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em Serviço Social
Autoras: Profa. Daniela Emilena Santiago
Profa. Renata Leandro
Colaboradores: Profa. Amarilis Tudela Nanias
Profa. Maria Francisca S. Vignoli
Professoras conteudistas: Daniela Emilena Santiago / Renata Leandro
A professora Daniela Emilena Santiago é assistente social graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL),
especialista em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre
em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus de Assis/SP. Atualmente
é funcionária pública do município de Quatá/SP, atuando como assistente social junto à Secretaria Municipal de
Promoção Social. Exerce também a função de docente, coordenador auxiliar e líder no curso de Serviço Social da
Universidade Paulista (Unip).
Partindo de sua vinculação à Unip, como docente que atua do curso de Serviço Social no campus de Assis/SP,
emergiu a oportunidade de seu atrelamento também ao curso de graduação de Serviço Social na modalidade SEI,
prestada pela Unip Interativa, o que lhe proporcionou a oportunidade de ministrar aulas de diversas disciplinas nessa
modalidade de ensino. Além dessa inserção, também ministrou, na modalidade SEPI, aulas da disciplina Política Social
de Saúde no curso de pós‑graduação de Gestão em Políticas Sociais, oferecido pela Unip.
A professora Renata Leandro é residente no município de Campinas/SP e graduada em Serviço Social, pela
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP), em 2002, com especialização em Violência Doméstica contra
Criança e Adolescente, pelo Laboratório da Criança (LACRI), do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de São Paulo
(USP), em 2005. Também se especializou em Sexualidade Humana pela Faculdade de Educação (FE) da Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP), em 2009, e é pós‑graduanda em Formação em EaD, pela Unip. Atualmente, é
docente na Unip de Sorocaba e consultora em Gestão Pública e Responsabilidade Social no 1º e 2º setores. Tem
experiência em Gestão Social, como gestora municipal, no município de São Thomé das Letras/MG e na Secretaria
Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, no estado do Rio de Janeiro. Atuou também em Centros de
Referências de Assistência Social (CRAS) em atendimento matricial com famílias e na área de criança e adolescente e
suas respectivas famílias, no município de Campinas, no Projeto Rotas Recriadas, atualmente denominado Programa
Municipal de Enfrentamento à Exploração Sexual Infantojuvenil, no período de 2003 a 2007.
CDU 362
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Lucas Kater
Virginia Bilatto
Sumário
Trabalho de Pesquisa em Serviço Social
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8
Unidade I
1 A PESQUISA SOCIAL E A ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA..............................................9
1.1 A pesquisa social: algumas aproximações.....................................................................................9
1.2 A Elaboração do projeto de pesquisa............................................................................................ 15
1.2.1 Objetivos...................................................................................................................................................... 22
1.2.2 Justificativa................................................................................................................................................ 23
1.2.3 Base teórica e pressupostos conceituais e hipóteses................................................................ 24
1.2.4 Metodologia............................................................................................................................................... 27
1.2.5 Cronograma............................................................................................................................................... 31
1.2.6 Estimativa de custos............................................................................................................................... 31
1.2.7 Bibliografia................................................................................................................................................. 32
1.2.8 Anexos.......................................................................................................................................................... 34
1.3 O processo de orientação................................................................................................................... 34
2 A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA....................................................................................................................... 36
2.1 O resumo e a resenha.......................................................................................................................... 37
2.2 A elaboração de fichas........................................................................................................................ 37
3 A PESQUISA DE CAMPO................................................................................................................................ 39
3.1 Entrevista.................................................................................................................................................. 44
3.2 Discussão de grupo.............................................................................................................................. 47
3.3 História de vida...................................................................................................................................... 48
3.4 Observação............................................................................................................................................... 48
3.5 Questionário............................................................................................................................................ 50
3.6 Formulário................................................................................................................................................ 51
4 O MODELO INSTITUCIONAL DE ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE PESQUISA............................. 52
Unidade II
5 O QUE É PESQUISA SOCIAL?........................................................................................................................ 62
5.1 As ciências sociais como fundamentação teórica para construção do TCC................. 64
5.2 Conhecimento e realidade: conceituando.................................................................................. 66
5.3 Os tipos de conhecimento................................................................................................................. 67
5.4 O processo de observação da realidade e as ciências sociais.............................................. 69
5.5 Investigação, trabalho e produção de conhecimento............................................................ 72
5.5.1 A investigação na prática profissional em Serviço Social....................................................... 72
6 ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS: ENTENDENDO PASSO A PASSO ESSA
ESTRUTURA DO TCC............................................................................................................................................ 74
6.1 Estrutura Geral do TCC........................................................................................................................ 74
6.2 As páginas pré‑textuais: identificação do trabalho................................................................ 75
6.2.1 Orientações para a construção das páginas pré‑textuais: capa e folha de rosto......... 76
6.2.2 Orientações para a construção da dedicatória e agradecimento........................................ 77
6.2.3 Orientações para a construção do resumo, abstract, palavras‑chaves
e key‑words........................................................................................................................................................... 77
6.2.4 Orientações para a construção das listas (ilustrações, quadros, tabelas,
siglas etc.)............................................................................................................................................................... 78
6.2.5 Orientações para a construção do sumário.................................................................................. 78
6.3 Organizando os conteúdos: as páginas textuais identificam o trabalho....................... 78
6.3.1 Seu problema de pesquisa será seu guia....................................................................................... 79
6.3.2 Orientações para a construção da introdução............................................................................ 79
6.3.3 Orientações para a construção do desenvolvimento................................................................ 81
6.3.4 Orientações para a construção da conclusão.............................................................................. 86
6.3.5 Orientações para a construção da bibliografia............................................................................ 86
Unidade III
7 O QUE É METODOLOGIA E COMO UTILIZÁ‑LA NA ABORDAGEM PESQUISA?.......................... 89
7.1 O método em ciências humanas e a pesquisa social.............................................................. 91
8 OS MÉTODOS E AS TÉCNICAS DE PESQUISA NO SERVIÇO SOCIAL: COLETANDO
DADOS E ANALISANDO‑OS.............................................................................................................................. 95
8.1 As metodologias quantitativas e qualitativas no Serviço Social....................................... 95
8.2 O que é pesquisa quantitativa: características gerais e referências................................. 96
8.2.1 Instrumentos de coleta de dados em pesquisa quantitativa...............................................102
8.2.2 Como se analisam dados quantitativos?.....................................................................................112
8.3 O que é pesquisa qualitativa: características gerais e referências..................................114
8.3.1 O Interacionismo simbólico e a Escola de Chicago.................................................................. 116
8.3.2 Sobre os instrumentos e técnicas na pesquisa qualitativa...................................................117
8.3.3 A história de vida e a análise documental..................................................................................119
8.3.4 Etapas da análise de dados em pesquisa qualitativa..............................................................119
8.3.5 Análise de questionários.....................................................................................................................121
8.4 Análise e discussão dos dados.......................................................................................................122
8.5 Discussão dos dados..........................................................................................................................127
APRESENTAÇÃO
A imagem mostrada é representativa de uma forma de compreender a pesquisa científica que foi
hegemônica durante muitos anos e que só entrou em declínio no início do século XX. A partir de
então, a produção de conhecimento por meio de pesquisas científicas deixou de ser compreendida como
restrita ao que era percebido em laboratórios, tal como o representado. Essas possibilidades de mudança
na produção do conhecimento condicionaram, alguns anos mais tarde, a produção em conhecimento
no Serviço Social, estimulando, sobretudo a partir da década de 1970, a ampliação dos cursos de
pós‑graduação no Brasil e dos grupos de pesquisa a eles vinculados. Nos termos postos, tivemos uma
ampliação da produção científica dentro da categoria profissional.
Outro fator que estimulou, a nosso ver, a ampliação das pesquisas em Serviço Social foi a produção
dos Trabalhos de Conclusão de Curso, vinculados aos cursos de graduação, que cada vez mais têm
alcançado significativa qualidade no sentido da produção de conhecimento. Consoante com esse novo
movimento da formação dos alunos de curso de Serviço Social, em que cada vez mais são postas
exigências ao padrão de qualidade da produção acadêmica dos alunos do curso, foi constituída a
disciplina Trabalho de Pesquisa em Serviço Social. Essa disciplina tem como objetivos gerais:
• qualificar os pré‑projetos e acompanhar a execução das propostas definidas pelo aluno para a
elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso.
Esperamos que, dessa forma, seja possível oferecer a você as orientações necessárias para embasar
seu processo de produção do conhecimento e colaborar com a elaboração de seu projeto de pesquisa e
posteriormente com seu Trabalho de Conclusão de Curso. Porém, é preciso atentar ainda para o fato de
que as orientações aqui postas também podem servir de referência para estudos futuros em cursos de
pós‑graduação ou mesmo para atividades acadêmicas afins, como a elaboração de artigos e resenhas
para apresentação em eventos ou demais atividades correlatas.
INTRODUÇÃO
Enfatizaremos a questão da elaboração de projetos de pesquisa e, com tal intento, serão oferecidas
orientações sobre como proceder para elaborar o projeto de pesquisa, além de inserirmos também
alguns modelos de referência, dentre os quais o modelo recomendado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Paulista (UNIP). Tendo em vista a necessidade de subsidiar a elaboração tanto
do projeto de pesquisa quanto do Trabalho de Conclusão de Curso, também ofereceremos a você as
orientações necessárias para se discutir a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo. Cabe destacar
que, no aspecto bibliográfico, forneceremos a você a formação necessária à organização do processo de
produção de conhecimento por meio da utilização de dispositivos como resumo, resenha, fichamento
e outros meios para sistematizar o conhecimento e fundamentar tanto o projeto de pesquisa quanto o
Trabalho de Conclusão de Curso.
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TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
Unidade I
Conforme dissemos, nesta unidade vamos discutir a elaboração do projeto de pesquisa. Algumas
dessas informações já foram oferecidas a você no semestre passado e serão agora retomadas. Por isso,
vamos rever as informações relacionadas à elaboração do projeto de pesquisa. Também vamos discutir
sobre a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo e sobre o processo de orientação para a elaboração
do projeto de pesquisa. Vamos então iniciar com a discussão sobre o projeto de pesquisa.
Saiba mais
Em tese, se mostra necessária uma retomada geral sobre a pesquisa em si, sobre o seu significado,
suas finalidades e níveis, além de outras informações afins. Vejamos, então, as principais definições
apontadas por Gil (1999), Minayo (1999) e demais teóricos.
Gil (1999) nos diz que a pesquisa é um processo formal e sistemático para alcançar o conhecimento e assim
torna‑se um método científico para a produção de novos conceitos ou conteúdos. Dessa forma, o objetivo
fundamental da pesquisa seria “descobrir as respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos
científicos” (op. cit., p. 42), ou seja, é um processo de conhecimento, mas que só se torna possível por meio do
emprego de métodos científicos ou procedimentos científicos. Portanto, a realização da pesquisa demanda
essencialmente um planejamento e uma organização prévia de como irá acontecer o processo.
9
Unidade I
Ruiz (1996), complementando as explicações, nos diz que devemos compreender a pesquisa como a:
Mesmo que em Ciências Humanas atualmente não seja necessário comprovar cientificamente
as informações obtidas por meio da pesquisa, esta deve acontecer de forma planejada, programada
previamente e pautada em normas científicas, ou seja, em aspectos previamente delimitados que
permitam a realização da pesquisa.
Gil ainda nos diz que atualmente tem sido usada a denominação pesquisa social para delimitar uma
área da pesquisa que se ocupa especificamente de identificar aspectos relacionados à realidade social, ou, nos
termos do autor, “pode‑se, portanto, definir pesquisa social como o processo que, utilizando a metodologia
científica, permite a obtenção de novos conhecimentos no campo da realidade social” (GIL, 1999, p. 42).
Setubal (2011) aponta que esse “tipo” de pesquisa é o que tem sido mais usado no âmbito do Serviço Social.
Ainda sobre esse tipo de pesquisa, Gil coloca que podemos ter finalidades diferenciadas, a depender do tipo
de pesquisa desenvolvido, e que a pesquisa pode ter uma finalidade intelectual, pura ou aplicada.
A pesquisa com finalidade intelectual é tida pelo autor como aquela que tem como motivação o desejo
de se conhecer a realidade e motivar ações. Já a pesquisa pura busca estimular o desenvolvimento da
ciência, do conhecimento. Nessa modalidade, a pesquisa não teria, segundo o autor, intenção de promover
consequências práticas. A pesquisa aplicada, porém, é aquela realizada com o objetivo de motivar uma
ação, uma intervenção, uma aplicação ou, como nos diz Gil (1999, p.43), “tem como característica
fundamental o interesse na aplicação, utilização e consequências práticas dos conhecimentos” e seu
interesse está voltado à “aplicação imediata numa realidade circunstancial”.
Antes de tratarmos dos níveis de pesquisa, de acordo com as orientações de Gil (1999), veja a
imagem a seguir em que as informações sobre as finalidades da pesquisa estão sistematizadas para
facilitar sua compreensão.
• Progresso da Ciência
Pura
• Sem preocupação com a aplicação
• Interesse na aplicação
Aplicada
• Aplicação junto a uma realidade circunstancial
Gil (1999) nos indica os seguintes níveis de pesquisa social: pesquisas exploratórias, pesquisas
descritivas e pesquisas explicativas.
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TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
As pesquisas exploratórias são aquelas que buscam desenvolver, esclarecer conceitos e ideias
sobre determinados conceitos. Essas pesquisas demandam planejamento, porém, esse planejamento
não precisa acontecer de forma rígida demais. Geralmente são respaldadas pelo levantamento
bibliográfico e documental, pela realização de entrevistas não padronizadas e por estudos de casos,
ou seja, por meio de aproximações à realidade que se busca pesquisar. Essas aproximações são
viabilizadas por meio de uma série de procedimentos dentre os quais se destacam as pesquisas por
amostragem e outras técnicas qualitativas que viabilizem a coleta de dados. Para o autor, esse tipo
de pesquisa é utilizado quando o assunto ainda não é muito conhecido. Em outras circunstâncias,
essa modalidade de pesquisa é também utilizada como uma etapa inicial de um conhecimento mais
amplo. Dessa forma, torna‑se uma investigação inicial, mas que poderá resultar no esclarecimento de
determinados conceitos.
As pesquisas descritivas, por sua vez, destinam‑se a descrever características específicas de determinados
aspectos, dentre os quais se destacam especificidades de uma determinada população, de um fenômeno
específico ou então de estabelecimento de situações específicas. Essas pesquisas podem ainda buscar
estudar as especificidades de um grupo. Nessas pesquisas, são usadas técnicas padronizadas para a coleta
de dados, e a motivação para sua realização está na possibilidade de ação. Segundo Gil (1999), são as
pesquisas mais requeridas por instituições educacionais, empresas comerciais e por partidos políticos.
Veja a seguir a sistematização dos níveis que encontramos nas pesquisas de natureza social, segundo
Gil (1999):
• Esclarecer conceitos
Exploratórias • Menor rigidez de planejamento, mas pautada
em instrumentais específicos
Derivando em partes da concepção de Gil, Ruiz (1996) indica espécies de pesquisa a exploratória, e ainda
indica as pesquisas teórica e aplicada. Para o autor, essas seriam as espécies de pesquisa possíveis. Também
para Gil (1999) a pesquisa exploratória é aquela modalidade em que é elaborada uma classificação inicial
do problema, sendo que nessa pesquisa não temos a resolução de problemas, mas sim uma aproximação
ao objeto de estudo. Vamos estudar a pesquisa teórica no item 2 dessa unidade, quando discutiremos a
pesquisa bibliográfica. Já a pesquisa aplicada, também para Ruiz, demanda uma maior rigidez na delimitação
de procedimentos a serem adotados para a produção do conhecimento, mas o autor não indica a necessidade
de esse conhecimento ser colocado em prática, diferindo assim das considerações propostas por Gil.
Lembrete
Ruiz ainda nos diz que há como espécies de pesquisa a de campo e a de laboratório. Estudaremos a
pesquisa de campo no item 3. A de laboratório se desenvolve como um processo coordenado de produção
do conhecimento. Essa espécie acontece em ambientes onde as variáveis podem ser controladas. Porém,
para o autor, a de laboratório não deve acontecer sem a pesquisa prévia bibliográfica sobre o assunto
em questão. A nosso ver esse é o tipo de pesquisa menos usado em Serviço Social.
Cervo e Bervian (1996) também derivam em grande parte das colocações dos autores mencionados.
Também indicam a pesquisa bibliográfica, a pesquisa descritiva e a pesquisa experimental, assim como o que
é proposto por Gil (1999). Conforme já salientamos, estudaremos a pesquisa bibliográfica no item 2 deste
livro‑texto. Vamos então indicar como Cervo e Bervian compreendem a pesquisa descritiva e experimental.
Nas Ciências Humanas e Sociais, a pesquisa descritiva é mais comum e é relacionada aos fenômenos
sociais que influenciam a vida em sociedade em determinados momentos históricos. Em decorrência
disso, a pesquisa pode acontecer por meio de estudos exploratórios, estudos descritivos, pesquisas de
opinião, pesquisas de motivação e também pesquisa documental.
Os estudos exploratórios podem ser entendidos como o passo inicial no processo de pesquisa. Nesse
momento, busca‑se apenas ampliar as informações sobre determinados assuntos que serão tratados
durante o desenvolvimento da pesquisa. “Tais estudos têm por objetivo familiarizar‑se com o fenômeno
ou obter nova percepção do mesmo e descobrir novas ideias” (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 49). Para essa
aproximação ao fenômeno, o estudo exploratório deve realizar descrições detalhadas sobre o fenômeno
observado. Portanto, esse tipo de estudo é recomendado quando o objeto estudado é um assunto com
poucas informações. Apesar disso, essa pesquisa demanda um planejamento bastante flexível.
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TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
Os estudos descritivos seriam aqueles em que temos a “descrição das características, propriedades
ou relações existentes na comunidade, grupo ou realidade pesquisada” (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 50).
Esses estudos também permitem uma maior compreensão.
A pesquisa de opinião, como o próprio nome sugere, procurar identificar atitudes e opiniões das
pessoas sobre determinados assuntos e pode abranger um grande número de pessoas. Derivando desse
formato, temos as pesquisas de motivação, que também englobam grande parcela da população, mas,
nesse caso, as pesquisas serão orientadas para identificar razões inconscientes que motivam as pessoas
a consumir determinados produtos.
Cervo e Bervian (1996) ainda nos falam a respeito do estudo de caso e da pesquisa documental. No
sentido posto, o estudo de caso é descrito como “a pesquisa sobre um determinado indivíduo, família,
grupo ou comunidade para examinar aspectos variados de sua vida”. Já a pesquisa documental faz
menção à necessidade de serem “investigados documentos a fim de se poder descrever e comparar usos,
costumes, tendências, diferenças e outras características” (op. cit., p. 50).
Essas seriam as principais diferenciações dos tipos de pesquisa, recorrendo aos teóricos aqui sumariados,
que são, atualmente, referência no estudo em pesquisa. Para colaborar com a apreensão dos conteúdos
tratados até o presente momento pelos diversos autores que estudamos, veja a imagem a seguir:
Esperamos que esse breve levantamento sobre os tipos de pesquisa permita a você a retomada sobre
os aspectos aqui tratados. Por meio desses estudos, será possível então tratarmos da elaboração de
projetos de pesquisa. Antes de iniciarmos nossa retomada sobre o projeto de pesquisa, veja o exemplo
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Unidade I
a seguir, que reproduz informações sobre um colóquio em que vários grupos de pesquisa trazem para o
debate parte dos resultados de pesquisas desenvolvidas junto a Universidades.
“Na Ufal, atuam três grupos de pesquisa com o foco no trabalho do assistente social.
Ao todo existem 11 docentes e vários alunos de pesquisa e pós‑graduação desenvolvendo
pesquisas nas três instituições”, relata Rosa Predes, coordenadora do projeto.
Conforme a professora, o projeto tem uma duração de quatro anos e vai até 2015.
Ele é composto por intercâmbios de estudantes entre as instituições e missões de estudos
dos docentes, que circulam entre as universidades parceiras, mas todos os eventos serão
concentrados na universidade alagoana.
Programação
O evento inicia as 8h30 do dia 31, com abertura, seguido da mesa‑redonda “Espaços
sócio‑ocupacionais e tendências do mercado de trabalho do Serviço Social no contexto de
reconfiguração das políticas sociais no Brasil: produção científica dos grupos de pesquisa.
As atividades acontecerão no Auditório do antigo Csau, no Campus A. C. Simões.
Outros temas, como Reestruturação produtiva, reforma do Estado e das políticas sociais e o
trabalho do assistente social; Espaços sócio‑ocupacionais do Serviço Social e mercado de trabalho,
além das atribuições e competências profissionais do assistente social farão parte das discussões.
Fonte: ASCOM. Faculdade de Serviço Social promove segundo colóquio nacional. UFAL, 17 set. 2013. Disponível em: <http://
aquiacontece.com.br/noticia/2013/07/17faculdade‑de‑servico‑social‑promove‑2‑coloquio‑nacional>. Acesso em: 28 jul. 2013.
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TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
Exemplo de aplicação
Considerando esse exemplo, reflita sobre a importância desses eventos para a divulgação das
pesquisas e da produção de conhecimentos a essas pesquisas vinculadas.
Saiba mais
Recomendamos a consulta aos arquivos a seguir, nos quais temos exemplos
de manuais elaborados por faculdades para orientar os alunos na elaboração
de projetos de pesquisa:
OLIVEIRA, R. M. Roteiro para elaboração de projeto de pesquisa. Barcelona:
UNIPAC, 2002. Disponível em: <http://unipaclafaiete.edu.br/portal/attachments/
article/152/roteiro_elaboracao_pesquisa2012‑2.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2013.
GRAF, A. V. (Org.). Manual para elaboração do projeto de pesquisa das
Faculdades Integradas Itapetininga. Itapetininga: Fundação Karnig Bazarian,
2012. Disponível em: <http://www.fkb.br/userfiles/file/Manual%20para%20
Elabora%C3%A7%C3%A3o%20do%20Projeto%20de%20Pesquisa%20
das%20Faculdades%20Integradas%20de%20Itapetininga22222.pdf>.
Acesso em: 28 jul. 2013.
E, no arquivo a seguir, temos um exemplo de relatório de uma pesquisa já
realizada:
LOVATTO, J. (Org.). Relatório final de pesquisa. Porto Alegre: Fundação
Irmão José Otão. Disponível em: <http://www.fijo.org.br/docs/Relatorio_Final_
Avaliacao_Recursos.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2013.
Observação
Minayo (1999) nos diz que é por meio do projeto de pesquisa que se torna possível definir o objeto
de conhecimento científico, bem como as formas que serão utilizadas para investigá‑lo.
Ou seja, é uma espécie de mapa que deverá guiar o pesquisador na realização de seu trabalho
científico, no nosso caso, no Trabalho de Conclusão de Curso. Esse mapeamento, nos termos de Minayo,
colabora ainda para evitar os possíveis imprevistos na realização da pesquisa científica. Para a autora,
a importância do projeto de pesquisa não se esgota na definição, para o pesquisador, do caminho a
ser seguido na pesquisa. É um instrumento que comunica à comunidade científica os objetivos da
pesquisa. Ou seja, quando o aluno de graduação elabora seu projeto de pesquisa, está dizendo aos
docentes, discentes e demais interessados como pretende realizar sua pesquisa. Nesse sentido, o projeto
de pesquisa pode ser um meio para se obter financiamento de determinados órgãos que custeiam
pesquisas científicas.
Minayo (1999) nos diz que o projeto de pesquisa é influenciado por três dimensões: a técnica, a
ideológica e a científica. Assim, todos os projetos trazem essas dimensões implícitas em seus conteúdos,
mesmo que nem sempre isso apareça nos projetos de forma dividida, setorizada.
A dimensão técnica, segundo a autora, faz acepção a regras conhecidas como científicas e que
devem ser observadas na construção dos projetos. Essas regras devem permitir que se delimite o objeto
da pesquisa e tornar claro como abordar tal objeto. Indicam os instrumentais que serão utilizados
com tal finalidade. Sendo que a técnica sempre diz respeito à montagem de instrumentos, “o projeto
de pesquisa é visto neste sentido como um instrumento da investigação” (MINAYO, 1999, p. 34).
A dimensão ideológica, por sua vez está subjugada às escolhas teóricas que o pesquisador faz. De tal
maneira, é influenciada tanto pelas escolhas teóricas do pesquisador como por seus valores ideológicos.
Essa dimensão comporta assim valores ideológicos e a fundamentação teórica. Nesse sentido, para
a autora, não há neutralidade científica, ou seja, as pesquisas são influenciadas pelas escolhas dos
pesquisadores, por suas opções e não são imunes a essa influência. O projeto de pesquisa é histórico
e socialmente condicionado. É influenciado pelo meio cultural, social e econômico e, portanto, está
relacionado a grupos, instituições, comunidades ou ideologias aos quais o pesquisador estiver vinculado
(MINAYO, 1999).
Já a dimensão científica é a responsável por articular as duas dimensões anteriores. Isso significa
que houve uma junção da técnica que será utilizada no projeto de pesquisa e as teorias e ideologias do
pesquisador. Por isso, para se alcançar a dimensão científica é necessária a superação do senso comum, já
que o domínio das técnicas e da teoria demanda estudo, dedicação e ir além do conhecimento aparente.
É na dimensão científica que se torna possível a reconstrução da realidade, observada a partir de um
processo científico de categorização, e que temos a união da realidade empírica e do conhecimento
teórico. Essa dimensão, segundo Minayo (1999), viabiliza o acesso ao conhecimento.
16
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
Todas essas dimensões são importantes e são inter‑relacionadas e interdependentes. Assim, são
complementares e de forma associada colaboram para a elaboração de um projeto de pesquisa de
qualidade. Veja, na representação a seguir, uma demonstração dessa relação dialética estabelecida entre
as dimensões postas.
Dimensão
ideológica
Projeto de
pesquisa
Além das dimensões, a autora nos diz que um bom projeto de pesquisa deve responder às seguintes
perguntas:
Vamos explicar com riqueza de detalhes o que deve ser posto em cada um desses itens, a começar
pela definição do problema, que deve nos dizer sobre o que pesquisar. A autora nos diz que esse
momento inicial é o mais difícil da pesquisa, sobretudo para alunos de graduação, e que nele é possível
definir o tema da pesquisa ou escolher o problema que a pesquisa pretende responder ou resolver. É o
momento de delimitação do objeto da pesquisa. Gil (1999) diz que toda pesquisa só tem início quando
o pesquisador se depara com algum problema a ser resolvido. O problema é descrito pelo autor como
“qualquer questão não resolvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento
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Unidade I
(op. cit., p. 49). Como tal, deve ser apreendido por meio de métodos científicos de compreensão da
realidade e demanda observação do fenômeno além da manipulação de variáveis que nos permitam
o conhecimento de nosso problema. Para identificarmos o problema a que queremos responder,
é necessária uma delimitação inicial um pouco mais ampla e posteriormente fazer um recorte mais
específico e concreto sobre o assunto. Temos assim que definir a área geral de interesse e em seguida
delimitar especificamente sob quais aspectos iremos nos ater no projeto de pesquisa em questão.
Nessa delimitação, precisamos orientar nosso enfoque sobre o tema em um formato individualizado e
específico (MINAYO, 1999).
A autora nos apresenta como exemplo um interesse em estudar a violência conjugal, o que é uma
delimitação ampla, geral. Partindo dessa delimitação, define‑se que, dentro das inúmeras possibilidades
de investigação que o tema nos sugere, o nosso interesse será conhecer qual é a representação que as
mulheres agredidas possuem sobre esse fenômeno. Esta é uma delimitação específica que pode resultar
no seguinte objeto de pesquisa: “a representação sobre espancamentos elaborada a partir de mulheres
maltratadas por seus esposos ou companheiros” (op. cit., p. 38).
Exemplo de aplicação
Pensando no seu projeto de pesquisa, delimite o tema geral e o tema específico. Se você já fez essa
delimitação, refaça‑a para verificar se o objeto está ou não bem delimitado.
Essa aproximação ao tema é provisória, posto que poderá ser alterada no decurso da elaboração
do projeto de pesquisa e à medida que o pesquisador vai amadurecendo intelectualmente. Portanto, é
importante na delimitação do problema o conhecimento teórico e um aprofundamento sobre o tema.
É importante também uma descrição com base nas informações obtidas sobre o problema estudado.
Minayo nos diz ainda que, para saber se um problema merece ou não uma pesquisa, precisamos tentar
responder as seguintes perguntas:
b) O problema é relevante?
f) Terei tempo suficiente para investigar tal questão? (MINAYO, 1999, p. 39).
Respondendo a essas perguntas podemos delimitar nosso tema de pesquisa e assim construir o
projeto de pesquisa. Um problema precisa ser original, ou seja, não há sentido em fazer uma pesquisa de
temas que já foram esgotados e aos quais não há nada mais a acrescentar. Isso nos dirá assim se temos
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TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
um problema relevante ou não. Sendo relevante, é interessante para uma pesquisa e para o pesquisador,
mas deve‑se avaliar se este tem aptidão para realizar esse tipo de pesquisa. Muitas vezes, as pesquisas
são originais e relevantes, mas o pesquisador está em um dado momento de sua vida que o impede
de realizá‑la. Portanto, a escolha do problema também passa pela avaliação das possibilidades que de
o pesquisador realizar a pesquisa. Nesse aspecto, é também importante pontuar se o pesquisador terá
tempo disponível para a realização da pesquisa a que se propõe. Também é importante avaliar se a
pesquisa vai demandar recursos financeiros.
Gil (1999) ainda nos indica que a escolha do problema pode também ser pautada em outras
perguntas, sendo elas: “por que pesquisar? Qual a importância do fenômeno a ser pesquisado?
Que pessoas ou grupos se beneficiarão com seus resultados?” (op. cit., p. 50). De forma que, além
das colocações postas anteriormente por Minayo (1999), também podemos usar essas perguntas
propostas por Gil (1999) para definir se o nosso problema é relevante para motivar a realização
da pesquisa ou não.
Mas Gil nos diz que, para delimitar o nosso problema de pesquisa e assim definir nosso objeto de
estudo, precisamos nos pautar em alguns aspectos, além das perguntas elencadas, dentre os quais:
relevância, oportunidade, comprometimento e modismo. Gil nos diz que a relevância deve ser pautada
em uma ponderação: o tema trará benefícios em termos científicos e em termos práticos? Os termos
científicos são descritos pelo autor como a possibilidade de a pesquisa possibilitar a obtenção de novos
conhecimentos sobre o tema que se pretende estudar. Assim, é necessária a realização de um estudo
bibliográfico sobre o que se deseja pesquisar e então deliberar se a pesquisa proposta vai colaborar
com a produção do conhecimento. Por meio do levantamento da bibliografia relacionada ao tema o
pesquisador está
De acordo com Gil, a relevância prática está relacionada aos benefícios sociais que poderão ser
alcançados a partir da realização da pesquisa, sendo que tais benefícios podem ser direcionados a
quem propôs a pesquisa. Assim sendo, órgãos estatais ou privados que têm interesse em desnudar uma
determinada realidade podem ser beneficiados com os resultados obtidos pela pesquisa. A relevância
prática também está direcionada aos valores de uma determinada sociedade; de acordo com os valores
sociais assumidos por esta, a pesquisa pode ser considerada relevante ou não. Além disso, a relevância
também está orientada aos valores de quem julga o projeto, que por sua vez está também ancorado
nos princípios que regem a sociedade em determinados momentos históricos. Isso posto, “o que
pode ser relevante para um pode não ser para outro” (1999, p. 51). Para delimitar se uma pesquisa
possui relevância prática, Gil indica algumas questões de referência sendo tais: “qual a relevância do
estudo para determinada sociedade? Quem se beneficiará com a resolução do problema? Quais são as
consequências sociais do estudo?” (1999, p. 51). Respondendo a essas perguntas será possível mensurar
se uma pesquisa é importante ou não.
19
Unidade I
Além da relevância, Gil ainda indica que a delimitação do problema deve se pautar na questão
da oportunidade. Isso significa que muitas vezes escolhemos um tema porque temos condições que
facilitam a realização a pesquisa. Precisamos, então, avaliar se teremos condições de realizar a pesquisa,
ou seja, se teremos oportunidade de realizá‑la ou não. Nesse processo, deve‑se considerar ainda se
haverá financiamento para a pesquisa ou se alguma instituição irá conceder condições materiais e assim
sucessivamente.
Gil também diz que é fundamental que exista o comprometimento do pesquisador com seu estudo,
caso contrário será extremamente difícil delimitar o tema e realizar a pesquisa. E, em relação ao modismo,
o autor nos indica que muitos temas são escolhidos por impulso, por estarem sendo discutidos na
sociedade naquele momento. Para ele, é necessário tomar cuidado com essa postura, evitando assim
a escolha de um problema que não seja tão relevante e com o qual o pesquisador não esteja tão
comprometido como deveria.
A fim de clarificar a elaboração do problema, Gil nos indica algumas regras de orientação:
Tendo sido realizada a delimitação do tema, do problema, podemos então passar à elaboração
do projeto. Temos uma série de modelos que podem ser usados como referência à elaboração de
projetos, mas aqui vamos nos respaldar no modelo proposto por Minayo (1999) e por Lakatos e
Marconi (1991).
20
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
Minayo (1999) nos diz que o projeto de pesquisa deve conter os seguintes itens:
a) Delimitação do problema.
b) Objetivos.
c) Justificativa.
e) Metodologia.
f) Cronograma.
g) Estimativa de custos.
h) Bibliografia.
i) Anexos.
Já para Lakatos e Marconi (1991), o projeto precisa ser composto tomando como base os itens:
a) Apresentação.
b) Objetivo, composto por tema, delimitação do tema, objetivo geral e objetivos específicos.
c) Justificativa.
e) Metodologia.
f) Embasamento teórico.
g) Cronograma.
h) Orçamento.
i) Bibliografia.
Como é possível notar, os modelos apresentados são extremamente parecidos, sendo a maior
diferença a disposição dos itens. O quadro a seguir deixa mais clara essa diferença:
21
Unidade I
i) Bibliografia.
Como os modelos são muito parecidos, vamos optar pelo modelo de Minayo, por ser o mais atual e
ainda por ser o que mais tem sido usado na academia. Vamos assim identificar os tópicos em questão,
excluindo apenas a delimitação do problema, posto que já estudamos esse assunto. Vamos assim detalhar
o que cada item do projeto deve conter, recorrendo tanto a Minayo como a outros teóricos afins.
1.2.1 Objetivos
Para Minayo (1999), o objetivo é o item em que se deve fazer menção ao que pretendemos alcançar
a partir da realização da pesquisa. Dessa maneira, precisamos indicar o “que é pretendido com a pesquisa,
que metas almejamos alcançar ao término da investigação” (op. cit., p. 42). Para a autora, devemos elaborar
objetivos que poderão ser posteriormente alcançados com a nossa pesquisa. Portanto, nosso objetivo precisa
estar essencialmente relacionado ao tema de nosso estudo. Normalmente, é elaborado um objetivo geral
e outros objetivos específicos. No objetivo geral, são tratadas as dimensões mais amplas que a pesquisa
pretende alcançar durante seu desenvolvimento, ao passo que nos objetivos específicos devem ser postas as
particularidades que pretendemos alcançar a partir da realização da pesquisa. Esses objetivos também precisam
estar relacionados. Minayo ainda recomenda que os objetivos sejam iniciados com verbos no infinitivo sendo
esse um padrão comum nos projetos de pesquisa. Para demonstrar a aplicabilidade da elaboração de objetivos,
Minayo indica os seguintes exemplos: “analisar os fatores que desencadeiam ou predispõem a agressão de
maridos contra suas companheiras” ou “conhecer as opiniões das mulheres maltratadas por maridos sobre a
violência por elas sofrida” (1999, p. 42), derivando do problema elencado pela autora.
Já Lakatos e Marconi (1991) nos dizem que o objetivo deve ser o item em que responderemos às
questões: para quê? e para quem? (op. cit., p. 218), e também indicam a necessidade de elaboração de
um objetivo geral e de objetivos específicos. As autoras colocam que o objetivo geral deve ser aquele
em que oferecemos uma visão ampla do que pretendemos alcançar com o tema de nossa pesquisa. Para
a elaboração desse objetivo, é preciso que sejam observados com especial atenção o tema de estudo e
22
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
os fenômenos e os eventos relacionados a ele. O objetivo geral precisa estar relacionado ao significado
da pesquisa proposta no projeto. Os objetivos específicos, por sua vez, devem estar vinculados ao geral
e indicar quais serão os esforços necessários para se alcançar o que foi posto no objetivo geral. Esses
apresentam um caráter concreto, porque são os responsáveis pela implementação da pesquisa. “Têm
função intermediária e instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro,
aplicá‑lo a situações particulares” (op. cit., p. 219).
1.2.2 Justificativa
Minayo (1999) nos diz que a justificativa é o campo em que devemos indicar a relevância da
pesquisa que pretendemos realizar. Em outras palavras, é o campo do projeto em que precisamos
explicar por que tal pesquisa deverá ser empreendida. Segundo a autora, a elaboração da justificativa
pode ter como base as respostas a três perguntas: “quais motivos a justificam? Que contribuições
para a compreensão, intervenção ou solução para o problema trará a realização de tal pesquisa? (op.
cit., p. 42). Na justificativa, é necessário destacar a relevância intelectual e prática que será alcançada
pela pesquisa. Essas informações podem ser extraídas dos dados obtidos na delimitação do problema.
Também é importante indicar a experiência do investigador no processo de elaboração da pesquisa.
Já Lakatos e Marconi (1991) colocam que devemos oferecer respostas ao porquê de se realizar a
pesquisa, o que motivaria sua realização. As autoras ainda nos dizem que a justificativa deve estar
respaldada nos seguintes itens:
‑ confirmação geral;
‑ clarificação da teoria;
Todos esses aspectos precisam ser suficientemente discutidos na elaboração de uma justificativa,
já que, por meio dela, será possível deixar claro quais informações possuímos sobre o tema estudado,
além de discutirmos sobre a importância do tema e a possibilidade que este tem em provocar
mudanças na realidade posta. Apesar de demandar uma exposição geral sobre o tema, segundo
Lakatos e Marconi, na justificativa não é necessária e nem recomendada a utilização de citações
de autores.
A justificativa também deve destacar a importância que o conhecimento a ser produzido poderá ter
junto à realidade. Demanda, segundo Lakatos e Marconi (1991), que o pesquisador possua capacidade
de convencer o leitor em sua argumentação.
Exemplo de aplicação
Avaliando seu projeto de pesquisa, é possível considerar que sua justificativa atende às orientações
postas? Argumente.
Minayo nos diz que é nesse espaço que devemos delinear as bases que irão oferecer sustentação
para o projeto de pesquisa e para a realização da pesquisa em si. Para a autora, trata‑se de um espaço
no qual o pesquisador precisa fazer uma “definição clara dos pressupostos teóricos, das categorias e
conceitos a serem utilizados” durante a pesquisa (1999, p. 40). É o momento de se estabelecer uma
relação entre a realidade a ser observada e os estudos teóricos já organizados em relação ao tema.
Assim, na justificativa, deve‑se estabelecer “um diálogo entre a teoria e o problema a ser investigado”
(1999, p. 40). Para Minayo, na justificativa é necessária apenas uma exposição simples, que deve ser
sintética, objetiva e especialmente orientada a discutir o tema. Não é apenas uma revisão literária,
mas uma teoria que seja correlacionada ao objeto de pesquisa. Lakatos e Marconi (1991) definem esse
espaço do projeto usando o termo embasamento teórico, sendo este composto pelo que chamam de
teoria de base, revisão bibliográfica e definição de termos. A teoria de base é compreendida pelas
autoras como informações que buscam relacionar a pesquisa a um determinado universo teórico. Essa
teoria deverá oferecer o embasamento necessário à interpretação de dados coletados e fatos que são
observados com a realização da pesquisa e está ancorada na exposição de premissas e pressupostos
teóricos sobre o tema da pesquisa.
A revisão bibliográfica, por sua vez, está relacionada a uma retomada das pesquisas anteriores sobre
o tema, incluindo ainda as informações possíveis por meio de referências bibliográficas ou documentais.
Já a definição de termos faz menção à descrição necessária do significado dos termos que serão
utilizados durante a elaboração do projeto de pesquisa e também durante a realização da pesquisa
(LAKATOS; MARCONI, 1991). Ou seja, trata‑se de um momento em que o pesquisador precisa deixar
claros os ideais teóricos e ideológicos que irão sustentar a sua pesquisa e que permitirão realizar a
análise do objeto estudado. Dessa maneira, será possível estabelecer uma interlocução entre a teoria e
a realidade estudada.
24
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
Exemplo de aplicação
Retomando seu projeto de pesquisa, avalie até que ponto sua justificativa está próxima ao que
apresentamos. Se você ainda não conseguiu elaborar esse item, procure estar alinhando ao que é posto
nessas orientações.
Já em relação às hipóteses, Minayo nos diz que são indagações, questionamentos que devem ser
investigados durante o desenvolvimento da pesquisa. São afirmações provisórias e que retratam o
“olhar do pesquisador e a realidade a ser pesquisada” (1999, p. 40). Podem ser pautadas na observação
empírica, em resultados de outras pesquisas, de outras teorias ou mesmo pela intuição do pesquisador.
Minayo diz ainda que podem ser elaboradas uma ou mais hipóteses. Para a autora, uma hipótese precisa
apresentar as características:
Já Lakatos e Marconi (1991) definem as hipóteses como componentes do objeto de estudo que
devem auxiliar na delimitação deste. As autoras dividem as hipóteses em básicas e secundárias. A básica
é aquela que busca investigar a resposta conferida ao problema da pesquisa. A hipótese básica sinaliza
uma provável resposta ao problema apresentado. Sendo assim, a hipótese básica é provável, suposta e
provisória (op. cit.), podendo ser alterada a partir da realização da pesquisa. Dentre os diversos tipos de
hipóteses, Lakatos e Marconi nos indicam as seguintes:
25
Unidade I
Ou seja, uma variação de hipóteses básicas. A hipótese básica é a principal e será complementada
pelas secundárias. Estas podem abarcar detalhes daquela ou então discutir aspectos que não foram
tratados.
Já para Gil, a “hipótese é uma suposta resposta ao problema a ser investigado. É uma proposição que
se forma e que será aceita ou rejeitada somente depois de devidamente testada” (1999, p. 56).
Gil ainda nos diz que há três tipos de hipóteses: as casuísticas, as que se referem à frequência dos
acontecimentos e as que estabelecem relações entre as variáveis. As hipóteses casuísticas são aquelas
que são construídas tomando como base o que há de comum em determinados casos, objetos, pessoas
ou fatos específicos. São condicionadas por determinadas características que podem ser comuns. Já as
hipóteses que se referem à frequência dos acontecimentos são respaldadas na observação de pesquisas
descritivas, antecipam que determinadas características ocorrem com maior intensidade em um grupo,
sociedade ou cultura específica. E, por fim, as hipóteses que estabelecem relações entre variáveis são
aquelas em que se observa uma determinada classificação de acordo com determinadas categorias,
relacionando‑as ao objeto de estudo. Gil também indica que as hipóteses podem ser compostas com
base na observação, em pesquisas já realizadas e também em teorias já construídas sobre o objeto de
estudo. As hipóteses também podem ser elaboradas, de acordo com o autor, com base na intuição.
26
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
Nota‑se que as definições de Gil são semelhantes às postas por Minayo, mas mais detalhadas,
específicas.
1.2.4 Metodologia
A metodologia indica os métodos e técnicas utilizados para a realização da pesquisa, além das
escolhas que o pesquisador faz para atender, para contemplar o seu problema, alcançando assim os
objetivos a que se propôs. Na metodologia, devem ser descritas informações sobre o espaço em que a
pesquisa será realizada, podendo ser a pesquisa de campo ou bibliográfica, mas também é nesse campo
que o pesquisador deverá sumariar quais serão os instrumentos e as técnicas das quais se valerá para
realizar a análise dos dados. Ou seja, na metodologia não devemos apenas descrever como faremos
a pesquisa, mas também devemos deixar claro sob que bases faremos a análise dos dados que forem
obtidos ou, nas palavras de Minayo:
Essas informações precisam ser detalhadas, mesmo se realizarmos uma pesquisa bibliográfica, ou
seja, precisamos definir o universo de nossa pesquisa, quais serão os trabalhos analisados e o porquê,
definindo assim o grupo escolhido e os critérios de amostragem. Portanto, a metodologia não é restrita
a pesquisas realizadas em campo, ou seja, em pesquisas que envolvem a relação com a realidade. Minayo
(1999), buscando colaborar com o esclarecimento desse conceito, diz que a metodologia é composta por
três aspectos: definição da amostragem, coleta de dados e organização e análise de dados.
A definição da amostragem é uma delimitação que fazemos sobre quais indivíduos ou quais
documentos iremos respaldar a nossa pesquisa. Em pesquisa social não há necessidade de se
atingir números elevados, portanto, definir a amostra não é definir quantidade. É necessário
delimitar quais aspectos ou quais indivíduos têm maior relação com o tema e poderão colaborar
com nossos estudos.
27
Unidade I
Ou seja, poderá haver pesquisas de campo em que um caso seja representativo ou outras em que
será necessária uma análise maior de casos. Isso vai depender se essa amostra conseguirá contemplar
ou não as indagações feitas em relação ao nosso problema de pesquisa.
A coleta de dados faz menção à acepção das técnicas nas quais nos pautaremos, sendo que podemos
usar entrevistas, observações e outras técnicas afins para a pesquisa de campo ou então a base de
documentos sobre os quais nos respaldaremos para realizar a pesquisa bibliográfica. Ou seja, precisamos
deixar extremamente claro como a pesquisa será operacionalizada. O mais correto é que mesmo
detalhando os mecanismos que serão utilizados para a coleta de dados, estes sejam anexados aos
projetos de pesquisa, sobretudo para aqueles em que a pesquisa acontecerá envolvendo seres humanos
ou então quando essa for uma exigência posta por agências de financiamento de pesquisas. Trata‑se de
casos de entrevistas, formulários ou outros instrumentais que deverão ser previamente elaborados pelo
pesquisador. Sintetizando, na coleta de dados
Engana‑se, portanto, quem acredita que em pesquisa bibliográfica não há a necessidade de delimitação
sistemática, de uma metodologia de pesquisa. Na organização e análise de dados, devemos detalhar as
informações de como os dados obtidos serão dispostos no trabalho e como esses serão analisados. Isso
porque a pesquisa não se esgota no levantamento de dados, mas sim a partir do momento em que se
torna possível realizar a análise dos dados obtidos.
O instrumental define, ou condiciona, a forma de exposição dos dados. Portanto, a forma de análise
também é condicionada pelos instrumentais utilizados para a realização da pesquisa. Nesse aspecto, a
nosso ver, é fundamental ter embasamento teórico sobre o tema, ou seja, somente com o recorte de
uma teoria específica será possível analisar os dados obtidos, indicando assim que o projeto, para ser de
fato bom, precisa estar totalmente interligado e coerente.
28
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
Outras informações sobre a questão da metodologia nos são concedidas por Lakatos e
Marconi. Para essas autoras, a metodologia é o campo no qual devemos dar resposta às seguintes
questões: “como?, com quem?, onde? quanto?” (1991, p. 221), sendo que essas perguntas podem
ser respondidas se descrevermos nesse item alguns aspectos como: o método de abordagem, o
método de procedimento, as técnicas e a delimitação do universo ou a descrição da população. O
método de abordagem é descrito pelas autoras como a forma que o pesquisador irá usar para se
apropriar do conhecimento produzido, comportando assim as formas de análise das informações
que foram obtidas por meio da realização da pesquisa. Não está restrito à utilização de técnicas, mas
sim à forma de tratar as informações obtidas na pesquisa com base nos instrumentais que foram
usados para sua realização. “Partindo do pressuposto dessa diferença, o método se caracteriza por
uma abordagem mais ampla, em nível de abstração mais elevado, dos fenômenos da natureza e da
sociedade” (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 221).
No Serviço Social, o método que mais tem sido usado é o dialético, pois compreende os fenômenos
como em constante construção, em constante devir no movimento tese, antítese e síntese. Já os métodos
de procedimento fazem menção a etapas que são firmadas para que a pesquisa aconteça. Esses métodos
de procedimento têm o objetivo de explicar de forma genérica fenômenos que não sejam abstratos.
Demandam assim uma atitude concreta para a apreensão dos fenômenos investigados, ou seja, são
procedimentos de ação adotados para a realização da pesquisa.
Observação
• histórico;
• comparativo;
• estatístico;
• tipológico;
• funcionalista;
• estruturalista.
Ou seja, o pesquisador precisa ter claro se irá se respaldar em um método histórico ou comparativo
e assim sucessivamente. E, tendo essas informações esclarecidas, é necessário que o pesquisador as
descreva em seu projeto de pesquisa.
29
Unidade I
As técnicas, por seu lado, fazem menção a uma série de instrumentais que podem ser utilizados para
a realização da pesquisa científica. Demandam ainda habilidade para o manuseio dos instrumentais por
parte dos pesquisadores e estão relacionadas à instrumentalização da pesquisa.
Como técnicas indicadas pelas autoras temos a documentação indireta, relacionada à pesquisa
documental e à bibliográfica, e a documentação direta, que pode ser alcançada por meio da observação,
da entrevista, dos questionários, dos formulários, dentre outros instrumentais.
A delimitação do universo, também descrita pelas autoras com o termo descrição da população,
faz menção aos seres animados e inanimados que possuem características comuns e sobre os quais será
realizada a pesquisa. Quando delimitamos o nosso universo da pesquisa estamos deixando claro em
nosso projeto de pesquisa com quais sujeitos realizaremos a pesquisa.
Sendo essa delimitação algo extremamente necessário para explicar sobre qual público-alvo será a
pesquisa ou sobre quais documentos e assim sucessivamente.
Exemplo de aplicação
Prezado aluno, se você já conseguiu elaborar sua metodologia, compare‑a com as orientações aqui
postas. Se ainda não elaborou, faça‑o à vista desses elementos.
30
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
1.2.5 Cronograma
O cronograma é o item em que é definido o tempo necessário para a realização das atividades postas
pelo projeto. Pode ser representado por tabelas ou gráficos e nele devem constar as atividades que serão
desenvolvidas e em que período. Lakatos e Marconi nos dizem que a elaboração do cronograma deve
responder à pergunta: quando? (1991, p. 226). As autoras colocam que a pesquisa deve ser primeiramente
dividida em partes, que fazem menção às atividades que serão executadas. Após essa divisão em partes
é necessário indicar quanto tempo em média será necessário para o desenvolvimento de cada uma das
atividades propostas. Há a possibilidade de várias atividades serem desenvolvidas ao mesmo tempo, mas
há atividades que só podem ser desenvolvidas se anteriormente forem realizadas outras intervenções.
Por exemplo, é impossível realizar uma análise de dados sem ter realizado a coleta das informações.
Atividade 1º. mês 2º. mês 3º. mês 4º. mês 5º. mês 6º. mês
Revisão bibliográfica X X X X X X
Montagem dos instrumentos de coleta de dados X
Pré‑testes dos instrumentos de coleta de dados X
Aplicação dos instrumentos de coleta de dados X
Tabulação dos dados X
Análise dos dados obtidos X
Como podemos observar, é um item simples, porém fundamental para orientar o desenvolvimento
das atividades vinculadas à pesquisa.
Minayo (1999) nos diz que esse item deve ser preenchido apenas em projetos que buscam
financiamento para suas ações. No entanto, é bom que se ressalte que, em alguns cursos de graduação
e pós‑graduação, é necessário que os projetos, mesmo que não busquem financiamento, tenham esse
item preenchido, já que, segundo essa ótica, não há projetos sem custo.
Minayo também indica que a elaboração dos custos pode ser facilitada se esses forem agrupados em duas
categorias: gastos com pessoal e gastos com material permanente e de consumo. A autora ainda chama a
nossa atenção para o fato de que, antes de elaborar um orçamento para um projeto, deve‑se considerar para
qual instituição este será enviado. Assim, é importante observar que há agências de financiamento que poderão
custear determinados gastos do projeto, mas não outros. Portanto, não adianta elaborar um orçamento e passá‑lo
para a apreciação de uma instituição que não custeia determinadas pessoas ou então gastos específicos.
31
Unidade I
Já Lakatos e Marconi (1991, p. 226) dizem que no orçamento devemos responder à pergunta “com
quanto?”, se pretendemos realizar nossa pesquisa. Ao contrário de Minayo, estas autoras não destacam
que esse item é necessário apenas quando se deseja financiamento, o que nos leva a crer que para eles
o orçamento deve ser elaborado em todos os projetos de pesquisa. Lakatos e Marconi também colocam
que, para uma melhor organização dos custos, há a necessidade de separação dos gastos segundo
os itens afins. Para elas podemos separar os gastos em pessoal e material. Os gastos com pessoal
incluiriam valores destinados da seguinte forma: “do coordenador aos pesquisadores de campo, todos
os elementos devem ter computados os seus ganhos, quer globais, mensais, semanais ou por hora/
atividade, incluindo os programadores de computador” (op. cit., p. 226). Já os gastos com material
poderiam ser subdivididos em:
Mas hoje podemos substituir a datilografia pela digitação e a máquina de escrever pelo computador.
Em tese, os elementos de consumo são aqueles utilizados durante o período da pesquisa e que não são
duráveis. Os permanentes são aqueles que possuem uma durabilidade maior.
1.2.7 Bibliografia
As referências bibliográficas, ou bibliografia, são a inserção ao final do texto de todas as obras que foram
usadas na elaboração do projeto de pesquisa. Para a elaboração desse item, precisamos nos orientar pelas
disposições da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ANBT), mais especificamente, a NBR 6023:2002.
Nessas normas, estão todas as indicações sobre como inserir as referências de uma série de trabalhos. Vamos
indicar aqui os mais comuns em projetos de pesquisa e também em trabalhos de conclusão de curso.
Vamos iniciar com a citação de monografias. Segundo a NBR 6023:2002, deve ser feita da seguinte forma:
Exemplo:
KOOGAN, André; HOUAISS, Antonio (Ed.). Enciclopédia e dicionário digital 98. Direção geral de
André Koogan Breikmam. São Paulo: Delta: Estadão, 1998. 5 CD‑ROM.
32
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
ALVES, Castro. Navio negreiro. [S.l.]: Virtual Books, 2000. Disponível em: http://www.terra.com.br/
virtualbooks/freebook/port/Lport2/navionegreiro.htm>. Acesso em: 10 jan. 2002, 16:30:30.
Agora, se você leu um trecho da monografia e não o trabalho todo, precisa fazer a referência da
seguinte forma:
ROMANO, Giovanni. Imagens da juventude na era moderna. In: LEVI, G.; SCHMIDT, J. (Org.). História
dos jovens 2: a época contemporânea. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 7‑16.
O mesmo se aplica quando se usa parte de monografia em meio eletrônico, observando‑se que é
necessário também inserir o site de onde foram extraídas as informações.
A seguir, citações em periódicos, as mais comuns utilizadas para a elaboração de projetos de pesquisa.
Aqui, temos periódicos como um todo e também quando usamos apenas algumas partes e ainda partes
de periódicos inseridos em meio eletrônico.
VIEIRA, Cássio Leite; LOPES, Marcelo. A queda do cometa. Neo Interativa, Rio de Janeiro, n. 2, inverno
1994. 1 CD‑ROM.
SILVA, M. M. L. Crimes da era digital. Net, Rio de Janeiro, nov. 1998. Seção Ponto de Vista. Disponível
em: <http://www.brazilnet.com.br/contexts/brasilrevistas.htm>. Acesso em: 28 nov. 1998.
SÃO PAULO (Estado). Decreto no 42.822, de 20 de janeiro de 1998. Lex: coletânea de legislação e
jurisprudência, São Paulo, v. 62, n. 3, p. 217‑220, 1998.
BRASIL. Lei nº. 9.887, de 7 de dezembro de 1999. Altera a legislação tributária federal. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 8 dez. 1999. Disponível em: <http://www.in.gov.br/
mp_leis/leis_texto.asp?ld=LEI%209887>. Acesso em: 22 dez. 1999.
Livros completos:
URANI, A. et al. Constituição de uma matriz de contabilidade social para o Brasil. Brasília, DF: IPEA, 1994.
33
Unidade I
As normas da ABNT apresentam uma série de modelos de referências para serem usados, dependendo
da situação. Como não há como reproduzir todos os formatos contidos no documento, maiores detalhes
podem ser obtidos por meio do acesso ao documento no site elencado.
1.2.8 Anexos
Os anexos são itens que não podem ser inseridos no corpo do texto, mas que são importantes
para complementar as informações oferecidas no projeto de pesquisa. É recomendado que sejam
anexados os instrumentais que serão utilizados na pesquisa. O pesquisador pode anexar também todos
os instrumentais que considerar necessários para a melhor clarificação do que pretende com seu projeto
de pesquisa. Observe como devem ser dispostos os itens do projeto:
Anexos
Bibliografia
Custos
Cronograma
Metodologia
Base teórica,
pressupostos e
hipóteses
Justificativa
Objetivos
A orientação sobre o projeto de pesquisa inicia‑se, no curso de Serviço Social, a partir do 4º semestre,
quando o tema da elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso é posto aos alunos. Inicialmente, é
oferecida uma orientação geral sobre a elaboração ou delimitação do tema. No 5º semestre, a orientação
é voltada para a elaboração do projeto de pesquisa, e no 6º começa uma orientação mais específica que
visa revisar o projeto de pesquisa para que se dê início à elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso.
Nesse momento, já são designados orientadores específicos para acompanhar o desenvolvimento do
trabalho.
No que diz respeito ao curso de Serviço Social, é importante pontuar que essa orientação vem
também sustentada pela Lei que regulamenta a profissão de assistente social e pelo Código de Ética do
assistente social. Segundo a lei, somente assistentes sociais podem realizar essa supervisão. Veja o que
está disposto no artigo 5º da referida legislação:
34
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
Vê‑se que tanto a orientação quanto a avaliação de bancas são atribuições privativas do assistente
social, conforme posto nos parágrafos I e IX. No nosso caso ainda temos que cuidar para que as pesquisas
observem os princípios dispostos no Código de Ética do Assistente Social.
2 A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
Saiba mais
Pode ser que você tenha optado por esse tipo de pesquisa para elaborar o seu projeto e
consequentemente o seu Trabalho de Conclusão de Curso. Vamos estudar as modalidades de pesquisa
bibliográfica que mais têm sido usadas para a composição de trabalhos dessa natureza: o resumo, a
resenha e a elaboração de fichas.
Gil ainda chama a nossa atenção para o fato de que muitas pesquisas só são possíveis por meio da
análise bibliográfica, como é o caso dos estudos históricos.
Há também a pesquisa documental, que seria uma variação da pesquisa bibliográfica. Porém,
nesse caso, as fontes para a composição da pesquisa não estão restritas a obras de determinados
autores. A pesquisa documental se respalda em documentos sobre os quais ainda não foi feita uma
análise específica ou em documentos que documentos que podem ser revisados após essa análise. Nos
termos postos, “a pesquisa documental vale‑se de materiais que não receberam ainda um tratamento
analítico, ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa” (op. cit., p. 65). São
descritos como fontes de pesquisas documentais
36
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
Mas o ponto é: como sistematizar as informações obtidas por meio da pesquisa bibliográfica?
Há muitas formas, e aqui vamos estudar três delas: o resumo, a resenha e a elaboração de
fichas.
A realização de resumos e resenhas tende a facilitar em muito a elaboração dos projetos de pesquisa
e também dos trabalhos de conclusão de curso de natureza bibliográfica.
Em geral, segundo Gil, as fichas precisam ser compostas por três partes: o cabeçalho,
que deve conter o título e o subtítulo da obra; as referências bibliográficas, indicando a
fonte pesquisada; e o texto, composto pelo sumário e por uma perceptiva crítica da obra
estudada. Nas fichas de apontamento podem ser inseridos trechos da obra e ambas as fichas
precisam ser armazenadas preferencialmente no computador. Esse tipo de organização facilita
a elaboração do trabalho bibliográfico. A seguir, temos exemplos de fichas, sendo o primeiro
uma ficha bibliográfica e o segundo uma ficha documental. Cada ficha deve possuir 7,5 cm de
comprimento e 12,5 cm de largura.
37
Unidade I
Quadro 6
IANNI, Octavio. Teoria da globalização. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.
Sumário
Quadro 7
CULTURA ORGANIZACIONAL
MOTTA, Fernando C. Prestes. Cultura e organização no Brasil. In: MOTTA, Fernando C. Prestes,
CALDAS, Miguel P. (Orgs.) Cultura organizacional e cultura brasileira. São Paulo: Atlas, 1997.
“As organizações brasileiras geralmente apresentam uma distância de poder tão grande que
aprecem lembrar a distribuição de renda nacional e passado escravocrata. A forma como
trabalhadores e executivos são tratados parece, de um lado, basear‑se em controles do tipo
masculino, o uso da autoridade e, de outro, em controles de tipo feminino, o uso da sedução!”
“O jeitinho brasileiro é uma prática cordial que implica personalizar relações por meio da
descoberta de um time de futebol comum ou de uma cidade natal comum, ou ainda de um
interesse comum qualquer. É diferente da arrogância em apelar para um status mais alto de um
parente ou de um conhecido importante. Porém, as duas coisas são frequentes em nosso país e,
por vezes, aprecem habilmente combinadas” (p. 34).
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TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
3 A PESQUISA DE CAMPO
Saiba mais
Minayo (1999) nos diz que, após definidos o nosso objeto de estudo e o problema a ser
investigado, também devemos delimitar como realizaremos nossa pesquisa, sendo que, para a
autora, em Ciências Sociais, é mais comum a realização da pesquisa de campo. Dessa forma, a
pesquisa de campo é descrita pela autora como sendo formas de investigar esse objeto (op. cit.),
sendo esse o objeto que já foi delimitado pelo projeto de pesquisa. A pesquisa de campo seria
o melhor mecanismo para se alcançar os objetivos propostos pelos projetos de pesquisa. Isso
porque somente por meio dessa modalidade se torna possível o estabelecimento de uma relação
entre o pesquisador e o campo, os sujeitos vinculados ao campo e aos fenômenos a ele correlatos.
“Em nossa percepção, a relação do pesquisador com os sujeitos a serem estudados é de extrema
importância. Isso não significa que as diferentes formas de investigação não sejam fundamentais
e necessárias” (MINAYO, 1999, p. 52).
A autora diz que a pesquisa de campo é uma possibilidade de nos aproximarmos da realidade que
desejamos investigar, sendo constituído como um meio de produzir conhecimento sobre determinada
realidade. Trata‑se de um rico diálogo com a realidade (op. cit.), facilitando assim a produção de
conhecimento sobre a realidade pesquisada. Minayo destaca ainda que o campo é o espaço em que
temos a manifestação da intersubjetividade das pessoas envolvidas com a pesquisa e ainda torna possível
a interação entre o pesquisador e o objeto de estudo, ou seja, apesar de não descartar a importância
da pesquisa bibliográfica, é latente a “preferência” da pesquisadora por essa modalidade de pesquisa.
Mas, para essa aproximação à realidade do campo, é fundamental que já se tenha realizado um recorte
específico sobre a área de realização da pesquisa, delimitado no item Metodologia do Projeto de Pesquisa.
Cabe então enfatizar o recorte que o pesquisador faz em termos de espaço (op. cit.), é fundamental para
delimitar e conduzir sua pesquisa de campo.
39
Unidade I
Lembrete
Dada a relevância desse tipo de pesquisa, Minayo (1999) tece uma série de orientações sobre sua
realização, fazendo inclusive algumas indicações que precisam ser observadas.
A primeira delas é com relação à necessidade de uma aproximação cuidadosa por parte do pesquisador
à área onde a pesquisa será realizada, ou com as pessoas com as quais esta acontecerá. Orienta ainda
que essa aproximação deve acontecer de forma lenta, gradual e pautada no respeito com o campo de
pesquisa. Para essa aproximação, seria também necessário apresentar a proposta da pesquisa ao campo
onde ela irá acontecer. É preciso, sobretudo, deixar claro para os sujeitos da pesquisa quais seriam seus
objetivos e que eles não são obrigados a participar.
Isso estaria condicionado pela postura que o pesquisador assume durante a pesquisa de campo.
Ou seja, cabe a ele deixar claro ao campo da pesquisa como ela irá se desenvolver e os objetivos que
fundamentam sua realização. Ainda em relação à postura do pesquisador, Minayo (1999) indica que
nunca devemos realizar uma pesquisa já pressupondo o resultado a ser alcançado. Iniciar uma pesquisa
com conceitos preestabelecidos pode resultar em posições de superioridade, arriscando‑se inferiorizar
os demais segmentos envolvidos na pesquisa. “Esse comportamento pode dificultar o diálogo como os
elementos envolvidos no estudo na medida em que permite posicionamentos de superioridade e de
inferioridade frente ao saber que se busca entender” (op. cit., p. 56). Portanto, a conclusão da autora é
que, na realização da pesquisa de campo, é necessário um cuidado especial. A abordagem de campo exige
uma programação bem definida, bem delimitada para que seja possível se extrair todas as informações
possíveis por meio da realização da pesquisa.
Lakatos e Marconi (1991) também fazem uma série de indicações a respeito da pesquisa de campo.
Para as autoras, a pesquisa de campo acontece sempre que a produção de conhecimento precisa se
respaldar em dados colhidos no local onde os fatos pesquisados se manifestam. Ou seja, descrevem a
pesquisa de campo como
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TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
Assim, a pesquisa de campo demanda a observação de fatos que estejam relacionados ao problema
de estudo, mas demanda também a coleta de dados no campo e o registro dos dados obtidos. No
entanto, o fato de realizar a pesquisa de campo não desabona a realização de uma pesquisa bibliográfica,
aliás, recomenda‑se que a pesquisa de campo seja precedida pela realização da pesquisa bibliográfica
sobre o tema estudado. As autoras indicam ainda que nessa entrada no campo de pesquisa é necessário
que o pesquisador já tenha clareza a respeito das técnicas que serão utilizadas para a coleta de dados,
assim como a definição da amostra e as formas que serão utilizadas para registrar todas as informações
colhidas.
Mas Lakatos e Marconi (1991) entendem que há três tipos de pesquisa de campo, os quais são
denominados: qualitativo‑descritivos, exploratórios e experimentais.
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Unidade I
Antes de passar à discussão dos principais instrumentais de coleta de dados que são usados para a
realização da pesquisa de campo, vamos observar o exemplo a seguir de uma pesquisa de campo sobre
a violência doméstica.
Pesquisa nacional do DataSenado, concluída no final de fevereiro, revela que 66% das
mulheres acham que aumentou a violência doméstica e familiar contra o gênero feminino,
ao mesmo tempo em que a maioria (60%) entende que a proteção está melhor, após a
criação da Lei Maria da Penha.
Para as mulheres entrevistadas, conhecer a lei não faz com que as vítimas de agressão
denunciem o fato às autoridades. O medo continua sendo a razão principal para evitar a
exposição dos agressores, com 68% das respostas. Para 64% das mulheres ouvidas pelo
DataSenado, o fato da vítima não poder mais retirar a queixa na delegacia faz com que a
maioria das mulheres deixe de denunciar o agressor.
Entre as mulheres que afirmaram já ter sofrido algum tipo de violência e que citaram,
espontaneamente, o motivo da agressão, os mais citados foram o uso de álcool e ciúmes, ambos
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TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
com 27% cada. Os principais responsáveis pelas agressões, segundo as vítimas, foram os maridos
ou companheiros (66% dos casos). Quase a totalidade das entrevistadas, 96%, entende que a Lei
Maria da Penha deve valer também para ex‑namorado, ex‑marido ou ex‑companheiro.
A maioria das mulheres agredidas, 67%, afirma não conviver mais com o agressor. Mas
uma parte significativa, 32%, ainda convive. E destas, segundo a pesquisa, 18% continuam
a sofrer agressões. Dentre aquelas que disseram ainda viver com o agressor e ainda serem
vítimas de violência doméstica, 40% afirmaram ser agredidas raramente, mas 20% revelaram
sofrer ataques diários.
O nível de conhecimento das mulheres sobre a Lei Maria da Penha cresceu 15% nos
dois últimos anos e alcançou 98%. O levantamento também constatou que a esmagadora
maioria das entrevistadas (81%) não pensaria duas vezes para denunciar um ato de
agressão cometido contra uma mulher. Desse montante, 63% ainda procurariam uma
delegacia de polícia comum, enquanto 24% dariam preferência à delegacia da mulher.
Quem usou os serviços da delegacia especializada gostou do atendimento (54% acharam
ótimo/bom; 24% regular).
Embora seja muito alto o nível de conhecimento da lei (98%), 63% das mulheres ouvidas
consideram que apenas uma minoria denuncia as agressões às autoridades e 41% acha que
a mulher não é tratada com respeito no país. O percentual de mulheres que declararam já ter
sido vítimas de algum tipo de violência permaneceu igual ao número obtido em 2009: a cada 5
mulheres pesquisadas, uma declara já ter sofrido algum tipo de violência doméstica e familiar.
Quando questionadas sobre o que fizeram após a última agressão, nada menos que 23%
das mulheres ouvidas disseram não ter feito nada. As razões para essa atitude, segundo
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Unidade I
elas: 31% decidiram não fazer nada preocupadas com a criação dos filhos, 20% por medo
de vingança do agressor, 12% por vergonha da violência sofrida, 12% por achar que seria
a última vez, 5% por dependência financeira, 3% por acharem que não haveria punição e
17% citaram outros motivos.
Fonte: BRASIL. Senado Federal. Mulheres acham que violência doméstica cresceu. E a
proteção legal também. Brasília, 3 set. 2011. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/
noticias/dataSenado/release_pesquisa.asp?p=32>. Acesso em: 29 jul. 2013.
Exemplo de aplicação
Observando a pesquisa avalie sua importância para provocar mudanças na realidade. Argumente.
Em relação aos instrumentais de pesquisa de campo, temos que destacar que há uma variedade de
indicações que depende em grande parte dos autores, então, indicaremos a grande maioria delas com
base na bibliográfica usada. Dentre os instrumentais utilizados, vamos indicar a entrevista, a discussão
de grupo, a história de vida, a observação, o questionário e o formulário.
3.1 Entrevista
Minayo (1999) aponta que a entrevista é uma das técnicas mais utilizadas nas pesquisas em Ciências
Humanas atualmente. Para a autora, “através dela, o pesquisador busca obter informes contidos na
fala dos atores sociais” (op. cit., p. 59), visto que são informações não disponíveis em outras fontes. É
interessante ainda observarmos a definição de Gil (1999) em relação à entrevista.
Para Gil (1999), a técnica da entrevista seria um mecanismo importante ao passo que nos permite a
identificação de informações sob a perspectiva das pessoas diretamente envolvidas com os fenômenos
investigados. Portanto, trata‑se de uma “técnica por excelência na investigação social” (op. cit., p. 117).
Minayo (1999), embasando as colocações de Gil, nos diz que a entrevista não é um conversa
despretensiosa e sem objetivo, mas sim um diálogo a dois, com propósitos muito bem definidos, ao
menos da parte do entrevistador. Cervo e Bervian (1996) também reforçam essa ideia, argumentando
que a entrevista não pode ser compreendida como uma simples conversa e sim com uma técnica que
tem como objetivo “recolher, através do interrogatório do informante, dados para a pesquisa” (op. cit.,
p. 136). Para Minayo, a entrevista pode ser individual ou coletiva.
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TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
Por isso, para se desenvolver essa técnica é fundamental o domínio da linguagem e da fala. Somente
se bem executada, a entrevista “serve como um meio de coleta de informações, sobre um determinado
tema científico” (MINAYO, 1999, p. 57), ou seja, não é uma simples conversa e sim um mecanismo que,
sendo bem utilizado, colabora com a produção de conhecimento científico, no desenvolvimento do
projeto de pesquisa.
No sentido posto, para se elaborar uma boa entrevista, é necessário que sejam estabelecidos alguns
critérios, dentre os quais:
Deve ser uma intervenção com preparo e planejamento. Mas, além desses critérios, os autores ainda
indicam a necessidade de o entrevistador manter a confiança durante a realização da abordagem, além
de evitar ser inoportuno durante a aplicação dessa técnica. Outra recomendação dos autores é que o
pesquisador faça um exercício de ouvir mais do que falar, o que demanda então tempo e atenção.
Cervo e Bervian (1999) ainda indicam que o entrevistador precisa observar alguns outros aspectos:
inserir primeiro as perguntas em que não haverá dificuldade por parte do entrevistado em responder;
realizar o controle, mesmo que sutil, da entrevista; e registrar todas as informações obtidas. Por meio
da entrevista, se bem elaborada, torna‑se possível identificarmos dados objetivos e subjetivos sobre o
fenômeno estudado.
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Unidade I
Complementando a definição de Minayo (1999), Cervo e Bervian nos dizem que a entrevista tem
o potencial de captar informações que não estão postas em documentos e podem ser oferecidas
pelas pessoas. Ou seja, os seres humanos, muitas vezes detêm informações que não foram ainda
sistematizadas. Podemos dizer, então, que a entrevista, enquanto técnica de pesquisa social, possui
muitas vantagens.
Gil (1999), apesar de defendê‑la como uma das principais técnicas para a produção de conhecimento,
também identifica algumas deficiências, descrevendo‑as como limitações:
Portanto, é importante que você observe essas indicações sobre a entrevista, mensurando os prós e
os contras na utilização dessa técnica.
Minayo (1999) indica a existência de três tipos de entrevista: a estruturada, a não estruturada ou aberta e a
semiestruturada. Segundo a autora, a entrevista estruturada seria aquela em que as perguntas são previamente
elaboradas. Já a não estruturada ou aberta é aquelas em que o pesquisador aborda livremente os temas tratados
sem elaboração prévia das questões. E, por fim, a semiestruturada é aquela em que há a junção dessas duas
modalidades de entrevista, ou seja, é previamente elaborada, mas sem uma rigidez muito grande.
46
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
Gil (1999) descreve diferentes níveis em que as entrevistas podem ser divididas: informal, focalizada, por
pautas e estruturada. A entrevista informal é aquela menos estruturada possível e tem como objetivo básico a
coleta de dados para compor assim uma “visão geral do problema pesquisado” (op. cit., p. 119). Já a entrevista
focalizada é uma modalidade em que a técnica é usada de forma livre, mas com um enfoque em um aspecto
específico. A entrevista por pautas é aquela organizada de acordo com pontos de interesse para a pesquisa,
ou seja, o entrevistador solicita ao pesquisado que discorra sobre pautas específicas. A entrevista estruturada
é aquela em que há uma “relação fixa de perguntas, cuja ordem e redação permanece invariável para todos os
entrevistados e que geralmente são em grande número” (op. cit., p. 121), sendo, portanto, nos termos do autor,
a modalidade de entrevista mais adequada para a realização de levantamentos sociais. A entrevista estruturada
demanda a elaboração de perguntas previamente fixadas e possui baixos custos, podendo ser realizada por meio
de questionário ou formulário. Gil chega a propor orientações para a elaboração de um roteiro de entrevista:
Para você que indicou em seu projeto de pesquisa a realização de entrevista, recomendamos que
observe com especial atenção as indicações contidas nesse campo e que busque realizar a entrevista da
forma mais próxima possível ao que foi aqui descrito.
A discussão de grupo, para Minayo (1999), é uma modalidade de entrevista, porém, nesse caso,
acontece por meio de uma ou mais sessões. Nelas, é comum a abordagem em grupos de 6 a 12 pessoas,
com um animador para controlar esse processo de discussão. “O papel desse animador não se restringe
meramente ao aspecto técnico. A relevância de sua atuação está na capacidade de interação com o
grupo e de coordenação da discussão” (MINAYO, 1999, 58).
47
Unidade I
A história de vida é também descrita por Minayo (1999) como uma alternativa de pesquisa
complementar a entrevista e a observação. É descrita pela autora como uma técnica em que o
pesquisador precisa “retratar as experiências vivenciadas, bem como definições fornecidas por pessoas,
grupos, organizações” (op. cit., p. 58).
Segundo Minayo, pode assumir duas modalidades: completa e tópica. Na história de vida completa, é
realizada uma recuperação de todo o conjunto da experiência de vida relacionado ao tema da pesquisa.
Já a história de vida tópica é aquela em que a pesquisa se focaliza em uma determinada etapa ou setor
que tenha mais relação com a pesquisa realizada.
3.4 Observação
Além da entrevista, podemos dizer que a observação é também uma das técnicas mais utilizadas
em pesquisa de campo. Provavelmente devido a isso, teremos muitas informações, partindo de
diversos teóricos que se debruçaram para estudar e teorizar sobre essa técnica. Assim, Minayo (1999)
descreve a observação com o termo “observação participante”. Nessa modalidade de pesquisa de
campo, temos o contato direto do pesquisador com o fenômeno estudado, muitas vezes enquanto o
fenômeno está acontecendo. No contexto desse tipo de pesquisa, o pesquisador assume o papel de
observador, sendo que ele, como “parte do contexto de observação, estabelece uma relação face a
face com os observados. Nesse processo, ele, ao mesmo tempo, pode modificar e ser modificado pelo
contexto” (op. cit., p. 59).
Por meio da observação é possível que o pesquisador identifique outros fatos não percebidos por
meio da entrevista. Note‑se que, para Minayo, a observação pode complementar a pesquisa realizada
com base em outros instrumentais afins. Dessa forma, é possível que o pesquisador tenha participação
plena nos eventos relacionados à pesquisa, ou seja, pode contemplar muitos outros aspectos que são
importantes para a delimitação do tema estudado. Mas essa participação plena merece cuidado porque
corremos o risco de achar que sabemos tudo sobre o assunto, o que pode prejudicar a pesquisa.
Sobre a observação participante, Minayo ainda recomenda que o pesquisador precisa deixar
extremamente claro para os sujeitos entrevistados o formato em que a pesquisa irá acontecer. Essa
observação pode inclusive acontecer diariamente, desde que seja assim acordado entre o pesquisador
e os envolvidos com a pesquisa.
Gil (1999) diz que a observação é uma técnica importantíssima, imprescindível para a coleta de
dados em projetos de pesquisa que assumam a pesquisa de campo como modalidade de produção do
conhecimento científico. Por meio da observação, segundo o autor torna‑se possível identificar os fatos
que estão relacionados ao objeto estudado. Esses fatos seriam percebidos diretamente e sem interferência
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TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
de outros fenômenos já que, nessa modalidade de pesquisa, o observador tem contato direto com os
fatos relacionados à pesquisa. O autor entende que a presença do pesquisador no campo de pesquisa
pode influenciar determinados fenômenos ou comportamentos que estão sendo pesquisados, mas, em
tese, nesse tipo de pesquisa, não temos a influência de aspectos externos ao fenômeno estudado.
Para a utilização da observação em uma pesquisa, precisamos considerar se: “a) serve a um objetivo
formulado de pesquisa; b) é sistematicamente planejada; c) é submetida a verificação e controles de
validade e precisão” (GIL, 1999, p. 110). Assim, não podemos realizar a observação simplesmente por
realizar e temos que considerar se a mesma irá auxiliar na compreensão do tema estudado. Precisamos
ainda avaliar a necessidade de planejamento prévio da observação, e também se mostra necessário
checar se os objetivos postos pela observação foram ou não alcançados.
Gil também nos diz que a observação pode assumir as seguintes formas: simples, participante e
sistemática.
A observação simples é também denominada pelo autor como observação reportagem. Nessa
modalidade, o pesquisador permanece alheio ao grupo ou fenômeno observado. É uma observação
espontânea e que exige um mínimo de controle por parte do pesquisador para a obtenção dos dados.
Como tal, demanda a realização da análise dos dados. Gil indica as principais vantagens e desvantagens
dessa forma de observação. Como vantagens, aponta que:
O autor diz que esse tipo de observação é indicado para fatos públicos, porém, como não exige
uma estrutura rígida, não é adequado para checar hipóteses de pesquisa. Deve‑se ainda considerar
quais sujeitos farão parte da pesquisa, qual será o cenário de realização da observação, como é o
49
Unidade I
comportamento estabelecido entre as pessoas observadas, sendo que todos os aspectos em questão
precisam ser registrados.
A observação participante, de acordo com Gil, se constitui como aquela em que há “participação
real do conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma situação determinada”, sendo que
o observador assume o “papel de um membro do grupo” (op. cit., p. 113). A produção do conhecimento
acontece por meio da integração do pesquisador ao meio onde a observação irá acontecer. Essa
integração assume, para Gil, dois formatos, sendo esses o natural e o artificial. O natural acontece
quando o observador pertence à comunidade onde a pesquisa vai acontecer, enquanto o artificial
acontece quando o observador se integra para a realização da pesquisa.
Também é necessário que o pesquisador defina as categorias de análise e registre todas as informações
que foram alcançadas por meio da pesquisa.
3.5 Questionário
Cervo e Bervian (1996) colocam que o questionário também é um instrumental muito utilizado
para ampliar a pesquisa de campo, para a coleta de dados e outras informações sobre o tema estudado.
Basicamente, o questionário é composto por meio da elaboração de uma série de questões que estão
relacionadas ao tema da pesquisa, ao problema que foi elencado para ser resolvido pela pesquisa. Para
esses autores, o questionário deve ser elaborado por meio de questões de natureza impessoal e deve
proporcionar também a garantia do anonimato dos entrevistados. Isso facilita a realização de uma
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TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
exposição real de opiniões já que o anonimato protege o entrevistado ao declarar suas opiniões. O
questionário pode ser elaborado com questões abertas e fechadas, sendo que as questões abertas são
as que permitem uma resposta livre, enquanto as fechadas demandam uma resposta precisa. Essas
questões precisam ser muito bem elaboradas, sobretudo porque nem sempre o pesquisador consegue
aplicar o questionário e dirimir as dúvidas que possam surgir durante o seu preenchimento.
Sendo que o autor nos diz que o questionário é um bom instrumento, porque nos permite alcançar
um número elevado de pessoas, além de implicar menos custos para ser realizado e garantir o anonimato
dos que participam da pesquisa. O autor ainda nos diz que o questionário é um instrumental flexível
porque pode ser preenchido quando o entrevistado preferir.
Gil (1999) também indica a realização de questões fechadas e abertas. Mas o autor indica ainda a
elaboração de questões dependentes. Nas questões fechadas, “apresenta‑se ao respondente um conjunto
de alternativas de resposta para que seja escolhida a que melhor representa sua situação ou ponto de
vista” (op. cit., p. 129‑130). Já nas questões abertas “apresenta‑se a pergunta e deixa‑se um espaço em
branco para que a pessoa escreva sua resposta sem qualquer restrição” (op. cit., p. 131). As questões
dependentes são aquelas em que “uma questão depende da resposta dada a uma outra denominada
dependente” (op. cit., p. 131).
Gil (1999) indica ainda a necessidade de, após sua elaboração, o questionário ser aplicado em
pré‑teste e indica a necessidade de tabulação dos dados obtidos, assim como a exposição dos dados por
meio de uma análise do conhecimento que foi produzido.
3.6 Formulário
O formulário é descrito por Cervo e Bervian como “uma lista formal, catálogo ou inventário,
destinado à coleta de dados resultantes quer de observações, quer de interrogações, cujo
preenchimento é feito pelo próprio investigador” (1996, p. 139). Os questionários demandam
a assistência direta do pesquisador para serem preenchidos. Esses instrumentais precisam
ser aplicados a grupos heterogêneos e também demandam a codificação e tabulação das
informações obtidas.
Concluímos assim os instrumentais que podem ser usados na pesquisa de campo e então vamos
agora estudar o modelo de projetos de pesquisa da Universidade Paulista, assim como os mecanismos
que devem ser adotados para o desenvolvimento de pesquisas com seres humanos.
51
Unidade I
Vamos discutir o modelo institucional para a elaboração de projetos de pesquisa, sobretudo aqueles
projetos que serão desenvolvidos com base em pesquisas com seres humanos ou documentos e que,
portanto, devem ser submetidos ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Paulista. Todas as
informações constam no site da Universidade Paulista. Disponível em: <http://www3.unip.br/default.
asp>. Acesso em: 29 jul. 2013.
Figura 4
Nessa tela, você deverá clicar em “Pesquisas” e então acessar o link “Comitê de Ética em Pesquisa”.
Figura 5
52
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
Figura 6
Nessa tela, teremos explicações sobre o Comitê de Ética em Pesquisa e as opções “Pesquisas
envolvendo seres humanos” e “Pesquisas envolvendo animais”. No caso do Serviço Social o que temos é
a opção “Pesquisas envolvendo seres humanos”. Clicando nessa opção, será aberta a tela:
Figura 7
53
Unidade I
É também nessa tela que, acessando o link “Documentos Necessários”, poderemos ter informações
sobre todos os documentos que precisam ser providenciados por alunos e orientadores e sobre sua
submissão ao Comitê de Ética. Clicando em “Documentos Necessários”, será aberta a tela:
Documentos Necessários
Pesquisa envolvendo seres humanos
Atenção: novos procedimentos para a submissão de projetos ao Comitê de Ética
em Pesquisa da UNIP.
A forma de submissão de projetos iniciais para análise do sistema CEP/CONEP passa a ser
a Plataforma Brasil (a base nacional e unificada de registros de pesquisas envolvendo seres
humanos). Sendo assim, o pesquisador deverá acessar a plataforma supracitada, cadastrar
o seu projeto para análise do CEP Universidade Paulista – UNIP.
Informação importante: favor consultar o calendário de reuniões do CEP antes de
submeter o seu projeto na Plataforma Brasil.
Observe as seguintes regras:
• O projeto deverá ser cadastrado com, no máximo, 30 dias entre as reuniões. Por
exemplo: se a reunião for dia 09 de fevereiro, o primeiro dia possível para cadastrar
o projeto na Plataforma Brasil será dia 09 de janeiro. Portanto, o projeto não poderá
ser cadastrado antes do dia 09 de janeiro, pois correrá o risco de ter o prazo expirado
e ser cancelado.
Se a pesquisa for realizada em outra Instituição, deverá constar o CNPJ desta. Esta será
a COPARTICIPANTE e a pessoa responsável deverá datar e assinar. Ex: prefeitura, creche,
hospital etc.
Obs.: para os cursos em EAD o documento deve ser assinado pelo coordenador do curso
no campus sede – Cidade Universitária/Marginal Pinheiros).
Observação
Na mesma página do site da Universidade Paulista, temos as informações sobre quais documentos
precisam ser providenciados para que a pesquisa seja submetida ao Comitê de Ética:
55
Unidade I
4.3 Material e métodos (descrição detalhada dos métodos da pesquisa, dos materiais
e equipamentos a serem utilizados, da coleta e análise de dados, da natureza e
tamanho da amostra, das características dos sujeitos, dos critérios de inclusão e
exclusão, da duração do estudo e do local da pesquisa);
4.5 Os resultados obtidos com a pesquisa deverão se tornar públicos, sejam favoráveis
ou não.
5. Verifique a seguir quais dos termos você deverá utilizar em seu projeto. Leia
atentamente, preencha os campos cinza de acordo com o que está sendo solicitado
e apague as instruções dentro destes mesmos campos, pois estas instruções não são
deletadas automaticamente. Todos os termos devem ser assinados pelo pesquisador
responsável (conforme a Folha de Rosto).
Para análise do CEP, NÃO citar o(s) nome(s) do(s) sujeito(s) da pesquisa. Favor
deixar em branco. Seguem os modelos:
Sendo que a carta de apresentação deve ser assinada pelo pesquisador responsável que, no
caso da graduação, é o orientador do projeto de pesquisa. Nela, devem constar os nomes de todos
56
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
os pesquisadores, incluindo assim os nomes dos alunos. Já a Carta de Intenção da Pesquisa deve ser
assinada por um representante da instituição onde a pesquisa irá acontecer. Nesse caso, os documentos,
após assinados, devem ser digitalizados e inseridos como anexo no site da Plataforma Brasil.
Saiba mais
Sistematizando o que foi apontado, é preciso indicar que os projetos de pesquisa que serão realizados
por meio de Revisão de Literatura não precisam ser submetidos ao Comitê de Ética. Já os que irão
recorrer a pesquisas com seres humanos precisarão ser avaliados pelo referido Comitê, demandando
então a elaboração da documentação em questão.
57
Unidade I
Resumo
Nessa unidade, retomamos alguns conceitos relacionados à pesquisa
científica. Dessa forma, começamos nossos estudos refletindo sobre as
diversas modalidades de pesquisa científica em pesquisa social, de acordo
com uma série de teóricos que hoje são referência na compreensão da
produção de conhecimento.
Isso foi realizado para que você pudesse rever seu projeto de pesquisa
e definir sobre qual enfoque irá organizá‑lo e consequentemente o seu
Trabalho de Conclusão de Curso. Caso você ainda não tenha iniciado a
elaboração de seu projeto de pesquisa solicitamos que o faça considerando
58
TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
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