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e na Neuropsicologia
PSICOLOGIA
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
RONILSON CORRÊA
Recife
2009
RONILSON CORRÊA
1
VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DA HIPNOSE NA PSICOLOGIA
CLÍNICA E NA NEUROPSICOLOGIA
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a todos aqueles que vivenciando os mistérios, as
angústias e a alegria da clínica psicológica propõe-se a buscar sentido para dor
do outro. Agradeço a uma pessoa em especial, minha esposa Adza de
Carvalho, cúmplice do meu esforço em conhecer os mistérios ainda encobertos
e companheira incondicional nesta vereda do conhecimento científico.
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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus pela sua bondade, sua inspiração, seu amor
incondicional que proporciona a todos que nele confiam, superar as
adversidades, os sofrimentos, as limitações humanas e encontrar em sua
gratuidade um exemplo de amor e dedicação.
Aos meus pais, Rovilson Corrêa e Aparecida de Brito Corrêa, sempre
presentes em minha vida, embora a distância territorial e geográfica não
impeça o desejo de estar presente.
A minha irmã Rocilda Corrêa, símbolo de fraternidade em minha Jornada.
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RESUMO
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5
SUMÁRIO
Introdução, 8
1 - A Hipnose,
1.1 – Apresentação, 11
6
INTRODUÇÃO
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A hipnose é também um procedimento bastante valorizado hoje em dia por
muitos profissionais de saúde como médicos e dentistas, bem como por
investigadores na área criminal. Na clínica, essa técnica vem sendo utilizada
para casos de depressão, fobias, ansiedade, perdas, assuntos relacionados a
dificuldades sexuais, terapias médicas para o câncer, pacientes aidéticos,
casos em que a pessoa não pode receber anestesia e seu uso com crianças
tem tido resultados muito positivos principalmente em tratamentos dentários.
(CHERTOK 1982; BAUER, 2000; NEUBERN, 2006).
Podemos observar também no contexto atual, a busca cada vez maior por
conhecimentos em hipnose. Seu crescimento é verificado entre os profissionais
de psicologia que atuam em abordagens como a Gestalt-terapia, Terapia
Cognitiva Comportamental, Neuropsicologia, Psicanálise, Abordagem Centrada
na Pessoa, entre outras.
Porém, a utilização de hipnose como instrumento de auxílio nas psicoterapias
carrega os seus “mal-ditos”, ou seja, sua prática é entendida com certa
desconfiança pela academia científica.
Se a hipnose é tida como um das principais bases da origem da Psicoterapia,
por que tantas de suas práticas que poderiam trazer reflexões pertinentes para
os clínicos atuais, raramente são mencionadas e discutidas nas formações de
graduação nas universidades e faculdades? Traria a hipnose mais malefícios
do que benefícios para a prática clínica em psicologia? Quais são então, esses
malefícios, e os benefícios quando se lança mão deste instrumento em
psicologia clínica?
Neste livro buscaremos proporcionar melhor clareza desta técnica para aqueles
que desejarem a utiliza-la em suas práticas clínicas como também servir de
ferramenta para estudos e pesquisas.
A fim de tranquilizá-los, a prática da Hipnose em Psicologia foi regulamentada
pelo Conselho Federal de Psicologia - CFP (Nº. 013/2000), que reconhece o
valor da Hipnose como auxílio nas pesquisas, diagnósticos e formas
terapêuticas tanto em Psicologia, Neuropsicologia, Psiquiatria, como em outras
áreas da prática médica.
O livro é composto por quatro capítulos. No primeiro é apresentado a
hipnose e os mitos que a cercam, como também sua aplicação, a
susceptibilidade hipnótica e a preparação para ser hipnotizado. No segundo
capitulo são apresentadas as especificidades que utilizam a hipnose. No
terceiro capítulo verificamos as convergências e as divergências entre as
correntes que utilizam a hipnose e os profissionais que atuam com esta
técnica. Por fim, no quarto capítulo apresentamos sua utilização na
parapsicologia. Acredita-se que foi possível compor um corpo teórico que
possa ampliar os conhecimentos desta técnica estudada, assim como auxiliar a
futuros pesquisadores que desejem compreender melhor estes aspectos aqui
abordados.
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1 - A HIPNOSE
1.1 – Apresentação
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É pertinente este tópico por se entender que a hipnose está envolta por mitos e
“mal-ditos” que comprometem sua aceitação por parte da comprovação
científica desta técnica como um recurso que ajuda no tratamento de
problemas físicos e psicológicos.
Durante muito tempo, segundo Faria (1959), a técnica hipnótica foi
utilizada de forma errônea por hipnotizadores de palco, fazendo com que ela
caísse no descrédito da sociedade e no meio científico e acadêmico. Desta
forma, antes de iniciar o processo de tratamento com o cliente é preciso
compreender o que ele sabe a respeito da hipnose. Há muitos hipnólogos que
não utilizam o nome hipnose, preferindo chamar de técnicas de relaxamento,
com o propósito de não assustar os pacientes que temem a hipnose.
O primeiro mito criado a respeito da hipnose é de que ela é o sono. Na indução
hipnótica o indivíduo ouve a voz do terapeuta e responde às instruções, o que
não se ocorre durante o sono, onde o reflexo patelar é diminuído. No estado de
sono, os membros ficam flácidos pela falta de atividade, enquanto que durante
a hipnose eles podem se tornar rígidos e firmes. Além disso, os batimentos
cardíacos e ritmo respiratório durante o transe (indução) hipnótico estão mais
próximos do estado de alerta do que o sono.
O sujeito não ser retirado do transe hipnótico é outro mito mencionado por
Faria (1959). Muitos profissionais alegam sentir este medo, mas, segundo este
autor, se a pessoa permanecer no estado de transe por muito tempo ela
acabará dormindo, e se dorme em algum momento acordará.
Outro mito apontado por Bauer (2002) diz respeito ao fato de apenas pessoas
com a “cabeça fraca” podem ser hipnotizáveis. Ao contrário deste rótulo, o
autor sugere que os sujeitos que apresentam maior facilidade para entrar em
transe são os que possuem maior capacidade de motivação e habilidade de
concentrar-se.
Existem outros mitos encontrados na bibliografia que dizem respeito à perda de
controle, revelação de segredos, e agir de forma antissocial. São estes medos
que muitas vezes, impedem ao pacientes de entrar em um estado hipnótico,
pois criam barreiras, defesas, fugas. O medo de que algum segredo seja
revelado faz com o que paciente abandone a psicoterapia ou hipnoterapia.
Bauer (2002) e Ferreira (2006) esclarecem que, durante o transe hipnótico, o
sujeito não está sob o domínio da vontade do terapeuta e sim completamente
ciente do ambiente e totalmente capaz de tomar decisões por conta própria,
não apresentando dessa forma, nenhum comportamento que possa ir contra os
seus valores morais, éticos, religiosos. Reforçam essa questão, mencionando
que se o indivíduo hipnotizado receber uma sugestão imprópria, que vá de
contra os seus valores, ou o sujeito (paciente) pode não responder à indução
(sugestão), ou sai do estado de transe imediatamente. É importante esclarecer
estas questões para os pacientes, a fim de tranquilizá-los para uma sessão de
hipnose, esclarecendo todas as dúvidas e retirando todos os medos que o
paciente crie a respeito da hipnose.
Por fim, a respeito do mito de que a hipnose pode ser prejudicial, para Bauer
(2002), essa técnica não apresenta prejuízo à integridade física ou mental das
pessoas, quando utilizada por profissionais qualificados. Ainda nesta reflexão,
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para a American Psychological Association (APA), a hipnose pode ser definida
como um procedimento durante o qual um pesquisador ou profissional de
saúde sugere mudanças nas sensações, percepções, pensamentos ou
comportamentos sem que haja nenhum tipo de dano/prejuízo a seus
clientes/pacientes.
Bauer (2002) define a hipnose como sendo a absorção da atenção do sujeito,
ou seja, a atenção seria focalizada através de uma indução ou de uma
autoindução, absorvendo a atenção da mente consciente, dando a
oportunidade à mente inconsciente de se manifestar através dos fenômenos
hipnóticos. Essa autora considera que a hipnose é um estado de consciência
diferente do estado de vigília e pode ocorrer no dia a dia, quando se está
acordado. No entanto, é diferente de estar simplesmente em vigília. Nesse
processo, há uma focalização da atenção voltada para a realidade interna
criada pela pessoa.
A hipnose é então, um estado de consciência caracterizado por um aumento de
receptividade à sugestão, de capacidade para modificação de percepção e
memória e o potencial para o controle sistemático de uma variedade de
funções fisiológicas usualmente involuntárias. Sendo assim, os estados
alterados de consciência que ocorrem durante o transe hipnótico podem
modificar a percepção, a interpretação e a avaliação subjetiva da dor. (Ferreira,
2006).
De acordo com a abordagem ericksoniana, o transe hipnótico é um período
quando as limitações conscientes do paciente são parcialmente suspensas, de
modo que o indivíduo passa a ser receptivo às associações e meios de
funcionamento mental que são facilitadores na solução de problemas (BAUER,
2002). Além disso, o transe hipnótico pode acontecer em diferentes níveis e
apresentar distintas características.
Uma pessoa hipnotizada pode entrar em transe leve, médio ou profundo.
Durante o transe leve percebe-se sinais como: catalepsia, diminuição dos
movimentos, respiração e pulso lentos, e às vezes sinais ideomotores. No
transe médio a catalepsia é acentuada, os músculos da face ficam soltos, o
movimento de deglutição fica diminuído, há sinais ideomotores, movimentos
oculares e respiração lenta. No caso do transe profundo, este é similar ao
estágio anterior ao sono, podendo ocorrer movimento rápido dos olhos. É
possível abrir os olhos como se estivesse acordado, mas os olhos ficam
vidrados e fixos ou permanecem com um olhar vago, podendo falar ou andar,
numa atividade semelhante ao sonambulismo.
É através do esclarecimento destes procedimentos que podemos viabilizar as
aplicações da hipnose de forma segura e comprovada cientificamente para os
tratamentos tanto físicos quanto psíquicos dos clientes/pacientes.
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A hipnose pode ser utilizada segundo Ferreira (2006) em experimentos clínicos
controlados para o tratamento da dor. Podemos citar entre tantos benefícios o
uso da hipnose em tratamentos de queimaduras, pois a hipnose tem seu efeito
através de sugestões de analgesia. A utilização da hipnose está presente
também em cirurgias médicas e odontológicas; no tratamento de dores de
lombalgia e principalmente fibromialgia. Outras dores como de cabeça e em
afecções dermatológicas podem ser amenizadas com a hipnose. A hipnose
tem sido utilizada também para tratamentos de depressão, ansiedade
generalizada, transtorno compulsivo-obsessivo e fobias. Outras indicações do
uso da hipnose servem no tratamento de claustrofobia e agorafobia; em
desordens intestinais; na disfunção sexual masculina e feminina; no controle da
náusea e vômito em crianças com câncer sob quimioterapia, dentre outras
indicações.
A hipnose quando se refere a tratamentos citados acima proporciona melhora
na qualidade de vida dos pacientes é eficaz na diminuição da percepção da
sensação dolorosa e dos níveis de tolerância à dor.
Neste sentido, há aproximadamente 200 anos iniciou-se o uso da hipnose para
o alívio de dor como anestésico durante o tratamento cirúrgico, mas a
aplicação das sugestões hipnóticas nos pacientes vem crescendo apenas nos
últimos anos devido às pesquisas sobre a dor em geral e sobre as variáveis
psicofisiológicas envolvidas na percepção e no manejo da sensação dolorosa
(CABALLO, 1999, FERREIRA, 2006).
Podemos verificar em relação à contribuição da Neuropsicofisiologia,
especialmente pelos exames PET-SCAN[1] (tomografia por emissão de
pósitrons), RMf (imagem funcional por ressonância magnética), MEG
(magnetoencefalografia) e PERE (potenciais evocados a eventos) que
proporcionam um entendimento mais integrado dos processos cerebrais
envolvidos durante o transe hipnótico no alívio da dor.
Como já mencionado, a Hipnose também é utilizada hoje em dia nos esportes,
na odontologia, na medicina e no auxílio de profissionais que atuam na área
jurídica. Nesta última especificidade, por exemplo, se é verificada sua utilização
em casos como traumas de um assalto ou de um estupro, quando é comum a
vítima esquecer o rosto de seu agressor. Então, a hipnose entra em cena para
ajudar a pessoa se caso essa desejar, recobrar a memória para fazer um
retrato auto- falado do agressor.
Segundo relatos de psicólogos jurídicos que utilizam a sessão de hipnose
envolvendo episódios violentos demora até 3 horas. Nas sessões a vítima faz
um retrato falado do agressor, ou uma testemunha é capaz de recordar a
chapa do carro que atropelou alguém, etc. Segundo estes profissionais, a
hipnose não deve ser usada na confissão de criminosos, pois eles poderiam
alegar inocência fingindo estar em transe. Para tanto se faz necessário outros
testes, como também a escala de susceptibilidade hipnótica.
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Para a hipnose ser reconhecida como ciência, foi-se necessário criar além das
comprovações citadas acima por meio de aparelhos e exames
neurorradiológicos, a utilização de escalas de susceptibilidade. Quando se
pretende testar e comprovar a eficácia de uma estratégia de intervenção que
utiliza um procedimento hipnótico, torna-se fundamental conhecer previamente
o grau de susceptibilidade hipnótica dos participantes (pacientes/clientes).
A avaliação da susceptibilidade hipnótica pode ser feita por meio de exercícios
simples. Contudo, num contexto de investigação torna-se imperativo o recurso
a técnicas estandardizadas de avaliação. Existem várias escalas para
avaliação da susceptibilidade hipnótica, sendo a mais utilizada e considerada
como a medida de eleição a Stanford Hypnotic Susceptibility Scale, Form.
(CABALLO, 1999).
Praticamente todos hipnólogos ou hipnoterapeutas como são conhecidos,
dizem que qualquer um pode ser hipnotizado, desde que queira ser hipnotizado
para algum objetivo que o satisfaça, mas, ninguém entra em transe contra a
vontade, mesmo que o hipnotizador queira (PASSOS, 1998). No entanto,
segundo este autor, mesmo querendo muito, só 10% dos indivíduos alcançam
o nível mais profundo da hipnose. Porque segundo ele, a hipnose se divide em
cinco níveis.
O primeiro é um relaxamento profundo. No segundo, o relaxamento é mais
intenso, só que ele perde a validade se o sujeito abre os olhos no meio da
sessão. No terceiro estágio, os pacientes podem deixar de sentir dor. Somente
25% das pessoas chegam ao quarto estágio, quando podem até conversar e
abrir os olhos. No quinto e último estágio, se o processo não for conduzido por
um terapeuta responsável, o indivíduo poderá ter alucinações. (PASSOS,
1998). Outros autores como Erickson, falam em três estágios, já Dowd (apud
CABALLO, 1999), fala de quatro estágios.
Neves (2003) ressalta sobre este assunto, que a diferença de um indivíduo
acordado para o indivíduo hipnotizado é de natureza quantitativa, não
qualitativa, portanto uma diferença de grau, não de natureza. Sob o efeito do
transe hipnótico na personalidade humana, cada pessoa reage à sua maneira,
de acordo com sua própria dinâmica e estruturação psíquica. Segundo ele, é
possível verificar que certos sintomas têm uma função para a organização da
psique, isto faz lembrar a Gestalt-terapia com o conceito de adaptação criativa.
Adaptação criativa se faz quando o sujeito utiliza de mecanismos de defesa
como forma criativa para lidar com suas angústias e sofrimentos.
Porém, não são em todos os casos que ocorre o sintoma como organização da
psique, muitos sintomas podem consistir em aprendizados ao longo da história
de vida do paciente. Estes sintomas podem ser modificados através da terapia
cognitiva comportamental somada ao uso da hipnose. Portanto, muitos casos
de remoção de sintoma não viriam a resultar na substituição por outro, pois
haveria através da cognição uma redefinição das causas do sintoma,
eliminando, portanto, uma perspectiva determinista.
Outra questão relacionada aos efeitos da hipnose, como já mencionado no
capítulo anterior, está relacionada ao tratamento e manejo da dor. Os
benefícios da hipnose quanto ao alívio da dor, são proporcionais ao grau de
suscetibilidade hipnótica dos indivíduos, entretanto, isso não quer dizer que
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quem não alcança transe hipnótico mais profundo, também não recebe
benefícios. Mesmo em vigília, se utilizamos da hipnose para transmitir
sugestões para nossa mente e aceitamos as sugestões, poderemos verificar os
benefícios deste instrumento para nossa saúde mental.
Verificam-se também nos estudos sobre a utilização da hipnose, que há vários
profissionais que recorrem à técnica para fazer uma regressão à infância do
cliente/paciente. Esta é mais uma forma de colocar a técnica a serviço da
psicologia.
Dentro dos assuntos referentes ao tema hipnose, este é sem dúvida o que
mais é polemizado, pois envolve desde a regressão de idade para trabalhar
repressões, conflitos e outros sofrimentos, como também, aqueles que
acreditam em regressão de vidas passadas, fazendo uma mistura de crenças e
ciência. Ou seja, a hipnose neste sentido, passa a ser de um âmbito não só
cientifico psicológico, mas psicoparanormal, pois vai além do humano físico
para o humano espiritual.
Dowd (apud CABALLO, 1999) fala que para entrar neste estado de regressão
só é possível desde que haja um nível maior de profundidade do transe.
Segundo ele, uma pessoa em transe leve não conseguiria entrar neste estado
de regressão.
Relata também que existem quatro fases do transe, são eles: o hipnoidal, o
transe ligeiro, o transe médio e o transe profundo. O intuito de se utilizar a
hipnose como regressão seria a de vencer as barreiras criadas (repressões) a
fim de que o cliente pudesse entrar em contato com aquilo que tentou esquecer
e que lhe causa forte sofrimento sem estar totalmente consciente de suas
causas. Em relação aos que acredita em regressão de vida, a proposta tem a
mesma finalidade e é muito diversificada em seguidores espíritas.
Independente das crenças ou motivos para entrar em um transe hipnótico, se
faz necessário toda uma preparação, seja do ambiente, seja dos
esclarecimentos que envolvem a técnica para o próprio cliente/paciente.
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quando defendem a necessidade da preparação do ambiente e do
cliente/paciente para esta atividade.
Para tanto, elencam passos que devem ser seguidos como:
1) A preparação do paciente, 2) a indução hipnótica, 3) o aprofundamento
da hipnose, 4) o emprego do transe hipnótico para fins terapêuticos e 5) a
finalização.
1 - No caso da preparação do paciente é preciso primeiramente estabelecer um
bom rapport e esclarecer as dúvidas e os mal-ditos (mal falados) desta técnica
para que o mesmo não se sinta ameaçado por seu próprio medo e dúvida.
Tanto no vídeo e no livro de Fábio Puentes como também em Dowd (apud
CABALLO, 1999), alguns testes podem servir para verificação inicial, a que
chamamos de susceptibilidade hipnótica, se os pacientes estão hipnotizados e
em que fase. Alguns deles envolvem exercícios como o de levitação e peso
das mãos e dos braços e o balanço do corpo enquanto este se encontra de pé.
Muitos hipnólogos não utilizam estes testes, pois acreditam que possam criar
suas próprias induções.
2 - Quanto à indução hipnótica, existem várias técnicas que podem ser
utilizadas. A criatividade do psicólogo, que utiliza a hipnose como instrumento
de apoio, ajudá-lo-á a construir embasado em sua experiência a melhor
estratégia de ação, lembrando que a hipnose é um processo de atenção
elevada.
Dentre as técnicas mais usadas pelos profissionais que utilizam da hipnose,
podemos citar: o relaxamento progressivo, principalmente para aqueles que
têm medo da hipnose.
Ressalto que esta tem sido a minha principal forma de atuar, pois acredito que
o relaxamento gradual, ajuda o paciente a ir confiando e se entregando pouco
a pouco a técnica da hipnose. Outra técnica muito utilizada é a fixação dos
olhos em um pendulo; anel; vela acesa ou até mesmo a um ponto escolhido
pelo paciente na parede ou canto da sala. O importante é que os olhos fiquem
fixos em determinado local, olhando um pouco acima da linha normal do seu
olhar, o que fará que através da indução o terapeuta possa sugerir que o
cliente está ficando cada vez mais com os olhos pesados e assim que ele
fechar os olhos estará em transe. Eu prefiro pedir ao paciente que feche os
olhos assim que iniciar a indução hipnótica. Procuro não olhar fixamente para o
paciente, pois se ele abrir os olhos e notar que está sendo analisado
fisicamente pode construir barreiras associadas a sentimentos de inferioridade.
Desta forma, busco fazer a indução hipnótica olhando para um dos lados da
sala, ou até mesmo de olhos fechados, deixando o cliente bem tranquilo e
relaxado.
Para os hipnólogos que utilizam da técnica em pedir ao cliente que fixe os
olhos sem piscar em determinado local/objeto, acreditam que com o passar do
tempo os olhos estarão muito pesados e o próprio cliente não resistirá ao
esforço de permanecer com eles abertos e fechará seus olhos. A partir desta
ação, os pacientes começarão a acreditar que isto ocorreu pela hipnose e
começará a entrar em transe.
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3 - Em se tratando do aprofundamento no transe é importante distinguir que
este aprofundamento tenha algo a ver com o sono. Neste caso é de suma
importância o esclarecimento de que este aprofundamento no transe se dá de
forma progressiva, ou seja, alguns clientes entram com mais facilidade, outros
demoram um pouco mais até atingir mais confiança no terapeuta e na eficácia
da técnica, mas nos dois casos, o transe será feito, seja de menos intensidade
(transe leve), ou maior profundidade (transe profundo).
Para atingir estes níveis citados acima, tanto Dowd (apud Caballo, 1999)
quanto Fábio Puentes, sugerem alguns procedimentos para conseguir este
objetivo. Dentre eles citamos:
1) a técnica da escada: está técnica consiste em pedir ao paciente que imagine
(visualize) que a cada degrau que o cliente desce da escada, vai sendo
sugerido que este paciente está entrando cada vez mais em transe,
2) a técnica do mergulho, onde se é pedido que o paciente se imagine
mergulhando cada vez mais no mar. Deve-se observar, no entanto, que
algumas pessoas têm medo de água, no caso, deve-se substituir a técnica ou
trabalhar primeiramente este medo com outra técnica de transe,
3) Técnicas de levitação dos braços, pede-se ao cliente que imagine que em
uma das mãos (indica-o qual) está a um cordão amarrado com vários balões
que fazem com que este braço fique cada vez mais leve, enquanto o outro
braço há um peso em sua outra mão, cada vez mais pesado, esta técnica
consiste em medir a profundidade do transe,
4) a técnica de contar de traz para frente é sugerida por Puentes. Pode-se
pedir ao cliente que calmamente conte de 100 até 1, e a cada número, ele vai
entrando cada vez mais em transe.
Dowd (apud CABALLO, 2009) acredita que não se devem utilizar contagens
longas, indica que se deva contar de 1 a 10, sugerindo que a cada número, o
cliente vai entrando em transe cada vez mais, o mesmo processo se dá para
sair do transe,
5) Leveza do corpo. Esta técnica está associada ao cliente acreditar que o
corpo esta tão leve que pode a te flutuar, a cada vez que sente o corpo mais
leve e relaxado, mais vai entrando em transe,
6) Na respiração, o cliente pode acreditar através da imaginação que a cada
vez que respira, mais vai entrando em transe. Está é a minha preferida, pois a
respiração pode ser associada ao relaxamento mais facilmente.
Como já mencionado anteriormente, a criatividade do terapeuta é essencial,
pois pode seguir estas técnicas já mencionadas ou adaptar e até mesmo criar
novas técnicas conforme sua necessidade e adaptação.
No emprego do transe hipnótico, não há só a mudança de comportamentos e
eliminação dos sintomas. Há na indução hipnótica, instruções construtivas e
sugestões de pensamentos positivos empregado pela imaginação que leva o
cliente a um nível de vida mais satisfatório e sensação de bem estar mais
prolongado. Quando o cliente/paciente percebe que a terapia está o ajudando a
resolver seus conflitos, o próprio paciente permite crescer com mais liberdade
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tomando consciência das repressões, angústias, e de seus comportamentos,
além das crenças negativas que tinha a respeito de si-mesmo.
Para conseguir atingir estes objetivos, através da indução hipnótica, ao invés
de dizer ao paciente, por exemplo, que este não vai mais fumar, seria
interessante e mais positivo fazer afirmações como: você deixará de fumar e
viverá de forma mais saudável e feliz. A fala do terapeuta, mais o desejo do
paciente são essenciais para o bom resultado da terapia. Dentre das várias
sugestões na indução, é importante acompanhar o progresso do cliente e
ajudá-lo para que não se sinta fracassado se não conseguir cumprir e
desenvolver-se no processo terapêutico. (BAUER, 2002; FERREIRA 2006).
Muitos pacientes acreditam que bastará uma única sessão para resolver seus
conflitos, transtornos, fobias. É necessário explicar que dependerá do processo
de assimilação e integração na hipnose. Na maioria dos casos, será necessário
fazer um número mínimo de 5 sessões. Normalmente, utilizo de 5 a 20 sessões
de hipnose além da psicoterapia.
Segundo Ferreira (2006), durante o processo de intervenção, distintos
fenômenos causados pela hipnose podem ocorrer como: rapport, catalepsia
(imobilização e/ou ausência da vontade de se mover), dissociação
(pensamento e sensação de serem duas pessoas numa só), analgesia
(diminuição da intensidade da sensibilidade à dor), anestesia (não sentir partes
do corpo), regressão de idade (recordação de algo como se estivesse vivendo
aquilo pela primeira vez), progressão de idade (ver-se no futuro realizando
coisas), distorção do tempo (falta de percepção do tempo cronológico),
alucinação positiva (ter a percepção de algum dos cinco sentidos de que algo
não está presente), alucinação negativa (falta de percepção de algum dos
cinco sentidos de algo que está presente), amnésia (não lembranças de parte
ou de tudo o que aconteceu), hipermnésia (lembrança aguçada de algo),
atividade deossensória/ideomotora (sinalizações com o corpo em resposta a
algum comando), e por fim a sugestão pós-hipnótica (execução pós-transe de
algo pedido durante o transe).
Lembro-me de em certa hipnoterapia dar a sugestão a uma paciente, que sofria
por sua obesidade, de todas as vezes que sentisse muita fome, substituísse o
alimento por água, mas apenas nos casos que sentisse muita fome, ou seja,
uma compulsão em se alimentar. Uma sessão apenas foi utilizada e a paciente
3 meses depois ainda continuava a seguir a sugestão de beber agua ao invés
de comer quando sentisse muita fome. Nestes 3 meses a cliente perdeu 5
quilos sem ter feito uso de qualquer regime alimentar. É claro que muitos
podem questionar este fato porque em um regime ela poderia ter perdido mais
peso, mas é bom esclarecer que a paciente não aceitava qualquer tipo de
regime, academia, etc. Por isso, utilizei a hipnose em uma sessão.
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bem confortável, se possível com as mãos em cima das pernas (cochas). Para
aqueles que utilizam o divã, seus pacientes podem deitar e relaxar.
Para deixar o paciente em transe, é preciso repetir um estímulo. No passado,
os terapeutas usavam estímulos visuais, como um pêndulo balançando. Hoje
os especialistas consideram sons repetitivos, como o tique-taque de um
relógio. A maioria dos profissionais usa a própria voz, falando frases ou
palavras sem parar, em um tom monótono. O resultado é melhor quando
pronunciada palavras associadas a relaxamento, sono, calma. Como já citei
anteriormente, este é meu procedimento, pois acredito que dá o melhor
resultado.
Segundo o psicoterapeuta Carlos Laganá, presidente da Sociedade Brasileira
de Hipnose, uma sessão completa não ultrapassa meia hora, mas não é
possível prever a duração de um tratamento baseado em hipnose, pois, pode
levar meses ou anos. (PASSOS, 1998). Em minhas sessões levo de 30 a 45
minutos, pois utilizo também a psicoterapia junto aos pacientes.
Neste sentido, na prática clínica, muitos profissionais psicólogos vêm utilizando
como tratamento coadjuvante a psicoterapia a técnica da hipnose. Estes
profissionais pertencem as mais variadas abordagens.
Estaremos apresentando neste livro mais especificamente a atuação de
neuropsicólogos, psicanalistas, gestalt-terapeutas e terapeutas cognitivos
comportamentais. Os psicólogos que atendem com outras abordagens como a
Abordagem Centrada na Pessoa (no cliente), a abordagem Sistêmica, a
Bioenergética, a terapia de Reich e outras como a analítica e grupal, não foram
contempladas neste livro, mas acredito que o conhecimento aqui proposto
pode lucidar as dúvidas em relação a seus referenciais teóricos.
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2 – ESPECIFICIDADES QUE UTILIZAM A HIPNOSE.
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ativadas durante o transe) a eficácia desta técnica, considerando-a como um
instrumento prático e valioso para o exercício deste profissional. Ou seja, o
neuropsicólogo pode fazer uma indução hipnótica e ao mesmo tempo observar
através de aparelhos de exames PET-SCAN (tomografia por emissão de
pósitrons), como as áreas no córtex cerebral que estão sendo atingidas e
tratadas e seus avanços na comunicação e melhora do paciente.
Neste sentido, segundo o psiquiatra Fernando Portela Câmara, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (PASSOS, 1998, p. 108), “a formação
reticular controla a vigília e o sono e ainda seleciona em que informações
devem-se concentrar”.
A tese mais aceita pelos neuropsicólogos é a de que as palavras do
hipnotizador, daí o porquê das explicações sobre a linguagem, são
processadas pelo nervo auditivo, alcançam a ponta dessa rede, na base do
cérebro, e se espalham por toda a massa cinzenta. Por se tratar de estímulos
repetitivos na indução, quando eles chegam ao lobo frontal, a atenção do
paciente fica concentrado em um único foco, inibindo tudo o que está ao redor
(PASSOS, 1998). Se o indivíduo estivesse em um estado próximo do sono, o
que não ocorre na hipnose, o mapa cerebral visualizado nos testes
imagiológicos seria completamente diferente, com outras áreas ativadas.
Segundo Ferreira (2006), entre as fases da indução e o estado hipnótico, pode-
se perceber que a hipnose provoca um extremo relaxamento e isso diminui a
dor crescendo os níveis do neurotransmissor serotonina. Este nível de
serotonina vai se concentrar nas áreas cerebrais encarregadas de processar as
mensagens químicas da dor, atenuando a sua intensidade. Além disso, diminui
o cortisol do stress, que poderia intensificar os sinais dolorosos nos nervos
espalhados pelo corpo.
O hipnotismo também estimularia a produção de moléculas chamadas de
moduladores imunológicos que se ligam às células de defesa regulando a sua
ação. Assim, eles evitariam que as defesas comprassem briga contra tecidos
do próprio corpo. “As células imunológicas do sangue se tornariam mais
eficientes sem o cortisol, já que a dosagem da substância pelo efeito da
hipnose diminui. Isso poderia explicar por que o hipnotismo tem ajudado no
tratamento de pacientes imunodeprimidos por causa do câncer ou da AIDS”.
(FERREIRA, 2006, p. 403).
Segundo este autor, em vários países como Estados Unidos, Canadá, França,
entre outros, várias pesquisas estão sendo realizadas. Para serem
reconhecidas sua característica científica, tecnologias avançadas como Brain
Mapping (BM); Potencias Evocado (PE) e Tomografia por emissão de Pósitrons
(PET-SCAN), buscam compreender os mecanismos neuropsicofisiológicos
ativados pela hipnose.
Ferreira (2006) defende ainda que a anestesia hipnótica têm um aumento de
serotonina nos locais do encéfalo responsáveis pela percepção consciente da
sensação dolorosa e assim se é verificado a diminuição dos níveis de cortisol
(níveis de estresse) no sangue. Estas constatações podem ser evidenciadas
em estudos experimentais em pessoas hipnotizadas submetidas ao exame de
tomografia por emissão de pósitrons.
21
Ainda, na tentativa de compreender como essa técnica pode atuar no
controle e diminuição da dor, Schulz-Stübner (apud FERREIRA 2006) conduziu
um estudo que pretendia identificar por meio de ressonância magnética
funcional as áreas cerebrais que são ativadas durante o transe hipnótico e
verificar o que acontece quando um estímulo térmico doloroso é aplicado em
indivíduos hipnotizados e não hipnotizados. Os resultados em testes de
ressonância magnética em pacientes hipnotizados demonstraram que os
indivíduos com o efeito desta técnica apresentam menos ativação no córtex
sensorial primário, no giro do cingulado médio e no córtex visual, enquanto
uma ativação aumentada foi vista no gânglio basal anterior e no córtex anterior
cingulado esquerdo. Tais resultados indicam que a hipnose pode impedir que
as entradas nociceptivas alcançassem as estruturas corticais mais elevadas
responsáveis pela percepção da dor no cérebro.
Nesta mesma perspectiva Faymonville (apud FERREIRA, 2006) com o intuito
de verificar a eficácia da hipnose desenvolveu um estudo que comparou a
percepção de dor e o funcionamento cerebral de pessoas em estados
hipnóticos, de imaginação e descanso durante uma condição experimental de
estímulo doloroso aplicado na mão. O grupo de indivíduos que foi submetido à
hipnose apresentou 50% de diminuição da percepção da dor se comparado
aos grupos de imaginação mental e de descanso.
Outro aspecto que também pode colaborar para melhor compreensão a
respeito do mecanismo de ação da hipnose no cérebro pode estar relacionado
à diminuição da ativação nas regiões frontais. Segundo Mello (apud
FERREIRA, 2006), utilizando o mapeamento cerebral por EEG Digital, observa-
se que o traçado no estado hipnótico é bastante semelhante ao estado de
vigília. Com o aprofundamento (transe profundo já citado no capítulo anterior)
da hipnose é possível detectar uma lentificação progressiva. No entanto, o
efeito analgésico da hipnose parece estar associado não apenas a
mecanismos de ação do sistema nervoso central como também do sistema
periférico.
A respeito destes estudos verifica-se que a técnica de hipnose para estes
profissionais, além da comprovação científica demonstrada, tem um valor
fundamental para pacientes que demonstram reações alérgicas a anestesias.
Sendo assim, “a hipnose traz a estes beneficiados uma sensação de
relaxamento através da indução hipnótica com a diminuição do cortisol e a
ativação da serotonina que pode ser produzida pelos neurotransmissores na
região no córtex próximo ao hipocampo” (FERREIRA, 2006, p. 362).
No entanto, estes estudos são recentes e ainda necessitam de maior
aprofundamento. Porem, a discussão que envolve a hipnose consta desde o
surgimento da psicanálise, o que poderemos observar posteriormente.
22
experiências que este psiquiatra teve na clínica. O método inicialmente usado
por ele era o método catártico de Josef Breuer (1842-1925), baseado na
hipnose, para ampliar-lhes o campo da memória, possibilitando assim o
tratamento de seus pacientes.
No método catártico de Freud, o paciente era hipnotizado e levado a lembrar-
se da história do desenvolvimento de sua doença. Era então, reconduzido até o
momento das primeiras manifestações de seu sofrimento, ou seja, até a cena
traumática. Este paciente era incentivado a reviver a cena traumática de forma
adequada, liberando a reação afetiva que na época da vivência do trauma, por
algum motivo, não fora efetivada. Esse método foi sendo gradualmente
modificado até que Freud desenvolveu o método de associação livre.
Ainda seguindo o pensamento de Chertok (1982), ao trabalhar com o método
catártico, Freud deparou-se com alguns problemas como o fato de que nem
todos os seus pacientes eram hipnotizáveis, encontrando assim, dificuldades
em obter as curas efetivas que ele buscava, já que o método catártico lidava
apenas com os sintomas, e não com a neurose.
Depois de abandonar a hipnose, Freud passou a utilizar a técnica da pressão,
que consistia em pressionar a testa do paciente e solicitar que de olhos
fechados o paciente se concentrasse a fim de recuperar a lembrança perdida.
Essa técnica simulava o estado hipnótico, que naquele momento da teorização
freudiana era visto como uma expansão da consciência. Assim, a construção
do método psicanalítico se deu a partir da adoção e modificação do método
catártico, passando pelas técnicas da pressão e concentração, até a
descoberta da associação livre.
O método utilizado anteriormente a associação livre ainda apresentava
limitações, e as pessoas que não eram hipnotizáveis ou tinham forte resistência
à hipnose não podiam ser tratadas pelo método catártico.
Como já citado na introdução, um dos grandes colaboradores na
história da hipnose foi Hyppollite Bernheim, que segundo Chertok (1982) serviu
como uma das fontes de inspiração para Freud avançar na construção de um
novo método. Isto ocorreu quando Freud passou a testar até onde ia à
capacidade de memória dos seus pacientes sem a hipnose. De início,
encontrava forte resistência de seus pacientes, mas aos poucos os pacientes
começavam a lembrar-se do passado. Para isto, Freud pedia que o paciente se
deitasse e fechasse os olhos (simulando uma hipnose), alegando que isto o
ajudaria a concentrar-se melhor. Aos poucos percebeu que a resistência
apresentada pelos pacientes tinha a mesma origem da própria neurose.
Tornou-se claro um processo de defesa, que ocorria devido ao sofrimento
psíquico que estas lembranças esquecidas traziam para a consciência.
Freud que anteriormente era inspirado em Bernheim abandona então a técnica
da pressão na testa. Esta funcionava da seguinte forma: pressionando a testa
do paciente, pede a este que lhe relate a idéia ou imagem que lhe ocorre
descrevendo-a seja qual for. Segundo Freud, este método nunca falhou,
sempre apontando um caminho para desenvolver a investigação sobre a
patologia. A pressão distraia o paciente de reflexões conscientes, já que a
associação com os fatores patogênicos parecia estar sempre à mão (pressão
23
na testa). Segundo Freud, só era preciso retirar do caminho os obstáculos
(CHERTOK, 1982).
Ao promover alterações no método catártico, Freud percebe que a hipnose não
era mais necessária no tratamento de seus pacientes abandonando a técnica
da hipnose e da pressão na testa, pois mesmo sem elas, ele conseguia
avançar sobre a memória do paciente, atingindo as cenas traumáticas. Foi
assim que este psiquiatra criou o método da associação livre abandonando o
uso da hipnose em seus atendimentos.
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suficiente para entendermos, que há aqui, essa diferença fundamental embora
as duas perspectivas atuem sobre o inconsciente do paciente.
25
Gestalt, ou seja, este interrompimento se daria ao fato do self ter perdido a
função de promover um ajustamento criativo.
Mas, como pode a hipnose atuar como tratamento coadjuvante por um Gestalt-
terapeuta? Pode-se pensar nesta possibilidade, desde que o terapeuta possa
ajudar o cliente a focalizar sua atenção na sensação de sua percepção ou
memória, enquanto o resto do campo perceptivo diminui em um fundo. A
hipnose privilegiaria aspectos profundos que o paciente insiste em não dar um
fechamento. Traria a consciência suas resistências, conflitos. Enviaria através
de sugestões positivas, soluções para fechar a gestalt interrompida. Por
exemplo: um paciente que ao ser demitido do emprego sofre por não ter sido
um melhor funcionário e se culpa pelo fato. Em uma psicoterapia, trabalhar-se-
ia esta culpa ampliando sua awareness de sentir-se fracassado.
Mas, e nos casos em que o cliente consciente de sua não-culpa, ou mesmo de
sua responsabilidade, ainda sofrer pela perda do emprego e estar esperando
que esta gestalt-inacabada retorne para acertar seus erros em uma outra
oportunidade neste mesmo emprego? Neste caso, para que a pessoa não fique
presa a seu passado, pode-se utilizar a hipnose como forma de sugestão para
o cliente superar a perda e focalizar em um novo emprego. Esta seria uma
forma muito indicada de superação do trauma em uma psicoterapia gestáltica
com o uso da hipnoterapia de autoajuda.
Para Freda Morris (1991), experimentos de Fritz Perls como a cadeira vazia, se
aproximam muito de um estado hipnótico, pois permite que o cliente através da
imaginação entre em um tipo de transe hipnótico. Para explicar melhor como se
dá este experimento da cadeira vazia, ele funciona da seguinte forma: um
paciente se imagina em uma cadeira vazia ou uma outra pessoa sentada a sua
frente e faz um diálogo com ela. Consegue através da imaginação, perceber o
que sente por aquela figura projetando a ela seus sentimentos e sensações. Na
percepção de suas sensações, suas experiências que não foram elaboradas,
podem auxiliar aos clientes a entrarem em contato com suas gestalts abertas
(inacabadas) e ampliarem suas fronteiras de contato, para que seu organismo
entre em homeostase (equilíbrio) com seu self (id, ego e personalidade) e
possam diante a awareness produzida fechar sua gestalt. A hipnose
funcionaria nestes casos como sugestão.
A partir destas considerações, muitos Gestaltistas estão incorporando a
hipnose em sua prática, principalmente nos Estados Unidos. Desde o
surgimento da Gestalt-terapia com Fritz Perls, as oficinas de workshops em
Gestalt-terapia e hipnose nos Estados Unidos se ampliaram buscando propor a
hipnose como mais uma ferramenta a serviço do Gestalt-terapeuta
Fazendo um link com a utilização de técnicas como a cadeira vazia., podemos
prever que o cliente ao imaginar um diálogo, reviver um cenário, uma conversa,
concentra-se em aspectos de si próprios que estavam bloqueando a sua
capacidade de resolver questões do passado. A imaginação expositiva (na
cadeira vazia) e o diálogo com a pessoa ou situação imaginada ajudam a
antecipar ou reviver sentimentos que o cliente não conseguia elaborar. Esta
técnica coloca o cliente em condições de enfrentar numa exposição ao vivo
seus conflitos e até mesmo responder a questões que podem fechar gestalts
inacabadas.
26
Relacionando com a hipnose, esta técnica faz com que o cliente volte-se mais
profundamente a si mesmo. O Hipnoterapeuta gestático pode ser capaz de
contornar certas estratégias utilizadas (mecanismos de defesa), permitindo a
este explorar certas opções que não seria possível se não estivesse em um
estado hipnótico. Os clientes também podem ser direcionados para prestar
muita atenção aos detalhes dessas novas experiências, para que possa ser
vividamente lembradas pós-hipnose, o que ocorre de forma semelhante
quando na técnica da cadeira vazia, o cliente passa a entrar em contato com as
sensações provocadas pela imaginação, visando ajudar os clientes a entrarem
em contato com suas experiências e produzir a partir desta awareness o
crescimento do cliente.
Na literatura pesquisada consta-se num diálogo de Freda Morris, (um
conhecido hipnoterapeuta americano) sobre Fritz Perls que este acredita que a
atuação do co-fundador da Gestalt-terapia tem um efeito hipnótico em seu
trabalho terapêutico.
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motivos que o fazem sentir-se muito ansioso, os conflitos neuróticos deste
sintoma ainda permanecem. Neste caso a hipnose, seria mais uma ferramenta
a disposição do terapeuta a fim de elevar os níveis de relaxamento, reduzir o
stress e produzir como um ansiolítico natural um melhor bem estar ao cliente.
Evidentemente estas suposições necessitam de embasamento prático na
clinica em gestalt-terapia o que venho fazendo em minha prática psicológica.
Como na Gestalt-terapia há também profissionais de outras abordagens que
vêm utilizando da técnica da hipnose em suas práticas psicoterapêuticas.
Dentre estas podemos citar a Terapia Cognitiva Comportamental.
28
em usar a hipnose. Ainda segundo este autor, hipnose é útil na intensificação
dos aspectos de uma experiência, orientando o cliente a prestar mais atenção
a certos detalhes. Por exemplo, alguém que deseja parar de fumar pode ser
convidado a se sentir fortemente o sentimento de alívio esclarecendo os
benefícios e levando-o a se imaginar como mais feliz e saudável. Através da
indução, o cliente passa a sentir-se livre, confiante e capaz pelos avanços que
pode perceber a cada dia.
Verificando a utilização da hipnose como coadjuvante nos tratamentos
médicos, ela aumenta significativamente o bem estar psicológico, reduz o
stress e melhora as taxas de recuperação dos pacientes sujeitos a esses
tratamentos. A eficácia da hipnose vem sendo comprovada como importante
ferramenta terapêutica quando combinada com intervenções cognitivo-
comportamentais, nas perturbações depressivas, da ansiedade, do sono,
condições psicossomáticas, tabagismo, obesidade, controle da dor, depressão
entre outras.
Como podemos observar sobre cada abordagem discutida neste livro, a
hipnose pode ser integrada como uma ferramenta a disposição do profissional
psicólogo, como também em outras áreas de atuação, seja médica, jurídica,
odontológica entre outras.
Há, no entanto, aqueles que defendem e os que são contra o uso da hipnose
em psicoterapias. Portanto, nada mais saudável que uma discussão sobre as
divergências e convergências destas opiniões a respeito da hipnose para
podermos abrir um campo fértil de reflexões que possam favorecer
principalmente aqueles que dela necessitam.
29
Ferreira (2006) em relação ao mito de que a hipnose pode ser
prejudicial, defende que a hipnose é um fenômeno científico válido, que pode
ajudar pessoas a superar seus traumas, conflitos emocionais e problemas
psicológicos. A hipnose já foi e ainda é usada por milhares de pessoas, e não
se consta em sua história sinais de prejuízo à integridade física ou psicológica
dessas pessoas. Segundo este mesmo autor, nos momentos em que um
indivíduo hipnotizado recebe uma sugestão imprópria que não condiga com
seus valores, ou o indivíduo não responde à sugestão, ou o estado em que se
encontrava pela indução, acaba voluntariamente pelo cliente.
Dentre as classes profissionais habilitadas ao uso do recurso da
Hipnose nos respectivos conselhos nacionais e regionais (medicina,
odontologia, psicologia, fonoaudiologia, neuropsicologia entre outras
especificidades), são os psicólogos os que mais efetivamente têm atuado com
o uso da Hipnose. Podemos observar que, embora as fundamentações teóricas
da Psicanálise, da Gestalt-terapia, Terapia Cognitiva Comportamental e outras
abordagens psicológicas tenham referenciais teóricos diferentes, no entanto, é
cada vez mais frequente nos consultórios de psicologia a utilização desta
técnica, que tem assegurado processos mais breves de terapia, com resultados
bastante positivos e seguros para vários tratamentos.
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aptidões necessárias para superar dificuldades, resolver problemas, entrar em
transe e experenciar todos os fenômenos que este possa proporcionar.
Buscando estabelecer as convergências entre a psicologia clinica e a
hipnose, podemos verificar esta técnica como forma de tratamento coadjuvante
observando os benefícios que ela produz para o cliente. Ferreira (2006) faz um
levantamento minucioso das intervenções hipnóticas numa psicoterapia tendo
como referencial sua prática clínica e de outros colegas profissionais. Elenca o
uso desta técnica atuando como tratamento coadjuvante numa psicoterapia em
casos de depressão, controle ou diminuição da ansiedade e do stress em
síndrome do pânico, estresse pós-traumático, fobias e traumas psicológicos.
Sendo que nestes casos de traumas o processo indicado em hipnose pode ser
pela regressão para se descobrir onde o trauma se originou. É por meio de
sugestões (induções) que se tenta modificar o significado desse fato e assim
mudar o comportamento não inibindo simplesmente a fobia.
A hipnose também é utilizada em casos de transtornos sexuais
masculinos e femininos, casos de timidez excessiva, no tratamento de impulsos
ou compulsões de condutas dependentes como o jogo patológico e outros
impulsos suicidas e as alterações de comportamento alimentar (obesidade,
anorexia e bulimia).
Lembro também que em muitos casos destes citados acima, se é
recomendado além da psicoterapia que utiliza a hipnose, o acompanhamento
de profissionais psiquiatras na indicação de medicamentos apropriados. Outra
contribuição desta técnica na psicoterapia é o aumento da auto-estima e a
autoconfiança através do trabalho hipnótico. É possível, portanto na condução
do relaxamento e através da linguagem, facilitar ao cliente a descoberta de
novas opções na vida e a quebra de padrões de sentimentos e comportamento
indesejáveis como complexos de inferioridade por exemplo.
Segundo Ferreira (2006), muitos pacientes procuram hoje em dia a
hipnose conjuntamente com a psicoterapia na crença e desejo que esta possa
ajudá-los (ou a algum membro da família) nos casos de distúrbios da
aprendizagem ou até mesmo para melhorar na concentração e propor alívio do
nervosismo na hora de provas em concursos e vestibulares.
Como se pode observar a utilização da hipnose como tratamento
coadjuvante em psicoterapia é das mais diversas, pois vai desde a terapia
infantil em casos de hiperatividade e para crianças autistas até como auxílio
nos conflitos do relacionamento conjugal e familiar, nas perdas emocionais
(luto, rompimentos); em casos psicopatológicos.
Quanto às críticas ao uso da hipnose que deixaria o paciente/cliente em
um estado de completa passividade, sem direito ao questionamento e de certa
forma conduzido à vontade do terapeuta. Ferreira (2006) afirma neste sentido
que muitos pacientes/clientes quando chegam ao consultório para uma sessão
de hipnose ficam temerosos, achando que a hipnose é algo sobrenatural,
fincando inclusive nas mãos e na vontade do hipnotizador. O autor ressalta que
este é um dos conceitos mais equivocados existentes em relação à hipnose.
Para ele quem hipnotiza não é o hipnotizador, pois ele apenas dará dentro de
seu conhecimento científico sugestões de relaxamento que produzirá (se aceita
pelo paciente/cliente) uma auto-hipnose, ou seja, requer do cliente/paciente, o
31
desejo, vontade, entrega e confiança naquele que o conduzirá a este
relaxamento. É diante a resposta do cliente/paciente que o psicólogo
(hipnoterapeuta) o ajudará a ressignificar seus conflitos obtendo a ajuda que
veio buscar. Somente com a aceitação o processo de hipnose funciona, caso
contrário sua resistência impedirá entrar em um estado chamado por muitos de
transe o que pode resultar por parte do cliente/paciente a falsa impressão que
ninguém pode hipnotizá-lo.
Outra divergência entre os profissionais que utilizam a hipnose está no
medo de que ao fazer o cliente/paciente entrar em transe ou numa regressão, o
profissional possa não conseguir fazer com que ele retorne ao estado normal.
É necessário esclarecer as dúvidas e conhecer bem os procedimentos da
hipnose para acalmar com boa argumentação a seus pacientes/clientes. É
preciso compreender que se a pessoa entrar em um transe muito profundo,
uma hora vai dormir e se dorme também acorda. De uma forma geral, tudo o
que se tem dito e escrito a respeito dos perigos da hipnose pertence ao reino
da fantasia segundo Ferreira (2006). Os efeitos adversos sejam fisiológicos ou
psicológicos, não são comuns, e na maioria das vezes, são de curta duração.
Ainda neste sentido, embora haja autores que defendem não haver
nenhuma contradição quanto ao uso da hipnose, há, no entanto, profissionais
que temem utiliza – lá principalmente em casos que envolvem fazer regressão.
Estes profissionais acreditam que o cliente/paciente pode entrar em um período
traumatizante da infância e por algum motivo repressor não conseguir mais
voltar a sua idade cronológica e mental. Ferreira (2006) ressalta que isto é
apenas mais um medo criado para atingir a credibilidade desta técnica, pois
nunca ficou provado que alguém ficasse fixado em uma fase de vida sem voltar
a sua realidade. Testes neurorradiológicos demonstram esta impossibilidade
fisiológica atentando-se para o cuidado em casos de demência que
naturalmente sem a hipnose, é típico de regressão de idade ficando em alguns
casos fixado na infância. Estes casos estão mais associados aos distúrbios da
memória do que a um dano causado pela hipnose.
Outros casos de contraindicação do uso da hipnose por alguns profissionais
estão relacionados às situações que removam sintomas como a febre e a dor
de cabeça, por que servem para alertar o organismo de uma infecção ou objeto
estranho a sua natureza. Faz-se necessário uma avaliação médica nestes
casos. Outra condição onde o uso da hipnose não é recomendado é em
estados emocionais que o paciente percebe uma agitação mental e emocional,
como a esquizofrenia e transtornos bipolares, pois o efeito da hipnose pode
alterar estes estados amplificando os sintomas.
Uma atenção importante se é dado quando no atendimento de mulheres
grávidas especialmente nos últimos meses de gestação. É recomendado por
alguns profissionais que não se utilize a hipnose, porém verifica-se que há
profissionais que a utilizam na prática do parto sem dor, recomendando o uso
da hipnose desde o início da gravidez. Supõe-se que o transe induzido apenas
em fase final do período possa trazer algum tipo de confusão para o bebê no
útero, devido às alterações metabólicas introduzidas pelo processo.
Ainda dentre as divergências observadas, alguns profissionais alertam ao fato
de que se requer certo cuidado ao lidar com pacientes cardíacos e hipertensos,
pois eventuais emoções fortes vividas durante o transe podem prejudicar mais
32
que ajudar. Por outro lado os que defendem o uso da hipnose em qualquer
situação, diz que em tais casos, podem-se usar as sugestões hipnóticas para
auxiliar na manutenção da pressão fazendo com que esta fique o mais próximo
possível dos níveis normais, não requerendo então, receio de tratar pessoas
com problemas de pressão. Há ainda aqueles profissionais que admitem que
em psicoses latentes, taras e perversões, estas possam vir à tona e tornarem-
se efetivas em virtude da ação hipnótica. Para Ferreira (2006) é um perigo tão
remoto que a literatura específica carece de dados estatísticos a esse respeito.
Ainda neste sentido, uma das críticas verificadas feitas ao uso da Hipnose é a
de que ela mobiliza a erotização. No entanto, ela pode aumentar qualquer
coisa que seja policiada e reprimida.
33
fizeram surgir entre as pessoas, pesquisas tem demonstrado que se é mais
eficaz para os clientes não utilizar palavras como transe hipnótico, sugestão
hipnótica e até mesmo hipnose. Sugere que para os clientes sentirem-se mais
confortáveis, pode-se utilizar de palavras que evitem pré-contatos com os
vários mitos em volta da hipnose, ou seja, poderíamos chamar a hipnose de
relaxamento profundo, relaxamento saudável, etc.
No caso dos clientes perceberem o estratagema, se é então necessário
desmistificar os medos que envolvem a palavra hipnose antes de começar a
utilizá-la junto ao cliente. Dentre este panorama é imprescindível também que
as discussões do estado hipnótico convirjam no mesmo rumo, pois quando os
clientes tomam contato com as explicações do terapeuta sobre a hipnose, pode
haver diferentes explicações da técnica, confundindo o cliente e colocando em
risco a confiabilidade no terapeuta.
Existem várias teorias a respeito da hipnose. Neste livro falaremos um pouco
sobre as correntes teóricas Estado e não-Estado.
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Todas estas discussões em volta das teorias e conceitos da hipnose
geradoras de convergências e divergências são no intuito de pensar em como
utiliza-lás como técnica coadjuvante na clínica psicológica, pois construir
ciência é construir visões de mundo (Figueiredo, 1999), é realizar novas
descobertas, compartilhar, cada qual com seu referencial teórico, seus
métodos e discuti-los. Faz parte natural do modo de ser ciência da psicologia
ter posicionamentos contra e a favor. Pensamos por exemplo, como na história
da filosofia e por seguinte da psicologia, o conhecimento se dá numa
construção e desconstrução de teorias. Numa relação tanto dialética (tese-
antítese-síntese), como também dialógica. Entendo, portanto, que se faz
necessário as diferenças de idéias, pois são as discussões que promovem um
maior conhecimento sobre a temática discutida. Tudo isso creio, apenas
credibiliza através de comprovações, o uso da hipnose na clinica psicológica.
4 CONSIDERAÇÕS FINAIS
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Concluo diante isto que atualmente não existe um consenso sobre qual é a
teoria que melhor explica a hipnose e os fenômenos a ela associados, não
impedido, porém, o desenvolvimento de vasta investigação que têm vindo a
fornecer confirmação empírica para o tratamento de perturbações quer no
âmbito da Medicina, quer na Psicologia.
Acrescento ainda o fato de que graças às interligações que continuam a
ocorrer entre a hipnose, a psicoterapia, e a investigação em psicologia
científica, bem como os avanços nas técnicas de imagiologia cerebral pela
neuropsicologia, podemos esperar novos desenvolvimentos de interesse no
futuro próximo.
Na área da neuropsicologia os estudos imagiológicos em indivíduos
hipnotizados podem também contribuir para a compreensão de como as
sugestões influenciam os padrões de ativação cerebral. Finalmente, todos
estes avanços poderão ajudar a construir novas e mais satisfatórias teorias
sobre a hipnose.
Com o intuito de chamar a atenção para as divergências e
convergências relacionadas à temática e conhecendo os benefícios e contra
indicações da técnica, acredito que a falta de informação e as crenças
negativas criaram um afastamento e medo da hipnose quando se fala em
utilizá-la na clínica psicológica. Posso estar equivocado, porém percebo que ao
se falar de hipnose para profissionais de psicologia causam-lhes o temor de
perder campo de trabalho caso não estejam preparados para o uso da técnica
da hipnose. Outro medo é o fato de que a hipnose possa garantir resultados
mais rápidos e práticos e ser usada por qualquer pessoa sem ter a formação
apropriada em psicologia. A estes receios, acredito que o livro foi de essencial
importância, devido ao fato que explica que o uso na clínica deve ser feito por
profissionais qualificados como também seguir as normas estabelecidas da
ética e dos conselhos federais de suas especificidades.
Finalizo, portanto este livro na confiança de ter atingido os objetivos
esperados, porém acrescento que se necessita de mais estudos e pesquisas
sobre esta temática a fim de atingir credibilidade maior entre os profissionais da
academia científica.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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NEUBERN, M. Hipnose e psicologia clínica. Retomando a história não
contada. Brasília: Psicologia Reflexão e Crítica, 2006.
38
Anexo 1
RESOLVE:
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Art. 3º - É vedado ao psicólogo a utilização da Hipnose como instrumento de
mera demonstração fútil ou de caráter sensacionalista ou que crie situações
constrangedoras às pessoas que estão se submetendo ao processo hipnótico.
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