Vous êtes sur la page 1sur 59

Trabalho de Pesquisa

em Serviço Social
Autoras: Profa. Daniela Emilena Santiago
Profa. Renata Leandro
Colaboradores: Profa. Amarilis Tudela Nanias
Profa. Maria Francisca S. Vignoli
Professoras conteudistas: Daniela Emilena Santiago / Renata Leandro

A professora Daniela Emilena Santiago é assistente social graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL),
especialista em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre
em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus de Assis/SP. Atualmente
é funcionária pública do município de Quatá/SP, atuando como assistente social junto à Secretaria Municipal de
Promoção Social. Exerce também a função de docente, coordenador auxiliar e líder no curso de Serviço Social da
Universidade Paulista (Unip).

Partindo de sua vinculação à Unip, como docente que atua do curso de Serviço Social no campus de Assis/SP,
emergiu a oportunidade de seu atrelamento também ao curso de graduação de Serviço Social na modalidade SEI,
prestada pela Unip Interativa, o que lhe proporcionou a oportunidade de ministrar aulas de diversas disciplinas nessa
modalidade de ensino. Além dessa inserção, também ministrou, na modalidade SEPI, aulas da disciplina Política Social
de Saúde no curso de pós‑graduação de Gestão em Políticas Sociais, oferecido pela Unip.

A professora Renata Leandro é residente no município de Campinas/SP e graduada em Serviço Social, pela
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP), em 2002, com especialização em Violência Doméstica contra
Criança e Adolescente, pelo Laboratório da Criança (LACRI), do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de São Paulo
(USP), em 2005. Também se especializou em Sexualidade Humana pela Faculdade de Educação (FE) da Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP), em 2009, e é pós‑graduanda em Formação em EaD, pela Unip. Atualmente, é
docente na Unip de Sorocaba e consultora em Gestão Pública e Responsabilidade Social no 1º e 2º setores. Tem
experiência em Gestão Social, como gestora municipal, no município de São Thomé das Letras/MG e na Secretaria
Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, no estado do Rio de Janeiro. Atuou também em Centros de
Referências de Assistência Social (CRAS) em atendimento matricial com famílias e na área de criança e adolescente e
suas respectivas famílias, no município de Campinas, no Projeto Rotas Recriadas, atualmente denominado Programa
Municipal de Enfrentamento à Exploração Sexual Infantojuvenil, no período de 2003 a 2007.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S235t Santiago, Daniela Emilena.

Trabalho de pesquisa em Serviço Social / Daniela Emilena


Santiago, Renata Leandro. - São Paulo: Editora Sol, 2015.

140 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXI, n. 2-168/15, ISSN 1517-9230.

1. Projeto de Pesquisa. 2. Serviço Social. 3. Pesquisa de Campo. I.


Leandro, Renata. II.Título.

CDU 362

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor

Prof. Fábio Romeu de Carvalho


Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças

Profa. Melânia Dalla Torre


Vice-Reitora de Unidades Universitárias

Prof. Dr. Yugo Okida


Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez


Vice-Reitora de Graduação

Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Lucas Kater
Virginia Bilatto
Sumário
Trabalho de Pesquisa em Serviço Social

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8

Unidade I
1 A PESQUISA SOCIAL E A ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA..............................................9
1.1 A pesquisa social: algumas aproximações.....................................................................................9
1.2 A Elaboração do projeto de pesquisa............................................................................................ 15
1.2.1 Objetivos...................................................................................................................................................... 22
1.2.2 Justificativa................................................................................................................................................ 23
1.2.3 Base teórica e pressupostos conceituais e hipóteses................................................................ 24
1.2.4 Metodologia............................................................................................................................................... 27
1.2.5 Cronograma............................................................................................................................................... 31
1.2.6 Estimativa de custos............................................................................................................................... 31
1.2.7 Bibliografia................................................................................................................................................. 32
1.2.8 Anexos.......................................................................................................................................................... 34
1.3 O processo de orientação................................................................................................................... 34
2 A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA....................................................................................................................... 36
2.1 O resumo e a resenha.......................................................................................................................... 37
2.2 A elaboração de fichas........................................................................................................................ 37
3 A PESQUISA DE CAMPO................................................................................................................................ 39
3.1 Entrevista.................................................................................................................................................. 44
3.2 Discussão de grupo.............................................................................................................................. 47
3.3 História de vida...................................................................................................................................... 48
3.4 Observação............................................................................................................................................... 48
3.5 Questionário............................................................................................................................................ 50
3.6 Formulário................................................................................................................................................ 51
4 O MODELO INSTITUCIONAL DE ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE PESQUISA............................. 52

Unidade II
5 O QUE É PESQUISA SOCIAL?........................................................................................................................ 62
5.1 As ciências sociais como fundamentação teórica para construção do TCC................. 64
5.2 Conhecimento e realidade: conceituando.................................................................................. 66
5.3 Os tipos de conhecimento................................................................................................................. 67
5.4 O processo de observação da realidade e as ciências sociais.............................................. 69
5.5 Investigação, trabalho e produção de conhecimento............................................................ 72
5.5.1 A investigação na prática profissional em Serviço Social....................................................... 72
6 ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS: ENTENDENDO PASSO A PASSO ESSA
ESTRUTURA DO TCC............................................................................................................................................ 74
6.1 Estrutura Geral do TCC........................................................................................................................ 74
6.2 As páginas pré‑textuais: identificação do trabalho................................................................ 75
6.2.1 Orientações para a construção das páginas pré‑textuais: capa e folha de rosto......... 76
6.2.2 Orientações para a construção da dedicatória e agradecimento........................................ 77
6.2.3 Orientações para a construção do resumo, abstract, palavras‑chaves
e key‑words........................................................................................................................................................... 77
6.2.4 Orientações para a construção das listas (ilustrações, quadros, tabelas,
siglas etc.)............................................................................................................................................................... 78
6.2.5 Orientações para a construção do sumário.................................................................................. 78
6.3 Organizando os conteúdos: as páginas textuais identificam o trabalho....................... 78
6.3.1 Seu problema de pesquisa será seu guia....................................................................................... 79
6.3.2 Orientações para a construção da introdução............................................................................ 79
6.3.3 Orientações para a construção do desenvolvimento................................................................ 81
6.3.4 Orientações para a construção da conclusão.............................................................................. 86
6.3.5 Orientações para a construção da bibliografia............................................................................ 86

Unidade III
7 O QUE É METODOLOGIA E COMO UTILIZÁ‑LA NA ABORDAGEM PESQUISA?.......................... 89
7.1 O método em ciências humanas e a pesquisa social.............................................................. 91
8 OS MÉTODOS E AS TÉCNICAS DE PESQUISA NO SERVIÇO SOCIAL: COLETANDO
DADOS E ANALISANDO‑OS.............................................................................................................................. 95
8.1 As metodologias quantitativas e qualitativas no Serviço Social....................................... 95
8.2 O que é pesquisa quantitativa: características gerais e referências................................. 96
8.2.1 Instrumentos de coleta de dados em pesquisa quantitativa...............................................102
8.2.2 Como se analisam dados quantitativos?.....................................................................................112
8.3 O que é pesquisa qualitativa: características gerais e referências..................................114
8.3.1 O Interacionismo simbólico e a Escola de Chicago.................................................................. 116
8.3.2 Sobre os instrumentos e técnicas na pesquisa qualitativa...................................................117
8.3.3 A história de vida e a análise documental..................................................................................119
8.3.4 Etapas da análise de dados em pesquisa qualitativa..............................................................119
8.3.5 Análise de questionários.....................................................................................................................121
8.4 Análise e discussão dos dados.......................................................................................................122
8.5 Discussão dos dados..........................................................................................................................127
APRESENTAÇÃO

Figura 1 – Cientista no laboratório

A imagem mostrada é representativa de uma forma de compreender a pesquisa científica que foi
hegemônica durante muitos anos e que só entrou em declínio no início do século XX. A partir de
então, a produção de conhecimento por meio de pesquisas científicas deixou de ser compreendida como
restrita ao que era percebido em laboratórios, tal como o representado. Essas possibilidades de mudança
na produção do conhecimento condicionaram, alguns anos mais tarde, a produção em conhecimento
no Serviço Social, estimulando, sobretudo a partir da década de 1970, a ampliação dos cursos de
pós‑graduação no Brasil e dos grupos de pesquisa a eles vinculados. Nos termos postos, tivemos uma
ampliação da produção científica dentro da categoria profissional.

Outro fator que estimulou, a nosso ver, a ampliação das pesquisas em Serviço Social foi a produção
dos Trabalhos de Conclusão de Curso, vinculados aos cursos de graduação, que cada vez mais têm
alcançado significativa qualidade no sentido da produção de conhecimento. Consoante com esse novo
movimento da formação dos alunos de curso de Serviço Social, em que cada vez mais são postas
exigências ao padrão de qualidade da produção acadêmica dos alunos do curso, foi constituída a
disciplina Trabalho de Pesquisa em Serviço Social. Essa disciplina tem como objetivos gerais:

• acompanhar a execução dos objetivos e metodologia definidos;

• assessorar o processo de orientação;

• qualificar os pré‑projetos e acompanhar a execução das propostas definidas pelo aluno para a
elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso.

Assim, ofereceremos inicialmente o subsídio relacionado à elaboração do projeto de pesquisa e em


seguida passaremos à discussão do Trabalho de Conclusão de Curso. Sabemos que essa disciplina será
de fundamental importância para oferecer a você o respaldo que se mostra essencial para a elaboração
de seu Trabalho de Conclusão de Curso.
7
Cabe destacar ainda que o Trabalho de Conclusão de Curso é uma exigência para o término de sua
graduação e deve ser um trabalho que represente sua formação. Deve ainda ser escrito observando
os padrões de qualidade esperados para um trabalho vinculado a um curso de graduação e, no caso
do Serviço Social, precisa ainda observar o que está disposto na Lei que regulamenta a profissão de
assistente social e o Código de Ética. Para que você consiga elaborar esse trabalho e esteja atento
a todas as requisições que são postas pela ABNT e pelas legislações que orientam a nossa profissão,
ofereceremos nessa disciplina todas as informações necessárias. Tais informações são importantes
também para embasar seu projeto de pesquisa.

Esperamos que, dessa forma, seja possível oferecer a você as orientações necessárias para embasar
seu processo de produção do conhecimento e colaborar com a elaboração de seu projeto de pesquisa e
posteriormente com seu Trabalho de Conclusão de Curso. Porém, é preciso atentar ainda para o fato de
que as orientações aqui postas também podem servir de referência para estudos futuros em cursos de
pós‑graduação ou mesmo para atividades acadêmicas afins, como a elaboração de artigos e resenhas
para apresentação em eventos ou demais atividades correlatas.

INTRODUÇÃO

Enfatizaremos a questão da elaboração de projetos de pesquisa e, com tal intento, serão oferecidas
orientações sobre como proceder para elaborar o projeto de pesquisa, além de inserirmos também
alguns modelos de referência, dentre os quais o modelo recomendado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Paulista (UNIP). Tendo em vista a necessidade de subsidiar a elaboração tanto
do projeto de pesquisa quanto do Trabalho de Conclusão de Curso, também ofereceremos a você as
orientações necessárias para se discutir a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo. Cabe destacar
que, no aspecto bibliográfico, forneceremos a você a formação necessária à organização do processo de
produção de conhecimento por meio da utilização de dispositivos como resumo, resenha, fichamento
e outros meios para sistematizar o conhecimento e fundamentar tanto o projeto de pesquisa quanto o
Trabalho de Conclusão de Curso.

Nesse sentido, discutiremos a organização dos conteúdos, os capítulos e também os formatos de


metodologia e coleta de dados. Assim, com base nessas informações será possível que você comece a
estruturar o seu Trabalho de Conclusão de Curso.

8
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

Unidade I
Conforme dissemos, nesta unidade vamos discutir a elaboração do projeto de pesquisa. Algumas
dessas informações já foram oferecidas a você no semestre passado e serão agora retomadas. Por isso,
vamos rever as informações relacionadas à elaboração do projeto de pesquisa. Também vamos discutir
sobre a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo e sobre o processo de orientação para a elaboração
do projeto de pesquisa. Vamos então iniciar com a discussão sobre o projeto de pesquisa.

1 A PESQUISA SOCIAL E A ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA

1.1 A pesquisa social: algumas aproximações

Saiba mais

Para aprimorar seus conhecimentos sobre as questões relacionadas à


pesquisa recomendamos a leitura aos textos:
MARSIGLIA, R. M. G. Orientações básicas para a pesquisa. 2006. FNEPAS.
Disponível em: <http://www.fnepas.org.br/pdf/servico_social_saude/
texto3‑1.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2013.
RAUPP, F. M.; BEUREN, I. M. Metodologia da pesquisa aplicável às
ciências sociais. [s. d.]. Disponível em: <http://www.unisc.br/portal/upload/
com_arquivo/metodologia_de_pesquisa_aplicavel_as_ciencias_sociais.pdf>.
Acesso em: 28 jul. 2013.
E a visita ao site:
<http://www.das.ufsc.br/~andrer/ref/bibliogr/pesq/pesq1.htm>.
Acesso em: 28 jul. 2013.

Em tese, se mostra necessária uma retomada geral sobre a pesquisa em si, sobre o seu significado,
suas finalidades e níveis, além de outras informações afins. Vejamos, então, as principais definições
apontadas por Gil (1999), Minayo (1999) e demais teóricos.

Gil (1999) nos diz que a pesquisa é um processo formal e sistemático para alcançar o conhecimento e assim
torna‑se um método científico para a produção de novos conceitos ou conteúdos. Dessa forma, o objetivo
fundamental da pesquisa seria “descobrir as respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos
científicos” (op. cit., p. 42), ou seja, é um processo de conhecimento, mas que só se torna possível por meio do
emprego de métodos científicos ou procedimentos científicos. Portanto, a realização da pesquisa demanda
essencialmente um planejamento e uma organização prévia de como irá acontecer o processo.
9
Unidade I

Ruiz (1996), complementando as explicações, nos diz que devemos compreender a pesquisa como a:

realização concreta de uma investigação planejada, desenvolvida e redigida


de acordo com as normas de metodologia consagradas pela ciência. É o
método de abordagem de um problema de estudo que caracteriza o aspecto
científico de uma pesquisa (op. cit., p. 48).

Mesmo que em Ciências Humanas atualmente não seja necessário comprovar cientificamente
as informações obtidas por meio da pesquisa, esta deve acontecer de forma planejada, programada
previamente e pautada em normas científicas, ou seja, em aspectos previamente delimitados que
permitam a realização da pesquisa.

Gil ainda nos diz que atualmente tem sido usada a denominação pesquisa social para delimitar uma
área da pesquisa que se ocupa especificamente de identificar aspectos relacionados à realidade social, ou, nos
termos do autor, “pode‑se, portanto, definir pesquisa social como o processo que, utilizando a metodologia
científica, permite a obtenção de novos conhecimentos no campo da realidade social” (GIL, 1999, p. 42).
Setubal (2011) aponta que esse “tipo” de pesquisa é o que tem sido mais usado no âmbito do Serviço Social.
Ainda sobre esse tipo de pesquisa, Gil coloca que podemos ter finalidades diferenciadas, a depender do tipo
de pesquisa desenvolvido, e que a pesquisa pode ter uma finalidade intelectual, pura ou aplicada.

A pesquisa com finalidade intelectual é tida pelo autor como aquela que tem como motivação o desejo
de se conhecer a realidade e motivar ações. Já a pesquisa pura busca estimular o desenvolvimento da
ciência, do conhecimento. Nessa modalidade, a pesquisa não teria, segundo o autor, intenção de promover
consequências práticas. A pesquisa aplicada, porém, é aquela realizada com o objetivo de motivar uma
ação, uma intervenção, uma aplicação ou, como nos diz Gil (1999, p.43), “tem como característica
fundamental o interesse na aplicação, utilização e consequências práticas dos conhecimentos” e seu
interesse está voltado à “aplicação imediata numa realidade circunstancial”.

Antes de tratarmos dos níveis de pesquisa, de acordo com as orientações de Gil (1999), veja a
imagem a seguir em que as informações sobre as finalidades da pesquisa estão sistematizadas para
facilitar sua compreensão.

Quadro 1 - Sistematização das finalidades da pesquisa


• Desejo de conhecer
Intelectual
• Motivação para a ação

• Progresso da Ciência
Pura
• Sem preocupação com a aplicação

• Interesse na aplicação
Aplicada
• Aplicação junto a uma realidade circunstancial

Gil (1999) nos indica os seguintes níveis de pesquisa social: pesquisas exploratórias, pesquisas
descritivas e pesquisas explicativas.
10
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

As pesquisas exploratórias são aquelas que buscam desenvolver, esclarecer conceitos e ideias
sobre determinados conceitos. Essas pesquisas demandam planejamento, porém, esse planejamento
não precisa acontecer de forma rígida demais. Geralmente são respaldadas pelo levantamento
bibliográfico e documental, pela realização de entrevistas não padronizadas e por estudos de casos,
ou seja, por meio de aproximações à realidade que se busca pesquisar. Essas aproximações são
viabilizadas por meio de uma série de procedimentos dentre os quais se destacam as pesquisas por
amostragem e outras técnicas qualitativas que viabilizem a coleta de dados. Para o autor, esse tipo
de pesquisa é utilizado quando o assunto ainda não é muito conhecido. Em outras circunstâncias,
essa modalidade de pesquisa é também utilizada como uma etapa inicial de um conhecimento mais
amplo. Dessa forma, torna‑se uma investigação inicial, mas que poderá resultar no esclarecimento de
determinados conceitos.

As pesquisas descritivas, por sua vez, destinam‑se a descrever características específicas de determinados
aspectos, dentre os quais se destacam especificidades de uma determinada população, de um fenômeno
específico ou então de estabelecimento de situações específicas. Essas pesquisas podem ainda buscar
estudar as especificidades de um grupo. Nessas pesquisas, são usadas técnicas padronizadas para a coleta
de dados, e a motivação para sua realização está na possibilidade de ação. Segundo Gil (1999), são as
pesquisas mais requeridas por instituições educacionais, empresas comerciais e por partidos políticos.

Já as pesquisas explicativas estão orientadas a identificar e explicar os fatores que determinam


certos fenômenos próximos da realidade. De acordo com Gil, esse seria o tipo de pesquisa em que temos
uma maior aproximação à realidade e que, em decorrência disso, é o tipo de pesquisa mais complexo e
delicado e no qual se demanda, portanto, maior atenção aos procedimentos a serem realizados. Gil nos
diz ainda que essas pesquisas estão assentadas no método experimental, ou seja, na observação dos
fenômenos sobre os quais se deseja imprimir a pesquisa.

Veja a seguir a sistematização dos níveis que encontramos nas pesquisas de natureza social, segundo
Gil (1999):

Quadro 2 - Sistematização dos níveis da pesquisa

• Esclarecer conceitos
Exploratórias • Menor rigidez de planejamento, mas pautada
em instrumentais específicos

• Descrição de fenômenos e do seu


Descritivas estabelecimento
• Utilização de técnicas padronizadas

• Identifica fatores que explicam os fenômenos


Explicativas
• Mais próximas da realidade

Ou seja, são tipologias construídas com a finalidade de delimitar as diferentes possibilidades de


organização da pesquisa social. Você pode até se perguntar, considerando seu projeto de pesquisa e o
seu tema escolhido, a qual formato de pesquisa irá recorrer.
11
Unidade I

Derivando em partes da concepção de Gil, Ruiz (1996) indica espécies de pesquisa a exploratória, e ainda
indica as pesquisas teórica e aplicada. Para o autor, essas seriam as espécies de pesquisa possíveis. Também
para Gil (1999) a pesquisa exploratória é aquela modalidade em que é elaborada uma classificação inicial
do problema, sendo que nessa pesquisa não temos a resolução de problemas, mas sim uma aproximação
ao objeto de estudo. Vamos estudar a pesquisa teórica no item 2 dessa unidade, quando discutiremos a
pesquisa bibliográfica. Já a pesquisa aplicada, também para Ruiz, demanda uma maior rigidez na delimitação
de procedimentos a serem adotados para a produção do conhecimento, mas o autor não indica a necessidade
de esse conhecimento ser colocado em prática, diferindo assim das considerações propostas por Gil.

Lembrete

Para Gil (1999) a pesquisa aplicada se destina a promover uma ação.

Ruiz ainda nos diz que há como espécies de pesquisa a de campo e a de laboratório. Estudaremos a
pesquisa de campo no item 3. A de laboratório se desenvolve como um processo coordenado de produção
do conhecimento. Essa espécie acontece em ambientes onde as variáveis podem ser controladas. Porém,
para o autor, a de laboratório não deve acontecer sem a pesquisa prévia bibliográfica sobre o assunto
em questão. A nosso ver esse é o tipo de pesquisa menos usado em Serviço Social.

Cervo e Bervian (1996) também derivam em grande parte das colocações dos autores mencionados.
Também indicam a pesquisa bibliográfica, a pesquisa descritiva e a pesquisa experimental, assim como o que
é proposto por Gil (1999). Conforme já salientamos, estudaremos a pesquisa bibliográfica no item 2 deste
livro‑texto. Vamos então indicar como Cervo e Bervian compreendem a pesquisa descritiva e experimental.

De acordo com os autores, a pesquisa descritiva é aquela que

observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem


manipulá‑los. Procura descobrir, com a precisão possível a frequência com
que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza
e características (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 49).

Nas Ciências Humanas e Sociais, a pesquisa descritiva é mais comum e é relacionada aos fenômenos
sociais que influenciam a vida em sociedade em determinados momentos históricos. Em decorrência
disso, a pesquisa pode acontecer por meio de estudos exploratórios, estudos descritivos, pesquisas de
opinião, pesquisas de motivação e também pesquisa documental.

Os estudos exploratórios podem ser entendidos como o passo inicial no processo de pesquisa. Nesse
momento, busca‑se apenas ampliar as informações sobre determinados assuntos que serão tratados
durante o desenvolvimento da pesquisa. “Tais estudos têm por objetivo familiarizar‑se com o fenômeno
ou obter nova percepção do mesmo e descobrir novas ideias” (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 49). Para essa
aproximação ao fenômeno, o estudo exploratório deve realizar descrições detalhadas sobre o fenômeno
observado. Portanto, esse tipo de estudo é recomendado quando o objeto estudado é um assunto com
poucas informações. Apesar disso, essa pesquisa demanda um planejamento bastante flexível.

12
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

Os estudos descritivos seriam aqueles em que temos a “descrição das características, propriedades
ou relações existentes na comunidade, grupo ou realidade pesquisada” (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 50).
Esses estudos também permitem uma maior compreensão.

A pesquisa de opinião, como o próprio nome sugere, procurar identificar atitudes e opiniões das
pessoas sobre determinados assuntos e pode abranger um grande número de pessoas. Derivando desse
formato, temos as pesquisas de motivação, que também englobam grande parcela da população, mas,
nesse caso, as pesquisas serão orientadas para identificar razões inconscientes que motivam as pessoas
a consumir determinados produtos.

Cervo e Bervian (1996) ainda nos falam a respeito do estudo de caso e da pesquisa documental. No
sentido posto, o estudo de caso é descrito como “a pesquisa sobre um determinado indivíduo, família,
grupo ou comunidade para examinar aspectos variados de sua vida”. Já a pesquisa documental faz
menção à necessidade de serem “investigados documentos a fim de se poder descrever e comparar usos,
costumes, tendências, diferenças e outras características” (op. cit., p. 50).

A pesquisa experimental é aquela que

caracteriza‑se por manipular diretamente variáveis relacionadas com


o objeto de estudo. Nesse tipo de pesquisa, a manipulação das variáveis
proporciona o estudo da relação entre causas e efeitos de um determinado
fenômeno. Através da criação de situações de controle, procura‑se evitar
a interferência de variáveis intervenientes. Interfere‑se diretamente na
realidade, manipulando‑se a variável independente a fim de observar o que
acontece com a dependente (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 51).

Essas seriam as principais diferenciações dos tipos de pesquisa, recorrendo aos teóricos aqui sumariados,
que são, atualmente, referência no estudo em pesquisa. Para colaborar com a apreensão dos conteúdos
tratados até o presente momento pelos diversos autores que estudamos, veja a imagem a seguir:

Quadro 3 – Sistematização dos autores e formatos de pesquisa

Gil • Pesquisas exploratórias, descritivas e


explicativas

Ruiz • Pesquisas exploratórias, teóricas, aplicadas, de


campo e de laboratório

Cervo, Bervian • Pesquisas bibliográficas, descritivas,


experimentais

Esperamos que esse breve levantamento sobre os tipos de pesquisa permita a você a retomada sobre
os aspectos aqui tratados. Por meio desses estudos, será possível então tratarmos da elaboração de
projetos de pesquisa. Antes de iniciarmos nossa retomada sobre o projeto de pesquisa, veja o exemplo

13
Unidade I

a seguir, que reproduz informações sobre um colóquio em que vários grupos de pesquisa trazem para o
debate parte dos resultados de pesquisas desenvolvidas junto a Universidades.

Faculdade de Serviço Social promove 2º Colóquio Nacional

Continuam abertas as inscrições para o 2º Colóquio Nacional Sobre o Trabalho do


Assistente Social, a ser realizado entre os dias 31 de julho e 2 de agosto, na Universidade
Federal de Alagoas (Ufal). No evento, serão expostos cerca de 30 trabalhos com foco no
trabalho do assistente social.

O evento faz parte de um projeto integrado entre os programas de pós‑graduação em


Serviço Social da Ufal e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC‑SP), que abriga a comissão coordenadora das pesquisas.

“Na Ufal, atuam três grupos de pesquisa com o foco no trabalho do assistente social.
Ao todo existem 11 docentes e vários alunos de pesquisa e pós‑graduação desenvolvendo
pesquisas nas três instituições”, relata Rosa Predes, coordenadora do projeto.

Conforme a professora, o projeto tem uma duração de quatro anos e vai até 2015.
Ele é composto por intercâmbios de estudantes entre as instituições e missões de estudos
dos docentes, que circulam entre as universidades parceiras, mas todos os eventos serão
concentrados na universidade alagoana.

“O evento desse porte é importante para a consolidação da nossa pós‑graduação, pois


ele tem abrangência nacional. Para esse colóquio houve 50 inscritos de várias instituições,
dos quais foram selecionados cerca de 30”, acrescenta Rosa.

Programação

O evento inicia as 8h30 do dia 31, com abertura, seguido da mesa‑redonda “Espaços
sócio‑ocupacionais e tendências do mercado de trabalho do Serviço Social no contexto de
reconfiguração das políticas sociais no Brasil: produção científica dos grupos de pesquisa.
As atividades acontecerão no Auditório do antigo Csau, no Campus A. C. Simões.

Outros temas, como Reestruturação produtiva, reforma do Estado e das políticas sociais e o
trabalho do assistente social; Espaços sócio‑ocupacionais do Serviço Social e mercado de trabalho,
além das atribuições e competências profissionais do assistente social farão parte das discussões.

O colóquio é voltado para assistentes sociais, docentes, pós‑graduandos, supervisores


de campo, conselheiros do Conselho Regional de Serviço Social (Cress), participantes dos
grupos de pesquisa, preceptores do PET Saúde, estudantes de graduação e estagiários.

Fonte: ASCOM. Faculdade de Serviço Social promove segundo colóquio nacional. UFAL, 17 set. 2013. Disponível em: <http://
aquiacontece.com.br/noticia/2013/07/17faculdade‑de‑servico‑social‑promove‑2‑coloquio‑nacional>. Acesso em: 28 jul. 2013.

14
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

Exemplo de aplicação

Considerando esse exemplo, reflita sobre a importância desses eventos para a divulgação das
pesquisas e da produção de conhecimentos a essas pesquisas vinculadas.

Na sequência vamos voltar o nosso olhar para a elaboração projeto de pesquisa.

1.2 A Elaboração do projeto de pesquisa

Saiba mais
Recomendamos a consulta aos arquivos a seguir, nos quais temos exemplos
de manuais elaborados por faculdades para orientar os alunos na elaboração
de projetos de pesquisa:
OLIVEIRA, R. M. Roteiro para elaboração de projeto de pesquisa. Barcelona:
UNIPAC, 2002. Disponível em: <http://unipaclafaiete.edu.br/portal/attachments/
article/152/roteiro_elaboracao_pesquisa2012‑2.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2013.
GRAF, A. V. (Org.). Manual para elaboração do projeto de pesquisa das
Faculdades Integradas Itapetininga. Itapetininga: Fundação Karnig Bazarian,
2012. Disponível em: <http://www.fkb.br/userfiles/file/Manual%20para%20
Elabora%C3%A7%C3%A3o%20do%20Projeto%20de%20Pesquisa%20
das%20Faculdades%20Integradas%20de%20Itapetininga22222.pdf>.
Acesso em: 28 jul. 2013.
E, no arquivo a seguir, temos um exemplo de relatório de uma pesquisa já
realizada:
LOVATTO, J. (Org.). Relatório final de pesquisa. Porto Alegre: Fundação
Irmão José Otão. Disponível em: <http://www.fijo.org.br/docs/Relatorio_Final_
Avaliacao_Recursos.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2013.

Pensar ou repensar a elaboração do projeto de pesquisa é fundamental para o desenvolvimento das


pesquisas científicas. Nesse item, vamos nos reaproximar dos aspectos que devem compor um projeto
de pesquisa bem elaborado. Esse projeto será importante para orientar a realização do Trabalho de
Conclusão de Curso.

Observação

O projeto de pesquisa é um instrumento que orienta a realização da


pesquisa científica.
15
Unidade I

Minayo (1999) nos diz que é por meio do projeto de pesquisa que se torna possível definir o objeto
de conhecimento científico, bem como as formas que serão utilizadas para investigá‑lo.

Estamos definindo uma cartografia de escolhas para abordar a realidade


(o que pesquisar, como, por quê). Esta etapa de reconstrução da realidade,
entendida aí como a definição de um objeto de conhecimento científico e
as maneiras para investigá‑lo (op. cit., p. 34).

Ou seja, é uma espécie de mapa que deverá guiar o pesquisador na realização de seu trabalho
científico, no nosso caso, no Trabalho de Conclusão de Curso. Esse mapeamento, nos termos de Minayo,
colabora ainda para evitar os possíveis imprevistos na realização da pesquisa científica. Para a autora,
a importância do projeto de pesquisa não se esgota na definição, para o pesquisador, do caminho a
ser seguido na pesquisa. É um instrumento que comunica à comunidade científica os objetivos da
pesquisa. Ou seja, quando o aluno de graduação elabora seu projeto de pesquisa, está dizendo aos
docentes, discentes e demais interessados como pretende realizar sua pesquisa. Nesse sentido, o projeto
de pesquisa pode ser um meio para se obter financiamento de determinados órgãos que custeiam
pesquisas científicas.

Minayo (1999) nos diz que o projeto de pesquisa é influenciado por três dimensões: a técnica, a
ideológica e a científica. Assim, todos os projetos trazem essas dimensões implícitas em seus conteúdos,
mesmo que nem sempre isso apareça nos projetos de forma dividida, setorizada.

A dimensão técnica, segundo a autora, faz acepção a regras conhecidas como científicas e que
devem ser observadas na construção dos projetos. Essas regras devem permitir que se delimite o objeto
da pesquisa e tornar claro como abordar tal objeto. Indicam os instrumentais que serão utilizados
com tal finalidade. Sendo que a técnica sempre diz respeito à montagem de instrumentos, “o projeto
de pesquisa é visto neste sentido como um instrumento da investigação” (MINAYO, 1999, p. 34).

A dimensão ideológica, por sua vez está subjugada às escolhas teóricas que o pesquisador faz. De tal
maneira, é influenciada tanto pelas escolhas teóricas do pesquisador como por seus valores ideológicos.
Essa dimensão comporta assim valores ideológicos e a fundamentação teórica. Nesse sentido, para
a autora, não há neutralidade científica, ou seja, as pesquisas são influenciadas pelas escolhas dos
pesquisadores, por suas opções e não são imunes a essa influência. O projeto de pesquisa é histórico
e socialmente condicionado. É influenciado pelo meio cultural, social e econômico e, portanto, está
relacionado a grupos, instituições, comunidades ou ideologias aos quais o pesquisador estiver vinculado
(MINAYO, 1999).

Já a dimensão científica é a responsável por articular as duas dimensões anteriores. Isso significa
que houve uma junção da técnica que será utilizada no projeto de pesquisa e as teorias e ideologias do
pesquisador. Por isso, para se alcançar a dimensão científica é necessária a superação do senso comum, já
que o domínio das técnicas e da teoria demanda estudo, dedicação e ir além do conhecimento aparente.
É na dimensão científica que se torna possível a reconstrução da realidade, observada a partir de um
processo científico de categorização, e que temos a união da realidade empírica e do conhecimento
teórico. Essa dimensão, segundo Minayo (1999), viabiliza o acesso ao conhecimento.
16
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

Todas essas dimensões são importantes e são inter‑relacionadas e interdependentes. Assim, são
complementares e de forma associada colaboram para a elaboração de um projeto de pesquisa de
qualidade. Veja, na representação a seguir, uma demonstração dessa relação dialética estabelecida entre
as dimensões postas.

Dimensão
ideológica

Dimensão técnica Dimensão científica

Projeto de
pesquisa

Figura 2 – As dimensões do projeto de pesquisa

Além das dimensões, a autora nos diz que um bom projeto de pesquisa deve responder às seguintes
perguntas:

• o que pesquisar? (Definição do problema, hipóteses, base teórica e


conceitual);

• por que pesquisar? (Justificativa da escolha do problema);

• para que pesquisar? (Propósitos do estudo, seus objetivos);

• como pesquisar? (Metodologia);

• quando pesquisar? (Cronograma de execução);

• com que recursos? (Orçamento);

• pesquisado por quem? (Equipe de trabalho, pesquisadores,


coordenadores, orientadores) (MINAYO, 1999, p. 36).

Vamos explicar com riqueza de detalhes o que deve ser posto em cada um desses itens, a começar
pela definição do problema, que deve nos dizer sobre o que pesquisar. A autora nos diz que esse
momento inicial é o mais difícil da pesquisa, sobretudo para alunos de graduação, e que nele é possível
definir o tema da pesquisa ou escolher o problema que a pesquisa pretende responder ou resolver. É o
momento de delimitação do objeto da pesquisa. Gil (1999) diz que toda pesquisa só tem início quando
o pesquisador se depara com algum problema a ser resolvido. O problema é descrito pelo autor como
“qualquer questão não resolvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento
17
Unidade I

(op. cit., p. 49). Como tal, deve ser apreendido por meio de métodos científicos de compreensão da
realidade e demanda observação do fenômeno além da manipulação de variáveis que nos permitam
o conhecimento de nosso problema. Para identificarmos o problema a que queremos responder,
é necessária uma delimitação inicial um pouco mais ampla e posteriormente fazer um recorte mais
específico e concreto sobre o assunto. Temos assim que definir a área geral de interesse e em seguida
delimitar especificamente sob quais aspectos iremos nos ater no projeto de pesquisa em questão.
Nessa delimitação, precisamos orientar nosso enfoque sobre o tema em um formato individualizado e
específico (MINAYO, 1999).

A autora nos apresenta como exemplo um interesse em estudar a violência conjugal, o que é uma
delimitação ampla, geral. Partindo dessa delimitação, define‑se que, dentro das inúmeras possibilidades
de investigação que o tema nos sugere, o nosso interesse será conhecer qual é a representação que as
mulheres agredidas possuem sobre esse fenômeno. Esta é uma delimitação específica que pode resultar
no seguinte objeto de pesquisa: “a representação sobre espancamentos elaborada a partir de mulheres
maltratadas por seus esposos ou companheiros” (op. cit., p. 38).

Exemplo de aplicação

Pensando no seu projeto de pesquisa, delimite o tema geral e o tema específico. Se você já fez essa
delimitação, refaça‑a para verificar se o objeto está ou não bem delimitado.

Essa aproximação ao tema é provisória, posto que poderá ser alterada no decurso da elaboração
do projeto de pesquisa e à medida que o pesquisador vai amadurecendo intelectualmente. Portanto, é
importante na delimitação do problema o conhecimento teórico e um aprofundamento sobre o tema.
É importante também uma descrição com base nas informações obtidas sobre o problema estudado.
Minayo nos diz ainda que, para saber se um problema merece ou não uma pesquisa, precisamos tentar
responder as seguintes perguntas:

a) Trata‑se de um problema original?

b) O problema é relevante?

c) Ainda que seja “interessante”, é adequado para mim?

d) Tenho hoje possibilidades reais para executar tal estudo?

e) Existem recursos financeiros para a investigação deste tema?

f) Terei tempo suficiente para investigar tal questão? (MINAYO, 1999, p. 39).

Respondendo a essas perguntas podemos delimitar nosso tema de pesquisa e assim construir o
projeto de pesquisa. Um problema precisa ser original, ou seja, não há sentido em fazer uma pesquisa de
temas que já foram esgotados e aos quais não há nada mais a acrescentar. Isso nos dirá assim se temos

18
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

um problema relevante ou não. Sendo relevante, é interessante para uma pesquisa e para o pesquisador,
mas deve‑se avaliar se este tem aptidão para realizar esse tipo de pesquisa. Muitas vezes, as pesquisas
são originais e relevantes, mas o pesquisador está em um dado momento de sua vida que o impede
de realizá‑la. Portanto, a escolha do problema também passa pela avaliação das possibilidades que de
o pesquisador realizar a pesquisa. Nesse aspecto, é também importante pontuar se o pesquisador terá
tempo disponível para a realização da pesquisa a que se propõe. Também é importante avaliar se a
pesquisa vai demandar recursos financeiros.

Gil (1999) ainda nos indica que a escolha do problema pode também ser pautada em outras
perguntas, sendo elas: “por que pesquisar? Qual a importância do fenômeno a ser pesquisado?
Que pessoas ou grupos se beneficiarão com seus resultados?” (op. cit., p. 50). De forma que, além
das colocações postas anteriormente por Minayo (1999), também podemos usar essas perguntas
propostas por Gil (1999) para definir se o nosso problema é relevante para motivar a realização
da pesquisa ou não.

Mas Gil nos diz que, para delimitar o nosso problema de pesquisa e assim definir nosso objeto de
estudo, precisamos nos pautar em alguns aspectos, além das perguntas elencadas, dentre os quais:
relevância, oportunidade, comprometimento e modismo. Gil nos diz que a relevância deve ser pautada
em uma ponderação: o tema trará benefícios em termos científicos e em termos práticos? Os termos
científicos são descritos pelo autor como a possibilidade de a pesquisa possibilitar a obtenção de novos
conhecimentos sobre o tema que se pretende estudar. Assim, é necessária a realização de um estudo
bibliográfico sobre o que se deseja pesquisar e então deliberar se a pesquisa proposta vai colaborar
com a produção do conhecimento. Por meio do levantamento da bibliografia relacionada ao tema o
pesquisador está

entrando em contato com as pesquisas já realizadas, verificando quais


os problemas que não foram pesquisados, quais os que não o foram
adequadamente e quais os que vêm recebendo respostas contraditórias (GIL,
1999, p. 51).

De acordo com Gil, a relevância prática está relacionada aos benefícios sociais que poderão ser
alcançados a partir da realização da pesquisa, sendo que tais benefícios podem ser direcionados a
quem propôs a pesquisa. Assim sendo, órgãos estatais ou privados que têm interesse em desnudar uma
determinada realidade podem ser beneficiados com os resultados obtidos pela pesquisa. A relevância
prática também está direcionada aos valores de uma determinada sociedade; de acordo com os valores
sociais assumidos por esta, a pesquisa pode ser considerada relevante ou não. Além disso, a relevância
também está orientada aos valores de quem julga o projeto, que por sua vez está também ancorado
nos princípios que regem a sociedade em determinados momentos históricos. Isso posto, “o que
pode ser relevante para um pode não ser para outro” (1999, p. 51). Para delimitar se uma pesquisa
possui relevância prática, Gil indica algumas questões de referência sendo tais: “qual a relevância do
estudo para determinada sociedade? Quem se beneficiará com a resolução do problema? Quais são as
consequências sociais do estudo?” (1999, p. 51). Respondendo a essas perguntas será possível mensurar
se uma pesquisa é importante ou não.

19
Unidade I

Além da relevância, Gil ainda indica que a delimitação do problema deve se pautar na questão
da oportunidade. Isso significa que muitas vezes escolhemos um tema porque temos condições que
facilitam a realização a pesquisa. Precisamos, então, avaliar se teremos condições de realizar a pesquisa,
ou seja, se teremos oportunidade de realizá‑la ou não. Nesse processo, deve‑se considerar ainda se
haverá financiamento para a pesquisa ou se alguma instituição irá conceder condições materiais e assim
sucessivamente.

Gil também diz que é fundamental que exista o comprometimento do pesquisador com seu estudo,
caso contrário será extremamente difícil delimitar o tema e realizar a pesquisa. E, em relação ao modismo,
o autor nos indica que muitos temas são escolhidos por impulso, por estarem sendo discutidos na
sociedade naquele momento. Para ele, é necessário tomar cuidado com essa postura, evitando assim
a escolha de um problema que não seja tão relevante e com o qual o pesquisador não esteja tão
comprometido como deveria.

A fim de clarificar a elaboração do problema, Gil nos indica algumas regras de orientação:

a) O problema deve ser formulado como uma pergunta. Este


procedimento facilita a identificação do que efetivamente se deseja
pesquisar [...]

b) O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável.


Frequentemente o problema é formulado de maneira tão ampla
que se torna impraticável chegar a uma solução satisfatória.
Nem todos os aspectos do problema podem ser pesquisados
simultaneamente. Torna‑se necessário, portanto, reduzir a tarefa
a um aspecto que possa ser tratado em um único estudo, ou
dividido em subquestões que possam ser tratadas em estudos
separados [...]

c) O problema deve ter clareza. Os termos utilizados devem ser


claros, deixando explicito o significado com que estão sendo
utilizados [...]

d) O problema deve ser preciso. Embora com significado esclarecido, nem


sempre os termos apresentados na formulação do problema deixam
claros os limites de sua aplicabilidade [...]

e) O problema deve apresentar referências empíricas [...] (GIL, 1999, p. 54).

Tendo sido realizada a delimitação do tema, do problema, podemos então passar à elaboração
do projeto. Temos uma série de modelos que podem ser usados como referência à elaboração de
projetos, mas aqui vamos nos respaldar no modelo proposto por Minayo (1999) e por Lakatos e
Marconi (1991).

20
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

Minayo (1999) nos diz que o projeto de pesquisa deve conter os seguintes itens:

a) Delimitação do problema.

b) Objetivos.

c) Justificativa.

d) Base teórica e pressupostos conceituais e hipóteses.

e) Metodologia.

f) Cronograma.

g) Estimativa de custos.

h) Bibliografia.

i) Anexos.

Já para Lakatos e Marconi (1991), o projeto precisa ser composto tomando como base os itens:

a) Apresentação.

b) Objetivo, composto por tema, delimitação do tema, objetivo geral e objetivos específicos.

c) Justificativa.

d) Objeto, composto por problema, hipótese básica, hipóteses secundárias e variáveis;

e) Metodologia.

f) Embasamento teórico.

g) Cronograma.

h) Orçamento.

i) Bibliografia.

Como é possível notar, os modelos apresentados são extremamente parecidos, sendo a maior
diferença a disposição dos itens. O quadro a seguir deixa mais clara essa diferença:

21
Unidade I

Quadro 4 – Modelos propostos para elaboração de projetos de pesquisa

Modelo de Minayo Modelo de Lakatos e Marconi


a) Delimitação do problema; a) Apresentação;

b) Objetivos; b) Objetivo, composto por tema, delimitação do tema,


objetivo geral e objetivos específicos;
c) Justificativa;
c) Justificativa;
d) Base teórica e pressupostos conceituais e hipóteses;
d) Objeto, composto por problema, hipótese básica,
e) Metodologia; hipóteses secundárias e variáveis;
f) Cronograma; e) Metodologia;
g) Estimativa de custos; f) Embasamento teórico;
h) Bibliografia; g) Cronograma;
i) Anexos. h) Orçamento;

i) Bibliografia.

Como os modelos são muito parecidos, vamos optar pelo modelo de Minayo, por ser o mais atual e
ainda por ser o que mais tem sido usado na academia. Vamos assim identificar os tópicos em questão,
excluindo apenas a delimitação do problema, posto que já estudamos esse assunto. Vamos assim detalhar
o que cada item do projeto deve conter, recorrendo tanto a Minayo como a outros teóricos afins.

1.2.1 Objetivos

Para Minayo (1999), o objetivo é o item em que se deve fazer menção ao que pretendemos alcançar
a partir da realização da pesquisa. Dessa maneira, precisamos indicar o “que é pretendido com a pesquisa,
que metas almejamos alcançar ao término da investigação” (op. cit., p. 42). Para a autora, devemos elaborar
objetivos que poderão ser posteriormente alcançados com a nossa pesquisa. Portanto, nosso objetivo precisa
estar essencialmente relacionado ao tema de nosso estudo. Normalmente, é elaborado um objetivo geral
e outros objetivos específicos. No objetivo geral, são tratadas as dimensões mais amplas que a pesquisa
pretende alcançar durante seu desenvolvimento, ao passo que nos objetivos específicos devem ser postas as
particularidades que pretendemos alcançar a partir da realização da pesquisa. Esses objetivos também precisam
estar relacionados. Minayo ainda recomenda que os objetivos sejam iniciados com verbos no infinitivo sendo
esse um padrão comum nos projetos de pesquisa. Para demonstrar a aplicabilidade da elaboração de objetivos,
Minayo indica os seguintes exemplos: “analisar os fatores que desencadeiam ou predispõem a agressão de
maridos contra suas companheiras” ou “conhecer as opiniões das mulheres maltratadas por maridos sobre a
violência por elas sofrida” (1999, p. 42), derivando do problema elencado pela autora.

Já Lakatos e Marconi (1991) nos dizem que o objetivo deve ser o item em que responderemos às
questões: para quê? e para quem? (op. cit., p. 218), e também indicam a necessidade de elaboração de
um objetivo geral e de objetivos específicos. As autoras colocam que o objetivo geral deve ser aquele
em que oferecemos uma visão ampla do que pretendemos alcançar com o tema de nossa pesquisa. Para
a elaboração desse objetivo, é preciso que sejam observados com especial atenção o tema de estudo e

22
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

os fenômenos e os eventos relacionados a ele. O objetivo geral precisa estar relacionado ao significado
da pesquisa proposta no projeto. Os objetivos específicos, por sua vez, devem estar vinculados ao geral
e indicar quais serão os esforços necessários para se alcançar o que foi posto no objetivo geral. Esses
apresentam um caráter concreto, porque são os responsáveis pela implementação da pesquisa. “Têm
função intermediária e instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro,
aplicá‑lo a situações particulares” (op. cit., p. 219).

1.2.2 Justificativa

Minayo (1999) nos diz que a justificativa é o campo em que devemos indicar a relevância da
pesquisa que pretendemos realizar. Em outras palavras, é o campo do projeto em que precisamos
explicar por que tal pesquisa deverá ser empreendida. Segundo a autora, a elaboração da justificativa
pode ter como base as respostas a três perguntas: “quais motivos a justificam? Que contribuições
para a compreensão, intervenção ou solução para o problema trará a realização de tal pesquisa? (op.
cit., p. 42). Na justificativa, é necessário destacar a relevância intelectual e prática que será alcançada
pela pesquisa. Essas informações podem ser extraídas dos dados obtidos na delimitação do problema.
Também é importante indicar a experiência do investigador no processo de elaboração da pesquisa.

Já Lakatos e Marconi (1991) colocam que devemos oferecer respostas ao porquê de se realizar a
pesquisa, o que motivaria sua realização. As autoras ainda nos dizem que a justificativa deve estar
respaldada nos seguintes itens:

o estágio em que se encontra a teoria respeitante ao tema; as contribuições


teóricas que a pesquisa pode trazer:

‑ confirmação geral;

‑ confirmação na sociedade particular em que se insere a pesquisa;

‑ especificação para casos particulares;

‑ clarificação da teoria;

‑ resolução de pontos obscuros etc.;

‑ importância do tema do ponto de vista geral;

‑ importância do tema para os casos particulares em questão;

‑ possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade abarcada


pelo tema proposto;

‑ descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares etc.


(LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 219).
23
Unidade I

Todos esses aspectos precisam ser suficientemente discutidos na elaboração de uma justificativa,
já que, por meio dela, será possível deixar claro quais informações possuímos sobre o tema estudado,
além de discutirmos sobre a importância do tema e a possibilidade que este tem em provocar
mudanças na realidade posta. Apesar de demandar uma exposição geral sobre o tema, segundo
Lakatos e Marconi, na justificativa não é necessária e nem recomendada a utilização de citações
de autores.

A justificativa também deve destacar a importância que o conhecimento a ser produzido poderá ter
junto à realidade. Demanda, segundo Lakatos e Marconi (1991), que o pesquisador possua capacidade
de convencer o leitor em sua argumentação.

Exemplo de aplicação

Avaliando seu projeto de pesquisa, é possível considerar que sua justificativa atende às orientações
postas? Argumente.

1.2.3 Base teórica e pressupostos conceituais e hipóteses

Minayo nos diz que é nesse espaço que devemos delinear as bases que irão oferecer sustentação
para o projeto de pesquisa e para a realização da pesquisa em si. Para a autora, trata‑se de um espaço
no qual o pesquisador precisa fazer uma “definição clara dos pressupostos teóricos, das categorias e
conceitos a serem utilizados” durante a pesquisa (1999, p. 40). É o momento de se estabelecer uma
relação entre a realidade a ser observada e os estudos teóricos já organizados em relação ao tema.
Assim, na justificativa, deve‑se estabelecer “um diálogo entre a teoria e o problema a ser investigado”
(1999, p. 40). Para Minayo, na justificativa é necessária apenas uma exposição simples, que deve ser
sintética, objetiva e especialmente orientada a discutir o tema. Não é apenas uma revisão literária,
mas uma teoria que seja correlacionada ao objeto de pesquisa. Lakatos e Marconi (1991) definem esse
espaço do projeto usando o termo embasamento teórico, sendo este composto pelo que chamam de
teoria de base, revisão bibliográfica e definição de termos. A teoria de base é compreendida pelas
autoras como informações que buscam relacionar a pesquisa a um determinado universo teórico. Essa
teoria deverá oferecer o embasamento necessário à interpretação de dados coletados e fatos que são
observados com a realização da pesquisa e está ancorada na exposição de premissas e pressupostos
teóricos sobre o tema da pesquisa.

A revisão bibliográfica, por sua vez, está relacionada a uma retomada das pesquisas anteriores sobre
o tema, incluindo ainda as informações possíveis por meio de referências bibliográficas ou documentais.
Já a definição de termos faz menção à descrição necessária do significado dos termos que serão
utilizados durante a elaboração do projeto de pesquisa e também durante a realização da pesquisa
(LAKATOS; MARCONI, 1991). Ou seja, trata‑se de um momento em que o pesquisador precisa deixar
claros os ideais teóricos e ideológicos que irão sustentar a sua pesquisa e que permitirão realizar a
análise do objeto estudado. Dessa maneira, será possível estabelecer uma interlocução entre a teoria e
a realidade estudada.

24
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

Exemplo de aplicação

Retomando seu projeto de pesquisa, avalie até que ponto sua justificativa está próxima ao que
apresentamos. Se você ainda não conseguiu elaborar esse item, procure estar alinhando ao que é posto
nessas orientações.

Já em relação às hipóteses, Minayo nos diz que são indagações, questionamentos que devem ser
investigados durante o desenvolvimento da pesquisa. São afirmações provisórias e que retratam o
“olhar do pesquisador e a realidade a ser pesquisada” (1999, p. 40). Podem ser pautadas na observação
empírica, em resultados de outras pesquisas, de outras teorias ou mesmo pela intuição do pesquisador.
Minayo diz ainda que podem ser elaboradas uma ou mais hipóteses. Para a autora, uma hipótese precisa
apresentar as características:

a) Deve ter conceitos claros [...]

b) Deve ser específica. Muitas hipóteses, apesar de claras, são expressas


em termos muito amplos [...]

c) Não deve se basear em valores morais. Algumas hipóteses lançam


adjetivos duvidosos, como “bom”, “mau”, “prejudicial” etc.

d) O último item e o mais importante diz respeito a que toda


hipótese deve ter como base uma teoria que a sustente (MINAYO,
1999, p. 41).

Já Lakatos e Marconi (1991) definem as hipóteses como componentes do objeto de estudo que
devem auxiliar na delimitação deste. As autoras dividem as hipóteses em básicas e secundárias. A básica
é aquela que busca investigar a resposta conferida ao problema da pesquisa. A hipótese básica sinaliza
uma provável resposta ao problema apresentado. Sendo assim, a hipótese básica é provável, suposta e
provisória (op. cit.), podendo ser alterada a partir da realização da pesquisa. Dentre os diversos tipos de
hipóteses, Lakatos e Marconi nos indicam as seguintes:

• as que afirmam, em dada situação, a presença ou ausência de certos


fenômenos;

• as que se referem à natureza ou características de dados fenômenos,


em uma situação específica;

• as que apontam a existência ou não de determinadas relações entre


fenômenos;

• as que prevêem variação concomitante, direta ou inversa, entre certos


fenômenos etc. (1991, p. 220).

25
Unidade I

Ou seja, uma variação de hipóteses básicas. A hipótese básica é a principal e será complementada
pelas secundárias. Estas podem abarcar detalhes daquela ou então discutir aspectos que não foram
tratados.

Já para Gil, a “hipótese é uma suposta resposta ao problema a ser investigado. É uma proposição que
se forma e que será aceita ou rejeitada somente depois de devidamente testada” (1999, p. 56).

Gil ainda nos diz que há três tipos de hipóteses: as casuísticas, as que se referem à frequência dos
acontecimentos e as que estabelecem relações entre as variáveis. As hipóteses casuísticas são aquelas
que são construídas tomando como base o que há de comum em determinados casos, objetos, pessoas
ou fatos específicos. São condicionadas por determinadas características que podem ser comuns. Já as
hipóteses que se referem à frequência dos acontecimentos são respaldadas na observação de pesquisas
descritivas, antecipam que determinadas características ocorrem com maior intensidade em um grupo,
sociedade ou cultura específica. E, por fim, as hipóteses que estabelecem relações entre variáveis são
aquelas em que se observa uma determinada classificação de acordo com determinadas categorias,
relacionando‑as ao objeto de estudo. Gil também indica que as hipóteses podem ser compostas com
base na observação, em pesquisas já realizadas e também em teorias já construídas sobre o objeto de
estudo. As hipóteses também podem ser elaboradas, de acordo com o autor, com base na intuição.

Para o autor, as hipóteses devem apresentar as seguintes características:

a) Deve ser conceitualmente clara. Os conceitos na hipótese,


particularmente os referentes a variáveis, precisam estar claramente
definidos. Deve‑se preferir as definições operacionais, isto e,
aquelas que indicam as operações particulares que possibilitam o
esclarecimento do conceito [...]

b) Deve ser específica. Muitas hipóteses são conceitualmente claras, mas


envolvem conceitos tão amplos que sua operacionalização torna‑se
difícil [...]

c) Deve ter referências empíricas. As hipóteses que envolvem julgamentos


de valor não podem ser adequadamente testadas. Palavras como bom,
mau, deve e deveria, não conduzem à verificação empírica, devendo
ser evitadas na construção de hipóteses [...]

d) Deve ser parcimoniosa. Uma hipótese simples é sempre preferível a


uma mais complexa, desde que tenha o mesmo poder explicativo [...]

e) Deve estar relacionada com as técnicas disponíveis. Nem sempre


uma hipótese teoricamente bem elaborada pode ser testada
empiricamente. É necessário que haja técnicas adequadas para
a coleta de dados exigidos para o seu teste. Por essa razão,
recomenda‑se aos pesquisadores o exame de relatórios de pesquisa

26
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

sobre o assunto a ser investigado, com vistas no conhecimento


das técnicas utilizadas. Quando não forem encontradas técnicas
disponíveis para o teste das hipóteses, o mais conveniente passa
a ser a realização de uma pesquisa sobre as técnicas de pesquisa
necessárias. Ou, então, a reformulação da hipótese com vistas no
seu ajustamento às técnicas disponíveis.

f) Deve estar relacionada com uma teoria. Em muitas pesquisas sociais


este critério não é considerado. Entretanto, as hipóteses elaboradas
sem qualquer vinculação às teorias existentes não possibilitam a
generalização de seus resultados (GIL, 1999, p. 62‑63).

Nota‑se que as definições de Gil são semelhantes às postas por Minayo, mas mais detalhadas,
específicas.

1.2.4 Metodologia

A metodologia indica os métodos e técnicas utilizados para a realização da pesquisa, além das
escolhas que o pesquisador faz para atender, para contemplar o seu problema, alcançando assim os
objetivos a que se propôs. Na metodologia, devem ser descritas informações sobre o espaço em que a
pesquisa será realizada, podendo ser a pesquisa de campo ou bibliográfica, mas também é nesse campo
que o pesquisador deverá sumariar quais serão os instrumentos e as técnicas das quais se valerá para
realizar a análise dos dados. Ou seja, na metodologia não devemos apenas descrever como faremos
a pesquisa, mas também devemos deixar claro sob que bases faremos a análise dos dados que forem
obtidos ou, nas palavras de Minayo:

a metodologia não só contempla a fase de exploração de campo (escolha


do espaço da pesquisa, escolha do grupo de pesquisa, estabelecimento dos
critérios de amostragem e construção de estratégias para a entrada em
campo) como a definição de instrumentos e procedimentos para a análise
dos dados (1999, p. 43).

Essas informações precisam ser detalhadas, mesmo se realizarmos uma pesquisa bibliográfica, ou
seja, precisamos definir o universo de nossa pesquisa, quais serão os trabalhos analisados e o porquê,
definindo assim o grupo escolhido e os critérios de amostragem. Portanto, a metodologia não é restrita
a pesquisas realizadas em campo, ou seja, em pesquisas que envolvem a relação com a realidade. Minayo
(1999), buscando colaborar com o esclarecimento desse conceito, diz que a metodologia é composta por
três aspectos: definição da amostragem, coleta de dados e organização e análise de dados.

A definição da amostragem é uma delimitação que fazemos sobre quais indivíduos ou quais
documentos iremos respaldar a nossa pesquisa. Em pesquisa social não há necessidade de se
atingir números elevados, portanto, definir a amostra não é definir quantidade. É necessário
delimitar quais aspectos ou quais indivíduos têm maior relação com o tema e poderão colaborar
com nossos estudos.
27
Unidade I

A pesquisa qualitativa não se baseia no critério numérico para garantir sua


representatividade. Uma pergunta importante neste item é “quais indivíduos
têm uma vinculação mais significativa para o problema a ser investigado?” A
amostragem boa é aquela que possibilita abranger a totalidade do problema
investigado em suas múltiplas dimensões (MINAYO, 1999, p. 42).

Ou seja, poderá haver pesquisas de campo em que um caso seja representativo ou outras em que
será necessária uma análise maior de casos. Isso vai depender se essa amostra conseguirá contemplar
ou não as indagações feitas em relação ao nosso problema de pesquisa.

A coleta de dados faz menção à acepção das técnicas nas quais nos pautaremos, sendo que podemos
usar entrevistas, observações e outras técnicas afins para a pesquisa de campo ou então a base de
documentos sobre os quais nos respaldaremos para realizar a pesquisa bibliográfica. Ou seja, precisamos
deixar extremamente claro como a pesquisa será operacionalizada. O mais correto é que mesmo
detalhando os mecanismos que serão utilizados para a coleta de dados, estes sejam anexados aos
projetos de pesquisa, sobretudo para aqueles em que a pesquisa acontecerá envolvendo seres humanos
ou então quando essa for uma exigência posta por agências de financiamento de pesquisas. Trata‑se de
casos de entrevistas, formulários ou outros instrumentais que deverão ser previamente elaborados pelo
pesquisador. Sintetizando, na coleta de dados

devemos definir técnicas a serem utilizadas tanto para a pesquisa de


campo (entrevistas, observações, formulários, história de vida) como
para a pesquisa suplementar de dados, caso seja utilizada pesquisa
documental, consulta a anuários, censos. Geralmente se requisita que
seja anexado ao projeto o roteiro dos instrumentos utilizados em campo
(MINAYO, 1999, p. 43).

Engana‑se, portanto, quem acredita que em pesquisa bibliográfica não há a necessidade de delimitação
sistemática, de uma metodologia de pesquisa. Na organização e análise de dados, devemos detalhar as
informações de como os dados obtidos serão dispostos no trabalho e como esses serão analisados. Isso
porque a pesquisa não se esgota no levantamento de dados, mas sim a partir do momento em que se
torna possível realizar a análise dos dados obtidos.

Devemos descrever com clareza como os dados serão organizados e


analisados. Por exemplo, as análises de conteúdo, de discurso, ou análise
dialética são procedimentos possíveis para a análise e interpretação dos
dados e cada uma destas modalidades preconiza um tratamento diferenciado
para a organização e sistematização dos dados (MINAYO, 1999, p. 43‑44).

O instrumental define, ou condiciona, a forma de exposição dos dados. Portanto, a forma de análise
também é condicionada pelos instrumentais utilizados para a realização da pesquisa. Nesse aspecto, a
nosso ver, é fundamental ter embasamento teórico sobre o tema, ou seja, somente com o recorte de
uma teoria específica será possível analisar os dados obtidos, indicando assim que o projeto, para ser de
fato bom, precisa estar totalmente interligado e coerente.
28
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

Outras informações sobre a questão da metodologia nos são concedidas por Lakatos e
Marconi. Para essas autoras, a metodologia é o campo no qual devemos dar resposta às seguintes
questões: “como?, com quem?, onde? quanto?” (1991, p. 221), sendo que essas perguntas podem
ser respondidas se descrevermos nesse item alguns aspectos como: o método de abordagem, o
método de procedimento, as técnicas e a delimitação do universo ou a descrição da população. O
método de abordagem é descrito pelas autoras como a forma que o pesquisador irá usar para se
apropriar do conhecimento produzido, comportando assim as formas de análise das informações
que foram obtidas por meio da realização da pesquisa. Não está restrito à utilização de técnicas, mas
sim à forma de tratar as informações obtidas na pesquisa com base nos instrumentais que foram
usados para sua realização. “Partindo do pressuposto dessa diferença, o método se caracteriza por
uma abordagem mais ampla, em nível de abstração mais elevado, dos fenômenos da natureza e da
sociedade” (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 221).

No Serviço Social, o método que mais tem sido usado é o dialético, pois compreende os fenômenos
como em constante construção, em constante devir no movimento tese, antítese e síntese. Já os métodos
de procedimento fazem menção a etapas que são firmadas para que a pesquisa aconteça. Esses métodos
de procedimento têm o objetivo de explicar de forma genérica fenômenos que não sejam abstratos.
Demandam assim uma atitude concreta para a apreensão dos fenômenos investigados, ou seja, são
procedimentos de ação adotados para a realização da pesquisa.

Observação

Lakatos e Marconi (1991, p. 222) indicam que os principais métodos


de procedimento utilizados nas pesquisas em Ciências Sociais são os
seguintes:

• histórico;

• comparativo;

• monográfico ou estudo de caso;

• estatístico;

• tipológico;

• funcionalista;

• estruturalista.

Ou seja, o pesquisador precisa ter claro se irá se respaldar em um método histórico ou comparativo
e assim sucessivamente. E, tendo essas informações esclarecidas, é necessário que o pesquisador as
descreva em seu projeto de pesquisa.
29
Unidade I

As técnicas, por seu lado, fazem menção a uma série de instrumentais que podem ser utilizados para
a realização da pesquisa científica. Demandam ainda habilidade para o manuseio dos instrumentais por
parte dos pesquisadores e estão relacionadas à instrumentalização da pesquisa.

Consideradas como um conjunto de preceitos ou processos de que se serve


uma ciência, são, também, a habilidade para usar esse preceitos ou normas,
na obtenção de seus propósitos. Correspondem, portanto, à parte prática de
coleta de dados (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 222).

Como técnicas indicadas pelas autoras temos a documentação indireta, relacionada à pesquisa
documental e à bibliográfica, e a documentação direta, que pode ser alcançada por meio da observação,
da entrevista, dos questionários, dos formulários, dentre outros instrumentais.

A delimitação do universo, também descrita pelas autoras com o termo descrição da população,
faz menção aos seres animados e inanimados que possuem características comuns e sobre os quais será
realizada a pesquisa. Quando delimitamos o nosso universo da pesquisa estamos deixando claro em
nosso projeto de pesquisa com quais sujeitos realizaremos a pesquisa.

Conceituando, universo ou população é o conjunto de seres animados ou


inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum
[...]. A delimitação do universo consiste em explicitar que pessoas ou coisas,
fenômenos etc. serão pesquisados, enumerando suas características comuns,
como, por exemplo, sexo, faixa etária, organização a que pertencem,
comunidade onde vivem etc. (op. cit., p. 223).

Sendo essa delimitação algo extremamente necessário para explicar sobre qual público-alvo será a
pesquisa ou sobre quais documentos e assim sucessivamente.

Complementando a questão da delimitação do universo, temos a definição do tipo de amostragem.


Essa delimitação torna‑se necessária apenas “quando a pesquisa não é censitária, isto é, não abrange a
totalidade dos componentes do universo, surgindo a necessidade de investigar apenas uma parte dessa
população” (LAKATOS; MARCONI, 1999, p. 223). Para as autoras, o dificultador da definição da amostra
é, em tese, escolhê‑la. Isso porque a amostra deve ser entendida como uma representação da totalidade.
“O conceito de amostra é ser uma porção ou parcela, convenientemente selecionada do universo
(população); é um subconjunto do universo” (op. cit., p. 223). Sendo que é necessária a delimitação
de todos esses aspectos para que seja possível compor a metodologia em um projeto de pesquisa. Por
meio dessa delimitação, é possível orientar o desenvolvimento da pesquisa e assim levantar os dados
disponíveis para a construção do Trabalho de Conclusão de Curso.

Exemplo de aplicação

Prezado aluno, se você já conseguiu elaborar sua metodologia, compare‑a com as orientações aqui
postas. Se ainda não elaborou, faça‑o à vista desses elementos.

30
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

1.2.5 Cronograma

O cronograma é o item em que é definido o tempo necessário para a realização das atividades postas
pelo projeto. Pode ser representado por tabelas ou gráficos e nele devem constar as atividades que serão
desenvolvidas e em que período. Lakatos e Marconi nos dizem que a elaboração do cronograma deve
responder à pergunta: quando? (1991, p. 226). As autoras colocam que a pesquisa deve ser primeiramente
dividida em partes, que fazem menção às atividades que serão executadas. Após essa divisão em partes
é necessário indicar quanto tempo em média será necessário para o desenvolvimento de cada uma das
atividades propostas. Há a possibilidade de várias atividades serem desenvolvidas ao mesmo tempo, mas
há atividades que só podem ser desenvolvidas se anteriormente forem realizadas outras intervenções.
Por exemplo, é impossível realizar uma análise de dados sem ter realizado a coleta das informações.

A elaboração do cronograma é fundamental para orientar o processo de pesquisa. Veja um exemplo


de cronograma elaborado para facilitar a sua apreensão sobre o assunto:

Quadro 5 – Modelo de cronograma

Atividade 1º. mês 2º. mês 3º. mês 4º. mês 5º. mês 6º. mês
Revisão bibliográfica X X X X X X
Montagem dos instrumentos de coleta de dados X
Pré‑testes dos instrumentos de coleta de dados X
Aplicação dos instrumentos de coleta de dados X
Tabulação dos dados X
Análise dos dados obtidos X

Início da sistematização dos dados analisados X

Como podemos observar, é um item simples, porém fundamental para orientar o desenvolvimento
das atividades vinculadas à pesquisa.

1.2.6 Estimativa de custos

Minayo (1999) nos diz que esse item deve ser preenchido apenas em projetos que buscam
financiamento para suas ações. No entanto, é bom que se ressalte que, em alguns cursos de graduação
e pós‑graduação, é necessário que os projetos, mesmo que não busquem financiamento, tenham esse
item preenchido, já que, segundo essa ótica, não há projetos sem custo.

Minayo também indica que a elaboração dos custos pode ser facilitada se esses forem agrupados em duas
categorias: gastos com pessoal e gastos com material permanente e de consumo. A autora ainda chama a
nossa atenção para o fato de que, antes de elaborar um orçamento para um projeto, deve‑se considerar para
qual instituição este será enviado. Assim, é importante observar que há agências de financiamento que poderão
custear determinados gastos do projeto, mas não outros. Portanto, não adianta elaborar um orçamento e passá‑lo
para a apreciação de uma instituição que não custeia determinadas pessoas ou então gastos específicos.

31
Unidade I

Já Lakatos e Marconi (1991, p. 226) dizem que no orçamento devemos responder à pergunta “com
quanto?”, se pretendemos realizar nossa pesquisa. Ao contrário de Minayo, estas autoras não destacam
que esse item é necessário apenas quando se deseja financiamento, o que nos leva a crer que para eles
o orçamento deve ser elaborado em todos os projetos de pesquisa. Lakatos e Marconi também colocam
que, para uma melhor organização dos custos, há a necessidade de separação dos gastos segundo
os itens afins. Para elas podemos separar os gastos em pessoal e material. Os gastos com pessoal
incluiriam valores destinados da seguinte forma: “do coordenador aos pesquisadores de campo, todos
os elementos devem ter computados os seus ganhos, quer globais, mensais, semanais ou por hora/
atividade, incluindo os programadores de computador” (op. cit., p. 226). Já os gastos com material
poderiam ser subdivididos em:

‑ elementos consumidos no processo de realização da pesquisa, como


papel, canetas, lápis, cartões ou plaquetas de identificação dos
pesquisadores de campo, hora/computador, datilografia, xerox,
encadernação etc.;

‑ elementos permanentes, cuja posse pode retornar à entidade


financiadora, ou seres alugados, como máquinas de escrever,
calculadoras etc. (op. cit., p. 226).

Mas hoje podemos substituir a datilografia pela digitação e a máquina de escrever pelo computador.
Em tese, os elementos de consumo são aqueles utilizados durante o período da pesquisa e que não são
duráveis. Os permanentes são aqueles que possuem uma durabilidade maior.

1.2.7 Bibliografia

As referências bibliográficas, ou bibliografia, são a inserção ao final do texto de todas as obras que foram
usadas na elaboração do projeto de pesquisa. Para a elaboração desse item, precisamos nos orientar pelas
disposições da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ANBT), mais especificamente, a NBR 6023:2002.
Nessas normas, estão todas as indicações sobre como inserir as referências de uma série de trabalhos. Vamos
indicar aqui os mais comuns em projetos de pesquisa e também em trabalhos de conclusão de curso.

Vamos iniciar com a citação de monografias. Segundo a NBR 6023:2002, deve ser feita da seguinte forma:

Exemplo:

GOMES, L. G. F. F. Novela e sociedade no Brasil. Niterói: EdUFF, 1998.

Sendo esses os elementos básicos que as referências devem conter.

Veja como citar monografias completas disponíveis em meio eletrônico:

KOOGAN, André; HOUAISS, Antonio (Ed.). Enciclopédia e dicionário digital 98. Direção geral de
André Koogan Breikmam. São Paulo: Delta: Estadão, 1998. 5 CD‑ROM.
32
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

E monografias digitalizadas disponíveis para acesso on‑line:

ALVES, Castro. Navio negreiro. [S.l.]: Virtual Books, 2000. Disponível em: http://www.terra.com.br/
virtualbooks/freebook/port/Lport2/navionegreiro.htm>. Acesso em: 10 jan. 2002, 16:30:30.

Agora, se você leu um trecho da monografia e não o trabalho todo, precisa fazer a referência da
seguinte forma:

ROMANO, Giovanni. Imagens da juventude na era moderna. In: LEVI, G.; SCHMIDT, J. (Org.). História
dos jovens 2: a época contemporânea. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 7‑16.

O mesmo se aplica quando se usa parte de monografia em meio eletrônico, observando‑se que é
necessário também inserir o site de onde foram extraídas as informações.

A seguir, citações em periódicos, as mais comuns utilizadas para a elaboração de projetos de pesquisa.
Aqui, temos periódicos como um todo e também quando usamos apenas algumas partes e ainda partes
de periódicos inseridos em meio eletrônico.

REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA. Rio de Janeiro: IBGE, 1939‑

VIEIRA, Cássio Leite; LOPES, Marcelo. A queda do cometa. Neo Interativa, Rio de Janeiro, n. 2, inverno
1994. 1 CD‑ROM.

SILVA, M. M. L. Crimes da era digital. Net, Rio de Janeiro, nov. 1998. Seção Ponto de Vista. Disponível
em: <http://www.brazilnet.com.br/contexts/brasilrevistas.htm>. Acesso em: 28 nov. 1998.

Temos também as possibilidades de referência de documentos jurídicos, também comuns em Serviço


Social, como decretos, leis, regimentos e afins.

SÃO PAULO (Estado). Decreto no 42.822, de 20 de janeiro de 1998. Lex: coletânea de legislação e
jurisprudência, São Paulo, v. 62, n. 3, p. 217‑220, 1998.

E documentos oficiais em meio eletrônico:

BRASIL. Lei nº. 9.887, de 7 de dezembro de 1999. Altera a legislação tributária federal. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 8 dez. 1999. Disponível em: <http://www.in.gov.br/
mp_leis/leis_texto.asp?ld=LEI%209887>. Acesso em: 22 dez. 1999.

Livros completos:

ALVES, Roque de Brito. Ciência criminal. Rio de Janeiro: Forense, 1995.

Para livros com mais de três autores usamos a expressão et al.

URANI, A. et al. Constituição de uma matriz de contabilidade social para o Brasil. Brasília, DF: IPEA, 1994.
33
Unidade I

As normas da ABNT apresentam uma série de modelos de referências para serem usados, dependendo
da situação. Como não há como reproduzir todos os formatos contidos no documento, maiores detalhes
podem ser obtidos por meio do acesso ao documento no site elencado.

1.2.8 Anexos

Os anexos são itens que não podem ser inseridos no corpo do texto, mas que são importantes
para complementar as informações oferecidas no projeto de pesquisa. É recomendado que sejam
anexados os instrumentais que serão utilizados na pesquisa. O pesquisador pode anexar também todos
os instrumentais que considerar necessários para a melhor clarificação do que pretende com seu projeto
de pesquisa. Observe como devem ser dispostos os itens do projeto:

Anexos

Bibliografia

Custos
Cronograma

Metodologia

Base teórica,
pressupostos e
hipóteses

Justificativa

Objetivos

Figura 3 – Distribuição dos itens do projeto

1.3 O processo de orientação

A orientação sobre o projeto de pesquisa inicia‑se, no curso de Serviço Social, a partir do 4º semestre,
quando o tema da elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso é posto aos alunos. Inicialmente, é
oferecida uma orientação geral sobre a elaboração ou delimitação do tema. No 5º semestre, a orientação
é voltada para a elaboração do projeto de pesquisa, e no 6º começa uma orientação mais específica que
visa revisar o projeto de pesquisa para que se dê início à elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso.
Nesse momento, já são designados orientadores específicos para acompanhar o desenvolvimento do
trabalho.

No que diz respeito ao curso de Serviço Social, é importante pontuar que essa orientação vem
também sustentada pela Lei que regulamenta a profissão de assistente social e pelo Código de Ética do
assistente social. Segundo a lei, somente assistentes sociais podem realizar essa supervisão. Veja o que
está disposto no artigo 5º da referida legislação:
34
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

Art. 5º Constituem atribuições privativas do Assistente Social:

I – coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos,


pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social;

II – planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade


de Serviço Social;

III – assessoria e consultoria e órgãos da administração pública direta e indireta,


empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social;

IV – realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e


pareceres sobre a matéria de Serviço Social;

V – assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de graduação


como pós‑graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos
próprios e adquiridos em curso de formação regular;

VI – treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço


Social;

VII – dirigir e coordenar unidades de ensino e cursos de Serviço Social, de


graduação e pós‑graduação;

VIII – dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de


pesquisa em Serviço Social;

IX – elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões


julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes
Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço
Social;

X – coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados


sobre assuntos de Serviço Social;

XI – fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal e


regionais;

XII – dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou


privadas;

XIII – ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão


financeira em órgãos e entidades representativas da categoria
profissional.
35
Unidade I

Vê‑se que tanto a orientação quanto a avaliação de bancas são atribuições privativas do assistente
social, conforme posto nos parágrafos I e IX. No nosso caso ainda temos que cuidar para que as pesquisas
observem os princípios dispostos no Código de Ética do Assistente Social.

2 A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Saiba mais

Para conhecer um pouco mais sobre a pesquisa bibliográfica indicamos os


sites:

MORESI, E. V. (Org.). Metodologia da pesquisa. Brasília: UCB, 2003. Disponível


em: <http://www.unisc.br/portal/upload/com_arquivo/metodologia_da_
pesquisa..pdf>.

TRAINA, A. J. M.; TRAINA, C. Como fazer pesquisa bibliográfica. SBC


Horizontes, v. 2. n. 2., ago. 2009. Disponível em: <http://www.univasf.edu.
br/~ricardo.aramos/comoFazerPesquisasBibliograficas.pdf>.

Pode ser que você tenha optado por esse tipo de pesquisa para elaborar o seu projeto e
consequentemente o seu Trabalho de Conclusão de Curso. Vamos estudar as modalidades de pesquisa
bibliográfica que mais têm sido usadas para a composição de trabalhos dessa natureza: o resumo, a
resenha e a elaboração de fichas.

A pesquisa bibliográfica é definida como aquela que

é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituindo


principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os
estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas
desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas (GIL,
1999, p. 65).

Gil ainda chama a nossa atenção para o fato de que muitas pesquisas só são possíveis por meio da
análise bibliográfica, como é o caso dos estudos históricos.

Há também a pesquisa documental, que seria uma variação da pesquisa bibliográfica. Porém,
nesse caso, as fontes para a composição da pesquisa não estão restritas a obras de determinados
autores. A pesquisa documental se respalda em documentos sobre os quais ainda não foi feita uma
análise específica ou em documentos que documentos que podem ser revisados após essa análise. Nos
termos postos, “a pesquisa documental vale‑se de materiais que não receberam ainda um tratamento
analítico, ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa” (op. cit., p. 65). São
descritos como fontes de pesquisas documentais

36
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

documentos de primeira mão, que não receberam qualquer tratamento


analítico, tais como: documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas,
contratos, diários, filmes, fotografias, gravações etc. De outro lado, existem
os documentos de segunda mão, que de alguma forma já foram analisados,
tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas
etc. (op. cit., p. 65).

Mas o ponto é: como sistematizar as informações obtidas por meio da pesquisa bibliográfica?
Há muitas formas, e aqui vamos estudar três delas: o resumo, a resenha e a elaboração de
fichas.

2.1 O resumo e a resenha

Tanto a elaboração do resumo quanto a elaboração da resenha demandam essencialmente muita


leitura e organização por parte do pesquisador. No entanto, são dois elementos diferentes. Enquanto,
no resumo, temos uma sistematização da obra do autor, que deve seguir a mesma orientação da obra
lida, inclusive usando a mesma terminologia e sequência do autor estudado, na resenha não há essa
rigidez. A resenha também precisa recuperar os aspectos da obra lida, porém, nela é necessário emitir
um parecer sobre a obra. A resenha demanda uma maior elaboração, sendo que a obra deve ser antes
lida e resumida. Recomenda‑se que a resenha tenha introdução, desenvolvimento, conclusão e por fim
uma análise crítica.

A realização de resumos e resenhas tende a facilitar em muito a elaboração dos projetos de pesquisa
e também dos trabalhos de conclusão de curso de natureza bibliográfica.

2.2 A elaboração de fichas

As fichas de documentação são alternativas utilizadas para documentar algumas informações


obtidas por meio da realização da pesquisa bibliográfica. Gil (1999) as define como fichas
bibliográficas e fichas de documentação. As fichas bibliográficas são aquelas em que devem ser
anotadas informações sobre as obras estudadas indicando‑se nelas a referência, o sumário e uma
apreciação crítica da obra estudada. As fichas de apontamento, por seu lado, devem trazer as ideias
principais da obra estudada.

Em geral, segundo Gil, as fichas precisam ser compostas por três partes: o cabeçalho,
que deve conter o título e o subtítulo da obra; as referências bibliográficas, indicando a
fonte pesquisada; e o texto, composto pelo sumário e por uma perceptiva crítica da obra
estudada. Nas fichas de apontamento podem ser inseridos trechos da obra e ambas as fichas
precisam ser armazenadas preferencialmente no computador. Esse tipo de organização facilita
a elaboração do trabalho bibliográfico. A seguir, temos exemplos de fichas, sendo o primeiro
uma ficha bibliográfica e o segundo uma ficha documental. Cada ficha deve possuir 7,5 cm de
comprimento e 12,5 cm de largura.

37
Unidade I

Quadro 6

IANNI, Octavio. Teoria da globalização. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.

Sumário

1. Metáforas da globalização. 2. As economias‑mundo. 3. A internacionalização do capital.


4. A interdependência das nações. 5. A ocidentalização do mundo. 6. A Aldeia global. 7. A
racionalização do mundo. 8. A dialética da globalização. 9. Modernidade‑mundo. 10. Sociologia
da globalização.

Apoiado em extensa bibliografia sociológica, econômica e política, o autor procede a uma


análise crítica da globalização. Concluir que no limiar do século XXI as ciências sociais se
defrontaram com um desafio epistemológico novo, pois, pela primeira vez, são desafiadas a
pensar o mundo como uma sociedade global.

Fonte: GIL (1999, p. 87).

Quadro 7

CULTURA ORGANIZACIONAL

MOTTA, Fernando C. Prestes. Cultura e organização no Brasil. In: MOTTA, Fernando C. Prestes,
CALDAS, Miguel P. (Orgs.) Cultura organizacional e cultura brasileira. São Paulo: Atlas, 1997.

“As organizações brasileiras geralmente apresentam uma distância de poder tão grande que
aprecem lembrar a distribuição de renda nacional e passado escravocrata. A forma como
trabalhadores e executivos são tratados parece, de um lado, basear‑se em controles do tipo
masculino, o uso da autoridade e, de outro, em controles de tipo feminino, o uso da sedução!”

“O jeitinho brasileiro é uma prática cordial que implica personalizar relações por meio da
descoberta de um time de futebol comum ou de uma cidade natal comum, ou ainda de um
interesse comum qualquer. É diferente da arrogância em apelar para um status mais alto de um
parente ou de um conhecido importante. Porém, as duas coisas são frequentes em nosso país e,
por vezes, aprecem habilmente combinadas” (p. 34).

Fonte: GIL (1999, p. 87).

38
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

3 A PESQUISA DE CAMPO

Saiba mais

Recomendamos a você a vista ao site a seguir onde teremos informações


sobre a pesquisa de campo:
<http://www.anpocs.org/portal/>. Acesso em: 28 jul. 2013.
Leia também:
CHIZZOTTI, A. A pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais:
evolução e desafios. Revista Portuguesa de Educação, v. 16. n. 2. Braga:
Universidades do Minho, 2003. Disponível em: <http://www.unisc.br/portal/
upload/com_arquivo/1350495029.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2013.
Sendo que o site da ANPOCS é um espaço destinado à discussão sobre
pesquisas de campo e há nele uma série de relatos sobre tais pesquisas. Por
isso, seria extremamente interessante que você o visitasse para ampliar os
seus conhecimentos.

Minayo (1999) nos diz que, após definidos o nosso objeto de estudo e o problema a ser
investigado, também devemos delimitar como realizaremos nossa pesquisa, sendo que, para a
autora, em Ciências Sociais, é mais comum a realização da pesquisa de campo. Dessa forma, a
pesquisa de campo é descrita pela autora como sendo formas de investigar esse objeto (op. cit.),
sendo esse o objeto que já foi delimitado pelo projeto de pesquisa. A pesquisa de campo seria
o melhor mecanismo para se alcançar os objetivos propostos pelos projetos de pesquisa. Isso
porque somente por meio dessa modalidade se torna possível o estabelecimento de uma relação
entre o pesquisador e o campo, os sujeitos vinculados ao campo e aos fenômenos a ele correlatos.
“Em nossa percepção, a relação do pesquisador com os sujeitos a serem estudados é de extrema
importância. Isso não significa que as diferentes formas de investigação não sejam fundamentais
e necessárias” (MINAYO, 1999, p. 52).

A autora diz que a pesquisa de campo é uma possibilidade de nos aproximarmos da realidade que
desejamos investigar, sendo constituído como um meio de produzir conhecimento sobre determinada
realidade. Trata‑se de um rico diálogo com a realidade (op. cit.), facilitando assim a produção de
conhecimento sobre a realidade pesquisada. Minayo destaca ainda que o campo é o espaço em que
temos a manifestação da intersubjetividade das pessoas envolvidas com a pesquisa e ainda torna possível
a interação entre o pesquisador e o objeto de estudo, ou seja, apesar de não descartar a importância
da pesquisa bibliográfica, é latente a “preferência” da pesquisadora por essa modalidade de pesquisa.
Mas, para essa aproximação à realidade do campo, é fundamental que já se tenha realizado um recorte
específico sobre a área de realização da pesquisa, delimitado no item Metodologia do Projeto de Pesquisa.
Cabe então enfatizar o recorte que o pesquisador faz em termos de espaço (op. cit.), é fundamental para
delimitar e conduzir sua pesquisa de campo.

39
Unidade I

Lembrete

Para definir o recorte da pesquisa é necessário detalhá‑lo na Metodologia


do Projeto de Pesquisa.

Dada a relevância desse tipo de pesquisa, Minayo (1999) tece uma série de orientações sobre sua
realização, fazendo inclusive algumas indicações que precisam ser observadas.

A primeira delas é com relação à necessidade de uma aproximação cuidadosa por parte do pesquisador
à área onde a pesquisa será realizada, ou com as pessoas com as quais esta acontecerá. Orienta ainda
que essa aproximação deve acontecer de forma lenta, gradual e pautada no respeito com o campo de
pesquisa. Para essa aproximação, seria também necessário apresentar a proposta da pesquisa ao campo
onde ela irá acontecer. É preciso, sobretudo, deixar claro para os sujeitos da pesquisa quais seriam seus
objetivos e que eles não são obrigados a participar.

Os grupos devem ser esclarecidos sobre aquilo que pretendemos investigar e as


possíveis repercussões favoráveis advindas do processo investigativo. É preciso
termos em mente que a busca das informações que pretendemos obter está
inserida num jogo cooperativo, onde cada momento é uma conquista baseada
no diálogo e que foge à obrigatoriedade (MINAYO, 1999, p. 55).

Isso estaria condicionado pela postura que o pesquisador assume durante a pesquisa de campo.
Ou seja, cabe a ele deixar claro ao campo da pesquisa como ela irá se desenvolver e os objetivos que
fundamentam sua realização. Ainda em relação à postura do pesquisador, Minayo (1999) indica que
nunca devemos realizar uma pesquisa já pressupondo o resultado a ser alcançado. Iniciar uma pesquisa
com conceitos preestabelecidos pode resultar em posições de superioridade, arriscando‑se inferiorizar
os demais segmentos envolvidos na pesquisa. “Esse comportamento pode dificultar o diálogo como os
elementos envolvidos no estudo na medida em que permite posicionamentos de superioridade e de
inferioridade frente ao saber que se busca entender” (op. cit., p. 56). Portanto, a conclusão da autora é
que, na realização da pesquisa de campo, é necessário um cuidado especial. A abordagem de campo exige
uma programação bem definida, bem delimitada para que seja possível se extrair todas as informações
possíveis por meio da realização da pesquisa.

Lakatos e Marconi (1991) também fazem uma série de indicações a respeito da pesquisa de campo.
Para as autoras, a pesquisa de campo acontece sempre que a produção de conhecimento precisa se
respaldar em dados colhidos no local onde os fatos pesquisados se manifestam. Ou seja, descrevem a
pesquisa de campo como

aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos


acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma
hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda descobrir novos fenômenos ou
as relações entre eles. (op. cit., p. 186).

40
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

Assim, a pesquisa de campo demanda a observação de fatos que estejam relacionados ao problema
de estudo, mas demanda também a coleta de dados no campo e o registro dos dados obtidos. No
entanto, o fato de realizar a pesquisa de campo não desabona a realização de uma pesquisa bibliográfica,
aliás, recomenda‑se que a pesquisa de campo seja precedida pela realização da pesquisa bibliográfica
sobre o tema estudado. As autoras indicam ainda que nessa entrada no campo de pesquisa é necessário
que o pesquisador já tenha clareza a respeito das técnicas que serão utilizadas para a coleta de dados,
assim como a definição da amostra e as formas que serão utilizadas para registrar todas as informações
colhidas.

Mas Lakatos e Marconi (1991) entendem que há três tipos de pesquisa de campo, os quais são
denominados: qualitativo‑descritivos, exploratórios e experimentais.

A pesquisa de campo de estudos qualitativo‑descritivos é aquela em que a finalidade é “o


delineamento ou análise das características de fatos ou fenômenos, a avaliação de programas, ou o
isolamento de variáveis principais ou chave” (op. cit., p. 187). Essas pesquisas usam de entrevistas,
questionários e formulários para serem realizadas. São subdividias em quatro possibilidades: estudos
de verificação de hipótese, estudos de avaliação do programa, estudos de descrição da população e
estudos de relação de variáveis. Essas subdivisões objetivam, respectivamente, a realização da checagem
de hipóteses previamente elaboradas, a avaliação de programas e serviços constituídos, a descrição de
determinadas peculiaridades de uma população específica e a avaliação de aspectos ou situações de
questões específicas.

A pesquisa de campo de estudos exploratórios por seu lado busca realizar

investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões


ou de um problema, com tripa finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar
a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para
a realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar
conceitos (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 188).

Os estudos exploratórios são subdivididos em três outros grupos: estudos exploratório‑descritivos


combinados, estudos usando procedimentos específicos para a coleta de dados e estudos de
manipulação experimental. Os estudos exploratório‑descritivos buscam descrever um dado
fenômeno em sua totalidade, os estudos usando procedimentos específicos são os que usam
apenas um procedimento para a coleta de dados e os estudos de manipulação experimental
são os que estão vinculados a práticas de pesquisa em que se busca manipular uma variável
independente estudando‑a em seu ambiente natural.

Por fim, os estudos experimentais “consistem em investigações de pesquisa empírica cujo


objetivo principal é o teste de hipóteses que dizem respeito à relação de tipo causa‑efeito” (op.
cit., p. 189).

41
Unidade I

Quadro 8 – Tipos de pesquisa de campo

Tipos de pesquisa Subdivisões


Estudos de verificação de hipótese; estudos de avaliação
Estudos qualitativo‑descritivos do programa; estudos de descrição da população e
estudos de relações de variáveis
Exploratório‑descritivos combinados, procedimentos
Estudos exploratórios específicos para a coleta de dados e manipulação
experimental
Estudos experimentais não possui subdivisão

Antes de passar à discussão dos principais instrumentais de coleta de dados que são usados para a
realização da pesquisa de campo, vamos observar o exemplo a seguir de uma pesquisa de campo sobre
a violência doméstica.

Mulheres acham que violência doméstica cresceu. E a proteção legal também

Pesquisa nacional do DataSenado, concluída no final de fevereiro, revela que 66% das
mulheres acham que aumentou a violência doméstica e familiar contra o gênero feminino,
ao mesmo tempo em que a maioria (60%) entende que a proteção está melhor, após a
criação da Lei Maria da Penha.

O levantamento sobre violência doméstica contra a mulher já tem tradição no programa


de trabalho do DataSenado, que fez a primeira pesquisa sobre o tema em 2005. A cada
dois anos o estudo se repete. Em sua quarta versão, os resultados de 2011 indicam que o
conhecimento sobre a Lei Maria da Penha cresceu nos dois últimos anos: 98% disseram já
ter ouvido falar na lei, contra 83% em 2009. Foram feitas 1.352 entrevistas, apenas com
mulheres, em 119 municípios, incluídas todas as Capitais e o DF.

Medo e rigor da lei seguram denúncias

Para as mulheres entrevistadas, conhecer a lei não faz com que as vítimas de agressão
denunciem o fato às autoridades. O medo continua sendo a razão principal para evitar a
exposição dos agressores, com 68% das respostas. Para 64% das mulheres ouvidas pelo
DataSenado, o fato da vítima não poder mais retirar a queixa na delegacia faz com que a
maioria das mulheres deixe de denunciar o agressor.

Do total de entrevistadas, 57% declararam conhecer mulheres que já sofreram algum


tipo de violência doméstica. A que mais se destaca é a violência física, citada por 78% das
pessoas ouvidas pela pesquisa. Em segundo lugar aparece a violência moral, com 28%,
praticamente empatada com a violência psicológica (27%).

Álcool e ciúmes são as causas principais

Entre as mulheres que afirmaram já ter sofrido algum tipo de violência e que citaram,
espontaneamente, o motivo da agressão, os mais citados foram o uso de álcool e ciúmes, ambos
42
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

com 27% cada. Os principais responsáveis pelas agressões, segundo as vítimas, foram os maridos
ou companheiros (66% dos casos). Quase a totalidade das entrevistadas, 96%, entende que a Lei
Maria da Penha deve valer também para ex‑namorado, ex‑marido ou ex‑companheiro.

A maioria das mulheres agredidas, 67%, afirma não conviver mais com o agressor. Mas
uma parte significativa, 32%, ainda convive. E destas, segundo a pesquisa, 18% continuam
a sofrer agressões. Dentre aquelas que disseram ainda viver com o agressor e ainda serem
vítimas de violência doméstica, 40% afirmaram ser agredidas raramente, mas 20% revelaram
sofrer ataques diários.

O levantamento, finalmente, buscou saber o que pensam as mulheres sobre a nova


interpretação da Lei Maria da Penha, estabelecida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ),
em dezembro último. A corte entendeu que a lei é compatível com a dos Juizados Especiais,
permitindo a suspensão da pena nos casos em que a condenação for inferior a um ano.
Quando isto ocorrer, o juiz pode trocar a pena de prisão por uma pena alternativa ou, ainda,
suspender o processo. A pesquisa apurou que a maioria das entrevistadas ficou insatisfeita.
Para 79%, a decisão enfraquece a lei.

Aumenta informação da mulher e disposição para denunciar violência

O nível de conhecimento das mulheres sobre a Lei Maria da Penha cresceu 15% nos
dois últimos anos e alcançou 98%. O levantamento também constatou que a esmagadora
maioria das entrevistadas (81%) não pensaria duas vezes para denunciar um ato de
agressão cometido contra uma mulher. Desse montante, 63% ainda procurariam uma
delegacia de polícia comum, enquanto 24% dariam preferência à delegacia da mulher.
Quem usou os serviços da delegacia especializada gostou do atendimento (54% acharam
ótimo/bom; 24% regular).

Embora seja muito alto o nível de conhecimento da lei (98%), 63% das mulheres ouvidas
consideram que apenas uma minoria denuncia as agressões às autoridades e 41% acha que
a mulher não é tratada com respeito no país. O percentual de mulheres que declararam já ter
sido vítimas de algum tipo de violência permaneceu igual ao número obtido em 2009: a cada 5
mulheres pesquisadas, uma declara já ter sofrido algum tipo de violência doméstica e familiar.

Quase um terço ainda sofre calada

A pesquisa também procurou avaliar o limite da mulher agredida. As entrevistadas que


disseram já ter sofrido algum tipo de violência, foram questionadas: após quantas agressões
elas procuraram ajuda? Os resultados: 36% disseram ter procurado ajuda na primeira
agressão, mas 29% confessaram não ter procurado qualquer ajuda; 24% pediram ajuda
após a terceira agressão, 5% na segunda e 5% preferiram não responder.

Quando questionadas sobre o que fizeram após a última agressão, nada menos que 23%
das mulheres ouvidas disseram não ter feito nada. As razões para essa atitude, segundo
43
Unidade I

elas: 31% decidiram não fazer nada preocupadas com a criação dos filhos, 20% por medo
de vingança do agressor, 12% por vergonha da violência sofrida, 12% por achar que seria
a última vez, 5% por dependência financeira, 3% por acharem que não haveria punição e
17% citaram outros motivos.

Fonte: BRASIL. Senado Federal. Mulheres acham que violência doméstica cresceu. E a
proteção legal também. Brasília, 3 set. 2011. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/
noticias/dataSenado/release_pesquisa.asp?p=32>. Acesso em: 29 jul. 2013.

Exemplo de aplicação

Observando a pesquisa avalie sua importância para provocar mudanças na realidade. Argumente.

Em relação aos instrumentais de pesquisa de campo, temos que destacar que há uma variedade de
indicações que depende em grande parte dos autores, então, indicaremos a grande maioria delas com
base na bibliográfica usada. Dentre os instrumentais utilizados, vamos indicar a entrevista, a discussão
de grupo, a história de vida, a observação, o questionário e o formulário.

3.1 Entrevista

Minayo (1999) aponta que a entrevista é uma das técnicas mais utilizadas nas pesquisas em Ciências
Humanas atualmente. Para a autora, “através dela, o pesquisador busca obter informes contidos na
fala dos atores sociais” (op. cit., p. 59), visto que são informações não disponíveis em outras fontes. É
interessante ainda observarmos a definição de Gil (1999) em relação à entrevista.

Pode‑se definir entrevista como a técnica em que o investigador se


apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de
obtenção dos dados que interessam à investigação. A entrevista é, portanto,
uma forma de interação social. Mais especificamente, é uma forma de
diálogo assimétrico, eu que uma das partes busca coletar dados e a outra se
apresenta como fonte de informação. (op. cit., p. 11).

Para Gil (1999), a técnica da entrevista seria um mecanismo importante ao passo que nos permite a
identificação de informações sob a perspectiva das pessoas diretamente envolvidas com os fenômenos
investigados. Portanto, trata‑se de uma “técnica por excelência na investigação social” (op. cit., p. 117).

Minayo (1999), embasando as colocações de Gil, nos diz que a entrevista não é um conversa
despretensiosa e sem objetivo, mas sim um diálogo a dois, com propósitos muito bem definidos, ao
menos da parte do entrevistador. Cervo e Bervian (1996) também reforçam essa ideia, argumentando
que a entrevista não pode ser compreendida como uma simples conversa e sim com uma técnica que
tem como objetivo “recolher, através do interrogatório do informante, dados para a pesquisa” (op. cit.,
p. 136). Para Minayo, a entrevista pode ser individual ou coletiva.

44
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

Por isso, para se desenvolver essa técnica é fundamental o domínio da linguagem e da fala. Somente
se bem executada, a entrevista “serve como um meio de coleta de informações, sobre um determinado
tema científico” (MINAYO, 1999, p. 57), ou seja, não é uma simples conversa e sim um mecanismo que,
sendo bem utilizado, colabora com a produção de conhecimento científico, no desenvolvimento do
projeto de pesquisa.

No sentido posto, para se elaborar uma boa entrevista, é necessário que sejam estabelecidos alguns
critérios, dentre os quais:

1) O entrevistador deve planejar a entrevista, delineando cuidadosamente


o objetivo a ser alcançado.

2) Obter, sempre que possível, algum conhecimento prévio acerca do


entrevistado.

3) Marcar com antecedência o local e o horário para a entrevista.


Qualquer transtorno poderá comprometer os resultados da
pesquisa.

4) Criar condições, isto é, uma situação discreta para a entrevista,


pois será mais fácil obter informações espontâneas e confidenciais
de uma pessoa isolada do que de uma pessoa acompanhada ou
em grupo.

5) Escolher o entrevistado de acordo com a sua familiaridade ou


autoridade em relação ao assunto escolhido (CERVO; BERVIAN,
1999, p. 136).

Deve ser uma intervenção com preparo e planejamento. Mas, além desses critérios, os autores ainda
indicam a necessidade de o entrevistador manter a confiança durante a realização da abordagem, além
de evitar ser inoportuno durante a aplicação dessa técnica. Outra recomendação dos autores é que o
pesquisador faça um exercício de ouvir mais do que falar, o que demanda então tempo e atenção.

Cervo e Bervian (1999) ainda indicam que o entrevistador precisa observar alguns outros aspectos:
inserir primeiro as perguntas em que não haverá dificuldade por parte do entrevistado em responder;
realizar o controle, mesmo que sutil, da entrevista; e registrar todas as informações obtidas. Por meio
da entrevista, se bem elaborada, torna‑se possível identificarmos dados objetivos e subjetivos sobre o
fenômeno estudado.

Os primeiros podem ser também obtidos a partir de fontes secundárias, tais


como censos, estatísticas e outras formas de registros. Em contrapartida, o
segundo tipo de dados se relaciona aos valores, às atitudes e às opiniões dos
sujeitos entrevistados. (op. cit., p. 57‑58).

45
Unidade I

Complementando a definição de Minayo (1999), Cervo e Bervian nos dizem que a entrevista tem
o potencial de captar informações que não estão postas em documentos e podem ser oferecidas
pelas pessoas. Ou seja, os seres humanos, muitas vezes detêm informações que não foram ainda
sistematizadas. Podemos dizer, então, que a entrevista, enquanto técnica de pesquisa social, possui
muitas vantagens.

a) a entrevista possibilita a obtenção de dados referentes aos mais


diversos aspectos da vida social;

b) a entrevista é uma técnica muito eficiente para a obtenção de dados


em profundidade acerca do comportamento humano;

c) os dados obtidos são suscetíveis de classificação e de quantificação.


(GIL, 1999, p. 118).

Gil (1999), apesar de defendê‑la como uma das principais técnicas para a produção de conhecimento,
também identifica algumas deficiências, descrevendo‑as como limitações:

a) a falta de motivação do entrevistado para responder as perguntas que


lhe são feitas;

b) a inadequada compreensão do significado das perguntas;

c) o fornecimento de respostas falsas, determinadas por razões


conscientes ou inconscientes;

d) inabilidade ou mesmo incapacidade do entrevistado para responder


adequadamente, em decorrência de insuficiência vocabular ou de
problemas psicológicos;

e) a influência exercida pelo aspecto pessoal do entrevistador sobre o


entrevistado;

f) a influência das opiniões pessoais do entrevistador sobre as respostas


do entrevistado;

g) os custos com o treinamento de pessoal e a aplicação das entrevistas.


(op. cit., p. 118‑119).

Portanto, é importante que você observe essas indicações sobre a entrevista, mensurando os prós e
os contras na utilização dessa técnica.

Minayo (1999) indica a existência de três tipos de entrevista: a estruturada, a não estruturada ou aberta e a
semiestruturada. Segundo a autora, a entrevista estruturada seria aquela em que as perguntas são previamente
elaboradas. Já a não estruturada ou aberta é aquelas em que o pesquisador aborda livremente os temas tratados
sem elaboração prévia das questões. E, por fim, a semiestruturada é aquela em que há a junção dessas duas
modalidades de entrevista, ou seja, é previamente elaborada, mas sem uma rigidez muito grande.
46
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

Gil (1999) descreve diferentes níveis em que as entrevistas podem ser divididas: informal, focalizada, por
pautas e estruturada. A entrevista informal é aquela menos estruturada possível e tem como objetivo básico a
coleta de dados para compor assim uma “visão geral do problema pesquisado” (op. cit., p. 119). Já a entrevista
focalizada é uma modalidade em que a técnica é usada de forma livre, mas com um enfoque em um aspecto
específico. A entrevista por pautas é aquela organizada de acordo com pontos de interesse para a pesquisa,
ou seja, o entrevistador solicita ao pesquisado que discorra sobre pautas específicas. A entrevista estruturada
é aquela em que há uma “relação fixa de perguntas, cuja ordem e redação permanece invariável para todos os
entrevistados e que geralmente são em grande número” (op. cit., p. 121), sendo, portanto, nos termos do autor,
a modalidade de entrevista mais adequada para a realização de levantamentos sociais. A entrevista estruturada
demanda a elaboração de perguntas previamente fixadas e possui baixos custos, podendo ser realizada por meio
de questionário ou formulário. Gil chega a propor orientações para a elaboração de um roteiro de entrevista:

a) As instruções para o entrevistador devem ser elaboradas com clareza [...]

b) As questões devem ser elaboradas de forma a possibilitar que sua


leitura pelo entrevistador e entendimento pelo entrevistado ocorrem
sem maiores dificuldades [...]

c) Questões potencialmente ameaçadoras devem ser elaboradas de forma


a permitir que o entrevistado responda sem constrangimentos [...]

d) Questões abertas devem ser evitadas [...]

e) As questões devem ser ordenadas de maneira a favorecer o rápido


engajamento do respondente na entrevista, bem como a manutenção
do seu interesse. (1999, p. 123).

É extremamente conveniente observar essas orientações antes de elaborar a entrevista. Mas,


além de tais recomendações, Gil ainda nos indica a necessidade de estabelecer um contato inicial
com o espaço da pesquisa ou com os sujeitos a serem pesquisados. E ainda assevera a necessidade
de elaboração prévia das perguntas a serem realizadas além de se estimular durante a prática da
entrevista os pesquisados a responderem a todas as pesquisas. É importante ainda registrar todas as
informações obtidas.

Para você que indicou em seu projeto de pesquisa a realização de entrevista, recomendamos que
observe com especial atenção as indicações contidas nesse campo e que busque realizar a entrevista da
forma mais próxima possível ao que foi aqui descrito.

3.2 Discussão de grupo

A discussão de grupo, para Minayo (1999), é uma modalidade de entrevista, porém, nesse caso,
acontece por meio de uma ou mais sessões. Nelas, é comum a abordagem em grupos de 6 a 12 pessoas,
com um animador para controlar esse processo de discussão. “O papel desse animador não se restringe
meramente ao aspecto técnico. A relevância de sua atuação está na capacidade de interação com o
grupo e de coordenação da discussão” (MINAYO, 1999, 58).

47
Unidade I

A discussão de grupo, segundo a autora, “visa complementar as entrevistas individuais e a observação


participante” (op. cit., p. 58). Sendo complementar a técnicas já utilizadas no processo da pesquisa, deve
ser organizada apenas junto a participantes que estejam com ela relacionadas.

3.3 História de vida

A história de vida é também descrita por Minayo (1999) como uma alternativa de pesquisa
complementar a entrevista e a observação. É descrita pela autora como uma técnica em que o
pesquisador precisa “retratar as experiências vivenciadas, bem como definições fornecidas por pessoas,
grupos, organizações” (op. cit., p. 58).

Segundo Minayo, pode assumir duas modalidades: completa e tópica. Na história de vida completa, é
realizada uma recuperação de todo o conjunto da experiência de vida relacionado ao tema da pesquisa.
Já a história de vida tópica é aquela em que a pesquisa se focaliza em uma determinada etapa ou setor
que tenha mais relação com a pesquisa realizada.

3.4 Observação

Além da entrevista, podemos dizer que a observação é também uma das técnicas mais utilizadas
em pesquisa de campo. Provavelmente devido a isso, teremos muitas informações, partindo de
diversos teóricos que se debruçaram para estudar e teorizar sobre essa técnica. Assim, Minayo (1999)
descreve a observação com o termo “observação participante”. Nessa modalidade de pesquisa de
campo, temos o contato direto do pesquisador com o fenômeno estudado, muitas vezes enquanto o
fenômeno está acontecendo. No contexto desse tipo de pesquisa, o pesquisador assume o papel de
observador, sendo que ele, como “parte do contexto de observação, estabelece uma relação face a
face com os observados. Nesse processo, ele, ao mesmo tempo, pode modificar e ser modificado pelo
contexto” (op. cit., p. 59).

Por meio da observação é possível que o pesquisador identifique outros fatos não percebidos por
meio da entrevista. Note‑se que, para Minayo, a observação pode complementar a pesquisa realizada
com base em outros instrumentais afins. Dessa forma, é possível que o pesquisador tenha participação
plena nos eventos relacionados à pesquisa, ou seja, pode contemplar muitos outros aspectos que são
importantes para a delimitação do tema estudado. Mas essa participação plena merece cuidado porque
corremos o risco de achar que sabemos tudo sobre o assunto, o que pode prejudicar a pesquisa.

Sobre a observação participante, Minayo ainda recomenda que o pesquisador precisa deixar
extremamente claro para os sujeitos entrevistados o formato em que a pesquisa irá acontecer. Essa
observação pode inclusive acontecer diariamente, desde que seja assim acordado entre o pesquisador
e os envolvidos com a pesquisa.

Gil (1999) diz que a observação é uma técnica importantíssima, imprescindível para a coleta de
dados em projetos de pesquisa que assumam a pesquisa de campo como modalidade de produção do
conhecimento científico. Por meio da observação, segundo o autor torna‑se possível identificar os fatos
que estão relacionados ao objeto estudado. Esses fatos seriam percebidos diretamente e sem interferência
48
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

de outros fenômenos já que, nessa modalidade de pesquisa, o observador tem contato direto com os
fatos relacionados à pesquisa. O autor entende que a presença do pesquisador no campo de pesquisa
pode influenciar determinados fenômenos ou comportamentos que estão sendo pesquisados, mas, em
tese, nesse tipo de pesquisa, não temos a influência de aspectos externos ao fenômeno estudado.

Para a utilização da observação em uma pesquisa, precisamos considerar se: “a) serve a um objetivo
formulado de pesquisa; b) é sistematicamente planejada; c) é submetida a verificação e controles de
validade e precisão” (GIL, 1999, p. 110). Assim, não podemos realizar a observação simplesmente por
realizar e temos que considerar se a mesma irá auxiliar na compreensão do tema estudado. Precisamos
ainda avaliar a necessidade de planejamento prévio da observação, e também se mostra necessário
checar se os objetivos postos pela observação foram ou não alcançados.
Gil também nos diz que a observação pode assumir as seguintes formas: simples, participante e
sistemática.

A observação simples é também denominada pelo autor como observação reportagem. Nessa
modalidade, o pesquisador permanece alheio ao grupo ou fenômeno observado. É uma observação
espontânea e que exige um mínimo de controle por parte do pesquisador para a obtenção dos dados.
Como tal, demanda a realização da análise dos dados. Gil indica as principais vantagens e desvantagens
dessa forma de observação. Como vantagens, aponta que:

a) Possibilita a obtenção de elementos para a definição de problemas de


pesquisa.

b) Favorece a construção de hipóteses acerca do problema pesquisado.

c) Facilita a obtenção de dados sem produzir querelas ou suspeitas nos


membros da comunidade, grupos ou instituições que estão sendo
estudadas (1999, p. 111).

Já as desvantagens apresentadas pelo autor são as seguintes:

a) É canalizada pelos gostos e afeições do pesquisador. Muitas vezes


sua atenção é desviada para o lado pitoresco, exótico ou raro do
fenômeno.

b) O registro das observações depende, frequentemente, da memória do


investigador.

c) Dá ampla margem à interpretação subjetiva ou parcial do fenômeno


estudado (op. cit., p. 112).

O autor diz que esse tipo de observação é indicado para fatos públicos, porém, como não exige
uma estrutura rígida, não é adequado para checar hipóteses de pesquisa. Deve‑se ainda considerar
quais sujeitos farão parte da pesquisa, qual será o cenário de realização da observação, como é o
49
Unidade I

comportamento estabelecido entre as pessoas observadas, sendo que todos os aspectos em questão
precisam ser registrados.

A observação participante, de acordo com Gil, se constitui como aquela em que há “participação
real do conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma situação determinada”, sendo que
o observador assume o “papel de um membro do grupo” (op. cit., p. 113). A produção do conhecimento
acontece por meio da integração do pesquisador ao meio onde a observação irá acontecer. Essa
integração assume, para Gil, dois formatos, sendo esses o natural e o artificial. O natural acontece
quando o observador pertence à comunidade onde a pesquisa vai acontecer, enquanto o artificial
acontece quando o observador se integra para a realização da pesquisa.

Gil também indica as principais vantagens da observação sistemática. A saber:

a) Facilita o rápido acesso a dados sobre situações habituais em que os


membros das comunidades se encontram envolvidos.

b) Possibilita o acesso a dados que a comunidade ou grupo considera de


domínio privado.

c) Possibilita captar as palavras de esclarecimento que acompanham o


comportamento dos observados (op. cit., p. 114).

Sendo também destacado que a dificuldade de inserção do pesquisador junto ao ambiente de


pesquisa pode dificultar a realização desse tipo de pesquisa.

Por fim, a observação sistemática é descrita pelo autor como sendo

frequentemente utilizada em pesquisa que tem como objetivo a descrição


precisa dos fenômenos ou o teste de hipóteses. Nas pesquisas deste tipo,
o pesquisador sabe quais os aspectos de comunidade ou grupo que são
significativos para alcançar os objetivos pretendidos. Por essa razão, elabora
previamente um plano de observação (GIL, 1999, p. 114).

Também é necessário que o pesquisador defina as categorias de análise e registre todas as informações
que foram alcançadas por meio da pesquisa.

3.5 Questionário

Cervo e Bervian (1996) colocam que o questionário também é um instrumental muito utilizado
para ampliar a pesquisa de campo, para a coleta de dados e outras informações sobre o tema estudado.
Basicamente, o questionário é composto por meio da elaboração de uma série de questões que estão
relacionadas ao tema da pesquisa, ao problema que foi elencado para ser resolvido pela pesquisa. Para
esses autores, o questionário deve ser elaborado por meio de questões de natureza impessoal e deve
proporcionar também a garantia do anonimato dos entrevistados. Isso facilita a realização de uma
50
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

exposição real de opiniões já que o anonimato protege o entrevistado ao declarar suas opiniões. O
questionário pode ser elaborado com questões abertas e fechadas, sendo que as questões abertas são
as que permitem uma resposta livre, enquanto as fechadas demandam uma resposta precisa. Essas
questões precisam ser muito bem elaboradas, sobretudo porque nem sempre o pesquisador consegue
aplicar o questionário e dirimir as dúvidas que possam surgir durante o seu preenchimento.

Já Gil conceitua o questionário como

a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado


de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o
conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas,
situações vivenciadas (1999, p. 128).

Sendo que o autor nos diz que o questionário é um bom instrumento, porque nos permite alcançar
um número elevado de pessoas, além de implicar menos custos para ser realizado e garantir o anonimato
dos que participam da pesquisa. O autor ainda nos diz que o questionário é um instrumental flexível
porque pode ser preenchido quando o entrevistado preferir.

Gil (1999) também indica a realização de questões fechadas e abertas. Mas o autor indica ainda a
elaboração de questões dependentes. Nas questões fechadas, “apresenta‑se ao respondente um conjunto
de alternativas de resposta para que seja escolhida a que melhor representa sua situação ou ponto de
vista” (op. cit., p. 129‑130). Já nas questões abertas “apresenta‑se a pergunta e deixa‑se um espaço em
branco para que a pessoa escreva sua resposta sem qualquer restrição” (op. cit., p. 131). As questões
dependentes são aquelas em que “uma questão depende da resposta dada a uma outra denominada
dependente” (op. cit., p. 131).

Gil (1999) indica ainda a necessidade de, após sua elaboração, o questionário ser aplicado em
pré‑teste e indica a necessidade de tabulação dos dados obtidos, assim como a exposição dos dados por
meio de uma análise do conhecimento que foi produzido.

3.6 Formulário

O formulário é descrito por Cervo e Bervian como “uma lista formal, catálogo ou inventário,
destinado à coleta de dados resultantes quer de observações, quer de interrogações, cujo
preenchimento é feito pelo próprio investigador” (1996, p. 139). Os questionários demandam
a assistência direta do pesquisador para serem preenchidos. Esses instrumentais precisam
ser aplicados a grupos heterogêneos e também demandam a codificação e tabulação das
informações obtidas.

Concluímos assim os instrumentais que podem ser usados na pesquisa de campo e então vamos
agora estudar o modelo de projetos de pesquisa da Universidade Paulista, assim como os mecanismos
que devem ser adotados para o desenvolvimento de pesquisas com seres humanos.

51
Unidade I

4 O MODELO INSTITUCIONAL DE ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE PESQUISA

Vamos discutir o modelo institucional para a elaboração de projetos de pesquisa, sobretudo aqueles
projetos que serão desenvolvidos com base em pesquisas com seres humanos ou documentos e que,
portanto, devem ser submetidos ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Paulista. Todas as
informações constam no site da Universidade Paulista. Disponível em: <http://www3.unip.br/default.
asp>. Acesso em: 29 jul. 2013.

Figura 4

Nessa tela, você deverá clicar em “Pesquisas” e então acessar o link “Comitê de Ética em Pesquisa”.

Figura 5

52
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

Clicando em “Comitê de Ética em Pesquisa”, será aberta a seguinte tela:

Figura 6

Nessa tela, teremos explicações sobre o Comitê de Ética em Pesquisa e as opções “Pesquisas
envolvendo seres humanos” e “Pesquisas envolvendo animais”. No caso do Serviço Social o que temos é
a opção “Pesquisas envolvendo seres humanos”. Clicando nessa opção, será aberta a tela:

Figura 7

Nessa tela, veremos as informações sobre o Calendário de Reuniões do Comitê de Ética,


que serão as datas em que o Comitê se reúne para avaliação dos projetos de pesquisa. Para a
avaliação, é necessário encaminhar o projeto ao menos vinte dias antes da data da realização da
reunião. Também nessa tela teremos informações sobre a composição do Comitê de Ética, sobre
o regimento interno que disciplina o funcionamento do Comitê e ainda as resoluções que foram
emitidas por esse órgão.

53
Unidade I

É também nessa tela que, acessando o link “Documentos Necessários”, poderemos ter informações
sobre todos os documentos que precisam ser providenciados por alunos e orientadores e sobre sua
submissão ao Comitê de Ética. Clicando em “Documentos Necessários”, será aberta a tela:
Documentos Necessários
Pesquisa envolvendo seres humanos
Atenção: novos procedimentos para a submissão de projetos ao Comitê de Ética
em Pesquisa da UNIP.

A forma de submissão de projetos iniciais para análise do sistema CEP/CONEP passa a ser
a Plataforma Brasil (a base nacional e unificada de registros de pesquisas envolvendo seres
humanos). Sendo assim, o pesquisador deverá acessar a plataforma supracitada, cadastrar
o seu projeto para análise do CEP Universidade Paulista – UNIP.
Informação importante: favor consultar o calendário de reuniões do CEP antes de
submeter o seu projeto na Plataforma Brasil.
Observe as seguintes regras:

• O projeto deverá ser cadastrado com, no máximo, 30 dias entre as reuniões. Por
exemplo: se a reunião for dia 09 de fevereiro, o primeiro dia possível para cadastrar
o projeto na Plataforma Brasil será dia 09 de janeiro. Portanto, o projeto não poderá
ser cadastrado antes do dia 09 de janeiro, pois correrá o risco de ter o prazo expirado
e ser cancelado.

• Os membros do Comitê de Ética necessitam de 20 dias para avaliar os projetos


cadastrados.

• Não serão aceitos projetos cadastrados a 20 dias da data da próxima reunião.

Nos meses de janeiro e julho não há reuniões do Comitê de Ética. 

Clique no link e acesse a Plataforma Brasil: <http://www.saude.gov.br/plataformabrasil>.

Para mais informações sobre o preenchimento e o trâmite de seu projeto de pesquisa,


favor consultar o Manual de Instruções.

O pesquisador principal deverá cadastrar os projetos de pesquisa (o projeto deve ser


anexado na íntegra).

* O pesquisador principal, na graduação, é o professor orientador de TCC (Trabalho de


Conclusão de Curso) e de IC (Iniciação Científica).

Obs.: alunos de graduação não podem efetuar o cadastro, somente o orientador


responsável.
54
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

* O pesquisador principal, na especialização, no mestrado e no doutorado é o próprio


aluno.

Caso a instituição onde a pesquisa será realizada (coparticipante) possua Comitê de Ética


em Pesquisa aprovado pela CONEP, o aluno deverá, obrigatoriamente, enviar o seu projeto
para o CEP da instituição, impossibilitando a apreciação deste CEP (independentemente se
o aluno tiver vínculo com esta instituição).

Atenção: na folha de rosto, a Instituição Proponente é a UNIP/ Vice‑Reitoria


Pós‑graduação CNPJ 06.099.229/0030‑46.

A Instituição COPARTICIPANTE é aquela onde será realizada a pesquisa.

Se a pesquisa for realizada em outra Instituição, deverá constar o CNPJ desta. Esta será
a COPARTICIPANTE e a pessoa responsável deverá datar e assinar. Ex: prefeitura, creche,
hospital etc.

Obs.: para os cursos em EAD o documento deve ser assinado pelo coordenador do curso
no campus sede – Cidade Universitária/Marginal Pinheiros).

Disponível em: <http://www3.unip.br/pesquisa_seres_humanos/>. Acesso em: 29 jul. 2013.

Sendo que, como se pode observar, o cadastramento do projeto no site é responsabilidade do


orientador. Mas, para isso, é necessário que o aluno elabore o projeto de pesquisa.

Observação

Os documentos devem ser anexados pelo orientador junto ao site da


Plataforma Brasil.

Na mesma página do site da Universidade Paulista, temos as informações sobre quais documentos
precisam ser providenciados para que a pesquisa seja submetida ao Comitê de Ética:

1. Carta de apresentação do Projeto de Pesquisa (.doc) endereçada ao CEP (assinada pelo


pesquisador principal e com nome por extenso, de todos os participantes – alunos
envolvidos; com ciência e assinatura do(a) orientador(a) e do(a) Coordenador(a) do
curso), escaneada e anexada;

2. Intenção de Pesquisa (.doc): carta da instituição onde será realizada a pesquisa, com


a assinatura do responsável pela instituição, telefone para contato e carimbo da
instituição, escaneada e anexada;

55
Unidade I

3. Capa do Projeto de Pesquisa em que deverá constar: nome da instituição onde


estuda e/ ou de vínculo; título do projeto; nome por extenso completo do orientador
e dos participantes com o RA; nome do curso;campus e ano.

4. Projeto de Pesquisa, ver conteúdo a seguir:

4.1 Nome do projeto (título);

4.2 Introdução (revisão da literatura, objetivo geral, objetivos específicos e justificativa);

4.3 Material e métodos (descrição detalhada dos métodos da pesquisa, dos materiais
e equipamentos a serem utilizados, da coleta e análise de dados, da natureza e
tamanho da amostra, das características dos sujeitos, dos critérios de inclusão e
exclusão, da duração do estudo e do local da pesquisa);

4.4 Resultados esperados;

4.5 Os resultados obtidos com a pesquisa deverão se tornar públicos, sejam favoráveis
ou não.

4.6 Referências bibliográficas (de acordo com as normas da ABNT ou Vancouver).

5. Verifique a seguir quais dos termos você deverá utilizar em seu projeto. Leia
atentamente, preencha os campos cinza de acordo com o que está sendo solicitado
e apague as instruções dentro destes mesmos campos, pois estas instruções não são
deletadas automaticamente. Todos os termos devem ser assinados pelo pesquisador
responsável (conforme a Folha de Rosto).

Para análise do CEP, NÃO citar o(s) nome(s) do(s) sujeito(s) da pesquisa. Favor
deixar em branco. Seguem os modelos:

5.1 Termo de autorização para pesquisa em prontuário e termo de autorização para


não utilização do TCLE (.doc)

5.2 Termo de Consentimento Livre Esclarecido (.doc)

5.3 Termo de consentimento livre e esclarecido para menores de idade (.doc)

5.4 Termo de autorização para utilizar o Banco de Dentes da UNIP (.doc)

5.5 Termo de compromisso do pesquisador (.doc)

Disponível em: <http://www3.unip.br/pesquisa_seres_humanos/>. Acesso em: 29 jul. 2013.

Sendo que a carta de apresentação deve ser assinada pelo pesquisador responsável que, no
caso da graduação, é o orientador do projeto de pesquisa. Nela, devem constar os nomes de todos

56
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

os pesquisadores, incluindo assim os nomes dos alunos. Já a Carta de Intenção da Pesquisa deve ser
assinada por um representante da instituição onde a pesquisa irá acontecer. Nesse caso, os documentos,
após assinados, devem ser digitalizados e inseridos como anexo no site da Plataforma Brasil.

Saiba mais

A capa deve essencialmente conter as informações: “nome da instituição


onde estuda e/ou de vínculo; título do projeto; nome por extenso completo
do orientador e dos participantes com o RA; nome do curso; campus e ano”.

Veja mais informações no site da Unip:

Disponível em: <http://www3.unip.br/pesquisa/comite/pesquisa_seres_


humanos/documentos.aspx>. Acesso em: 29 jul. 2013.

É necessário ainda anexar o projeto de pesquisa, contendo os itens a anteriormente descritos. No


site da Plataforma Brasil haverá campos que o orientador precisará preencher, baseando‑se no projeto
de pesquisa elaborado pelos alunos. Portanto, é impossível preencher tais documentos se o projeto não
estiver elaborado corretamente.

Além do projeto há também os documentos: Termo de autorização para pesquisa em prontuário


e Termo de autorização para não utilização do TCLE; Termo de consentimento livre esclarecido;
Termo de consentimento livre e esclarecido para menores de idade; Termo de autorização para
utilizar o Banco de Dentes da UNIP; e Termo de compromisso do pesquisador. Desses, o único não
usado pelo Serviço social é o Termo de autorização para utilizar o Banco de Dentes da Unip. Os demais
são usados em pesquisas pelo Serviço Social. Note que o Termo de consentimento livre e esclarecido
para menores de idade deve ser usado apenas se a pesquisa envolver crianças e adolescentes.

Sistematizando o que foi apontado, é preciso indicar que os projetos de pesquisa que serão realizados
por meio de Revisão de Literatura não precisam ser submetidos ao Comitê de Ética. Já os que irão
recorrer a pesquisas com seres humanos precisarão ser avaliados pelo referido Comitê, demandando
então a elaboração da documentação em questão.

Pesquisa • Elaboração do projeto de pesquisa


bibliográfica • Submissão ao orientador

• Elaboração do projeto de pesquisa


Pesquisa de
campo • Submissão ao orientador
• Encaminhamento ao Comitê de Ética

Figura 8 – Elaboração do projeto de pesquisa e encaminhamento ao Comitê de Ética

57
Unidade I

Resumo
Nessa unidade, retomamos alguns conceitos relacionados à pesquisa
científica. Dessa forma, começamos nossos estudos refletindo sobre as
diversas modalidades de pesquisa científica em pesquisa social, de acordo
com uma série de teóricos que hoje são referência na compreensão da
produção de conhecimento.

Na sequência, iniciamos um tratamento a respeito da elaboração dos


projetos de pesquisa. Para estimular você na revisão de seu projeto de
pesquisa, inserimos várias orientações sobre o que cada item que compõe
o projeto de pesquisa deve conter. Isso é importante porque pode levá‑lo
a reelaborar seu projeto à luz dos conhecimentos e informações que estão
sendo oferecidos. Cabe retomar que usamos como referência o modelo
de Minayo (1999), sendo este composto pelos campos: (a) delimitação do
problema; (b) objetivos; (c) justificativa; (d) base teórica e pressupostos
conceituais e hipóteses; (e) metodologia; (f) cronograma; (g) estimativa de
custos; (h) bibliografia e (i) anexos.

Ainda nesse item, estudamos algumas colocações sobre o processo de


orientação durante a elaboração do projeto de pesquisa e do Trabalho de
Conclusão de Curso, destacando informações gerais sobre esse processo
e indicando quais são as orientações que disciplinam legalmente esse
processo de elaboração dos projetos e do TCC, posto que, como vimos,
trata‑se de uma atribuição privativa dos assistentes sociais. Também foi
feita menção à qualificação, conforme disposto no Plano de Ensino da
Disciplina e tendo em vista as orientações dispostas pelo curso de Serviço
Social da Universidade Paulista.

Depois passamos à discussão dos tipos possíveis de pesquisa: a pesquisa


de campo e a pesquisa bibliográfica. Vimos que há a possibilidade de se
realizar uma pesquisa bibliográfica recorrendo a uma série de documentos,
e também uma pesquisa de campo, ou seja, em que há recorrência à teoria,
mas em que a pesquisa é assentada na observação e na sistematização
de informações sobre a realidade. Vimos que ambas as modalidades
são extremamente importantes e relevantes para o Serviço Social e que
cada qual possui instrumentos e técnicas diferenciados de produção de
conhecimento.

Isso foi realizado para que você pudesse rever seu projeto de pesquisa
e definir sobre qual enfoque irá organizá‑lo e consequentemente o seu
Trabalho de Conclusão de Curso. Caso você ainda não tenha iniciado a
elaboração de seu projeto de pesquisa solicitamos que o faça considerando
58
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

rigidamente todas as orientações que foram propostas nesse material.


Para estimulá‑lo a compor um projeto próximo às orientações, em cada
um dos itens, inserimos provocações por meio do Exemplo de Aplicação, a
fim de convidá‑lo a comparar a sua produção, o seu projeto de pesquisa,
com nossas orientações. Esperamos com isso que seu projeto, depois
de produzido, esteja o mais próximo possível das recomendações aqui
elencadas.

Concluindo nossos estudos, apresentamos o modelo protocolar da


Unip, que é indicado pela instituição, sobretudo para projetos de pesquisa
que serão submetidos ao Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição. Nesse
item, indicamos como deve ser o acesso ao sistema para adotar as medidas
necessárias para o registro das informações no Comitê de Ética, sendo essa
uma responsabilidade do orientador e sobre a qual o aluno deve estar ciente,
posto que o projeto de elaboração de pesquisa é uma ação partilhada entre
ambos. Assim, não há como o orientador requerer a aprovação ao Comitê
de Ética se o aluno não elaborar previamente o projeto de pesquisa.

59

Vous aimerez peut-être aussi