Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Maceió
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, COMUNICAÇÃO E ARTE - ICHCA
HISTÓRIA LICENCIATURA
Introdução:
¹Brasil no Atlântico Sul
A colonização não era um processo já pronto, como indica o autor, mas sim um resultado
de aprendizado dos colonos. Depois, mudando de margem atlântica, a análise vai à África, e
foca nas rotas comerciais das caravanas, e como elas foram vencidas pelas caravelas, a partir
de análises materialistas e de ideologia cristã. A "transmigração" negreira do atlântico-sul
novamente aumenta o coro da impossibilidade de separação das costas atlânticas. Este "miolo
negreiro" tinha como centro a capital de Portugal e Alencastro mostra como se articulava essa
Lisboa com o tráfico de escravos, passando por banqueiros, asientistas e perseguições a novos
cristãos.
A sociedade escravista do Brasil não se ocupava somente do trato negreiro. Para não
negligenciar esse aspecto importante, Alencastro apresenta escravidão indígena na América
portuguesa. O interesse na preservação das sociedades indígenas passava por tantos aspectos,
desde um aliado em potencial ao assédio estrangeiro ao novo mundo, potencializados pela
fraca presença militar fraca, até a opção ideológica de evangelização. Depois, a evangelização
negra é tratada pelo por pelo autor, que traz à tona a teoria de Padre Antônio Vieira: só os
negros cristãos conheceriam o resgate eterno do Paraíso. Os outros, vivendo no paganismo na
África, estavam condenados ao Inferno.
A presença holandesa no nordeste da em Angola e no nordeste da América Portuguesa,
acionou os colonos de modo que provou que sem um lado não existia o outro. Protagonizado
pelos fluminenses, surgindo a figura do paulista como "anti-metropolitano" e "anti-jesuíta",
um semi-vilão na construção desse mundo Atlântico. O movimento brasílico inicia a retomada
de Angola assim como a expulsão holandesa do nordeste.
O que quer dizer com a “Formação do Brasil no Atlântico Sul”? Talvez mostrar que é
preciso abrir os olhos para entender o Brasil como parte integrante de um processo e não
como uma vítima da vontade lusitana. Logicamente, a metrópole teve a chance de exercer seu
papel, e assim o fez, mas, assim como Portugal, Brasil e Angola também foram agentes
históricos. De tal maneira, formou-se um mundo entre essas partes. Desenvolvimento mútuo
que, inegavelmente, foi possível pela mentalidade de governo lusa. e todos os acontecimentos
sucedidos nos três séculos de colonização. Desta forma, fica ainda mais inteligível o processo
da formação do Brasil como "de um império a outro". Essas questões vão além do
entendimento da formação do Brasil, entender as relações humanas de forma conjunta no
tempo e espaço, o que é a base da atual análise historiográfica.
___________________
¹ ALENCASTRO, Luiz Felipe de; O Trato dos Viventes. Formação do Brasil no Atlântico Sul.
São Paulo: Companhia das Letras. 2000. Pág. 183.
___________________
¹ SILVA, Alberto da Costa. A manilha e o Libambo: A África e a Escravidão (1500 – 1700). Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 2002
Rainha Nzinga e a resistência
Não foi fácil para Portugal retirar milhares de pessoas da África para servirem como
escravos na América. Longas lutas de resistência foram travadas contra a colonização, que
contava com altos investimentos militares e uma política que combinava opressão, violência e
alianças.
Os portugueses iniciaram a colonização a partir de Luanda sete anos antes, ganhando o
interior com a construção de presídios, fortificações militares no curso do Rio Kwanza, que
abrigavam os comerciantes de escravos e a organização de feiras em que a principal
mercadoria eram as pessoas escravizadas. Criaram também um sistema de avassalamento de
sobas, os chefes locais autônomos que pagavam tributos ao Ngola em troca de proteção
militar e espiritual. Após a invasão portuguesa, eles eram batizados e se declaravam fiéia a
coroa. Se generalizava a guerra, e com ela o clima de instabilidade. Os sobados intensificaram
ataques.
Foi nesse contexto de penetração portuguesa no reino do Ndongo, movido pelo tráfico
negreiro, que Nzinga Mbandi cresceu. O governo de Angola em 1617, Luis Mendes de
Vasconcelos, invade o reino do Ndongo para construir o presídio de Mbaka, a poucas milhas
da Cabaça, a moradia do Ngola. O resultado foi uma guerra intensa, ao fim da qual Ngola,
após ser vencido, refugiou-se na ilha de Kindonga, no Rio Kwanza. Em 1622, João Correia de
Sousa assumiu o governo e decidiu procurar o Ngola para restabelecer a paz, uma vez que o
cenário de guerra paralisara os mercados de escravos. Foi quando Rainha Nzinga entrou em
cena.
Conclusão:
Em terras brasileiras, a força de trabalho dos negros foi empregada pela lógica do abuso e
da violência. Longas jornadas de trabalho estabeleciam uma condição de vida extrema, capaz
de encurtar radicalmente os anos dos escravos. Ao mesmo tempo, a força das armas e da
violência transformavam os castigos físicos em um elemento eficaz de dominação.
Durante a exploração colonial, a mão de obra negra foi muito utilizada em outras atividades
como na mineração e nas demais atividades agrícolas que ganharam espaço na economia entre
os séculos XVI e XIX. Mesmo destacando tais abusos, também devemos sinalizar a
contrapartida desse contexto exploratório, com a presença de várias formas de resistência à
escravidão tanto no Brasil quanto na África. A influência exercida pela colonização é muito
mais ampla do que se possa perceber, do ponto de vista social, político, econômico, cultural e
antropológico.
Referências:
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O Trato dos Viventes. Formação do Brasil no Atlântico Sul.
São Paulo: Companhia das Letras. 2000.
SILVA, Alberto da Costa. A manilha e o Libambo: A África e a Escravidão (1500 – 1700). Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2002
FONSECA, Mariana Bracks. Nzinga Mbandi e as guerras da resistência em Angola no séc XVII.
São Paulo. 2012