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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

GUSTAVO AURELIO CIFUENTES

REVISÃO DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE FISSURAÇÃO EM EDIFÍCIOS


EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Joinville
2017
GUSTAVO AURELIO CIFUENTES

REVISÃO DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE FISSURAÇÃO EM EDIFÍCIOS


EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Trabalho apresentado à disciplina de Pro-


jeto de Alvenaria Estrutural, como parte dos
requisitos necessários à obtenção de nota.

Joinville
2017
RESUMO

A alvenaria estrutural é uma das mais antigas práticas construtivas de que se


tem notícia, ainda que, em tempos remotos, seu uso fosse simplesmente empírico.
Com o desenvolvimento de cálculos e normas específicos, seu uso ganhou ainda
mais popularidade, tendo em vista os diversos benefícios que pode propiciar tanto ao
construtor como ao usuário, tais como maior velocidade de execução, racionalização
do canteiro de obras, economia e bom desempenho térmico e acústico. Entretanto,
tal sistema construtivo, requer projeto com alto grau de detalhamento e especificação
de materiais, boas práticas executivas e uso de materiais de alta qualidade. O não
atendimento de um ou mais desses fatores ou, ainda, a falta de manutenção das
edificações pode ocasionar patologias. Dentre elas, destacam-se as fissuras, que
podem ter diversas origens e causar maiores ou menores danos à edificação. Estre
trabalho buscou fazer uma revisão bibliográfica das principais manifestações de fissuras
em edifícios de alvenaria estrutural, bem como suas causas, como identificá-las e
algumas medidas preventivas e corretivas a serem adotadas.

Palavras-chave: alvenaria estrutural, patologias, fissuras, medidas preventivas,


medidas corretivas.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fissuras causadas por recalque diferencial . . . . . . . . . . . . . . 9


Figura 2 – Fissuras verticais causadas por carregamento uniformemente distri-
buído . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Figura 3 – Fissuração por carga concentrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Figura 4 – Fissuras em aberturas por acúmulo de tensão . . . . . . . . . . . . 11
Figura 5 – Fissuras horizontais por dilatação da laje de cobertura . . . . . . . . 12
Figura 6 – Fissura vertical causada por dilatação térmica . . . . . . . . . . . . 13
Figura 7 – Fissuras inclinadas por movimentação térmica . . . . . . . . . . . . 13
Figura 8 – Fissuras mapeadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Figura 9 – Fissuras por retração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Causas Patogênicas em Edificações no Mundo . . . . . . . . . . . . 7


Tabela 2 – Medidas Preventivas na Fase de Projeto . . . . . . . . . . . . . . . 16
Tabela 3 – Medidas Preventivas Durante a Execução . . . . . . . . . . . . . . . 17
Tabela 4 – Medidas Corretivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2 O CONCEITO DE PATOLOGIA EM EDIFICAÇÕES . . . . . . . . . . 7

3 FISSURAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3.1 Fissuras por Recalque Diferencial de Fundações . . . . . . . . . 8
3.2 Fissuras por Sobrecarga do Carregamento . . . . . . . . . . . . . 10
3.3 Fissuras por Movimentação Térmica . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3.4 Fissuras na Argamassa por Reações Químicas . . . . . . . . . . 14
3.5 Fissuras por Retração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

4 MEDIDAS PREVENTIVAS E DE CORREÇÃO . . . . . . . . . . . . 16

5 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
6

1 INTRODUÇÃO

A alvenaria estrutural é uma das formas de construir mais antigas utilizadas


pelo homem. Entretanto, até o início do século XX, era executada de forma totalmente
empírica, apresentando blocos de grande espessura, devido ao desconhecimento das
propriedades dos materiais e de procedimentos racionais de cálculo (SILVA, 2013).
Entretanto, por volta da década de 1950, surgem no cenário internacional
normas que permitiam calcular a espessura adequada de paredes e a resistência das
alvenarias, baseadas, em grande parte, em experimentos de laboratório. No Brasil, a
técnica passou a ser utilizada em meados dos anos 1960, principalmente com blocos
de concreto, baseando-se em procedimentos norte-americanos (LIMA; BEM, 2016).
O conceito de alvenaria pode ser definido, segundo Silva (2013, p. 16) como:

o conjunto de peças justapostas colocadas em sua interface, por uma


argamassa apropriada, formando um elemento vertical coeso. Este
conjunto coeso serve para vedar espaços, resistir a cargas oriundas
da gravidade, promover segurança, resistir a impactos, à ação do fogo,
isolar e proteger acusticamente os ambientes, contribuir para a manu-
tenção do conforto térmico, além de impedir a entrada de vento e chuva
no interior dos ambientes.

Já alvenaria estrutural é um processo construtivo em que as paredes de alve-


naria e as lajes enrijecedoras funcionam estruturalmente substituindo pilares e vigas
e devem ser dimensionados de acordos com métodos racionais e de alto grau de
confiabilidade. Podem ser utilizados ainda, durante a execução, o groute e barras de
aço, para o caso de alvenaria estrutural armada (SILVA, 2013).
De acordo com Lima e Bem (2016, p. 10) :

O sistema construtivo em alvenaria estrutural quando bem projetado


implica em racionalização, em outras palavras, ganho em rapidez, di-
minuição de desperdícios e custo competitivo, além de ser conhecida
como durável, esteticamente agradável e de bom desempenho termo
acústico. Devido a racionalização de material, rapidez na execução,
economia no custo da obra, menor diversidade de materiais e fácil coor-
denação e controle do processo de execução dos empreendimentos, as
construtoras de pequeno, médio e grande porte, optaram em passar a
utilizar como método construtivo de seus projetos a alvenaria estrutural.

Segundo Dalbone (2010), tal sistema se apoia em alguns princípios básicos:


a qualidade dos blocos, da argamassa e da mão-de-obra, o nível de detalhamento
dos projetos e a compatilização dos mesmos. Assim, manifestações patológicas estão,
normalmente, ligadas à falhas em um ou mais desses princípios e à falta de manutenção
da edificação.
Silva (2013) ressalta a importância de se ter conhecimento sobre patologias
em edificações, uma vez que apenas dessa forma é possível identificá-las, tratá-las
e previni-las. Ainda, quanto maior a responsabilidade do profissional na construção,
maior deve ser seu conhecimento sobre possíveis anomalias.
7

2 O CONCEITO DE PATOLOGIA EM EDIFICAÇÕES

De acordo com Oliveira et al. (2016) patologia de um prédio é o estudo das


patogenias ocorrentes no edifício, buscando o tratamento adequado das mesmas pois,
durante sua evolução, tendem a deteriorar a parte afetada, podendo causar sua ruptura.
De modo geral, as patologias podem ser atribuídas a falhas de projeto, execução,
manutenção ou materiais de baixa qualidade. A Tabela 1 mostra, em porcentagem, as
principais causas de patologias em edificações no mundo:

Tabela 1 – Causas Patogênicas em Edificações no Mundo

País Projeto (%) Materiais (%) Execução (%) Utilização (%)

Inglaterra 49 11 29 10

Alemanha 40 14 29 9

Bélgica 46 15 22 8

França 37 5 51 7

Espanha 32 16 39 13

Brasil 18 7 51 13

Fonte: Oliveira et al. (2016).

Lima e Bem (2016) destacam que diversos fatores podem contribuir para o
surgimento de anomalias em obras com alvenaria estrutural, tais como:

• Qualidade dos blocos: resistência à compressão abaixo do especificado, dimen-


sões incorretas, porosidade e acabamento superficial;

• Argamassa de assentamento: resistência à compressão abaixo do


especificado, retenção de água e retração;

• Recalques diferenciados em fundações;

• Movimentações higroscópicas;

• Movimentações térmicas;

• Eflorescências decorrentes de depósitos salinos na superfície de alvenarias;

• Infiltrações de água através de fissuras;

• Infiltração de água pelos componentes da alvenaria.


8

3 FISSURAS

Dentre as diversas manifestações patológicas que afetam uma edificação, as


fissuras possuem papel de destaque, já que podem servir como alerta para um even-
tual dano grave à estrutura, comprometer o uso da edificação (por questões de se-
gurança estrutural, estanqueidade, conforto térmico, etc.) e causar sensações de
desconforto aos usuários (LIMA; BEM, 2016).
Segundo Silva (2013, p. 52):

A fissura é originada devido a atuação de tensões nos materiais. Quando


a solicitação é maior do que a capacidade de resistência do material,
a fissura tem a tendência de aliviar estas tensões. Quanto maior for a
restrição impostas ao movimento dos materiais, e quanto mais frágil ele
for, mais significativas serão a intensidade e a magnitude da fissuração.

As características da fissura, como sua inclinação, espessura, espaçamento e a


época em que surgiu podem ajudar a determinar a origem da anomalia (DALBONE,
2010).
De acordo com Bauer (2006, p. 3):

Considerando-se as diferentes propriedades mecânicas e elásticas dos


constituintes da alvenaria, e em função das solicitações atuantes, as
fissuras poderão ocorrer nas juntas de assentamento (argamassa de
assentamento vertical ou horizontal) ou seccionar os componentes da
alvenaria (blocos vazados de concreto).

3.1 Fissuras por Recalque Diferencial de Fundações

Para Silva (2013) o recalque diferencial de fundações é o mais grave causador de


fissuras em alvenarias, pois é um problema que engloba toda a estrutura da edificação
e que com o passar do tempo, pode comprometer a estabilidade da mesma e colocar
em risco a vida dos usuários. Ainda segundo o autor, as principais causas de recalques
são:

• Rebaixamento do Lençol Freático - Caso haja presença de solos compressíveis,


pode ocorrer redução das pressões neutras, independente da aplicação de
carregamentos externos;

• Solos colapsáveis e expansivos – Para o primeiro, solos de elevadas porosida-


des, quando entram em contato com a água, sofrem a destruição da cimentação
intergranular, resultando em um colapso súbito deste solo. Para o segundo, a
presença do argilo-mineral montmorilonita condiciona a expansão (ou retração)
do solo quando da variação do seu grau de saturação;

• Escavações em áreas adjacentes à fundação (túneis, trincheiras, etc.) – Em al-


guns casos, mesmo sob a presença de contenções, podem ocorrer movimentos,
ocasionando recalques nas edificações vizinhas;

• Vibrações - Oriundas da operação de equipamentos como: bate-estacas, rolos


compactadores vibratórios, tráfego viário, explosões, etc.
9

• Árvores - Crescimento de árvores em solos argilosos.

Lima e Bem (2016, p. 31) ressaltam que:

Para prevenção da fissuração por recalques diferenciados, na concep-


ção do projeto de fundações, além de conhecer as cargas que irão atuar
na estrutura, deve-se ter, no mínimo, conhecimento sobre as proprie-
dades do solo e se haverá influência do nível do lençol freático, dados
que podem vir a ser coletados com um simples ensaio de sondagem
SPT de reconhecimento. A partir dos resultados obtidos será possível
realizar a escolha mais sensata do perfil de fundação a ser executada.

As fissuras de tal natureza apresentam-se, em geral, na diagonal (aproximada-


mente 45°), na direção do ponto de maior recalque e sua espessura pode variar. Além
disso, concentram-se, principalmente, nos pavimentos inferiores, mas podem chegar
aos pavimentos superiores se a intensidade do recalque for elevada (OLIVEIRA et al.,
2016).
A Figura 1 mostra algumas configurações de fissuras ocasionadas por recalque
diferencial.
Figura 1 – Fissuras causadas por recalque diferencial

Fonte: Lima; Bem (2016).


10

3.2 Fissuras por Sobrecarga do Carregamento

As fissuras ocasionadas por sobrecargas podem se manifestar em trechos


contínuos de alvenaria solicitados por carregamentos uniformemente distribuídos, por
cargas pontuais ou até mesmo por acúmulo de tensões em aberturas de portas e
janelas (LIMA; BEM, 2016).
De acordo com (LIMA; BEM, 2016) as fissuras originadas por carregamentos
uniformemente distribuídos podem ser tanto verticais quanto horizontais. As verticais
são causadas pela deformidade transversal da argamassa quando ocorrem ações
das tensões de compressão, ou da flexão local de elementos de alvenaria. Jás as
horizontais são oriundas do rompimento dos blocos ou da própria argamassa por
compressão ou até mesmo por solicitações de flexocompressão da parede. A Figura 2
ilustra as fissuras verticais causadas por esforços uniformemente distribuídos.

Figura 2 – Fissuras verticais causadas por carregamento uniformemente distribuído

Fonte: Silva (2013).

As trincas causadas por cargas pontuais surgem a partir do ponto de aplicação


da força e são geralmente inclinadas. Caso a solicitação seja muito grande, pode haver
ainda o esmagamento dos blocos na região. A figura 3 mostra as fissuras causadas
por cargas concentradas.
11

Figura 3 – Fissuração por carga concentrada

Fonte: Silva (2013).

Já as fissuras ocorrentes por acúmulo de tensões em vãos de portas e janelas


são inclinadas e partem dos cantos das aberturas. Esse tipo de trinca surge pela
ausência ou dimensionamento não adequado de vergas e contravergas (LIMA; BEM,
2016).
A Figura 4 ilustra as trincas que ocorrem nas aberturas.

Figura 4 – Fissuras em aberturas por acúmulo de tensão

Fonte: Silva (2013).


12

3.3 Fissuras por Movimentação Térmica

De acordo com Silva (2013) as propriedades físicas dos materiais e o gradiente


de temperatura influenciam diretamente nas movimentações térmicas de um elemento
estrutural. Entretanto, ainda que o coeficiente de dilatação do mesmo seja conhecido, a
variação de temperatura é difícil de ser mensurada em projeto, pois depende da cor, da
localização, da exposição ao sol, da orientação e dos fatores climáticos da região onde
o empreendimento se localizará. Ainda segundo o autor, as principais movimentações
que ocorrem são:

• Na junção de materiais com diferentes coeficientes de dilatação térmica, sus-


ceptíveis às mesmas variações de temperatura, como a argamassa de assenta-
mento e componentes de alvenaria;
• Na exposição de elementos a diferentes solicitações térmicas naturais (por
exemplo, cobertura em relação as paredes da edificação);
• No gradiente de temperatura ao longo de um mesmo componente (por exemplo,
gradiente entre a face exposta e a face protegida de uma laje de cobertura).

As fissuras causadas por dilatação ou contração térmica podem ser horizontais,


verticais ou incinadas, dependendo de sua origem. As trincas horizontais originam-
se principalmente em lajes planas de cobertura, mais expostas à luz solar e majoradas
pelos diferentes coeficientes de dilatação entre o concreto da laje e a alvenaria das
paredes. A formação de tensões oriundas da variação de temperatura causa curvatura
da superfície e variação dimensional do plano da laje, que são responsáveis por
transmitir tensões de tração e cisalhamento à alvenaria, podendo causar a ruptura
dos blocos (LIMA; BEM, 2016). A Figura 5 ilustra o processo de dilatação da laje e
surgimento de fissuras horizontais na alvenaria.

Figura 5 – Fissuras horizontais por dilatação da laje de cobertura

Fonte: Silva (2013).


13

Já em painéis longos, a ausência de juntas de dilatação levam ao surgimento


de concentração de tensões de tração, ocasionando o surgimento de fissuras verticais,
como mostra a Figura 6 (OLIVEIRA et al., 2016).

Figura 6 – Fissura vertical causada por dilatação térmica

Fonte: Lima, Bem (2016).

A formação de fissuras inclinadas por movimentação térmica, segundo Lima e


Bem (2016, p. 28):

é gerada em decorrência das dimensões da laje, da presença de abertu-


ras nas paredes e do grau de engastamento, podendo-se formar trincas
nos cantos extremos da alvenaria, obtendo como característica principal
inclinação aproximada de 45° em direção a laje.

A Figura 7 ilustra tal situação.

Figura 7 – Fissuras inclinadas por movimentação térmica

Fonte: Lima; Bem (2016).


14

3.4 Fissuras na Argamassa por Reações Químicas

As causa mais comuns de fissuras por reação química são a retração e a


expansão da argamassa de assentamento, causada principalmente pela hidratação
retardada de cales e pela reação do cimento com sulfatos. Essa expansão gera o
surgimento de trincas no revestimento, que acompanham as juntas de assentamento
dos blocos. Estas fissuras ocorrem, principalmente, nas fachadas, devido à presença
de umidade oriunda da infiltração das chuvas e tem como principal carecterística a
horizontalidade, sendo também conhecidas como fissuras mapeadas (SILVA, 2013). A
Figura 8 traz um exemplo dessa anomalia.

Figura 8 – Fissuras mapeadas

Fonte: Silva (2013).

3.5 Fissuras por Retração

A retração é fruto da perda da água que está quimicamente associada dentro


do concreto e pode ser influenciada pelas condições de cura, tipo e composição do
cimento, natureza e granulometria dos agregados e relação água/cimento adotada no
traço (SILVA, 2013).
Ainda segundo Silva (2013, p. 66):

As fissuras nas alvenarias devido à retração podem ser causadas pela


retração dos blocos de concreto, da junta de argamassa, ou pela movi-
mentação por retração de outros elementos construtivos, como lajes. As
fissuras horizontais são as mais comuns, e são provenientes da contra-
ção das lajes. Geralmente este tipo de fissura se localiza principalmente
nos últimos pavimentos, porém pode se manifestar nos pavimentos
intermediários.
Alvenarias localizadas nos últimos andares são mais susceptíveis a
serem atingidas pela retração das lajes, pois este fenômeno esta associ-
ada com movimentos causados por variações térmicas. As fissuras nas
alvenarias também podem surgir na base da parede, através de com-
binação da retração da laje, e expansão da alvenaria. Além disso, as
fissuras por retração podem se manifestar de forma vertical devido à
retração da alvenaria de blocos de concreto. Neste caso, a abertura no
topo é mais saliente e se reduz a medida que se aproxima da base.

A Figura 9 ilustra fissuras típicas causadas por retração.


15

Figura 9 – Fissuras por retração

Fonte: Silva (2013).


16

4 MEDIDAS PREVENTIVAS E DE CORREÇÃO

Diversas ações podem ser tomadas para evitar-se o aparecimento de fissuras


em alvenaria e devem ser tomadas, preferencialmente, ainda na fase de projeto. Caso
as fissuras surjam, existem medidas que podem corrigi-las, caso verificadas ainda em
estágio não muito avançado. A Tabela 2 traz algumas medidas preventivas a serem
adotadas durante a fase de projetos para evitar o surgimento de fissuras.

Tabela 2 – Medidas Preventivas na Fase de Projeto

Fissuras em A união entre paredes estruturais deve ser feita por


encontros de interpenetração ou por reforço metálico.
paredes

Fissuras nas Devem ser previstas as execuções de vergas e contravergas


proximidades de em todas as aberturas.
aberturas

Deve-se especificar a desvinculação da laje com as paredes


Fissuras por através de apoios deslizantes, prever um sistema de
movimentação da ventilação entre laje e telhado e o uso de mantas de
laje isolamento térmico.

Os materiais devem ser corretamente especificados,


Especificação dos informando-se as resistências à compressão de blocos,
materiais argamassas e grautes, bem como as classes e bitolas de
aço, caso utilizado.

As prumadas elétricas e hidráulicas não podem ser


embutidas nas paredes de alvenaria estrutural, devendo
estar, preferencialmente, embutidas em “shafts” verticais,
especificamente projetados para esta finalidade. Nas
paredes de vedação admite-se o embutimento de prumadas,
devendo, no entanto, prever-se detalhes construtivos em
Compatibilização
projeto que evitem fissuras nos revestimentos. As prumadas
de projetos
de gás, quando embutidas, devem estar posicionadas em
paredes de vedação, ou em enchimentos externos às
paredes estruturais. Todas essas informações devem ser
previstas na fase de projeto para evitar problemas na
execução ou na utilização da edificação.

Fonte: Oliveira et al. (2016).

A Tabela 3 mostra algumas medidas a serem tomadas durante a execução da


edificação, visando impedir o surgimento de trincas.
17

Tabela 3 – Medidas Preventivas Durante a Execução

Para boa execução, é necessário o desenvolvimento de um


projeto que especifique com precisão a posição dos blocos,
Projeto executivo as técnicas de união entre paredes, amarração entre fiadas,
os detalhes construtivos, posição e características dos vãos,
especificações de materiais.

Para o assentamento da alvenaria é necessário que as bases


de concreto estejam niveladas e adequadamente resistentes.
Assentamento dos
É proibida a execução de alvenaria diretamente sobre
blocos
baldrames, sem que o piso do térreo esteja executado.

A execução da alvenaria não pode ser feita com chuva. No


caso de interrupção do serviço por chuva, a alvenaria recém
Execução em
assentada deverá ser protegida para que os vazados não
caso de chuva
sejam cheios de água.

As paredes de alvenaria somente poderão ser executadas


com blocos inteiros. Não se admite corte o quebra de blocos
Corte dos blocos para obtenção de “peças de ajuste”. Pode-se utilizar peças
pré-fabricadas, para tal finalidade, previstas no projeto de
produção e obtidas mediante condições controladas.

O armazenamento correto dos materiais é outro fator de


grande importância na segurança estrutural. Deve-se
desenvolver um controle de estoque de blocos, argamassas,
Armazenamento
grautes e demais materiais quem interferem na resistência da
alvenaria.

Fonte: Oliveira et al. (2016).

A Tabela 4 apresenta algumas medidas de correção para fissuras já existente.


18

Tabela 4 – Medidas Corretivas

Um método bem tradicional que consiste na remoção do material


Desmonte e constituinte da parede na zona degradada, e na reconstrução
reconstrução dessa mesma zona usando, se possível, os elementos removidos
de outro local, semelhantes aos originais.

Um das técnicas mais utilizadas na atualidade. É uma solução


recomendada para alvenarias que careçam de reforço para
conter fissuras oriundas de problemas estruturais ou em relação
a qualquer mecanismo que interfira em suas propriedades
mecânicas, como exemplo ações sísmicas, degradações por
fatores ambientais e fendilhação. A ideia de se incorporar telas ao
reboco/emboço é semelhante a do concreto armado, quando se
Reboco
incrementa capacidade resistiva da peça, aumentando sua
armado e
eficiência nos esforços de tração e, obviamente, quando se tratar
argamassa
de tela de aço soldada, eleva-se também a resistência à
armada
compressão.Para execução do reparo a fissura deve ser
preenchida com pasta de cimento e após receber o elemento de
reforço, seja tela de aço, redes de fibra de vidro ou fibra de
carbono. O novo revestimento deve conter pequena espessura,
porém, o suficiente para proteger a armadura de corrosão. A
desvantagem vista nesse reparo é de uma possível alteração
estética.

Consiste na remoção parcial da argamassa danificada. Deve-se


substituí-la por outra que apresente características melhoradas,
isto é, que apresente melhor desempenho quanto às
Fechamento de propriedades mecânicas. Essa ação é indicada em casos de
juntas fendilhamento, esforço excessivo de compressão, recalques,
ações térmicas, entre outros. Para melhorar as características,
podese incluir junto à argamassa de assentamento horizontal,
armaduras de reforço.

A injeção de graute pode ser de argamassa de cimento, ou resina


epóxi. Geralmente, a injeção de resina epóxi é utilizada para
Injeção de pequenas fissuras (menores do que 2,0 mm de largura) e a
graute ou injeção de pasta de cimento é mais apropriada para aberturas
resina epoxi maiores. Esta técnica tem se mostrado eficaz na restauração da
rigidez inicial e resistência de estruturas danificadas, melhorando
o seu comportamento mecânico global.

Para os casos de fissuras na alvenaria próximas á laje de


cobertura a melhor solução para resolver esse problema é a
desvinculação da laje e as paredes. Para a desvinculação da laje
Uso de juntas e o topo da parede deve-se escorar a laje e remover a última
deslizantes junta de assentamento, introduzindo, nessa junta, material
deformável, como exemplo o neoprene. Se o escoramento da laje
não é possível, pode-se raspar a junta até uma profundidade
aproximada de 10 mm, preenchendo-se com selante flexível.

Fonte: Oliveira et al. (2016).


19

5 CONCLUSÃO

Nota-se que as fissuras podem ter diversas origens, tais como falhas de projeto,
falhas na execução, baixa qualidade dos materiais empregados na obra, falta de
manutenção e até mesmo questões climáticas.
Além disso, de acordo com sua causa, as trincas geralmente apresentam forma
e comportamento específicos, assim o conhecimento técnico do engenheiro torna-se
fundamental no momento de inspeção e decisão das medidas corretivas a serem
adotadas.
É necessário ter-se um olhar criterioso, uma vez que algumas fissuras, como as
causadas por recalque diferencial, podem indicar o comprometimento da estabilidade
da estrutura e a segurança dos usuários, enquanto outras, como as causadas por
dilatação térmica da laje, normalmente causam apenas desconforto visual.
Por fim, diversas medidas tomadas durante a fase de projeto e execução podem
diminuir drasticamente as chances de aparecimento de fissuras. Caso elas surjam,
entretanto, é bastante recomendado que sejam logo investigadas e tratadas, para evitar
maiores danos e prejuízos aos usuários.
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REFERÊNCIAS

BAUER, R. J. F. Patologias em Alvenaria Estrutural de Blocos Vazados de Concreto.


Caderno Técnico Alvenaria Estrutural, Mandarim, São Paulo, v. 1, p. 33 – 38, 2006.
Disponível em: <http://www.revistaprisma.com.br/caderno/ct5_prisma_20.pdf>. Acesso
em: 28/11/2017.

DALBONE, A. R. Patologias em Prédio de Alvenaria Estrutural - Inspeção de Curta


Duração. Engenharia, Estudo e Pesquisa, Santa Maria, v. 10, n. 2, p. 27 – 36,
Dezembro 2010. Disponível em: <http://www.revistaeep.com/imagens/volume10_02/
cap04.pdf>. Acesso em: 29/11/2017.

LIMA, A. C. de; BEM, L. C. D. Estudo de Caso - Análise de Patologias em


Edificação de Alvenaria Estrutural com Múltiplos Pavimentos. 2016. 82 p.
Monografia (Curso de Engenharia Civil) — Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba.
Disponível em: <http://tcconline.utp.br/media/tcc/2017/05/ESTUDO-DE-CASO-
ANALISE-DE-PATOLOGIAS-EM-EDIFICACAO-DE-ALVENARIA-ESTRUTURAL-
COM-MULTIPLOS-PAVIMENTOS.pdf>. Acesso em: 30/11/2017.

OLIVEIRA, F. D. de et al. Principais Patologias em Edifícios de Alvenaria Estrutural.


Revista Mirante, Anápolis, v. 9, n. 2, p. 294 – 310, Dezembro 2016. Disponível em:
<http://www.revista.ueg.br/index.php/mirante/article/download/5698/3909>.

SILVA, L. B. da. Patologias em Alvenaria Estrutural - Causa e Diagnóstico. 2013.


76 p. Monografia (Curso de Graduação em Engenharia Civil) — Universidade Federal
de Juiz de Fora, Juiz de Fora. Disponível em: <http://www.ufjf.br/engenhariacivil/files/
2012/10/PATOLOGIAS-EM-ALVENARIA-ESTRUTURAL.pdf>. Acesso em: 01/12/2017.

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