia vida para fissão espontânea de núcleos par – par
como função do parâmetro de fissibilidade Z2/A..............................................158
Figura 161. Extrato da carta de nuclídeos de Karlsruhe, mostrando os
nuclídeos de Pu, Am, Cm e Bk como isômeros de fissão espontânea (sf).....159
Figura 162. Barreia de potencial para fissão espontânea no modelo de gotinha
modificado (barreira dupla)...............................................................................160
Figura 163. Distribuição de massa dos produtos da fissão espontânea de 257Fm.
..........................................................................................................................160
Figura 164. Distribuição de massa dos produtos da fissão de 257Fm induzido por
nêutrons térmicos.............................................................................................161
Figura 165. Distribuição de massa dos produtos da fissão de: (a) 242Cm; (b)
250
Cm e 250Cf......................................................................................................162
206
Figura 166. Rendimento de fissão induzida para Pb e 226Ra........................163
228
Figura 167. Fissão simétrica vs. fissão assimétrica para: (a) Ra; (b) 234U.. .164
234
Figura 168. Processos alternativos de desintegração observados para U.. 165
Figura 169. Adsorção de radiação  de 45Ca em CaCO3 na própria amostra
como função da espessura da amostra...........................................................168

xvi
Figura 170. Reflexão de radiação  como função da energia máxima e do
número atômica Z do refletor............................................................................168
Figura 171. Influencia do arranjo geométrico na eficiência da contagem de
desintegrações.................................................................................................169
Figura 172. Impulsos não contados como função do tempo morto do detector.
..........................................................................................................................169
Figura 173. Princípio para medição de radiação ionizante..............................170
Figura 174. Altura do pulso como função da força de campo..........................171
Figura 175. Contador proporcional de fluxo.....................................................172
Figura 176. Contadores proporcionais com geometria 2  e 4 .....................173
Figura 177. Número de contagem para radiação  e  num contador
proporcional como função de tensão aplicada.................................................173
Figura 178. Variações de contadores Geiger-Müller........................................174
Figura 179. Formas de detectores de semi-condução.....................................175
Figura 180. Eficiência de um detector HPGe com geometria co-axial............176
Figura 181. Influencia dos diversos efeitos de interação com a matéria ao
espectro de radiação  em detectores de semi-condução...............................177
Figura 182. Esboço de um detector de cintilação NaI para espectroscopia . 178
Figura 183. Comparação de espectros  de 60Co recordados com detector de
cintilação (NaI(Tl)) e de semi-condução (Ge(Li)).............................................180
Figura 184. Detecção de radionuclídeos por auto-radiografia: (a) Adsorção de
solução de sulfato marcada com 35S em folhas de phaseolus vulgaris L. (feijão);
(b) Adsorção de solução de fosfato marcada com 32P em frutas de solanum
lycopersicum (tomate); (c) Adsorção de compostos marcados com 14C em
rattus norvegicus..............................................................................................182
Figura 185. Auto-radiografia duma folha de ferro marcado com 59Fe mostrando
o inicio de corrosão numa gota de água..........................................................182
Figura 186. Influência da distancia amostra camada fotográfica na auto-
radiografia.........................................................................................................183
Figura 187. Construção de um dosimetro eletrométrico (dosimetro de caneta).
..........................................................................................................................189
Figura 188. (a) Construção de um dosimetro fotográfico (Distintivo de controle
de dose); (b) Aplicação.....................................................................................190
Figura 189. Detector (distintivo) de fotoluminescência para dosimetria  e de
raios-X...............................................................................................................191
Figura 190. Dosimetros para detecção de dose parcial: (a) nos olhos; (b) nas
mãos.................................................................................................................192
Figura 191. Dosimetro para determinação da exposição por 222Rn: (a)
construção; (b) aplicação.................................................................................192

xvii
Figura 192. Comparação do alcance dos tipos de radiação ionizante na
matéria..............................................................................................................194
Figura 193. Ionização especifica de partículas  de 210Po (E = 5,41 MeV) em ar.
..........................................................................................................................195
Figura 194. Número relativo de partículas  de 210Po como função da distancia
da fonte.............................................................................................................195
Figura 195. Arranjo experimental para determinação do alcance de radiação 
no ar..................................................................................................................196
Figura 196. Alcance de partículas a em ar (1), tecido (2), alumínio (3) e cobre
(4) como função da energia..............................................................................197
Figura 197. Adsorção de partícula  de 32P (Emax = 1,7 MeV) em alumínio.....198
Figura 198. Origem da Bremsstrahlung (raios – X de freamento)...................199
Figura 199. (a) em alumínio; (b) em ferro (1), vidro pirex (2) , PVC (3), vidro
acrílico (4) e ar (5)............................................................................................200
Figura 200. Adsorção de elétrons de conversão ( 137mBa, E = 0,661 MeV) em
alumínio............................................................................................................201
Figura 201. Determinação de reflexão de radiação  (Backscattering) no
adsorver............................................................................................................203
Figura 202. Pavel Alekseyevich Cherenkov (1904 – 1990).............................204
Figura 203. (a) Radiação Cherenkov no reator da Johannes Gutenberg-
Universität Mainz; (b) Cone de Mach para radiação Cherenkov......................205
Figura 204. Adsorção de radiação  de 137Cs (E = 661 keV) em chumbo........206
Figura 205. Espessura de semi-redução para radiação  como função da
energia de diversos materiais...........................................................................208
Figura 206. Arthur Holly Compton (1892 – 1962);...........................................209
Figura 207. Efeito de Compton.........................................................................209
Figura 208. Distribuição de energia de elétrons de Compton para radiação 
monocromático.................................................................................................210
Figura 209. Energia do pico de reflexão da radiação  (ER) e da
descontinuidade de Compton (EC)....................................................................211
Figura 210. Efeito fotoelétrico...........................................................................212
Figura 211. Criação de par...............................................................................212
Figura 212. Coeficientes de adsorção parcial e total para radiação  em
chumbo.............................................................................................................213
Figura 213. Coeficientes de adsorção total para diversos metais...................214
Figura 214. Coeficiente de adsorção de massa para diversos materiais como
função da energia ..........................................................................................215
Figura 215. Marie e Irène Curie........................................................................217

xviii
Figura 216. radiação ionizante no inicio do século 20: (a) Exame de raios-X em
1906; (b) câncer de pele como conseqüência de uma dermatite de raios-X; (c)
Monumento do ano 1936 no Hospital St. Georg em Hamburgo/Alemanha, para
159 médicos que perderam suas vidas devido ao manuseio de radiação
ionizante............................................................................................................218
Figura 217. Efeito de radiação ionizante em cela biológica.............................219
Figura 218. Apresentação esquemática da distribuição de íons na célula depois
da radiação com doses iguais de raios-X (esquerda) e radiação  (direita).. .220
Figura 219. Ação e manifestação de radiação ionizante em sistemas biológicas.
..........................................................................................................................221
Figura 220. Danos no DNA causados por radiação ionizante: (a) defeito de
base ( no meio); (b) quebra de cordão singular ( no lado esquerdo); (c) quebra
de cordão dupla ( no lado direito)..................................................................224
Figura 221. Interação de radiação ionizante (-) com o DNA: Acima: Interação
indireta; Abaixo: Interação direta......................................................................224
Figura 222. Ataque de base nucléica (timina) pelos produtos primários da
radiação ionizante.............................................................................................225
Figura 223. Quebra de cordão singular e dupla pela interação do DNA com
radiação - e , respectivamente.....................................................................225
Figura 224. Funcionamento de mecanismos de reparo do DNA.....................227
Figura 225. Tempo de repar para diveros danos radiológicos: BS = defeito de
base; ESB = quebra de cordão singular; DSB = quebra de cordão dupla......227
Figura 226. Aberrações de cromossomos depois exposição a radiação
ionizante: d = dicenter; f = fragmento; t = tricenter; r = anel (com centro)q =
quadricenter......................................................................................................228
Figura 227. Eritema secundário causado pela exposição a doses em torno de
15 Sv durante a troca da amostra num difratometro de raios-X: (a) depois de 4
semanas; (b) depois de 23 dias.......................................................................229
Figura 228. Queimação por raios-X: (a) dose de 9 Sv na mão direta; (b) dose
de 100 Sv..........................................................................................................229
Figura 229. Queimação causada por 192Ir (dose 50 Sv) depois de: (a) 14 dias;
(b) 23 dias; (c) 32 dias.I....................................................................................230
Figura 230. Queimação pela exposição a 60Co: (a) acima queimação inicial,
abaixo estado depois de 46 meses; (b) esquema do aparelho com a posição da
mão exposta.....................................................................................................230
Figura 231. Queimaduras causadas por 137CsCl espalhado na pele das vitimas
durante o acidente radiológico de Goiânia em 1987........................................231
Figura 232. Fonte de 137Cs utilizada na -grafia...............................................231
Figura 233. Dose recebida durante a exposição  de 137Cs com uma atividade
de  21012 Bq por dois dias nas bolsas do overall..........................................232
Figura 234. Estado de queimação por 137Cs: (a) 1 mês depois do acidente; (b) 4
meses depois do acidente; (c) 9 meses depois do acidente...........................233

xix
Figura 235. Primeira terapia de câncer com raios-X em 1899........................234
Figura 236. Primeira terapia de câncer com rádio em 1907. ..........................234
Figura 237. O primeiro rádio-balneário em St. Joachimsthal (Império Austro-
Húngaro; hoje Jáchymov, República Tcheca)..................................................235
Figura 238. Rádio como suplemento alimentar................................................235
Figura 239. Diversos cosméticos contendo rádio é tório.................................236
Figura 240. Propaganda para medicamentos contendo rádio.........................236
Figura 241. Diversos medicamentos a base de rádio......................................236
Figura 242. “Ovo de radônio” comercializado 21º século no Japão................237
Figura 243. Emanator de Radônio...................................................................237
Figura 244. Galerias de radônio em: (a) Bad Gastein (740000 Bq/m 3; Áustria);
(b) Bad Kreuznach (300000 Bq/m 3; Alemanha)...............................................238
Figura 245. Modelos diversos para relação dose – efeito de radiação ionizante.
..........................................................................................................................238
Figura 246. Exemplos de complexos de tecnécio e ouro aplicados para fins
terapêuticos e diagnósticos: (a) miocrisin; (b) auranofin; (c) solganol; (d)
cardiolite; (e) Tc-MAG-3; (f) Tc(VII) difosfonato; (g) ceretec.............................240
Figura 247. Probabilidade de sobrevivência para células doentes (krankes
Gewebe) e células saudáveis (gesundes Gewebe).........................................241

xx
Índice de Tabelas
Tabela 1. Data das aulas e da prova....................................................................1
Tabela 2. Fator de qualidade (Q) para determinação da dose equivalente.........3
Tabela 3. Propriedades estudadas na Química Nuclear e suas unidades..........5
Tabela 4. Propriedades de radiação radioativa..................................................16
Tabela 5. Propriedades das partículas elementares conhecidas por volta de
1920 e do nêutron descoberta em 1932............................................................30
Tabela 6. Classificação de nêutrons segundo a energia cinética......................32
Tabela 7. Energia liberada pela fissão de 1 kg de urânio (correspondendo a
bomba de Hiroshima) em comparação com a combustão de 1 kg carbono e a
erupção do Vesúvio em 79.................................................................................39
Tabela 8. Propriedades previstas 1871 por Mendeleiev para Eka – silício em
comparação com as propriedades determinados para Germânio por Winkler em
1886....................................................................................................................46
Tabela 9. Modelo de próton – nêutron os nuclídeos para os quatro primeiros
elementos (P = Z = número de prótons; N = número de nêutrons)...................51
Tabela 10. Extintos radionuclídeos em matéria solar primitiva..........................65
Tabela 11. Os radionuclídeos primordiais...........................................................65
Tabela 12. Concentração de K, Th e U em diversos materiais naturais............66
Tabela 13. Minerais de Urânio e Tório................................................................70
Tabela 14. Propriedades dos radionuclídeos radiogênios.................................71
Tabela 15. Atividades típicas em materiais de construção.................................72
Tabela 16. Exposição radioativa anual...............................................................73
Tabela 17. Atividade radioativa em praias brasileiras........................................74
Tabela 18. Teor de atividade de água.................................................................76
Tabela 19. Teor de atividade de radionuclídeos naturais em alimentos............76
Tabela 20. Tempo de meia vida biológica de alguns radionuclídeos naturais.. .76
Tabela 21. Teor de atividade médio de radionuclídeos naturais no homem......77
Tabela 22. Propriedades de 222Rn e seus produtos de desintegração com curto
tempo de vida.....................................................................................................78
Tabela 23. Exposição radioativa do ar com radônio na Alemanha....................82
Tabela 24. Os radionuclídeos cosmogênios.......................................................85
Tabela 25. Exposição radioativa por radionuclídeos cosmogênios por ano......85
Tabela 26. Resumo da ionização do ar observado por Hess em 1912.............87
Tabela 27. Propriedades dos pions ( mesons) e do muon ( meson).............92
Tabela 28. Número de nuclídeos para as diversas paridades de núcleons......93

xxi
Tabela 29. Elementos do mar de instabilidade entre 84 < Z < 92......................96
Tabela 30. Números mágicos para nêutrons (N) e protons (Z)..........................96
Tabela 31. Massa das principais partículas elementares...................................99
Tabela 32. Defeito de massa para os elementos anisótopos..........................100
Tabela 33. Os termos da Fórmula de massa de Weizsäcker como função do
número de massa A e os valores de constantes.............................................104
Tabela 34. Mudança relativa do tempo de meia vida para 7Be em comparação
com Be metálico................................................................................................112
Tabela 35. Tipos de desintegração radioativa..................................................124
Tabela 36. Classificação de transmutações e regras de seleção.................138
Tabela 37. Tempo de meia vida para transições  calculado com a Equação 64
e a Equação 65.................................................................................................141
Tabela 38. Tempo de meia vida (t½) parcial para fissão espontânea...............154
235
Tabela 39. Energia liberada na fissão de U..................................................155
Tabela 40. Nuclídeos mostrando desintegração n...........................................165
Tabela 41. Exemplo para cintiladores sólidos e líquidos e suas propriedades.
..........................................................................................................................178
Tabela 42. Aptidão de detectores elétricos para os diversos tipos de radiação
ionziante (adaptada de Lieser).........................................................................180
Tabela 43. Padrões para calibração de espectroscopia de radiação ionizante
(adaptada de Lieser, 2001)...............................................................................185
Tabela 44. Constantes de dose equivalente para diversos emissores de
radiação ..........................................................................................................186
Tabela 45. Reações possíveis para partículas ionizadas ou excitadas...........193
Tabela 46. Alcance de partículas  de 214Po (E = 7,69 MeV) em vários materiais.
..........................................................................................................................196
Tabela 47. Alcance máxima de partículas  de energia diferentes em vários
materiais...........................................................................................................202
Tabela 48. Faixa de energia e origem de radiação  e raios-X........................206
Tabela 49. Coeficiente de adsorção de massa para radiação  de energia
diferente............................................................................................................215
Tabela 50. Elementos com alta secção efetiva para reações (n,)..................216
Tabela 51. Número médio de colisões necessárias para moderação de
nêutrons velozes (E = 2 MeV)..........................................................................216
Tabela 52. Desenvolvimento temporal da ação biológica de radiação ionizante.
..........................................................................................................................220
Tabela 53. Proliferação de tecidos humanos...................................................221
Tabela 54. Dose mínima para efeitos clínicos em homens depois radiação
corporal intera de curto tempo..........................................................................222

xxii
Tabela 55. Sintomas clinicas do síndrome de radiação agudo........................223
Tabela 56. Fatores influenciando os efeitos da radiação ionizante.................226
Tabela 57. Mecanismos para eliminação de danos radiológicos.....................226
Tabela 58. Diagnose e sintomas depois exposição a radiação ionizante........228
Tabela 59. Nuclídeos radiativos aplicados na radio-terapia.............................239

xxiii
Índice de Equações
Equação 1. Atividade especifica...........................................................................2
Equação 2. Dose de energia................................................................................2
Equação 3. Dose de íon.......................................................................................3
Equação 4. Dose equivalente...............................................................................3
Equação 5. Fator de qualidade para nêutrons com função da energia em MeV. 3
Equação 6. Razão de formação para reação nuclear..........................................4
Equação 7. Carga de gota como função da massa e do diâmetro no
experimento de Milikan.......................................................................................19
Equação 8. Número de deflexões no período dt................................................23
Equação 9. Probabilidade de deflexão...............................................................23
Equação 10. Secção eficaz para deflexões ou reações de partículas..............23
Equação 11. Secção eficaz diferencial...............................................................23
Equação 12. Secção efetiva total.......................................................................24
Equação 13. Secção efetiva diferencial como função do ângulo de deflexão .
............................................................................................................................25
Equação 14. Potencial entre uma partícula da carga Zé e um núcleo da carga
Ze.......................................................................................................................26
Equação 15. Desvio duma partícula num campo de Coulomb..........................26
Equação 16. Parâmetro de impacto b como função do ângulo de deflexão e
da energia da partícula.......................................................................................26
Equação 17. Fórmula de deflexão de Rutherford..............................................27
Equação 18. Fórmula de deflexão de Mott........................................................27
Equação 19. Soma de raios projétil/núcleo como função do ângulo crítico......29
Equação 20. Soma dos raios partícula /núcleo como função do número de
massa A..............................................................................................................29
Equação 21. Reação entre berílio e partículas ...............................................31
Equação 22. Desintegração de nêutrons livres..................................................32
Equação 23. Lei de Moseley para radiação K..................................................47
Equação 24. Massa de nuclídeo........................................................................98
Equação 25. Equação de Einstein.....................................................................99
Equação 26. Massa de nuclídeo........................................................................99
Equação 27. Defeito de massa........................................................................100
Equação 28. Energia de ligação do núcleons..................................................100
Equação 29. Energia de ligação no modelo da gotinha...................................103
Equação 30. Fórmula de massa de Weizsäcker..............................................104

xxiv
Equação 31. Condição energética para desintegração radioativa..................108
Equação 32. Atividade radioativa (Lei da desintegração)................................109
Equação 33. Tempo de meia vida....................................................................110
Equação 34. Atividade como função do tempo de meia vida...........................110
Equação 35. Tempo de vida média...................................................................111
Equação 36. Massa dos nuclídeos radiativos..................................................111
Equação 37. Mudança de Ni na desintegração seqüencial..............................113
Equação 38. Fórmula de regressão para solução do Esquema 21.................113
Equação 39. Condições de partida na desintegração seqüencial (t = 0).........113
Equação 40. Solução do sistema de equações diferenciais para desintegração
seqüencial de duas gerações...........................................................................114
Equação 41. Formação de nuclídeo filha no equilíbrio de desintegração
seqüencial de duas gerações...........................................................................114
Equação 42. Equilíbrio secular.........................................................................115
Equação 43. Equilíbrio transiente.....................................................................117
Equação 44. Relação das atividades no equilíbrio transiente..........................118
Equação 45. Massa de nuclídeos radiativos no equilíbrio transientes............118
Equação 46. Erro aceito na media do decurso da desintegração para nuclideos
com tempo de meia vida semelhante...............................................................119
Equação 47. Tempo necessário para ajuste de equilíbrio entre nuclideos com
tempo de meia vida semelhante.......................................................................119
Equação 48. Tempo para alcançar a atividade máxima do nuclídeo filha para
tempos de meia vida semelhantes...................................................................120
Equação 49. Atividade total para desintegração ramificada............................121
Equação 50. Número dos núcleos mãe como função de tempo na
desintegração ramificada.................................................................................121
Equação 51. Formação dos nuclídeos filha na desintegração ramificada......121
Equação 52. Número do nuclídeo k na desintegração seqüencial como função
do tempo...........................................................................................................122
Equação 53. Número do nuclídeo k na desintegração seqüencial como função
do tempo para equilíbrio secular......................................................................122
Equação 54. Coeficiente c1 para desintegração seqüencial no equilíbrio secular.
..........................................................................................................................123
Equação 55. Energia liberada na desintegração ..........................................125
Equação 56. Energia de recuo na desintegração .........................................125
Equação 57. Regra de Geiger-Nuttall para: (a) constante de desintegração l (b)
tempo de meia vida t½.......................................................................................128

xxv
Equação 58. Estimação do potencial de Coulomb para adição de partículas  a
um núcleo.........................................................................................................131
Equação 59. Desintegração - de um nêutron formando um próton, um nêutron
e um anti-neutrino.............................................................................................133
Equação 60. Desintegração  inversa.............................................................133
Equação 61. Desintegração +.........................................................................136
Equação 62. Captura de elétron ()..................................................................137
Equação 63. Estimação do valor f para desintegração .................................138
Equação 64. Constante de desintegração para radiação de multipólo elétrico.
..........................................................................................................................140
Equação 65. Constante de desintegração para radiação de multipolo
magnético.........................................................................................................141
Equação 66. Fator S da Equação 64 e da Equação 65...................................141
Equação 67. Regras de seleção para radiação .............................................141
Equação 68. Coeficientes de conversão..........................................................147
Equação 69. Coeficiente de conversão K como função de Z e E.................147
Equação 70. Energia cinética das partículas emitidas na criação de um par..148
Equação 71. Energias dos elétrons de Auger..................................................150
Equação 72. Parâmetro de fissão x.................................................................158
Equação 73. Relação desintegrações contadas/atividade..............................167
Equação 74. Fator de eficiência de contagem.................................................170
Equação 75. Força de dose equivalente..........................................................186
Equação 76. Força de dose equivalente para fontes pontuais........................186
Equação 77. Alcance de radiação a em ar como função de energia...............198
Equação 78. Intensidade de radiação  como função da espessura do
adsorver............................................................................................................199
Equação 79. Adsorção de elétrons de conversão com função da espessura do
adsorver............................................................................................................202
Equação 80. Distribuição da perda de energia de radiação  por emissão de
Bremsstrahlung e ionização.............................................................................202
Equação 81. Intensidade de radiação  como função da espessura do adsorver.
..........................................................................................................................207
Equação 82. Espessura de semi-redução para radiação ..............................207
Equação 83. Aumento do comprimento de onda na deflexão de Compton.. . .210
Equação 84. Energia do fóton (a) e do elétron (b) defletido no Efeito de
Compton...........................................................................................................210
Equação 85. Energia de fotoelétrons...............................................................211

xxvi
Equação 86. Coeficiente total de adsorção de radiação ...............................213
Equação 87. Intensidade de radiação  como função da espessura do adsorver.
..........................................................................................................................214

xxvii
Índice dos Esquemas
Esquema 1. Transmutação de nitrogênio em oxigênio via reação nuclear entre
nitrogênio e partículas .....................................................................................34
Esquema 2. Classificação de reações nucleares...............................................34
Esquema 3. Transmutação de platina em ouro..................................................35
Esquema 4. Transmutação de mercúrio em ouro..............................................35
Esquema 5. Transmutação de ouro em chumbo...............................................35
Esquema 6. Transmutação de iodo por nêutrons lentos....................................36
Esquema 7. Formação hipotética do elemento Z = 93 a partir de 238U..............36
Esquema 8. Possíveis nuclídeos esperados pelas reações (n,), (n,p), (n,d) e
(n,) em urânio...................................................................................................37
Esquema 9. Representação do único isótopo estável de Ouro.........................49
Esquema 10. Processos nucleares para gênese de núcleos leves...................60
Esquema 11. Gênese de elementos mais pesados pela queima de: (a) carbono;
(b) oxigênio; (c) silício.........................................................................................62
Esquema 12. Processo p para gênese de 126Xe: (a) pela captura de próton; (b)
pela perda de nêutron.........................................................................................64
Esquema 13. (a) 1ª lei da transposição para desintegração ; (b) 2ª lei da
transposição para desintegração -....................................................................68
Esquema 14. Os radionuclídeos extintos 244Pu e 247Cm como precursores das
seqüências de desintegração 4n e 4n + 3..........................................................69
Esquema 15. Distribuição dos elétrons numa molécula de H 2 segundo a teoria
da ligação de valência........................................................................................89
Esquema 16. Reação próton – próton da fusão nuclear no sol.......................102
Esquema 17. Fusão de deutereto de lítio (LiD) nas bombas de fusão nuclear.
..........................................................................................................................103
Esquema 18. Reação de desintegração radioativa.........................................108
Esquema 19. Atividade como função do tempo (reação de 1ª ordem)............109
Esquema 20. Desintegração seqüencial..........................................................113
Esquema 21. Sistema de equações diferenciais para desintegração seqüencial.
..........................................................................................................................113
Esquema 22. Exemplo de seqüência de desintegração com tempos de meia
vida semelhantes..............................................................................................119
Esquema 23. Desintegração ramificada..........................................................121
Esquema 24. Calculo dos coeficientes ck para desintegração seqüencial......122
Esquema 25. Exemplo para desintegração seqüencial sem equilíbrio secular.
..........................................................................................................................123

xxviii
Esquema 26. Transmutação de nuclídeos espelhos.......................................138
Esquema 27. Desintegração de 252Cf...............................................................153
Esquema 28. Difeniloxazois utilizados em cintiladores líquidos......................178
Esquema 29. Ionização (a) e excitação (b) por radiação ionizante ( )...........193

xxix
xxx
1. Introdução

1.1. Avaliação da disciplina


A avaliação da disciplina Química nuclear é baseada em duas notas.
Uma a media das notas dos exercícios e a outra da prova escrita final. A nota
final calcula-se como média aritmética das duas notas.

1.2. Data das aulas


Na Tabela 1 encontra-se as datas das aulas e da prova final e do
exame para o semestre 2014/1.

Tabela 1. Data das aulas e da prova

Aula Data
Aula I 25/03/2014
Aula II 29/04/2014
Aula III 06/05/2014
Aula IV 13/05/2014
Aula V 20/05/2014
Aula VI 27/05/2014
Aula VII 03/06/2014
Aula VIII 10/06/2014
Aula IX 17/06/2014
Aula X 24/06/2014
Aula XI 01/07/2018
Aula XII 08/07/2014
PROVA 15/07/2014
EXAME 2/07/2014

1.3. Assunto temático da Química nuclear e da Radioquímica


Química nuclear pode ser definida como ramo da Química que trata o
estudo de núcleos atômicos e de reações nucleares com métodos químicos.
Também pode se incluir o ramo da química que investiga os aspectos químicos
da pesquisa nuclear.
Uma outra definição é Química nuclear como disciplina da Química que
trata os compostos e suas reações que diferem dos compostos normais por
causa das propriedades de seus núcleos atômicos (massa, radioatividade etc.).
Assim a Química nuclear investiga a ocorrência, separação e preparação pura,
as propriedades físico-químicas e as reações tanto dos radioelementos
(elementos cujos isótopos são todos radioativos) como também os
radionuclídeos (isótopos radiativos de elementos estáveis).
Como radioquímica entende-se a parte a química nuclear que investiga
química de radioelementos e radiosiótopos que surgem de reações nucleares
em quantidades sub-micro, enquanto a preparação e transformação de
radioelementos e radionuclídeos são conhecidas como Química nuclear técnica
ou Tecnologia nuclear, cujo assunto principal é a preparação e reciclagem de
combustível nuclear. Também faz parte da radioquímica a investigação de
efeitos químicos em reações nucleares (química de átomos quentes).

1
A radioquímica aplicada estuda a aplicação de radionuclídeos na
bioquímica, medicina nuclear, agronomia e indústria. Outra aplicação da
química nuclear são os métodos radioanalíticos como análise de ativação,
marcação de compostos com nuclídeos radioativos para investigação de
mecânismos de reação e de transporte, métodos para determinação de idade
na geologia, cosmologia e arqueologia, a preparação de nuclídeos de alta
pureza ou a determinação do rendimento de reações nucleares, ambos
importante para a física nuclear experimental.

1.4. Unidades utilizadas na Química e Física nuclear

1.4.1. Atividade
A atividade A é uma medida para a força de uma amostra radioativa e é
definido como número de transformações por unidade de tempo. No sistema
internacional (SI) a unidade da atividade é o Bequerel (Bq) com a
dimensão 1 s-1.
Como atividade especifica (As) se entende a atividade de um
radioelemento ou radionuclídeo puro dividido pela massa como mostra
Equação 1.

Equação 1. Atividade especifica.


A
As  [ Bq / g ]
m

1.4.2. Dose de energia


A dose de energia D é definido como a energia dE transmitido por
radiação ionizante para a massa dm com a densidade  e o volume dV como
mostra a Equação 2. No SI a unidade da dose de energia é o gray (Gy) com a
dimensão 1 J kg-1.

Equação 2. Dose de energia.


dE dE
D 
dm dV

1.4.3. Dose de íon


Devido a determinação difícil da dose de energia os dosimétros para
radiação ionizante determinam a dose de íon (J) definido como carga dQ dos
íons de um tipo (cátion ou ânion) gerado por radiação ionizante no volume d V
de ar com a massa dm como mostra a Equação 3. No SI a unidade da dose de
energia é o roentgen (R) com a dimensão 2,58010-4 C kg-1.

2
Equação 3. Dose de íon.
dQ dQ
J  
dm dV

1.4.4. Dose equivalente


A dose equivalente (H) corresponde à dose de energia D multiplicada
por um fator adimensional de qualidade (Q) como mostra a Equação 4. Os
diversos fatores Q, enumerados na Tabela 2, indicam o grau dos efeitos
biológicos causados pela radiciação em questão. No SI a unidade da dose
equivalente é o sievert (Sv) com a dimensão 1 J kg-1.
Para nêutrons o fator de qualidade é uma função da energia e pode ser
calculada pela Equação 5. Como revela a Figura 1 para nêutrons Q assume
seu valor máximo para energias em torno de 1 MeV.

Equação 4. Dose equivalente.


H  Q D

Tabela 2. Fator de qualidade (Q) para determinação da dose equivalente.1

Tipo de radiação Energia Fator de qualidade


Fótons (raios-X, radiação ) Todas as energias 1
Elétrons, radiação e mions Todas as energias 1
< 10 keV 5
10 keV – 100 keV 10
Nêutrons* 100 keV – 2 MeV 20
2 Mev – 20 MeV 10
> 20 MeV 5
Prótons > 2 MeV 5
Radiação , fragmentos de fissão, núcleos pesados Todas as energias 20
*os valores dados são aproximações; o fator de qualidade para nêutrons calcula-se pela
Equação 5 e é mostrado como função da energia em MeV na Figura 1.
Equação 5. Fator de qualidade para nêutrons com função da energia em
MeV.
(ln( 2E N ))2

Q  5  17  e 6

3
Figura 1. Fator de qualidade para nêutrons como função da energia.

1.4.5. Secção eficaz (ou secção de choque)


A probabilidade para ocorrência de uma reação nuclear é dada pela
secção eficaz, também chamado de secção de choque. Uma reação nuclear é
comparável como uma reação química bimolecular: A + x  B + y. Neste caso
a razão de formação do nuclídeo B é descrito pela Equação 6 onde  é a
densidade de fluxo dos projeteis, NA o número dos nuclídeos A no alvo e  é a
secção eficaz da reação.

Equação 6. Razão de formação para reação nuclear.


dN B
 N A
dt

A densidade de fluxo possua a dimensão de área por tempo e é


geralmente dado em cm2/s. Assim a dimensão da secção eficaz é cm 2.
Considerando que forças nucleares e de Coulomb não interferem na reação
nuclear a secção eficaz deve ser igual à área da secção transversal do núcleo;
que é em torno de 10-24 cm2. Portanto este valor é utilizado como dimensão da
secção eficaz cuja unidade é o barn (b).

1.4.6. Unidades obsoletas


A Tabela 3 resuma as unidades utilizados na mediação de radioatividade
e seus efeitos atualmente utilizadas no Sistema Internacional (SI) junto com as
respectivas unidades obsoletas e os fatores de conversão.

4
Tabela 3. Propriedades estudadas na Química Nuclear e suas unidades.

Unidade Unidade Fator de


Propriedade Símbolo Dimensão
SI obsoleta conversão
bequerel
Atividade A s-1 curie (Ci) 1 Ci = 37 GBq
(Bq)
elétronvolt 1 eV =
Energia E joule (J) kg m2 s-2
(eV) 1,610-19 J
rad* (Rd ou
Dose de energia D gray (Gy) J kg-1 1 rd = 0,01 Gy
rad)
roentgen
Dose de íon J 2,5810-4 C kg-1
(R)
Dose de energia sievert 1 rem 
H J kg-1 rem† (rem)
equivalente (Sv) 0,01 Sv
Secção eficaz  barn (b) 10-24 cm2

*radiation absorption dose, roentgen equivalent men.

5
2. Desenvolvimento histórico

2.1. De observações antigas ao descobrimento da radioatividade


natural
O fato que a radioatividade somente foi descoberta no fim do século 19
deve-se ao fato que os seres vivos não possuem órgãos sensoriais para este
tipo de radiação. Mesmo assim existem desde a Antigüidade relatos, sobre
efeitos a saúde de mineiros, que posteriormente podem ser atribuídos a
radioatividade. Por exemplo, no primeiro século antes de Cristo, Titus Lucretius
Carus (Figura 2) descreve em sua obra “De Rerum Natura” (6º livro) o mau
estado de saúde dos mineiros das minas de ouro da cidade antiga de
Scaptensula (Σκαπτηςύλη, Grécia continental; Figura 3) e cita literalmente as
exalações dos minérios de ouro.

denique ubi argenti venas aurique secuntur,


terrai penitus scrutantes abdita ferro,
qualis expiret Scaptensula subter odores?
quidve mali fit ut exalent aurata metalla!
quas hominum reddunt facies qualisque colores!
nonne vides audisve perire in tempore parvo
quam soleant et quam vitai copia desit,
quos opere in tali cohibet vis magna necessis?
hos igitur tellus omnis exaestuat aestus
expiratque foras in apertum promptaque caeli. 2,31,2

1
What direful stenches, too,
Scaptensula out-breathes from down below,
When men pursue the veins of silver and gold,
With pick-axe probing round the hidden realms
Deep in the earth?- Or what of deadly bane
The mines of gold exhale? O what a look,
And what a ghastly hue they give to men!
And seest thou not, or hearest, how they're wont
In little time to perish, and how fail
The life-stores in those folk whom mighty power
Of grim necessity confineth there
In such a task? Thus, this telluric earth
Out-streams with all these dread effluvia
And breathes them out into the open world
And into the visible regions under heaven.

2
Welch abscheulicher Dunst entströmt Scaptensulas Boden,
Wo man so gierig erschürft die Adern des Goldes und Silbers
Und das Verborgne der Erde durchwühlt mit eisernem Werkzeug!
Oder was dringt für giftige Luft aus den Goldbergwerken,
Wie entstellt sie des Menschen Gesicht, wie bleicht sie die Farbe!
Siehst du und hörst du nicht auch, in wie kurzer Zeit sie zu sterben
Pflegen und wie ihnen bald die Lebenskräfte entschwinden,
Wenn sie zu solcher Fronde des Lebens gewaltige Not zwingt?
Alle derartigen Dämpfe entwickelt also die Erde,
Die sie hinaus in das Weite verdampft und den offenen Himmel

6
Figura 2. Titus Lucretius Carus (provavelmente 97 – 55 a.C.). 4

Figura 3. Mapa das Minas antigas de Scaptensula. 5,6

Figura 4. “Doença de Schneeberg”.7

7
Relatos sobre doenças de mineiros como a Schneeberger Krankheit
(Figura 4), denominado pela cidade alemão Schneeberg no Erzgebirge (Figura
5) com grandes explorações de minas, também se acham no século 16 por
Agrícola (Figura 6) e Paracelsus (Figura 7) nas suas obras “De Re Metallica”8 e
“Von der Bergsucht und anderen Bergkrankheiten”9, respectivamente.

Figura 5. Schneeberg im Erzgebirge.10

Figura 6. Georg Agrícola (1494 – 1555), “De Re Metallica” 1556.Error:


Reference source not found

8
Figura 7. Tratado de Paracelsus (Theophrastus Bombastos von
Hohenheim, 1493 – 1541) de 1567 sobre a Doença de Schneeberg. 11

Os primeiros elementos radioativos, urânio e tório foram descobertos por


Klaproth (Figura 8a) e Berzelius (Figura 9a) em 1789 e 1829 nos minerais
Pechblenda (Figura 8b) e Torita (Figura 9b), respectivamente.
Como as propriedades radioativas desses elementos não eram
conhecidas eles foram utilizados somente em quantidades relativamente
pequenos. Por exemplo, devido à coloração intensa de muitos de seus
compostos e minerais (Figura 10) o urânio foi amplamente utilizado durante o
século 19 e no inicio do século 20 na manufatura de artigos de consumo como
canecos, vasos, jogos de chá e penicos (Figura 11).
Por outro lado, o óxido de tório se mostrou como composto importante
para a fabricação de meias (“camisinhas”) de lampiões a gás (Auer-
Glühstrumpf, Figura 12).

9
(a) (b)
Figura 8. Martin Heinrich Klaproth (1743-1817) (a), descobriu o urânio
como elemento na pechblenda (uranita, UO 2) (b).Error: Reference source
not found

(a) (b)

10
Figura 9. Jöns Jacob Berzelius (1779 – 1848) (a) 12 descobriu o elemento
Tório na Torita (Th[SiO4]) (b)13

(a) (b)

Figura 10. Minérios de urânio: (a) Cu(UO2)(PO4)2  10–12 H2O (Torbernita);


(b) Cu(UO2)(OH)4 (Vandenbrandenita)14

11
Figura 11. Artigos de consumo contendo urânio.Error: Reference source
not found

(a) (b)
Figura 12. (a) Freiherr Carl Auer von Welsbach15; (b) Meia para lampião a
gás (Auer-Glühstrumpf).16

12
(a) (b)
Figura 13. (a) Wilhelm Conrad Röntgen (1845 – 1923); (b) 1ª radiografia da
mão de Anna Röntgen.17,18

A descoberta da radioatividade se seguiu da descoberta dos raios-X por


Röntgen em 1895 (Figura 13). Observou-se que tais raios poderiam ser
gerados direcionando raios catódicos por meio de campos elétricos ou
magnéticos a uma placa de vidro. Assim além dos raios-X se observava
fluorescência de luz visível.
Sabia-se também que diversos minerais, especialmente saís de urânio
mostram fluorescência no luz do sol e o pesquisador francês Bequerel (Figura
14a) investigava se luz do sol gerava em sulfeto de urânio(IV) (US 2) além da
fluorescência radiação que como os raios-X é capaz de ultrapassar papel preto
e escurecer uma placa fotográfica. Inesperadamente ele observou que o urânio
emitia uma radiação capaz de ultrapassar papel e escurecer o material
fotográfico (Figura 14b) sem a necessidade de uma radiação excitante. Assim
ele formulou em 2 de março de 1896 que este material seria “radioativo”, ou
seja, emitia radiação espontaneamente.

13
(a) (b)
Figura 14. (a) Antoine Henri Bequerel (1852 – 1908);Error: Reference
source not found (b) placa fotográfica escurecida pela radiatividade de
urânio (a sombra do cruz de malta posicionado entre a placa e o sal de
urânio é claramente visível).19

Incentivado pelas observações de Bequerel o casal Curie (Figura 15)


investigava a Pechblenda de Joachimsthal, cidade na mesma formação
montanhosa como Schneeberg (Erzgebirge), e que na época fazia parte do
império austro-húngaro, com o intuito de descobriu a causa da “radioatividade”.
Assim se descobriu à radioatividade não somente do urânio, mas também do
tório e os novos elementos radiativos como polônio (1898), rádio (1898) e
actínio (1902).

14
Figura 15. 1898 Pierre (1859-1906) e Marie Curie (1867-1934).Error:
Reference source not found

2.2. Tipos de radiação e métodos de detecção


Originalmente a radioatividade foi observada usando materiais
fotográficos ou telas cintilantes, como por exemplo, sulfeto de zinco ou
tetracianoplatinato(II) de bário. Um método alternativo era a determinação da
condutividade do ar sob influencia de radioatividade com eletrômetros como é
ilustrado na Figura 16.

(a) (b)
Figura 16. (a) Eletrômetro construído por Pierre Curie; 20 (b) arranjo
experimental para determinação da condutividade do ar.Error: Reference
source not found

15
Embora estes métodos de detecção não possam distinguir entre os
diversos tipos de radiação já em 1899 Rutherford detectou a existência de dois
tipos de radiação  e  e em 1900 Villard descobriu a radiação . A Figura 17
ilustra o comportamento desses três tipos de radiação num campo elétrico ou
magnético. Este comportamento indica que a radiação  e a radiação +
possuem carga positiva e a radiação  carga negativa, enquanto a radiação 
é constituída de fótons neutros.

Figura 17. Comportamento de radiação a, b e g num campo elétrico (pólo


negativo no lado esquerdo/pólo positivo no lado direito). 21

A carga especifica da radiação  e  pode ser determinada pelo desvio


no campo elétrico ou magnético. Para a radiação  este valor é o mesmo
observado por Thomson para os elétrons (Figura 18), indicando que a radiação
- consiste de elétrons e a radiação + de partículas da mesma massa que
elétrons mas com carga inversa, posteriormente chamado de posítrons. Para a
radiação  este valor é 4,8107 C/kg que pode ser atribuído, por exemplo, a
He2+ ou C6+. A determinação da carga das partículas  permitiu identifica-las
como núcleos de hélio e em 1909, Rutherford deixou radiação  penetrar num
balão de vidro por uma janela fina e detectou espectroscopicamente a
formação de hélio. As diversas propriedades da radiação ,  e  são
resumidas na Tabela 4.

(a) (b)

16
Figura 18. (a) Joseph John Thomson (1856-1940);Error: Reference source
not found (b) arranjo experimental para geração de raios de elétrons
(raios catódicos).22

Tabela 4. Propriedades de radiação radioativa.

Tipo Massa (u) Carga (e) Energia (MeV)


 4,03190 +2 4–9
- 5,0485810-4 -1 0,02 – 4
+ 5,0485810-4 +1 0,02 – 4
 0 0 0,1 – 2

Um outro método para detectar e visualizar a radiação radioativa foi


introduzido pelo físico inglês Charles Wilson (Figura 19). O principio dessa
câmera de Wilson (Figura 20) é a formação de gotinhas numa atmosfera
água/etanol supersaturada causada quando as moléculas de água são atraídas
pela carga induzida na atmosfera pela radiação ionizante como ilustra a Figura
21.

Figura 19. Charles Thomson Rees Wilson (1869-1959).23

Figura 20. (a) Câmera de Wilson;(b) principio.Error: Reference source not


found

17
(a) (b)
Figura 21. Formação de gotas na câmera de Wilson: (a) Ionização de uma
molécula pela radiação; (b) formação de gota pela atração das moléculas
de água.24

A Figura 22 mostra traços típicos observados numa câmera de Wilson.


Na Figura 22a observa-se uma amostra emitindo radiação  com duas
energias diferentes. Todos os traços de partículas  da mesma energia
possuem o mesmo comprimento, ou seja, as partículas  possuem um
espectro de energia discreto. Traços de radiação  também são mostrados na
Figura 22b, que mostra o desvio das partículas num campo magnético. O raio
desse desvio permite a determinação da energia das partículas emitidas.
A Figura 22c mostra traços tipicamente observados para radiação . O
potencial de ionização desse tipo de radiação é aproximadamente 1/100 do
potencial de ionização da radiação . Assim formam-se menos pares íons –
elétrons e o traço observado é menos intenso. Assim o traço de partículas  de
alta energia (traço horizontal na parte inferior da Figura 22c) parece como um
“colar de pérolas” e partículas  de baixa energia, que podem ser facilmente
desviados por colisões com outras partículas deixam traços enroscados. Na
Figura 22d observa-se a radiação  de uma amostra com um campo magnético
ao plano da folha mostrando desvios com raios diferentes, o que indica que as
diversas partículas  possuem diversas energias, ou seja, que as partículas 
possuem um espectro de energia continuo.
Como o potencial de ionização da radiação  é ainda menor que a da
radiação  (aproximadamente 1/100) ela pode ser observada numa câmera de
Wilson somente de modo indireto. A Figura 22e mostra os traços de
fotoelétrons induzido numa placa de prata por radiação  incidindo do lado
direito.
Embora as câmeras de Wilson não possuam mais significado para a
pesquisa elas são amplamente encontradas em museus técnicos como objetos
para demonstração da radioatividade (Figura 23) ou com o mesmo intuito como
experimento escolar.25

18
(a) (b)

(c) (d)

(e)

Figura 22. Traços de radiação ,  e  observados numa câmera de


Wilson: (a) radiação  com duas energias diferentes; (b) radiação  em
campo magnético; (c) radiação ; (d) radiação  em campo magnético; (e)
detecção indireta de radiação .26

Figura 23. Câmera de Wilson para demonstração de radiação radioativa


no Swiss Science Centrum (Technorama) em Winterthur.27

19
2.3. Do descobrimento do núcleo atômico a sua fissão

2.3.1. O modelo atômico de Thomson


Que os átomos não são os “últimos componentes da matéria absoluta ou
abstrata” foi revelado a partir das investigações de raios catódicos por
Thomsen (Figura 18a e b).

(a) (b)
Figura 24. (a) Robert Millikan (1868 – 1953); 28 (b) arranjo experimental para
determinação da carga elementar. 29

Ele mostrou que os raios catódicos são formados por corpúsculos com
carga negativa e que a razão carga/massa era igual (1,759 1011 C/kg)
independente do material usado como cátodo. Este fato o levou a conclusão
que estes partículas, que ele chamou de elétrons, faziam parte de todos os
átomos. A carga elementar do elétron foi determinada por Millikan (Figura 24a)
em 1909 com um experimento esquematizado na Figura 24b.

Equação 7. Carga de gota como função da massa e do diâmetro no


experimento de Milikan.
Q gota  U mgd
Fel.   m  g  FG  Q gota 
d U

Primeiramente ele determinou a velocidade de sedimentação das


gotinhas na ausência do Campo elétrico. Utilizando a lei de Stokes ele poderia
determinar a força gravitacional (FG). Em seguir ele aplicou um campo elétrico
cuja força (Fel.) e deixou as gotinhas suspensas. Assim Equação 7 permite a
determinação da carga das gotinhas. Millikan encontrou que as cargas
observadas eram múltiplos inteiros de uma carga mínima (elementar) com o
valor de e = 1,6022  10-19 C.
Por outro lado também foram observados radiação de partículas com
carga positiva, quando se usava um arranjo experimental esquematizado na

20
Figura 25. Ao contrario dos raios catódicos os raios de canal ou anódicos
possuem a massa molecular do gás presente no tubo. A menor razão
carga/massa (9,579107 C/kg) é observada para hidrogênio como gás de
enchimento.

Figura 25. Arranjo experimental para geração de raios anódicos (raios de


canal).Error: Reference source not found

Figura 26. Modelo atômica de Thomson (plum pudding model).Error:


Reference source not found

Estes resultados mostravam que átomos em vez de serem partículas


indivisíveis, como indica o termo grego , são partículas constituídas de
elétrons com carga negativa e de matéria com carga positiva. Baseado nestas
idéias Thomson sugeriu um modelo para o átomo conhecido como “plum
pudding model” (modelo de pudim com uva passas) ilustrado na Figura 26.

2.3.2. Os experimentos de deflexão de Rutherford


Que o modelo de Thomson não era adequado foi demonstrado pelos
experimentos de deflexão de partículas  numa folha de ouro de um diâmetro
de algumas centenas de nanômetros (Figura 27a). Realizados sob a orientação
de Rutherford (Figura 27b) por Geiger (Figura 27c) e Marsden (Figura 27d).

21
(a) (a)

(c) (d)

Figura 27. (a) arranjo experimental para deflexão de partículas (M =


microscópio; S = tela luminescente; F = Folha de ouro; R = rádio, T = cano
para bomba de vácuo);30 (b) Ernest Rutherford 1st Baron Rutherford of
Nelson (1871 – 1937);31 (c) Hans Geiger (1882 – 1945);32 (d) Sir Ernest
Marsden (1889 – 1970).33

Ao contrario da previsão do modelo de Thomson para a deflexão de


partículas a que prevê somente ângulos pequenos de deflexão (Figura 28a) os
experimentos mostram uma probabilidade finita para ângulos   (Figura
28b).

22
(a) (b)
Figura 28. Comparação dos modelos atômicos de: (a) Thomson e (b)
Rutherford e dos ângulos de deflexão de partículas a previstos e
observados.34

A interpretação exata desse experimento exige o conhecimento de


alguns termos básico da física nuclear. Mas como experimentos de deflexão de
partículas são básicos para a física nuclear e para o entendimento das teorias
do núcleo atômico, devemos tentar de entender quantitativamente a
interpretação dos resultados obtidos por Geiger e Marsden.
Primeiramente definimos a secção eficaz de uma deflexão ou reação
nuclear. Assim há deflexão cada vez se uma das partículas incidente, com
diâmetro muito menor que , atinge esta área. A densidade de fluxo j é o
número das partículas incidindo no tempo dt na área A, que possua A
centros de deflexão (reação) cada um com a área como e exemplificado na
Figura 29 para uma área A com 4 centros de deflexão com diâmetro .

Figura 29. Exemplo de um alvo de área A com 4 centros de deflexão com


área .Error: Reference source not found

23
Neste caso a área coberto pelos centros de deflexão é A e o número
de deflexões por segundo N e dado pela Equação 8. Nessa Equação o fator 
é a fração da área do alvo coberto pelos centros de deflexão que é igual à
probabilidade W que uma partícula incidente é defletida.

Equação 8. Número de deflexões no período dt.


N    jA

Equação 9. Probabilidade de deflexão.


W  

Embora a idéia de uma área de deflexão pequena não é verdadeira para


processos quânticos podemos definir para estes processos uma secção eficaz
 na forma da Equação 10.

Equação 10. Secção eficaz para deflexões ou reações de partículas.


N número de reações por segundo
  
( jA) ( jA)

A secção eficaz diferencial (d/d) (ver Equação 11) descreve a


distribuição angular das partículas defletidas (emitidas) para um elemento
espacial angular d(ver Figura 30), onde o índice  indica a dependência da
secção diferencial efetiva do ângulo da deflexão . A unidade da secção eficaz
 é o barn = 10-24 cm2 e a da secção eficaz diferencial barn/sr (sr = steradian 1).
A secção efetiva total é definida como integral da secção efetiva diferencial
sobre toda a esfera com o mostra Equação 12.

Equação 11. Secção eficaz diferencial.


 d  ( número das partículas defletidas para o elemento espacial angular d / s )
  
 d  densidade de fluxo das partículas incidentes j

Figura 30. Elemento espacial angular.Error: Reference source not found

1
1 sr = 1 m2 na superfície de uma esfera com um raio de 1 m.

24
Equação 12. Secção efetiva total.
2 2
 d   d   d   d 
T 

 0


 d 
d 


 0
  sen d d  2
 d 

  d  
sen d 
  d d

A Figura 31 ilustra um processo impacto na física clássica e revela que a


dependência do ângulo de deflexão  do parâmetro de impacto b. Assim o
ângulo de deflexão  pode ser descrito como função do parâmetro de impacto
b e da energia da partícula E, ou seja,  = (b, E).

Figura 31. Decurso de duas partículas defletidas num centro de deflexão


S com diferentes parâmetros de impacto bi.35

No experimento de Marsden, Geiger e Rutherford, esquematizado na


Figura 32 todos os partículas incidentes de um anel entre b e (b + db) serão
defletido para o ângulo espacial d  ilustrado na Figura 33a. Como o número
das partículas incidentes de j2 b db é igual ao numero de partículas defletidas
para o ângulo espacial dR = 2 sen  d obtemos Equação 13.

Figura 32. Princípio do Experimento de Marsden, Geiger e Rutherford.

25
(a) (b)
Figura 33. (a) Secção efetiva diferencial na deflexão de Rutherford; (b)
decurso da deflexão de 3Li3+ num núcleo de 28Ni em escala 1 : 31012 (para
ângulos de deflexão > 140° espera-se aberração do decurso da
distribuição de ângulos de Rutherford, mostrando o contato do núcleo
alvo e do núcleo projétil).Error: Reference source not found

Equação 13. Secção efetiva diferencial como função do ângulo de


deflexão .
 d   d 
j  2 b db  j dR   j 2 sin  d  
 d   d 
ou
 d  b db
  
 d  sin  d

Assim a secção efetiva diferencial pode ser calculada com a função (b,
E). Um exemplo para a deflexão de partículas num núcleo atômico, semelhante
ao experimento de Marsden, Geiger e Rutherford é mostrado na Figura 33b
para a deflexão de núcleos de lítio com uma energia de 20 MeV em núcleos de
níquel. Esta Figura revela que para altas energias o parâmetro de impacto
pode ser tão pequeno que as partículas entram em contato, o que resulta numa
aberração na distribuição angular de Rutherford, tal aberração não foi
observado por Marsden, Geiger e Rutherford, devido à baixa energia das
partículas utilizadas no experimento original.
Para descrever a deflexão de Rutherford assume-se um potencial de
Coulomb para o centro de deflexão e as partículas como mostra a Equação
14, onde C > 0 para um potencial de repulsão.

Equação 14. Potencial entre uma partícula da carga Z é e um núcleo da


carga Z e.
ZZ ´e 2 C
V (r )  
r r

Assumindo que a massa das partículas incidente é pequena em relação


à massa dos centros de deflexão a mecânica clássica resulta para o raio (r) do
desvio duma partícula da massa m e da energia cinética E na função dado na

26
Equação 15. Como ilustra a Figura 34 o ângulo polar  da Equação 15 pode
ser substituído pelo ângulo de deflexão  e a Equação 15 pode ser reformulado
mostrando o parâmetro de impacto b como função de  (Equação 16).

Equação 15. Desvio duma partícula


num campo de Coulomb.

l 2 mC
r Figura 34. Dependência entre o
1   cos  ângulo polar  e o ângulo de
com deflexão .36
2 El 2 4 E 2b 2
 2  1  1 
mC 2 C2

Equação 16. Parâmetro de impacto b como função do ângulo de deflexão


e da energia da partícula.
4 E 2b 2 1 C 1
 2 1  2  1  cot 2 1   b cot 
C 2
1
sin  2 2E 2
2

Substituindo Equação 16 em Equação 14 obtemos para a secção eficaz


diferencial a fórmula de deflexão de Rutherford mostrado na Equação 17. Esta
fórmula possua validade somente para a deflexão de partículas sem spin em
um campo de Coulomb. Como as partículas com spin possuam um campo
magnético existe no caso de deflexão uma energia de interação adicional e a
fórmula de deflexão precisa ser modificada. Por exemplo, a deflexão de
elétrons no campo de Coulomb num alvo sem spin pode ser descrito pela
fórmula de deflexão de Mott mostrado na Equação 18, onde W é a energia
relativística total e v a velocidade do elétron.

Equação 17. Fórmula de deflexão de Rutherford.


1
 d  C cos 2  1 C 1
      
 d  2 E sin 1 2  2 cos 1 2   sin 1 2  2 E 2 sin 2 1 2 
C 1  ZZ ´e 2  1
   
16 E 2 sin 4 1   4 E  sin 4 1 
2 2

Equação 18. Fórmula de deflexão de Mott.

27
W2  
2
 d 
  
 2 ZZ ´e 2  2
1 
v
  sin 2 
 d  Mott
4
( qc)  c 2 

Experimento Teoria

Determinação da secção efetiva Escolha de um potencial de teste


diferencial entre projétil e alvo

Calculo da distribuição angular


com o potencial de teste

Comparação Experimento/Teoria

Concordância sem
Modificação do Potencial
boa concordância

O potencial será aceito como ponto de partida para interpretação de outros experimentos

Figura 35. Fluxograma para determinação de um potencial de um centro


de deflexão pela adaptação do potencial aos dados experimentais.

Caso o potencial do centro de deflexão é desconhecido à determinação


da distribuição angular permite sua descrição ou aproximação comparando os
dados experimentais com a distribuição calculada com um potencial de teste. O
principio desse procedimento é ilustrado no fluxograma da Figura 35.
Como exemplo para aproximação do potencial do centro de deflexão aos
valores experimentais a Figura 36 mostra para deflexão de partículas  com
uma energia de 5,5 MeV num alvo de ouro a distribuição angular, determinado
experimentalmente, junto com a secção efetiva diferencial calculada para um
potencial de Coulomb.

28
Figura 36. Deflexão de partículas  em ouro, comparação do
experimento/teoria.37

Caso a energia das partículas  pode sobrepor a força repulsiva de


Coulomb do núcleo, observa-se o desvio da secção eficaz diferencial do
decurso descrito pela fórmula de deflexão de Rutherford (Equação 17) como é
ilustrado na Figura 37. A causa desse desvio é que no contato entre projétil e
alvo a aparição das forças nucleares atrativas. Assim a menor distância
possível sem a aparição das forças nucleares resulta numa deflexão no ângulo
crítico cr como ilustra a Figura 38. Neste caso a soma dos raios do projétil
(partícula ) e do alvo (núcleo) pode ser expressa pela Equação 19. A
mediação sistemática do ângulo crítico para núcleos com diversos números de
massa A resulta na fórmula empírica mostrada na Equação 20, que permite
determinar o raio do núcleo atômico como função de A (= número de núcleons
ou massa do nucleo).

(a) (b)
Figura 37. Secção efetiva diferencial como: (a) função do ângulo de
deflexão; (b) função da energia do projétil. Error: Reference source not
found

29
Figura 38. Ângulo crítico de deflexão de Rutherford.Error: Reference
source not found

Equação 19. Soma de raios projétil/núcleo como função do ângulo crítico.

 
Z  Z  e2  1 
R1  R 2  1 2  1  
2T1   
 sin cr 
 2 

Equação 20. Soma dos raios partícula /núcleo como função do número
de massa A.
R A2  R  r0 A2  b
r0  1,414 fm
b  R  2,19 fm

2.3.3. O descobrimento do nêutron


Até 1920 conheciam-se como partículas elementares (constituintes do
átomo) somente as partículas , os prótons e os elétrons cujas propriedades
são enumeradas na Tabela 5, e a radioatividade foi interpretado como
desintegração do núcleo atômico emitindo, partículas , elétrons (-) ou
radiação eletromagnética ().

Tabela 5. Propriedades das partículas elementares conhecidas por volta


de 1920 e do nêutron descoberta em 1932.

Partícula Massa (u) Carga (e)* spin Momento magnético (B.M.)†


elétron 5,485810-4 -1 ½ 1
próton 1,0073 +1 ½ 1/1836
partícula  4,0319 +2 0 0
neutron 1,0087 0 ½ 1,9130/1836
*e = carga elementar = 1,602210-19 C;

30

Magnéton de Bohr:;
0e
b   1,1653  10 29V s m; com 0  constante do campo magnético
2me

Também se sabia que a massa atômica A assume, geralmente, números


inteiros e os experimentos de deflexão de partículas mostravam que a carga
nuclear possui um valor de Ze, onde e é a carga elementar e Z o número de
ordem, em geral com um valor aproximadamente da metade do número de
massa A. Estes fatos levaram a conclusão que o núcleo atômico fosse
constituído de um número de (A) prótons e (A-Z) elétrons. Porém esta idéia é
em contradição com os seguintes fatos:
(a) Tanto os prótons como os elétrons possuam um spin de ½,
como neste modelo o núcleo possua 2A – Z partículas com
um spin de ½ para núcleos com Z = impar o spin total
deveria assumir números racionais múltiplos de ½,
enquanto núcleos com Z = par deveriam possuir um spin
total com números inteiros. Esta previsão do modelo é em
contradição com o fato que o núcleo de 14N (Z = 7; impar)
possua um spin total de 1;
(b) Os elétrons possuam um momento magnético de um
magnéton de Bohr (ver Tabela 5) enquanto o momento
magnético dos núcleos é como o dos prótons em
aproximadamente três ordens menor. Portanto os elétrons
no núcleo atômico não deveriam possuir um momento
magnético;
(c) Devido à relação de incerteza de Heisenberg (x·p  h) a
energia cinética de um elétron confinado no núcleo atômico
onde x = rnúcleo  1·10-15 m (1 fm = 1 Fermi = 1 Fm) atinge
valores de dezenas de GeV como mostra a Figura 39. Tais
energias não correspondem às energias observadas para
os elétrons emitidos durante a desintegração de núcleos
atômicos (radiação -).

31
Figura 39. Energia cinética de elétron como função da incerteza x.

Devido a estas contradições Rutherford sugeriu em 1920 que o núcleo


atômico seja constituído não de prótons e elétrons, mas de prótons e partículas
neutras com spin = ½ e massa semelhante aos prótons. No inicio dos anos 30
do século passado observou-se na reação de átomos de berílio com partículas
 (Equação 21) uma radiação neutra, primeiramente interpretada como
radiação .
Chadwick (Figura 40a), porém identificou no experimento esboçado na
Figura 40b, que esta radiação neutra, observado na reação de berílio com
partículas, era capaz de ejetar prótons de uma folha contendo átomos de
hidrogênio. A aplicação da lei da conservação de impulso para os impcatos
entre os nêutrons e os prótons na folha e os prótons e o nitrogênio na câmera
de ionização permitiu a determinação da mnassa e da velocidade das
partículas neutras, posteriormente postulado por Rutherfgord e denominado de
nêutrons, cujas propriedades são enumerados na Tabela 5.

Equação 21. Reação entre berílio e partículas .


9
4 Be  24 He 126 C  01 n

32
Figura 40. (a) Sir James Chadwick (1891 – 1974); 38 (b) Detecção
experimental de nêutrons por Chadwick em 1932.Error: Reference source
not found

Para geração de nêutron usam-se diversas reações nucleares como


processos /n. Enquanto nêutron em núcleos -estáveis são partículas
estáveis nêutrons livres mostram desintegração - com um tempo de meio vida
de 10,6 min como ilustra Equação 22.

Equação 22. Desintegração de nêutrons livres.


t 1 10 , 6 min
1
0 n 
2
 11 p      e

Como a interação dos nêutrons depende em grande parte de sua


energia cinética eles são geralmente classificados segundo sua energia como
mostra a Tabela 6.

Tabela 6. Classificação de nêutrons segundo a energia cinética. 39

Classificação dos neutrons Energia cinética (eV)


Nêutrons ultra – frios < 10-5
Nêutrons frios 10-5 - 510-3
Nêutrons térmicos 510-3- 0,5
Nêutrons epitérmicos 0,5 - 103
Nêutrons meio-velozes 103 – 105
Nêutrons velozes 105 - 5107
Nêutrons ultra – velozes > 5107

2.3.4. Reações nucleares e transmutação de elementos


Reações nucleares se diferenciam da desintegração nuclear (radiação
,  ou ) pelo fato que a desintegração é um processo espontâneo, enquanto

33
uma reação nuclear é causada por fatores externos. A primeira reação nuclear
foi observada por Ruherford em 1919 num experimento esboçado na Figura 41.

Figura 41. Arranjo experimental com qual Rutherford observou a reação


14
N(,p)17O.40

No recipiente no lado esquerdo encontra-se nitrogênio puro e no porta-


amostra T 214Po como fonte de partículas . A distancia entre esta fonte de
radiação  e a tela de sulfeto de zinco é maior que a alcance da radiação 
emitida pelo 214Po. Mesmo assim cintilações foram observadas, cuja
intensidade era semelhante à de causada por prótons. Estas partículas
possuem um alcance de mais que 40 cm enquanto as partículas  emitidas por
214
Po com uma energia máxima de 7,6869 keV alcançam somente 32 cm.
Dessas observações Rutherford tirou a conclusão que numa “colisão”
entre o projétil e o núcleo a partícula a foi capturado pelo núcleo de nitrogênio e
o núcleo intermediário de 18F emita um próton formando como produto final
dessa reação o núcleo estável de 17O. A Figura 42 mostra uma fotografia desta
reação numa câmera de Wilson preenchida com nitrogênio indicando os traços
do produto final (O-17) e do próton emitida pelo núcleo F-17 intermediário.

Figura 42. A reação 14N(,p)17O observada numa câmera de Wilson.Error:


Reference source not found

34
Uma descrição explícita dessa reação nuclear é mostrada no Esquema
1a e a equação abreviada no Esquema 1b. Esta reação foi a primeira vez que o
sonho dos alquimistas a transmutação dos elementos foi realmente alcançado.

Esquema 1. Transmutação de nitrogênio em oxigênio via reação nuclear


entre nitrogênio e partículas .
(a) 14
7 N   
projétil
 F
18
9  p  17
8O
núcleo alvo núcleo intermédiario partícula emitida produto final

(b) 14
7 N ( , p)178O

Esquema 2. Classificação de reações nucleares.

 A  a (deflexão elástica)

 A * a´ (deflexão inelástica)

Aa  
B1  b1 
B2  b2 reações nucleares proprias
 
Bi  bi 

Figura 43. Transmutações de núcleos por reações nucleares de baixa


energia.41

35
Estas reações nucleares possuam certa semelhança com as deflexões
de partículas nos núcleos com a deflexão de Rutherford (parágrafo 2.3.2,
página 21) como ilustra a classificação das reações nucleares no Esquema 2.
Mas como a energia dos projéteis nas reações nucleares é suficiente para
vencer a repulsão entre as cargas do núcleo e do projétil ocorre a incorporação
completa ou parcial dos núcleons do projétil no núcleo alvo. Além de partículas

com carga positiva como partículas  (4He2+), prótons (1H+); deuterons ( 1 H ) e
2

trítons ( 1 H ) reações nucleares podem ser induzidas por radiação  ou por


3 

nêutrons. Estes últimos projéteis possuam a vantagem que não há


necessidade de superar a repulsão de Coulomb permitindo o uso de energias
mais baixas. A Figura 43 resuma as possíveis transmutações de um núcleo que
podem ser induzidas por reações nucleares com partículas , prótons,
deuterons, trítons, nêutrons ou radiação .
Reações nucleares poderiam ate satisfazer o velho sonho dos
alquimistas de criar ouro como mostra o Esquema 3 e o Esquema 4. Como
platina é mais caro que ouro sua transmutação não faria sentido e o isótopo
196
Hg possua uma freqüência natural de somente 0,15%. Ironicamente a
transformação de ouro em chumbo por reações nucleares seria mais fácil que a
formação de ouro a partir de chumbo como mostra Esquema 5.

Esquema 3. Transmutação de platina em ouro.


t 1  2 ,3 d
196
78 Pt (n,   )197
79 Au *  
2
79 Au  
197

Esquema 4. Transmutação de mercúrio em ouro.



196
80 Hg  n frios 197
80 Hg 
 197
79 Au

Esquema 5. Transmutação de ouro em chumbo.



197
79 Au ( n,  )198  , 2 , 69 d
79 Au   19980 Hg
199
80 Hg ( n,  )199
80 Hg ( n,  ) 80 Hg ( n,  ) 80 Hg ( n,  ) 80 Hg ( n,  ) 80 Hg
200 201 202 203

 
Hg , 46 891Tl ( n,  ) 81Tl  
 , 3, 78 a
203
50   203
, 59 d 204
 204
82 Pb

2.3.5. A fissão nuclear


Como nêutrons não sofrem repulsão pelo núcleo do alvo eles podem
induzir reações nucleares com energia relativamente pequenas. Este fato foi
amplamente investigado por Fermi (Figura 44) que irradiou praticamente todo
elemento químico com nêutrons transmutando-os nos elemento com número
de ordem Z + 1 pela desintegração - do núcleo intermediário, como ilustra o
Esquema 6 para transmutação do núcleo estável de 127I em 128Xe (isótopo
estável).

36
Figura 44. Enrico Fermi (1901 – 1954).42

Esquema 6. Transmutação de iodo por nêutrons lentos.


53 I * 
I  10n128
127
53

128
53 I * ; 26min
128
54 Xe

Utilizando urânio, o elemento com o maior número de ordem conhecido


(Z = 92), podia-se esperar a formação de um novo elemento com número de
ordem Z + 1 = 93, segundo a reação ilustrada no Esquema 7.

Esquema 7. Formação hipotética do elemento Z = 93 a partir de 238U.


U (n,   ) 239
238
92 93 trans  U

Por outro lado os nêutrons poderiam induzir reações do tipo (n,), (n,p),
(n,d) ou (n,) como pode ser concluído da Figura 43. Com os três isótopos
primordiais do urânio podia-se esperara pelo menos 12 nuclídeos diferentes
como mostra Esquema 8. Desses 12 nuclídeos três são isótopos de urânio com
dois nuclídeos não presente no urânio natural e seis isótopos de protactínio e
três isótopos de tório. Todos estes nuclídeos podem se transmutar
potencialmente em isótopos de rádio. Os isótopos artificiais de urânio sofrendo
duas desintegrações , os isótopos de protactínio via desintegração - seguida
de duas desintegrações  e os isótopos de tório por desintegração .

Esquema 8. Possíveis nuclídeos esperados pelas reações (n,), (n,p), (n,d)


e (n,) em urânio.

37
U (n,  ) 235
234
92 92 U
234
U (n, p) 234
92 91 Pa
234
U (n, d ) 233
92 91 Pa U (n,  ) 231
234
92 90Th

U (n,  ) 236
235
92 92 U
235
U (n, p) 235
92 91 Pa
235
U (n, d ) 234
92 91 Pa U (n,  ) 23290Th
235
92

U (n,  ) 239
238
92 92 U
238
U (n, p) 238
92 91 Pa
238
U (n, d ) 237
92 91 Pa U (n,  ) 23590Th
238
92

Estudando as reações de urânio com nêutrons térmicos Meitner, Hahn e


Straßmann (Figura 45) identificaram além de possíveis elementos trans-urânios
três isótopos artificiais de um elemento que eles acharam, pelas razões
discutidas acima, de ser rádio. Para identificar estes isótopos Hahn e
Straßmann tentaram, utilizando o arranjo experimental mostrado na Figura 46
sua isolação através da co-precipitação como cloreto junto com seu homologo
mais leve bário seguida de cristalização fracionada (Figura 47), método
aplicado por Marie Curie (Figura 15) na isolação de rádio na pechblenda
(Figura 8b).

(a) (b) (c)


Figura 45. (a) Lise Meitner (1878 – 1968); 43 (b) Otto Hahn (1879 – 1968); 44
(c) Fritz Straßmann (1902 – 1980).45

38
Figura 46. Bancada do Laboratório de Hahn, Meitner e Straßmann
(Reprodução no Deutsches Museum) .46

Como mostra a Figura 47 o cloreto de rádio, menos solúvel que cloreto


de bário, deveria se enriquecer na parte menos solúvel, resultando num
aumento a atividade observada. Ao contrario do resultado esperado Hahn e
Straßmann observaram que a atividade atribuída aos “novos isótopos de radio”
se distribuiu igualmente entre as frações de cloreto de bário. Como “químicos”
eles concluíram que estes novos nuclídeos seriam isótopos de bário em vez de
rádio embora como “físicos nucleares” eles não poderiam explicar o origem de
bário a partir de uma reação nuclear induzida por nêutrons térmicos.

Figura 47. Princípio da cristalização fracionada utilizada na separação de


bário e rádio.47

39
A origem dos isótopos de bário foi explicada por Meitner (Figura 45a) e
seu sobrinho Frisch (Figura 48) como fissão do núcleo do urânio ( 235U) em
isótopos de bário e criptônio induzida pela captura de um nêutron como é
esboçada na Figura 49. Meitner e Frisch também calculavam a energia liberada
nesta fissão mostrado junto com valores de referência na Tabela 7.

Figura 48. Otto Robert Frisch (1904 Figura 49. Esquema da fissão de
- 1979).48 235
U induzida pela captura de um
nêutron térmico.49

Tabela 7. Energia liberada pela fissão de 1 kg de urânio (correspondendo


a bomba de Hiroshima) em comparação com a combustão de 1 kg
carbono e a erupção do Vesúvio em 79.

Processo Energia absoluta liberada Energia relativa liberada


(MJ) (1 kg 235U)
Combustão de 1 kg de carbono 33,9 (mais 1854 L CO2) 3,9·10-7
Fissão de 1 kg 235U 8,6·107 1
Erupção do Vesúvio em 79 6·1012 7,0·104

2.4. Os tormentos da radioatividade


A radioatividade é conhecida pouco mais que 100 anos, mas ainda é por
muitas pessoas uma terra incógnita uma vez que os seres humanos não
possuem um sensório para perceber-la. Podia-se argumentar que a falta de
sensório para alertar a presença de radiação ionizante como radiação ,  ou 
indica que a mesma é inofensivo para os seres vivos, pelos menos nas formas
como ele é presente no meio ambiente.
O medo que radioatividade causa nas pessoas pode ser ilustrado em
três exemplos.
1) a bomba atômica, que na primeira explosão no dia 6 de agosto de
1945 (Figura 50a) matou imediatamente 80.000 pessoas e destruiu
mais que 75 % da cidade de Hiroshima (Figura 50b).

40
2) o acidente na usina nuclear de Chernobyl (Figura 51a) no dia
26/04/1986 que matou imediatamente 30 pessoas e provocou a
evacuação e transferência permanente de mais que 336.000
pessoas entre outras todos os habitantes da cidade Privjat com
então 50.000 moradores (Figura 51b e c).

(a) (b)
Figura 50. (a) A explosão da primeira bomba atômica em Hiroshima
(06/08/1945); 50 (b) Cidade depois do ataque.51

(a) (b)

(c)
Figura 51. O desastre de Chernobyl: (a) A usina nuclear destruída
em26/04/1986;52(b) e (c) impressões da cidade de Pripyat com então
50.000 habitantes evacuada e abandonada depois do acidente (Fotos por
volta de 2001).53,54

41
3) Acidentes ocasionais causados pelo uso e manutenção
inadequados de fontes radioativos como, por exemplo, o acidente
com 137Cs no Goiânia em 13/09/1987 (Figura 52) causando a morte
direta de 4 pessoas e contaminando mais 250 (Figura 53) além de
contaminar grandes áreas da cidade (Figura 53).

(a) (b)
Figura 52. O acidente de Goiânia em 13/09/1987: (a) documentação da
IAEA;55 (b) queimação típica causada pelo contato com 137Cs.,56

(a) (b)
Figura 53. Conseqüências do acidente de Goiânia: (a) Pessoas
contaminadas vs. dose recebida; 57 (b) áreas contaminadas.58

42
137
Figura 54. Mapa mostrando as áreas atingidas pelo “fall-out” der Cs
depois do acidente de Chernobyl. 59

A mapa na Figura 54 mostra as áreas atingidas pelo “fall-out” de 137Cs


depois do acidente de Chernobyl revelando que lugares mais que 200 km de
distancia da usina foram contaminado com mais que 40 Ci/m 2 e, portanto
devem permanecer fechados ate a desintegração completa do 137Cs com um
tempo de meia vida de 30,17 a, que acontecerá em aproximadamente 300
anos.
Assim aparece a pergunta sobre as conseqüências de um possível
acidente nas usinas nucleares de Angra (Figura 55a) para a cidade de Rio de
Janeiro (Figura 55b) numa distância de 150 km. Por outro lado deve-se levar
em conta que a cidade de Nápoles (Figura 56a) é localizado no sopé do monte
Vesúvio cuja erupção em 79, correspondendo a 70.000 bombas atômicas do
tipo de Hiroshima, destruiu toda a área sul do golfo de Nápoles entre outras as
cidade de Herculaneum e Pompeii (Figura 56).

(a) (b)
Figura 55. (a) As usinas nucleares Angra I e Angra II; 60 (b) a cidade de Rio
de Janeiro 150 km distante.61

43
(a) (b)
Figura 56. (a) Cidade de Nápoles com o Vesúvio; 62 (b) área atingida pela
erupção do Vesúvio em 79.63

44
3. Isótopos, radioelementos e radionuclídeos

3.1. Tabela periódica e isótopos


Inicio do desenvolvimento da Tabela periódica é a relação de pesos
atômicos relativos,1 baseados na hipótese de átomos de Dalton (Figura 57) e
deseenvolvido por Berzelius nos anos 1807 – 1812. Nesta relação Berzelius
(Figura 9) atribuiu ao oxigênio inicialmente um peso relativo 100, e somente
mais tarde usou-se como base dos pesos atômicos o peso relativo 1 para o
elemento mais leve (hidrogênio) 64. Prout (Figura 58) observou que os pesos
atômicos relativos de muitos elementos eram obviamente múltiplos inteiros do
peso atômico relativo de hidrogênio e concluiu que todos os elementos fossem
compostos de átomos de hidrogênio como matéria prima (em grego =
).Error: Reference source not found Esta idéia levou Rutherford de
denomina o núcleo de hidrogênio como próton.
Em 1817 Döbereiner (Figura 59) observou que os pesos relativos dos
óxidos de cálcio, estrôncio e bário mostram uma relação regular e que os
respectivos elementos possuem propriedades semelhantes. Baseados nestas
observações ele desenvolveu a regra das tríades, ou seja, ele constatou que
entre três elementos com propriedades semelhantes o peso atômico relativo do
elemento no meio correspondia aproximadamente do meio aritmético do peso
relativo do elemento mais leve e mais pesado. Tais tríades podem ser
observadas além do caso Ca, Sr, Ba para Cl, Br e I ou para O, S, Se e Te, ou
para N, P, As e SbError: Reference source not found.

Figura 57. John Dalton (1766 – Figura 58. William Prout (1785 –
1844)65 1850).66

1
O peso atômico ou massa relativa de átomo é um número sem dimensões, que hoje, é igual
da razão entre a massa media por átomo de um elemento e um 1/12 da massa de um átomo
de 12C. Um 1/12 da massa de 12C corresponde à unidade de massa atômica (u) ou (amu) e
possui o valor de 1,6605402(10)  10-27 kg.

45
Figura 59. Johann Wolfgang Figura 60. Dmitri Ivanovich
Döbereiner (1780 - 1849).67 Mendeleiev (1843 – 1923).68

A partir de investigações de grupos de elementos análogos para quais


ele constatou diferenças constantes do peso atômico e que foi publicado em
1869 por Mendeleiev (Figura 60) uma primeira versão da Tabela periódica
mostrada como esboço na Figura 61 mostrando os elementos arranjados
segundo seu peso atômico com os elementos com propriedades semelhantes
(grupos) indicando a mudança periódica das propriedades (períodos) nas
colunas. O arranjo dos grupos nas colunas e dos períodos nas linhas da Tabela
periódica, utilizado até hoje, foi usado já em 1864 por Meyer (Figura 62) e
adotado por Mendeleiev em 1871.

Figura 61. Esboço da Tabela Figura 62. Julius Lothar Meyer


periódica de Mendeleiev69. (1830 – 1895)70

46
A Tabela periódica permitiu Mendeleiev à previsão de elementos
desconhecidos e suas propriedades, cuja existência era esperada, devido de
lacunas na Tabela periódica. Um exemplo dessas previsões mostra a Tabela 8
para o eka-silício posteriormente descoberto por Winkler e batizado de
Germânio. Em 1913 Moseley (Figura 64) mostrou que o principio de ordem dos
elementos não era como proposto por Mendeleiev o peso atômico, mas o
número de cargas no núcleo do átomo (Z) como mostra a Equação 23 que
revela que a raiz da energia de fluorescência de raios-X K  é uma função linear
da carga nuclear Z como mostra a Figura 65. Esta Figura indica claramente
como a Lei de Moseley permitiu a previsão de elementos faltando.

Tabela 8. Propriedades previstas 1871 por Mendeleiev para Eka – silício


em comparação com as propriedades determinados para Germânio por
Winkler em 188671.

Propriedade Previsão Eka – silício Encontrado Germânio


Peso atômico 72 72,32
Cor Cinza-escuro Cinza-claro
Densidade (g/mL) 5,5 5,47
Volume atômico (mL) 13 13,22
Calor especifica (cal/gK) 0,073 0,076
Ponto de fusão (°C) Alto 947,4
Valência 4 4
Formula do óxido Eka-SiO2 GeO2
Densidade do oxido (g/mL) 4,7 4,703
Formula do cloreto Eka-SisCl4 GeCl4
Densidade do cloreto (g/mL) 1,9 1,887
Ponto de ebulição do cloreto 60 – 100 86
Formula do composto de etil EkaSi(C2H5)4 Ge(C2H5)4
Densidade do composto de etil 0,96 0,99
Ponto de ebulição do composto
160 163
de etil
Propriedades do sulfeto Solúvel em sulfeto de amônio Confirmado
Propriedades do oxido Acido e facilmente reduzível Confirmado
Sal de potássio K2[EkaSiF6]
Propriedades do fluoreto Confirmado
mais solúvel que K2[SiF6]

Figura 63. Clemens Winkler (1838 – Figura 64. Henry Moseley (1887 –
1904).72 1915).73

47
Equação 23. Lei de Moseley para radiação K.
E K  C   Z  1  E K  C '( Z  1)
2

Figura 65. (EK)1/2 para os elementos 20Ca-109Mt [] elementos


desconhecidos em 1913; [] elementos conhecidos em 1913.

O descobrimento da Tabela periódica e da Lei de Moseley iniciou a


descoberta de novos elementos que pode ser divido em três fases:
(a) Descobrimento de elementos estáveis, que terminou com a
descoberta dos elementos estáveis faltando (ver Figura 65) como
Háfnio e Rênio;
(b) Descobrimento de elementos radioativos naturais (radioelementos
naturais), dos quais somente o Urânio (1789 por Klaproth, Figura
8) e o Tório (1828 por Berzelius, Figura 9) eram conhecidos nesta
época. O estudo da desintegração radioativa desses elementos
resultou na descoberta de Polônio (Po), Radônio (Rn), Frâncio
(Fr), Rádio (Ra), Actínio (Ac), e Protactínio (Pa);
(c) Descobrimento de radioelementos artificiais como os elementos
com carga nuclear 43 (Tecnécio, Tc) e 61 (Promécio, Pm) faltando
na Tabela periódica por reações nucleares mas também dos
trans-urânios estendendo o número de elementos conhecidos em
1913 de 81 para atualmente 117.
A investigação da desintegração dos radioelementos naturais mostrou
que elementos devem existir em varias formas divergindo na sua massa e
propriedades nucleares, uma vez que foram descobertos aproximadamente 40
tipos de átomos radioativos para quais, devido à suas propriedades químicas,
somente 12 lugares eram possíveis na Tabela periódica. Portanto foi sugerido

48
em 1913 por Soddy (Figura 66) que diversos tipos de átomos deveriam ocupar
o mesmo lugar na Tabela periódica, cunhando para tais átomos o termo
isótopos (do grego: ΐσος = igual e τόπος = lugar). Tais isótopos diferem na sua
massa, mas não nas suas propriedades químicas, se a pequena influencia da
massa é desconsiderada.

Figura 66. Frederick Soddy (1877 – 1956).74

A existência de isótopos não somente para os radioelementos, mas


também para elementos estáveis foi provado imediatamente depois da
proposta de Soddy (Figura 66) por Thomson (Figura 18) pela analise de raios
catódicos. Em 1919 Aston (Figura 67a) desenvolveu a espectroscopia de
massas cujo princípio e esboçado na Figura 67b e a qual permite a detecção
da massa de isótopos como mostra o exemplo dado na Figura 68.
Para alguns elementos um grande número de isótopos é conhecido
como, por exemplo, estanho que possua 10 isótopos estáveis e 25 isótopos
radioativos (radioiótopos). Por outro lado existem elementos estáveis
anisótopos com somente um isótopo estável (ver Tabela 32, página 103).

(a) (b)
Figura 67. (a) Francis William Aston (1877 – 1945); 75 (b) principio do
espectrógrafo de massas de Aston.76

49
Figura 68. Espectrogramas de massa de íons com número de massa A =
20 (as massas observadas variam entre 19,9878 e 20,0628 u. 77

Os diferentes isótopos são indicados pelo símbolo químico do elemento


e o número de massa (A) como prefixo sobrescrito, ou como sufixo ligado por
um hífen. Por exemplo, os diversos isótopos estáveis de estanho são: 112Sn,
114
Sn, 115Sn, 116Sn, 117Sn, 118Sn, 119Sn, 120Sn, 122Sn e 124Sn ou Sn-112, Sn-114, Sn-
115, Sn-116, Sn-117, Sn-118, Sn-120, Sn-122 e Sn-124. Adicionalmente pode
se indicar o número de carga nuclear ou número atômico Z como prefixo
subscrito ao símbolo químico. Por exemplo, o único isótopo estável de ouro
poderia ser representado pela Esquema 9.
Esquema 9. Representação do único isótopo estável de Ouro.
197
79 Au

A Figura 69 mostra a Tabela periódica moderna indicando os elementos


estáveis, os elementos com radionuclídeos naturais, e os radioelementos
naturais e artificiais.

50
Figura 69. Tabela periódica indicando os elementos estáveis e
radiativos.78

3.2. Carta de nuclídeos


Os diversos tipos de átomos diferindo no seu número atômico ou pela
sua massa são denominados nuclídeos enquanto nuclídeos instáveis
(radioativos) são conhecidos como radionuclídeos. Como a Tabela periódica na
sua forma clássica é imprópria para representar todos os isótopos dos
elementos e as propriedades dos radionuclídeos (tipo da desintegração, tempo
de meia vida etc.), sugiram as cartas de nuclídeos, baseadas no modelo próton
– nêutron do núcleo atômico. Neste modelo se presume que o núcleo atômico
é constituído de núcleons, ou seja, de prótons e nêutrons como partículas
elementares. A combinação de diversos prótons e nêutrons permite assim a
construção dos diversos nuclídeos, e nesse modelo os isótopos são nuclídeos
com o mesmo número de prótons, mas números diferentes de nêutrons como
demonstra a Tabela 9 para os elementos mais leves.
Estas informações também podem ser incluídas num diagrama N –
Z (P) onde os nuclídeos são localizados num sistema de coordenados com o
número de nêutrons N na abscissa e o número de prótons Z ou P na ordenada,
como mostra a Figura 70, para N = 0 – 25 e P = 1 – 19.

51
Tabela 9. Modelo de próton – nêutron os nuclídeos para os quatro
primeiros elementos (P = Z = número de prótons; N = número de
nêutrons).

P N Nuclídeo Abundância natural (%) Estabilidade


1
0 H 99,985 estável
2
1 1 H (D) 0,015 estável
2 3
H (T) Traços  , T½ = 12,3 a
-

3
1 He 0,000137 estável
4
2 He 99,999863 estável
2
4 6
He - -, T½ = 806,7 ms
6 8
He - -, T½ = 119 ms
6
3 Li 7,5 estável
7
4 Li 92,5 estável
3 5 8
Li - -, T½ = 840,3 ms
6 9
Li - -, T½ = 178,3 ms
7 11
Li - -, T½ = 8,5 ms
3 7
Be - , T½ = 53,29 d
9
5 Be 100 estável
6 10
Be - -, T½ = 1,6·106 a
4
7 11
Be - -, T½ = 13,6 s
8 12
Be - -, T½ = 23,6 ms
10 14
Be - -, T½ = 4,35 ms

Figura 70. Extrato duma carta de nuclídeos.79

Nessa carta de nuclídeos os isótopos (Z = constante) podem ser


encontrados nas linhas paralelas à abscissa e os isótonos (N = constante), ou

52
seja, os nuclídeos com o mesmo número de nêutrons, mas números de prótons
diferentes nas linhas paralelas à ordenada, como pode ser visto na Figura 71.
Para isóbaros, indicados na , a massa atômica, igual a soma N + Z é uma
constante e nuclídeos onde a diferença N – Z é constante são chamados de
isódiaesferas (ver Figura 71).

Figura 71. Identificação de isótopos, isótonos, isóbaros e isódiaesferas. 80

Embora a maioria das cartas de nuclídeos mostre o número atômico Z


vs. número de nêutrons N os nuclídeos podem ser também representados
como número de nêutrons N vs. número atômico Z como mostra Figura 72.

53
Figura 72. Carta de nuclídeos N vs Z.81

A Figura 73 mostra a carta de nuclídeos originalmente publicada pelo


Instituto de Pesquisa Nuclear em Karlsruhe contendo os dados básicos de
aproximadamente 2800 nuclídeos. Nesta apresentação a carta é dividida em
quatro partes para economizar espaço. A forma completa de uma carta de
nuclídeos pode ser deduzida da Figura 112, página 98.

54
Figura 73. Carta de nuclídeos de Karlsruhe.82

As informações contidas carta de nuclídeos podem ser conferidas na


Figura 74 que mostra um detalhe da carta de nuclídeos junto com as
explicações em espanhol. Muitas dessas informações para os nuclídeos
conhecidos também podem ser obtidas gratuitamente no Internet.83 Outras
Tabelas e Cartas de Nuclídeos apresentados no Internet e de acesso livre são
enumeradas no parágrafo 13.4, página 248.

55
Figura 74. Extrato da carta de nuclídeos de Karlsruhe.84

56
Figura 74. Extrato da carta de nuclídeos de Karlsruhe. (continuação)

57
Figura 74. Extrato da carta de nuclídeos de Karlsruhe. (continuação)

58
Figura 74. Extrato da carta de nuclídeos de Karlsruhe. (continuação)

59
Figura 74. Extrato da carta de nuclídeos de Karlsruhe. (continuação)

60
4. A radioatividade natural

4.1. Introdução geral


Embora a radioatividade seja conhecida pelos homens somente pouco
mais de 100 anos ela faz parte do meio ambiente desde o inicio do universo e
alguns conseqüências já foram observadas em tempos antigos como foi
discutido no 2.1. As principais fontes de radioatividade natural são
radionuclídeos presentes na natureza e a radiação cósmica. Como será
discutido no próximo parágrafo os radionuclídeos naturais podem ser
classificados em radionuclídeos primordiais e radionuclídeos radiogenios.

4.2. Radionuclídeos naturais

4.2.1. A origem dos elementos


A Figura 75 mostra a gêneses de nosso universo a partir do “Big Bang”
revelando que depois de três minutos o universo consistindo de
aproximadamente 87% de prótons e 13 % de nêutrons já estava bastante
resfriado para permitir a formação de núcleos leves pelos processos
enumerados no Esquema 10.

Figura 75. O “Big Bang” e a formação do universo.85

Esquema 10. Processos nucleares para gênese de núcleos leves.Error:


Reference source not found
p  n  d 
d  n  t 
d  d  3 He  n
t  p  
3
He  n    
t    7 Li  
3
He    7 Be  

1
H ( n,  ) 2 H ( n,  ) 3 H ( d , n) 4 He (t ,  ) 7 Li ( ,  ) 11 B ( n,  ) 12 B (   , ) 12 C

61
A formação de núcleos mais pesados até A = 28, aconteceu nas estrelas
formadas a partir de 1·109 anos depois do “Big Bang” (14109 anos antes de
nosso tempo) pelos ciclos CNO, Mg-Al e Ne-Na esquematizados na Figura 76.

(a)

(b)
Figura 76. Gênese de elementos pesados pelo: (a) ciclo CNO; (b) ciclo Mg-
Al e ciclo Ne-Na.Error: Reference source not found

62
Elementos ainda mais pesados até 56Fe são gerados pela queima de
carbono (Esquema 11a), queima de oxigênio (Esquema 11b) e queima de
silício (Esquema 11c).

Esquema 11. Gênese de elementos mais pesados pela queima de: (a)
carbono; (b) oxigênio; (c) silício.
(a) (b) (c)
12
C  C  Mg  
12 24 16
O O  S  
16 32 28
Si    24Mg  
 23Mg  n 31P  p 28
Si    32S  
 23Na  p 31S  n 32
S    36Ar  
 Ne  
20
 Si  
28 36
Ar    Ca  
40

16O  2  24 Mg  2 40
Ca    44Ti  44Ca  2 
44
Ca    48Ti  
48
Ti    52Cr  
52
Cr    56Fe  

A partir de 56Fe os elementos mais pesados são formados pela captura de


nêutrons seguida de desintegração -, como é ilustrada a Figura 77. A
freqüência relativa dos elementos formados pelos diversos processos
discutidos na matéria solar com atribuição dos diversos processos de formação
é mostrada na Figura 78.

(a)

63
(b)
Figura 77. Gênese de elementos mais pesados A > 56 pela captura de
nêutrons seguida de desintegração  -: (a) processo lento (s(low)-
process); (b) processo rápido (r(apid)-process).Error: Reference source
not found

64
Figura 78. Freqüência relativa à 28Si (= 106) dos elementos no sol com a
atribuição de processos de formação.Error: Reference source not found
Como revela a Figura 79 a gênese de alguns elementos como 78Kr, 84Sr,
92
Mo, 96Ru, 102Pd, 106Cd, 112Sn, 124Xe, 126Xe, 130Ba ou 132Ba não pode ser
explicado pela captura de nêutrons seguida de desintegração -. Portanto
assume-se que estes nuclídeos ricos em prótons foram formados pela captura
de prótons reação-(p,) ou pela perda de nêutrons reação (,n)., como é
esquematizada para gênese de 126Xe no Esquema 12. Os detalhes desse
processo-p, porém ainda não são muito bem entendidas.

126
Esquema 12. Processo p para gênese de Xe: (a) pela captura de próton;
(b) pela perda de nêutron.
  ( 43, 7%);t 1 13 d
(a) Te estável ( p,  )126I    
125 2
126 Xe
  ( 43, 7%);t 1 13 d
(b) 127
I estável ( , n)126 I   
2
126 Xe

65
Figura 79. Extrato da carta de nuclideos de Karlsruhe com os nuclideos
92
Mo, 96Ru, 102Pd, 106Cd e 112Sn ricos em prótons.Error: Reference source
not found

4.2.2. Os radionuclídeos primordiais


Dos nuclídeos formados nos processos nucleares muitos não são
estáveis e mostram desintegração até a formação de num nuclídeo estável. A
Tabela 10 mostra alguns nuclídeos inicialmente formado na matéria solar, mas
cujo tempo de meia vida é tão curto que eles já desintegraram completamente
desde a formação da terra (aproximadamente 5,5109 anos), uma vez que
depois de 10 tempos de meia vida praticamente todos os átomos inicialmente
presentes se desintegraram.

Tabela 10. Extintos radionuclídeos em matéria solar primitiva.Error:


Reference source not found

Nuclídeo T½ (a) Tipo de Nuclídeo filha


desintegração
26
Al 7,16105 + 26
Mg
36
Cl 3,0105 ,- 36
Ar, 36S
41
Ca 1,03105  41
K
53
Mn 3,7106  53
Cr
60
Fe  105 - 60
Co  60Ni
92
Nb 3,6107  92
Zr
107
Pd 6,5106 - 107
Ag
129
I 1,57107 - 129
Xe
146
Sm 1,03108  142
Nd
182
Hf 9106 - 182
Ta  182W
237
Np 2,14106 sf/ ver Figura 84
244
Pu 8,26107 sf/ ver Esquema 14a
247
Cm 1,56107  ver Esquema 14b

Tabela 11. Os radionuclídeos primordiais.

Nuclídeo Freqüência (%) T½ (a) Tipo de desintegração Nuclídeo filha


40
K 0,0117 1,28∙109  (89,28 %), +, (10,77 %)
- 40
Ca ou 40Ar
87
Rb 27,83 4,81010 - 87
Sr
113
Cd 12,22 9,01015 - 113
In
115
In 95,7 41014 - 115
Sn
123
Te 0,908 1,241013  123
Sb
128 128
Te 31,69 1,51024 2- Xe
130 130
Te 33,80 1,01021 2- Xe
138
La 0,09 1,351011 - 138
Ba ou 138Ce
144
Nd 23,80 2,1∙1015  140
Ce
147
Sm 15 1,06∙1011  143
Nd
148
Sm 11,3 7∙1015  144
Nd - 140Ce
152
Gd 0,20 1,1∙1014  148
Sm - 144Nd - 140Ce
174
Hf 0,16 2,0∙1015  170
Yb
176
Lu 2,60 3,61010 - 176
Hf
186
Os 1,58 2,0∙1015  182
W
187
Re 62,60 51010 - 187
Os

66
Tabela 11. Os radionuclídeos primordiais.

Nuclídeo Freqüência (%) T½ (a) Tipo de desintegração Nuclídeo filha


190
Pt 0,01 6,1∙1011  186
Os - 182W
232
Th 100 1,41∙1010  ver Figura 80
235
U 0,72 7,04∙108  ver Figura 81
238
U 99,28 4,47∙109  ver Figura 82

Por outro lado existem aproximadamente 20 radionuclídeos enumerados


na Tabela 11 que presente durante a formação da terra ainda não se
desintegram completamente. Destes radionuclídeos primordiais principalmente
40
K, 232Th, 235U e 338U e seus produtos de desintegração são responsável pela
exposição radioativa natural.
Para estimar a presença desses radionuclídeos na natureza deve se
levar em conta que o potássio é com 2,42 massa % o sétimo mais freqüente
elemento na crosta terrestre. Embora a freqüência relativa de 40K é somente
0,0117 % sua freqüência absoluta na crosta terrestre corresponde a 0,028
massa % e é maior que a freqüência do cromo (21º mais freqüente elemento
com freqüência na crosta terrestre de 0,02 massa %). Os radioelementos tório
e urânio com uma freqüência de 1,1010-3 e 1,8010-4 massa %,
respectivamente, são mais freqüente na crosta terrestre que prata.
A Tabela 12 mostra a distribuição dos principais radioelementos naturais
(potássio, tório e urânio) em diversos materiais. A energia liberada pela
desintegração de tório e especialmente urânio presentes em alta concentração
em rochas e minerais é responsável pelas altas temperaturas registradas nas
minas subterrâneas e os produtos dessa desintegração, especialmente o rádio,
são a causa principal dos danos á saúde dos mineiros (Lucrez: quidve mali fit
ut exalent aurata metalla!).

Tabela 12. Concentração de K, Th e U em diversos materiais


naturais.Error: Reference source not found

Material K (10-2 g/g) Th (10-6 g/g) U (10-6 g/g) Th/U


Crosta terrestre 2 13 2,5 5,2
Rochas 0,001 – 6,7 0,01 – 90 0,01 – 1200 -
Terra 0,05 – 9,5 4,2 – 23 1 – 20 3,2
Minerais 2,09 9,6 2,7 3,6
Arenita 1,07 1,7 0,45 3,8
Calcário 0,27 1,7 2,2 0,77
Água do mar 0,038 0,00005 0,003 0,017

4.2.3. Os radionuclídeos radiogênios


A Tabela 10 e a Tabela 11 revelam que a maioria dos radionuclídeos
naturais desintegra pela emissão de partículas  ou  em nuclídeos estáveis,
como por exemplo, 40K que mostra desintegração nos nuclídeos estáveis 40Ar e
40
Ca, outros radionuclídeos porem, como por exemplo, 152Gd desintegram em
nuclídeos radioativos, resultando em seqüências de desintegração até um
nuclídeo estável (ex.: 152Gd  148Sm  144Nd  140Ce). Neste caso todos os

67
radionuclídeos possuam tempos de meia vida elevadas entre 7105 e 2,11015 a
e a desintegração do nuclídeo mãe não mudar significativamente a composição
química e a atividade radioativa da amostra.

Figura 80. Família radioativa de tório (4 n).86

Figura 81. Família radioativa de urânio – actínio (4 n + 3).Error: Reference


source not found

68
Figura 82. Família radioativo de urânio – rádio (4 n + 2).Error: Reference
source not found
Por outro lado para os nuclídeos 232Th, 235U e 238U observam-se
seqüências de desintegração de mais de 10 membros até a formação de um
nuclídeo estável. Nestas seqüências, ilustradas na Figura 80, na Figura 81 e na
Figura 82, respectivamente, observam-se somente desintegrações  e -, mas
todas contêm pelo menos uma ramificação. Por exemplo, na seqüência de
desintegração de tório (Figura 80) o 212Bi desintegrar com uma probabilidade de
36,2 % via radiação  em 208Tl ou com uma probabilidade de 68,8 % via
radiação - em 212Po. Ambos os nuclídeos filha desintegram via radiação - e ,
respectivamente, para o núcleo estável da seqüência de desintegração de tório
o 208Pb.
Como pode ser observado na Figura 81 e na Figura 82 também na
seqüência de desintegração de 235U e 238U as ramificações consistem na
desintegração /- competitiva do nuclídeo mãe resultando em nuclídeos filha
com atividade -/, respectivamente, o que forma para ambos os nuclídeos
filha um nuclídeo neta comum.
Como a radiação -, não muda o número de massa A do nuclídeo mãe
os membros de uma das seqüências de desintegração diferem no seu numero
de massa A em 4, como pode ser deduzida das leis de transposição mostradas
no Esquema 13, originalmente formuladas por Fajans (Figura 83) e Soddy
(Figura 66, página 49).

69
(a) A filha  Amãe  4; Z filha  Z mãe  2
(b) A filha  Amãe ; Z filha  Z mãe  1

Figura 83. Esquema 13. (a) 1ª lei da transposição para


Kazimierz Fajans desintegração ; (b) 2ª lei da transposição para
(1897 – 1975)87 desintegração  -.

Como o número de massa do 232Th é um múltiplo de 4 (232 = 58  4)


esta seqüência é conhecida não somente pelo nome do nuclídeo mãe, mas
também como seqüência 4n.
A seqüência do 235U é conhecida como seqüência 4n + 3 (235 = 58  4 +
3) ou como seqüência urânio – actínio pelos membros de longa vida com
importância prática.
Para o número de massa de 238U vale 59  4 + 2 = 238, portanto esta
seqüência de desintegração é conhecida como seqüência 4n + 2 ou como
seqüência urânio – rádio pelos membros de longa vida com importância
prática.
Comparando estas denominações se conclua a falta de uma seqüência
4n + 1. Os membros dessa seqüência (Figura 84), porém podem ser gerados
artificialmente por reações nucleares. O membro com o tempo de meia vida
mais longe dessa seqüência é o 237Np e, portanto a seqüência de
desintegração 4n + 1 é conhecida como seqüência de netúnio.

70
Figura 84. Família radioativo de netúnio (4 n + 1).88

Provavelmente o 237Np se formou durante a gênese dos elementos, mas


devido ao seu tempo de meia vida relativamente curto, em comparação à idade
do universo sua desintegração já se completou. De mesma maneira os
nuclídeos extintos 244Pu e 247Cm podem ser incluído como precursores nas
seqüências de desintegração 4n e 4n + 3 como mostra Esquema 14.

Esquema 14. Os radionuclídeos extintos 244Pu e 247


Cm como precursores
das seqüências de desintegração 4n e 4n + 3.
 ,t 1 8 , 26107 a   ,t 1 14,1h  ,t 1  65 m
(a) 244
Pu 2  240U 
2

 240 Np  
2
 240 Pu
 ,t 1  6550a  ,t 1  2 , 34107 a
240
Pu 2 
 236U 2  232Th
 ,t 1 1, 56107 a   ,t 1  4 , 96 h  ,t 1  7370a
(b) 247
Cm 2 243 Pu 
2

 243 Am 2 
 239 Np
  ,t 1  2 , 36 d  ,t 1  2 , 41104 a
239
Np 
2

 239 Pu 2 235U

Devido à desintegração seqüencial os minerais de tório e urânio (Tabela


13) contêm traços dos nuclídeos filha/neta, em grande parte responsável pela
radioatividade natural. O exemplo mais famoso desses traços radioativo é o
rádio descoberta por Curie (Figura 15, página 15) em 1898. Para ter uma idéia
da quantidade de rádio contida na Pechblenda (Figura 8b) deve-se levar em
consideração que Curie isolou de 1 tonelada de Pechblenda 10 – 20 kg de uma
mistura de sulfato de bário/rádio. Depois da purificação e transformação em
cloreto a mistura possuía uma razão Ra : Ba = 3 : 100.000. Por cristalização
fracionada de mais de 40.000 repetições ela obtive aproximadamente 100 mg

71
de brometo de rádio puro. No equilíbrio radiativo entre urânio e rádio a razão
Ra : U = 1 : 2,78106.

Tabela 13. Minerais de Urânio e Tório.89

Concentração (%)
Mineral Composição Depósitos
U Th
Boêmia, Congo,
Pechblenda U3O8 60 – 90
Colorado (EUA)
Becquerelita 2 UO33 H2O 74 Bavária, Congo
Uraninita 65 -75 0,5 – 10 Japão, EUA, Canadá
Broeggerita UO2UO3 48 – 75 6 – 12 Noruega
Cleveita 48 – 66 3,5 – 4,5 Noruega, Japão, Texas
EUA, Congo, Rússia,
Carnotita K(UO2)(VO4)n H2O 45
Austrália
Casolita PbOUO3SiO2H2O 40 Congo
Liebigita Carbonatos de U e Ca 30 Áustria, Rússia
Thoranita (Th,U)O2 4 – 28 60 – 90 Sri Lanka, Madagascar
Thorita ThSiO4H2O 1 – 19 40 – 70 Noruega, EUA
Brasil, Índia, Rússia,
Monazita (Ce, La, Pr, Nd, Th, Y)PO4 0,1 – 15
Noruega, Madagascar

(a) (b) (c)


Figura 85. Centros de cor (centro-F): (a) esquema de centro-F em NaCl; 90
(b) quartzo fumado;91 (c) instrumentos de laboratório utilizados na
preparação de RaCl2 puro.Error: Reference source not found

Em comparação ao nuclídeo mãe urânio o rádio é aproximadamente 2,8


milhões vezes mais ativo. Esta alta atividade  e  resulta na formação de
inúmeros centros F (ver Figura 85) na estrutura dos compostos de rádio. A
excitação permanente desses centros de cor pela radiação  resulta na
luminescência dos compostos de rádio como ilustra a Figura 86.

72
Figura 86. Brometo de rádio (2,7 g) fotografado na própria luz. 92

A Tabela 14 resuma as propriedades dos radionuclídeos gerados pela


desintegração de 232Th, 235U e 238U.

Tabela 14. Propriedades dos radionuclídeos radiogênios.Error: Reference


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Nuclídeo T½ Tipo de desintegração Origem


228
Ra 5,7 a 
228
Ac 6,13 h -
228
Th 1,9 a 
224
Ra 3,64 d 
220
Rn 55,6 s  desintegração seqüencial de
216
Po 0,15 s  232
Th (ver Figura 80)
212
Pb 10,6 h -
212
Bi 60,6 m  (36,2 %), - (63,8 %)
212
Po 0,3 s 
208
Tl 3,1 m -
231
Th 25,6 h -
231
Pa 3,3∙104 a 
227
Ac 22 a  (1,2 %), - (98,8 %)
227
Th 18,7 d 
223
Fr 22 m  (4∙10-3 %), - (100 %)
223
Ra 11,4 d 
219
At 0,9 m  (97 %), - (3 %) desintegração seqüencial de
235
219
Rn 3,9 s  U (ver Figura 81)
215
Bi 7,4 m -
215
Po 1,8 ms  (100 %), - (5∙10-4 %)
215
At 100 s 
211
Pb 36,1 m -
211
Bi 2,15 m  (99,68 %), - (0,32 %)
211
Po 0,52 s 
207
Tl 4,8 m -
234
Th 24,1 d - desintegração seqüencial de
238
234
Pa 1,2 m/6,7 h - U (ver Figura 84)
234 *
U 2,5∙109 a 
230
Th 8∙108 a 
226
Ra 1600 a 
222
Rn 3,8 d 
218
Po 3,05 m  (99,98 %), - 0,02 %)

73
Tabela 14. Propriedades dos radionuclídeos radiogênios.Error: Reference
source not found

Nuclídeo T½ Tipo de desintegração Origem


218
At 2s 
214
Pb 26,8 m -
214
Bi 19,8 m  (0,04 %), - (99,96 %)
214
Po 162 s 
210
Tl 1,3 m -
210
Pb 22 a  (0,75∙10-6 %), - (100 %)
210
Bi 5,0 d  (5∙10-5 %), - (100 %)
210
Po 138,4 d 
206
Hg 8,1 m -
206
Tl 4,3 m -
*nuclídeo primordial com freqüência relativa de 0,0055 %; os nuclídeos sombreados possuem
um tempo de meia vida de menos que 1 d.

4.2.4. Exposição radioativa pelas radionuclídeos naturais


Como foi discutido no parágrafo acima os principais nuclídeos
responsáveis pela radioatividade natural são o radionuclídeo 40K, e junto com
seus produtos de desintegração os radioelementos urânio e tório. Como revela
a Tabela 14 a maioria desses radionuclídeos radiogênio possuam tempos de
meia vida menor que um dia, ou seja, desintegram completamente em menos
que duas semanas depois de sua formação. Assim a maior contribuição à
radioatividade natural espera-se além de urânio e tório dos radionuclídeos
como rádio é radônio com tempos de meia vida entre 3,8 d e 1600 a. Devido a
grande presença de potássio, tório e urânio em materiais rochosos o teor
desses elementos em materiais de construção é relativamente alto, como
mostram as atividades desses radionuclídeos enumeradas para diversos
materiais de construção na Tabela 15.

Tabela 15. Atividades típicas em materiais de construção.Error:


Reference source not found

40 226 232
Material K (Bq/kg) Ra (Bq/kg) Th (Bq/kg)
Granito 600 – 4000 30 – 500 17 – 311
Barro/argila 300 – 2000 20 – 90 18 – 200
Tijolos/ladrilhos 100 – 2000 10 – 200 12 – 200
Concreto 50 – 1300 7 – 92 4 – 71
Azulejos 250 – 1000 15 – 100 25 – 130
Arenito/quartzito < 40 – 1100 13 – 70 15 – 70
Ardósia 760 – 930 34 – 45 56 – 73
Calcário/mármore < 40 – 240 4 – 41 2 – 20

A exposição à radioatividade natural depende muito da região geográfica


como revelam os dados para exposição anual em diversas áreas enumerados
na Tabela 16. Enquanto a dose equivalente média na Alemanha é de
0,420 mSv/a em áreas geográficas caracterizadas por altas teores de urânio ou
tório podem-se observar doses equivalentes 10 ou até 100 vezes maior. Por

74
exemplo, na costa atlântica do Brasil a dose equivalente anual pode atingir
valores de 175 mSv/a.

Tabela 16. Exposição radioativa anual.Error: Reference source not found

Dose equivalente anual


Área geográfica (mSv/a) Causa para exposição aumentada
média máxima
Alemanha 0,420 - -
França (regiões de
2,52 4 Teor elevado de Th/U
granito)
Índia (costa de
4 55 Areia monazita com alto teor de Th
Kerala)
Brasil (costa
6 175 Areia monazita com alto teor de Th
atlântica)
Irã (Ramsar) 18 450 Alto teor de rádio

A alta exposição à radioatividade natural na costa brasileira se deve a


presença de grandes quantidades de monazita [(Ce, La, Pr, Nd, Th, Y)PO 4] em
jazigos secundários nas praias brasileiras, especialmente em Guarapiri em
Espírito Santo, famoso pela areia preta (Figura 87). Embora a radioatividade
natural na praia de Guarapiri é a maior de todas as praias de São Paulo, Rio de
Janeiro, Espírito Santo, e Bahia existem várias praias cuja radioatividade
excede o valor recomendado pela OECD para materiais de construção (ver
Tabela 17).

Figura 87. Areia preta (monazita) em Guarapari – ES.

Tabela 17. Atividade radioativa em praias brasileiras.93

40 226 32
Número Praia Estado K (Bq/kg) Ra (Bq/kg) Th (Bq/kg)
1 Santos SP 444 36 49

75
Tabela 17. Atividade radioativa em praias brasileiras.

40
Número Praia Estado K (Bq/kg) 226Ra (Bq/kg) 32
Th (Bq/kg)
2 Caraguatatuba SP 888 51 23
3 Mambucaba RJ 824 169 963
4 Praia Brava RJ 793 40 7
5 Porto do Frade RJ 824 10 27
6 Angra dos Reis RJ 824 17 45
7 Mangaratiba RJ 888 42 73
8 Barra de Guaratiba RJ 127 7 18
9 Grumari RJ 63 5 10
10 Pontal RJ 63 8 7
11 Recreio RJ 63 31 7
12 Barra da Tijuca RJ 63 23 8
13 Ipanema RJ 95 5 26
14 Arpoador RJ 63 5 27
15 Copacabana RJ 63 27 25
16 Leme RJ 63 40 20
17 Piratininga RJ 127 16 29
18 Camboinhas RJ 32 5 11
19 Itaipu RJ 127 5 26
20 Itaipuaçu RJ 63 5 26
21 Marica RJ 63 5 17
22 Saquarema RJ 118 10 14
23 Arraial do Cabo RJ 602 35 49
24 Cabo Frio RJ 63 10 12
25 Búzios RJ 317 14 20
26 Rio das Ostras RJ 3 13 14
27 Gargaú-Guaxindiba RJ 95 22 37
28 Buena RJ 95 286 938
29 Maratízes ES 222 26 36
30 Itapemirm ES 412 5 11
31 Piuma ES 63 8 7
32 Anchieta ES 63 299 1387
33 Meaipe ES 127 1001 6422
34 Guarapari ES 63 4043 55537
35 Vila Velha ES 41 34 77
36 Vitoria ES 27 49 236
37 Serra ES 127 116 1330
38 São Mateus ES 63 793 1710
39 Porto Seguro BA 25 313 1735
40 Ilhéus BA 58 10 15
41 Itacaré BA 32 572 886
42 Salvador BA 62 15 16
43 Praia do Forte BA 34 10 14
Nas praias sombreados a atividade dos equivalentes de rádio é acima do valor máximo
(370 Bq/kg) recomendado pela OECD para materiais de construção.

76
(a) (b)
Figura 88. (a) Localização das praias investigadas;Error: Reference
source not found (b) Localização das reservas brasileiras de urânio. 94

Figura 89. Morro de Ferro em Minas Gerais.Error: Reference source not


found

Um outro exemplo para exposição anormal à radioatividade no Brasil é o


Morro de Ferro (Figura 89) na Serra dos Alemães em Minas Gerais, perto de
Poços de Caldas. Esta elevação de 250 m contém perto do topo um deposito
de aproximadamente 30.000 toneladas de tório resultando numa dose
equivalente local de 10 – 20 S/h. Para os ratos vivendo nesta área
observaram-se dose equivalente internas entre 30 e 300 mSv/a e externas
entre 13 e 67 mSv/a.
Devido a lixiviação dos radionuclídeos naturais das diversas formações
rochosas e a formação continua de trítio por reações nucleares na atmosfera
radionuclídeos como 3H, 40K, 238U e seus nuclídeos netas 226Ra e 222Rn são
inevitavelmente presente em águas e suas atividades em diversos tipos de
águas são mostradas na Tabela 18.

77
Tabela 18. Teor de atividade de água.Error: Reference source not found

Concentração de atividade (Bq/L)


3 40 238 226 222
Água H K U Ra Rn
subterrânea 0,04 – 0,4 0,011 – 15 0,001 – 0,2 0,004 – 0,4 2 – 1500
do mar 0,02 – 0,1 0,04 – 2 11,8 – 12,3 0,04 – 0,044
superficiais 0,02 – 0,1 0,04 – 2 0,002 – 0,04 0,04 – 2 0,4 – 2
potável 0,003 – 1,2 0,0005 – 0,6 0,0005 – 0,3 0,2 – 1500

Devido ao acolhimento dos radionuclídeos presente na água ou no solo


plantas e animais os alimentos gerados de plantas e animais mostram
inevitavelmente radionuclídeos em diversas concentrações de atividade como é
ilustrado na Tabela 19 para diversos alimentos de origem vegetal e animal.

Tabela 19. Teor de atividade de radionuclídeos naturais em


alimentos.Error: Reference source not found

Atividade especifica (Bq/kg)


Alimento 40 238 226 210 210
K U Ra Pb Po
Grãos 87 – 246 0,02 – 0,4 0,04 – 1,54 0,04 – 10,2 0,2 – 1,94
Batatas 122 – 194 0,02 – 3,09 0,02 – 1,3 0,02 – 0,63 0,2 – 0,33
Couve 59 – 196 0,02 – 0,75 0,01 – 0,68 0,004 – 1,28 0,004 – 1,13
Cenouras 72 – 134 0,07 – 2,31 0,06 – 0,49 0,02 – 4,9 0,02 – 5,2
Frutas 107 – 190 0,06 – 1,8 0,03 – 5,38 1,2 – 14,8 0,52 – 2,24
Cogumelos 8 – 233 0,18 – 5,1 0,01 – 16 0,09 – 4,1 0,2 – 5,2
Peixe 80 – 120 0,5 – 7,4 0,05 – 7,8 0,02 – 4,42 0,05 – 5,2
Carne 60 – 120 0,001 – 0,02 0,03 – 0,18 0,1 – 1 0,2 – 4
Leite 35 – 65 0,001 – 0,13 0,004 – 0,26 0,003 – 0,07

Devido a secreção natural e sua desintegração radioativa a diminuição


da atividade dos diversos radionuclídeos naturais é determinado pelo tempo de
vida média biológica, que é enumerado para diversos radionuclídeos naturais
na Tabela 20. Como esta Tabela mostra o tempo de meia vida biológica varia
entre 20 min para 222Rn e 200 a para 232Th, o que significa que o tempo
necessário para desintegração/eliminação completa varia de aproximadamente
3 h até 2000 a.

Tabela 20. Tempo de meia vida biológica de alguns radionuclídeos


naturais.Error: Reference source not found

Nuclídeo Tempo de meia vida biológica


3
H 12 d
40
K 58 d
226
Ra 44,9 a
234
U, 235U, 238U 20 d
232
Th 44,8 a (corpo) 200 a (ossos)
222
Rn 20 min

78
Tabela 21. Teor de atividade médio de radionuclídeos naturais no
homem.Error: Reference source not found
40 14 87 3 210 210 238 226
Radionuclídeo K C Rb H Pb Po U Ra outros
Tipo  , +, 
-
-
b- - -
   -
t½ (a) 1,3109 5730 4,81010 12,3 22,3 0,379 4,5109 1600 -
Atividade (Bq) 4400 4000 300 20 14 12 1,1 1,7 1

Devido à presença ubíqua de radionuclídeos no meio ambiente e nos


alimentos os seres humanos inevitavelmente também são fontes de
radiatividade como ilustra a Tabela 21 que enumera a atividade média no
homem. A Figura 90 mostra que a atividade média, principalmente devida á
presença de 40K, de um homem padrão com 20 – 30 anos e com 70 kg é em
torno de 9000 Bq o que corresponde a uma atividade relativa de 130 Bq/kg.

Figura 90. Atividade natural no homem.95

79
A atividade emitida pelo homem padrão corresponde a
aproximadamente 4500 Bq. Considerando um casal que por 3000 h/a se
encontra numa distancia de 50 cm pode se estimar a dose equivalente,
somente devido a 40K, que cada um dos parceiros recebe do outro em
aproximadamente 0,1 Sv/a.

4.2.5. O papel do radônio na exposição radioativa natural


A Figura 91 mostra as contribuições de diversas fontes à dose efetiva
anual na Alemanha e revela que quase 50 % dose radioativa é causado pela
inalação de radônio (222Rn; t½ 3,825 d) e seus produtos de desintegração com
curto tempo de vida, como 218Po, 218At, 214Pb, 214Bi, 214Po e 210Tl (ver Figura 82 e
Tabela 22).

Figura 91. Dose efetiva anual e sua composição na Alemanha.Error:


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Tabela 22. Propriedades de 222Rn e seus produtos de desintegração com


curto tempo de vida.Error: Reference source not found

Nuclídeo (tipo de Tempo de Constante de Número de


desintegração) meia vida desintegração (h-1) átomos per 1 Bq
222
Rn () 3,82 d 0,00755 47600
218
Po () 3,05 min 13,6 260
214
Pb (-) 26,8 min 1,55 2300
214
Bi (-) 19,7 min 2,11 1700
214
Po () 184 s 1,52107 2,410-4

A causa da presença de radônio no meio ambiente revela a Figura 92a.


Devido à sua propriedade de gás nobre (p.e. -61,8 °C) o 222Rn resultando da
desintegração de 238U pode difundir pelas fendas rochosas para a atmosfera.

80
Estima-se que o teor de radônio no ar é aproximadamente 0,046 ppq (1 ppq ≡
1mL/km3). Porém, o maior perigo do radônio são seus produtos de
desintegração não voláteis com atividades ate 2109 vezes maior. Como mostra
a Figura 92b estes produtos agregados aos aerossóis e precipitados pela
chuva resultam na contaminação do solo de do ar.

(a)

(b)

81
(c)

(d)
Figura 92. Contaminação do meio ambiente por rádio: (a) Formação e
liberação de radônio; (b) agregação de desagregação de radônio e seus
produtos a aerossóis; (c) Variações da concentração de radônio no meio
ambiente; (d) concentração de radônio e seus produtos de desintegração
no interior de casa como função do tempo e da ventilaçãoError:
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82
Como ilustra a Figura 92c a exposição radioativa devida ao radônio e
seus produtos de desintegração varia bastante no meio ambiente.
Especialmente em ambientes fechados o acumulo de radônio aumenta a
exposição radioativa como ilustra a comparação da concentração de radônio
no ar interior com as janelas pouco abertas (Fenster leicht geöffnet) e as
janelas fechadas (Fenster geschlossen) mostrada na Figura 92d.
Especialmente em áreas com atividade de mineração a exposição com
radônio e seus produtos de desintegração é elevada. A causa é a emanação do
radônio das galerias das minas para o meio ambiente ou a infiltração dos
prédios pelo radônio saindo do solo como ilustra a Figura 93. Outra fonte de
radônio nas áreas de mineração são os vazadouros, que mostram em média
uma exposição radioativa de aproximadamente 50 – 60 nSv/h (valor máxima :
150 – 650 nSv/h).

Figura 93. Fontes de contaminação em áreas de mineração. Error:


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Um resumo sobre a exposição radioativa pelo radônio e seus produtos


de desintegração na Alemanha mostra a Tabela 23 para o ar e para o ar de
solo Figura 94a e a água potável a Figura 94b, respectivamente.

83
Tabela 23. Exposição radioativa do ar com radônio na Alemanha.

Valor mediano Valor máxima


Local
(Bq/m3) (Bq/m3)
14 150
ar livre
5 – 80* 370*
50 1100
apartamentos
50* 18.500*
áreas de mineração* - > 100.000
apartamentos em
áreas de granito* < 250 (30 %) > 1000 (25 %)
*antiga Alemanha oriental.

(a) (b)
Figura 94. (a) Concentração de radônio no ar de solo; (b) Concentração de
radônio na água potável.Error: Reference source not found

4.3. Radiação cósmica

4.3.1. Composição da radiação cósmica


Antes de sua entrada na atmosfera terrestre a radiação cósmica com
uma energia entre 108 – 1020 eV é composta principalmente de nêutrons e
prótons (90 %) e partículas  (10 %), como também de neutrinos, fótons,
raios-X e raios–. Uma pequena parte também é constituída de núcleos
atômicos mais pesados como B, C, N, O, Ne, Na, Ca, Si, P, V e Fe. Durante a
sua entrada na atmosfera terrestre estas partículas primárias interagem na
altitude de 20 km com os núcleos da atmosfera, formando partículas
elementares secundárias como nêutrons, -, e K-mesons, muons ou radiação-

84
, como é esquematizada na Figura 95. Devido a radiação cósmica a dose de
radiação recebida pelos homens cresce com a altura em cima do nível do mar
como mostra a Figura 96.

Figura 95. Cascada de partículas elementares induzida pela radiciação


cósmica em cima do Piz Buin.Error: Reference source not found

85
Figura 96. Dose de radiação recebida pelo homem devido a radiação
cósmica.96

Um outro fenômeno causado pela radiação cósmica são as auroras


boreais, observadas nas regiões polares e causadas principalmente pela
excitação de átomos de oxigênio pelos elétrons e prótons da radiação cósmica
e altitude de 70 a 800 km. Resultando na emissão de luz verde ( = 558 nm,
Figura 97a) e vermelho ( = 630 nm, Figura 97b).

(a) (b)

Figura 97. Exemplos de Aurora boreal: (a) emissão de = 558 nm; (b)
emissão de  = 630 nm .97

86
Tabela 24. Os radionuclídeos cosmogênios.

Freqüência Tipo de
Nuclídeo T½ Origem (reação nuclear com)
relativa (%) desintegração
129
I - 1,57107 a - Te, Ba, Xe
81
Kr - 5
2,110 a  Rb, Sr, Y, Zr
59
Ni - 4
7,510 a / +
Fe, Ni
53
Mn - 3,7106 a  Fe, Ni
44
Ti - 47,3 a 
41
Ca - 1,03105 a 
39
Ar - 269 a - 40
Ar
36
Cl - 3,0105 a -, /+
32
Si - 101 a -
26
Al - 5
7,1610 a +
22
Na - 2,602 a + 20
Ne(,1p1n)22Na
14
C -10
1∙10 * 3
5,73∙10 a  - 14
N(n,p)14C
10
Be - 6
1,610 a  - 16
O(n,4p3n) Be;16O(p,5p2n)10Be
10

7
Be - 53,29 d  Li
3
H 1∙10-15 † 1,23∙101 a - 14
N(n,t)12Cestável
*na bioesfera; †em água, na atmosfera aproximadamente 6 g total.

Tabela 25. Exposição radioativa por radionuclídeos cosmogênios por


ano.Error: Reference source not found

Dose média de órgão (Gy)


Órgão 3 7 14 22
H Be C Na
Gônadas 0,01 5,7 5 0,14
Pulmão 0,01 0,02 6 0,12
Medula vermelha 0,01 1,2 24 0,22
Superfície óssea 0,01 22 0,27
Tireóide 0,01 6 0,12
Dose efetiva (Sv) 0,01 3 12 0,2

4.3.2. A descoberta da radiação cósmica


Durante as investigações da radioatividade Rutherford (Figura 27b)
observou em 1903 que a condutividade causada pela radioatividade de um
eletrômetro era menor quando o mesmo foi blindado por chumbo. Por outro
lado, utilizando o eletrômetro esquematizado na Figura 98 o físico e padre
jesuíta Theodor Wulf (1868 – 1946) observou em 1910 que a ionização medida
no Torre Eiffel (327 m) era maior que na terra embora se esperasse que a
mesma fosse menor devido à distância entre o eletrômetro e eventuais fontes
naturais de radioatividade. Como explicação para este resultado inesperado ele
sugeriu que a radioatividade observada distante do solo seria causada seria
causada por radiação com origem cósmica. Para confirmar o aumento da
radiação em alturas elevadas ele sugeriu a realização de medidas realizadas
num balão.

87
Figura 98. Eletrômetro de Wulf para determinação de radiação cósmica. 98

Figura 99. Victor Franz Hess (1883 – 1964) na gôndola do balão.Error:


Reference source not found

88
Estes experimentos inspiraram o físico austríaco Victor Franz Hess
(Figura 99) de determinar o coeficiente de adsorção de radiação  no ar para
excluir radiação terrestre como causa da radiação observada em altitudes
elevadas. Com os resultados obtidos ele conclui que a radiação terrestre
deveria ser completamente adsorvida pelo ar em altitude acima de 500 m. Num
segundo passo Hess realizou em 1912 sete viagens de Balão e mediu a
radiação em diversas altitudes acima do solo, cujos resultados são resumidos
na Tabela 26. A comparação desses resultados, ilustrados na Figura 100 com a
dose efetiva como função da altitude na Europa Central (Figura 101) mostra
claramente que já estes primeiros resultados de Hess (ganhador do premio
Nobel de Física em 1936) indicam o aumento da radiação cósmica a partir de
aproximadamente 2500 m.

Tabela 26. Resumo da ionização do ar observado por Hess em 1912. 99

Radiação observada (J)


Altitude média acima do solo (m) Aparelho I Aparelho II Aparelho III
qI qII qIII qIIIred.*
0 16,3 11,8 19,6 19,6
Ate 200 15,4 11,1 18,5 19,1
200 – 500 15,5 10,4 17,7 18,8
500 – 1000 15,6 10,3 18,5 20,8
1000 – 2000 15,9 12,1 18,7 22,2
2000 – 3000 17,3 13,3 22,5 31,2
3000 – 4000 19,8 16,5 21,8 35,2
4000 – 5200 34,4 27,2 - -
*redução para densidade normal.

Figura 100. Ionização do ar vs. altitude relativa (valores da Tabela 26).

89
Figura 101. Dose efetiva na Europa central como função da altitude.Error:
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4.3.3. A identificação da radiação cósmica


Devido a alta performance da radiação cósmica de penetrar a atmosfera
acreditava-se originalmente que ela seria radiação  de alta energia. Que esta
idéia era errado foi mostrado por Bothe (Figura 102) e Kolhörster (Figura 103)
que mostravam pela mediação de coincidência que utiliza dois mediadores de
Geiger separada por placas de adsorção de ferro ou chumbo de diversas
espessuras.

90
Figura 102. Walter Wilhelm Georg Figura 103. Werner Kolhörster
Bothe (1891 – 1957).100 (1887 – 1946).101

Eles esperavam que a radiação cósmica () seria somente detectada


depois da ionização de um átomo. Para determinar a energia a desses elétrons
secundários eles separavam os dois detectores por placas de diversas
espessuras. Assim eles mostravam que os elétrons secundários possuam a
mesma energia e propriedades semelhantes que a radiação cósmica e
concluíram que a radiação cósmica seriam partículas carregadas de alta
energia com pelo menos 1000 milhões de eletronvolts.

4.3.4. Radiação cósmica e a descoberta de partículas elementares


Como será mostrada no parágrafo 5, a energia de ligação dos núcleons
é proporcional a número de núcleons A. Uma situação parecida existe na física
atômica onde a energia de ligação entre átomos é proporcional ao número de
partículas. As forças responsáveis pela ligação entre dois átomos surgem do
intercambio de seus elétrons como ilustra para a molécula de hidrogênio o
Esquema 15.

Esquema 15. Distribuição dos elétrons numa molécula de H 2 segundo a


teoria da ligação de valência.
(a) Ha1 Hb2 (b) Ha2 Hb1

91
Figura 104. Hideki Yukawa (1907 – 1981).102

Foi Yukawa (Figura 104) que sugeriu que um mecanismo análogo seria
responsável pela ligação dos núcleons no núcleo atômico e propus como
partícula para o intercambio o meson. Estes mesons possuíam carga positiva
ou negativa e uma massa de aproximadamente 280  me1. Também se
esperava a existência de um meson neutro com a mesma ou aproximadamente
mesma massa. Também se esperava que mesons pudessem ser gerados pela
interação das partículas da radiação cósmica com a matéria.
A existência de mesons gerados pela radiação cósmica foi
primeiramente observada por Lattes (Figura 105a) no grupo de Powell (Figura
105b) em emulsões fotográficas posicionados no Pic du Midi de Bigorre nas
pirenéias francesas em altitudes de 2800 m (Figura 106a) e no Chacaltaya na
Cordilheira dos Andes boliviana em 5500 m (Figura 106b).

(a) (b)

Figura 105. Os descobridores dos piones (-meson): (a) César Mansueti


Giulio Lattes (1924 – 2005);103 (b) Cecil Frank Powell (1903 – 1961). 104

1
me = massa de elétron = 9,1093810-31 kg

92
(a) (b)
Figura 106. (a) Observatorio no Pic du Midi de Bigorre; 105 (b) César Lattes
no Chacaltaya.106

A Figura 107, a Figura 108 e a Figura 109 mostram exemplos dos traços
gerados pelos diferentes mesons nas emulsões fotográficas. Na Figura 107
observa-se a desintegração de um + meson (-meson) em um muon1
(-meson). Ao contraio dos pions os muons de alta energia não interagem com
os núcleos atômicos com quais eles colidem e, portanto podem transversa-los
sem ser adsorvidos. Devido à baixa adsorção dos muons pela matéria eles
formam a parte duro (de alta energia) da radiação cósmica.

Figura 107. Microfotografia dos traços de um  + meson (-meson)


desintegrando em um muon (-meson)107

1
a partícula inicialmente denominado de -meson não é um meson mas um tipo de a partícula
diferente agora conhecida como muon.

93
Figura 108. Microfotografia dos traços de um  - meson (-meson)
resultado da desintegração do núcleo P iniciando a desintegração do
núcleo S108

Na Figura 108 observa-se que um - meson gerado na desintegração do


núcleo (P) induz na reação com um outro núcleo (S) a desintegração do
mesmo. A Figura 109 mostra a desintegração de um núcleo iniciada por um
próton de alta energia (radiação cósmica primaria). Esta desintegração libera
entre outras partículas 0 mesons que se transformam espontaneamente em
dois quantos de radiação. Quando estes quantos passam pero de um núcleo
atômico eles podem se transforma em pares de partículas - e + os quais
geram em novos colisões fótons resultando em cascadas de elétrons e fótons
conhecidos como parte mole (de energia baixa) da radiação cósmica.
Tabela 27 resuma as propriedades dos pions e do muon.

Figura 109. Desintegração de  0 meson em fótons e cascadas de  +,  -


partículas e fótons.Error: Reference source not found

94
Tabela 27. Propriedades dos pions ( mesons) e do muon ( meson).

Particula Símbolo Carga Massa em repouso (me) Vida média (s)


+ meson + +  274  210-8
- meson - -  274  210-8
0 meson 0 0  264  110-16
muon - -  212  210-6

95
5. Estabilidade e transmutação de nuclídeos

5.1. Observações empíricas


A Tabela 28 mostra que a maioria dos nuclídeos estáveis possua um
número par de prótons e de nêutrons, enquanto as combinações número par
de prótons e número impar de nêutrons ou número impar de prótons e número
par de nêutrons são menos freqüentes e a combinação número impar de
prótons e número impar de nêutrons é muito raro. Isto indica que a formação
de pares de núcleons do mesmo tipo resulta em ligações fortes. E assim em
núcleos estáveis.

Tabela 28. Número de nuclídeos para as diversas paridades de núcleons.

Número de Número de
Número de prótons Combinação
nêutrons nuclídeos estaveis
par par par – par 158
par impar par – impar 53
impar par impar – par 50
impar impar Impar – impar 4 (2H, 6Li, 10B, 14N)

Figura 110. Extrato da carta de nuclídeos mostrando a Regra de Mattauch


para os isóbaros 46, 50, 54, 58, 64 e 70.

96
O tipo de desintegração depende aparentemente do número de ordem
Z. Por exemplo, para Z > 83 (Bi) observa-se preferencialmente desintegração
, enquanto elementos com número de ordem impar mostram principalmente
desintegração  ou captura de elétrons (). Nestes tipos de desintegração o
número de massa fica constante e um próton é transformado em um nêutron
() ou um nêutron em um próton (-). Por exemplo, nuclídeos impar – impar
como 40K ou 74As são transformados por desintegração - ou captura de
elétrons nos nuclídeos estáveis 40Ca e 40Ar ou 74Se e 74Ge, respectivamente.
Este fato que o nuclídeo entre dois nuclídeos estáveis numa isóbara é
instável se reflete na regra de Mattauch que prevê a inexistência de isóbaros
vizinhados estáveis. Tais tripletos de isóbaros (estável – instável – estável) se
observam em diversas regiões da carta de nuclideos como, por exemplo, a
mostrado na Figura 110. Que mostra os tripletos 46Ca-46Sc*-46Ti; 50Ti-50V*-50Cr;
54
Cr-54Mn*-54Fe; 58Fe-58Co*-58Ni; 64Ni-64Cu*-64Zn; 70Zn-70Ga*-70Ge. A isóbara 50Cr,
50
V, 50Ti foi originalmente considerado como exceção da regra de Mattauch mas
investigações mais recentes mostravam que 50V também mostra desintegração
- e captura de elétron com um tempo de meia vida de 1,41017 a.

(a)

(b)
Figura 111. Extrato de carta de nuclideos para: (a) 42 Mo, 43 Tc e 44 Ru; (b)
60Nd, 61Pm e 62Sm.

Também de acordo com a regra de Mattauch é a ausência de isótopos


estáveis para os elementos Tecnécio e Promécio. Como mostram os extratos
da carta de nuclídeos na Figura 111. Como mostra esta Figura os elementos

97
com número de ordem menos um e mais um desses dois elementos possuam
um grande número de isótopos estáveis e assim isótopos estáveis para
tecnécio e promécio poderiam ser encontrados somente distante da linha de
-estabilidade, ou seja, numa área onde não há nuclídeos estáveis.

5.2. Localização dos nuclídeos estáveis na carta de nuclídeos


A Figura 112 esboça a carta (Z vs. N) para os nuclídeos conhecidos
onde os nuclídeos estáveis ou primordiais são indicados como quadrados
pretos. Os nuclídeos posicionados no lado direito desta linha de -estabilidade
possuam um excesso de nêutrons e os no lado esquerdo um excesso de
prótons e desintegram pela emissão de elétrons (-) ou de pósitrons ou captura
de elétrons (+ ou ), respectivamente, até a formação de um nuclídeo estável.
Claramente visível é a posição dos nuclídeos primordiais 232Th, 234U, 235U e 238U
formando uma ilha de estabilidade entre os nuclídeos vizinhados.

Figura 112. Faixa dos núcleos estáveis e instáveis no plano Z vs. N.109

Os nuclídeos mais estáveis nesse mar de instabilidade são enumerados


na Tabela 29 que revela que todos estes nuclídeos desintegram, pelo menos
parcialmente, por desintegração . Para os nuclídeos na Tabela 29 para quais
desintegrações  ocorre somente em pequena escala os nuclídeos filha
desintegram sem exceção pela emissão de partículas . Este fato mostra a
existência de uma linha de estabilidade em respeito á desintegração , cuja
origem será discutida no parágrafo 5.5.

98
Tabela 29. Elementos do mar de instabilidade entre 84 < Z < 92.

Elemento Isótopo mais estável Tipo de radiação t½


84Po Po-209 (99,52 %), + (0,48 %) 102 a
85At At-210  (0,18 %), + (99,82 %) 8,3 h
86Rn Rn-222  3,8 d
87Fr Fr-223  (0,006 %), - (99,99 %) 21,8 m
88Ra Ra-226  1600 a
89Ac Ac-227  (1,38 %), - (98,61 %) 21,8 a
91Pa Pa-231  3,3104 a

A Figura 112 também indica as linhas de drip (linhas de gotejadas) onde


os núcleos emitam espontaneamente nêutrons (Bn = 0)1 ou desintegram por
fissão espontânea (Bf = 0)Error: Reference source not found.

5.3. Os números mágicos e o modelo de camadas


Também marcada na Figura 112 e na carta de nuclídeos de Karlsruhe
são os “números mágicos” para Z e N que resultam em nuclídeos
extremamente estáveis. Estes números enumerados na Tabela 30 podem ser
explicados com o modelo de camadas para o núcleo análogo ao modelo de
camadas para os elétrons no átomo.

Tabela 30. Números mágicos para nêutrons (N) e protons (Z).


N 2 8 20 28 50 82 126 (184)* (196)*
Z 2 8 20 28 50 82 (114)* (154)*
*os valores em parênteses são preditos por cálculos teóricos e ainda não confirmado
experimentalmente.

O modelo de camadas é ilustrado na Figura 113 que mostra o


desdobramento dos diversos níveis de energia para prótons e nêutrons no
núcleo, que são caracterizados pelos números quânticos n, l e j onde l é
indicado pelas letras s, p, d etc. como no modelo quântico do átomo e j resulta
da combinação de l e s (numero quântico do spin). Seguindo o principio de
Pauli, cada um desses níveis pode ser ocupados por 2j + 1 nucleons e a adição
dos nucleons nos diversos níveis mostra que para os números mágicos a
distancia para o próximo nível é relativamente grande, o que explica a
estabilidade de nuclídeos com camadas fechados. Ressalta-se, que o próximo
número mágico para prótons é 1142 e não 126 como mostra a Figura 113.
Algumas conseqüências para núcleos com números mágicos são:
(a) Energia de ligação dos nucleons é alta quando o núcleo
contém um número mágico de nêutrons ou prótons;
(b) Os nuclídeos com números mágicos são freqüentes na
natureza: (Exemplos: Z = 50, 10 isótopos estáveis de

1
Bn e Bf é a energia de ligação de nêutrons e a energia de ativação de fissão, respectivamente.
2
Que a Figura 112 mostra para os prótons como número mágico 144 é um erro tipográfico.

99
136 138 139
estanho; N = 82, 7 isótopos estáveis Xe, Ba, La,
140
Ce, 141Pr, 142Nd, 144Sm);
(c) Os primeiros estados excitados de núcleos com números
mágicos possuam alta energia;
(d) Núcleos com as camadas completas (contendo números
mágicos para os prótons e nêutrons, “núcleos duplamente
mágicas”) possuam forma esférica enquanto,
especialmente núcleos grandes mostram grande variação
da forma como mostra Figura 114.

Figura 113. Modelo de camadas para núcleos atômicos. 110

100
Figura 114. Variações da forma de núcleos atômicos: (a) núcleo esférico;
(b) núcleo prolato (um eixo prolongado); (c) núcleo oblato (eixo de
simetria menor); (d) núcleo triaxial; (e) 294U; (f) 180Hf.111

5.4. Defeito de massa e energia de ligação de nucleons média


O número de massa A é a soma dos números de nucleons (Z para os
prótons e N para os nêutrons) é sempre um número inteiro. A massa do
nuclídeo M por sua vez e a massa exata do núcleo em unidades atômicas u e a
massa atômica é a massa média dos nuclídeos estáveis ou primordiais de um
elemento em sua freqüência natural.
A base da massa dos nuclideos e da massa atômica é a massa do
nuclídeo 12C que é igual M(12C) = 12,000000 u. A massa dos nuclídeos e a
massa atômicas incluem a massa do núcleo (MNúcleo) e dos elétrons do átomo
neutro (Me) como ilustra Equação 24. O valor da unidade atômica u
corresponde a 1,6605710-24 g. O método mais exato para determinação da
massa de nuclideos a espectroscopia de massa que permite sua determinação
com um erro variando entre 10-8 e 10-5 u.

Equação 24. Massa de nuclídeo.


M Nuclídeo  M Núcleo  Z  M e

Segundo a teoria especial da relatividade de Einstein (Figura 115) existe


equivalência entre energia e massa de uma partícula expressada pela Equação
25. Baseada nesta equação pode se calcular a energia correspondendo da
unidade atômica como 1 u = 1,4924410-10 J = 931,5 MeV. A Tabela 31 mostra a
massa do próton do nêutron e do elétron tanto em unidades atômicas como em
quilogramas e elétronvolts.

101
Tabela 31. Massa das principais partículas elementares.

Partícula Símbolo MS (u) ms (kg) Es (MeV)*


Próton p 1,007276470 1,672648510-27 9,382796102
Nêutron n 1,008665012 1,674954310-27 9,395731102
Elétron e 5,485802610-4 9,10953410-31 0,5110034
*1 MeV = 1,602189210-13 J

Figura 115. Albert Einstein Equação 25. Equação de Einstein.


(1879 – 1955).112

Como o núcleo é composto de prótons e nêutrons sua massa deveria


ser igual à soma da massa dos nêutrons Mn e dos prótons Mp e assim a
Equação 24 poderia ser escrito na forma dado na Equação 26. Na Tabela 32
encontra-se a comparação da massa atômica dos elementos anisótopos com a
massa de nuclídeo calculado pela Equação 26.

Equação 26. Massa de nuclídeo.


M Nuclídeo  Z  M 1 H  N  M n

Para elementos anisótopos a massa atômica é igual à do único nuclídeo


estável, mas como revela a Tabela 32 existe uma diferença entre a massa de
nuclídeo MNuclídeo calculada pela Equação 26 e a massa atômica, ou seja, a
massa de nuclídeo experimental. Este defeito de massa M é expresso na
Equação 27. Segundo Equação 25 este defeito de massa é equivalente a uma
energia, expresso pela Equação 28, correspondendo à energia de ligação dos
núcleons EL.

102
Tabela 32. Defeito de massa para os elementos anisótopos.

Elemento Z N Massa atômica (u)  [Z  M1H + N  Mn]* (u) M (u)


Be 4 5 9,0122 9,0746 0,0624
F 9 10 18,9984 19,1571 0,1587
Na 11 12 22,9898 23,1901 0,2003
Al 13 14 26,9815 27,2230 0,2415
P 15 16 30,9776 31,2560 0,2784
Sc 21 24 44,9559 45,3723 0,4164
Mn 25 30 54,9381 55,4556 0,5175
As 33 42 74,9216 75,6222 0,7006
Y 39 50 88,9059 89,7384 0,8326
Nb 41 52 92,9064 93,7714 0,8650
Rh 45 58 102,9055 103,8547 0,9492
I 53 74 126,9047 128,0560 1,1513
Cs 55 78 132,9054 134,1063 1,2008
Pr 59 82 140,9077 142,1722 1,2646
Tb 65 94 158,9253 160,3232 1,3978
Ho 67 98 164,9303 166,3735 1,4432
Tm 69 100 168,9342 170,4065 1,4722
Au 79 118 196,9665 198,6407 1,6741
Bi 83 126 208,9804 210,7413 1,7609
Th 90 142 232,0381 233,9347 1,8966
-4
*M1H = 1,007276470 + 5,485802610 U; Mn = 1,008665012 u

Equação 27. Defeito de massa


 
M  Z  M 1 H  N  M n  M Nuclídeo

Equação 28. Energia de ligação do núcleons.


  
E L  Mc 2  Z  M 1 H  N  M n  M Nuclídeo  c 2

A divisão da energia de ligação do núcleo EL pelo número de massa A


resulta na energia de ligação média dos núcleons que da uma medida para a
estabilidade de um núcleo. A Figura 116 mostra a energia de ligação média
para os elementos anisótopos revelando um máximo para número de massa
em torno de 55. Tal máximo para A = 56 observa-se também na Figura 117 que
mostra a energia de ligação média para todos os nuclídeos conhecidos. Esta
Figura também revela que a energia de ligação média para os núcleons no
urânio A  240 é de aproximadamente 7,6 MeV enquanto a energia de ligação
média de dois núcleo com A  120 é de aproximadamente 8,5 MeV. Isto
significa que na fissão de um núcleo de urânio seja liberado por núcleon uma
energia de aproximadamente 0,9 MeV, ou seja, no total uma energia de
aproximadamente 216 MeV para fissão de um núcleo de uranio. (Na realidade
a energia liberado pela fissão de urânio é somente em torno de 200 MeV o que
pode ser parcialmente explicado pelo fato que a fissão forma fragmentos
assimétricos (ver Figura 49, página 40, e parágrafo 7.5, página 156).

103
Figura 116. Energia de ligação média de nucleons para os elementos
anisótopos.

Figura 117. Energia de ligação média em nuclídeos.113

Por outro lado a Figura 117 e com mais detalhes a Figura 118 mostra
que a fusão de núcleos leves (A < 56) também aumenta a energia média de
ligação dos núcleons. Como mostra esta Figura a diferença da energia de

104
ligação média causada pela fusão de 1H, 2H ou 3H para 4He é de
aproximadamente 4 – 6 MeV e portanto muito maior que a diferença de energia
média de ligação observado na fissão de urânio (0,9 MeV). Nas estrelas como
o sol este processo de fusão ilustrado no Esquema 16 é o principal processo
de geração de energia.

Figura 118. Energia de ligação média nos nuclídeos leves.114

Esquema 16. Reação próton – próton da fusão nuclear no sol.


1
1 H  11H  12 H   e   
2
1 H  11H  13He 2  
3
1 He 2 13H 2 14 He 2 11H  11H 
411H  14 He 2  2e   2  2  26,7 Mev

Nas bombas de fusão nuclear (bomba de hidrogênio) se usa deutereto


de lítio como combustível cuja fusão para 4He é esquematizado no Esquema
17.

Esquema 17. Fusão de deutereto de lítio (LiD) nas bombas de fusão


nuclear.

105
6
Li  2H 2 4 He
7
Li  2H 2 4 He  n

5.5. O modelo da gotinha


Um modelo simples para descrição de energia de ligação nos núcleos
atômicos é o modelo da gotinha. Este modelo assume que o núcleo atômico se
comporta como uma gota de um líquido onde os núcleons correspondem às
moléculas. As propriedades características de uma gota são forças coesivas,
tensão superficial e a tendência de separação se a gota fica grande demais.

Figura 119. Carl Friedrich Freiherr von Weizsäcker (1912 – 2007).115

Equação 29. Energia de ligação no modelo da gotinha.


E L  a1 A  a 2 A 2 3  a3 Z 2 A 1 3  a 4 ( Z  A 2) 2 A 1  a 5 A1 2

Weizsäcker (Figura 119) desenvolveu uma fórmula semi-empírica


(Equação 29) contendo cinco termos diferentes que permite o calculo da
energia de ligação do núcleo atômico como função do número de ordem Z e do
número de massa A. Os termos nos seus pormenores são:
(1) A energia de condensação como contribuição principal
proporcional ao número de massa A;
(2) A energia de superfície, proporcional a A⅔, que considera o
fato que os núcleons na superfície possuem menos
companheiros de ligação e são, portanto ligados com
menor força o que contribua para a diminuição da energia
de ligação;
(3) A energia de Coulomb, proporcional a número de ordem
em quadrado (Z2) e A-⅓, que considera a diminuição da
energia de ligação dos núcleons pela repulsão eletrostática
entre os prótons;

106
(4) A energia de assimetria, proporcional a (Z – A/2)2 que
considera a diminuição da energia de ligação pelo excesso
de nêutrons;
(5) Uma correção empírica que considera a estabilidade maior
de nuclídeos par – par e a menor estabilidade dos
nuclídeos impar – impar.
Segundo Equação 27, página 103 a massa de um nuclídeo é igual à
soma das massas de seus prótons e nêutrons menos a energia de ligação
expressa como defeito de massa. Substituindo o efeito do defeito de massa em
Equação 27 pela Equação 29 obtemos a formula de massa de Weizsäcker
(Equação 30). Os diversos constantes dessa equação incluindo o fator 1/c 2 são
enumerados na Tabela 33.

Equação 30. Fórmula de massa de Weizsäcker.


m( Z , A)  Z  m 1 H  ( A  Z )  M n  a1 A  a 2 A 2 3  a 3 Z 2 A 1 3  a 4 ( Z  A 2) 2 A 1  L5

Tabela 33. Os termos da Fórmula de massa de Weizsäcker como função


do número de massa A e os valores de constantes.116

Termo Contribuição Função de A ai (mu)


Energia de L1  a 1 A
L1 17,01
condensação
Energia de
L2 L2   a 2 A 2 3 19,691
superfície
L3 Energia Coulomb L3   a 3 Z 2 A 1 3 0,767
Energia de ( Z  A 2) 2

L4 L4  a 4 99,692
assimetria A
a 5 A1 2 para núcleos par  par
L5 Correção empírica L5  0 para núcleos par  impar ou impar  par
12,3
 a 5 A1 2 para núcleos impar  impar

A Figura 120 mostra graficamente as contribuições dos quatro primeiros


termos da Equação 30 (sem a correção empírica) no decurso da energia de
ligação media resultante da soma desses quatro energias diferentes. Esta
Figura revela que os valores observados para a energia de ligação média com
o máximo para A = 56 (ver Figura 117, página 104) são satisfatoriamente
reproduzidos.

107
Figura 120. Contribuição dos termos L 1 (Kondensationsenergie), L2
(Oberflächenenergie), L3 (Coulombenergie) e L4 (Asymmetrie-Energie) do
modelo da gotinha á energia de ligação média. 117

(a) (b)
Figura 121. Exemplo para energias de ligação e transmutação para
nuclídeos com número de massa (A): (a) impar; (b) par.118

108
Como revela a Equação 29 e a Equação 30 a energia de ligação média
é, para numero de massa A constante, uma função proporcional a Z2, ou seja, a
energia média de ligação de uma serie de isóbaros descreve uma parábola
como é ilustrada explicitamente na Figura 121 a e b, para as isóbaras A = 73 e
64, respectivamente. Como pode ser visto obtêm-se para A = impar,
correspondendo a nuclídeos impar – par ou par – impar uma única parábola
(Figura 121a) enquanto, devido ao termo empírica considerando a estabilidade
diferente de nuclídeos par – par e impar – impar duas parábolas diferentes,
correspondendo aos nuclideos par – par e impar – impar, são observados para
números de massa pares (Figura 121b).
Como revela a Figura 121 os nuclídeos de uma seqüência isóbara se
transformam por desintegração -/+ ou captura de elétrons () em nuclídeos
mais estáveis até o mínimo de energia seja alcançada. Determinado o decurso
da energia de ligação para todas as seqüências isóbaras pode-se determinar o
vale da estabilidade , também chamada linha de estabilidade  (ver Figura
122), caracterizada pela maior estabilidade e a ausência de desintegração  ou
de captura de elétron.

Figura 122. Linha de  estabilidade no plano N – Z.119

Invertendo a apresentação da linha de  estabilidade como vale de


menor energia obtêm-se a apresentação alegórica mostrada na Figura 123
onde os núcleos mais estáveis se apresentam como topos duma cordilheira
num “mar de instabilidade”. Destaca-se nesta “apresentação dramática” a ilha
de estabilidade esperada em torno dos números mágicos 114 (para os prótons)
e 184 e 196 (para os nêutrons). Porém não se deve esperar que os nuclídeos
com os números Z e N em torno de 114 e 184/196 sejam estável em relação a

109
outros processos além de desintegração /, como por exemplo, fissão
espontânea ou desintegração .

Figura 123. As cordilheiras de estabilidade b de nuclídeos no “mar da


instabilidade” como função de Z (Protonen) e N (Neutronen).120

Figura 124. O fim (preliminar) da carta de nuclídeos.121

Como mostra o extrato do “fim” da carta de nuclídeos (Figura 124)


isótopos do elemento com o número mágico Z = 114 já formam preparados,
mas ainda distante do número mágico para nêutrons (N = 184). Mas mesmo

110
assim a Figura 124 mostra que os nuclídeos nesta região possuam tempo de
meia vida relativamente grande com até 11 min ( 286Uub) e desintegram
principalmente por descaimento  ou por fissão espontânea.

5.6. Energia e lei da desintegração radioativa

5.6.1. Energia de desintegração radioativa


Desintegração radioativa segue o esquema ilustrado no Esquema 18.
Como toda reação ela pode ocorrer somente se a energia (E) liberada é
negativa. Em caso da desintegração radioativa E pode ser calculada usando a
Equação de Einstein (Equação 25, página 102) pela diferença da massa do
nuclídeo mãe e as massas do nuclídeo filha e da(s) partícula(s) emitida(s)
como mostra Equação 31.

Esquema 18. Reação de desintegração radioativa.


A  B  x  E
nuclídeo mãe nuclídeo filha particula emitida energia liberada

Equação 31. Condição energética para desintegração radioativa.


0  E  Mc 2   M A   M B  M x  c 2

Figura 125. Barreira a de energia para a desintegração radioativa. 122


A Equação 31 mostra se uma desintegração é de vista energética,
possível ou não, mas não pode dar informação sobre a probabilidade com qual
a desintegração realmente ocorre. Esta probabilidade depende da barreira de

111
energia entre os dois estados esboçada na Figura 125. Esta Figura mostra a
diferença energética entre o nuclídeo mão (A) e o nuclídeo filha (B) e a(s)
partícula(s) emitida(s) (x). Portanto, para transformação do nuclídeo mãe nos
produtos B e x, é necessário que o núcleo A se encontra num estado excitado
permitindo à superar a barreira de energia ou que a barreira seja passada por
tunelamento quantomecânico, como será discutido para a desintegração  no
parágrafo 7.2, página 128.

5.6.2. Cinética da desintegração radioativa


Como mostra Esquema 18 a desintegração radioativa é um processo
mononuclear e assim a atividade, ou seja, o número de núcleos transformado
(dN) durante um intervalo (dt) é proporcional ao número total de núcleos
presentes na amostra como é ilustrado na Equação 32, onde a constante de
desintegração é uma medida para a probabilidade da desintegração. A
integração desse termo, mostrada no Esquema 19 fornece a atividade (A)
duma amostra radioativa como função do tempo (t), da constante de
desintegração () e o número de núcleos inicialmente presentes (N0).

Equação 32. Atividade radioativa (Lei da desintegração)


dN
A  N
dt

Esquema 19. Atividade como função do tempo (reação de 1ª ordem).


dN
  dt
N
N t
dN

N0
N 
  dt
t 0

ln N  ln N 0  t  C   0  C
ln N  ln N 0  t
N  N o e  t
A(t )  N 0 e  t

Geralmente em vez da constante de desintegração  usa-se o tempo de


meia vida (t½) como medida para estabilidade de um nuclídeo, ou seja, para
medir a probabilidade da desintegração. Como tempo de meia vida entende-se
o tempo necessário para desintegração da metade dos núcleos radioativos
presentes na amostra. Como mostra a Equação 33 neste caso N = N0/2 e com
o termo para N dado no Esquema 19,  pode ser expresso como função do
tempo de meia vida.

Equação 33. Tempo de meia vida.

112
N0  t 1
 N 0e 2
2
ln 2 0,69315
t1  
2  
ou
ln 2

t1
2

Equação 34. Atividade como função do tempo de meia vida.


t

(a) N (t )  N 0  1  2
t1

2
t
ln 2  1  t1
(b) A(t )  N0   2

t1 2
2

Figura 126. Atividade relativa vs. tempo (em unidades de t½).


Substituindo  na função de N(t) e da atividade A(t) mostrada no
Esquema 19 pelo termo dado na Equação 33 N(t) e A(t) podem ser descritos
como função do tempo de meia vida como mostra Equação 34. 
A Figura 126 mostra a atividade relativa (A/A0) em unidades de t½,
calculado utilizando Equação 34b. Esta Figura revela além da diminuição
exponencial da atividade que a atividade se aproxima dum valor de
aproximadamente zero (< 0,1 %) depois de 10 tempos de meia vida.

113
O tempo de vida média de um radionuclídeo  obtém-se pelo cálculo
comum de um valor médio com o resultado mostrado na Equação 35, a qual
revela que depois t =  o número de radionuclídeos diminuiu de N0 para N0/e.

Equação 35. Tempo de vida média.


 
1 1
 Ndt  e
 t
  dt   1,443  t 1
N0 t 0 o
 2

Equação 36. Massa dos nuclídeos radiativos.


N M A M A M
m   t1
NA N A   N A ln 2 2

A massa de átomos radioativos pode ser determinada com a Equação


36 onde M é a massa do nuclídeo e NA o número de Avogadro. O
conhecimento da massa de substancias é importante para realização de
experimentos. Por exemplo, 1 MBq corresponde de somente 10 -10 g do
nuclídeo 32P (-, t½ =14,3 d) e de somente 10 -12 g do nuclídeo metaestável 99mTc
(, e-, t½ = 6,0 h). Quantidades tão pequenas podem ser precipitadas e
manipuladas somente na presença de um grande excesso de átomos inativos
do mesmo elemento no mesmo estado químico como portador. Para
radioelementos como tecnécio não existe isótopos estáveis que poderiam
servir como portadores e, portanto medidas específicas são necessárias para
trabalhar como tais nuclídeos.
Como atividade especifica de uma amostra radioativa entende-se a
razão entre a atividade e a massa total (soma dos isótopos radioativos e
estáveis) do elemento mostrada na Equação 1, página 2. O conhecimento da
atividade especifica de uma amostra muitas vezes é necessário para a
aplicação de radionuclídeos na medicina ou como traçadores químicos.

5.6.3. Dependência da desintegração radioativa do estado químico do


nuclídeo
Em geral a constante de desintegração, ou seja, o tempo de meia vida
ou o tempo de vida média é independente da pressão, da temperatura, do
estado da matéria ou da ligação química do nuclídeo. Porém para certos tipos
de desintegração como captura de elétron () ou a emissão de elétron de
conversão (e-) que envolvem a camada eletrônica do radioátomo observa-se
também a dependência do tempo de meia vida do estado do radioátomo. Um
exemplo, para a dependência da constante de desintegração do estado
químico é a desintegração por captura de elétron de 7Be para 7Li, que possua
um tempo de meia vida de 53,29 d no estado metálico, mas muda conforme o
estado químico como mostra Tabela 34. Para 7BeO também se observa a
dependência da constante de desintegração da pressão resultando um
aumento relativa da constante de desintegração de /  2,210-5 por kbar.

114
7
Tabela 34. Mudança relativa do tempo de meia vida para Be em
comparação com Be metálico.

Composto /103 Composto /103


BeS + 5,3 BeF2 (hexagonal) - 7,8
[Be(H2O)4]2+ + 2,3 Be(C5H5)2 - 9,4
Be (metal) 0 BeF2 (amorfo) - 12,0
BeO - 1,4 BeBr2 - 16,2

Dependência da emissão de elétrons de conversão é observada para


99m
Tc, 90mNb, 125mTe e 235mU. O nuclídeo metaestável 99mTc, por exemplo,
desintegra de seu estado excitado de 142,66 keV com uma probabilidade de
99,2 % em um estado excitado de 140,49 keV. A energia dessa transição de
2,17 keV é completamente convertida pela emissão de elétrons de conversão
oriundos das camadas M e N, os quais participam da ligação química e assim
observa-se uma mudança relativa / em torno de 10-3 para Tc metálico, Tc 2S7
e KTcO4.
Um efeito grande da influência do estado químico á constante de
desintegração é observado para o isótopo metaestável de 235mU cujo estado
excitado é de somente 68 eV acima do estado fundamental. Energias tão
pequenas somente podem emitir como elétrons de conversão elétrons nos
orbitais 6s, 6p, 5f 6d e 7s, que participam das ligações. Assim mudanças
relativas / de aproximadamente 0,3 % são observadas na comparação de
235m
UC com 235mU metálico e de aproximadamente 10 % na comparação de
235m
UO2 e átomos de 235mU numa matriz de prata.

115
6. Equilíbrios radioativos

6.1. Desintegrações seqüenciais


É conhecido que muitos radionuclídeos como, por exemplo, os mães
das familias radioativas (ver parágrafo 4.2.3) 235U, 338U ou 232Th desintegram em
nuclídeos filha que também são radioativos como mostra Esquema 20. Nestes
casos a mudança do número Ni do nuclídeo i com o tempo é descrito pela
Equação 37 que considera a formação de i pela desintegração de i – 1 e a
diminuição de i pela sua própria desintegração em i + 1.

Esquema 20. Desintegração seqüencial.


1 2 3
N 1  N 2  N 3  ....N k

Equação 37. Mudança de Ni na desintegração seqüencial


N i   i 1 N i 1   i N i

Esquema 21. Sistema de equações diferenciais para desintegração


seqüencial.
N 1  C11 e  1t
N 2  C 21 e  1t  C 22 e  2t
...
N k  C k 1 e  1t  ...  C kk e  k t

Equação 38. Fórmula de regressão para solução do Esquema 21.


 i 1
C ij  (C i 1, j )  (i  j )
i   j

Equação 39. Condições de partida na desintegração seqüencial (t = 0).


N i (0)  C i1  C12  ...  C ii

Para uma seqüência de k desintegrações obtêm-se um número de k


equações diferenciais mostrados no Esquema 21. As constantes Cij com i  j
podem ser calculados com a fórmula de regressão mostrados na Equação 38,
enquanto as constantes Cij como i = j são obtidos pela condição para t = 0
mostrado na Equação 39.
Para o caso mais simples, a desintegração de um radionuclídeo N 1 em
um radionuclídeo filha N2 e um nuclídeo neta estável obtêm-se a solução
mostrado na Equação 40. Nesta Equação N10 e N20 são os números do
nuclídeo 1 e 2 presente no momento t = 0, respectivamente. Se no inicio da

116
observação o nuclídeo filha é separado do nuclídeo mãe no momento t = 0,
também N20 = 0 e a Equação 40 se simplifica para a Equação 41a, que pode
ser rearranjada para a Equação 41b da qual surge pela substituição de por t½
a Equação 41c.

Equação 40. Solução do sistema de equações diferenciais para


desintegração seqüencial de duas gerações.
1
N2  N 10 (e  1t  e  2t )  N 20 e  2t
 2  1

Equação 41. Formação de nuclídeo filha no equilíbrio de desintegração


seqüencial de duas gerações.
1
(a ) N2  N10 (e 1t  e 2t )
2  1

(b) N2 
1
2  1

N1 1  e ( 2 1 ) t 
t 1 (2) t 1 (1)   t 1 ( 2 )t 1 (1)  / t 
 
 1 
N1 1    
 2 2 
(c ) N2  2 2

1  t 1 (2) t 1 (1)   2  
2 2  

A Equação 41b e c revela que para um tempo suficientemente


expandido o fator exponencial se aproxima zero e a razão N2/N1 atinge um
valor constante dependo do tempo de meia vida dos dois nuclídeos o qual
representa um estado de equilíbrio. O tempo necessário para atingir o estado
de equilíbrio depende da razão entre os duas tempos de meia vida como é
ilustrado na Figura 127 para diversas razões t½(1)/t½(2).
No principio podem ser distinguidos quatro casos de razões t½(1)/t½(2)
diferentes, que serão discutidos detalhadamente nos próximos parágrafos.
(a) t½(1) >> t½(2) (equilíbrio secular, parágrafo 6.2)
(b) t½(1) > t½(2) (equilíbrio transiente, parágrafo 6.3)
(c) t½(1) < t½(2) (não equilíbrio, parágrafo 6.4.2)
(d) t½(1)  t½(2) (não equilíbrio, parágrafo 6.4.1)

117
Figura 127. Acerto de equilíbrio mãe – filha como função da razão
t½(1)/t½(2).123

6.2. Equilíbrio radioativo secular


No equilíbrio secular t½(1) >> t½(2) e assim a Equação 41b se simplifica
para a Equação 42a. Assumindo que no momento t = 0 o nuclídeo filha é
separada do nuclídeo mãe a re-formação do nuclídeo filha a partir do nuclídeo
mão e sua desintegração na fração separada seguem o decurso mostrado na
Figura 128.

Equação 42. Equilíbrio secular.


1
( a) N2 
2

N1 1  e 2t 
N 2 1 t 12 (2)
(b)  
N1 2 t 1 (1)
2

 A1  A2

Como mostra a Figura 128b o equilíbrio é acerto de aproximadamente


10  t½(2) e o fator exponencial na Equação 42a se aproxima de zero. Assim a
Equação 42a pode ser transformado na Equação 42b com a conseqüência que
no equilíbrio secular a atividade do nuclídeo filha e de todos nuclídeos netos é
igual a atividade do nuclídeo mãe.

118
(a)

(b)
Figura 128. Equilíbrio secular: (a) Desintegração e formação de nuclídeo
filho; (b) Atividade do nuclídeo pai e do nuclídeo filho. 124

119
A ocorrência de um equilíbrio secular permite diversas aplicações
praticas:
(a) Determinação do tempo de meia vida do nuclídeo mãe pela
determinação do tempo de meia vida do nuclídeo filha e da razão de
massa do nuclídeo mão e nuclídeo filha:
 Exemplo: o tempo de meia vida de 226Ra é obtido pela mediação
da atividade e do tempo de meia vida do nuclídeo filha 222Rn.
Assim se calcula o número de átomos de 222Rn com a Equação 32
e o tempo de meia vida de 226Ra é obtido com Equação 42;
 O tempo de meia vida de 238U é determinado medindo a razão
226
Ra e 238U nos minerais de urânio e com o tempo de meia vida
de 226Ra calcula-se pela Equação 42 a do 238U.
(b) Calculo da razão de massa de todos os radionuclídeos num equilíbrio
secular com Equação 36;
(c) Calculo da massa do nuclídeo mãe a partir da atividade do nuclídeo
filha:
 O teor de 238U numa amostra é determinado pela mediação da
atividade de 234Th ou 234mPa cuja radiação  pode ser medida
facilmente como no equilíbrio A1 = A2 a massa de 238U é obtido
substituindo A em Equação 36 por A2 determinado
(d) Determinação da atividade do nuclídeo filha pela massa do nuclídeo
mãe.
 Pesando uma amostra de U2O8 pode-se obter uma fonte de 234mPa
com atividade definida. A radiação  do 238U é blindada por uma
folha de alumínio. A atividade de 238mPa no equilíbrio com A1 = A2
pode ser calculado com Equação 36. (1 mg de 238U emita 740
partículas - por minuto).

6.3. Equilíbrio radioativo transiente


A situação de tempo de meia vida do nuclídeo mãe maior que o do
nuclídeo filha é mostrado na Figura 129. Neste caso a razão entre os nuclídeos
no equilíbrio é determinada pela Equação 43. Ao contrario do equilíbrio secular
a atividade do nuclídeo filha é maior que a do nuclídeo mão e a relação entre
as duas é dado pela Equação 44.

Equação 43. Equilíbrio transiente.

N2 t 1 ( 2)
 2

N 1 t 1 (1)  t 1 (2)
2 2

120
Equação 44. Relação das atividades no equilíbrio transiente.

A1 1 N 1  t 1 (2)
  1 1  1 2
A2  2 N 2 2 t 1 (1)
2

Figura 129. Equilíbrio transiente.125

As aplicações do equilíbrio transientes são semelhantes às do equilíbrio


secular, porém no calculo da massa de um dos nuclídeos a partir da atividade
conhecida do outro se deve usar Equação 45 em vez de Equação 36.

Equação 45. Massa de nuclídeos radiativos no equilíbrio transientes.


M 1 A2 
m1  t 1 (1)  t 1 (2)


N a ln 2 2 2 

121
6.4. Não-equilíbrio

6.4.1. Meia vida do nuclídeo mãe e do nuclídeo filha semelhante


A Figura 127 revela que o ajuste de um equilíbrio entre mãe e filha
demora mais se a diferença entre o tempo de meio vida diminua, sempre
supondo que t½(mãe) > t½(filha). Neste caso há duas questões de interesse
prática.
(1) Quanto tempo deve passar antes que a atividade do
nuclídeo com o tempo de meia vida maior pode ser
observado?
(2) A qual tempo depois da separação do nuclídeo filha esta
alcance sua atividade máxima?
Para responder a 1ª pergunta assume se o erro aceitável  na medida
do decurso da desintegração dado na

Equação 46. Erro aceito na media do decurso da desintegração para


nuclideos com tempo de meia vida semelhante.
(a)   e  ( 2  2 ) t se 1   2
 ( 1  2 ) t
(b )  e se 1  2

Neste caso o tempo depois qual o decurso da desintegração do nuclídeo


com maior tempo de meia vida pode ser observado com o erro  pode ser
calculado usando Equação 47.

Equação 47. Tempo necessário para ajuste de equilíbrio entre nuclideos


com tempo de meia vida semelhante.

log(1 /  ) t 12 (1)t 12 (2)


(a) t se t 1 (1)  t 1 (2)
log 2 t 1 (1)  t 1 (2) 2 2
2 2

log(1 /  ) t 12 (1)t 12 (2)


(b) t se t 1 (1)  t 1 (2)
log 2 t 1 (2)  t 1 (1) 2 2
2 2

Esquema 22. Exemplo de seqüência de desintegração com tempos de


meia vida semelhantes.
  ;t 1  6 , 6 h   ;t 1
I  
135 Xe  135Cs
135 9 ,1 h
2 2

Utilizando a seqüência do Esquema 22 como exemplo a Equação 47


permite de calcular o tempo necessário para observação da em 160 h.

122
Para responder a 2ª questão a 1ª derivada da Equação 41a deve ser
igual zero. Assim o tempo para alcance da atividade máxima do nuclídeo filha
se calcula pela Equação 48.

Equação 48. Tempo para alcançar a atividade máxima do nuclídeo filha


para tempos de meia vida semelhantes.
1 
t max (2)  ln 2
 2  1 1

6.4.2. Meia vida do nuclídeo mãe menor que a do nuclídeo filha


Nenhum equilíbrio entre mãe e filha pode ser atingido se o nuclídeo mãe
desintegra mais rápido que o nuclídeo filha. Neste caso a razão mãe/filha muda
constantemente ate a desintegração completa do nuclídeo mãe, quando a
atividade depende somente do restante do nuclídeo filha. O decurso da
atividade total depois da separação do nuclídeo filha é mostrado na Figura 130,
mostrando a diminuição continua da atividade total sem o ajuste de uma razão
constante entre a atividade mãe e a atividade filha.

Figura 130. Não-equilíbrio: Decurso da atividade total para t½(mãe) <


t½(filha).126

6.5. Desintegração ramificada


Nas famílias radioativas naturais (ver parágrafo 4.2.3, página 67) se
observa que certos nuclideos como, por exemplo, 215Po podem mostra
desintegração  ou -. Também desintegração ramificada se observa nos

123
vizinhos intermediários de isóbaros estáveis como, por exemplo, 40K (ver
parágrafo 5.1, página 96). Em geral desintegração ramificada pode ser
representada pelo Esquema 23.

Esquema 23. Desintegração ramificada.

Como as probabilidades para os dois tipos de desintegração


dados pelas constantes de desintegração B e C são independentes a
atividade do nuclídeo A pode ser expresso pela Equação 49, onde A é a
constante de desintegração total do nuclídeo A.

Equação 49. Atividade total para desintegração ramificada.


dN A
A   B N A  C N A   A N A
dt

O número dos núcleos A como função do tempo se obtém pela


integração da Equação 49 resultando na Equação 50 e as velocidades de
formação dos nuclídeos filha B e C são dadas pela Equação 51a e b,
respectivamente.

Equação 50. Número dos núcleos mãe como função de tempo na


desintegração ramificada.
N A  N A0 e  (  B  C ) t

Equação 51. Formação dos nuclídeos filha na desintegração ramificada.


dN B
(a )  B N A
dt
dN C
(b )  C N A
dt

6.6. Desintegrações sucessivas


Nos parágrafos anteriores foram discutidos somente desintegrações
mãe-filha, mas como foi mencionado no parágrafo 6.1 os nuclideos filha
também podem ser radioativos resultando em seqüências de desintegração
como mostra o Esquema 20 na página 116. Para tais desintegrações
seqüenciais e suponde que para t =0 há somente átomos do nuclídeo 1 o
número de átomos do nuclídeo k de qualquer membro da seqüência pode ser
calculado pela Equação 52 com os coeficientes ck dados no Esquema 24.

124
Equação 52. Número do nuclídeo k na desintegração seqüencial como
função do tempo.
N k  c1 e  1t  c 2 e  2t  ...  c k e  k t

Esquema 24. Calculo dos coeficientes ck para desintegração seqüencial.


12 ...k 1
c1  N10
(2  1 )(3  1 )...(k  1 )
12 ...k 1
c2  N10
(1  2 )(3  2 )...(k  2 )
...
12 ...k 1
ck  N10
(1  k )(2  k )...(k 1  k )

Em caso de um equilíbrio secular (1 << 2, 3 ... k) a Equação 52 se


simplifica para Equação 53 com o coeficiente c1 dado na Equação 54. Como
conseqüência a atividade de qualquer nuclídeo na seqüência de um equilíbrio
secular é igual à atividade do nuclídeo mãe.

Equação 53. Número do nuclídeo k na desintegração seqüencial como


função do tempo para equilíbrio secular.
N k  c1 e  1t

Equação 54. Coeficiente c1 para desintegração seqüencial no equilíbrio


secular.
1 0
c1  N1
k

Em casos onde não há equilíbrio secular as atividades de cada nuclídeo


na seqüência devem ser calculadas com a Equação 52. Um exemplo para
desintegração seqüencial sem equilíbrio secular é dado no Esquema 25. Para
esta seqüência as atividades dos diversos nuclideos, supondo para t = 0, N2 –
N4 =0, são mostradas na Figura 131.

Esquema 25. Exemplo para desintegração seqüencial sem equilíbrio


secular.

218
Po   214 Pb ; 
; 3, 05 min
 214 Bi 
26 , 8 min
 210 Pb 
; 19, 9 min

125
Figura 131. Atividades do nuclídeo mãe e dos nuclideos filha para
desintegração seqüencial de 218Po.127

126
7. Os tipos de desintegração

7.1. Exposição geral


A Tabela 35 enumera as varias formas da desintegração radioativa. Em
geral um núcleo instável pode emitir partículas como partículas , elétrons e
pósitrons ou em casos raros prótons ou nêutrons. Alternativamente à emissão
de um pósitrons o núcleo instável pode se transformar por captura de elétrons.
Em geral o nuclídeo filha formado pela emissão duma partícula ou pela
captura de elétron encontra-se num estado excitado e a energia de excitação é
liberada em forma de radiação , o qual ocorre em geral dentro de 10 -16 – 10-13 s
depois da emissão da partícula. Em alguns casos, porém a transição do estado
excitado para o estado fundamental do núcleo é “proibida” e a desintegração
desse estado metaestável por emissão de radiação , conhecida como
transição isomérica (IT ou I) ocorre independente da desintegração do
nuclídeo mãe com tempos de meia vida variando entre nanosegundos (por
exemplo, 256mFm, t½ = 70 ns) ou anos (por exemplo, 242mAm, t½ = 141 a).
Alternativamente a energia do estado excitado pode ser transferida para um
elétron da camada eletrônica, uma vez que a densidade de probabilidade
elétrons s no núcleo 2  0. Este efeito de transferência da energia do núcleo a
um elétron de conversão é conhecido como conversão interna (IC = internal
conversion) e os elétrons de conversão devem ser distinguidos de elétrons de
Auger onde a energia de um -quanto emitida pelo núcleo é transferida por um
efeito de foto interna a um elétron da camada eletrônica.

Tabela 35. Tipos de desintegração radioativa.

Tipo de
Símbolo Radiação emitida Observações
dsintegração
Preferencialmente para
Radiação   Núcleos de hélio
4
2 He 2
Z > 83
Em baixo da linha de
- Elétrons
0
e
Radiação 
1
estabilidade 
0 
+ Pósitrons 1 e
Acima da linha de
Raios-X característicos do estabilidade 
Captura de elétrons 
nuclídeo filha
Em geral depois (10-16 –
Radiação   Fótons (h) 10-13 s) da desintegração
 ou 
Estados excitados
metaestáveis
Transição isomérica I Fótons (h)
(preferencialmente abaixo
de números mágicos)
Preferencialmente para
Elétrons de conversão e
Conversão interna e- energias de excitação
raios-X característicos
baixa (< 0,2 MeV)
Longe da linha de
Radiação de próton p Prótons
1
p
1
estabilidade 
Preferencialmente para
Fissão espontânea sf Produtos de fissão e nêutrons
A > 245

127
Além desses tipos de desintegração observa-se para nuclídeos com A 
232 a fissão espontânea. Para núcleos mais leves processos como
desintegração  ou  são preferenciais. Por exemplo, para 238U observa-se
somente uma fissão espontânea por 1 milhão de desintegrações . A
probabilidade da fissão espontânea aumenta com a massa do nuclídeo e para
250
Cm, por exemplo, observa-se exclusivamente fissão espontânea como um
tempo de meia vida de 9700 a.

7.2. Desintegração 

7.2.1. Energia e esquema da desintegração 


Desintegração  observa-se principalmente para nuclídeos pesados e
pobres em nêutrons. O nuclídeo mais leve para qual se conhece desintegração
 é 106Te com um tempo de meia vida de 0,06 ms. Como ilustra a Equação 55 a
energia liberada pela desintegração  se distribua em três partes: a energia
cinética da partícula  (E), a energia de excitação do nuclídeo filha (Ee) e a
energia de recuo (Er) dada na Equação 56. A energia total liberada numa
desintegração  varia entre 1,8 MeV para a desintegração do 144Nd e 11,7 MeV
para a desintegração do 212mPo.
A maior dessas energias é a energia E. Devido à massa relativamente
alta da partícula  esta transfere parte da energia cinética como energia de
recuo ao núcleo filha. Esta energia de recuo pode ser suficientemente grande
para deslocar o nuclídeo filha da sua posição original na amostra. Em caso de
filhas radioativas esta possível deslocação do nuclídeo deve ser considerada
nas medidas de proteção contra a radiação ionizante.

Equação 55. Energia liberada na desintegração .


E t  E  E e  E r

Equação 56. Energia de recuo na desintegração .


 m 
E r  E 1    com m N  massa do núcleo filha
 mN 

No principio podem-se distinguir os três modos de desintegração ,


ilustrado na Figura 132.
(a) Desintegração  do estado fundamental do nuclídeo mãe para o
estado fundamental do nuclídeo filha;
(b) Desintegração  do estado fundamental do nuclídeo mãe para
estados excitados do nuclídeo filha;

128
(a)

(b)

(c)
Figura 132. Esquema de desintegração  para: (a) 210
Po;128 (b) 212
Bi;Error:
Reference source not found (c) 212Po129

129
(c) desintegração  de estados excitados do nuclídeo mãe para o
estado fundamental do nuclídeo filha (preferencialmente para
nuclídeos para – par e A < 240).
Os esquemas da Figura 132 mostram que a transição entre os diversos
estados do nuclídeo mãe e do nuclídeo filha resulta na emissão de partículas 
com energias discretas, indicadas nos esquemas. Também indicada nos
esquemas da Figura 132 são as diferentes probabilidades para as transições
entre os diversos estados do nuclídeo mãe e do nuclídeo filha.
Assim o espectro de uma desintegração  mostra picos de energias
discretas cuja intensidade corresponde à probabilidade da desintegração para
um estado excitado definido como mostra a Figura 133 para 235U.

Figura 133. Espectro da radiação  de 235


U.Error: Reference source not
found

130
7.2.2. Regra de Geiger – Nuttall
Existe uma relação empírica entre o alcance da radiação  no ar, que
por sua vez é uma função da energia cinética, e o tempo de meia vida do
respectivo nuclídeo criada em 1911 por Geiger (Figura 27) e Nuttall, que
observaram que a energia cinética de partículas  aumenta com a diminuição
do tempo de meia vida do nuclídeo.

Equação 57. Regra de Geiger-Nuttall para: (a) constante de desintegração


l (b) tempo de meia vida t½.
(a ) log   a´log E  b´
(b) log t 1  b´´ a´´log E
2

Com esta regra a constante de desintegração  ou o tempo de meia vida


t½ pode ser estimados com a Equação 57 a e b, respectivamente, onde b´ e b´´
são constantes gerais e a´ e a´´ constantes dentro de uma das seqüências de
desintegração como as do urânio e do tório (ver parágrafo 4.2.3, página 67).
Exemplos para a regra de Geiger-Nuttall são ilustrados na Figura 134.

(a)

131
(b)

(c)
Figura 134. (a) Relação Geiger-Nuttall para as famílias de desintegração
(4n + 2), (4n) e (4n + 3); (b) diversos nuclideos par – par; 130 (c) para os
isótopos de urânio.Error: Reference source not found

132
7.2.3. Efeito de tunelamento
O tempo de meia vida para a desintegração  varia entre 10-7 s para
213
At e 21019 a para 209Bi1 e as energias observadas para radiação  variam
entre 3,1 kev e 9,08 Mev. Estas energias, porém são menores que a energia de
Coulomb que deve ser superado no processo inverso, esquematizada na
Figura 135, que corresponde a adição de uma partícula  a um núcleo e que
pode ser estimado pela fórmula dada na Equação 58. Isto indica que na
desintegração  a partícula emitida não precisa superara a barreira de energia
dado pelo potencial de Coulomb (Equação 58). Tal emissão de partículas sem
vencer a barreira de energia é na física clássica “proibida”.

Figura 135. Decurso do potencial para desintegração .131

1
Pierre de Marcillac et al, Experimental detection of alpha-particles from the radioactive decay
of natural bismuth, Nature 422, 876–878 (24. April 2003),

133
Equação 58. Estimação do potencial de Coulomb para adição de
partículas  a um núcleo.
Z núcleo Z 
VCoulomb  [ MeV ]
3
A

Que a desintegração  é possível, embora “proibida” na física clássica


pode ser explicada com a mecânica quântica. Devido ao movimento dos
núcleons no núcleo na borda do núcleo podem-se formar estruturas
semelhantes a uma partícula , o qual libera sua energia de ligação e excita o
núcleo (quasistationärer Zustand em Figura 135). Neste estado excitado a
partícula  pode passar pela barreira de energia com o processo de
tunelamento, esquematizado na Figura 136 para uma barreira de energia
retangular.
Esta Figura representa o decurso da parte real da função de onda para
uma partícula é mostra que o mesmo é diferente de zero não somente na
barreira de energia, onde seu valor decresce continuamente, mas também fora
da barreira, ou seja, fora do núcleo. Como o quadrado da função de onda
corresponde a densidade da probabilidade este resultado mostra, que há uma
probabilidade finita para a existência da partícula  fora do núcleo, ou seja,
para sua desintegração.

Figura 136. Decurso da parte real da função de onda para uma partícula 
com uma barreira de energia retangular. 132
Em concordância com a regra de Geiger – Nuttall a mecânica quântica
mostra também que uma grande probabilidade para o tunelamento resulta

134
numa alta energia das partículas , e em geral não se observa desintegração 
se a energia cinética da partícula seria muito menor que 2 MeV.

7.3. Desintegração 

7.3.1. Emissão de partículas -


Em 1914 foi descoberta, que núcleos instáveis podem emitir elétrons
aumentando assim o número de ordem em 1 sem mudança do número de
massa. Em geral o tempo de meia vida para a desintegração  varia entre
8,7 ms para 11Li e 7,21024 a para 128Te e a energia máxima da desintegração -
entre 2,6 keV para 187Re e 20,4 MeV para 11Li.
Embora tanto o núcleo mãe como o núcleo filha possuam energia
definidas o espectro energético dos elétrons emitidos é continuo como mostra
Figura 137 para as partículas - emitidas por 32P. O máximo da energia de 1710
keV observada no espectro mostrado nesta Figura é a diferença de energia
entre o nuclídeo mãe e o nuclídeo filha e a emissão de elétrons com energias
menores aparentemente fere a lei da constância de energia (massa).

Figura 137. Espectro  - de 32


P (t½ = 14,3 d).Error: Reference source not
found

Também a constância do spin é aparentemente não realizada na


desintegração . O nuclídeo 32P, por exemplo, possua um spin de 1 e o
nuclídeo filha 32S um spin de 0. Como o elétron emitido possua somente um
spin de ½ sua emissão não pode explicar a diferença entre os spins dos dois
núcleos. Para explicar estas contradições da desintegração  Pauli (Figura
138) postulou em 1930 a participação de mais uma partícula com um spin de ½
que seria emitida simultaneamente com o elétron e o qual recebia parte da
energia liberada na transmutação do nuclídeo mãe no nuclídeo filha. Com esta

135
partícula adicional, hoje conhecido como anti-neutrino a desintegração de um
nêutron no núcleo ou de um neutro livre pode ser descrito pela Equação 59.

Figura 138. Wolfgang Ernst Pauli (1900 – 1958).133

Equação 59. Desintegração  - de um nêutron formando um próton, um


nêutron e um anti-neutrino.
n  p   e  

Estes anti-neutrinos são partículas neutras com um spin de ½ e massa


desconhecida entre 0 e no máximo 2 eV ou seja menor que 3,610-33 g. Devido
a falta de massa e carga anti-neutrinos e neutrinos mostram somente uma
pequena interação com a matéria e são portanto dificilmente detectáveis. Mas
em 1956 Cowan e Reines (Figura 139) poderiam observar indiretamente a
interação do anti-neutrino com a matéria utilizando a desintegração  inversa,
mostrada na Equação 60.

Equação 60. Desintegração  inversa.


  p  n   

136
Figura 139. Direita: Clyde Lorrain Cowan jr. (1919 – 1974); esquerda:
Frederick Reines (1918 – 1998). Error: Reference source not found

O principio do experimento é ilustrado na Figura 140. Como fonte de


anti-neutrinos usava-se um reator nuclear e como detector dois tanques
contendo uma solução aquosa de cloreto de cádmio (A e B em Figura 140b).
Na reação de um anti-neutrino com um dos prótons da água, espera-se
segundo a Equação 60 a formação de um nêutron n e um pósitron +. O
pósitron com anti-partícula reage com um dos elétrons ubíquos formando dois
quanta com a energia de 0,511 MeV emitidos a partir da aniquilamento num
ângulo de 180 ° que são detectados em coincidência pelos detectores de
cintilação, tanques (I – III na Figura 140b) contendo 1400 L da solução de
cintilação e equipados com 55 tubos de multiplicadores de fótons posicionados
acima e abaixo dos tanques A e B.
O nêutron por sua vez é moderado pela água até ele é capturado por um
núcleo de 113Cd (freqüência relativa 12,22 %, n,= 20760,0 barn1). Assim a
mediação da coincidência entre o aniquilamento do pósitrons e a emissão da
radiação  do 114Cd retardada em 5,5 s prova a reação entre um anti-neutrino
e um próton e assim a existência do primeiro.

1
n. para 235U = 98,38 barn.

137
Considerando a massa do anti-neutrino como zero a balança energética
da desintegração - (zA  z+1B + e-) mostra que a mesma é possível se m =
mA – mB possua um valor positiva.

(a)

(b)
Figura 140. (a) Esboço do principio experimental para detecção do anti-
neutrino, (b) esboço do detector usado para detecção do anti-neutrino. 134

138
7.3.2. Emissão de partículas +
Enquanto prótons livres são estáveis prótons em núcleos com excesso
de prótons podem desintegrar pela emissão de um pósitron (+) e se
transformar em um nêutron como mostra Equação 61. Pelas mesmas razões
discutidas para a desintegração - a desintegração + é acompanhado da
emissão de uma partícula adicional o neutrino que como o anti-neutrino não
possua massa nem carga e um spin de ½, e qual carrega parte da energia
liberada. Por isso observa-se, como mostra a Figura 141 para a desintegração
+ de 13O uma distribuição continua da energia das partículas + como no caso
da desintegração -.

Equação 61. Desintegração  +.


p   n  e  

Figura 141. Espectro  - de 13O (t½ = 8,9 ms).135

Os pósitrons emitidos possuam um tempo de vida curta e perdem


rapidamente sua energia cinética pelo impacto com partículas da sua
vizinhança. No caso de um encontro com um elétron, que acontece e
geralmente em um período menor que um segundo a massa do elétron e do
pósitron se transformam pelo aniquilamento em dois quanta com energia de
0,511 MeV que são emitidos num ângulo de 180°.

139
A desintegração + (zA  z-1B + e+ + e-) é possível se m = mA – mB – me+
- me- possua um valor positiva. Em geral o tempo de meia vida para
desintegração + varia entre 8,9 ms para 13O e 1,41017 a para 50V, e a energia
máxima da desintegração + entre 300 keV para 138La e 16,7 MeV para 13O.

7.3.3. Captura de elétron 


Como é esquematizada na Equação 62 um próton de um núcleo pode se
transformar em um nêutron pela captura de um elétron de um orbital s, os quais
possuam uma probabilidade de densidade finita dentro do núcleo. Como não
há emissão de um pósitron e liberação de um elétron como é o caso na
desintegração + a desintegração  é possível se m = mA – mB possua um
valor positiva. A comparação com a balança de energia da desintegração +
revela que para 0 < m < 1,02 MeV somente a captura de elétrons é possível,
como por exemplo para 55Fe.

Equação 62. Captura de elétron ().


p   e   n 

Em geral pode se dizer que com o aumento de m a probabilidade de


desintegração + em relação à desintegração  aumenta, enquanto para
diferenças de massas pequenas a probabilidade para a desintegração 
aumenta. Isto pode ser explicado com o fato a diferença de massa entre
nuclídeo mãe e nuclídeo filha é pequena para núcleos pesados. Estes núcleos
possuam alta carga nuclear a qual aumenta a densidade de probabilidade dos
elétrons perto do núcleo e assim aumenta a probabilidade de captura de um
elétron.

7.3.4. Regras de seleção para desintegração  e 


A probabilidade da transição  e  pode ser estimada pelo fator f t½
conhecido como valor f t que assume valores baixos para transmutações
permitidos e valores altos para transmutações proibidas e que é calculado com
métodos quantomecanicos. Valores aproximados para f podem ser estimados
para os diversos tipos da desintegração  com a Equação 63. Nesta Equação
E é a energia da desintegração em MeV e Z é o número de ordem do
nuclídeo. A razão f ()/ f (+) indica a razão aproximado entre a captura de
elétron e a desintegração +, que aumenta com o aumento de Z e a diminuição
de E.
Uma classificação das transmutações  é enumerada na Tabela 36. Os
valores menores para f t são observados para nuclídeos de espelha, ou seja,
nuclídeos que devido à transmutação  trocam o número de seus prótons e
nêutrons como no exemplo mostrado no Esquema 26. Estas transformações
são conhecidas como transformações favorecidas.

Equação 63. Estimação do valor f para desintegração .

140
(a) log f (   )  4,0 log E  0,78  0,02 Z  0,005( Z  1) log E
2
 E 
(b) log f (   )  4,0 log E  0,79  0,007 Z  0,009( Z  1) log 
 3 
(c ) log f ( )  2,0 log E  5,6  3,5( Z  1)

Esquema 26. Transmutação de nuclídeos espelhos.


  , t 1  64 ,8 s
17
9 F8  
2
 178 O9

Tabela 36. Classificação de transmutações e regras de seleção.136

L Mudança de
Classificação
*
I†
paridade
log f t Exemplo
2,7 – N, 3H, 11C, 13N, 15O,
Permitido (favorecido) 0 0 não 17
3,7 F
12
0 ou B, 12N, 35S, 64Cu,
Permitido (normal) 0 não 4–7 69
1 Zn
14
Permitido (proibido-l) 2 1 não 6–9 C, 32P
111
0 ou Ag, 143Ce, 115Cd,
1º proibido 1 sim 6 – 10 187
1 W
1º proibido (casos 38
1 2 sim 7 – 10 Cl, 90Sr, 97Zr, 140Ba
especiais)
36 99 135
Cl, Tc, Cs,
2º proibido 2 2 não 11 – 14 137
Cs
2º proibido (casos
2 3 não  14 10
Be, 22Na
especiais)
87
3º proibido 3 3 sim 17 – 19 Rb
3º proibido (casos 40
3 4 sim 18 K
especiais)
4º proibido 4 4 não  23 115
In

Como no caso da desintegração  a transformação do nuclídeo mãe por


desintegração  pode ocorrer diretamente para o estado fundamental do
nuclídeo filha como, por exemplo, na desintegração -/+ de 64Cu em 64Zn ou
64
Ni (Figura 142a). Por outro a desintegração  pode resultar em um estado
excitado do nuclídeo filha, como por exemplo, a captura de elétron  do 64Cu
para 64Ni (Figura 142a) ou a desintegração - de 46Sc para 46Ti (Figura 142b).

141
(a)

(b)
Figura 142. Esquema de desintegração  de: (a) 64Cu, (b) 46Sc.137

142
7.4. Desintegração 

7.4.1. Tipos de radiação e regras de seleção


As Figura 132b e a Figura 142 mostram que, em geral, a desintegração
 ou  não ocorre para o estado fundamental do nuclídeo filha, mas para um
estado excitado. Para alcançar o estado fundamental o núcleo deve perder
energia emitindo fótons (radiação ) com energias variando entre 5 e 7000 keV.
Esta emissão de fótons, semelhante à emissão de luz por elétrons excitados na
camada eletrônica de um átomo, acontece com quantos discretos, e segue
como no caso da emissão de luz por átomos excitados regras de seleção.
Na eletrodinâmica clássica a emissão de energia é causada pela
mudança da distribuição de carga no sistema e o tipo de radiação mais simples
é a radiação de dipolo elétrico, que na eletrodinâmica clássica é causada pela
vibração harmônica de uma carga. Nas transições dentro da camada eletrônica
de um átomo se observa somente radiação de dipolo elétricos (E 1), enquanto
outros tipos de radiação multipólos (2 l) magnéticos (Ml) ou elétricos (El),
possuam uma probabilidade pequena, ou seja, são “proibidos”. Estes tipos de
radiação não são observados para transições eletrônicas mesmo se a radiação
de dipolo elétrico também é proibida, por que na camada eletrônica de um
átomo o elétron pode perder sua energia por outros processos como, por
exemplo, processos de impacto.
Para núcleos atômicos a interação com o meio ambiente é menor e
perda de energia é somente possível pela emissão de um fóton (radiação )
emissão de elétrons de conversão (7.4.3) ou formação de um par de pósitron –
elétron. Assim um núcleo pode perder sua energia, caso a emissão de radiação
de dipolo elétrico seja “proibida” pela emissão de radiação multipólo elétrico (E l)
ou magnético (Ml).
As probabilidades para emissão de radiação de multipólo elétrico (E) ou
multipólo magnético (M) se pode calcular pela Equação 64 e Equação 65,
respectivamente, determinando o fator S com a Equação 66. Nestas Equações
r0A⅓ é o raio do núcleo (r0 = 1,414 fm; ver Equação 20), A é o número de
massa e E é a energia da radiação . A Tabela 37 enumera os tempos de meia
vida calculados com a Equação 64 e a Equação 65 para radiação de múltiplo
elétrico ou magnético para diversas energias junto com as mudanças do spin
nuclear e da paridade observadas entre os estados excitados e o estado
fundamental.

Equação 64. Constante de desintegração para radiação de multipólo


elétrico.
2 L 1
2L
 E 
 E  2,4  S   r0 A 3  
1
  10 21 ( s 1 )
   197 

Equação 65. Constante de desintegração para radiação de multipolo


magnético.

143
2 L 1
23  r A 13 
2L
 E 
 M  0,55  S  A    10 21 ( s 1 )
 0   197 

Equação 66. Fator S da Equação 64 e da Equação 65.


2
2( L  1)  3 
S  
L[1  3  5  ...  ( 2 L  1)]  L  3 
2

Tabela 37. Tempo de meia vida para transições  calculado com a


Equação 64 e a Equação 65.138

Tipo de Mudança do P† Tempo de meia vida (s) para energias de:
radiação spin orbital 1 MeV 0,2 MeV 0,05 MeV
L*
E1 1 Sim 210-16 310-14 210-12
M1 1 Não 210 -14
210 -12
210-10
E2 2 Não 110 -11
310 -8
310-5
M2 2 Sim 910 -10
310 -6
310-3
E3 3 Sim 710 -7
610 -2
9102,**
M3 3 Não 710 -5
5 8104,††
E4 4 Não 810 -2
210 5,‡
41010,‡‡
M4 4 Sim 7 110 7,§
41012,§§
*Mudança do número de spin orbital; †P = mudança de paridade; ‡56 h; §116 d; **15 s;
††
22 min; ‡‡1270 a; §§126752 a.

Como um quantum de radiação  (fóton) possua um momento angular


mínima l = 1 para os spins nucleares do estado excitado (I1) e do estado
fundamental (I2) devem valer as condições mostrados na Equação 67a.

Equação 67. Regras de seleção para radiação .


(a ) I1  I 2  l  I1  I 2 ; m  m1  m2

 1  (1)l  2 para radiação El


(b)
 1  (1)l 1 2 para radiação M l

Os dois casos extremos para esta regra de seleção em respeito ao spin


nuclear são mostrados na Figura 143.

144
Figura 143. Casos extremos para mudança do spin nucelar durante a
desintegração .139

Na realidade se observa as transições com l mínima, o que se explica


pelo fato que a probabilidade de transição depende do fator (r0A⅓E)2L (ver
Equação 64 e Equação 65). Como r0A⅓ é o raio R do núcleo e a energia E
inversamente proporcional a comprimento de onda  da radiação emitida uma
mudança da ordem do multipólo diminua a probabilidade de transição em
(R/)2. Para um raio típico de 6 fm (A = 125) e radiação  de 0,5 MeV ( = 400
fm) a probabilidade de transição diminua com um fator de 2,2510-4 para a
mudança de E1 para E2, por exemplo.1 Portanto na maioria das transições a
regra de seleção pode ser simplificada para l = I1 – I2. Como não existe
radiação com l = 0 a transição entre estados com o spin nuclear igual 0 não
pode ocorrer pela emissão de radiação  e a energia do núcleo é transferida
para um elétron da camada eletrônica resultando na emissão de um elétron de
conversão (ver parágrafo 7.4.3).
Além da constância do spin a paridade também não deve mudar pela
transição entre o estado excitado e o estado fundamental. Para a radiação de
multipólo elétrico a paridade é (-1)l e para radiação de multipólo magnético
(-1)l+1. Assim a paridade entre o estado excitado e o estado fundamental deve
seguir as regras mostradas na Equação 67b.

7.4.2. Exemplos de esquemas de níveis de energia para diversos tipos


de núcleos
A Figura 144 mostra como exemplo a desintegração dos nuclídeos 209Tl
e Tl que por desintegração - formam os respectivos isóbaros 209Pb e 208Pb.
208

Saliente no espectro de 208Pb é a grande diferença entre o 1º estado excitado e


o estado fundamental, que reflete o fato que o núcleo de 208Pb com 82 prótons
e 126 nêutrons é um núcleo duplamente mágico, ou seja, de alta estabilidade
(ver parágrafo 5.3, página 99).

1
Na camada eletrônica do átomo R = 1 Å, assim a radiação emitida possua um comprimento
de onda = 800 Å e a diminuição da probabilidade de E1 em relação a E2 é de 1/800 = 1,610-6.

145
Figura 144. Diagramas dos níveis de energia da desintegração  de 208
Tl e
209
Tl.140

7.4.3. Isômeros nucleares (Internal Transition)


A Tabela 37 mostra que o tempo de meia vida para transições  pode
varia entre 210-16 – 41012 s, ou seja, de 0,1 fs ate 126754 a. Em geral a
desintegração  acontece em torno de 10-13 s depois da desintegração  ou 
precedente. Em alguns casos a desintegração  ou  ou uma reação nuclear
como, por exemplo, a captura de nêutrons térmicos pode resultar num estado
excitado cuja transição para o estado fundamental é “proibida” e a respectiva
transição possua um tempo de meia vida acima de 10 -12 s. Neste caso observa-
se a emissão de radiação  independente do processo que resultou na
formação do nuclídeo excitado com tempo de meia vida que pode varia entre

146
0,7 ns (214m Ra) e 241 a (192m Ir). Em alguns casos como, por exemplo, 192m Ir o
1 2 2

tempo de meia vida desses isômeros nucleares é maior que a do nuclídeo no


estado fundamental (192Ir, t½ = 73,83 d).
Calculando a constante de desintegração  com a Equação 64 e a
Equação 65, respectivamente, se observa que isômeros nucleares são
esperados se o estado excitado possua uma energia pouco acima do estado
fundamental e se seu spin nuclear difere bastante ao do estado fundamental.
Tais condições são observadas frequentemente embaixo dos números mágicos
50, 82 e 126 para Z e N, onde se pode observar “ilhas de núcleos isômeros”
como ilustra para Z = 82 e N = 126 o extrato da carta de nuclídeos mostrado na
Figura 145.

Figura 145. Extrato da carta de nuclídeos de Karlsruhe mostrando “ilha de


núcleos isômeros”.

O primeiro caso de um isômero nuclear foi observado por Hahn (Figura


45b) em 1921, mostrando a existência de dois estados de 234Pa, chamado na
época de UX2 e UZ. Ambos os isômeros são gerados pela desintegração  do
nuclídeo 234Th e o esquema de desintegração dos dois isômeros é mostrado na
Figura 146. Como pode ser visto nesta Figura o 234mPa desintegra com um
tempo de meia vida de 1,17 min, praticamente por completo, pela
desintegração - para o estado fundamental de 234U (98,6 %). Como mostram
as regras de seleção para a desintegração  na Tabela 36 esta transição é uma
transição primeira proibida com um valor log ft  6  9 , enquanto a transição
interna do 234mPa para o estado fundamental se observa mudança da paridade

147
e I = 4, o que corresponde à emissão de uma radiação M 4, caracterizado por
uma probabilidade pequena (somente 0,074 % da desintegração).

234
Figura 146. Esquema de desintegração de Pa e 234mPa.141

148
Figura 147. Esquema de desintegração de 80Br e 80mBr.142

Um outro exemplo para um núcleo isômero é mostrado no esquema de


desintegração de 80Br e 80mBr mostrado na Figura 147. Estes nuclídeos
isômeros resultam da captura de um nêutron pelo nuclídeo estável 79Br. Como
mostra a Figura 147 o 80Br desintegra com um tempo de meia vida de 17,4 min
pela desintegração - ou  em 80Kr ou 80Se, respectivamente, ambos transições
permitidos (ver Tabela 36). A transição  ou  do 80mBr, porém seriam transições
proibidas (ver Tabela 36) e são, portanto não observadas. Também a transição
do 80mBr para o estado fundamental por transição interna é somente possível
por radiação E4 ou M4 (ver Tabela 37) resultando num tempo de meia vida
relativamente alto de 4,42 h.

7.4.4. Transição sem radiação 

7.4.4.1. Elétrons de conversão (Internal Conversion)


Como o spin de fótons é diferente de 0 a transição de um estado
excitado como I1 = 0 para o estado fundamental I2 = 0 não é possível pela
emissão de quanta de . Neste caso a energia do núcleo é transferida a um
elétron da camada eletrônica do átomo resultando na emissão de um elétron
de conversão (e-) com uma energia discreta Ee = E – EL, onde E é a diferença
de energia entre o estado excitado e o estado fundamental e EL a energia de
ligação do elétron emitida. Dependendo a camada de origem do elétron de
conversão diferencia-se conversão K, conversão L etc. Um exemplo para uma
transição para o estado fundamental praticamente somente pela emissão de
elétrons de conversão (99,97 %) é observada para 75mGe, obtido pela captura
de nêutrons pelo nuclídeo estável 74Ge. Alternativamente o nuclídeo isômero
75m
Ge mostra desintegração - (0,03 %) para o nuclídeo estável 75As.

149
A emissão de elétrons de conversão também se observa como um
processo alternativo simultaneamente com a emissão de quanta  e aumenta
nesse caso a probabilidade de transição para o estado fundamental. Neste
caso a constante de desintegração  =  +e, onde  é a probabilidade da
radiação , que pode ser calculada pela Equação 64 e a Equação 65 e e a
probabilidade para o processo de conversão. Como foi discutido no parágrafo
5.6.3, página 114 o tempo de meia vida para a emissão de elétrons de
conversão depende da densidade de elétrons na camada eletrônica, ou seja,
do estado químico do elemento. Isto mostra que a emissão do elétron segue da
interação do núcleo excitado com a camada eletrônica é não da transferência
de um quantum  primeiramente emitida pelo núcleo para um elétron.
Para a mesma transição energética a razão entre o número de elétrons
de conversão e o número de quanta emitida é chamada de coeficiente de
conversão . Como os elétrons convertidas podem surgir das diversas
camadas K, L, M etc. podem-se definir para cada camada um próprio
coeficiente de conversão como mostra Equação 68. A denominação dos
elétrons de conversão segue o mesmo esquema utilizado na espectroscopia de
raios-X (fluorescência de raios-X) ilustrado na Figura 150b, página 152.

Equação 68. Coeficientes de conversão.


N e N e
K  K
; L  L
etc.
N N

O calculo dos coeficientes de conversão é complicado, mas K pode ser


estimado com a Equação 69. Esta Equação revela que os coeficientes de
conversão aumentam com o número de ordem Z do núcleo e diminuam com o
aumento da energia de transição E. Por exemplo, para energia E = 50 keV os
coeficientes L para Z = 33 e Z = 92 são 0,65 e 8,9105, respectivamente,
enquanto os respectivos valores para E de 500 keV são 210-4 e 1,85.

Equação 69. Coeficiente de conversão  K como função de Z e E.


l 5
4
 e2  l  2m e c 2 

2
K  Z 3  
 c  l  1  E  

7.4.4.2. Criação de pares


Um outro tipo de transição energética de um núcleo pode se observar
para energias de transição maiores de 1,022 MeV. Neste caso há a
possibilidade da formação de um par pósitron – elétron, ambos com uma
massa de repouso de 5,485810-4 u = 0,511 MeV (compare Equação 25). A
soma da energia cinética do pósitron e do elétron é dada na Equação 70.
Como esta energia é distribuída aleatoriamente entre as duas partículas os
espectros dos pósitrons e elétrons emitidos são contínuos, semelhante aos

150
espectros da desintegração - e + mostrados na Figura 137 e na Figura 141,
respectivamente.

Equação 70. Energia cinética das partículas emitidas na criação de um


par.
Te   Te   E  1,022 MeV

Criação de um par pósitron – elétron é observado, por exemplo, na


desintegração de 16N, que pode ser gerado pela captura de nêutron pelo
nuclídeo estável 15N. Como mostra o esquema de desintegração dado na
Figura 148, 16N desintegra com um tempo de meia vida de 7,13 s para o
nuclídeo estável 16O e 0,012 % dessas desintegrações resultam no 1º estado
excitado de 16O. Os spins nucleares desse estado e do estado fundamental são
iguais a zero e ambos estados possuam a mesma paridade, e, portanto a
transição por emissão de quanta  não é possível. Assim a transição entre os
dois estados (E = 6,05 MeV) ocorre pela criação de um par de pósitron –
elétron.

Figura 148. Esquema de desintegração de 16N.143

7.4.4.3. Elétrons de Auger


Propriedades semelhantes aos elétrons de conversão, embora suas
origens sejam diferentes, se observam para os elétrons de Auger, denominado
pelo físico francês Auger (Figura 149).

151
Figura 149. Pierre Victor Auger (1899 – 1993).144

Caso um núcleo desintegra por captura de elétrons ou emissão de


elétrons de conversão surge uma lacuna de elétron nas camadas internas. Tais
lacunas de elétron são preenchidas por elétrons das camadas externas que
perdem energia pela emissão de raios-X, conhecida como radiação
característica da fluorescência de raios-X (ver Figura 150).

Figura 150. Florescência de raios-X (a) origem; (b) nomenclatura 145.

Auger descreveu em 1925 que alternativamente a diferença de energia


entre as duas camadas eletrônicas pode ser transferida para um outro elétron
da camada chamado elétron de Auger que é emitido como é esquematizado na
Figura 151. Os espectros dos elétrons de Auger mostram energias discretas
que dependem da energia do orbital do elétron capturado ou convertido (E1), do
orbital do elétron ocupando a lacuna deixada (E2) e do orbital do elétron (de
Auger) emitido (E3) e se calcula pela Equação 71. Como as diferenças de

152
energia na camada eletrônica do átomo são na faixa entre 12,4 – 248 keV e as
diferenças de energias no núcleo atômico acima de 25 keV elétrons de
conversão e de Auger podem ser diferenciados geralmente pela diferença de
suas energias.

Equação 71. Energias dos elétrons de Auger


EAuger = E1 – E2 – E3

Figura 151. Origem do efeito Auger.146

7.4.5. Exemplos de espectros observados


Como foi discutida no parágrafo acima a emissão de elétrons de
conversão e de Auger surge, com exceção de nuclídeos isômeros praticamente
simultaneamente com a desintegração  (ou ). No caso de desintegração,
os picos relativos às energias discretas dos elétrons de conversão (e de Auger)
são sobrepostos ao espectro continuo das partículas , como é esquematizado
na Figura 152.

153
Figura 152. Esboço de espectro de desintegração  com emissão
simultânea de elétrons de conversão. 147

Figura 153. Espectro  de 137Cs.148

A Figura 153 mostra como exemplo real o espectro de desintegração -


137
de Cs, cujo esquema de desintegração é ilustrado na Figura 154a. Como

154
mostra este esquema 137Cs desintegra emitindo partículas - com 94,4 % para o
estado excitado de 137mBa e com 5,6 % ao estado fundamental de 137Ba
(estável), estas transições correspondem ás energias máximas de 514 e
1176 keV, respectivamente.

137
Figura 154. Esquema de desintegração de CsError: Reference source
not found

O espectro energético contínuo das partículas -, correspondendo á


energia máxima de 541 kev, pode ser claramente observado no espectro de
137
Cs na Figura 153 e no espectro da Figura 155. A última mostra que a
intensidade da transição direta entre os estados fundamentais do nuclídeo mãe
e do nuclídeo filha é muito menor que a da transição estado fundamental –
estado excitado. Portanto a energia de 1176 keV não é observada na Figura
153, com escala de intensidade linear. Como a intensidade das partículas -
correspondendo à energia máxima é aproximadamente dez vezes menor (ver
Figura 155), estas não são observados no espectro dado na Figura 153.
Além disso, o esquema de desintegração de 137Cs (Figura 154) mostra
que o 137mBa desintegra emitindo radiação M4 com a energia de 661 keV. Um
pico com esta energia, mas de baixa intensidade é realmente observado no
espectro dado na Figura 153. Como a emissão de radiação M 4 possua uma
probabilidade pequena (ver Tabela 37) e devido à pequena diferença de
energia a transição de 137mBa  137Ba acontece principalmente pela emissão de
elétrons de conversão.
Para a emissão de elétrons da camada K a Equação 69 permite a
estimação K  5,3. Como revela Figura 153 a transição 137mBa  137Ba
realmente ocorre pela emissão de elétrons de conversão e K- e eL- e a diferença
entre seus máximas de energia observados e o pico de radiação  de 661 keV
corresponde a energia de ligação desses elétrons.

155
Por outro lado se observam as energias baixas em torno de 50 keV os
picos de fluorescência de raios-X. Eventuais elétrons de Auger, também seriam
observados nesta faixa de energia.

Figura 155. Espectro  de 137Cs.149

7.5. Fissão espontânea


Fissão espontânea de um núcleo foi primeiramente observada em 1940
por Flerov (Figura 156) como processo alternativo à desintegração . Fissão
espontânea de um núcleo atômico resulta na formação de dois fragmentos
nucleares e na liberação de nêutrons e radiação , como é esquematizado para
252
Cf no Esquema 27.

Esquema 27. Desintegração de 252Cf.


α,t 1  2,645a sf,t 1  85 a
248
96 Cm
2

 252
98 Cf  
2
 produtos de fissão  nêutrons  radiação 

Fissão espontânea é observado somente para números de massa A alta


(> 245) e sua probabilidade como alternativa para desintegração  aumenta
com o número de ordem Z. Por exemplo, para 238U a razão entre fissão
espontânea e desintegração  é aproximadamente 1 : 10 6, para 252Cf 3,2 % :

156
96,8 % e para 256Fm a probabilidade de fissão espontânea em relação a
desintegração  é 92 %. A Tabela 38 enumera os nuclídeos mostrando fissão
espontânea junto com os respectivos tempos de meia vida parciais.

Figura 156. Georgy Nikolayevich Flyorov (1913 – 1990).150

Tabela 38. Tempo de meia vida (t½) parcial para fissão espontânea.151

Nêutrons Nêutrons
Nuclídeo t½ (fissão) Nuclídeo t½ (fissão)
liberados liberados
230
Th  1,51017 a 249
Cf 6,51010 a
232
Th > 1021 a 250
Cf 1,7104 a 3,53
232
U  81013 a 252
Cf 85 a 3,764
233 254
U 1,21017 a Cf 60 d 3,88
234 253
U 1,61016 a Es 6,4107 a
235 254
U 3,51017 a Es 2440 a
236
U 21016 a 255
Es  3,3 ms
238
U 91015 a 2,00 244
Fm  20 s
237
Np > 1018 a 246
Fm  60 h
236
Pu 3,5109 a 2,22 248
Fm  10 a
238 250
Pu 51010 a 2,28 Fm 115 a
239 252
Pu 5,510115 a Fm 246 d
240 254
Pu 1,41011 a 2,16 Fm 1,2104 a 3,99
242 255
Pu 71010 a 2,15 Fm 2,63 h
244 256
Pu 6,61010 a 2,30 Fm 120 a 3,83
241
Am 2,31014 a 257
Fm 380 s 4,02
242m
Am 9,51011 a 258
Fm  30 h
243
Am 3,31013 a 257
Md 7,5 s
240
Cm 1,9106 a 252
No  9104 s
242
Cm 6,5106 a 2,59 256
No  1500 s
244 258
Cm 1,3107 a 2,76 No 1,2 ms
246 256
Cm 1,8107 a 3,00 Lr > 105 s
248 257
Cm 4,2106 a 3,15 Lr > 105 s
250
Cm 1,4104 a 3,31 258
Lr  20 s
249
Bk 1,7109 a 3,64 261
Rf  65 s
246 261
Cf 2,0103 a 2,85 Db 8s

157
Tabela 38. Tempo de meia vida (t½) parcial para fissão espontânea.

Nêutrons Nêutrons
Nuclídeo t½ (fissão) Nuclídeo t½ (fissão)
liberados liberados
248
Cf 3,2104 a

Como foi discutido no parágrafo 2.3.5, página 36 a fissão de um núcleo


pesado, como por exemplo, urânio (A  240) em dois fragmentos iguais libera
uma energia em torno de 200 MeV por núcleo fragmentado. Esta energia é
transformada em energia cinética e energia de excitação dos fragmentos. A
Figura 157 mostra que os fragmentos de fissão possuam um excesso de
nêutrons e mostram transmutação - que também contribua para a energia
liberado pela fissão. As contribuições das diversas formas para a energia
liberada na fissão de 235U são enumeradas na Tabela 39.

Figura 157. Núcleos formados (excesso de nêutrons) como produtos de


fissão de 235U.152

235
Tabela 39. Energia liberada na fissão de U.

Forma de energia Energia (MeV)


Energia cinética dos fragmentos de fissão 167
Energia cinética dos nêutrons liberados 5
Radiação  imediata 6
Desintegração - dos produtos de fissão 8
Radiação  dos produtos de fissão 6

158
235
Tabela 39. Energia liberada na fissão de U.

Forma de energia Energia (MeV)


Energia cinética dos anti-neutrinos liberados 12
SOMA 204

A Figura 158 mostra o decurso da fissão nuclear (espontânea). Esta


fissão tem o inicio na oscilação do núcleo entre a forma esférica e elipsoidal.
Devido à distorção e estrangulamento no centro do elipsóide o núcleo atinge a
forma de um haltere, com pelo menos um das partes com número de nêutrons
e prótons mágicos (Figura 158a). No segundo passo da fissão o núcleo quebra
em duas partes. Esta quebra pode acontecer na linha A (Figura 158a),
resultando em fragmentos de massa aproximadamente igual, mas de energias
de excitação diferente (fissão simétrica). Mais provável, porém e quebra do
núcleo na linha B (Figura 158a), resultando em fragmentos com massa
diferente, mas energias de excitação semelhante (fissão assimétrica). Quebra
na linha C (Figura 158a), resultaria em fragmentos de massa diferente e
energias diferentes.

159
Figura 158. Passos da fissão espontânea.153
Devido à repulsão eletrostática, que é muito maior que as forças
nucleares as duas partes se afastem, atingindo alta energia cinética (Figura
158b). Estes fragmentos altamente excitados emitem nêutrons (nêutrons
imediatos) e fótons (radiação  imediata) e às vezes partículas carregadas
como prótons ou partículas  (Figura 158c). Até este ponto o processo de
fissão decorreu em aproximadamente 10-15 s.
Estes produtos de fissão primários perdem sua energia de excitação
sofrendo várias transmutações -, acompanhadas de radiação  até a formação
de nuclídeos estáveis (Figura 158d). Caso os nuclídeos intermediários

160
possuam alta energia de excitação observa-se também a emissão de nêutrons
(nêutrons retardados). Devido à liberação de nêutrons durante o processo de
fissão nuclídeos que mostram fissão espontânea são utilizados como fonte de
nêutrons. Especialmente aplicado neste campo é 252Cf1 que libera em cada
fissão aproximadamente 4 nêutrons.

Figura 159. Barreia de potencial para fissão espontânea no modelo de


gotinha. 154

A fissão espontânea pode ser interpretada com o modelo da gotinha


considerando a energia de superfície e a energia de Coulomb (ver Tabela 33,
página 107). A força de Coulomb proporcional a Z(Z-1)A⅓ tenta de distorcer o
núcleo enquanto a força superficial proporcional a A⅔ tenta de manter o núcleo
na forma esférica. Devido ás distorções do núcleo resultando de oscilações a
força de Coulomb pode superar a força superficial é o núcleo é fragmentado
em duas partes. A relação x entre a força de Coulomb e a força superficial,
dado na Equação 72 é conhecido como parâmetro de fissão. A energia de um
núcleo como função de sua deformação no modelo de gotinha é mostrada na
Figura 159. Como revela esta Figura a o modelo simples da gotinha prevê uma
simples barreira potencial para fissão e a formação de fragmentos simétricos
pela fissão.

Equação 72. Parâmetro de fissão x.


Z ( Z  1) Z2
x 1 2

A 3A 3 A

1
Obtido em reatores nucleares pela captura sucessiva de nêutrons a partir de plutônio.

161
Figura 160. Tempo de meia vida para fissão espontânea de núcleos par –
par como função do parâmetro de fissibilidade Z2/A.155

Para núcleos par – par o tempo de meia vida parcial em respeito a fissão
espontânea como função do parâmetro x de fissão é mostrado na Figura 160.
Esta Figura mostra a tendência geral do aumento da probabilidade de fissão
espontânea com o aumento do parâmetro de fissão. Porém observa-se para
cada elemento um máximo para o tempo de meia vida. Também os tempos de
meia vida em respeito à fissão espontânea de núcleos par – impar, impar – par
e impar – impar são em diversos ordem de magnitude maior que os valores
extrapolados a partir dos valores observados para núcleos par – par (Figura
160). Este fato indica que o simples modelo da gotinha não permite a descrição
quantitativa da fissão espontânea.

162
Um outro fenômeno que não pode ser explicado com o simples modelo
da gotinha é a existência de isômeros de fissão. A Figura 161 mostra os
nuclídeos para quais são observados isômeros nucleares que desintegram
exclusivamente por fissão espontânea com tempos de meia vida na faixa de
nano- - micro-segundos.1 Por exemplo, para 242Am (t½ = 16 h; -,82,69 %; ,
17,29) existem dois isômeros 242mAm e 242nAm. O primeiro desintegra com um
tempo de meia vida de 141 a por transição interna (99,54 %), desintegração 
(0,459 %) e fissão espontânea (1,4910-8 %) enquanto 242nAm desintegra com
tempo de meia vida de 1,410-2 s exclusivamente por fissão espontânea.

Figura 161. Extrato da carta de nuclídeos de Karlsruhe, mostrando os


nuclídeos de Pu, Am, Cm e Bk como isômeros de fissão espontânea (sf).

A existência desses isômeros de fissão pode ser explicada utilizando um


modelo modificado que considera efeitos de camada. Como mostra Figura 162
esta modelo modificado possua uma barreira de fissão dupla é isômeros de
fissão são núcleos excitados que se encontram no 2º mínimo o qual possua
uma barreira de fissão menor.

1
Isômeros de fissão também são observados para 237Np, 236U, 244Pu, 245Am e 246Am.

163
Figura 162. Barreia de potencial para fissão espontânea no modelo de
gotinha modificado (barreira dupla).Error: Reference source not found

Figura 163. Distribuição de massa dos produtos da fissão espontânea de


257
Fm.156

164
O modelo de gotinha modificado por efeitos de camada pode também
explicar a fissão assimétrica na Figura 157 e na Figura 158c. Como revela a
Figura 159 o modelo simples da gotinha prevê a formação de fragmentos
simétricos pela fissão. Fissão simétrica, porém é observada somente
ocasionalmente na fissão espontânea de núcleos excitados como, por
exemplo, 257Fm, cuja distribuição de massa de fragmentos é mostrada na
Figura 163. Se a fissão é de 257Fm é induzido por nêutrons térmicos, ou seja,
depois do fornecimento de energia adicional a simetria dos fragmentos de
fissão aumenta ainda mais como mostra a Figura 164.

257
Figura 164. Distribuição de massa dos produtos da fissão de Fm
induzido por nêutrons térmicos.Error: Reference source not found

Em geral, porém, se observa uma fissão assimétrica, ou seja, a


formação de um núcleo mais leve e um núcleo mais pesados como mostram
para fissão espontânea os exemplos de mostrados na Figura 165 e somente se
a fissão é induzida por partícula de alta energia observa-se fissão simétrica
como mostram os exemplos da Figura 166.

165
(a)

(b)
242
Figura 165. Distribuição de massa dos produtos da fissão de: (a) Cm; 157
(b) 250Cm e 250Cf.158

166
Figura 166. Rendimento de fissão induzida para 206Pb e 226Ra.159

Utilizando o modelo modificado que considera além da força de Coulomb


e da superfície (modelo da gotinha) os efeitos de camadas pode se mostra ue a
fissão assimétrica possua uma barreira de fissão menor que a fissão
simmetrica, como é ilustrado na Figura 167 para os núcleos de 228Ra e 234U.

(a)

167
(b)
228
Figura 167. Fissão simétrica vs. fissão assimétrica para: (a) Ra; (b)
234
U.160

7.6. Outros tipos de desintegração

7.6.1. Shake-off
A desintegração - aumenta a carga nuclear Z em 1. Assim os elétrons
da camada são ligados mais e a diferença de energia deve ser transmitida de
alguma forma para o ambiente. Para cada unidade de carga esta diferença é
aproximadamente 22,8Z0,4 eV, o que resulta em geral numa pequena correção
da energia de desintegração. Em alguns casos, porém o rearranjo da camada
eletrônica pode resultar na expulsão de elétrons das camadas externas. Por
exemplo, na desintegração - de 23Ne (t½ = 37,2 s) em 23Na (estável) 71,9 %
dos átomos de 23Na possuam uma carga positiva, como é esperado para
desintegração -. Por outro lado observa-se que 17,5 % dos cátions possuam a
carga 2+ e 2,85 % a carga 3+, e alguns átomos podem mostrar cargas de até
6+. Efeitos semelhantes observam-se na desintegração de 39Ar  29K e 41Ar 
41
K e outros nuclídeos de gases nobres.

7.6.2. Emissão de prótons e nêutrons


Para núcleos com deficiência de nêutrons a energia de ligação para
prótons é tão pequeno que estes nuclídeos podem emitir um próton, indicado
pelo símbolo p. Nuclídeos mostrando desintegração p são, por exemplo, 112Cs
(t½ = 500 s), 131Eu (t½ = 26 ms), ou 145Tm (t½ = 3,5 s) que desintegram em
111
Xe, 130Sm, e 144Er, respectivamente. Por outro lado emissão de um próton é
observada como processo alternativo a desintegração  ou +, como por

168
exemplo, para os nuclídeos 160Re (t½ = 0,79 ms; p = 91 %;  = 9 %) e 156
Ta (t½ =
144 ms; p = 4,2 %; + = 95,8 %).
Para nuclídeos ricos em nêutrons a energia de ligação de nêutrons
externos é tão pequena (compare linha Bn = 0 na Figura 112, página 98), que o
núcleo pode emitir um nêutron transformando-se no isótopo com número de
massa igual A – 1. Este tipo de desintegração é indicado pela letra n e
exemplos de nuclídeos mostrando desintegrações n são enumerados na
Tabela 40.

Tabela 40. Nuclídeos mostrando desintegração n.

Nuclídeo t½ (s) Nuclídeo t½ (s) Nuclídeo t½ (s)


4 10 21
H 1,010 -22
He 2,710-21 C 3,010-8
5 10 24
H 8,010 -23
Li 2,010-21 N 5,210-8
6 12 25
H* 3,210-22 Li 1,010-8 º 5,010-8
5 13 28
He 7,610-21 Be 2,710-21 F 4,010-8
7 16 49
He 2,910-21 B 1,910-10 S 2,010-7
9 18
He 7,010-21 B 2,6110-8
*desintegração múltipla: 6H(3n)4H; 6H(4n)2H.

7.6.3. Emissão de núcleos pesados (clusters)


Primeiramente em 1984 foi observado para 223Ra que este nuclídeo,
além de desintegração  (núcleos de 4He) também emite núcleos de 14C
formando 209Pb, embora com uma probabilidade muito menor que a
desintegração  (C :  = 8,510-10;  = 7,0210-7 s-1). Além da emissão de 14C,
também foi provado a emissão de núcleos de 12C, 20O, 24Ne e 28Mg, e existem
indícios para a emissão de 23F e 32Si. Em geral a relação c :  varia entre 10-9
– 10-16. Os núcleos emitidos possuam números de ordem entre 6 e 14,
preferencialmente números pares e os nuclídeos filha são perto do núcleo
duplamente mágico 208Pb. De certa maneira a emissão de núcleos pesados é
um processo intermediário entre a desintegração  e a fissão espontânea.

Figura 168. Processos alternativos de desintegração observados para


234
U.161

169
Uma explicação para este processo pode ser o fato que os núcleos
pesados não são esféricos, o que facilita a separação de partículas esféricas.
Um exemplo da emissão de núcleos pesados como processo alternativo a
desintegração  ou a fissão espontânea mostra a Figura 168 para 234U, além de
desintegração a e fissão espontânea pode emitir núcleos de 28Mg ou 24Ne.

7.6.4. Desintegrações duplas e múltiplas


Desintegrações duplas são observadas para alguns nuclídeos com número de
núcleons par – par --instáveis, onde a desintegração - simples resultaria num
nuclídeo com número de núcleons impar – impar com uma energia maior.
Embora se suponha que desintegração - dupla pode ocorrer com muitos
núcleos par – par, ele é somente confirmado para alguns nuclídeos que não
podem desintegrar por mecanismos alternativos como por exemplo 128Te (t½ =
7,21024 a) ou 100Mo (t½ = 1,151019 a).
Em 2002 também para desintegração p foi observada a desintegração
dupla para o nuclídeo 45Fe que pode se transmutar com tempo de meia vida de
3,510-7 s por desintegração p em 44Mn ou por desintegração p dupla em 43Cr.
Um exemplo para desintegração dupla e múltipla do tipo n é o nuclídeo
6
H, cuja desintegração é mostrada na Tabela 40.

7.6.5. Desintegrações  retardadas


Em geral um núcleo excitado formado por desintegração  perde sua
energia pela emissão de quanta . Em alguns casos, porém o núcleo excitado
pode emitir um núcleon (próton ou nêutron) ou sofrer fissão espontânea. Estes
processos de desintegração retardada são indicados pelos símbolos n, p e
sf, respectivamente.

170
8. Medição de radioatividade

8.1. Eficiência da contagem de desintegrações


A atividade de uma amostra radioativa é definida como número de
desintegrações por unidade de tempo. Em geral a atividade de um nuclídeo
não pode ser medida diretamente, uma vez que a contagem de desintegrações
é influenciada por dois fatores principais:
1. Eficiência da contagem
2. Radioatividade natural (radiação de fundo)
Assim o número de desintegrações contadas I´ representa a soma da
atividade do(s) nuclídeo(s) corrigida pelo fator de eficiência  e do número dês
desintegrações causadas pela radiação de fundo I0, resultando na relação
atividade – desintegrações contadas expresso na Equação 73.

Equação 73. Relação desintegrações contadas/atividade.


I ´ A  I 0
I ´ I 0
 A

O fator de eficiência por sua vez é influenciado de:


1. Freqüência da desintegração medida em relação à atividade
(H);
2. Adsorção da radiação medida na própria amostra (S);
3. Reflexão da radiação medida (backscattering) (B);
4. Arranjo geométrico entre amostra e detector (G);
5. Adsorção da radiação no ar é na entrada do detector (W);
6. Eficiência interna de contagem do detector (i);
7. Correção para o tempo morto do detector (D).
Um exemplo para defase entre a desintegração medida expresso pleo
fator H, é a atividade se observa, entre outros, em casos de desintegrações
ramificados. Neste caso a atividade total de um nuclídeo (Equação 49, página
124) depende das constantes de desintegração de ambos os ramos de
desintegração, portanto na medição de um dos dois tipos de desintegração sua
relação ao processo de desintegração alternativo deve ser considerada para
determinação da atividade total.
Um exemplo para a adsorção da radiação na própria amostra é ilustrado
na Figura 169, que revela o aumento da adsorção e assim a diminuição da
eficiência da medição em função do fator S, com o aumento da espessura da
amostra.
A reflexão da radiação  pelo material da porta-amostra (B), que
aumenta o número de desintegrações contados em relação á atividade,
depende da energia máxima da radiação  e do número de massa do material
usado, como ilustra a Figura 170.

171
Figura 169. Adsorção de radiação  de 45Ca em CaCO3 na própria amostra
como função da espessura da amostra.162

Figura 170. Reflexão de radiação  como função da energia máxima e do


número atômica Z do refletor.163
A influência do arranjo geométrico entre amostra e detector G, uma
função do ângulo  formado entre entrada (janela) do detector e a amostra é
ilustrada na Figura 171.

172
Figura 171. Influencia do arranjo geométrico na eficiência da contagem de
desintegrações.164

Figura 172. Impulsos não contados como função do tempo morto do


detector.165
A adsorção W no ar e na janela do detector é como a adsorção na
própria amostra, alta para radiação  e menor para radiação  e . Portanto, a
medição de radiação  requer detectores com janelas finas.

173
A eficiência interna de contagem do detector 1 depende do tipo da
radiação de do detector e varia entre 0,01 er 1,0.
O tempo morto dos detectores D é o resultado que o mesmo necessita
um tempo de recuperação depois do registro de um evento até um novo evento
pode ser registrado. Tempos mortos prolongados na ordem de 100 – 500 s
são observados especialmente em contadores do tipo Geiger-Müller. A Figura
172 mostra o aumento do número de impulsos não registrados como função do
tempo morto do detector e do número dos impulsos registrados.
O fator de eficiência , necessário para determinar a atividade absoluta
de uma amostra pode ser calculado com a Equação 74.

Equação 74. Fator de eficiência de contagem.


  H  (1  S )  (1  B )  G  (1  W )  i  (1  D)

8.2. Métodos de medição de radioatividade

8.2.1. Métodos elétricos

8.2.1.1. Detectores de ionização


Considerações gerais
Como já indica o nome radiação ionizante é caracterizada pelo seu
potencial de ionizar a matéria com qual ela entra em contato. Esta ionização
pode ser aproveitada para detecção da radiação causando. O principio de um
detector de ionização é mostrado na Figura 173.

Figura 173. Princípio para medição de radiação ionizante. 166


Geralmente os detectores de ionização consistem em um cilindro
preenchido com gás e um diâmetro de alguns centímetros. A parede do cilindro
funciona com o cátodo e um fio central como ânodo. Dependendo do número
de pares de íons/elétrons chegando aos elétrodos, que é uma função do tipo

174
de radiação, da força do campo elétrico e da voltagem aplicado ao detector se
observa um impulso no circuito elétrico do detector.
Por exemplo, uma partícula a com uma energia de 38 MeV pode gerar
em ar aproximadamente 105 pares de íons/elétrons (energia de ionização de N 2
 38 eV), resultam em um pulso elétrico (multiplicação com a carga elementar)
de 10-14 C, que pode ser amplificado e registrado. Por outro lado a ionização
gerada por partículas b é em um fator de 10 3 menor, o que impossibilita sua
detecção. Aumentando a voltagem no detector as partículas ionizantes ( ou )
são aceleradas e este ganho de energia permite a geração de pares
íons/elétrons adicionais aumentando o impulso do detector.

Figura 174. Altura do pulso como função da força de campo. 167

A Figura 174 mostra a altura de pulso como função da força do campo


elétrico e revela a existência de três faixas de trabalho de detectores de
ionização que podem ser divididos em câmeras de ionização, contadores
proporcionais e contadores do tipo Geiger-Müller.

Câmeras de ionização
As câmeras de ionização trabalham numa faixa de campo elétrico que
permite o transporte de todas as cargas geradas aos elétrodos (50 –
200 V/cm). Assim a corrente detectada depende somente da intensidade da

175
fonte de radiação e é praticamente independente da tensão aplicada. A
vantagem das câmeras de ionização é a ausência de tempo morto, que permite
a mediação de altas atividades. Por outro lado, devido ao baixo número de
pares íon/elétron gerados por radiação  e  a aplicação de câmeras de
ionização é praticamente restrita a fontes de radiação .
Contadores proporcionais
O aumento da tensão aumenta como foi discutido acima, o número de
pares íon/elétron gerados no detector em um fator de 10 2 – 106, dependendo
do detector e do gás de preenchimento. Em geral usa-se em contadores
proporcionais um fluxo de metano ou gases nobres (Figura 175), e campos de
força entre 200 – 800 V/cm.

Figura 175. Contador proporcional de fluxo.168

Como mostra a Figura 175 contadores proporcionais podem ser


construídos sem janela entre a câmara de detecção e a amostra e assim
eliminando a adsorção da radiação na mesma. Assim o fator W em Equação 74
é igual 1 aumentando a eficiência  do detector. Como mostra a Figura 176
contadores proporcionais podem ser construídos com geometria 2  ou 4 
assim aumentando até 1 o fator G na Equação 74 e assim aumentando a
eficiência  do detector. O tempo morto de alguns s dos contadores
proporcionais é relativamente curto e permite a medição de altas atividades.
Como mostra Figura 177 o decurso diferente de rendimento de ionização de
raios  e raios  permite a distinção entre estes dois tipos de radiação pela
tensão aplicada no detector proporcional.

176
Devido aos estes fatos contadores proporcionais são amplamente
aplicadas para determinação de atividades absolutas de radiação  ou , mas
devido à baixa eficiência interna i de contadores proporcionais para radiação 
inadequados para mediação dessa radiação.

Figura 176. Contadores proporcionais com geometria 2  e 4 .169

Figura 177. Número de contagem para radiação  e  num contador


proporcional como função de tensão aplicada.170
Contadores Geiger-Müller
Se a força de campo de um detector de ionização é aumentada acima
de 900 V/cm a aceleração dos íons/elétrons aumenta a ionização secundária

177
em um fator 108 e a ionização em torno do ânodo atinge o volume total do gás.
Assim o sinal detectado é independente da ionização primaria causada pela
interação da radiação ionizante com o gás no detector. Aumento da força de
campo acima de 1400 V/cm, porém resulta numa descarga continua do
detector independente da presença de radiação ionizante.
A desvantagem de contadores Geiger-Müller é a geração de fótons
durante a neutralização dos elétrons no fio do ânodo. Este fato leva a ionização
do gás ao redor do ânodo que gera uma camada positiva ao seu redor
diminuindo a força do campo elétrico a um ponto que não permite mais a
contagem de novos eventos e somente depois de um tempo de 100 – 500 s
os íons atingem o cátodo onde causam a emissão de elétrons secundários
desengatando uma nova descarga. Para diminuir este tempo morto contadores
Geiger-Müller necessitam providencias de diminuir a influência negativa dos
íons positivos.
Em geral adiciona ao gás no contador Geiger-Müller metanol ou bromo
para suprimir a descarga continua. Estes gases possuam uma menor energia
de ionização que o gás de contagem (gases nobres) cujos íons podem
transferir a carga para o gás de supressão cujos cátions porem não são capaz
de iniciar o disparo de novas ionizações.
Além do tempo morto relativamente longo os contadores Geiger-Müller
são equipados com janelas que impedem a detecção de radiação  e  de
baixa energia e também não permitem a discriminação da energia e detectam
radiação  somente com uma eficiência interna i de no máximo 1 %. Por outro
lado eles não necessitam amplificação adicional do sinal sua construção
simples permite a construção de variações para uma ampla faixa de aplicações
como mostra a Figura 178.

Figura 178. Variações de contadores Geiger-Müller. 171

178
8.2.1.2. Detectores de semi-condução
Detectores de semi-condução são semelhante ás câmeras de ionização
ou detectores proporcionais e medem a radiação através de cargas geradas no
detector posicionado entre dois elétrodos. Em vez de um gás, porem usa se um
sólido semicondutor em qual a radiação ionizante gerar pares de
elétrons/buracos pela promoção de elétrons da camada de valência para
camada de condução. Como material para detectores de semi-condução para
medição de radiação ionizante se usa silício, especialmente para detecção de
raios-X, ou germânio, para detecção de radiação .
A temperatura ambiente a zona proibida é 1,09 eV para Si e 0,79 eV
para Ge com energias para geração de um par eletro/buraco de 3,6 eV para Si
e 2,8 eV para silício que diminuam para aproximadamente 0,2 eV a 77 K. Estas
energias são muito menores que a energia de 35 eV, necessária para geração
de um par de íons nos detectores de ionização. Como conseqüência o número
de pares de cargas num detector semicondutor é muito maior que em
detectores de ionização é, portanto adequado para espectroscopia de todos os
tipos de radiação ionizante, incluindo radiação g e de raios-X. Detectores de
semi-condução também possuam um baixo tempo morto variando entre 0,1 ns
para 1 s (detectores Geiger-Müller 100 – 500 s).
O semicondutor do tipo HPGe (high-purity-Ge-detector) são produzidos
por difusão de Li (contato n) em uma camada de aproximadamente 0,5 mm de
espessura e implantação com aceleradores de B (contato p) em uma camada
de aproxiamadamente 0,3 mm). A este diodo se aplica uma tensão alta e a
migração dos elétrons e buracos de elétrons para os elétrodos gerar um
volume livre de cargas móveis. Para eliminar a excitação térmica de elétrons os
detectores de semi-condução devem ser resfriados com nitrogênio liquido a
77 K (-195,79 °C). Como mostra a Figura 179 detectores de semi-condução
podem ser construídos em diversos arranjos geométricos para o contato n e
contato p, para otimizar a eficiência do detector.

Figura 179. Formas de detectores de semi-condução.Error: Reference


source not found

179
A eficiência, ou seja, a probabilidade de detecção de um foton ou
partícula depende além do material e do arranjo geométrico do detector do
volume ativo, do tipo de contato, da capa de proteção e da energia do fóton ou
partícula. Para um detector HPGe com geometria co-axial a eficiência como
função da energia do fóton é ilustrado na Figura 180.

Figura 180. Eficiência de um detector HPGe com geometria co-axial.Error:


Reference source not found

Para evitar ou pelo menos diminuir a adsorção própria de radiação


detectores de semi-condução para espectroscopia  possuam um elétrodo
de ouro que permite a deposição dos radionuclídeos por eletrolise ou
deposição eletrolítica.
Na adsorção de radiação  no volume ativo do detector de semi-
condução se observam diversos efeitos que interferem com o resultado da
medição.
(1) O quantum  transfere toda sua energia a
um elétron do material do semicondutor (efeito fotoelétrico;
ver parágrafo 10.4.2.2, página 216) gerando pares
elétron/buraco cujo número é proporcional à energia do fóton
gerando um pico de fóton (photopeak na Figura 181);
(2) O quantum  transfere somente parte de
sua energia a um elétron do material do semicondutor (efeito
Compton; ver parágrafo 10.4.2.1, página 214). Assim a
perda de energia parcial gera radiação g com uma
distribuição continua que é registrado no espectro
(Compton-Kontinum na Figura 181) com um máximo
correspondendo a transferência máxima de energia entre

180
fóton é elétron por impacto central (Compton-Kante na
Figura 181);
(3) No campo elétrico do núcleo atômico um
quantum  com energia maior que 1022 keV possa criar um
par elétron/pósitron (ver parágrafo 10.4.2.3, página 217). O
pósitrons é aniliquilado, praticamente de imediato pela
reação com um elétron gerando dois quanta de 511 keV
(annihilation peak na Figura 181). Como a eficiência para
detecção de quanta  é muito menor que 100 %, é possível
que um ou os dois quanta do aniquilamento escapem do
detector resultando na detecção de picos de escape com
energias em 511 ou 1022 keV menor (single e double
escape peak na Figura 181) que a energia total (photopeak).

Figura 181. Influencia dos diversos efeitos de interação com a matéria ao


espectro de radiação  em detectores de semi-condução.Error: Reference
source not found

8.2.1.3. Detectores de cintilação


Considerações gerais
A interação de radiação ionizante com certos sólidos ou líquidos, como
as mostrados na Tabela 41 e no Esquema 28 transforma a energia da radiação
adsorvida em fótons na faixa de UV/vis. Estes fótons podem ser observados
diretamente ou transformados com fotocátodos ou multiplicadores de elétrons
secundários (fotomultiplicadores) em sinais elétricos como ilustra o esboço de

181
um detector de cintilação NaI mostrado na Figura 182. O número dos quanta
emitidos pelo cintilador é proporcional a energia das partículas adsorvidas e,
portanto permite medições espectroscópicos.

Tabela 41. Exemplo para cintiladores sólidos e líquidos e suas


propriedades.172

Altura Tempo de meia


Densidade  max Adequado
Cintilador relativa do vida do estado
(g/cm3) (nm) para:
pulso excitado (s)
Cristais inorgânicos
NaI(Tl) 3,667 410 210 0,175 Radiação 
CsI(Tl) 4,51 500 55 0,770 Radiação 
ZnS(Ag) 4,09 450 100 7 Radiação 
Cristais orgânicos
Antraceno 1,25 440 100 0,022
Trans-stilbeno 1,16 410 60 0,004 Radiação 
p-terfenil 1,23 400 40 0,004
Líquidos
p-terfenil em
- 355 35 0,0015
tolueno
Radiação de
2,5-
baixa energia
Difeniloxazois* em - 382 40 0,0021
tolueno
*ver Esquema 28

Esquema 28. Difeniloxazois utilizados em cintiladores líquidos.


CH3
H3C

N
O O
O

2,5-difeniloxazol 1,4-di-(2-(4-metil-5-feniloxazolil))benzeno

Figura 182. Esboço de um detector de cintilação NaI para


espectroscopia .Error: Reference source not found

182
Cintiladores sólidos
Como mostra a Figura 182 no exemplo de um detector NaI(Tl) os quanta
emitidos pelo cintilador geram no fotocátodo (Photokathode) elétrons (0,2 –
0,2 elétrons/fóton). Estes elétrons são acelerados pela tensão alta do elétrodo
de focalização (Fokussierelektrode) e quando atingem o 1º dínodo elétrons
secundários são gerados os quais são novamente acelerados e geram uma
nova geração de elétrons secundários no próximo dínodo. Com 10 – 14
dínodos o número de fotoelétrons pode ser multiplicado com um fator de 10 5 –
106.
Como cintiladores sólidos são utilizados iodeto de sódio dopado com
tálio (NaI(Tl)) para espectroscopia , ou iodeto de césio dopado com tálio
(CsI(Tl)) para espectroscopia , como também ZnS dopado com prata. Sólidos
orgânicos como monocristais de antraceno que possuam um curto tempo morto
são utilizados na espectroscopia . Em detectores para tomografia de emissão
de pósitrons se usam germanatos de bismuto (Bi 4Ge3O12) como detectores de
cintilização.
Cintiladores líquidos
Na espectrometria de cintilação liquida se usa como cintilador (4 – 8 g/L)
um composto orgânico dissolvido junto com a amostra em compostos
aromáticos como, por exemplo, tolueno, p-xileno ou dioxanos que possuam
uma alta densidade de elétrons  e, portanto são bons mediadores de energia
e adsorvem somente poucos fótons. Ao lado do frasco transparente com a
amostra encontram-se, em geral dois fotomultiplicadores, o que permite
medição em geometria 4 . Devido à mistura de detector e amostra na
espectrometria de cintilação liquida não há adsorção própria da radiação, nem
adsorção no ar ou na janela do detector e, portanto este método é muito
adequado para medição de radiação , e de radiação  de baixa energia como,
por exemplo, trítio (3H) ou 14C.

8.2.1.4. Comparação dos detectores elétricos


Para geração de um par elétron/íon num detector de ionização é
consumida aproximadamente 35 eV, e para formação de um par elétron/buraco
num detector de semi-condução em trono de 2,64 eV, enquanto a liberação de
um fóton num detector de cintilação consome 1 keV. Estas diferenças resultam
em diferentes resoluções de energia nos diversos detectores. Por exemplo, a
largura a meia altura do pico de 1,33 MeV do espectro g de 60Co um detector
HPGe é 2,5 keV mas num detector de cintilação NaI(Tl) em torno de 100 keV,
como mostra a Figura 183.
O tipo de radiação que pode ser medida com um determinado detector
depende de diversos fatores. Por exemplo, o enquistamento de cintiladores
sólidos ou de detectores HPGe proíbe a entrada de radiação a e b no volume
ativo do detector. Também o tamanho do volume ativo, a densidade a forma e a
velocidade do transporte do sinal (íons, pares elétron/buraco, fótons) no

183
detector influenciam sua performance. Uma comparação entre os diversos
tipos de detectores elétricos e sua aptidão para uma determinada radiação
encontra-se na Tabela 42.

Figura 183. Comparação de espectros  de 60Co recordados com detector


de cintilação (NaI(Tl)) e de semi-condução (Ge(Li)). 173

Tabela 42. Aptidão de detectores elétricos para os diversos tipos de


radiação ionziante (adaptada de Lieser174).

Tipo de Câmera de Contador Contador Detector de Detector


radiação ionização proporcional Geiger cintilação semicondutor
Muito vantajoso
Vantajoso Vantajoso (Si
 Vantajoso (contador de Desvantajoso
(liquido) detector)
fluxo)
Vantajoso
 (> 1 Adequado (Si
Inadequado Adequado Vantajoso (cristal
MeV) detector)
orgânico)
Muito
 (< 1 Vantajoso (Si
Inadequado Vantajoso Desvantajoso vantajoso
MeV) detector)
(liquido)
Muito
vantajoso
 (> 0,1 Muito vantajoso
Inadequado Inadequado Desvantajoso (cristais
MeV) (Ge(Li) detector)
NaI(Tl);
CsI(Tl)
 (< 0,1 Inadequado Adequado Vantajoso Vantajoso Muito vantajoso
MeV) e para raios-X (cristais (Si(Li) detector)
raios-X NaI(Tl);

184
Tabela 42. Aptidão de detectores elétricos para os diversos tipos de
radiação ionziante (adaptada de Lieser).

Tipo de Câmera de Contador Contador Detector de Detector


radiação ionização proporcional Geiger cintilação semicondutor
CsI(Tl)

8.2.2. Métodos não elétricos

8.2.2.1. Métodos fotográficos


O método mais velho de detecção de ionização ionizante é o
escurecimento de filmes fotográficos pela iniciação de reações químicas como
mostra a Figura 14b na página 14. Especialmente a auto-radiografia é um meio
útil para localização e quantificação de radionuclídeos utilizados como
marcadores ou na cromatografia de soluções radioativa. Como mostram os
exemplos na Figura 184. Também processos químicos podem ser detectados
por auto-radioagrafia como mostra a Figura 185 onde a corrosão de ferro é
indicado pela pequena quantidade de hidróxido de ferro marcado com 59Fe
depositado numa gota de água. A resolução e o escurecimento do filme
fotográfico na auto-radiografi depende da sitancia entre a amostra radioativa e
a camada fotográfica como ilustra a Figura 186.

(a)

185
(b)

(c)
Figura 184. Detecção de radionuclídeos por auto-radiografia: (a) Adsorção
de solução de sulfato marcada com 35S em folhas de phaseolus vulgaris
L. (feijão); (b) Adsorção de solução de fosfato marcada com 32P em frutas
de solanum lycopersicum (tomate); (c) Adsorção de compostos marcados
com 14C em rattus norvegicus.Error: Reference source not found

186
59
Figura 185. Auto-radiografia duma folha de ferro marcado com Fe
mostrando o inicio de corrosão numa gota de água.175

Figura 186. Influência da distancia amostra camada fotográfica na auto-


radiografia.Error: Reference source not found

O tempo necessário para exposição do filme fotográfico depende da


atividade e da energia do radionuclídeo e da sensitividade do material
fotográfico. Para uma atividade de 10 5 Bq/cm2, por exemplo, necessita-se uma
exposição de algumas horas. Em geral, porém do tempo de exposição exato
deve ser otimizado para cada experimento. Grandes utilidades possuam filmes
fotográficos na detecção de radiação cósmica como mostram a Figura 107, a
Figura 108 e a Figura 109 para detecção de dos mesons por César Lattes
(Figura 105a).

8.2.2.2. Detectores dielétricos


Em sólidos semicondutores partículas ionizantes pesados podem gerar
rastos de destruição em forma de canais cilíndricos com diâmetros entre 1 –
10 nm, que podem ser observado por microscopia eletrônica, ou depois
corrosão com ácido fluorídrico por microscopia ótica. Como material para tais

187
detectores de rastos pode-se usar minerais, vidros, cristais inorgânicos ou
polímeros. Tais detectores de rastos sólidos são aplicados na investigação de
fissão espontânea, de radiação cósmica, na determinação da idade de minerais
ou na dosimetria de partículas  e de nêutrons.

8.2.2.3. Detectores termoluminescentes


Termoluminescência se observa em certos materiais depois da adsorção
de radiação ionizante. Estes materiais são depois da adsorção de radiação
ionizante aquecidos eles emitem fótons. Exemplos para materiais
termoluminescentes são fluoreto de cálcio, gesso, fluoreto de lítio, corundum ou
quartzo. Termoluminescência permite, por exemplo, a determinação da idade
de cerâmicas e possua alta importância na dosimetria onde vidros de
metalfosfatos são utilizados como detectores. Estes vidros formam sítios de
luminescências relativamente estáveis que podem ser excitados por luz UV.
Como estes centros de luminescência não são curados por este processo o
dosimêtro pode ser analisado varias vezes e em intervalos diferentes.

8.2.2.4. Detecção de nêutrons


Nêutrons são eletricamente neutros e, portanto não geram cargas
elétricas na interação com a matéria. Assim os detectores de nêutrons são
constituídos de duas partes:
(1) Um material em qual reações nucleares dos
nêutrons geram partículas carregadas (partículas a,
prótons, tritons etc.);
(2) Um contador proporcional para detecção dessas
partículas secundárias.
Um exemplo para um detector de nêutrons térmicos é o contador
proporcional de BF3 eu usa como gás de preenchimento BF3 marcado com 10B.
Se nêutrons atingem as moléculas do gás de preenchimento se inicia a
seguinte reação nuclear formando 7Li e partículas  que podem ser registrados:
10
B(n,)7Li. Esta ração nuclear possua uma secção eficaz de n, = 3840 barn.
Utilizando 3He como gás de preenchimento a sensibilidade do detector pode
ser aumentado. 3He(n,p)3H com n,p = 5330 barn.

8.2.3. Métodos espectroscópicos


Para determinar a energia de partículas  usam-se detectores de
superfície de silício, em qual a partícula  é capturado é parado numa fina
região do detector o número de pares elétron/buraco gerados é proporcional a
energia das partículas . Para calibração desses detectores aplicam-se
diversos radionuclídeos com energia de radiação  conhecida (ver Tabela 43).
Para espectroscopia de radiação  se usa detectores de semi-condução
com uma espessura do volume ativa maior que a máxima penetração dos
elétrons. Devido a distribuição continua da energia se obtém espectros com um
máximo a energias médias estendidas até a energia máxima (compare Figura
137, página 135), e, portanto a espectroscopia  é somente aplicada na
identificação de radionuclídeos que emitem puramente radiação , como as
enumerados na Tabela 43.

188
Para a espectroscopia  e de raios-X são geralmente usados detectores
de semi-condução do tipo Ge(Li) com a vantagem de uma resolução de energia
de 0,2 – 0,4 keV para energia na ordem de 100 keV. A desvantagem desses
detectores é sua baixa eficiência interna i e o fato que eles necessitam
resfriamento permanente à temperatura de nitrogênio liquido. Para identificação
de emissores de radiação desconhecidos a altura do pulso deve ser calibrada
utilizando radionuclídeos com energia de emissão  conhecido, como as
enumerados na Tabela 43. Os detectores são equipados com um pré-
amplificador, um amplificador, e um analisador de multi-canais em quais os
pulsos são ordenados de acordo com sua altura. Este analisador é geralmente
acoplado a um computador que possua um programa para procura de picos,
calculo de sua área, calibração de energia de identificação de radionuclídeos.
Também detectores de cintilação do tipo NaI(Tl) podem ser utilizados
para espectroscopia . Em comparação aos detectores de semi-condução
estes possuam uma maior eficiência interna i, não necessitam resfriamento,
mas possuam a desvantagem de uma menor resolução de energia (5 – 7 %
para energias g de 100 keV).

Tabela 43. Padrões para calibração de espectroscopia de radiação


ionizante (adaptada de Lieser, 2001).176

Nuclídeo Energia (MeV) Freqüência* Tempo de meia vida


Padrões para radiação 
148
Gd 3,1828 1,00 74,6 a
232 3,950 0,23
Th 1,4051010 a
4,013 0,77
238 4,147 0,23
U 4,468109 a
4,198 0,77
235
U 4,398 0,55 7,038108 a
234 4,723 0,275
U 2,454105 a
4,775 0,725
236 4,445 0,26
U 2,342107 a
4,494 0,74
210
Po 5,30438 1,00 138,38 d
241 5,443 0,128
Am 432,2 a
5,486 0,852
238 5,456 0,283
Pu 87,74 a
5,499 0,716
244 5,762 0,236
Cm 18,10 a
5,805 0,764
Padrões para radiação 
3
H 0,0186† 1,00 12,323 a
14
C 0,156† 1,00 5730 a
32
P 1,710† 1,00 14,26 d
33
P 0,248† 1,00 25,34 d
35
S 0,167† 1,00 87,51 d
36
Cl 0,714† 1,00 3,01105 a
45
Ca 0,252† 1,00 163,8 d
63
Ni 0,067† 1,00 100,1 a
90
Sr/90Y 0,546/2,27† 1,00 28,64 a/ 64,1 h
99
Tc 0,292† 1,00 2,13105 a
147
Pm 0,224† 1,00 2,623 a
204
Tl 0,766† 1,00 3,78 a
Padrões para radiação 

189
Tabela 43. Padrões para calibração de espectroscopia de radiação
ionizante (adaptada de Lieser, 2001).

Nuclídeo Energia (MeV) Freqüência* Tempo de meia vida


241 26,345‡ 0,024
Am 432,2 a
59,536‡ 0,357

57 122,061 0,855
Co 271,8 d
136,473‡ 0,107
203 ‡
Hg 279,188 0,815 46,6 d
51
Cr 320,084‡ 0,0983 27,7 d
137
Cs 661,66‡ 0,8521 30,17 a
54
Mn 834,83‡ 0,99975 312,2 d
60 1173,24‡ 0,9990
Co 5,272 a
1332,50‡ 0,9998

22 1274,53 0,9994
Na 2,603 a
511,0‡ 1,81

88 898,07 0,927
Y 106,6 d
1836,08‡ 0,9935
Padrões para raios-X
57
Co 6,391; 6,404; 7,058‡ - 271,79 d
109
Cd 21,99; 22,16; 24,93‡ - 462,6 d
153 40,40; 41,54; 47,00;
Gd - 239,5 d
48,50‡
241 11,87; 13,93; 15,86;
Am - 432,2 a
17,61; 21,00‡
*número da radiação especificada por desintegração; †Energia máxima; ‡keV

9. Proteção contra radiação ionizante e dosimetria

9.1. Medidas preventivas


Como radiação ionizante é prejudicial para os tecidos biológicos
medidas adequadas devem ser tomadas para controlar é diminuir a exposição
de pessoas de do meio ambiente. Como á foi mencionado no parágrafo 1.4
página 2 a exposição à radiação ionizante é quantificada pela dose
(energia/massa) transferida pela radiação ionzante (parágrafo 1.4.2, página 2)
e sua nocividade pela dose equivalente (parágrafo 1.4.4, página 3) que
considera com um fator de qualidade (Tabela 2, página 3) a periculosidade
diferente dos diversos tipos de radiação ionizante.
Para considerar o tempo de exposição à radiação íonizante utiliza-se a
força de dose equivalente H´, definida pela Equação 75. Esta força de dose
equivalente é uma função do tipo da fonte de radiação e da distancia da fonte,
sua forma e da quantidade e do tipo de material de adsorção entre a fonte e o
tecido biológico. Para uma fonte pontual e desconsiderando efeitos de
adsorção de radiação ionizante a força de dose equivalentye pode ser
expressa também pela Equação 76 onde A é a atividade do radionuclídeo, k a
constante de força de dose, dado para diversos nuclideos na Tabela 44 e r a
distância entre a fonte radioativa e o tecido. Esta Equação revela
imediatamente que a força de dose equivalente pode ser reduzida efetivamente
pelo aumento da distância r entre fonte e tecido irradiado, uma vez que ela é
inversamente proporcional a r2.

Equação 75. Força de dose equivalente.

190
dH
H ´ ( Sv / s )
dt

Equação 76. Força de dose equivalente para fontes pontuais.


kA
H ´
r2

Tabela 44. Constantes de dose equivalente para diversos emissores de


radiação .177

Nuclídeo k (mSvm2h 1GBq− 1)


60
Co 0,354
226
Ra 0,221
Emissores de pósitrons (radiação de aniquilamento) 0,16 – 0,18
137
Cs 0,0927
131
I 0,066
123
I 0,0465
99m
Tc 0,0216

Para o tratamento de substâncias radioativas devem ser consideradas


as seguintes regras básicas:
(1) O uso de um método radioquímico deve ser justificado e sempre
ser substituido por um método adequado sem a necessidade de
usar material radioativo;
(2) A exposição deve ser sempre tão baixa como pode ser realizada
com medidas racionais, ou seja, se devem tomar tantas
providencias para proteção que um aumento da proteção parece
excessivamente.
Medidas concretas para diminuição da exposição podem ser deduzidas
da Equação 75 e da Equação 76 e podem ser resumidas em cinco pontos que
podem ser formulado como regra do ABCDE:
(1) Atividade pequena
Como mostra a Equação 76 a força de dose equivalente aumenta com a
atividade do radionuclídeo, que, portanto deve ser minimizada. A precisão
de um método radioquímico aumenta e o tempo da medição diminua com a
atividade da amostra, portanto importante para a função de um método
radioquímico é a atividade e não a quantidade do material radioativo.
Idealmente se escolha radionuclídeos com tempo de meia vida entre dias e
semanas. Tais amostras podem ser transportadas e manipuladas no
laboratório sem perdas muito grandes de atividade. Por outro lado depois
do termino do experimento a atividade da amostra extingue-se em prazos
relativamente curtos de aproximadamente 10 tempos de meia vida a um
milésimo da atividade inicial, e o material considerado como inativo pode
ser descartado sem medidas especiais contra radiação ionizante
(2) Blindagem

191
Radiação  já é completamente adsorvida pelas células mortas da primeira
camada da pele (Stratum corneum) e, portanto uma blindagem dessa
radiação não é necessária como é também o caso para radiação  de baixa
energia (< 100 keV). Já radiação  com energias maiores como, por
exemplo, 14C pode ser completamente blindado por luvas de borracha e as
partículas da maioria dos nuclideos aplicados na radioquímica (ver Tabela
43) são completamente adsorvidas em vidro acrílico com uma espessura de
no máximo 1 cm. Como a interação de radiação  com núcleos pesados
gera grandes quantidades de raios-X (Bremsstrahlung, ver parágrafo 10.3)
a blindagem de radiação  com finas folhas de chumbo é absurda, uma vez
que a Bremsstrahlung gerado no chumbo não pode ser adsorvido em folhas
finas e assim a suposta blindagem é na verdade um gerador de raios-X.
Mais problemática é a blindagem de radiação  e de raios-X que necessita
placas de chumbo de espessuras grandes e mesmo assim a radiação é
somente atenuada e não completamente adsorvida.
(3) Curteza de exposição
A Equação 75 revela que a dose efetiva aumenta com o tempo de
exposição à fonte de radioatividade. Portanto, como atividade baixa e
blindagem, exposição curta diminua significativamente a dose equivalente
recebida. Como os seres vivos não possuam um senso próprio para
radiação ionizante a presença de uma fonte radioativa pode ser
despercebida, portanto, o acesso a um laboratório radioquímico deve ser
restrito ao pessoal treinando e consciente dos perigos iminentes.
(4) Distância grande
A Equação 76 revela que a força de dose equivalente é inversamente
proporcional ao quadrado da distância entre fonte é tecido irradiado.
Proteção por aumento da distância é especialmente importante para
radiação  com alto alcance na matéria ou radiação  de alta energia, por
exemplo, de 32P (Emax = 1,710 keV). Na faixa de alguns metros a lei da
distancia descrito pela Equação 76 é valida para radiação de alta energia,
mas para distancias maiores a radiação  é completamente adsorvida no ar.
Para radiação  de baixa energia, como pro exemplo 3H (Emax = 0,0186 keV)
a adsorção no ar ocorre já em camadas de alguns centímetros. Também
blindagem de amostras com atividade  é sem sentido uma vez que seu
alcance em ar é de no máximo 10 centímetros.
(5) Evitação da inalação
Fontes abertas de nuclídeos voláteis representam um perigo grande uma
vez que estes nuclideos podem deixar a fonte e assim espalhar a
radioatividade em uma área com extensão desconhecida. Como nuclideos
voláteis deve-se considerar cada espécie que pode ser incorporada em
compostos com pressão de vapor alta, por exemplo, os nuclideos de iodo
131
I (-, t½ = 8,02 d) e 125I (, t½ = 60,14 d) que na forma elementar são
voláteis e podem facilmente contaminar o meio ambiente. Nuclídeos com
atividade  também representam um perigo grande, uma vez que a energia
de recuo transferida ao núcleo filha pode deslocar o mesmo é afastá-lo da
fonte. Estes núcleos filha são, geralmente, também nuclideos com atividade
a e curto tempo de meia vida que agregadas às partículas de pó dispersas

192
no ar podem entra no pulmão onde sua desintegração pode causar grandes
danos à saúde. A única proteção contra tais fontes voláteis são aparelhos
de respiração isolados indispensáveis em casos de combate a incêndio na
presença de fontes radioativas.

9.2. Dosimetria

9.2.1. Considerações gerais


Como dosimetria se entende os diversos métodos da medição da dose e
da dose equivalente. Além da medição da dose local, necessário para verificar
a observância dos valores de limite nas instalações nucleares e radioaquímcios
a dosimetria trata os métodos para determinação das doses individuais
recebidas durante a exposição a radiação ionizante utilizando dosimetros
individuais utilizados em lugares representativos do corpo.
Os métodos utilizados na dosimetria são semelhantes aos utilizados na
medição de radioatividade discutidos no parágrafo 8 e podem ser divididos em
métodos elétricos (compare parágrafo 8.2.1) e métodos não elétricos (compare
parágrafo 8.2.2).

9.2.2. Dosimetro eletrométrico


O modo de função do dosimetro eletrométrico do tipo dosimetro de
caneta, ilustrado na Figura 187 consiste em ma câmera de ionização onde um
fio de quartzo serve como cursor para indicar a exposição (ou dose)
acumulada. Utilizando um carregador, insere-se, sob pressão, a caneta para
ser “zerada”. Na prática significa que lhe foi fornecida uma carga elétrica
máxima, que vai se esvaindo com o surgimento de elétrons e íons formados
pela radiação, dentro do volume da câmera. Assim, o fio de quartzo vai se
aproximando do eletrodo de carga de mesmo sinal e, pela lente, observa-se a
leitura da exposição ou dose absorvida. A desvantagem desse dosimetro
individual é sua auto-descarga resultando da isolação insuficiente e da
radiação natural e a impossibilidade de arquivar as medidas a longo prazo, o
que restringe seu uso para monitoramento de curto prazo (visitantes de
instalações nucleares).

193
Figura 187. Construção de um dosimetro eletrométrico (dosimetro de
caneta).Error: Reference source not found

9.2.3. Dosimétros fotográficos, de luminescência e rastos de núcleos


Muito mais divulgados na dosimetria individual são dosimetros
fotográficos, de luminescência e de rastos de núcleos que permitem o
arquivamento das mediações e assim a documentação da dose recebida ao
longo prazo.
Um exemplo para um dosimetro fotográfico e o distintivo de controle de
dose utilizado como dosimetro oficial para controle da exposição de
trabalhadores expostos a raios-X na Alemanha. Este distintivo consiste de um
cassete de plástica fina contendo um filme divido em duas faixas, que são
escurecidas dependendo da radiação incidente. Entre o filme e o cassete
encontram-se folhas de diversos metais e espessuras que servem como filtros
e discriminadores da radiação. Dependendo do grau de escurecimento do filme
abaixo das folhas de metal pode se deduzir a energia e a direção incidente da
radiação recebida.
Os filmes podem ser revelados em um processo automatizado e a dose
de íon recebida é calculada por um computador. A Figura 188 mostra na
primeira linha a construção do distintivo e na linha I filmes irradiados com raios-
X de 30, 60 e 250 kV e na linha II filmes irradiados com raios-X (60 kV) com
ângulos incidentes diferentes.
As vantagens desses dosimetros fotográficos são:

194
(1) Não há necessidade de fornecimento externo de energia;
(2) Dosimetro mostra pouca interferência é está sempre apto
para medição;
(3) Analise em massa possível;
(4) Arquivamento dos filmes revelados a longo prazo permite
documentação da exposição.
As desvantagens desse dosimetro são:
(1) Grau de escurecimento depende da energia dos fótons;
(2) Sensibilidade baixa parta doses pequenas (limitação pela
radiação natural);
(3) Faixa de medição limitada.

(a) (b)
Figura 188. (a) Construção de um dosimetro fotográfico (Distintivo de
controle de dose)Error: Reference source not found; (b) Aplicação. 178
Também amplamente aplicados na dosimetria individual são detectores
de termo – ou fotoluminescência (ver parágrafo 8.2.2.3). Detectores de
fotoluminescência consistem, por exemplo, de vidros de fosfato de prata (45 %
AlPO3, 45 % LiPO3, 7 % AgPO3, 3 %B2O3). Nestes vidros a radiação incidente
ou gerada no vidro por reações nucleares entre nêutrons e o boro formam no
vidro íons de Ag2+, que representam centros de luminescência estáveis. Depois
irradiação com luz UV a fluorescência desses centros é medida e quantificada.
Como este processo não apaga os centros de luminescência a análise pode
ser repetida varias vezes permitindo o controle e documentação da dose
recebida a longo prazo. Um exemplo para um dosimetro de fotoluminescência
é mostrado na Figura 189.
Detectores de termoluminescência são constituídos, por exemplo, de
fluoreto de lítio (LiF dopado com Mg ou Ti), borato de lítio (Li 2B4O7, dopoado
como Mn ou SI) ou fluoreto de cálcio (CaF 2). Tais detectores que possuam um
teor elevado de 6Li, em vez da mistura de isótopos naturais, o que permite

195
detectar nêutrons térmicos que na reação com 6Li geram radiação (n, (6Li =
940)), que por sua vez gera os centros de termoluminescência (conversão). A
comparação com detectores que registram somente radiação  ou de raios-X
permite discriminar a dose recebida por nêutrons térmicos. Nêutrons de maior
energia também podem ser detectados, depois de sua moderação em
materiais ricos em átomos de hidrogênio (por exemplo, polietileno).

Figura 189. Detector (distintivo) de fotoluminescência para dosimetria  e


de raios-X.Error: Reference source not found

Para dosimetria parcial de radiação  usam-se detectores numa matriz


de teflon ou de grafite. Para mediação da dose recebida os detectores de
termoluminescência são aquecidos e a fluorescência emitida quantificada. Além
dos distintivos (Figura 188 e Figura 189) para detecção da dose corporal
existem detectores especiais para determinação da dose recebida em parte do
corpo extremamente sensível (olhos) e extremamente exposta (mão) como
mostra a Figura 190.
Especialmente para determinação da exposição à 222Rn construído é o
dosimetro mostrado na Figura 191. Este dosimetro consiste de uma câmera de
difusão e um detector (alil-diglicol-policarbonato). O 222Rn entra por difusão na
câmera onde desintegra emitindo partículas  um núcleo de recuo (218Po) que
entram no detector destruindo parcial o polímero. Os defeitos causados pela
desintegração do 222Rn e seus nuclídeos filha e neta (ver Figura 82) podem ser
vistos depois do tratamento do polímero com NaOH (6,25 M) por 6 h. Estes
rastos com diâmetros de aproximadamente 10 m são contado com um
microscópico e são proporcional a dose recebida.

196
(a) (b)
Figura 190. Dosimetros para detecção de dose parcial: (a) nos olhos; (b)
nas mãos.Error: Reference source not found

(a) (b)
222
Figura 191. Dosimetro para determinação da exposição por Rn: (a)
construção; (b) aplicação.179

197
10. Interação com a matéria

10.1. Propriedades de radiação ionizante


A energia mínima para ionização ou excitação de átomos e moléculas é
na ordem de alguns eV e depende da natureza do átomo ou molécula. A
energia de fótons de luz visível é na ordem de 1 eV ( = 1240 nm) e 10 eV ( =
240 nm) e assim fótons de energia suficiente (luz UV) podem transferir sua
energia a um elétron de um átomo ou molécula e formar um íon. Por outro lado
radiação com energia na faixa de 0,1 – 10 MeV gerar um número grande de
íons e elétrons. Os produtos dessa ionização (Esquema 29a) e excitação
(Esquema 29b) de átomos e moléculas podem ser encontrados ao longo do
caminho decorrido pela radiação ionizante.

Esquema 29. Ionização (a) e excitação (b) por radiação ionizante ( ).


(a)  M  M+ + e-
(b)  M  M*

Distingue-se entre radiação ionizante direta composto por partículas


carregadas (partículas ,  ou fragmentos de fissão) e radiação ionizante
indireta composto por partículas neutras (nêutrons e fótons) onde a maior
ionização é resultado da interação de elétrons emitidos pelos átomos e
moléculas excitados pelos nêutrons ou a radiação . Em ar aproximadamente
35 eV da energia de partículas  e  são consumidos para cada par íon/elétron
formado. Como este energia é mais que o dobro da energia de ionização de
nitrogênio molecular (15,6 eV) e oxigênio molecular (12,1 eV) pode se concluir
que a metade da energia transferida pelos partículas  e  é consumida na
excitação de moléculas. Íons ou moléculas excitados produzidos pela radiação
ionizante podem reagir em diversos processos enumerados na Tabela 45.
Estas reações são geralmente rápidas e ocorrem dentro de 10 -10 – 10-7 s. As
reações mais freqüentes são: recombinação de íon e elétron, favorecida em
sólidos e líquidos, fluorescência ou dissociação radical.

Tabela 45. Reações possíveis para partículas ionizadas ou excitadas.

Reações de íons Reações de partículas excitadas


Reação Equação Reação Equação
Dissociação M+  R+ + R Fluorescência M*  M + h
Recombinação M+ + e-  M* Dissociação radical 2 M*  2 R
Reação química M+ + X  Y+ Dissociação iônica M*  R+ + R-
Transferência de
M+ + X  M + X+ Reação química M* + X  Y
carga
Emissão de elétrons Transferência de
M+  Mn+ + (n-1) e- M* + X  M + X*
de Auger energia de excitação

198
Além de gerar íons ou partículas excitados partículas , prótons ou
fótons com energia suficiente podem causar reações nucleares, enquanto
elétrons no campo de um núcleo perdem parte de sua energia em forma de
fótons (Bremsstrahlung = radiação de freamento). Nêutrons por sua vez
perdem sua energia cinética em colisões que podem também induzir reações
nucleares. Por outro lado, para a transferência de energia ocorre geralmente
em um passo (por exemplo, pelo efeito fotoelétrico).
Devido a grande número de íons formados ao longo do caminho de
partículas  (transferência de energia em água 190 eV/nm) radiação  é
facilmente adsorvido pela matéria, por exemplo uma folha de papel é suficiente
para adsorver radiação  quantitativamente.
Por outro lado radiação transfere menos energia ao ambiente
(transferência de energia em água 0,2 eV/nm) e assim necessitam-se materiais
com alguns milímetros ou centímetros de espessura para adsorção quantitativa
de radiação .
Radiação  por sua vez não é adsorvida quantitativamente pela matéria
e assim são necessárias paredes de chumbo ou muros grossos de concreto
para sua adsorção. Para a mesma energia a razão dos coeficientes de
adsorção para radiação ,  e  é aproximadamente 104 : 102 : 1. O
comportamento diferente de adsorção dos diversos tipos de radiação é
esquematizado na Figura 192.

Figura 192. Comparação do alcance dos tipos de radiação ionizante na


matéria.180

10.2. Radiação 
Como revelam os traços da radiação na câmera de Wilson (Figura
22a, página 19) a mesma possua em matéria um alcance limitado como, por
exemplo, de somente alguns centímetros em ar. O curso das partículas  é
praticamente não influenciado por colisões com elétrons e deflexão em núcleos
(ver parágrafo 2.3.2, página 21) ou captura por núcleos e indução de reações
nucleares (ver Figura 42, página 34) são raros.

199
A ionização especifica de partículas  no ar é mostrada na Figura 193.
Esta Figura revela que o número de pares de íons cresce com a diminuição da
velocidade das partículas  e diminua rapidamente quando as partículas
perdem praticamente toda sua energia formando como produto final átomos
neutros de hélio. A apresentação do número relativo de partículas como função
da distancia da fonte mostrada na Figura 194 permite a determinação do
alcance pela extrapolação ou diferenciação da função.

Figura 193. Ionização especifica de partículas  de 210Po (E = 5,41 MeV) em


ar. 181

200
Figura 194. Número relativo de partículas  de 210
Po como função da
distancia da fonte.182
Um arranjo experimental simples para determinação do alcance de
partículas a no ar é mostrado na Figura 195 e alguns valores experimentais
para radiação  de 214Po (E = 7,69 MeV) em diversos materiais são
enumerados na Tabela 46.

Figura 195. Arranjo experimental para determinação do alcance de


radiação  no ar.183

Tabela 46. Alcance de partículas  de 214


Po (E = 7,69 MeV) em vários
materiais.184

Material Alcance extrapolado (cm) Densidade (g/cm3) Alcance (mg/cm2)


Ar 6,95 0,001226 8,5
Mica 0,0036 2,8 10,1
Lítio 0,01291 0,534 6,9
Alumínio 0,00406 2,702 11,0
Zinco 0,00228 7,14 16,3
Ferro 0,00187 7,86 14,7
Cobre 0,00183 8,92 16,3
Prata 0,00192 10,5 20,2
Ouro 0,00140 19,32 27,0
Chumbo 0,00241 11,34 27,3

201
Uma melhor comparação da adsorção da radiação a pelos diversos
materiais é possível multiplicando o alcance (cm) com a densidade (g/cm 3) do
material. Como revela a Tabela 46 o alcance em g/cm2 é semelhante para os
diversos materiais e cresce significativamente com o número de ordem. Uma
comparação do alcance (mg/cm2) de radiação  em diversos materiais como
função da energia mostra a Figura 196.

Figura 196. Alcance de partículas a em ar (1), tecido (2), alumínio (3) e


cobre (4) como função da energia.185

Estas curvas podem ser utilizadas para determinar a energia de


partículas . Em ar, por exemplo, o alcance em cm como função da energia
pode ser estimada com a Equação 77.

202
Equação 77. Alcance de radiação a em ar como função de energia.
3
R (cm)  0,318  E 2
com E em MeV

10.3. Radiação 
A interação de radiação  com a matéria é menor que a da radiação .
Enquanto uma partícula  (E = 3 MeV) possua um alcance em ar de
aproximadamente 1,7 cm uma partícula  da mesma energia possua um
alcance em torno de 10 m e os pares de íons gerados por milímetro são de
alguns milhares per milímetro para partícula  mas somente 4 por milímetro
pela partícula . Por outro lado partículas  são defletidas facilmente por
colisões com outros elétrons o que resultado num curso ziguezague das
partículas  como revela Figura 22c, página 19).

Figura 197. Adsorção de partícula  de 32P (Emax = 1,7 MeV) em alumínio.186

A Figura 197 mostra a adsorção de radiação  (E = 1,7 MeV) em


alumínio. O decrescimento contínuo é resultado da distribuição de energia

203
contínua das partículas  e da deflexão no adsorbato e pode ser descrito por
uma equação exponencial mostra na Equação 78.

Equação 78. Intensidade de radiação  como função da espessura do


adsorver.
I  I 0  e  d
  coeficiente de adsorção; d  espessura do adsorver

A Figura 197 revela também que a curva de adsorção desemboca numa


radiação quase constante. Esta assim chamada Bremsstrahlung (raios X de
freamento) é o resultado da diminuação da velocidade dos eletrons (partículas
) no campo do núcleo do adsorbato como ilustra Figura 198.

Figura 198. Origem da Bremsstrahlung (raios – X de freamento).187

204
A Figura 199 e a Tabela 47 mostram o alcance máxima de radiação  em
diversos materiais como função da energia máxima, que pode estimada com o
uso das curvas na Figura 199.

(a)

205
(b)
Figura 199. (a) em alumínio;188 (b) em ferro (1), vidro pirex (2) , PVC (3),
vidro acrílico (4) e ar (5).189

Figura 200. Adsorção de elétrons de conversão ( 137mBa, E = 0,661 MeV) em


alumínio.190

A Figura 200 mostra a adsorção de elétrons de conversão (E = 0,661


MeV) de 137mBa em alumínio. Como revela esta Figura a adsorção desses
elétrons monoenergéticos é praticamente linear, comportamento tipicamente

206
observado para energias > 0,2 MeV e pode ser descrito pela Equação 79,
enquanto para energias < 0,2 MeV se observa desvio da linearidade.

Equação 79. Adsorção de elétrons de conversão com função da


espessura do adsorver.
I  I0    d
  coeficiente de adsorção; d  espessura do adsorver

Tabela 47. Alcance máxima de partículas  de energia diferentes em


vários materiais.191

Energia máxima (MeV) Material Z/A Alcance máxima (mg/cm2)


Água 8/18 = 0,44 34
0,156 (14C)
Alumínio 13/27 = 0,48 28
Água 0,44 810
1,17 (32P)
Alumínio 0,48 800
Alumínio 0,48 400
1,0
Ouro 79/187 = 0,40 500

Equação 80. Distribuição da perda de energia de radiação  por emissão


de Bremsstrahlung e ionização.
E Bremsstrahlung E max  Z

Eionização 800

As interações das partículas  com a matéria procedem nas seguintes


processos:
1) Interação com elétrons da camada eletrônica de
átomos excitando ou ionizando o átomo. Este
interação depende da densidade de elétrons no
adsorver indicada pela razão Z/A.
2) A interação da radiação  com o núcleo atômico do
adsorver aumenta com a energia da radiação  que
perde sua energia pela emissão da Bremsstrahlung e
a razão entre a perda de energia por emissão de
Bremsstrahlung e ionização é dada pela Equação 80,
onde Emax é a energia máxima da radiação  em MeV.
3) A reflexão de partículas  no adsorver
(Backscattering), que pode ser determinada com o
arranjo experimental esboçado na Figura 201. Como
foi discutido no parágrafo 8.1 (ver Figura 170, página
172) o Backscattering depende da Energia máxima
das partículas  e do numero de ordem do adsorver.

207
Figura 201. Determinação de reflexão de radiação  (Backscattering) no
adsorver.192

No principio partículas - e + interagem com a matéria de maneira


análoga. Porem como os pósitrons são os anti-partículas dos elétrons os
mesmos são, depois da perda de energia cinética pelos processos descritos
acima, aniquilados pela reação com um elétron resultando na emissão de dois
quanta com 0,511 MeV de energia que são emitidos num ângulo de 180°. A
observação da radiação de aniquilação permite a identificação da radiação +.
Devido à dependência da adsorção de partículas  do número de ordem
do adsorver materiais com baixo número de ordem como, por exemplo,
alumínio com aproximadamente 1 cm de espessura são os mais adequados.
Um outro efeito de radiação  é observado se a velocidade das
partículas na matéria é maior que a velocidade da luz na mesma. Este efeito
denominado pelo seu descobridor Cherenkov (Figura 202) e devido ao fato que
partículas carregadas movido num meio dielétrico (não condutivo) polarizam os
átomos ao redor de seu decurso. Esta polarização resulta na emissão de ondas
eletromagnéticas pelos átomos, que normalmente interferem destrutivamente
com as ondas emitidas pelos átomos vizinhos, e assim não são observados.

208
Caso as partículas se movem no meio mais rápido que a luz 1 as ondas de
átomos vizinhos não podem mais interferir destrutivamente uma vez que a
interferência das ondas é mais lenta que sua geração e as ondas emitidas
podem ser observadas em água como luz azul (Figura 203a).
A emissão da radiação de Cherenkov pode ser entendida como análoga
de um objeto se movendo com velocidade supersônica. Como neste caso a
radiação de Chernekov descreve ao redor da trajetória do elétron um cone de
Mach cujo ângulo de abertura  depende da relação entre a velocidade do
eltron (ve = βc) e a velocidade da luz num meio com o índice de refração n (c´=
c/n) como é mostrado na Figura 203b.

Figura 202. Pavel Alekseyevich Cherenkov (1904 – 1990). 193

1
Velocidade da luz em água 225.000.000 m/s; em comparação: velocidade da luz no vácuo
299.792.458 m/s.

209
(a)

(b)
Figura 203. (a) Radiação Cherenkov no reator da Johannes Gutenberg-
Universität Mainz;194 (b) Cone de Mach para radiação Cherenkov.195

210
10.4. Radiação 

10.4.1. Adsorção de radiação  e espessura de meio valor


No principio radiação  e raios-X possuam as mesmas propriedades de
radiação eletromagnética. Suas diferenças são somente a origem e a faixa de
energia observada como é resumida na Tabela 48.

Tabela 48. Faixa de energia e origem de radiação  e raios-X.

Radiação Faixa de energia Origem


Diferentes estados energéticos no
 10 keV – 10 GeV
núcleo atômico
Diferentes estados energéticos na
Raios-X 100 eV – 100 keV
camada eletrônica do átomo

Figura 204. Adsorção de radiação  de 137Cs (E = 661 keV) em chumbo.196

211
Como radiação  não é como radiação  e  uma radiação de partículas
os mecanismos de adsorção são diferentes. Enquanto partículas perdem sua
energia no impacto com outras partículas em diversos passos a energia de
radiação eletromagnética é transferida em um único passo e devido à falta de
carga a interação dos fótons com a matéria é extremamente fraca. Assim não
se pode determinar um alcance máximo para radiação  e sua adsorção,
exemplificado na Figura 204, segue para radiação monocromática, feixes
estreitas e adsorvers finos uma equação exponencial dada na Equação 81.
Esta equação possua a mesma forma que a Equação 78 para adsorção de
radiação , mas neste caso a dependência exponencial da intensidade da
espessura do adsorver é mera coincidência e não pode ser explicado por
processos físicos.

Equação 81. Intensidade de radiação  como função da espessura do


adsorver.
I  I 0  e  d
  coeficiente de adsorção; d  espessura do adsorver

Como a interação de radiação  não resulta numa adsorção completa,


mas somente numa diminuição, a capacidade de adsorção de radiação  por
diversos materiais não e caracterizada pelo alcance máxima, mas pela
espessura de semi-redução (d½), como é ilustrado na Figura 192 e na Figura
204. A dependência da espessura de semi-redução, que corresponde à
espessura de um material necessária para diminuir a intensidade pela metade,
do coeficiente de adsorção é dada na Equação 82. Com um adsorver de
espessura 1 d½ a intensidade da radiação é diminuída somente pela metade.
Para um adsorver de espessura 7 d½ a intensidade é reduzido para 1 % e com
10 d½ para 0,1 %.

Equação 82. Espessura de semi-redução para radiação .


ln 2
d1 
2 

A Figura 205 mostra a espessura de semi-redução como função da


energia para diversos materiais. Esta Figura revela uma dependência da
espessura de semi-redução da energia da radiação, que não é elementar. A
causa desse fato é que a perda da energia dos fótons decorre em dependência
da energia por diversos processos descritos no próximo parágrafo.

212
Figura 205. Espessura de semi-redução para radiação  como função da
energia de diversos materiais.197

213
10.4.2. Processos de adsorção de radiação  e coeficiente de
adsorção

10.4.2.1. O Efeito Compton


Para energias baixas o principal processo de transferência de energia
para a matéria de um fóton  ou raios-X é o Efeito de Compton descoberto para
raios-X em 1922 por A.H. Compton (Figura 206). Na irradiação de um átomo
com raios-X ou radiação  o fóton transfere parte de sua energia para um
elétron resultando na mudança (ângulo ) de sua direção e no aumento de seu
comprimento de onda como mostra a Figura 207. O comprimento de onda
depois da radiação defletida pode ser calculado com a Equação 83 e as
energias do fóton espalhado e do elétron emitido são calculadas com a
Equação 84a e b, respectivamente.

Figura 206. Arthur Holly Compton (1892 – 1962);198

Figura 207. Efeito de Compton.199

214
Equação 83. Aumento do comprimento de onda na deflexão de Compton.
h
  (1  cos  )
mc

Equação 84. Energia do fóton (a) e do elétron (b) defletido no Efeito de


Compton.
1
(a ) E  E 0
1  qE 0
1  cos 
q
me c 2
qE 0
(b) E e  E 0
1  qE

A distribuição da energia dos elétrons resultante do efeito de Compton é


ilustrada na Figura 208. Esta Figura mostra uma distribuição continua
(Compton-Kontinuum) com um máximo para a energia transferida na deflexão
do fóton em 180°. Esta descontinuidade de Compton (Comptonkante) pode ser
muitas vezes observada em espectros de radiação  e resulta da interação da
radiação , simultaneamente emitida com as partículas  como mostra, por
exemplo, a Figura 153, página 154.

Figura 208. Distribuição de energia de elétrons de Compton para radiação


 monocromático.200
Como o pico mono-energético da descontinuidade de Compton pode ser
confundido com um pico atribuído, por exemplo, elétrons de conversão ou de
Auger sua identificação como descontinuidade é importante. A Figura 209

215
mostra a energia da descontinuidade de Comptom e a energia do respectivo
fóton espalhado como função da energia inicial do fóton, e permite a atribuição
de eventuais picos no espectro  ou  à interação de radiação  observada com
os elétrons da matéria.

Figura 209. Energia do pico de reflexão da radiação  (ER) e da


descontinuidade de Compton (EC).201

10.4.2.2. O efeito fotoelétrico


No efeito fotoelétrico, ilustrado na Figura 210 o fóton transfere toda sua
energia ao elétron que é emitido como fotoelétron cuja energia (Ee) é descrito
na Equação 85. Nesta equação Eg corresponde à energia do fóton e EL a
energia de ligação (ionização) do fotoelétron. Como fotoelétrons somente
podem ser emitidos se Eg é maior que EL as energias resultando no efeito
fotoelétrico são maiores que as energias resultando no efeito Compton.

Equação 85. Energia de fotoelétrons.


E e  E  E L

216
Figura 210. Efeito fotoelétrico.202

10.4.2.3. Efeito de criação de pares


Para energias de radiação  acima de 1,02 MeV a energia do fóton pode,
no campo elétrico do núcleo, ser transformado em um par de um elétron e de
um pósitron. Este efeito de criação de par, ilustrado na Figura 211, é a reversão
da aniquilação discutida para radiação + no parágrafo 10.3. A probabilidade de
criação de par é proporcional a Z2 do adsorver e aumenta significativamente
com a energia da radiação  sendo acima de 10 MeV o processo dominante na
adsorção de radiação .

Figura 211. Criação de par.203

10.4.2.4. Outros processos de adsorção de radiação 


Alem dos processos de adsorção discutidos nos parágrafos 10.4.2.1 –
10.4.2.3 radiação  pode perder sua energia pelos seguintes processos
alternativos com importância menor:

217
(1) Difração de radiação  pelos átomos do adsorver,
análoga a difração de raios-X;
(2) Fótons de alta energia podem induzir reações
nucleares como (,n) ou (,p);
(3) Difração de Thomson e de Compton no núcleo.

10.4.2.5. Coeficiente de adsorção para radiação 


O coeficiente de adsorção de um adsorver () depende da energia da
radiação  e, como mostra Equação 86, pode ser descrito como soma de
coeficientes de adsorção parcial, considerando a contribuição do efeito
Compton (C); do efeito fotoelétrico (Ph) e da criação de par (P) na adsorção
de radiação .

Equação 86. Coeficiente total de adsorção de radiação .


   C   Ph   P

Figura 212. Coeficientes de adsorção parcial e total para radiação  em


chumbo.204

Para chumbo a dependência dos coeficientes parciais de adsorção da


energia da radiação  e do coeficiente de adsorção total é mostrada na Figura
212. Esta Figura mostra que para energias baixas o principal processo de
adsorção é o efeito Compton enquanto para energia acima de 10 MeV criação
de par é o principal processo de adsorção. Também se observa nesta Figura

218
para o coeficiente de adsorção total um mínimo em torno de 2 MeV, que resulta
da dependência diferente dos diversos processos de absorção da energia. A
presença desse mínimo explica o máximo observado no decurso da espessura
de semi-redução mostrado na Figura 205 na página 213.
Uma comparação de coeficientes de adsorção total em diversos
materiais é mostrada na Figura 213, que revela que chumbo possua para todas
as energias o maior coeficiente de adsorção total. Especialmente para altas
energias o coeficiente de adsorção é devido à criação de par (Z2) alto.

Figura 213. Coeficientes de adsorção total para diversos metais. 205

Como regra para adsorção de radiação  pode se usar o fato que a


intensidade de radiação  com a energia de 1 MeV é reduzido para 1 % por
chumbo com a espessura de 5 cm ou concreto com a espessura de 25 cm.

Equação 87. Intensidade de radiação  como função da espessura do


adsorver.
d


I  I0  e
  coeficient e de adsorção;
d  espessura do adsorver;
  densidade do adsorver

Em vez do coeficiente de adsorção linear  muitas vezes se usa o


coeficiente de adsorção de massa / para descrever a adsorção de radiação
. Neste caso a diminuição da intensidade como função da espessura do

219
adsorver é calculada com a Equação 87. Coeficientes de adsorção de massa
como função de energia são, para diversos, materiais enumerados e mostrados
na Tabela 49 e na Figura 214, respectivamente.

Tabela 49. Coeficiente de adsorção de massa para radiação  de energia


diferente.206

E (MeV) N2 H2O C Na Al Fe Cu Pb
0,1022 0,1498 0,165 0,1487 0,1532 0,1643 0,3589 0,4427 5,30
0,2554 0,1128 0,1255 0,1127 0,1086 0,1099 0,1186 0,1226 0,558
0,5108 0,0862 0,096 0,0862 0,0827 0,0833 0,0824 0,0814 0,149
1,022 0,0629 0,0697 0,0629 0,0603 0,0607 0,0590 0,0580 0,0682
2,043 0,0439 0,0488 0,0438 0,0422 0,0427 0,0420 0,0414 0,0442
5,108 0,0270 0,0298 0,0266 0,0271 0,0286 0,0312 0,0315 0,0434
10,22 - 0,0216 - - 0,0226 - - 0,0537

Figura 214. Coeficiente de adsorção de massa para diversos materiais


como função da energia .

10.5. Nêutrons
Nêutrons são liberados na fissão espontânea de núcleos pesados e
desintegram com um tempo de meia de 10,25 min emitindo partículas -. Além
da desintegração - nêutrons podem induzir reações nucleares como (n,),
(n,), (n,p), (n,d), (n,2n) ou (n,f). Elementos com alta secção efetiva para
adsorção de nêutrons térmicos induzindo reações (n,) são enumerados na
Tabela 50.

220
Tabela 50. Elementos com alta secção efetiva para reações (n,).

Elemento Nuclídeo com maior (n,) Freqüência natural (%) (n,) (barn)
10
B B 20 3837
113
Cd Cd 12,22 19910
149
Sm Sm 13,8 41000
Eu 151
Eu 47,8  9200
152
Gd Gd/155Gd/157Gd 0,2/14,80/15,65 1100/61000/254000
Dy 164
Dy 28,2  2700

Como nêutrons são eletricamente neutros sua interação com os elétrons


dos átomos é desprezível e sua interação com a matéria se restringe, além de
reações nucleares a colisões elásticas e inelásticas, dos quais os últimos
diminuam a energia dos nêutrons.
Estes colisões inelásticas são importante nos reatores nucleares onde a
energia dos nêutrons liberados na fissão de 235U em torno de 2,5 MeV
(nêutrons velozes) deve ser reduzido a 0 – 0,5 eV (nêutrons térmicos). A
Tabela 51 mostra para diversos núcleos o número médio de colisões
necessárias para moderar a energia de nêutrons velozes para a energia de
nêutrons térmicos. Esta Tabela revela que nêutrons perdem sua energia de
forma mais rápida colidindo com núcleos leves como hidrogênio ou carbono.
Portanto eles são blindados de forma efetiva por parafina ou água.

Tabela 51. Número médio de colisões necessárias para moderação de


nêutrons velozes (E = 2 MeV).207

Núcleo Número médio de colisões Núcleo Número médio de colisões


1
H 14 Be 69
2
H 20 C 91
1
H2O 16 Na 171
2
H2O 29 Fe 411
238
He 43 U 1730

221
11. Os efeitos biológicos de radiação ionizante

11.1. Observações empíricas no inicio do século 20


Conseqüências de interação de radiação ionizante foram observadas
pouco tempo depois da descoberta dos raios-X em 1895 por Röntgen (Figura
13a) e da radioatividade em 1896 por Bequerel (Figura 14a). Um exemplo é o
experimento voluntário de Pierre Curie em 1901 que expus seu braço a
radiação de rádio e ele descreveu numa carta a L´Académie française:

“A pele se avermelhou na superfície de uma área de 6 cm2; a aparência é


semelhante duma queimadura, mas a pele não está doendo. Depois de alguns
dias a vermelhidão começou aumentar, sem se expandir: no 20º dia formaram-
se crostas e depois um ferimento, que foi tratado com ligaduras; no 22º dia a
pele começou de sarar, a partir das bordas em direção ao centro e 52 dias
depois da radiação restou uma área do ferimento de 1 cm 2, que mostra um
tom cinza, que deixa concluir que existe um ferimento mais profundo.” 208

Também Marie Curie (Figura 215) sofreu queimaduras semelhantes


quando carregou alguns centigramas de rádio numa ampola de vidro protegido
por uma caixa de metal, e que ela descreveu assim:

“As mãos mostram uma tendência geral à formação de escamas: os pontos


de dedos, que tinham tocada as cápsulas contendo as substâncias
altamente ativas, se endurecem e as vezes tornam-se muito dolorosos. Em
um de nós a inflamação nos pontos de dedos continuou 14 diais e terminou
com o endurecimento, mas a sensibilidade ao dor ainda não desapareceu
depois de uma duração de dois meses.”

Figura 215. Marie e Irène Curie.209

222
(a)

(b)

(c)
Figura 216. radiação ionizante no inicio do século 20: (a) Exame de raios-
X em 1906; (b) câncer de pele como conseqüência de uma dermatite de
raios-X; (c) Monumento do ano 1936 no Hospital St. Georg em
Hamburgo/Alemanha, para 159 médicos que perderam suas vidas devido
ao manuseio de radiação ionizante.

223
Tais queimaduras causadas por radiação ionizante, especialmente de
raios-X foram inúmeras vezes observados no inicio do século 20,
especialmente em radiologistas da época (Figura 216a) e resultaram até na
formação de câncer de pele (Figura 216b). Que tais acidentes eram comum
nesta época mostra o monumento (Figura 216c) de 1936 para 159 médicos,
cientistas e enfermeiros que perderam suas vidas devido ao manuseio de
rádio, raios-X e outras fontes de radiação ionizante no Hospital St. Georg em
Hamburgo, um dos primeiros hospitais com um departamento de radiologia e
medicina nuclear da Alemanha.

11.2. Ação de radiação ionizante e acidentes radiológicos

11.2.1. Atuação de radiação ionizante em tecidos biológicos


A Figura 217 esquematiza a interação de radiação ionizante com celas
biológicas, constituídos principalmente de água. Assim os mecanismos mais
prováveis são: a ionização de moléculas de água, resultando em H 2O+ e
elétrons solvatizados, ou a rádiolise da água, resultando em radicais livres.
Estes produtos são altamente reativos e reagem tanto entre si como com as
moléculas de seu ambiente, por exemplo, a DNA da célula, modificando sua
estrutura e propriedades.

Figura 217. Efeito de radiação ionizante em cela biológica. 210

A distribuição dos produtos primários (íons e radicais) na célula depende


do tipo de radiação, como mostra a Figura 218, que compara a distribuição de
íons depois da radiação com doses iguais de raios-X (esquerda) e radiação 
(direita).

224
Figura 218. Apresentação esquemática da distribuição de íons na célula
depois da radiação com doses iguais de raios-X (esquerda) e radiação 
(direita).211

As modificações em escala molecular da célula podem modificar as


enzimas, membranas ou a informação genética da célula, causando distúrbios
na divisão das células, mudanças na sua forma ou tamanho ou até sua morte.
Estas modificações na escala celular possam-se manifestar nos órgãos como
distúrbios funcionais ou na geração de tumores benignos ou malignos. Os
diversos níveis de manifestação da ação de radiação ionizante em sistemas
biológicas são esquematizados na Figura 219 e o desenvolvimento temporal
dos diversos processos é resumido na Tabela 52.

Tabela 52. Desenvolvimento temporal da ação biológica de radiação


ionizante.

Fase Processo Duração


Ionização e excitação de moléculas
Fase física < 10-15 s
Tempo de vida de pares de ions
Tempo de vida de radicais livres 10-15 – 10-6 s
Fase química
Quebra de ligações químicas < 10-13 s
Repara enzimática 1 min – 10 h
Fase bioquímica
Síndrome de radiação agudo 1d–1a
e biológica
Tempo de latência para gênese de carcinomas  2 – 40 a

225
Figura 219. Ação e manifestação de radiação ionizante em sistemas
biológicas. 212

Tabela 53. Proliferação de tecidos humanos.213

Tipo de tecido Taxa de proliferação


109 células/d 1014 células/70 a
Pele 0,7 0,18
Estomago/Intestino 56 14,31
Eritrócitos 200 51,10
Linfócitos 20 5,11

Os distúrbios causados por radiação ionizante são divididos em danos


determinísticos e danos estocásticos. Nos danos determinísticos a gravidade
aumenta com a dose da radiação é depende da uma dose mínima. A causa dos

226
danos determinísticos é em geral a morte das células, ou seja, a perda da sua
capacidade de proliferação (ver Tabela 53). Tecidos com alta capacidade de
proliferação são mais sensíveis e, portanto danificados por doses menores
como revela a Tabela 54 que compara as doses mínimas1 necessárias para a
manifestação de danos radiológicos em diversos tecidos.

Tabela 54. Dose mínima para efeitos clínicos em homens depois radiação
corporal intera de curto tempo.214

Dose (Gy) Órgão (tipo de dano/sintoma principal)


2 Medula óssea (atrofia); feto (morte)
3 Testículos, ovários (infertilidade permanente)
Olho (Catarata); pele, 100 cm 2 (inflamação); couro cabeludo, 10 cm 2 (queda
5
temporária)
Couro cabeludo, 10 cm2 (queda permanente), peito, criança (distúrbios de
10
crescimento)
20 Pele, 80 cm2 (escamação); ossos, criança (distúrbios de crescimento)
40 Coração (inflamação), Pulmão (inflamação)

Os efeitos de radiação corporal inteiro podem ser divididos em três


formas:
a. síndrome hematológica; a partir de 1 Sv
b. síndrome gastrintestinal; a partir de 10 Sv;
c. síndrome central nervosa; a partir de 50 Sv.

Os sintomas e as terapias adequadas e os prognósticos do sintoma de


radiação agudo em dependência da dose recebida são enumerados na Tabela
55.
O decurso temporal da síndrome de radiação agudo pode ser dividido
em três fases:
(1) mau estar, vertigem; vômito;
(2) fase de incubação com bem estar relativa de três dias ((dose >
50 Sv) até 6 semanas (dose de alguns Sv)
(3) cãibras, distúrbios de coordenaçãpo; tremores, disturbuios de
consciência.

1
Dose mínima necessário para manifestação de danos em 1 – 5 % dos atingidos.

227
Tabela 55. Sintomas clinicas do síndrome de radiação agudo. 215

Dose Risco de
Incubação Sintoma principal Órgão Terapia Prognostico
(Gy) morte (%)
Medula
1 >5h hemograma alterado desnecessário Muito bom 0
óssea
Medula
1–2 >3h Diminuição de leucócitos e plaquetas Tratamento sintomático Bom 0 – 10
óssea
Alterações graves do hemograma, dor de cabeça, Transfusão de sangue,
Medula
2 – 10 0,5 – 2 h fraqueza, febre, infecções, cansaço, sangramento antibiótica, transplantação de Incerto 0 – 90
óssea
interno, queda de cabelo medula óssea
Remédios para aliviar os
10 – 15 0,5 h Diarréia, Febre, vomito, distúrbios dos eletrólitos Intestino Muito ruim 90 – 100
sintomas
Cãibras, tremor, distúrbios do movimento, Sistema Sem
> 50 minutos Tratamento sintomático 100
hipersomnia nervoso esperança

228
Como danos estocásticos entendem-se danos cuja probabilidade
aumenta com a intensidade da radiação recebida, mas cuja gravidade não
depende da dose. Estes danos estocásticos são defeitos singulares como
mutações da DNA, sem perda da possibilidade de proliferação da célula, que
podem resultar na gênese de um carcinoma (dano somático) ou na formação
de doenças genéticas nos descendentes (dano genético). Ao contrario dos
danos determinísticos não há relação temporal entre a exposição radiológica e
a manifestação do dano estocástico, que aparece em geral anos ou décadas
depois da exposição á radiação ionizante.
Danos estocásticos são, em geral, resultante da danificação do DNA
pela radiação ionizante. Possíveis defeitos do DNA são ilustrados na Figura
220 e podem ser identificados como:
(a) defeito de base
(b) quebra de cordão singular;
(c) quebra de cordão dupla.

Figura 220. Danos no DNA causados por radiação ionizante: (a) defeito de
base ( no meio); (b) quebra de cordão singular ( no lado esquerdo); (c)
quebra de cordão dupla ( no lado direito).216

229
Figura 221. Interação de radiação ionizante ( -) com o DNA: Acima:
Interação indireta; Abaixo: Interação direta. 217
A danificação do DNA pela radiação ionizante pode acontecer direta- ou
indiretamente como mostra a Figura 221 para radiação -, que pode induzir a
homólise duma molécula de água em dois radicais cuja ataque danifica o DNA.
Interação indireta, ou seja, a ataque de íons, elétrons ou radicais livres
gerados pela radiação ionizante (Figura 222), provavelmente modifica a
estrutura das bases nucléicas resultando na perda da possibilidade de formar
ligações de hidrogênio e da formação de um par de bases.

Figura 222. Ataque de base nucléica (timina) pelos produtos primários da


radiação ionizante.

230
Figura 223. Quebra de cordão singular e dupla pela interação do DNA com
radiação  - e , respectivamente.
Interação direta da radiação ionizante é a causa mais provável para a
quebra de cordão singular ou dupla do DNA como é esquematizado na Figura
223. O efeito de radiação ionizante na geração de defeitos no DNA depende de
diversos fatores enumerados junto com a respectiva influência na Tabela 56.

Tabela 56. Fatores influenciando os efeitos da radiação ionizante.

Fator Influência
Dose de energia e tipo
Propabilidade de anos aumenta com dose e poder de ionização
de radiação
Aumenta com teor de DNA e com a taxa de proliferação das
Sensibilidade do tecido
células
Aumento com sensibilizadores (exemplo: cafeína), dimunua com
Fatores do ambiente
protetores (exemplo cisteina)
Processos de conserto e
Efetivo em tecidos de alta proliferação
recuperação

Tendo em vista que radiação ionizante é onipresente no meio ambiente


existem mecanismos celulares para o reparo de eventuais danos na célula
causada por radiação ionizante, resumidos na Tabela 57. Assim defeitos
radiológicos se manifestam somente depois da falha dos mecanismos de
defesa. Como é ilustrado na Figura 224 o funcionamento e os requerimentos
para os sistemas de reparo do DNA são:
(a) descobrir;
(b) eliminar;
(c) re-sintetizar;
(d) reconstrução.

Tabela 57. Mecanismos para eliminação de danos radiológicos. 218

Danos Causa Mecanismo de defesa


Para doses de ate 250 mSv reposição da
Retardação e bloqueio de
determinísticos perda de células por aceleração da
formação de células novas
proliferação de células
estocásticos Defeitos no DNA Conserto, eliminação das células defeituosas

A eficaz dos mecanismos de reparo depende do tipo de dano no DNA e


é como mostra maior para defeitos de base (BS) é diminua para quebra de
cordão singular (ESB) e dupla (DSB).
Além de defeitos de bases e quebras de cordão a exposição a radiação
ionizante pode mudar o genoma, ou seja, o número dos cromossomos muda
devido a perda parcial de cromossomos depois de quebra de cordão dupla ou
aglomeração das partes a outros cromossomos. Estas perdas parciais ou
reparos defeituosos resultam em cromossomos anormais como mostra a

231
Figura 226. A Tabela 58 resuma os sintomas clínicos observados depois da
exposição ionizante e os métodos de diagnose.

Figura 224. Funcionamento de mecanismos de reparo do DNA.

232
Figura 225. Tempo de repar para diveros danos radiológicos: BS = defeito
de base; ESB = quebra de cordão singular; DSB = quebra de cordão
dupla.219

Figura 226. Aberrações de cromossomos depois exposição a radiação


ionizante: d = dicenter; f = fragmento; t = tricenter; r = anel (com centro)q
= quadricenter.220

Tabela 58. Diagnose e sintomas depois exposição a radiação ionizante. 221

Dose
Exame Observação tempo mínima
(Sv)
Anamnese Mal estar, vômito Dentro de 48 h 1
Avermelhamento da pele, bolinhas Dentro de horas – dias 3
Estado
Queda de cabelo Dentro de 2 – 3 semanas 3
Hemograma Linfócitos < 1000 mm3 Dentro de 24 h 0,5
Analise de
Dicenter etc. Dentro de 24 h 0,1
cromossomos
Esperma > 20 milhoes/mL Depois 7 semanas 0,15

11.2.2. Causas e exemplos de acidentes radiológicas


As principais causas de acidentes radiológicos são: manuseio
inadequado de aparelhos emitindo radiação ionizante (exemplo difratometros

233
de raios-X) e fontes radioativas perdidas que são encontrados por pessoas que
não conhecem suas propriedades. A seguir são mostrados alguns exemplos de
acidentes radiológicos. O perigo das queimações radioativas se deve ao fato
que a ação da radiação não é percebida e assim os primeiros sintomas
aparecem somente depois de um período de incubação relativamente longo
(mais de alguns dias).
A Figura 227, por exemplo, mostra eritemas secundários causados pela
exposição a doses em torno de 15 Sv durante a troca da amostra num
difratometro de raios-X e a Figura 228 mostra exemplo de queimaduras
causadas pela exposição a raios-X durante um exame radiológico.

(a) (b)
Figura 227. Eritema secundário causado pela exposição a doses em torno
de 15 Sv durante a troca da amostra num difratometro de raios-X: (a)
depois de 4 semanas; (b) depois de 23 dias.222

(a) (b)
Figura 228. Queimação por raios-X: (a) dose de 9 Sv na mão direta; (b)
dose de 100 Sv.

Além de aparelhos de raios-X o manuseio inadequado de fontes


radioativas pode causar severas queimações. Como por exemplo, as
mostradas na Figura 229 na mão esquerda de um operário suíço depois da
exposição por 30 minutos a uma fonte de 192Ir utilizada para testar a qualidade
de soldas. Esta exposição resultou numa dose de aproximadamente 50 Sv.

234
(a) (b) (c)
192
Figura 229. Queimação causada por Ir (dose 50 Sv) depois de: (a) 14
dias; (b) 23 dias; (c) 32 dias.223I

Um outro exemplo para queimação por uma fonte radioativa mostra a


Figura 230a que resultou durante o manuseio de um aparelho de radiação com
60
Co como fonte (Figura 230b).

(a) (b)
Figura 230. Queimação pela exposição a 60Co: (a) acima queimação inicial,
abaixo estado depois de 46 meses; (b) esquema do aparelho com a
posição da mão exposta.224

Mais perigoso que os acidentes causados pelo manuseio inadequado de


fontes de radiação, que podem ser facilmente evitados obedecendo as
respectivas normas de segurança são acidentes causados por fontes perdidas
ou material radioativo negociado ilicitamente que podem cair nas mãos de
pessoas incapaz de reconhecer o perigo desses materiais e esse
desconhecimento pode resultar na demora no reconhecimento da causa dos
danos à saúde.
Um exemplo para danos causados por uma fonte esquecida é o acidente
de Goiânia de 1987. Queimaduras causadas pelo pó de 137CsCl espalhado na

235
pele das vitimas são mostrados na Figura 231. Ainda hoje alguns das vitimas
possuam ferimentos abertos.

Figura 231. Queimaduras causadas por 137CsCl espalhado na pele das


vitimas durante o acidente radiológico de Goiânia em 1987.225

Outro acidente causado por uma fonte de 137Cs perdida aconteceu em


1968 na Argentina quando um operário achou uma fonte (Figura 232) utilizada
para testar a qualidade de soldas por -grafia. Ele carregou seu achado por um
dia na bolsa esquerda e um dia na bolsa direito de seu overall se submetendo
a dose mostrada na Figura 233. Durante os primeiros dias depois da exposição
a vitima se queixou de dores musculares e depois de dois dias foram
observadas as primeiras reações dermatologias (eritemas). O estado das
queimações 1, 4 e 9 meses depois do acidente é mostrado na Figura 234.

Figura 232. Fonte de 137Cs utilizada na -grafia.226

236
Figura 233. Dose recebida durante a exposição  de 137Cs com uma
atividade de  21012 Bq por dois dias nas bolsas do overall.Error:
Reference source not found

237
(a)

(b)

(c)
Figura 234. Estado de queimação por 137Cs: (a) 1 mês depois do acidente;
(b) 4 meses depois do acidente; (c) 9 meses depois do acidente.

238
12. Radionuclídeos na diagnose e terapia médica

12.1. Aplicações de rádio e radônio na medicina – entre


charlatanearia e ciência –

12.1.1. Rádio como terapêutico


Utilização de radiação ionizante começou pouco tempo depois da
descoberta dos raios-X por Röntgen (1985) com o tratamento de câncer de
pele por Stenbeck em 1899 (ver Figura 235). Pouco tempo depois também a
radiação do rádio foi aplicada no tratamento de câncer como mostra a Figura
236. Os sucessos desta “Terapia Curie” levaram a criação de uma “indústria de
rádio” com a fundação do primeiro balneário de rádio em Jáchymov na atual
Republica Tcheca (Figura 237) e a criação de inúmeros de produtos contendo
rádio como suplemento alimentar, supostamente saudável, como mostra a
Figura 238.

Figura 235. Primeira terapia de câncer com raios-X em 1899. 227

Figura 236. Primeira terapia de câncer com rádio em 1907. Error:


Reference source not found

239
Figura 237. O primeiro rádio-balneário em St. Joachimsthal (Império
Austro-Húngaro; hoje Jáchymov, República Tcheca).Error: Reference
source not found

Figura 238. Rádio como suplemento alimentar.Error: Reference source not


found

Também foram comercializados cosméticos (Figura 239) e


medicamentos contendo rádio como principio ativo, alegando que o rádio, e
outros elementos radioativos como tório ajudam a melhorar a constituição do
sangue, na ativação da ação celular e da ação fermentativa das enzimas e na
formação do sangue (Figura 240). As indicações desses medicamentos variam
do tratamento de estados de exaustão nervosa e somática para ajuda no
processo de convalescença e até no tratamento de impotência (Figura 241).

240
Figura 239. Diversos cosméticos contendo rádio é tório.Error: Reference
source not found

Figura 240. Propaganda para medicamentos contendo rádio.Error:


Reference source not found

241
Figura 241. Diversos medicamentos a base de rádio.Error: Reference
source not found
Uma compilação de tais curas pode ser encontrada na página das
Universidades Associadas de Oak Ridge. 228 Ate hoje são comercializados
produtos a base de radionuclídeos naturais com ação supostamente positiva
para a saúde, como por exemplo, o “ovo de radônio” (Figura 242). Este ovo
contém aproximadamente 1 Ci de 232Th e mostra o descaimento  mostrado
na Figura 80 na página 68 formando o isótopo 224Rn com um tempo e meia-vida
de 55,6 s. O ovo deve ser colocado na banheira 3 horas antes do banho para
enriquecer a água com radônio.

Figura 242. “Ovo de radônio” comercializado 21º século no Japão. 229


Artefatos semelhantes (Figura 243), que continham numa matriz
cerâmica uma amostra de 226Ra (t½ = 1600 a) que foi colocada em um
recipiente de água em qual se dissolveu o 222Rn (t½ = 3,825 d) formado por
descaimento , foram comercializados no século 20 e ainda são utilizados nos
estados da antiga União Soviética para a preparação caseira de banho de
radônio. A função dessa terapia de radônio será discutida no próximo
parágrafo.

Figura 243. Emanator de Radônio.230

12.1.2. Terapia de radônio


A terapia de radônio é uma das mais velhas terapias, aplicando a
radiação  de 222Rn. Diferencia-se entre dois tipos de aplicação: 1º banhos de

242
imersão em água termal contendo radônio dissolvido, resultando na adsorção
pela pele e 2º a inalação de radônio em galerias subterrâneas (Figura 244).
Indicações para esta terapia são dores reumáticos, doenças crônicas
degenerativas ou inflamatórias das articulações, distúrbios climatérios e pre-
climatérios e moléstias geriátricas.

(a) (b)
Figura 244. Galerias de radônio em: (a) Bad Gastein (740000 Bq/m 3;
Áustria); (b) Bad Kreuznach (300000 Bq/m3; Alemanha).
Nestas galerias a terapia consiste em 10 – 12 sessões de
aproximadamente 1 h durante um mês. Embora o alívio subjetivo das dores é
comprovado,não é litigioso se existe realmente um efeito curativo nesta terapia
e qual seria o mecanismo de ação da radiação ionizante. Em geral se
suponhava no inicio da radio-balneologia um efeito biopositivo segundo qual
doses baixas de radiação possuam um efeito positivo e doses altas radiação
um efeito negativo. A radioproteção moderna, porém é contrario ao termo de
ação biopositivo, mas mesmo assim se discute ainda a ação biopositivo de
radiação ionizante, mas sobre o novo termo Hormesis (do grego  =
estimular). O problema desse efeito de horesis é que a ação negativa de doses
grande de radiação é facilmente detectada, porem o efeito de doses pequenas
é dificilmente observado, e não pode ser separado da radiação de fundo.

Figura 245. Modelos diversos para relação dose – efeito de radiação


ionizante.Error: Reference source not found
Assim se discute vários modelos da ação de radiação ionizante como
função da dose, mostrados na Figura 245. Estes modelos incluem que a ação

243
somente acontece se a dose ultrapassa um valor mínimo (Schwellenwert), que
a razão de danos diminua na aplicação de doses pequenas (Hormesis), ou que
a relação dose – efeito pode ser descrito por diversos modelos matemáticos
como quadrático-linear (linear-quadratisch), linear (linear) ou convexo (konvex.)
Uma possível explicação do efeito de hormesis pode ser que o
mecanismo de reparo biológico é estimulado por estímulos externos, ou seja,
que a capacidade de eliminar partes defeitos aumenta em um ambiente
prejudical á saúde do individuo. Assim o dano pela radiação é mais que
compensado pelo aumento da função dos mecanismos de reparo. Por
exemplo, se observou na Suíça, que pessoas mornado na zona alpina, como
uma radiação de fundo maior possuam um menor risco de desenvolver
sarcomas e leucemia qeue pessoas morando na zona de Jura, com somente a
metade da radiação de fundo.Error: Reference source not found Com uma
outra possível explicação se discute o efeito do “adaptive response” que
diminua a sensibilidade contra a radiação ionizante depois da radiação anterior
com uma dose pequena.

12.2. Terapia radiológica

12.2.1. Propriedades de radionuclídeos utilizados na terapia


Radionuclídeos são amplamente utilizados na terapia medica, como
mostra a Tabela 59. A aplicação desses radionuclídeos requer que eles são
seletivamente adsorvidos nos tecidos a serem tratados terapeuticamente e que
seus efeitos colaterais são minimizados. Portanto necessitam-se ligantes
interagindo especificamente com as células dos respectivos tecidos, o que
estimula a síntese de inúmeros compostos de coordenação desses elementos
como, por exemplo, complexos de ouro ou tecnécio exemplificados na Figura
246.

Tabela 59. Nuclídeos radiativos aplicados na radio-terapia.231

Nuclídeo Tempo de meia vida Tipo de radiação Aplicação


32
P 14,26 d - Terapia (leucemia)
60
Co 5,272 a - ,  Terapia (câncer)
Terapia (câncer de tiróide)/diagnose
131
I 8,02 d - , 
(tiróide)
125
I 59,41 d  Terapia (câncer de próstata)
137
Cs 30,17 a - ,  Terapia (câncer)
186
Re 3,72 d +, -,  Terapia (câncer de osso)
192
Ir 73,83 d - ,  Terapia (câncer de próstata)
198
Au 2,963 d - ,  Terapia (câncer de ovários)

CO2Na
Au S

NaO2C
(a)

244
H3C
CH2
O
O OH
H3C O H
CH2 P(C2H5)3 H O Au
O HO
O Au S
O H
HO OH
S
H2C O OH H H
O C
H3C n
H2C
CH3
(b) (c)
R +
O
N
R R O
N C N O
N N
C C
Tc Tc
C C S N
N C N
R R O
N
CO2-
R
(d) (e)

O
HO OH
Tc N O N
O O
OH OH Tc
P P
-
O N N
OH
R R O O
H
(f) (g)
Figura 246. Exemplos de complexos de tecnécio e ouro aplicados para
fins terapêuticos e diagnósticos: (a) miocrisin; (b) auranofin; (c) solganol;
(d) cardiolite; (e) Tc-MAG-3; (f) Tc(VII) difosfonato; (g) ceretec.

12.2.2. Princípios fundamentais de radioterapia


A sensibilidade à radiação ionizante de células depende da
proliferação, ou seja, da velocidade de seu crescimento. Assim células
cancerígenas com alta taxa de proliferação são mais sensível que células
normais. Assim células doentes podem ser eliminadas com doses que
garantam ainda a sobrevivência para células saudáveis como mostra o gráfico
em Figura 247.

245
Figura 247. Probabilidade de sobrevivência para células doentes (krankes
Gewebe) e células saudáveis (gesundes Gewebe).Error: Reference source
not found
Principalmente pode se diferenciar entre dois tipos de radioterapia. A
teleterapia (grego  = distante) e a brachiterapia (grego = perto).
No primeiro caso a fonte da radiação ionziante é distante do tecido a ser
tratado enquanto no segundo caso a fonte radiativa é colocado em contato
direto com o tecido cancerígeno.

246
13. Bibliografia

13.1. Livros de texto:


T. Mayer-Kuckuk, Kernphysik – Eine Einführung, 7a edição Teunbner,
Stuttgart, 2002.
K.H. Lieser, Nuclear and Radiochemistry – Fundamentals and
Applications, 2a edição revisada, Wiley-VCH, Weinheim 2001.

13.2. Páginas no web:

13.2.1. Páginas brasileiras


Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)
(http://www.cnen.gov.br/)

Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN)


(http://www.cdtn.br)

Instituto de Engenharia Nuclear (IEN) (http://www.ien.gov.br)

Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN)


(http://www.ipen.br)

Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD)


(http://www.ird.gov.br)

Centro Regional de Ciências Nucleares (CRCN) (http://www.cnen.gov.br)

Indústrias Nucleares do Brasil (INB) (http://www.inb.gov.br)

Eletrobrás Termonuclear S/A (ELETRONUCLEAR)


(http://www.eletronuclear.gov.br)

Nuclebrás Equipamentos Pesados S/A (NUCLEP)


(http://www.nuclep.gov.br)

Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN)


(http://www.aben.com.br)

Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA)


(http://www.cena.usp.br)

13.2.2. Páginas estrangeiras (inglês ou alemão)


International Atomic Energy Agency (http://www.iaea.org)

Particle Data Group (http://www.pdg.lbl.gov)

CODATA ((http://www.codata.org)

National Institute of Standards and Technology

247
(http://www.physics.nist.gov)

CERN (http://public.web.cern.ch/Public/Welcome.html )

GSI Darmstadt (http://www.gsi.de)

DESY Hamburg (http://www.desy.de)

Fermiolab (http://www.fnal.gov)

Forschungszentrum Jülich (http://www.fz-juelich.de)

Forschungszentrum Karlsruhe (http://fzk.de)

Brookhaven Laboratory (http://www.bnl.gov/world)

Deutsche Physikalische Gesellschaft (http://www.dpg-physik.de)

American Physical Society (www.aps.org)

Institute of Physics, London (www.iop.org)

Superkamiokande (http://www-sk.icrr.u-tokyo.ac.jp)

13.3. Proteção Radiológica:


Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina
(http://protecaoradiologica.unifesp.br/)
Comissão Nacional de Energia Nuclear
(http://www.cnen.gov.br/acnen/emergencia.asp)
13.4. Cartas e Tabelas de Nuclídeos:
http://isotopes.lbl.gov/education/isotopes.htm
http://nucleardata.nuclear.lu.se/nucleardata/toi/index.asp
http://www.nndc.bnl.gov/
http://www.nucleonica.net/unc.aspx
http://www.nndc.bnl.gov/wallet/wccurrent.html
Table of Isotopes (http://isotopes.lbl.gov)

13.5. Calculador de radioatividade


http://graphpad.com/quickcalcs/radcalcform.cfm

13.6. Apostilas (em Alemão)

13.6.1. Radioquímica, Química nuclear e Física nuclear


Martin Badertscher, Skript zur Vorlesung Radiochemie, ETH Zürich,
http://www.analytik.ethz.ch/vorlesungen/radiochemie.htm;

248
Gert Bernhard, Skript zur Vorlesung Radiochemie, TU Dresden, Fachbereich
Chemie und Lebensmittelchemie http://www.fzd.de/db/Cms?pNid=426
T. Elze, C. Freudenberger, A. Muthig, Skript zur Vorlesung Kernphysik, Institut
für Kernphysik, Frankfurt am Main,
http://www.uni-frankfurt.de/fb/fb13/ikf/Dokumente/kernphysik.zip
R. Michel, Zentrum Für Strahlenschutz und Radioökologie, Leibniz-Universität
Hannover (diversos assuntos) http://www.zsr.uni-hannover.de/index.html
E. Foßhag, Skript zur Vorlesung Radiochemie, Fachhochschule Mannheim,
http://www.prc.hs-mannheim.de/prc/
H. Friedmann, Skript zur Vorlesung Einführung in die Kernphysik, Fakultät für
Physik, Universität Wien, http://homepage.univie.ac.at/harry.friedmann/
M. Bichler, Skript zur Vorlesung Radiochemie, Technische Universität Wien,
http://www.ati.ac.at/~rchemie/skriptumrc/skriptum.html

13.6.2. Medicina nuclear


G. Windischbauer, Skript Grundlagen der Medizinischen Physik, Institut für
Medizinische Physik und Biostatistik der Veterinärmedizinischen Universität
Wien, http://www-med-physik.vu-wien.ac.at/physik/ws95/w95i0000.htm
S. Schweizer, Skript zur Vorlesung Nuklearmedizin, Departament für Physik,
Universität Paderborn,
http://www.physik.upb.de/ag/ag-schweizer/lectures/medical_2008.html
6. Jahreskurs für Humanmedizin, Universität Basel, http://6jk.fame-
basel.ch/skripts/Radio_Nuklearmedizin_Herz_Mueller-Brand.pdf
T.A. Kern, Nuklearmedizin, Technische Universität Darmstadt,
http://www.emk.tu-
darmstadt.de/de/institut/fachgebiete/must/lehre/biomedizinische_technik/#c204
6
H. Künstner et al., Skritpte zur Vorlesung Nuklearmedizin I + II, Klinik und
Poliklinik für Nuklearmedizin, Universität Rostock, http://www-nuk.med.uni-
rostock.de/Studenteninfo/Studenteninfo.htm

249
14. Referências

250
1
Österreichische Strahlenschutzverordnung vom 22/05/2006.
2
http://la.wikisource.org/wiki/De_rerum_natura_%28Titus_Lucretius_Carus%29_-_Liber_VI
3
http://www.gutenberg.org/dirs/etext97/natng10.txt
4
http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Lucretius.jpg
5
http://de.wikipedia.org/wiki/Bild:Illyricum.jpg
6
http://de.wikipedia.org/wiki/Bild:Ausschnitt_der_s%C3%BCdwestlichen_Lekanis.jpg
7
R. Michel. Leibniz Universität Hannover, (http://www.zsr.uni-hannover.de/folienws.htm).
8
http://libcoll.mpiwg-berlin.mpg.de/libview?
mode=texttool&url=/mpiwg/online/permanent/library/4E5N6PMD/index.meta
9
http://www.digibib.tu-bs.de/?docid=00000710
10
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f3/Schneeberg_panorama_from_south_east_%28aka
%29.jpg
11
M. Bichler, Skriptum zur Vorlesung Radiochemie TU Wien, Wien 2006, p. 12
(http://www.ati.ac.at/~rchemie/skriptumrc/skriptum.html).
12
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/1/18/J%C3%B6ns_Jacob_Berzelius.jpg
13
www.spessartit.de/50silika.htm
14
http://www.mineralienatlas.de/lexikon/index.php/Vandenbrandeit (acessado 20/06/2008)
15
http://www.althofen.at/welsbach.htm
16
http://bibliothek.univie.ac.at/sammlungen/objekt_des_monats/002184.html
17
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e4/Roentgen-x-ray-von-kollikers-hand.jpg
18
ETHZ http://www.analytik.ethz.ch/vorlesungen/radiochemie.htm
19
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1e/Becquerel_plate.jpg
20
http://www.aps.org/publications/apsnews/200412/history.cfm
21
http://www.prc.fh-mannheim.de/prc
22
H.R. Christen, Grundlagen der allgemeinen und anorganischen Chemie, 5ª edição, Sauerländer, Frankfurt am
Main, 1977, p. 13.
23

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/37/Charles_Thomson_Rees_Wilson_at_1927_Solvay_confere
nce.jpg
24
http://leifi.physik.uni-muenchen.de/web_ph09_g8/versuche/08nebelkammer/anim_troepfch.htm
25
Exemplos: http://njsas.org/projects/atoms/cloud_chamber/cache/cloud.html;
http://www.bizarrelabs.com/cloud.htm
26
http://leifi.physik.uni-muenchen.de/web_ph09_g8/versuche/08nebelkammer/nk_aufnahmen.htm
27
http://www.technorama.ch/
28
http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Robert-millikan2.jpg
29
Phys. Rev. 2 (1913) 109, citado segundo: T. Mayer-Kuckuk, Atomphysik, 5ª edição, Teubner, Stuttgart, 1997,
p. 14.
30
T. Mayer-Kuckuk, Atomphysik, 5ª edição, Teubner, Stuttgart, 1997, p. 18.
31
http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Ernest_Rutherford2.jpg
32
http://www.ptb.de/en/org/6/info/info_02.htm
33
http://www.rsnz.org/funding/marsden_fund/news14/
34
http://www.uni-frankfurt.de/fb/fb13/ikf/Dokumente/kernphysik.zip
35
T. Mayer-Kuckuk, Atomphysik, 5ª edição, Teubner, Stuttgart, 1997, p. 18
36
T. Mayer-Kuckuk, Atomphysik, 5ª edição, Teubner, Stuttgart, 1997, p. 20 – 21.
37
T. Mayer-Kuckuk, Atomphysik, 5ª edição, Teubner, Stuttgart, 1997, p. 22.
38
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c2/Chadwick.jpg
39
J. Falbe, M. Regitz (ed.), Römpp Lexikon Chemie vol. 4, 10a edição, Thieme, Stuttgart, 1998, p. 2882.
40
H. Vogel, Gerthsen, Kneser Vogel Physik, 13ª edição, Springer-Verlag, Berlin, 1977, p. 512.
41
K. .H. Lieser, Nuclear and Radiochemistry, Wiley-VCH, Weinheim, 2001, p. 146.
42
http://nobelprize.org/nobel_prizes/physics/laureates/1938/index.html
43
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e0/Lise_Meitner.jpg
44
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/de/1/16/Otto_Hahn_Juni_1965_an_Bord_MS_D%C3%BCsseldorf.jpg
45
http://www.mpch-mainz.mpg.de/~elbert/strassmann2.jpg
46
R. Gelius, Chem. Unserer Zeit 1997, 31, 162.
47
N. Wiberg, Holeman – Wiberg – Lehrbuch der anorganischen Chemie, 102 a edição, Walter de Gruyter, Berlin,
2007, p. 1932.
48
http://www.aip.org/history/historymatters/images/frisch2.jpg
49
http://www.fzd.de/db/Cms?pNid=426
50
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b7/Atomic_cloud_over_Hiroshima.jpg
51
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2c/AtomicEffects-Hiroshima.jpg
52
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/1/1b/Chernobyl_Disaster.jpg
53
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/30/Pripjat_Panorama.jpg
54
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6e/View_of_Chernobyl_taken_from_Pripyat.JPG
55
www.iaea.org
56
http://www.analytik.ethz.ch/praktika/analytisch/radiochemie/unterlagen/P35-1.pdf
57
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/ec/Brazilcesiumhuman.png
58
http://www-pub.iaea.org/MTCD/publications/PDF/Pub815_web.pdf
59
http://en.wikipedia.org/wiki/Chernobyl_disaster_effects
60
http://www.eletronuclear.gov.br/professores/galeria_imagens.php?id_galeria=12&id_imagem=86#inicio-
conteudo
61
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/04/Rio_de_Janeiro_from_Corcovado_2005.jpg
62
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