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1ª Aula – O Mercado

O processo de formação de preços

Introdução (20 minutos)

A questão de como se determinam os preços é uma das mais importantes na economia. É


fundamental responder a esta pergunta por uma razão muito clara: os preços são os guias para
a atuação dos consumidores e dos empresários na economia. Mas como surgem?

No princípio se pensava que os preços dependiam da quantidade de matéria-prima ou de


trabalho necessária para produzir um bem, ou, em outras palavras, se sustentava que o preço
estava determinado pelos custos de produção. Essa teoria foi elaborada por economistas
clássicos como os britânicos Adam Smith, fundador da ciência econômica moderna, e David
Ricardo, maior expoente da sua tradição clássica.

Apesar disso, essa teoria é enganosa. Uma pessoa pode dedicar muito trabalho para produzir,
digamos, bolinhos de lama, mas ninguém estará interessado em comer tais bolinhos. Não
importa quanto trabalho tenha sido dedicado a produzi-los; as pessoas não vão consumi-los
porque não são um bem valorizado. Também é errôneo pensar que os custos podem
determinar os preços. Por exemplo, suponha que João tenha um diamante para vender a seu
amigo Pedro. Pedro atribui certo valor ao diamante e está disposto a pagar por ele R$ 500,00.
Para Pedro não importa se João encontrou o diamante largado no meio da rua ou se trabalhou
arduamente numa mina para consegui-lo. O preço não é fixado pelos custos, mas pelo valor
que Pedro atribui ao bem.

Mas de onde surge esse valor atribuído? Da utilidade do bem? De sua escassez?

De ambos esses fatores. O que significa isso?

Utilidade: é a satisfação que uma pessoa obtém ao consumir um determinado bem

Escassez: é a quantidade disponível de um determinado bem.

A obra de Carl Menger (1840-1921, economista austríaco) determina essa distinção com
clareza. O pensador, visto como fundador da Escola Austríaca de economia, destacou dois
conceitos:

• Quanto mais se possui de determinado bem, menos valor lhe é atribuído.


• As necessidades que os bens satisfazem são subjetivas, dependendo da pessoa em
questão, e é a satisfação da última necessidade que determina o preço do bem. Essa
última satisfação é chamada de utilidade marginal.

Vejamos um exemplo para clarificar os pontos de Menger. Suponhamos que um agricultor


possui cinco sacas de trigo e decide utilizá-las da seguinte maneira.

⋅ A primeira saca será utilizada para alimentar sua família.


⋅ A segunda, para semear a próxima safra de trigo.
⋅ A terceira, para alimentar o gado.

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⋅ A quarta, para a fabricação de cerveja.
⋅ A quinta, para alimentar um papagaio de estimação.

O agricultor destina as sacas de trigo para satisfazer essas necessidades em ordem de


prioridade – necessidades subjetivas que variam de indivíduo a indivíduo. Veja a figura a
seguir.

Voltemos ao primeiro conceito introduzido por Menger: “Quanto mais se possui de


determinado bem, menos valor lhe é atribuído”. Essa premissa se cumpre aqui com claridade:
de todas as necessidades, a que o agricultor atribui menos valor é a de alimentar seu papagaio,
mas como possui muitas sacas de trigo pode se dar ao luxo de criar um animal de estimação.
Podemos imaginar que, se ele tivesse uma sexta saca de trigo, o agricultor poderia utilizá-la
para realizar experimentos, formar um estoque, vendê-la na feira etc.

O que faria o agricultor se a segunda saca de trigo, que ele separara para semear a próxima
safra de trigo, da noite para o dia fosse atacada por pragas a ponto de não prestar mais a
nenhum uso?

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O dilema que agora se apresenta ao agricultor explicita o segundo conceito elaborado por
Menger: “As necessidades que os bens satisfazem são subjetivas, dependendo da pessoa em
questão, e é a satisfação da última necessidade que determina o preço do bem”.

Havendo perdido a segunda saca de trigo, o agricultor não deixará de semear a próxima safra
de trigo, que é a segunda necessidade mais valorizada. É a comida do papagaio que será
cortada. Ou seja, o valor da saca de trigo perdida diz respeito à satisfação de alimentar o
papagaio, por ser esta a última necessidade satisfeita pelas sacas de trigo – a utilidade
marginal. Por isso, o preço da saca de trigo no mercado dependerá dessa utilidade marginal, a
utilidade determinada por decisões na margem.

Resumindo:

• Quanto mais unidades de um mesmo bem se possui, será utilizado para satisfazer
necessidades cada vez menos importantes para o indivíduo (como alimentar um
animal de estimação) e, portanto será atribuído um valor cada vez menor ao bem.
• O preço do bem é determinado pela satisfação proporcionada pelo consumo da última
unidade do bem.
• Em outras palavras, preço do bem está determinado por uma combinação de sua
utilidade (as necessidades subjetivas do indivíduo a que o bem satisfaz) e de sua
escassez (a quantidade do bem disponível).

Assinale a opção correta. O preço de um bem é determinado por:

a) Seus custos de produção.


b) A utilidade que ele proporciona.
c) A utilidade que ele proporciona e seus custos de produção.
d) Sua escassez.
e) Sua escassez e seus custos de produção.
f) A utilidade que ele proporciona e sua escassez.

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g) A utilidade que ele proporciona, sua escassez e seus custos de produção.
h) Decisões do governante atual.

Vídeo N°1: “O Sistema de Preços. Parte 1: Informação” (15 minutos)

http://www.youtube.com/watch?v=BbGKkV-WoYg

Temas para discussão após o vídeo:

1. Por que é impossível uma planificação centralizada eficiente?


2. Como se faz para ordenar a informação dispersa que se encontra no mercado ?
3. Por que é importante que não haja intervenção nos preços?

Vídeo N°2: “O Sistema de Preços. Parte 2: Lucros e Prejuízos” (15 minutos)

http://www.youtube.com/watch?v=YPDUMEQAIL0

Temas para discussão após o vídeo:

1. Por que os lucros e as falências são importantes?


2. Pensar exemplos de falências que tenham ajudado a melhorar o mercado.
3. Por que uma economia planificada não poderia funcionar corretamente? Uma
economia planificada pode fazer um uso eficiente dos recursos disponíveis?

Leia a seguinte passagem:

“Marx desenvolveu a teoria do valor trabalho. O trabalho, assegurava ele, constitui a causa
determinante do valor. Aqui mais uma vez ficou evidente o erro deste pensamento, pois se
trabalho é despendido e energia consumida energia para realizar uma determinada atividade é
porque de antemão já se estimava que o valor do seu produto seria maior do que o valor do
esforço dispendido – valores referidos ao agente em questão. Em mercado, o agente escolhe
se esforçar para produzir certo bem ou para prestar certos serviços porque estima que o bem
resultante terá mais valor para si do que o valor investido no projeto. Ou seja: o valor é
anterior ao trabalho. Os bens são produzidos (e o trabalho é investido) porque valem, e não o
contrário; os bens não valem simplesmente por haver sido produzidos (haver absorvido
trabalho). Faz-se evidente a inexistência de relação causal entre trabalho e valor.”

Discussão N°1: Se uma pessoa dedica 10 horas por dia para confeccionar 10 dúzias de bolinhos
de lama, está criando valor? Quem considera que o valor de um bem é determinado pelo
trabalho socialmente necessário para a sua elaboração?

Discussão N°2: Enquete: Quais seriam os seus CDs de música preferidos?

a) Madonna
b) Criolo

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c) Mozart
d) Ivete Sangalo
e) Michel Teló

1. Qual deles terá maior demanda?


2. Qual deles cobrará o preço mais caro?
3. Qual deles venderá mais unidades?
4. Como o mercado aloca recursos ao que as pessoas demandam ?

Vídeos N°3 e N°4: “Lápis: O filme” e “Poder do mercado, o lápis” - (20 minutos)

Veja os vídeos a seguir:

http://www.youtube.com/watch?v=IYO3tOqDISE

http://www.youtube.com/watch?v=R5Gppi-O3a8

Assinale a opção correta, com base nos vídeos:

1. Em relação à produção de um lápis, podemos afirmar que:


a) Qualquer pessoa poderia realizá-la.
b) Não existe nenhuma pessoa no mundo que saiba como produzir um lápis em
todas as etapas que essa produção envolve.
c) Especialistas do governo podem ter o conhecimento para produzir um lápis.
2. A partir dos vídeos podemos chegar à seguinte conclusão:
a) O livre mercado é tão desorganizado que não serve para guiar a produção dos
bens.
b) O livre mercado, através de ordenamentos espontâneos e das informações
dos preços, guia a produção dos bens na direção correta.
c) É necessário um equilíbrio entre livre mercado e intervenção do governo para
se poder guiar corretamente a produção dos bens.
3. De acordo com os vídeos, os preços:
a) São inúteis para guiar a produção.
b) Não têm nenhuma relação com a produção dos bens.
c) Fornecem aos produtores a informação necessária sobre as demandas da
população.
d) Servem como guias para a produção em um primeiro momento, mas logo
deixam de cumprir seu papel porque os empresários se aproveitam para
aumentá-los.

Leitura N°1: “Precificação de custo mais margem”, de Paul L. Poirot (EUA, 1915-2006) –

(15 minutos)

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Para discutir em classe antes de ler o texto:

1. Como você acredita que se determinam os preços?


a) Os preços são determinados pelos custos de produção.
b) Os preços são determinados pela oferta.
c) Os preços são determinados pela demanda.
d) Nenhuma das anteriores.
2. A principal função dos preços no mercado é:
a) Incentivar a produção.
b) Frear um aumento da demanda.
c) Evitar o mercado negro.
d) Guiar a produção em direção aos bens mais valorizados.
e) Guiar a demanda em direção aos bens mais importantes.

PRECIFICAÇÃO DE CUSTO MAIS MARGEM

Paul L. Poirot

Toda pessoa ao vender uma mercadoria ou serviço procura cobrir os seus custos de produção
e receber, se possível, algo acima desses custos. A pessoa gasta longas horas de seu tempo
mantendo uma contabilidade dessas despesas e receitas e, salvo raras exceções, acredita ser
efetivamente quem determina o preço de seus bens e serviços ao adicionar uma pequena
margem de ganho acima dos custos.

A verdade, no entanto, é que todos os custos contabilizados de um item simplesmente


desaparecem e se tornam irrelevantes no preço de mercado em que o item é comercializado –
preço este determinado pelas forças competitivas da oferta e da procura. Este preço se torna o
novo “custo” a ser considerado pelo usuário seguinte, independentemente de quanto trabalho
ele ou qualquer outro proprietário anterior tenha despendido naquele item particular. Se este
novo dono revende o item para um segundo comprador, a demanda deste último terá tanta
importância na determinação do preço quanto os custos incorridos pelo atual proprietário. O
custo, é claro, influencia a oferta do bem no mercado, e portanto seu preço; mas os custos
incorridos não determinam o preço.

Acreditar ou dizer que todo e qualquer bem comercializado não passa da soma dos custos
incorridos em sua produção – espécie de “pacote” guardando o esforço de trabalho de alguém
– é introduzir uma irrelevância confusa no processo de barganha que determina o preço em
que a livre transação se dá. Os únicos fatores relevantes em uma transação voluntária são que
cada uma das partes, no momento da transação, valoriza o que recebe mais do que o dá em
troca. Cada um considera que ganha com a transação, não importando os custos incorridos na
produção do que ele dá ou do que recebe em troca.

A Teoria do Valor Subjetivo pode ser resumida nessa constatação. Ela leva em conta tanto a
demanda pelo item quanto seu custo de produção. E esta determinação de preços no mercado

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aberto e competitivo permite a contabilidade registro corrente de ganhos e custos que o
empresário necessita para calcular seu lucro ou prejuízo e julgar se continua ou não
determinada atividade econômica.

O registro dos custos e dos ganhos de ontem pode trazer algumas indicações quanto à
eficiência dos procedimentos. Mas os preços de hoje são a indicação mais próxima disponível
quanto aos custos e retornos de amanhã. Quais são os preços de hoje para as construções e
para o maquinário utilizado, em comparação com outros arranjos produtivos disponíveis no
mercado neste momento ou aguardando para serem inventados? Quais são os preços de hoje
para diversas matérias-primas frente a substitutos disponíveis ou potenciais? Como os preços
de hoje para a contratação de mão-de-obra se comparam aos preços de maquinário poupador
de trabalho? E como os preços de hoje para a sua mercadoria ou serviço à venda se comparam
com os preços das mercadorias e serviços concorrentes?

A teoria do valor como soma de custos de trabalho

Apesar desse maravilhoso mecanismo de precificação pelo mercado e de cálculo econômico, é


praticamente impossível ao produtor individual ver seu produto ou serviço como outra coisa
que não o resultado de seu trabalho ou de sua palavra. Se ele trabalha em troca de um salário,
ele demanda um salário alto o suficiente para pagar seu “custo de vida”. Se vende trigo, milho
ou feijão, ele quer preços altos o suficiente para cobrir seus custos de produção. Provê-se
serviço postal sob um monopólio do governo, ele quer que as tarifas postais cubram seus
custos.

Em outras palavras, o vendedor tende a se proteger das forças de oferta e procura de modo a
garantir um preço que inclua uma margem de lucro sobre os custos “justa”. O que ele procura,
na verdade, é garantir um cliente. O monopólio do serviço postal é um bom exemplo dessa
condição. Se os clientes não cobrem os custos, outros pagadores de impostos terão de fazê-lo.
Os preços de mercado, de um serviço postal competitivo, não são permitidos. Não há maneira
de determinar quais seriam a oferta e a procura dos serviços postais se os compradores e
vendedores fossem obrigados a procurar no mercado a resposta para quantos ou quais
recursos escassos deveriam ser destinados a essa atividade. Os recursos são simplesmente
utilizados no monopólio postal, não havendo maneira de sabermos se esse uso é conservador
ou excessivo. A força do governo garante que os custos sejam pagos pelo contribuinte, não
importando a ineficiência e o desperdício.

Fora do mercado

A precificação governamental e os contratos governamentais, incluindo o pagamento de


subsídios de todo tipo, sempre se baseiam em uma precificação “custo-mais-margem” porque
nesses casos a precificação pelo mercado foi proibida. Oferta e demanda foram excluídos
dessa determinação: o consumidor é levado a acreditar que os recursos envolvidos não são
muito escassos, pois o serviço é relativamente muito barato; enquanto ao ofertante é
garantido que os custos serão cobertos pelo contribuinte, sejam eles quais forem. Esta
precificação socializante não proporciona nenhum método efetivo de cálculo econômico pelo
qual medir sucesso ou fracasso, lucro ou prejuízo, conservadorismo ou desperdício. Por isso,

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socialistas estão de antemão fadados a tatear no escuro com sua datada Teoria do Valor
Trabalho: a soma dos custos.

Enquanto os homens continuarem a ver bens e serviços como pacotes de trabalho ou como a
soma dos custos de produção, eles continuarão a se voltar ao governo em busca de subsídios,
doações, privilégios, garantias de renda, protecionismo e afins. Quanto mais isso for feito,
menor a chance de haver comércio rentável e produtivo no mercado aberto – o único sistema
que conserva os recursos escassos, em vez de desperdiçá-los. E o primeiro e mais importante
desses recursos escassos é o homem, não por sua capacidade de consumo como os socialistas
o veem, mas pelo seu poder produtivo de servir a si mesmo ao servir aos outros.

Atividade N°1: Formação de Preços mediante Oferta e Demanda (Experimento de Equilíbrio de


Mercado) (20-30 minutos)

Serão entregues aos alunos cartões com valores de compra (cartões verdes) e venda (cartões
azuis) de um determinado bem. Os alunos se dividirão em dois grupos: de um lado, aqueles
com cartão de compra; em frente, os alunos com cartão de venda. Os alunos começam a
operar. Cada vez que se realiza uma transação ela é anotada no quadro-negro e os dois
participantes saem do processo de mercado, permanecendo fora do restante do grupo.
Quando já não se puder realizar mais transações, anota-se o preço e a quantidade de
equilíbrio.

O experimento pode se repetir, se necessário, para ver como é alcançado o equilíbrio. Em


seguida, realizar o experimento supondo que o governo fixa um preço máximo, inferior ao
preço de equilíbrio.

O objetivo é que após o experimento os alunos discutam como o mercado leva ao equilíbrio
enquanto que uma intervenção estatal finalmente produz escassez de bens, conforme algumas
pessoas que poderiam obter um bem não o obterão.

Discussão N° 3: (15 minutos): Suponha que haja duas ilhas vizinhas. A ilha A é governada por
um Estado intervencionista que utiliza preços máximos e mínimos. Na ilha B opera o livre
mercado. A seguir suponha que ambas as ilhas são golpeadas por um terremoto devastador e
que muitas casas são destruídas. Os governantes da ilha A, movidos por sua sensibilidade
social, decidem aplicar um mecanismo de preços máximos ao mercado de aluguéis para que o
preço não dispare. Na ilha B, pelo contrário, deixa-se o mercado operar livremente. O que
acontecerá na ilha A? E na ilha B?

Leitura N°2: “Como funciona o mecanismo dos preços” de Henry Hazlitt (1894-1993),
economista, filósofo e jornalista estadunidense (15-20 minutos)

COMO FUNCIONA O MECANISMO DOS PREÇOS

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A tese geral deste texto pode ser resumida no seguinte princípio: quando estudamos os efeitos
de qualquer medida de caráter econômico a ser implantada, é necessário que examinemos
não apenas os resultados imediatos que a sua adoção produzirá, mas também os resultados de
longo prazo; não apenas as consequências primárias, mas também os efeitos secundários, e
não apenas seus efeitos sobre um setor determinado de interesses, mas sobre toda a
coletividade. É absurdo e induz ao erro concentrarmos nossa atenção sobre apenas um
aspecto concreto da economia – por exemplo, analisar o que ocorre em uma indústria dada,
sem levar em consideração também o que sucede nas demais indústrias. As principais falácias
da ciência econômica precisamente encontram sua origem neste hábito tão frequente e ocioso
de fixar a atenção somente em determinada indústria ou processo econômico isolado. Tais
sofismas não apenas proliferam nas argumentações falaciosas daqueles porta-vozes
“comprados” por interesses particulares, mas se descobrem muitas vezes na retórica de alguns
economistas que vêm se fazendo passar como profundos.

Na falácia de considerar apenas casos isolados está fundamentalmente baseada a doutrina da


escola da “produção para o consumo, não pelos benefícios”, com seus ataques ao assim
chamado “vicioso” sistema de preços. O problema da produção, afirmam os partidários desta
doutrina, já foi resolvido (este erro sensacional, como veremos, é também o ponto de partida
de muitos excêntricos proponentes da “redistribuição dos bens”). Os homens da ciência, os
especialistas em produtividade, os engenheiros, técnicos etc. solucionaram este problema.
Eles poderiam produzir praticamente tudo o que podemos imaginar, em quantidades enormes
e ilimitadas. No entanto, ops!, o mundo não está governado por engenheiros, preocupados
apenas com a produção, mas por homens de negócios, exclusivamente preocupados com
benefícios. São os homens de negócios que dão as ordens aos engenheiros, e não o contrário.
Esses empresários produzirão o que for, sempre que obtiverem assim algum lucro; se não for
este o caso, deixarão de produzir, ainda que deixem insatisfeitas as necessidades de muitos e
que o mundo reclame insistentemente por mais produtos.

Esse raciocínio envolve tantas falácias que nem é possível desmascará-las todas de uma vez.
Mas o sofisma central, como viemos repetindo, é o de considerar uma indústria determinada,
ou mesmo várias, como existindo isoladamente. A realidade é que todas estão intimamente
relacionadas e uma resolução de importância que se adote em relação a qualquer uma delas
será afetada pelas decisões aprovadas em relação às demais, ao mesmo tempo em que influi
sobre elas.

Entenderemos melhor o que foi dito se nos aproximarmos do problema básico que devem
resolver conjuntamente os homens de negócios. Para simplificá-lo, na medida do possível,
consideremos as questões que deve abordar um Robinson Crusoé em sua ilha deserta. A
princípio as necessidades de Robinson parecem inumeráveis. Está encharcado pela chuva,
treme de frio, a fome e a sede o oprimem. Precisa de tudo: água potável, alimentos, um teto
que o cubra, proteção contra os animais, fogo e um leito macio onde possa descansar. Não lhe
é possível satisfazer a todas essas necessidades de uma só vez, seja por falta de tempo, de
energia ou de recursos. Terá de atender, por ora, a necessidade mais urgente.

O que mais o aflige é a sede. Escava a areia para recolher a água da chuva, ou constrói algum
recipiente rudimentar. No entanto, assim que conseguir reunir alguma quantidade de água, irá

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logo procurar alimentos antes de poder aperfeiçoar essa sua primeira obra. Pode tentar
pescar, mas para isso precisará de anzol e linha ou de uma rede e deve começar buscando
estes utensílios. Tudo o que faz atrasa e impede a realização de alguma outra coisa, cuja
urgência lhe é apenas ligeiramente inferior. Constantemente se enfrenta com o problema de
ter que escolher entre distintas aplicações de seu tempo e trabalho.

Uma família de Robinsons suíços talvez considerará este problema mais fácil de resolver. Tem
mais bocas para alimentar, mas também conta com mais braços para a tarefa. Pode praticar a
divisão e a especialização do trabalho. O pai caça, a mãe prepara a comida e os filhos recolhem
a lenha. Mas nem mesmo esta família poderia conseguir que cada um de seus membros se
dedicasse constantemente a uma mesma função, por mais urgente que fosse a necessidade
comum atendida, sem levar em conta a urgência das necessidades restantes ainda por
satisfazer. Quando as crianças tiverem reunido uma quantidade de lenha suficiente, não será
possível continuar a empregá-las nesta atividade, de maneira cada vez mais eficiente; será o
momento de destiná-las a outras funções, como buscar água no poço.

Além disso, esta família enfrenta constantemente o problema de ter que escolher entre
aplicações distintas do trabalho que pode realizar e, se têm a sorte de possuir armas de caça,
instrumentos de pesca, um bote, machados, serras etc. entre aplicações alternativas do
trabalho que podem desenvolver e do capital que possuem.

Seria absurdo que o membro da família dedicado a recolher lenha se queixasse de que com a
ajuda do irmão lhe seria mais fácil reunir mais lenha e que, por isso, deveriam os dois realizar
esta tarefa em vez de o irmão trabalhar na pesca necessária ao sustento da família. Tanto no
caso de um indivíduo quanto no de uma família isolada, só é possível aumentar a produção de
qualquer atividade ou ocupação determinada em detrimento de todas as demais.

Exemplos de caráter elementar, como o examinado, são frequentemente ridicularizados como


“economia robinsoniana”. Infelizmente, os que com mais afinco os ridicularizam são os que
mais necessitam ser instruídos; os que não compreendem o princípio que se trata aqui de
ilustrar, nem sequer nesta forma simplificada; aqueles, enfim, que perdem completamente a
orientação que tal princípio proporciona, quando se dispõem a analisar as desconcertantes
complicações da grande sociedade econômica moderna.

II

Voltemos agora ao assunto do ponto de vista dessa grande sociedade econômica moderna.
Como é resolvido nela o problema da existência de aplicações alternativas múltiplas de
trabalho e capital para atender a milhares de necessidades e desejos diferentes, com graus
distintos de urgência em seu cumprimento? É resolvido, precisamente, através do mecanismo
dos preços, que acomoda dia a dia as variações constantes e interdependentes entre si de
todos os elementos que intervêm na fixação dos preços: custos de produção, benefícios e
preços propriamente ditos.

Os preços se fixam de acordo com a relação existente entre a oferta e a procura e influem
sobre ambas. Quando as pessoas necessitam de uma maior quantidade de determinado artigo,
elas oferecem pagar mais por ele. O preço sobe, aumentando os benefícios dos que o

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fabricam. Como fabricar este artigo passa a trazer mais benefícios do que fabricar outros, os
que já o fabricam aumentam sua produção, atraindo mais gente a este negócio. Este aumento
na oferta reduz o preço e a margem de lucros, que terminará por se equilibrar no mesmo nível
geral (considerando os riscos respectivos) das outras indústrias. Ou, de outro modo, pode
acontecer de que a demanda pelo artigo caia, ou que a oferta aumente tão
desproporcionalmente que seu preço diminua a ponto de que sua produção traga menos
lucros que a de outras mercadorias, ou mesmo que traga prejuízos. Neste caso, os empresários
“marginais”, isto é, os menos eficientes ou aqueles cujos custos de produção são mais
elevados, perderão seu mercado. Apenas os empresários mais eficientes e que operem com os
custos de produção mais baixos continuarão fabricando o produto.

Em consequência disso, a oferta do produto diminuirá, ou pelo menos deixará de aumentar.


Este processo dá origem à crença de que os preços são determinados pelos custos de
produção. Esta doutrina, tal como exposta aqui, é enganosa. Os preços são determinados pela
oferta e pela demanda, e a demanda é determinada pela intensidade com que os
consumidores necessitam certas mercadorias e pela sua capacidade de oferecer algo em troca.

Está certo que a oferta é determinada, em parte, pelos custos de produção. Mas os custos de
produzir uma mercadoria no passado não podem determinar o seu valor atual. Este dependerá
da relação atual entre oferta e demanda. A quantidade fabricada de um artigo é função das
perspectivas dos empresários a respeito dos custos de produção que tal mercadoria terá no
futuro e do preço de venda que irão fixar-lhe. Estes cálculos influirão na oferta futura do
produto. Existe, por conseguinte, entre o preço de uma mercadoria e seu custo marginal de
produção, uma constante tendência a igualar-se, mas isto não significa que o custo marginal
determine diretamente o preço.

O sistema de empresas privadas em regime de liberdade econômica pode ser comparado a um


grande mecanismo de milhares de máquinas controladas cada uma por seu próprio regulador
automático, mas conectadas de tal forma que ao funcionar exercem entre si uma influência
recíproca. Quase todos já observamos alguma vez o “regulador” automático de uma máquina
a vapor. Geralmente é formado por duas esferas ou pesos que reagem por força centrífuga. Ao
aumentar a velocidade, as esferas se afastam do eixo a que estão ligadas, estreitando ou
fechando automaticamente uma válvula de estrangulamento que regula a entrada de vapor,
com o que a aceleração do motor diminui. Se, pelo contrário, o motor está excessivamente
lento, as esferas pesam, a válvula se alarga e aumenta a aceleração. Desta forma, qualquer
desvio da velocidade desejada põe por si mesmo em movimento forças que tendem a corrigir
a anomalia.

É precisamente desta forma que se regulam as respectivas ofertas dos milhares de artigos
diferentes sob o sistema econômico de empresa privada em regime de livre competição de
mercado. Quando as pessoas necessitam de uma maior quantidade de determinada
mercadoria, sua própria demanda competitiva eleva o preço do produto. O aumento dos
benefícios que se produz para aqueles que o fabricam estimula um aumento na produção.
Outros empresários até mesmo abandonam a fabricação de outros artigos para se dedicarem à
elaboração daquele que oferece maiores retornos. Isto aumenta a oferta do produto, ao
mesmo tempo em que reduz a de alguns outros. O preço do primeiro diminui, por

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conseguinte, em relação aos preços das outras mercadorias, desaparecendo, portanto o
estímulo existente para o aumento relativo em sua produção.

Da mesma forma, se cai a demanda por determinado artigo, seu preço e o benefício que se
obtinha em sua produção diminuirão, e em consequência sua produção diminuirá.

Esta última contingência é a que escandaliza aqueles que não compreendem o “mecanismo
dos preços” que tanto denunciam. Acusam-no de criar a escassez. Por que, perguntam
indignados, os empresários interrompem a fabricação de sapatos no momento em que sua
produção deixa de render lucro? Por que se guiam exclusivamente pelos seus próprios
interesses? Por que se guiam pelo mercado? Por que não produzem sapatos “em plena
capacidade” utilizando os modernos procedimentos técnicos? O mecanismo dos preços e a
empresa privada, concluem estes filósofos da “produção para o consumo”, envolvem uma
espécie de “economia da escassez”.

Estas perguntas e conclusões decorrem novamente da falácia de colocar a atenção apenas em


uma indústria isolada, de ver a árvore sem reparar no bosque de que ela faz parte. Antes de
chegar a um limite máximo de produção de um artigo específico, são necessários mais casas,
roupas, ferramentas, estradas, pontes, leite, pão. Seria absurdo amontoar sapatos
desnecessários, simplesmente porque podemos produzi-los, enquanto centenas de outras
necessidades mais urgentes aguardam solução.

Em uma economia equilibrada, uma indústria determinada só pode expandir-se à custa das
outras indústrias. Temos que ter em mente que em qualquer momento dado os distintos
fatores de produção existem sempre em quantidades limitadas. Uma indústria só pode se
expandir absorvendo trabalho, terras e capital que, de outro modo, seriam utilizados em
indústrias diferentes. Quando determinada indústria restringe ou deixa de aumentar sua
produção, não significa necessariamente que haja provocado uma diminuição efetiva na
produção global. A redução neste setor pode simplesmente haver liberado trabalho e capital
para permitir a expansão de outras indústrias. Por conseguinte, é errôneo concluir que uma
contração na produção de uma indústria signifique necessariamente uma contração na
produção total.

Para resumir, tudo é produzido sob a condição de que nos privemos de algum outro artigo. Os
próprios custos de produção poderiam ser definidos, de fato, como aquilo que sacrificamos (o
ócio e os prazeres, as matérias-primas suscetíveis de aplicações diferentes) para criar o objeto
fabricado.

Do que foi aqui exposto se deduz que tão essencial é para a saúde de uma economia dinâmica
deixar morrer as indústrias agonizantes, quanto permitir a expansão das indústrias
florescentes. As primeiras retêm trabalho e capital que deveriam ser realocados para as
indústrias mais prósperas. Unicamente o repudiado mecanismo dos preços é capaz de resolver
o problema imensamente complicado de decidir com precisão, entre as milhares de
mercadorias e serviços diferentes, quais, em que quantidade e em que proporção devem ser
produzidos. Estas equações, de outro modo desconcertante, se resolvem quase
automaticamente pelo mecanismo dos preços, benefícios e custos de produção. E mais,
aplicando tal sistema elas se resolvem incomparavelmente melhor do que qualquer corpo de

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funcionários poderia haver feito. Cada consumidor, através deste sistema, articula sua própria
demanda e emite um voto espontâneo ou uma dúzia de votos todos os dias, enquanto os
burocratas, ao invés de fabricarem os artigos desejados pelos consumidores, resolveriam o
problema pretendendo decidir que artigos seriam mais convenientes para a população.

Não obstante, ainda que os burocratas não entendam o mecanismo quase automático do
mercado, eles se mostram sempre preocupados com seu funcionamento. Constantemente
estão tratando de melhorá-lo ou corrigi-lo, quase sempre a favor de algum grupo de interesse
influente. Mais adiante examinaremos alguns dos resultados de sua intervenção.

Perguntas para discutir em classe:

1. Como fazem os produtores dos diversos bens para saber os bens que devem produzir?
2. Pode uma pessoa saber com certeza quanto irá valer determinado produto no futuro?
3. Por que a contração da produção em uma indústria específica não implica
necessariamente a contração da produção de todo o mercado?

Discussão N° 4: A Lei de Say (10 minutos)

A LEI DE SAY

A Lei de Say pode ser formulada da seguinte maneira: toda oferta cria sua própria demanda, o
que, em última instância, significa que não há vendedor sem comprador. Say (Jean-Baptiste
Say, 1767-1832, economista francês) procurava provar que o quantum de dinheiro era
irrelevante na descrição de uma crise, porque, se os preços são livres, a quantidade de
dinheiro se ajustaria à quantidade de bens através dos preços; e, além disso, pela mesma
razão do mecanismo de preços, não resulta possível a superprodução de um bem que as
pessoas desejem.

1. Você considera que na Atividade N°1 foi cumprida a Lei de Say?


2. No seguinte quadro a Lei de Say será cumprida?

A B C D E F Total
1000 500 200 100 150 50 2000
2000 850 150 300 450 250 4000
2 1,7 0,75 3 3 5 2

Cada letra corresponde a um bem distinto. A última coluna é a somatória do resto das
colunas, isto é, corresponde à soma da quantidade produzida de todos os bens. Na
primeira linha se observam a quantidade de cada bem produzida no ano 1. Na segunda

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linha, a quantidade de cada bem produzida no ano 2. A terceira linha mostra a relação
entre a linha 1 e a linha 2.

Atividade N°2: Gapminder (15 minutos)

Acesse o link a seguir:

http://www.gapminder.org/world/#$majorMode=chart$is;shi=t;ly=2003;lb=f;il=t;fs=11;al=30;stl=t;st=t;nsl=t;se=t$wst;tts=C$ts;sp
=5.59290322580644;ti=1800$zpv;v=0$inc_x;mmid=XCOORDS;iid=phAwcNAVuyj1jiMAkmq1iMg;by=ind$inc_y;mmid=YCOORDS;iid
=phAwcNAVuyj2tPLxKvvnNPA;by=ind$inc_s;uniValue=8.21;iid=phAwcNAVuyj0XOoBL%5Fn5tAQ;by=ind$inc_c;uniValue=255;gid=C
ATID0;by=grp$map_x;scale=log;dataMin=283;dataMax=110808$map_y;scale=lin;dataMin=18;dataMax=87$map_s;sma=49;smi=2.
65$cd;bd=0$inds=;modified=75

Observe que o eixo Y (vertical) se refere à expectativa de vida e o eixo X (horizontal) ao PIB per
capita, isto é, à renda média dos habitantes de cada país.

As circunferências no gráfico representam os diversos países. Aperte o botão “Play”.

1. Que conclusões você pode tirar do gráfico?


2. Que países “ganharam” e que países “perderam”?
3. A riqueza global é uma soma fixa?
4. Com base na sua resposta anterior, se a economia de um país cresce, isto se dá às
custas da contração da economia de outro país?

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Diagrama de palavras-chave

3
5

7
1
2
4

1. O mecanismo de preços tem a particularidade de transmitir ………………..


2. O mercado nunca se encontra em equilíbrio, é na verdade um ………………….. que tende ao
equilíbrio
3. O que os governos tentam fazer, na ilusão de que possuem conhecimento total da
economia (duas palavras)
4. Se um consumidor compra um bem ou serviço é porque o …………………..
5. Se um empresário sai de um mercado é porque está incorrendo em …………………
6. Se novos empresários entram em um mercado é porque o mesmo está gerando muitos
………………………
7. Os empresários, através da produção, criam …………….
8. Medida implementada pelo governo que causa escassez (2 palavras)
9. Curva que representa a produção dos empresários para cada nível de preços.

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RESPOSTAS

1. INFORMAÇÕES
2. PROCESSO
3. PLANEJAMENTO CENTRAL
4. DEMANDA
5. PREJUÍZOS
6. LUCROS
7. VALOR
8. PREÇO MÁXIMO
9. OFERTA

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