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A paridade de armas sob a óptica do

garantismo processual

Mateus Costa Pereira


Doutorando e Mestre em Direito Processual pela Universidade Católica de Pernambuco
(Unicap). Professor de Processo Civil da Unicap e integrante do grupo de pesquisa Processo,
Tecnologia e Hermenêutica perante a mesma IES. Membro Fundador e Diretor de Assuntos
Institucionais da Associação Brasileira de Direito Processual (ABDPro). Membro do Conselho
Editorial da Revista Brasileira de Direito Processual (RBDPro), da Associação Norte Nordeste
de Professores de Processo (Annep) e da Associação Linguagem e Direito (Alidi). Advogado.
E-mail: <mateuspereira@abdpro.com.br>.

Resumo: Distanciando-se da voz corrente ou lugar-comum-de-fala em matéria de direito processual civil,


este artigo analisa a paridade de armas na perspectiva do garantismo processual, discurso (corrente)
alternativo ao publicismo/ativismo e que, encarando o processo como uma instituição de garantia, retira
fundamento do texto constitucional. Após assentar as premissas garantísticas à compreensão do processo
e, pois, do papel do Estado-Juiz, o trabalho reflete se a paridade de armas pode sofrer uma resignificação
a partir do “mote” cooperativo.
Palavras-chave: Paridade de armas. Garantismo processual. Cooperação.

Sumário: 1 Introdução – 2 Delimitação da problemática: novos influxos à compreensão da paridade de


armas? – 3 Do processo como instituição de garantia: premissas político-normativas – 4 Do direito à
igualdade no processo e sua (in)devida associação a fins alheios à jurisdição – 5 Algumas considerações
sobre a mixagem ideológica presente no texto do CPC/15: premissas filosófico-epistemológicas – 6 O –
mau – exemplo da distribuição dinâmica das cargas probatórias – 7 Considerações finais – Referências

1 Introdução
A pretexto de uma introdução, registro que este trabalho foi construído a partir
do texto-base de minha exposição no XIV Congreso Nacional de Derecho Procesal
Garantista, realizado aos 03 e 04 de novembro de 2016, na cidade de Azul,
Argentina, consistente na defesa (reflexão) da paridade de armas – art. 7º, CPC –
enquanto uma tarefa que toca mais (primacialmente) ao legislador, ao delimitar os
espaços de atuação jurisdicional indispensáveis para tanto, que ao julgador; sem
delimitações claras do primeiro, o respeito à paridade de armas pelo magistrado tem
sua acomodação constitucional próxima à concepção de Adolfo Alvarado Velloso, isto
é, igualdade de oportunidades e de audiência. Sobre não aduzirmos uma atuação
mecânica do juiz, segue-se o fechamento – constitucional – de espaços apropriáveis
por voluntarismos de qualquer ordem, destacando o processo como uma instituição

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ou sistema de garantias, na esteira de Eduardo José da Fonseca Costa, em cujo seio


se notabiliza a atividade do magistrado como último garante, tal e qual professado
por Juan Montero Aroca. Assentadas as bases garantísticas e constitucionais do
processo, cujas velas não são sopradas por ventos cooperativistas, veremos que
a paridade de armas não guarda relação com o mote descrito no art. 6º do mesmo
código.

2 Delimitação da problemática: novos influxos à compreensão


da paridade de armas?
O art. 7º do Código de Processo Civil brasileiro (CPC/15) cuida do direito à
paridade de armas.1 Muito embora não se revista de novidade, uma vez que o direito
à igualdade no processo (e, pois, à paridade) já era defendido pela doutrina e ado­
tado por nossos tribunais; assim como o art. 125, I, do código revogado (CPC/73)
impelia o magistrado a dispensar tratamento igualitário às partes; a paridade de
armas pode(rá) sofrer uma reconfiguração semântica no processo brasileiro, haja
visto o disposto no art. 6º, tratando da cooperação,2 além de outras disposições
normativas que transforma(ra)m nossa codificação em uma miscelânea ideológica.
Posto que não seja um rol exaustivo, os doze primeiros artigos do CPC/15
tratam das normas “fundamentais” do processo civil; normas, em boa parte, de
caráter principiológico, que se espraia(ria)m por toda a ordem jurídica processual. É
nesse orbe, desafortunadamente, que o art. 6º prevê que todos os sujeitos devem
cooperar entre si, atrelando a colaboração à obtenção de uma decisão justa, o que
dispara um alerta quanto a uma releitura da paridade de armas e dos deveres do
magistrado à sua realização.3 Diante disso, não hesitamos em afirmar que a paridade
receberá um forte apelo ou influência da cooperação pelos operadores do direito em
geral, frutificando-se em argumentações puramente retóricas; os publicistas, seja na

1
Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades
processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo
ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
2
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável,
decisão de mérito justa e efetiva.
3
O ponto foi muito bem percebido por Fredie Didier Jr., o qual, ainda que um defensor da cooperação, em um
dos seus aspectos mais problemáticos (dever de auxílio), se posicionou contra. Vejamos: “Certamente, surgirá
a discussão sobre se a parte final do art. 7.º do CPC permite que se afirme a existência de um dever geral de
auxílio no direito brasileiro. Não nos parece possível defender a existência deste dever no direito processual
brasileiro. A tarefa de auxiliar as partes é do seu representante judicial: advogado ou defensor público. Além de
não ser possível, também não é recomendável. É simplesmente imprevisível o que pode acontecer se se disser
ao órgão julgador que ele tem um dever atípico de auxiliar as partes. O dever de zelar pelo efetivo contraditório
tem designação mais precisa e, por isso, abrangência mais restrita; cumpre-se o dever com adequações do
processo feitas pelo juiz em situações excepcionais” (DIDIER JR., Fredie. 1.3 Dever de o juiz zelar pelo efetivo
contraditório, princípio da cooperação e dever de auxílio. In: CABRAL, Antonio do Passo; CRAMER, Ronaldo
(Coords.). Comentários ao novo Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 87.

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vertente da instrumentalidade,4 seja na vertente da colaboração, contarão com um


argumento topográfico adicional em resistência ao garantismo processual.

3 Do processo como instituição de garantia: premissas político-


normativas
Antes de iniciar o estudo do tema, permita-se um breve apontamento: malgrado
seja tão vívido em outros países, ainda não há um efetivo debate entre ativistas
e garantistas no Brasil; decerto que diferentes razões concorrem para tanto, as
quais não nos é dado explicar.5 Prontamente, em boa ocasião, afastemos duas
delas: não é por falta de interlocutores, pois o garantismo já conta com destacados
representantes em nosso país (Glauco Gumerato Ramos, Eduardo José da Fonseca
Costa, Lenio Streck, Lúcio Delfino, Amanda Lobão Torres e Diego Crevelin, para citar
apenas alguns);6 tampouco é possível falar em um obstáculo idiomático ao diálogo,
dado que uma parcela considerável dos estrangeiros caudatários do garantismo,
senão a maioria, são oriundos de países hispanohablantes, além de muitos esta­rem
espalhados pela América do Sul, mormente na Argentina.
Logo, há uma situação bastante peculiar no Brasil: sobre ser hegemônico
no cenário processual, o discurso ativista/publicista também é apresentado como
exclusivo;7 nossa doutrina – mormente os destacados processualistas responsá­veis
por forjar as bases do novo código – não dialoga com o pensamento garantista.
Seguem sendo herdeiros de uma tradição inquisitiva ou autoritária8 sem sabê-lo e
que,9 assim nos parece, é carente de uma apropriada fundação epistêmica: ora,
por que motivo o magistrado ostentaria uma condição epistemológica privilegiada

4
Quanto ao instrumentalismo, ver a crítica definitiva de Georges Abboud e Rafael Tomaz de Oliveira: “O dito e o
não-dito sobre a instrumentalidade do processo: críticas e projeções a partir de uma exploração hermenêutica
da teoria processual” (Revista de Processo, São Paulo, v. 166, versão digital, dez. 2008).
5
Tendo um dos seus dois pilares no garantismo processual, acreditamos que a Associação Brasileira de Direito
Processual (ABDPro) será determinante a essa mudança, promovendo obras e debates sobre o assunto, tal
como ocorre com a coletânea que será publicada em derredor da temática.
6
Há vários outros autores que, reconhecidamente, defendem o estrito acatamento da Constituição Federal
e que também podem ser indicados como garantistas, como é o caso de Nelson Nery Jr., Georges Abboud,
Rosemiro Pereira Leal, Ronaldo Brêtas, Carlos Henrique Soares, Alexandre Morais da Rosa, Aury Lopes Jr. etc.
Há, contudo, autores que fazem uma crítica ao ativismo direcionado aos atos decisórios, ao passo que outros
empreendem as posturas ativistas (ao excesso de publicismo) ao longo do processo.
7
Em tom de censura, ver: COSTA, Eduardo José da Fonseca. Comenda Prof. Edson Prata – Congresso de Direito
Processual de Uberaba, 10 edição. Revista Brasileira de Direito Processual – RBDPro, Belo Horizonte, ano
25, n. 97, jan./mar. 2017. Disponível em: <http://www.bidforum.com.br/PDI0006.aspx?pdiCntd=247007>.
Acesso em: 29 mar. 2017. Decerto que não são todos os autores que se comportam desse modo. De
toda sorte, uma rápida passada de olhos pelos principais cursos de processo civil à disposição no mercado
corrobora o que está sendo afirmado. Infelizmente, ao discente não é dado o direito de conhecer e/ou escolher
uma visão diversa da hegemônica, pois o ativismo lhe é apresentado com pretensão de exclusividade.
8
Assim, ver: AROCA, Juan Montero. La paradoja procesal del siglo XXI: los poderes del juez penal (libertad) frente
a los poderes del juez civil (dinero). Valencia: Tirant lo Blanch, 2014, p. 36.
9
Falo por mim mesmo; foi suficiente o contato com a doutrina garantista para perceber que muitas de minhas
crenças anteriores, hauridas do discurso hegemônico, eram/são autoritárias.

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Mateus Costa Pereira

ao conhecimento das questões de fato?10 Observando que esta problemática,


travestida em uma indagação, está presente em toda a concepção do fenômeno
processual centrada (ou que hipertrofia) à atividade do magistrado, reclamando-lhe
uma condição onisciente.
O garantismo processual não enxerga o processo como um simples instrumento
ou técnica (asséptica) de realização de escopos da jurisdição (v.g., aplicação do
direito objetivo, realização da justiça etc.),11 senão como uma garantia fundamental de
liberdade dos cidadãos ex vi do art. 5º, caput, e inciso LIV da Constituição Federal.12
Nessa linha, Eduardo Costa chama a atenção à circunstância de que o processo
(devido processo) está situado no Capítulo II, do Título II, da Constituição Federal,
o qual trata dos direitos humanos/fundamentais de primeira dimensão (liberdades
públicas);13 longe de ser uma coincidência, há um espesso tecido histórico subjacente
à observação. Não se consubstanciando em uma ferramenta passível de ser apode­
rada pelo Estado tão logo provocado (demanda), também concebemos o processo
como um sistema (ou instituição) de garantias com autonomia e substantividade pró­
prias – espelhando-nos na preleção de Eduardo Costa, o qual aperfeiçoa o pensamento
de Antonio María Lorca Navarrete –,14 cujo referente está na Constituição, prestando-
se à contenção do Estado-Juiz já que a ele toca o exercício da ação material (tute­la
jurisdicional). Em suma, na qualidade de uma instituição de garantia, o processo
não pode diminuir ou asfixiar os interesses individuais e os direitos subjetivos nele
discutidos a pretexto de concretizar os fins sociais, a justiça estatal e/ou o direito
objetivo; o embasamento constitucional de liberdade rechaça essa concepção, que,

10
É a crítica que reservamos ao pensamento daqueles que, ao tratar da jurisdição, a ela associam escopos
metajurídicos, concebendo o processo como um mero instrumento à realização desses fins. Para uma crítica
ao tema, ver: LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria processual da decisão jurídica. São Paulo: Landy, 2002; DIAS,
Ronaldo Brêtas de Carvalho; FIORATTO, Débora Carvalho. A conexão entre os princípios do contraditório e da
fundamentação das decisões na construção do Estado Democrático de Direito. Revista Eletrônica do Curso de
Direito (PUC-Minas Serro), Belo Horizonte, n. 1, 2010.
11
Escopos que concorreram, se é que não conduziram, ao solipsismo judicial. Sobre o tema, ver a crítica de:
DIAS, Ronaldo Brêtas de Carvalho; FIORATTO, Débora Carvalho. A conexão entre os princípios do contraditório
e da fundamentação das decisões na construção do Estado Democrático de Direito. Revista Eletrônica do
Curso de Direito (PUC-Minas Serro), Belo Horizonte, n. 1, 2010. Secundando o mesmo entendimento, cf. o
ótimo ensaio de DEL NEGRI, André. Processo e decisão jurídica. Revista Brasileira de Direito Processual –
RBDPro, Belo Horizonte, ano 21, n. 84, out./dez. 2013. Disponível em: <http://www.bidforum.com.br/bid/
PDI0006.aspx?pdiCntd=98318>. Acesso em: 11 mar. 2016. Para outras referências sobre o tema, ver o
nosso: GOUVEIA, Lúcio Grassi de; PEREIRA, Mateus Costa; ALVES, Pedro Spíndola Bezerra. Fundamentação
adequada: da impossibilidade de projetar a sombra de nossos óculos sobre paisagens antigas e de acorrentar
novas paisagens em sombras passadas. Revista Brasileira de Direito Processual – RBDPro, Belo Horizonte,
ano 24, n. 95, p. 175-201, jul./set. 2016.
12
RAMOS, Glauco Gumerato. Aspectos semânticos de uma contradição pragmática: ativismo judicial versus
ampla defesa. O garantismo processual sob o enfoque da filosofia da linguagem. Justicia, Universidad Simón
Bolívar, Barranquilla, n. 21, p. 38-46, jun. 2012.
13
COSTA, Eduardo José da Fonseca. Texto inédito sobre uma Teoria Unitária do Processo, ainda não submetido
à publicação.
14
NAVARRETE, Antonio María Lorca. Tratado de derecho procesal civil, parte general: el nuevo proceso civil.
Madrid: Dykinson, 2000, p. 8-42.

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A paridade de armas sob a óptica do garantismo processual

quando não se confunde à própria origem, está na base das teorias publicistas/
ativistas.15
Diferentemente das correntes ativistas – também rotuladas de publicistas,
autoritárias ou inquisitivas –, da base constitucional do processo se extrai a irre­
nunciável condição de terceiro do magistrado, estranho aos fatos e ao objeto litigioso,16
normativamente entrincheirado na independência, imparcialidade e impartialidade
(imparcialidade funcional).17 Esta é uma das premissas adotadas neste trabalho,
em cujo abrigo criticaremos a mixagem ideológica do novo Código de Processo
Civil (cf. ponto 7). Nada obstante, remediável por meio de uma leitura garantística
(constitucional) do fenômeno processual.

4 Do direito à igualdade no processo e sua (in)devida


associação a fins alheios à jurisdição
Anterior ao cenário processual, a igualdade é uma garantia constitucional
estampada no art. 5º, caput, da Constituição brasileira,18 no elenco dos direitos
fun­damentais, donde se extrai a necessidade de tratamento isonômico, igual ou
desigual, neste caso quando indispensável aos próprios fins da igualdade. Sob o pálio
constitucional, o legislador também aprovou leis conhecidas por conferir proteção
aos vulneráveis ou em situação de vulnerabilidade; presunção que é constitucional e
alcança a todos consumidores, pessoas com deficiência, trabalhadores etc. Ninguém
discute que essas leis estejam (des)afinadas com o mandamento da igualdade –
o tratamento justificadamente desigual enuncia isso –, tampouco se tem notícia
de vacilação quanto à sua conformidade à ordem jurídica constitucional. Destarte,

15
Segundo Aroca, está na origem dessas teorias, tidas por ele como autoritárias. AROCA, Juan Montero. La
paradoja procesal del siglo XXI: los poderes del juez penal (libertad) frente a los poderes del juez civil (dinero).
Valencia: Tirant lo Blanch, 2014, p. 52-53. Em sentido contrário: PICÓ I JUNOY, Joan. El Derecho Procesal
entre el garantismo y la eficacia: un debate mal planteado. Cuestiones Jurídicas, Revista de Ciencas Jurídicas
de la Universidad Rafael Urdaneta, v. VI, n. 1, jan./jun. 2012.
16
AROCA, Juan Montero. Sobre la imparcialidad del Juez y la incompatibilidad de funciones procesales: el sentido
de las reglas de que quien instruye no puede luego juzgar y de quien ha resuelto en la instancia no pede luego
conocer del recurso. Valencia: Tirant lo Blanch, 1999.
17
Sobre o tema da imparcialidade e da impartialidade, indispensável a leitura de: COSTA, Eduardo José da
Fonseca. Levando a imparcialidade a sério: proposta de modelo interseccional entre direito processual,
economia e psicologia (Tese de Doutorado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), São
Paulo, 2016, 187 p. COSTA, Eduardo José da Fonseca. Algumas considerações sobre as iniciativas judiciais
probatórias. Revista Brasileira de Direito Processual – RBDPro, Belo Horizonte, ano 23, n. 90, p. 153-173,
abr./jun. 2015; OAKLEY, Hugo Botto. El Proceso: ¿Método de Debate o Juego Colaborativo? Su relación
con la Imparcialidad Sicológica. Revista Latinoamericana de Derecho Procesal, Buenos Aires, n. 3, maio 2015;
MEROI, Andrea. El principio de imparcialidad del juez (las opiniones precursoras de Wener Goldschmidt y los
desarrollos actuales del tema). Texto gentilmente cedido pela autora. PARZO IRANZO, Virginia. La imparcialidad
y los poderes del Juez según el Tribunal de Justicia de la Unión Europea. Revista Latinoamericana de Derecho
Procesal, Buenos Aires, n. 5, dez. 2015.
18
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: […].

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quando um conflito envolvendo sujeito que a Constituição reputa vulnerável aporta no


Judiciário, a igualdade será preservada desde que o juiz aplique as chamadas leis de
proteção (a vulnerabilidade precede ao processo judicial e, antes mesmo dele, em
abstrato, recebe um tratamento normativo visando à equiparação/proteção). Aliás,
isto é o que explica e justifica a intervenção do Ministério Público em alguns litígios,19
além das variadas medidas elencadas no CPC tendentes à equiparação.20
O problema surge quando o julgador presume situações de vulnerabilidade não
previstas em lei, crendo ser de sua incumbência a prestação de auxílio ao sujeito que
considera débil – imbuído do nobre, porém ludibrioso propósito de fazer justiça –,21 o
que costuma ser feito pela determinação oficiosa de provas (incorrendo na chamada
ultra prueba),22 conducente à cognição e consideração de circunstâncias fáticas não
reveladas por não relevadas pelas partes e seus advogados ou, ainda, alterando as
cargas probatórias à luz do art. 373, §1º, CPC –23 de duvidosa constitucionalidade,
este artigo hospeda a doutrina da distribuição dinâmica do ônus da prova.24 Logo,
pode-se chamar isto de tudo, menos de igualdade ou paridade, visto que a pretensa
realização da igualdade não pode desvirtuar as demais garantias constitucionais,
como é a exigência de terceiridade (impartialidade) – remissível ao juiz natural e
ao devido processo –,25 principalmente quando estudos de psicologia cognitiva já
revelaram as propensões cognitivas causadas por determinados comportamentos
adotados pelo julgador, conducentes à prolação de decisões enviesadas.26

19
Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem
jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam: I - interesse
público ou social; II - interesse de incapaz; III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. Parágrafo
único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público.
20
Sobre o tema, ilustrando com diferentes exemplos, ver: DIDIER JR., Fredie. 1.1 Igualdade processual. In:
CABRAL, Antonio do Passo; CRAMER, Ronaldo (Coords.). Comentários ao novo Código de Processo Civil. Rio
de Janeiro: Forense, 2015, p. 85.
21
Ludibrioso, em virtude do problema epistemológico das teorias processuais centradas, ou que hipertrofiam, o
papel do magistrado no processo.
22
A expressão é de Hugo Botto Oakley, servido para designar a atividade probatória que transcende a iniciativa
das partes. Ver: El Proceso: ¿Método de Debate o Juego Colaborativo? Su relación con la Imparcialidad
Sicológica. Revista Latinoamericana de Derecho Procesal, Buenos Aires, n. 3, maio 2015.
23
Art. 373. O ônus da prova incumbe: […]; §1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da
causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput
ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo
diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se
desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. […].
24
Tivemos a oportunidade de nos debruçar sobre o assunto em outra oportunidade, mas nos furtamos de uma
análise de sua constitucionalidade. PEREIRA, Mateus Costa; DUARTE, Ronnie Preus. A distribuição dinâmica
do ônus da prova e o Novo CPC. Revista do Advogado, v. 126, p. 182-191, 2015.
25
MEROI, Andrea. Iura novit curia y decisión imparcial (Ponencia presentada al XIX Encuentro Panamericano de
Derecho Procesal, Asunción del Paraguay, 16 y 17 de noviembre de 2006). Revista Ius et Praxis, año 13,
n. 2, p. 379. Disponível em: <http://www.revistaiepraxis.cl/index.php/iepraxis/article/download/475/351>.
Acesso em: 08 set. 2016.
26
COSTA, Eduardo José da Fonseca. Levando a imparcialidade a sério: proposta de modelo interseccional entre
direito processual, economia e psicologia (Tese de Doutorado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP), São Paulo, 2016, 187 p.

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A paridade de armas sob a óptica do garantismo processual

Somente a partir de uma concepção de jurisdição alicerçada no socialismo


jurídico – corrente engendrada por Antón Menger ao final do século XIX, cuja concepção
de processo como “fenômeno social das massas” foi partilhada e difundida por Franz
Klein27 com a Ordenanza Processual Civil de 1895, em cuja base está a concepção
ideológica do processo como um “mal social” –,28 ou adotando alguma doutrina
que, tal como as concepções comunistas ou totalitárias, sustente a inerência
da verdade ao exercício da jurisdição –,29 se figure o exemplo da Constituição da
Tchecoslováquia de 1960, cujo art. 107 impelia os tribunais a conhecerem o “estado
real das coisas sobre as quais deliberam” –,30 é possível acreditar que a atividade
do juiz possa se mesclar com a da parte mais fraca (mais fraca na concepção do
julgador, insista-se, por acreditar que ela não explorou toda as situações jurídicas
possíveis), seja no intento de auxílio, seja tencionando desvelar o “estado real das
coisas” para fazer justiça. Registrando que, quando o consumidor ou um trabalhador
está em juízo, os espaços à concretização da isonomia/paridade já foram previa­
mente delineados por lei.
Para quem – ainda – sustém essa simbiose entre jurisdição e justiça, torna-
se defensável a tese de atribuição de poderes de iniciativa probatória ao juiz, o
qual irromperá em circunstâncias de fato não alegadas pelas partes, bem como à
alteração das cargas probatórias, sempre que medidas tais sejam “necessárias”

27
Sobre as bases ideológicas do CPC austríaco, ver: CIPRIANI, Franco. En el centenario del reglamento de
Klein: el proceso civil entre libertad y autoridad. Academia de Derecho. Disponível em: http://campus.
academiadederecho.org/upload/webs/sistemasproc/Links/ordenanzaautriaca.htm. Acesso em: 10 jan.
2017. O mesmo autor sugere que Klein não pode ser considerado um simples seguidor de Menger, na medida
em que o primeiro, ao encabeçar a proposta de aumento dos poderes do magistrado, não pensava apenas nos
pobres, senão em todos. Para Cipriani, Klein nutria uma concepção publicista, antiliberal e moralista.
28
Repercutindo, a título de ilustração, no CPC alemão, no CPC italiano de 1940, e em nossos códigos de 39
e 73, como bem anotado por Glauco Gumerato Ramos em dois importantes ensaios: Aspectos semânticos
de uma contradição pragmática: ativismo judicial versus ampla defesa. O garantismo processual sob o
enfoque da filosofia da linguagem (Justicia, Universidad Simón Bolívar, Barranquilla, n. 21, p. 38-46, jun.
2012) & A atuação dos poderes instrutórios do juiz fere a sua imparcialidade? (Revista Brasileira de Direito
Processual – RBDPro, Belo Horizonte, ano 18, n. 70, abr./jun. 2010. Direto ao Ponto. Disponível em: <http://
www.bidforum.com.br/bid/PDI0006.aspx? PdiCntd=67221>. Acesso em: 23 set. 2016.). Para uma abordagem
das linhas gerais do pensamento de Menger e Klein, ver: AROCA, Juan Montero. Prova e verdade no processo
civil: contributo para o esclarecimento da base ideológica de certas posições pretensamente técnicas. Trad.
Glauco Gumerato Ramos. In: FREIRE, Alexandre; DELFINO, Lúcio; OLIVEIRA, Pedro Miranda de; RIBEIRO, Sérgio
Luiz de Almeida (Coords.). Processo Civil nas tradições brasileira e iberoamericana. Florianópolis: Conceito,
2014, p. 413-426. Sobre as bases ideológicas e, para alguns, fascistas, do Código de Processo Civil italiano
de 1940: AROCA, Montero. Sobre el mito autoritario de la “buena fe procesal”. In: AROCA, Juan Montero
(Coord.). Proceso civil e ideología: un prefacio, una sentencia, dos cartas y quince ensayos. Valencia: Tirant lo
Blanch, 2006, p. 324-326.
29
Verdade objetiva, material etc. Nessa linha, ver: AROCA, Montero. Sobre el mito autoritario de la “buena fe
procesal”. In: AROCA, Juan Montero (Coord.). Proceso civil e ideología: un prefacio, una sentencia, dos cartas
y quince ensayos. Valencia: Tirant lo Blanch, 2006, p. 314.
30
É o que informa Juan Montero Aroca, reproduzindo o texto desse artigo, que ora vertemos ao português. De sua
obra: Los tribunales realizarán el proceso de modo tal que se conozca el estado real de las cosas sobre las
cuales deliberan. La paradoja procesal del siglo XXI: los poderes del juez penal (libertad) frente a los poderes
del juez civil (dinero). Valencia: Tirant lo Blanch, 2014, p. 38.

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Mateus Costa Pereira

para desnudar o – pretensamente objetivo e inalterável – “estado real das coisas”.31


Então, sabemos que esta é a crença ou tese partilhada por arautos de fins/escopos
alheios à jurisdição e que agora aduzem a cooperação como pressuposto a uma
decisão justa.32 Dito isso, é o momento de consignar uma importante advertência.
No horizonte de compreensão garantista, verdade e justiça não são indife­
rentes ao processo, o que se consigna não apenas para coibir críticas inoportunas,

31
COSTA, Eduardo José da Fonseca. Direito deve avançar sempre em meio à relação entre prova e verdade.
Revista Consultor Jurídico, 20 dez. 2016. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2016-dez-20/direito-
avancar-sempre-meio-relacao-entre-prova-verdade>. Acesso em: 21 dez. 2016; VELLOSO, Adolfo Alvarado.
La prueba judicial: notas críticas sobre la confirmación procesal. Ciudad de Buenos Aires: Astrea, 2015.
Em sentido contrário, defendendo que a iniciativa probatória não guarda relação com a imparcialidade, Jordi
Nieva Fenol afirma o seguinte: “Tradicionalmente, se ha inculcado en los jueces, normalmente de forma
tácita, que el silencio y la pasividad en las vistas acrecentaba sua imagen de imparcialidad. No se ha dicho
normalmente con estas palabras, pero esta idea existe en el imaginario colectivo judicial” (FENOL, Jordi Nieva.
La valoración de la prueba. Barcelona: Marcial Pons, 2010, p. 193. O mesmo autor conclui, adiante, que
seria ilegítimo o magistrado aplicar as regras atinentes aos ônus probatórios se, por um lapso de todos os
sujeitos processuais, algum ponto restou sem esclarecimento. Daí porque o juiz não deveria se quedar inerte
diante da produção da prova, senão de formular perguntas às partes e testemunhas, por exemplo, quando de
sua produção, sempre que lhe subsistisse alguma dúvida após a atuação dos sujeitos parciais (p. 196). De
nossa parte, observamos que, no ponto em análise, sobre não embasar suas afirmações em pesquisas e/ou
doutrina, o autor invoca a boa-fé para justificar o que seria um lapso legítimo das partes em suas iniciativas
probatórias, o que nos soa como uma argumentação puramente retórica.
32
Em tom de censura à cooperação, ao qual aderimos, ver o irretocável ensaio de Lúcio Delfino: Cooperação
processual: Inconstitucionalidades e excessos argumentativos – Trafegando na contramão da doutrina. Revista
Brasileira de Direito Processual – RBDPro, Belo Horizonte, ano 24, n. 93, p. 149-168, jan./mar. 2016. No
tocante à sua origem, segue o magistério de Juan Montero Aroca: “Uma das diretrizes constantes na doutrina
comunista sobre o processo civil é a ideia relativa a que o respectivo processo não se apresenta como uma
sorte de contenda entre partes, não é uma “luta” entre elas, de modo que a busca da verdade material se
resolve em um princípio que se pode denominar de colaboração entre todos os que intervém no processo,
e assim se fala de uma “colaboração de confiança entre o juiz e as partes”. Desse modo se destacam: (i) o
dever do juiz de assessorar as partes sobre os direitos e obrigações que lhes correspondem, o que supõe
também a necessidade de estimular a atividade processual das partes e, a rigor, de todos os demais sujeitos
que intervém no processo, chegando-se a falar de uma sorte de funções assistenciais encomendadas ao
juiz para que possa operar mesmo quando as partes comparecem assistidas por seus advogados; e (ii)
correlativamente o dever das partes não é aportar os fatos ao processo informando-os ao juiz, mas sim
fazê-lo de modo a não esconder fato algum, fazendo-o sempre de maneira veraz, de modo que há de chegar
ao processo tudo aquilo sobre o que as partes têm conhecimento. Trata-se de um dever de veracidade e
integridade, de muito maior alcance que o dever de lealdade e probidade.

“Taruffo tem sustentado que esta concepção deve se referir a um contexto ideológico e filosófico absolutamente
peculiar, já que determinou a ortodoxia da cultura processualista dos países socialistas e hoje não merece
nada mais do que ser mencionada por razões apenas de exigências historiográficas. Contudo, não se deveria
esquecer que alguns de seus mais relevantes aspectos (por exemplo, a prova de ofício, ou os deveres de boa-
fé e veracidade) continuam dando suporte às construções teóricas que pedem suas inclusões em diplomas
legais concretos, sem que tais construções esclareçam quais são as bases ideológicas de umas (=teorias)
e de outros (= diplomas legais concretos). Parece-nos muito razoável exigir, ao menos, que se ponham às
claras quais são as bases dogmáticas ideológicas daqueles que sustentam aquelas construções e daqueles
que insistem que as incluam nos códigos, de lege lata ou de lege ferenda. Não é legítimo, portanto, seguir
sustentando que tudo isso não passa de meras questões técnicas” (Prova e verdade no processo civil:
contributo para o esclarecimento da base ideológica de certas posições pretensamente técnicas. Trad. Glauco
Gumerato Ramos. In: FREIRE, Alexandre; DELFINO, Lúcio; OLIVEIRA, Pedro Miranda de; RIBEIRO, Sérgio Luiz
de Almeida (Coords.). Processo Civil nas tradições brasileira e iberoamericana. Florianópolis: Conceito, 2014,
p. 421). Em outra obra, Montero Aroca destaca não apenas a pretensa moralização do processo por meio
da cooperação, mas também sua concorrência à obtenção da verdade objetiva (AROCA, Juan Montero. Sobre
el mito autoritario de la “buena fe procesal”. In: AROCA, Juan Montero (Coord.). Proceso civil e ideología: un
prefacio, una sentencia, dos cartas y quince ensayos. Valencia: Tirant lo Blanch, 2006, p. 315-316).

254 R. Bras. Dir. Proc. – RBDPro | Belo Horizonte, ano 25, n. 98, p. 247-265, abr./jun. 2017
A paridade de armas sob a óptica do garantismo processual

mas para desfazer um aparente paradoxo:33 se a lei impõe que os arrazoados das
partes sejam expostos com clareza e coerência, além de respaldados em meios de
prova e/ou presunções,34 e a CF estabelece a obrigatoriedade de fundamentação
dos pronunciamentos judiciais (art. 93, IX, CF), sindicáveis por meio de recursos,
significa que a justiça poderá emergir no processo, malgrado nunca se possa
afirmar, com grau de certeza ou segurança oracular, que ela fora materializada.35
Há, portanto, um abismo ideológico por parte de quem professa a justiça/verdade
como um fim perseguido pela jurisdição, invocando o aumento dos poderes do
magistrado à realização desse desiderato – tal como ocorreu em diferentes códigos
autori­tários ao longo da história –,36 e por quem não entende o processo como um
instrumento que se predestina aos fins estatais, senão aos dos cidadãos (direitos
subjetivos, liberdade).37 Forte nessas razões, acreditamos ser imprescindível uma
mudança paradigmática para que o processo seja enxergado como instituição de
garantia – garantia substantiva (autônoma), cujo fundamento repousa no texto

33
AROCA, Juan Montero. La prueba en el proceso civil. 6. ed. Espanha: Thomson Reuters, 2011, p. 43 e ss.;
COSTA, Eduardo José da Fonseca. Direito deve avançar sempre em meio à relação entre prova e verdade.
Revista Consultor Jurídico, 20 dez. 2016. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2016-dez-20/direito-
avancar-sempre-meio-relacao-entre-prova-verdade>. Acesso em: 21 dez. 2016.
34
Dito isso, imediatamente deve-se afirmar – para evitar equívocos – que no processo e na prova necessariamente
deve existir a intenção de se verificar, da maneira mais próxima possível da realidade, as afirmações fáticas
feitas pelas partes, uma vez que a constatação dos limites impostos ao homem, bem como os princípios
processuais que se lhe aplicam, simplesmente não pode levar a que se renuncie que a sentença se baseie
num repertório de fatos provados que corresponda o mais adequadamente possível àquilo que realmente
aconteceu (AROCA, Juan Montero. Prova e verdade no processo civil: contributo para o esclarecimento da base
ideológica de certas posições pretensamente técnicas. Trad. Glauco Gumerato Ramos. In: FREIRE, Alexandre;
DELFINO, Lúcio; OLIVEIRA, Pedro Miranda de; RIBEIRO, Sérgio Luiz de Almeida (Coords.). Processo Civil nas
tradições brasileira e iberoamericana. Florianópolis: Conceito, 2014, p. 413-426; AROCA, Juan Montero. La
prueba en el proceso civil. 6. ed. Espanha: Thomson Reuters, 2011, p. 46; AROCA, Juan Montero. La paradoja
procesal del siglo XXI: los poderes del juez penal (libertad) frente a los poderes del juez civil (dinero). Valencia:
Tirant lo Blanch, 2014, p. 51).
35
Quiçá esteja correta a seguinte observação de Lorca Navarrete: “Para que se me entienda mejor: la garantía
procesal a un ‘proceso justo’ no es garantía de la ‘justicia’ de la sentencia [‘fallo’]. Sólo es garantía de que se
han respetado las garantías procesales. Y, por ello, que ha existido un ‘proceso justo’. Pero, nada más.

Me mostraría pretencioso y, como no, extremadamente pedante si trasladara, a quien lea estas ideas de
cosecha propia, la creencia de que cuando un Tribunal ‘falla’, con ocasión de la sentencia que pronuncia, hace
‘justicia’. Muy al contrario. La manoseada ‘justicia’ de los Tribunales se compendia siempre en un ‘fallo’. La
‘justicia’ siempre ‘falla’.” (¿“Justicia” “Verdade judicial” o proceso justo? Ius 360º. Disponível em: <http://
www.ius360.com/publico/procesal/justicia-verdad-judicial-o-proceso-justo/>. Acesso em: 20 dez. 2016).
36
Recaindo em um autoritarismo denunciado por muitos autores, com destaque para Franco Cipriani, o qual
travou famosa polêmica com Taruffo sobre o assunto. Nesse contexto, ver: CIPRIANI, Franco. El autoritarismo
procesal (y las pruebas documentales). Revista Ius et Praxis, año 13, n. 2, 2007.
37
Se permite además Taruffo hacer afirmaciones, aparte de carentes de demostración, radicalmente contrarias
a los sistemas jurídicos occidentales; por exemplo: «Es notorio y está historicamente confirmado que el modo
menos eficiente para descubrir la verdad de los hechos en el proceso es el de confiarse exclusivamente en
las iniciativas probatorias de las partes»; si esta afirmación fuera cierta es obvio que todos los Ordenamientos
jurídicos del mundo occidental deberían reformarse de raíz, especialmente en lo relativo al proceso penal, pues
en éste deberían atribuirse completos, aunque no exclusivos, poderes probatorios al jurado y al magistrado
que lo preside, o, en su caso, sólo al juez del juicio penal. El sistema occidental de justicia se ha basado, por el
contrario, en algo elemental: «Las partes son los mejores jueces de su propia defesa» (AROCA, Juan Montero.
La prueba en el proceso civil. 6. ed. Espanha: Thomson Reuters, 2011, p. 47).

R. Bras. Dir. Proc. – RBDPro | Belo Horizonte, ano 25, n. 98, p. 247-265, abr./jun. 2017 255
Mateus Costa Pereira

constitucional –,38 o que está em seu DNA,39 razão bastante para não ser tolerável,
quiçá possível, actuar de espaldas al garantismo.40
Concepções ideológicas de justiça são atraentes aos iniciantes,41 mas não aos
iniciados. Em tempo, os ativistas brasileiros não se deram conta que a motivação
das sentenças, entendida como o direito a obter respostas,42 somente será respei­
tada quando o juiz, efetivamente, tomar os argumentos fático-jurídicos das partes
em consideração; quando não sendo o caso de aceitar as razões de uma parte,
tenha o cuidado de rechaçá-las detidamente em seu pronunciamento, em atenção
à dialeticidade ínsita ao ambiente processual e, sobretudo, à intersubjetividade do
conhecimento. Todavia, continuando a encarar os juízes como oráculos da verdade/
justiça, hipertrofiando a sua atividade (cooperação, poderes instrutórios, livre con­
vencimento do julgador etc.)43 na contramão das garantias constitucionais – hiper­
trofiando, igualmente, seu papel/responsabilidade social –, não teremos uma
ade­ quada (constitucional) motivação das decisões, pois as janelas continuarão
abertas ao “decisionismo”.44 Aliás, o próprio contraditório, outra importantíssima
ga­ran­tia à con­tenção do poder, continuará a ser alvo de sistemáticos ataques,
consoante já se tem notícia.45

38
Sobre o assunto, ver: NAVARRETE, Antonio Maria Lorca. Tratado de derecho procesal civil, parte general: el
nuevo proceso civil. Madrid: Dykinson, 2000, p. 12-35; COSTA, Eduardo José da Fonseca. O processualista-
procedimentalista, tal como o conhecemos hoje, deixará de existir. Revista Consultor Jurídico, 29 dez.
2016. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2016-dez-29/eduardo-fonseca-costa-renovacao-ciencia-
processual>. Acesso em: 29 dez. 2016.
39
COSTA, Eduardo J. da Fonseca. Processo como instituição de garantia. Revista Consultor Jurídico, 16 nov.
2016. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2016-nov-16/eduardo-jose-costa-processo-instituicao-
garan­tia>. Acesso em: 20 nov. 2016.
40
NAVARRETE, Antonio Maria Lorca. Tratado de derecho procesal civil, parte general: el nuevo proceso civil.
Madrid: Dykinson, 2000, p. 30.
41
Ideologia, no ponto, em sentido estrito (compromissa com o poder ou sua luta), e não em sentido lato, da qual
nenhuma manifestação cultural está indene. No ponto, seguimos a lição de Nelson Saldanha (Da teologia à
metodologia: secularização e crise no pensamento jurídico. Belo Horizonte: Del Rey, 1993, p. 81).
42
SILVA, Ovídio A. Baptista da. Jurisdição, direito material e processo. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 152.
43
No Brasil, há um interessante debate acerca do livre convencimento motivado, isto é, se o legislador teria
expurgado a ideia de livre convencimento de nosso sistema, haja vista a (re)valorização do contraditório. Sobre
o fim do livre convencimento motivado, ver: STRECK, Lenio Luiz. Dilema de dois juízes diante do fim do livre
convencimento do CPC. In: Coleção Novo CPC, doutrina selecionada: provas. 2. ed. Salvador: JusPodivm, v.
3, p. 369-376; BRUM, Guilherme Valle. Réquiem para o livre convencimento motivado. Empório do Direito.
Disponível em: <http://emporiododireito.com.br/requiem-para-o-livre-convencimento-motivado-por-guilherme-
valle-brum/>. Acesso em: 02 set. 2016.
44
VELLOSO, Adolfo Alvarado. El garantismo procesal. Conferencia pronunciada en el I Congreso nacional de
Derecho Procesal Garantista, Azul, 4 y 5 de Noviembre de 1999. Disponível em: <http://www.cartapacio.edu.
ar/ojs/index.php/ctp/article/viewFile/19/54>. Acesso em: 20 jan. 2016; TORRES, Amanda Lobão. Até quando
vamos permanecer na defesa de um modelo decisionista? Revista Consultor Jurídico, 24 nov. 2016. Disponível
em: <http://www.conjur.com.br/2016-nov-24/amanda-torres-quando-vamos-defender-modelo-decisionista>.
Acesso em: 20 dez. 2016. Ainda sobre a temática da verdade no processo e alguns de seus efeitos colaterais,
relacionando com a fundamentação, indispensável a leitura do seguinte ensaio: SCHMITZ, Leonard Ziesemer.
Entre produzir provas e confirmar hipóteses: o risco do argumento da “busca da verdade real” na instrução e
fundamentação das decisões. Revista de Processo REPRO, São Paulo, v. 250, dez. 2015, p. 91-117.
45
Referimo-nos aos Enunciados nº 01 e 03 da Enfam, os quais se fundam em uma crença solipsista que,
se não é embasada pelas correntes ativistas em vigor, decerto que delas também retira algum substrato.
Sobre a temática, ver: GOUVEIA, Lúcio Grassi de; PEREIRA, Mateus Costa; ALVES, Pedro Spíndola Bezerra.
Fundamentação adequada: da impossibilidade de projetar a sombra de nossos óculos sobre paisagens antigas

256 R. Bras. Dir. Proc. – RBDPro | Belo Horizonte, ano 25, n. 98, p. 247-265, abr./jun. 2017
A paridade de armas sob a óptica do garantismo processual

5 Algumas considerações sobre a mixagem ideológica presente


no texto do CPC/15: premissas filosófico-epistemológicas
A mixagem ideológica dantes mencionada resulta da combinação de caracte­
rísticas de um sistema dispositivo/garantista às de um sistema inquisitivo, donde
teríamos um suposto sistema ideal, misto. Esta suposta síntese foi censurada por
muitos autores estrangeiros,46 cujas ideias, infelizmente, não repercutiram por estas
terras. Assim, sob um viés inquisitivo, suficiente pensar na cooperação (art. 6º), na
determinação do comparecimento das partes para interrogatório (art. 139, VIII), na
iniciativa probatória de ofício (art. 370), na dinamização dos encargos probatórios
(art. 373), no julgamento com base em regras de experiência (art. 375), assim
como o código atribuiu um indevido protagonismo ao magistrado na condução de
determinados meios de prova (art. 456 c/c 459, §1º e art. 464, §3º), para ficarmos
com poucas, mas eloquentes ilustrações. Lado outro, o mesmo código enalteceu as
garantias processuais e a liberdade dos litigantes, sublinhando o contraditório (art.
9º, 10), enunciando uma cláusula à elaboração de negócios processuais atípicos
(art. 190), eliminando o livre convencimento motivado (art. 369), quebrando o
sistema presidencial de oitiva das testemunhas (art. 459) e estruturando o dever
de fundamentação das decisões judiciais (art. 489, §1º).47 Lamentavelmente, a pre­
sença dessas características no texto codificado, nitidamente antagônicas –48 a que
se soma a dificuldade dos operadores do direito (em geral) de se desvencilhar do
discurso processual hegemônico e proceder a uma leitura constitucional do processo,
para que o modelo semântico previsto na CF deixe de ser apequenado pelo modelo
pragmático, na lição de Glauco Gumerato Ramos –,49 prestar-se-á como um substrato
retórico a toda sorte de voluntarismos, ao sabor da ideologia de plantão.50

e de acorrentar novas paisagens em sombras passadas. Revista Brasileira de Direito Processual – RBDPro,
Belo Horizonte, ano 24, n. 95, p. 175-201, jul./set. 2016.

46
CROSKEY, Sebatián Irún. Derecho procesal e ideología: Hegel y el origen de la escuela “moderna” de derecho
procesal (o del “activismo judicial”). In: FREIRE, Alexandre; DELFINO, Lúcio; OLIVEIRA, Pedro Miranda de;
RIBEIRO, Sérgio Luiz de Almeida (Coords.). Processo Civil nas tradições brasileira e iberoamericana.
Florianópolis: Conceito, 2014, p. 398; MEROI, Andrea. Algunas prospectivas del proceso civil y garantismo.
Revista Latinoamericana de Derecho Procesal, Buenos Aires, n. 5, dez. 2015.

47
Na síntese de Croskey: “Asistimos, pues, a un combate ideológico entre dos visiones antagónicas del Poder y
del Derecho: el garantismo, que concibe al Derecho como límite ante el Poder del Estado y como Garantía de la
Libertad; y la escuela ‘moderna’ o del ‘activismo judicial’, que circunscribe al Derecho como una herramienta del
Poder del Estado. De estas dos perspectivas de Estado, Derecho, Poder y Libertad se desprenden, lógicamente,
dos nociones radicalmente opuestas de Proceso. Una garantista, liberal y humanista; y otra tendencialmente
publicista, inquisitiva y estatista” (CROSKEY, Sebatián Irún. Derecho procesal e ideología: Hegel y el origen de
la escuela “moderna” de derecho procesal (o del “activismo judicial”). In: FREIRE, Alexandre; DELFINO, Lúcio;
OLIVEIRA, Pedro Miranda de; RIBEIRO, Sérgio Luiz de Almeida (Coords.). Processo Civil nas tradições brasileira
e iberoamericana. Florianópolis: Conceito, 2014, p. 393).

48
Não se trata de alimentar um ideal de pureza, consoante analisaremos em outro ensaio.

49
Aspectos semânticos de uma contradição pragmática: ativismo judicial versus ampla defesa. O garantismo
processual sob o enfoque da filosofia da linguagem. Justicia, Universidad Simón Bolívar, Barranquilla, n. 21,
p. 38-46, jun. 2012.
50
Ainda sobre o tema, ver a crítica de Glauco Gumerato Ramos: Expectativas em torno do Novo CPC. Entre o
ativismo judicial e o garantismo processual. Revista Brasileira de Direito Processual – RBDPro, Belo Horizonte,

R. Bras. Dir. Proc. – RBDPro | Belo Horizonte, ano 25, n. 98, p. 247-265, abr./jun. 2017 257
Mateus Costa Pereira

Adicionalmente, para além do ambiente judicial não ser orientado epistemo­


logicamente, sendo difícil crer que um cenário conflitivo seja o mais apropriado à
“descoberta” da verdade, tampouco nos cursos de formação de magistrados consta
uma sólida formação probatória de cunho epistemológico; não bastasse isso, ainda
que a formação existisse, as garantias constitucionais se desdobram em diferen­
tes regras condicionantes não apenas do que será objeto da cognição judicial (v.g.,
demanda, congruência),51 como fixam limites à perquirição (a exemplo das presun­
ções legais de veracidade em caso de revelia ou na recusa de exibição de documento),
além de outras disposições que, por suposto, teriam função contraepistêmica (v.g.,
recusa fundada da testemunha ou da parte em responder a determinadas perguntas
ou de exibir algum documento; proibição da prova obtida por meios ilícitos),52 mas
que, verdadeiramente, são denotativas da índole não epistêmica (e neste sentido, não
instrumentalista) do próprio processo, como bem sustentado por Eduardo Costa.53
Mas o embate não é apenas ideológico (em sentido estrito), pois a corrente
ativista também esbarra em problemas epistemológicos e filosóficos que nos pare­
cem intransponíveis. Nesse sentido, Edgar Morin ensina que o cérebro é um órgão
encerrado numa caixa-preta: a mensagem que lhe chega pelos sentidos nunca é
direta, sendo codificada, traduzida; o “cérebro interpreta estas mensagens traduzidas
para reconstruir, à sua maneira, a imagem do original”.54 Logo, uma condição que
não pode ser “evitada” por qualquer dos sujeitos processuais (parciais ou imparcial),
bem como por qualquer outro sujeito que, de algum modo, participe do processo
(exemplos: auxiliares, testemunhas etc.). Conforme os estudos desenvolvidos pelo
filósofo francês, o ato de conhecimento é, a um só tempo, biológico, cerebral,
espiritual, lógico, linguístico, cultural, social e histórico, não podendo ser dissociado

ano 23, n. 90, p. 213­ .225, abr./jun. 2015. Disponível em: <http://www.bidforum.com.br/bid/PDI0006.
aspx?pdiCntd=232552>. Acesso em: 28 jun. 2016. Decerto que a questão não está encerrada, pois é preciso
saber se, e até que ponto, mudam as regras do jogo em se tratando de direitos indisponíveis.

51
Como diria Cipriani ao refutar a ideia de que o processo seja um “assunto das partes”, tal como difundida
por alguns publicistas na tentativa de diminuir o garantismo: “De todas formas, desde el momento en que
el proceso civil nace por voluntad de una partes y puede siempre ser abandonado por las partes, no es
seguramente absurdo considerarlo una asunto que interesa esencialmente a las partes y regularse confor­
me a ello” (En el centenario del reglamento de Klein: el proceso civil entre libertad y autoridad. Academia
de Derecho. Disponível em: <http://campus.academiadederecho.org/upload/webs/sistemasproc/Links/
ordenanzaautriaca.htm>. Acesso em: 10 jan. 2017).

52
TARUFFO, Michele. Uma simples verdade: o juiz e a construção dos fatos. Trad. Vitor de Paula Ramos. São
Paulo: Marcial Pons, 2012, p. 161 e ss.

53
COSTA, Eduardo José da Fonseca. Direito deve avançar sempre em meio à relação entre prova e verdade.
Consultor Jurídico – Conjur. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2016-dez-20/direito-avancar-sempre-
meio-relacao-entre-prova-verdade>. Acesso em: 21 dez. 2016. Do mesmo autor, indispensável a leitura
do seguinte trabalho, no qual a temática probatória é refletida amiúde: COSTA, Eduardo José da Fonseca.
Algumas considerações sobre as iniciativas judiciais probatórias. Revista Brasileira de Direito Processual –
RBDPro, Belo Horizonte, ano 23, n. 90, p. 153-173, abr./jun. 2015.

54
MORIN, Edgar. Problemas de uma epistemologia complexa. In: O problema epistemológico da complexidade.
Portugal: Publicações Europa América, 2002, p. 25.

258 R. Bras. Dir. Proc. – RBDPro | Belo Horizonte, ano 25, n. 98, p. 247-265, abr./jun. 2017
A paridade de armas sob a óptica do garantismo processual

da vida humana e da relação social.55 Assim, não bastasse o “filtro” constitucional


do processo como garantia, a eventual associação do processo à investigação da
verdade esbarra num segundo óbice, desta feita, que não de cunho político-normativo:
a partir da epistemologia da complexidade, desenvolvida por Morin em rechaço ao
paradigma da simplificação,56 também é possível revolver o lugar-comum de fala das
correntes ativistas, colocando algumas de suas premissas em xeque.

6 O – mau – exemplo da distribuição dinâmica das cargas


probatórias
À margem de autorização legislativa de nossa ordem jurídica, calcados na
necessidade de esclarecimento dos fatos e num suposto tratamento isonômico às
partes (para evitar a probatio diabolica), há alguns anos surgiram julgados incor­
porando a doutrina das cargas probatórias dinâmicas para modificar os ônus proba­
tórios fora de relações contenciosas de consumo; além dos argumentos anteriores,
não era incomum a menção aos poderes instrutórios do magistrado para embasar a
mudança dos encargos.57 É importante frisar o que foi dito: malgrado não estivesse
institucionalizada em nossa ordem jurídica, vários arestos passaram a encampar a
dinamização dos ônus probatórios nos moldes professados por Jorge W. Peyrano.
Mas essa doutrina, muito difundida por Peyrano, não é uma unanimidade na
doutrina argentina, onde já recebeu acerbas críticas,58 sendo censurada em outros
países,59 assim como não restou imune de ataques em nosso país.60 Não que a
unanimidade em torno a uma doutrina seja determinante ou indispensável à sua
institu­
cionalização; de toda sorte, é inegável que o cenário legislativo restaria

55
MORIN, Edgar. O método, v. 3: o conhecimento do conhecimento. Trad. Juremir Machado da Silva. 3. ed. Porto
Alegre: Sulina, 2005, p. 26.
56
Cf. MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Trad. Eliane Lisboa. 4. ed. Porto Alegre: Sulina, 2011,
p. 11 e ss.
57
Sobre o tema, com amplas referências: PEREIRA, Mateus Costa; DUARTE, Ronnie Preus. A distribuição
dinâmica do ônus da prova e o Novo CPC. Revista do Advogado, v. 126, p. 182-191, 2015.
58
VELLOSO, Adolfo Alvarado. Proceso y República. Crítica a las tendencias actuales del Derecho Procesal.
Revista Latinoamericana de Derecho Procesal, Buenos Aires, n. 1, ago. 2014; CALVINHO, Gustavo. Cargas
probatorias dinámicas: exotismo y magia que desnaturalizan la garantía del proceso. In: FREIRE, Alexandre;
DELFINO, Lúcio; OLIVEIRA, Pedro Miranda de; RIBEIRO, Sérgio Luiz de Almeida (Coords.). Processo Civil nas
tradições brasileira e iberoamericana. Florianópolis: Conceito, 2014, p. 46-55.
59
É o caso de Taruffo, na Itália (TARUFFO, Michele. Uma simples verdade: o juiz e a construção dos fatos. Trad.
Vitor de Paula Ramos. São Paulo: Marcial Pons, 2012); de Francisco Pinochet Cantwell, no Chile (Como se
derrotó en Chile a las cargas probatorias dinámicas. Su diferencia con el principio de facilidad de la prueba.
Revista Latinoamericana de Derecho Procesal, Buenos Aires, n. 4, set. 2015); de Alejandro Abal Oliú, no
Uruguai (Iniciativa probatoria de oficio. Revista Latinoamericana de Derecho Procesal, Buenos Aires, n. 4,
2015); dos argentinos citados na nota anterior. Entre tantos outros que, se não em ensaios específicos, de
passagem em algum trabalho, também censuram a doutrina da distribuição dinâmica.
60
Por todos, ver o já citado ensaio de Eduardo José da Fonseca Costa: Algumas considerações sobre as
iniciativas judiciais probatórias. Revista Brasileira de Direito Processual – RBDPro, Belo Horizonte, Ano 23, n.
90, p. 153-173, abr./jun. 2015.

R. Bras. Dir. Proc. – RBDPro | Belo Horizonte, ano 25, n. 98, p. 247-265, abr./jun. 2017 259
Mateus Costa Pereira

enriquecido se tivéssemos aguardado o, por assim dizer, “tempo de colheita”, um


escrutínio doutrinário da teoria.61
Há mais de vinte e cinco anos, temos um código à proteção e defesa dos
consumidores que autoriza o magistrado a inverter as cargas probatórias perante
as relações de consumo, desde que demonstrada a hipossuficiência técnica ou
econômica pelo consumidor ou a verossimilhança da alegação (id quod plerumque
accidit; art. 6º, VIII, do Código de Defensa do Consumidor). Aplicado com muito
cuidado, podemos dizer que esse dispositivo, restrito às relações de consumo (justi­
ficável pela proteção do vulnerável, e previsto em lei),62 era um meio de garantir a
paridade de armas,63 assim como as demais leis de proteção estabelecem presun­
ções relativas de veracidade em prol dos vulneráveis que também repercutem no
sistema de autorresponsabilidade probatória. Todavia, diante de uma relação de con­
sumo, muito antes de entrar em juízo o fornecedor já está consciente da possível
alteração do ônus de provar, o que lhe outorga previsibilidade e vela por seu direito
de defesa, não olvidando a necessidade de iniciativa (requerimento) do consumidor
e o filtro constituído pelos requisitos (alternativos) indicados em lei.

7 Considerações finais
Desde o direito brasileiro, a atuação do juiz à igualdade/paridade de armas,
sem violação ao devido processo legal, assim nos parece, somente poderia ser
assegurada quando o legislador já tivesse previsto a exata situação em que o juiz
deveria atuar para tanto,64 seguramente, não como uma forma de justiça social,
senão de um reforço à paridade de armas no processo, sem estabelecer preferên­cias
ou privilégios a um dos contendores em detrimento do outro, como é da exigência da
igualdade.65 Fora dessas situações, excepcionais, cremos que a paridade de armas
seja “melhor” compreendida como a igualdade de oportunidades e de audiência.66
É necessário insistir que a garantia de igualdade não pode comprometer os demais
direitos constitucionais, tampouco a função do juiz, no caso concreto, como o último

61
Quiçá destacando alguns dos principais pontos do projeto do código e conclamando juristas de diferentes
matizes ideológicas para discutir.
62
Não ignoramos a divergência quanto ao seu âmbito de aplicação. Marinoni, por exemplo, antes mesmo do
novo CPC, entendia que a inversão do ônus da prova não estava restrita às relações de consumo.
63
Diálogo mantido com o autor via Telegram.
64
Diálogo mantido com o autor via Telegram.
65
CALVINHO, Gustavo. Las características democráticas del processo dispositivo-acusatorio. Gustavo
Calvinho – Blog Académico de Derecho Procesal. Disponível em: <http://gustavocalvinho.blogspot.com.
es/2012/11/las-caracteristicas-democraticas-del.html>. Acesso em: 20 ago. 2016.
66
VELLOSO, Adolfo Alvarado. O garantismo processual. Trad. Glauco Gumerato Ramos. In: FREIRE, Alexandre;
DELFINO, Lúcio; OLIVEIRA, Pedro Miranda de; RIBEIRO, Sérgio Luiz de Almeida (Coords.). Processo Civil nas
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A paridade de armas sob a óptica do garantismo processual

garante desses direitos.67 Em outras palavras, limitando a atuação do julgador, as


garantias também protegem as partes contra os poderes do Estado-Juiz.68
Por tudo isso, a proteção de sujeitos vulneráveis e sua repercussão no processo
judicial (paridade de armas) são tarefas que toca ao legislador mais que ao julga­
dor. Longe de sugerir uma novel visão da paridade, buscamos demonstrar que a
sua compreensão não é afetada pelo ideal cooperativo, já que a adequada reflexão
do tema desemboca no texto do código; nele, por assim dizer, não encontra seu
ponto de partida. Mesmo porque, sob o arrojado título de normas fundamentais,
alguns desses artigos matriciais reproduzem normas constitucionais que albergam
garantias individuais fundamentais, como é o caso do acesso à justiça (art. 3º, CPC
ressoa o art. 5º, XXXV, CF), a razoável duração do processo (art. 4º, CPC replica o
art. 5º, LXXVIII, CF), a isonomia (art. 7º, CPC contém o mesmo preceito do art. 5º,
caput, CF, contextualizado ao processo) e o contraditório (os arts. 7º, parte final,
9º e 10º, CPC, reluzem o art. 5º, LV, CF). O mesmo não sucede com a cooperação,
carecendo do substrato garantístico constitucional de liberdade.69 É sob a perspectiva
constitucional, como sói, que se funda a compreensão do tema analisado e de toda
a conformação da atividade do julgador,70 sendo o manancial teórico da corrente
que se convencionou chamar de garantista.71

The right to be treated equally during the judicial procedural on a garantism point of view
Abstract: this paper exams the right to be treated equally during the judicial procedural, but on a garantism
perspective (“garantismo processual”). In order to accomplish this task, after establishing our premises,
mainly the idea that the process itself is a constitutional garantee against activist judges, we question if
the meaning of the right to be treated equally suffers any influence from the idea that the judge should
colaborate with both plaintiff and defendant.

Keywords: The right to be treated equally during the judicial procedural. Garantism. Coolaboration.

67
AROCA, Juan Montero. El proceso civil en el siglo XXI: tutela y garantía. Revista del Instituto Colombiano de
Derecho Procesal, v. 32, n. 32, 2006. Disponível em: <http://publicacionesicdp.com/index.php/Revistas-icdp/
article/view/26>. Acesso em: 10 jun. 2016.
68
COSTA, Eduardo J. da Fonseca. Processo como instituição de garantia. Revista Consultor Jurídico, 16 nov.
2016. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2016-nov-16/eduardo-jose-costa-processo-instituicao-
garantia>. Acesso em: 20 nov. 2016.
69
Em sentido contrário, Fredie Didier Jr. sustenta que a cooperação seria extraída do devido processo legal, da
boa-fé processual e do contraditório. Assim, do autor, ver: 1. Princípio da cooperação. In: CABRAL, Antonio do
Passo; CRAMER, Ronaldo (Coords.). Comentários ao novo Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense,
2015, p. 77.
70
A temática, assim, nos parece, vai além da reflexão quanto aos poderes de iniciativa probatória, seu uso
e consequências, malgrado este seja um ponto bastante delicado do tema. Sobre o assunto, ver: OLIÚ,
Alejandro Abal. Iniciativa probatoria de oficio. Revista Latinoamericana de Derecho Procesal, Buenos Aires, n.
4, 2015.
71
Conforme leciona Adolfo Alvarado Velloso, em lição inteiramente aplicável entre nós, o garantismo processual
postula o irrestrito acatamento da Constituição e daquela que é a sua máxima garantia: o processo. El
garantismo procesal. Conferencia pronunciada en el I Congreso nacional de Derecho Procesal Garantista,
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Mateus Costa Pereira

Recebido em: 05.04.2017.


Aprovado em: 28.04.2017.

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Informação bibliográfica deste texto, conforme a NBR 6023:2002 da Associação


Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):

PEREIRA, Mateus Costa. A paridade de armas sob a óptica do garantismo


processual. Revista Brasileira de Direito Processual – RBDPro, Belo Horizonte, ano
25, n. 98, p. 247-265, abr./jun. 2017.

R. Bras. Dir. Proc. – RBDPro | Belo Horizonte, ano 25, n. 98, p. 247-265, abr./jun. 2017 265

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