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JURISPRUDÊNCIA
INTERNACIONAL DE
DIREITOS HUMANOS
RESUMOS, COMENTÁRIOS E DESTAQUES DOS PRINCIPAIS PONTOS
DE DECISÕES PROFERIDAS PELA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS.
NOVIDADE
RESUMO DE TODAS
AS OPINIÕES CONSULTIVAS
DA CORTE INTERAMERICANA
DE DIREITOS HUMANOS
INCLUI
QUESTÕES DE CONCURSOS
2ª EDIÇÃO | 2017
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importador e o distribuidor em caso de reprodução no exterior (art. 104 da Lei n. 9.610/98).
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-93614-00-2
1. Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos I. Paiva, Caio Cezar. II. Heemann, Thi-
motie Aragon. III. Título.
“
Livros não mudam o mundo, quem muda o
mundo são as pessoas. Os livros só mudam as
pessoas.
Mario Quintana
“
4 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
agradecimentos
Dedico esse livro a você, que ainda não sei se será menino ou
menina, mas que já faz meus olhos brilharem de alegria e de emoção. Não
vejo a hora de te pegar no colo, sentir seu cheiro e te dizer, para sempre, o
quanto o pai te ama. Dedico esse trabalho também a minha esposa, Luiza,
que compreende a minha loucura de espalhar livros e de escrever por
todos os cantos da casa. Te amo! Aos meus pais, Cezar e Tânia, e ao meu
irmão, Renan, por tudo o que representam pra mim.
CAIO PAIVA
Agradeço aos meus pais, João e Maristela, por todo apoio dado
desde o início desta jornada, a Nathalia, por todo o companheirismo e
incentivo durante o desenvolvimento deste projeto, ao meu avô Sidnei
(in memorian) por me incentivar durante todos os momentos em que
estivemos juntos, e a Lucyanna e sua família, queridos amigos de Brasília
que sempre me incentivaram e apoiaram durante todas as fases deste
longo livro.
THIMOTIE ARAGON HEEMANN
CAIO PAIVA
Campinas/SP, fevereiro de 2017.
Contato e redes sociais:
E-mail: caiodireito@gmail.com
Facebook: /professorcaiopaiva
Instagram: @caiocpaiva
Periscope: @caiocpaiva
Twitter: @caiocezarfp
CONTEÚDO
DEMONSTRATIVO
8 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
1
Sobre o tema relativo ao ônus da prova no sistema adotado pela CorteIDH, chamando
a atenção para as exceções à regra de competir à parte autora provar o alegado, ver:
BOVINO, Alberto. La actividad probatoria ante la Corte Interamericana de Derechos
Humanos. SUR – Revista Internacional de Derechos Humanos, año 2, n. 3, 2005, p. 83;
RAMOS, Isabel Montoya. Panorama general de la prueba ante la Corte Interamerica-
na de Derechos Humanos. In: RAMÍREZ, Sergio García; MARISCAL, Olga Islas de;
FERRUSCA, Peláez Mercedes (coords.). Criterios y jurisprudencia interamericana de
derechos humanos: influencia y repercusion en la justicia penal. México, 2014. p. 296 e
ss.; CHAVARRÍA, Ana Belem García. La prueba en la función jurisdiccional de la Cor-
te Interamericana de Derechos Humanos. México: Comisión Nacional de los Derechos
Humanos, 2016. p. 51; CORIA, Dino Carlos Caro. La prueba en el crimen de desapar-
cición forzada de personas conforme a la jurisprudencia de la Corte Interamericana de
Derechos Humanos. Sistema interamericano de protección de los derechos humanos y
derecho penal internacional. México: Konrad-Adenauer-Stiftung – Programa Estado de
Derecho para Latinoamérica, 2011. p. 138.
CONTEÚDO DEMONSTRATIVO 11
2
Nesse sentido, ver: RAMOS, Isabel Montoya. Panorama general de la prueba ante la
Corte Interamericana de Derechos Humanos..., p. 296.
3
CORIA, Dino Carlos Caro. La prueba en el crimen de desaparcición forzada de personas
conforme a la jurisprudencia de la Corte Interamericana de Derechos Humanos..., p. 139.
12 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
4
Ver BOVINO, Alberto. La actividad probatoria ante la Corte Interamericana de Dere-
chos Humanos..., p. 83.
5
Sobre a importância da prova indiciária para se provar o desaparecimento forçado,
com referências ao Caso Velásquez Rodríguez, ver: CHAVARRÍA, Ana Belem García.
La prueba en la función jurisdiccional de la Corte Interamericana de Derechos Huma-
nos..., p. 51; RAMOS, Isabel Montoya. Panorama general de la prueba ante la Corte In-
teramericana de Derechos Humanos..., p. 304; CORIA, Dino Carlos Caro. La prueba en
CONTEÚDO DEMONSTRATIVO 13
QUESTÃO DE CONCURSO
Gabarito: A.
CONTEÚDO DEMONSTRATIVO 15
8
Infelizmente, o relativismo cultural ainda impera em países do continente asiático. Nes-
se sentido, lembramos o triste “Caso Sakineh”, no qual a iraniana Sakineh Mohammadi
Ashtiani foi condenada em maio de 2006 após ter mantido uma “relação ilegal” com
dois homens. Ela recebeu a sentença de 99 chicotadas por essa condenação, e a pena
foi cumprida. Mãe de dois filhos, a mulher de 43 anos acabou sendo julgada novamente
pouco tempo depois e recebeu uma segunda condenação, dessa vez por adultério. Ela
foi sentenciada à morte por apedrejamento. No julgamento, Sakineh negou ter cometido
adultério.
18 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
9
AMBOS, Kai; ALFLEN, Pablo Rodrigo. Crime de desaparecimento forçado de pesso-
as. São Paulo: RT, 2013. p. 95.
10
Sobre o tema dimensões da justiça de transição, remetemos o leitor para nossos co-
mentários ao Caso Gomes Lund.
CONTEÚDO DEMONSTRATIVO 19
11
Parcela da doutrina alerta sobre a impossibilidade de se aferir uma possível incidência,
violação (ou até mesmo ponderar) normas dotadas de um alto grau de indeterminabilida-
de semântica. Para um maior aprofundamento sobre o tema, ver: SARMENTO, Daniel
(org.). Interesses públicos versus interesses privados: desconstruindo o princípio da su-
premacia do interesse público. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.
20 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
12
SANTOS, Boaventura de Souza. Por uma concepção multicultural de direitos huma-
nos. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 48, jun. 1997, p. 18-19. Sobre essa questão,
trazemos ainda a lição de Catherine Walsh: “A multiculturalidade é um termo precipua-
mente descritivo. Tipificamente se refere a multiplicidade de culturas que existem dentro
de um determinado espaço, seja local, regional, nacional ou internacional, sem que ne-
cessariamente exista uma relação entre elas” (WALSH, Catherine. La interculturalidad
en la educación, Lima: Ministério de Educación, 2005, p. 5).
22 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
13
Ainda sobre a hermenêutica diatópica proposta por Boaventura de Souza Santos como
forma de proporcionar um diálogo intercultural dos direitos humanos, vejamos a didá-
tica exposição de Portela: “Por fim, Boaventura de Souza Santos vem defendendo uma
proposta de superação da polêmica entre o universalismo e o relativismo, que é a cha-
mada ‘hermenêutica diatópica’, que se fundamenta na noção de que os referenciais de
uma cultura ‘são tão incompletos quanto a própria cultura a que pertencem’, ou seja,
no reconhecimento das limitações dos valores dos universos culturais. O objetivo dessa
hermenêutica é ampliar ao máximo a consciência de incompletude mútua através de um
diálogo que se desenrola, por assim dizer, com um pé numa cultura e outro, noutra, num
verdadeiro diálogo intercultural. A hermenêutica diatópica tem dois imperativos: o pri-
meiro é o de que das ‘diferentes visões de uma dada cultura, deve ser escolhida aquela
que representa o círculo mais amplo de reciprocidade dentro dessa cultura, a versão
que vai mais longe no reconhecimento do outro’; o segundo é o de que ‘as pessoas e os
grupos sociais têm o direito a ser iguais quando a diferença os inferioriza, e o direito
a ser diferentes quando a igualdade os descaracteriza’. Com isso, as possibilidades e
exigências das normas de direitos humanos poderão ser progressivamente absorvidas
e apropriadas pelas culturas locais, sem que isso signifique aquilo que Boaventura de
Souza Santos chama de ‘canibalização cultural’” (PORTELA, Paulo Henrique Gon-
çalves. Direito internacional público e privado. 7. ed. Salvador: JusPodivm, 2015. p.
826-827).
CONTEÚDO DEMONSTRATIVO 23
14
Sobre o universalismo de confluência, explica Joaquín Herrera Flores: “Por isso,
nossa visão complexa dos direitos aposta por uma racionalidade de resistência. Uma
racionalidade que não nega que é possível chegar a uma síntese universal das dife-
rentes opções relativas aos direitos. E tampouco descarta a virtualidade das lutas pelo
reconhecimento das diferenças étnicas ou de gênero. O que negamos é considerar o
universal como um ponto de partida ou um campo de desencontros. Ao universal há de
se chegar – universalismo de chegada ou de confluência – depois (não antes) de um pro-
cesso conflitivo, discursivo de diálogo ou de confrontação no qual cheguem a romper-se
os prejuízos e as linhas paralelas. Falamos do entrecruzamento, e não de uma mera su-
perposição de propostas. O universalismo abstrato mantém uma concepção unívoca da
história que se apresenta como o padrão ouro do ético e do político” (FLORES, Joaquín
Herrera. Direitos humanos, interculturalidade e racionalidade de resistência. Revista da
UFSC, v. 23, n. 44, 2002, p. 21).
CONTEÚDO DEMONSTRATIVO 25
QUESTÕES DE CONCURSOS
Gabarito
15
É bem verdade que alguns países só conseguem mudar as suas estruturas políticas a
partir de uma ação externa. No entanto, não foi o que aconteceu nos acontecimentos que
originaram a denominada “Primavera Árabe”.
16
BASTOS, Ronaldo. O imperialismo dos Direitos Humanos e a Falsidade de Suas
Premissas. Disponível em: http://diplomatique.org.br/o-imperialismo-dos-direitos-hu-
manos-e-a-falsidade-das-suas-premissas/ Admitimos que existem intervenções huma-
nitárias legítimas e que buscam proteger os direitos humanos da população do Estado
invadido. Essas intervenções ocorrem quando a situação no Estado invadido é tão caótica
que nem o próprio governo consegue garantir os direitos humanos básicos de seus nacio-
nais. Para esse fenômeno se dá o nome de “responsabilidade de proteger” ou “r2p” (“res-
ponsability to protect”). No entanto, esse fenômeno só pode ocorrer com autorização
expressa do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que não ocorreu nas invasões
praticadas pelos EUA no Afeganistão e no Iraque.
26 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
Gabarito: Certo.
cultural e social.
Gabarito: B.
Gabarito: C.
17
Sobre o tema, ver: MAC-GREGOR, Eduardo Ferrer. Juicio político a jueces, inde-
pendencia judicial y desvio de poder (sobre el Caso Tribunal Constitucional vs. Ecua-
dor). In: CARBONELL SÁNCHEZ, Miguel; FIX-FIERRO, Héctor Felipe; PÉREZ, Luis
Raúl González; VALADÉS, Diego (coords.). Estado constitucional, derechos humanos,
justicia y vida universitaria: estudos en homenaje a Jorge Carpizo. Tomo III: Justicia.
México: Universidad Nacional Autónoma de México, 2015. p. 217-276.
CONTEÚDO DEMONSTRATIVO 33
18
Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/wp-content/
uploads/sites/41/2016/05/peticao_camara_-_25-04-2016.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2017.
19
Disponível em: <http://s.conjur.com.br/dl/adpf-378-pcdob-impeachment.pdf>. Aces-
so em: 16 jan. 2017.
20
Disponível em: <http://s.conjur.com.br/dl/parecer-impeachment-juarez-geraldo-pra-
do.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2017.
21
Disponível em: <http://www.pt.org.br/wp-content/uploads/2016/08/denuncia.pdf>.
Acesso em: 16 jan. 2017.
38 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
22
Sobre o tema, ver: FISCHER, Douglas. O princípio da ampla defesa e as condutas com
intuito meramente protelatório no procedimento processual penal. Revista dos Tribunais,
40 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
argentino Daniel Pastor, para quem o Direito não pode colocar o acusado
numa situação em que precise optar “entre exercer todos seus direitos
defensivos, inclusive sem razão, e perder seu direito a ser julgado rapida-
mente, ou preservar este último sacrificando aqueles”23.
vol. 761, mar. 1999, p. 509-512; ASSIS MOURA, Maria Thereza Rocha; BASTOS, Cle-
onice A. Valentim. Defesa penal: direito ou garantia? Revista Brasileira de Ciências
Criminais, vol. 4, out.-dez. 1993, p. 110-125.
23
PASTOR, Daniel. El plazo razonable en el processo del estado de derecho: una in-
vestigación acerca del problema de la excesiva duración del proceso penal y sus posibles
soluciones. Argentina: Ad-Hoc, 2002. p. 467. Noutro trabalho, Pastor ressalta que “O
exercício de faculdades defensivas impostas pelo mais elementar respeito pelos direi-
tos fundamentais do acusado não pode, de nenhuma maneira, repercutir numa sanção
para ele. Do contrário, se estaria limitando indevidamente o direito de defesa em juízo”
(PASTOR, Daniel. Tensiones: ¿derechos fundamentales ó persecución penal sin limites?
Buenos Aires: Editores Del Puerto, 2004. p. 193).
24
Para um aprofundamento sobre o tema, ver: LIMA, Raquel da Cruz. O direito penal
dos direitos humanos: paradoxos no discurso punitivo da Corte Interamericana de Di-
reitos Humanos. Dissertação de mestrado apresentada na Universidade de São Paulo
(USP), 2013.; PARENTI, Pablo F. La inaplicabilidade de normas de prescripción en la
jurisprudencia de la Corte Interamericana de Derechos Humanos. Sistema Interamerica-
no de Protección de los Derechos Humanos y Derecho Penal Internacional. Uruguay:
Fundación Konrad-Adenauer, Oficina Uruguay, 2010. p. 211-228; VERA, Oscar Parra.
La jurisprudencia de la Corte Interamericana respecto a la lucha contra la impunidad:
algunos avances y debates. Revista Jurídica de la Universidad de Palermo, n. 1, nov.
2012, p. 5-51.
CONTEÚDO DEMONSTRATIVO 41
25
Também apresentando esta pergunta: PARENTI, Pablo F. La inaplicabilidade de nor-
42 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
29
Este entendimento foi reiterado na decisão de interpretação da sentença, de 05/08/2008.
CONTEÚDO DEMONSTRATIVO 45
30
Sobre o tema, ver: RAMÍREZ, Sergio García. Derechos humanos para os menores
de edad: perspectiva de la jurisdicción interamericana. Médico: Universidad Nacional
Autónoma de México – Instituto de Investigaciones Jurídicas, 2010; RIVAS, Juana Ma-
ría Ibáñez. Los derechos de los niños, niñas y adolescentes en la jurisprudencia de la
Corte Interamericana de Derechos Humanos. Revista IIDH/Instituto Interamericano de
Derechos Humanos, n. 1, ene.-jun. 1985, p. 13-54; Justicia juvenil y derechos humanos
en las Américas. Documento da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Relato-
ria sobre os Direitos das Crianças, 2011; Procedimentos policiales y derechos del niño.
Documento da UNICEF, Chile, 2012; RAMÍREZ, Sergio García. Jurisdicción para me-
nores de edad que infringen la ley penal. Criterios de la jurisdicción interamericana
y reforma constitucional. Disponível em: <http://capacitacion.jusmisiones.gov.ar/files/
material_curso/3-Sergio%20Garcia%20Ramirez.pdf>. Acesso em: 26 dez. 2016; CON-
TRÓ, Mónica González. Trascendencia de los criterios y la jurisprudencia interamerica-
nos de derechos humanos en el área de adolescentes en conflicto com la ley penal. In:
RAMÍREZ, Sergio García; MARISCAL, Olga Islas de; FERRUSCA, Peláez Mercedes
(coords.). Criterios y jurisprudencia interamericana de derechos humanos: influencia y
repercusion en la justicia penal. México, 2014. p. 437-452.
48 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
dade, eles devem ficar separados dos presos adultos (Mérito, reparações e
custas, § 136); e (IV) as denominadas razzias, detenções coletivas para ave-
riguações de identidade e por suspeita de contravenções, são incompatíveis
com os direitos humanos à presunção de inocência, à exigência de ordem
judicial para deter – salvo hipótese de flagrância – e à obrigação de notificar
os encarregados dos menores de idade (Mérito, reparações e custas, § 137).
16.3. Conexões com o Direito brasileiro
31
Sobre o princípio da presunção relativa de convencionalidade dos atos normativos
internos, vejamos a lição de Daniel Sarmento: “Mas, diante de democracias constitucio-
nais, é preferível partir-se da premissa de que a legislação interna representa um esforço
de concretização dos direitos humanos à luz das especificidades locais e das escolhas
políticas do povo. Claro que esta deve ser uma presunção de convencionalidade relativa,
que as cortes internacionais podem afastar” (SARMENTO, Daniel. Direitos fundamen-
tais, Constituição e direito internacional: diálogos e fricções. In: PIOVESAN, Flávia;
SOARES, Inês Virgínia Prado (coord.). Impacto das decisões da Corte Interamericana
de Direitos Humanos na jurisprudência do STF. Salvador: JusPodivm, 2016. p. 327).
CONTEÚDO DEMONSTRATIVO 53
32
Sobre o princípio da progressividade, vejamos a lição de García Ramírez e Moráles
Sanchez: “A progressividade dos direitos humanos estabelece a obrigação do Estado
de tentar todos os meios possíveis para a sua satisfação em cada momento histórico e
proíbe qualquer reversão ou regressão nesta tarefa” (La reforma constitucional sobre
derechos humanos (2009-2011). México: Porrúa y UNAM, 2011. p. 99).
54 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
33
Para um aprofundamento acerca da interpretação internacionalista e a figura do “tra-
tado internacional nacional”, ver: RAMOS, André de Carvalho. Processo internacional
de direitos humanos. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
CONTEÚDO DEMONSTRATIVO 55
34
No Caso Genie Lacayo vs. Nicarágua, a Corte Interamericana reconheceu que o
direito ao prazo razoável deve ser analisado, também, à luz da perspectiva das vítimas
de violações de direitos humanos. Ainda nesse sentido, ao analisar o Caso Myrna Mack
Chang vs. Guatemala, a CorteIDH reconheceu que as vítimas possuem o direito de ver
os seus violadores de direitos humanos serem processados e julgados pelo Estado.
56 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
35
Para um maior aprofundamento sobre os níveis de intensidade do controle de con-
vencionalidade, ver: MAC-GREGOR, Eduardo Ferrer. Interpretación conforme y con-
trol difuso de convencionalidad. El nuevo paradigma para el juez mexicano. In: CAR-
BONELL, Miguel; SALAZAR, Pedro (coords.). Derechos humanos: un nuevo modelo
constitucional. UNAM-IIJ. México, 2011. p. 339-429.
58 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
36
Questão interessante recai sobre o exercício da jurisdição consultiva pela Corte Inte-
ramericana de Direitos Humanos. A doutrina vem chamando de aferição de convencio-
nalidade a situação em que o tribunal interamericano exerce sua jurisdição consultiva e
analisa a compatibilidade da legislação interna de determinado Estado com os tratados
internacionais de direitos humanos, uma vez que a situação ocorre sempre em abstrato.
Nesse sentido, a lição de Valério de Oliveira Mazzuoli: “Portanto, essa verificação – por
meio de pareceres, também chamados de opiniões consultivas – relativa à compatibili-
dade das leis internas com os tratados internacionais de direitos humanos, no âmbito da
competência consultiva da Corte, é que se deve nominar de aferição de convencionali-
dade (...)” (MAZZUOLI, Valério de Oliveira. O controle jurisdicional da convenciona-
lidade das leis. 3. ed. São Paulo: RT, 2013. p. 107).
37
Nesse sentido, ver: CorteIDH, Opinião Consultiva 21/2014, § 31.
60 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
tação das normas internas conforme o conteúdo disposto nos tratados in-
ternacionais de direitos humanos e na jurisprudência internacional. Nessa
modalidade de exercício do controle de convencionalidade, a norma inter-
na não seria deixada de lado no caso concreto, mas interpretada à luz do
bloco de convencionalidade e da jurisprudência internacional de direitos
humanos. Assim, o controle de convencionalidade débil busca resolver
a antinomia aparente entre a ordem jurídica interna e internacional por
meio da interpretação, evitando o efeito de afastamento da norma interna.
Há ainda, o controle de convencionalidade como diretriz, que surgiu por
meio da jurisprudência da Corte Interamericana, consistindo na ampliação
para toda e qualquer autoridade pública o dever de exercer o controle de
convencionalidade38.
38
Para um maior aprofundamento sobre a classificação exposta, ver: CONTRERAS,
Pablo. Control de Convencionalidad, Deferencia Internacional y Discreción Nacional en
la Jurisprudencia de la Corte Interamericana de Derechos Humanos. Ius et Praxis, vol.
20, n. 2, Talca, 2014.
39
É importante ressaltar que em novembro de 2016 o STF indeferiu a Extradição 1.362,
na qual o Estado da Argentina pleiteava a entrega do sr. Salvador Siciliano, acusado de
sequestrar e matar militantes políticos de esquerda no período de 1973 a 1975. Segundo
o pedido formulado pelo Estado argentino, os crimes de lesa-humanidade a ele atribuí-
dos seriam imprescritíveis de acordo com a Convenção sobre a Imprescritibilidade dos
Crimes de Guerra e dos Crimes contra a Humanidade, de 1968. No entanto, a maioria
dos ministros do STF rejeitou o pleito, sob o argumento de que o Estado brasileiro não
subscreveu a Convenção Sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos Cri-
mes contra a Humanidade. Da mesma forma, os ministros que votaram pela rejeição
da extradição não reconheceram a imprescritibilidade dos crimes contra a humanidade
62 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
Assim, para a Corte Interamericana, “Mesmo que o Chile não tenha rati-
ficado essa Convenção [da ONU], esta Corte considera que a imprescri-
tibilidade dos crimes de lesa-humanidade surge como norma de Direito
Internacional Geral (jus cogens), que não nasce com a Convenção, mas
que está nela reconhecida. Consequentemente, o Chile não pode deixar
de cumprir essa norma imperativa” (Exceções preliminares, mérito, repa-
rações e custas, § 153).
QUESTÕES DE CONCURSOS
40
A convencionalização do direito civil consiste na interpretação das normas de direito
civil à luz das convenções internacionais de direitos humanos.
CONTEÚDO DEMONSTRATIVO 65
Gabarito: Certo.
Gabarito: Errado.
66 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
41
“O princípio da primazia da realidade significa que as relações jurídicas trabalhis-
tas se definem pela situação de fato, isto é, pela forma como se realizou a prestação de
serviços, pouco importando o nome que lhes foi atribuído pelas partes. Despreza-se a
ficção jurídica” (BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 6. ed. São
Paulo: LTr, 2010. p. 156).
70 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
42
Acerca das formas de escravidão contemporânea, tema popularmente chamado de neo-
escravidão, vislumbramos a existência de dois níveis do fenômeno em estudo, a soft-sla-
very e a hard-slavery. Enquanto na primeira situação a vítima concorda com a situação
em que é reduzida à condição análoga de escravo, na última, não há essa concordância
por parte da vítima, que acaba submetida ao regime de trabalho escravo de forma com-
pulsória. No entanto, cumpre observar que ambas as formas de trabalho escravo violam
a proteção internacional dos direitos humanos, uma vez que o consentimento da vítima
não possui o condão de conferir validade e legalidade ao crime de plágio, visto que os
direitos humanos são caracterizados por sua irrenunciabilidade e sua indisponibilidade.
CONTEÚDO DEMONSTRATIVO 71
43
Os mandados internacionais podem ser classificados em mandados internacionais de
criminalização e mandados internacionais de ajustamento. Nos mandados internacio-
nais de criminalização, os tratados internacionais, de forma explícita, ou as decisões dos
tribunais internacionais, de forma implícita, emitem um comando para que os Estados
criminalizem determinada conduta em seu ordenamento jurídico interno. Já os manda-
dos internacionais de ajustamento são aqueles nos quais há uma ordem para que deter-
minado Estado ajuste a sua legislação interna ao arcabouço normativo internacional.
CONTEÚDO DEMONSTRATIVO 73
44
Trata-se de decisão proferida na ADI 5.209. A referida ADI perdeu o objeto com a
revogação da Portaria Interministerial do MTE que regulamentava o tema. No entanto, o
Ministério do Trabalho publicou uma nova Portaria Interministerial (nº 4, de 2016) que,
embora tenha reproduzido o núcleo essencial da do ano anterior, também acrescentou a
possibilidade de celebração de termo de ajuste de conduta ou acordo judicial para repa-
ração do dano causado pelo administrado alvo da fiscalização.
45
Na Roma antiga, a Lex Fabia de plagiariis romana reprimia as condutas de submeter
à escravidão o homem livre e de comprar, vender ou assenhorear-se do escravo alheio,
74 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 2ª EDIÇÃO
designando tal comportamento como “plagium”. Por tal motivo, o crime previsto no
artigo 149 do Código Penal brasileiro também é conhecido como “crime de plágio”.
CONTEÚDO DEMONSTRATIVO 75
46
Sobre o efeito encantatório dos direitos humanos, David Sánchez Rubio definiu as di-
mensões dos encantos e desencantos dos direitos humanos: “A dimensão encantadora se
une com o potencial emancipador e o horizonte de esperança que possibilita a existência
de condições de autoestima, responsabilidade e autonomia diferenciadas e plurais. A
dimensão que desencanta pode aparecer no instante em que os Direitos Humanos se
fixam sobre discursos e teorias, instituições e sistemas estruturais que sociocultural e
sociomaterialmente não permitem que estes sejam factíveis e nem possíveis devido às
assimetrias e hierarquias desiguais sobre as quais se mantêm. Além disso, através de di-
versos mecanismos de ocultação, pode se construir um imaginário aparentemente eman-
cipador, e, por isso, com um encanto sedutor, falsamente universal” (RUBIO, David
Sánchez. Encantos e desencantos dos direitos humanos: de emancipações, libertações e
dominações. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014. p. 18).