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Prezado (a) leitor (a),

Nós nos sentimos honrados e alegres pelo privilégio


de chegarmos até você, por meio dos Estudos Bíblicos
DIDAQUÊ. Durante todos esses anos de caminhada, temos
nos esforçado em oferecer à igreja evangélica brasileira uma
opção diferenciada em termos de estudos bíblicos para a
Escola Dominical. É com base nesse propósito que fazemos
chegar às suas mãos mais um exemplar de nossas
publicações.
A produção editorial da DIDAQUÊ tem marcas já
consolidadas, a saber:

Reflexões produzidas por pastores que vivem o


dia a dia das comunidades, exercendo o
pastorado e conhecendo, por dentro, as
necessidades e desafios da igreja;
Linha teológica genuinamente reformada;
Temas relevantes para a igreja dos nossos dias,
abordados de forma contextualizada;
Profundidade bíblica, equilibrada com a
exposição em linguagem simples e acessível a
todas as pessoas;
Penetração nas mais diferentes denominações
evangélicas do Brasil;
Qualidade editorial e preços atraentes e
compensadores.
Consciente de sua responsabilidade, a DIDAQUÊ
reafirma o seu compromisso de dar continuidade à sua
relevante e reconhecida contribuição à educação cristã em
nosso país, procurando sempre fazer o melhor.
Conte conosco!
Enildes R. Queiroz Andrade
Gerente Comercial
ENCONTROS COM JESUS
A experiência de personagens do Novo Testamento
impactados pelo encontro com Jesus

Os Evangelhos relatam inúmeros episódios acerca do


fascínio exercido por Jesus naqueles que se aproximaram
dele. Ele sempre esteve rodeado de multidões. De alguma
forma, todos foram impactados pela presença do Mestre.
Desde o seu nascimento até à sua morte, atraiu a si as
mais diferentes pessoas, sendo alvo de controvérsias: foi
amado e odiado, aclamado e rejeitado, defendido e
condenado.
Uma coisa, porém, é certa: todos aqueles que se
encontraram com Jesus nunca mais foram os mesmos! Alguns
tiveram o privilégio de experimentar o seu poder e graça,
sendo libertados, curados, alimentados e transformados.
Outros tiveram ainda um privilégio incomparavelmente mais
sublime: ser escolhidos para desenvolver juntamente com
ele a sua missão.
Os encontros entre Jesus e as mais diferentes pessoas,
nas mais diversas circunstâncias, estão repletos de lições.
São lições que irradiam a beleza e a sublimidade do
encontro com Cristo!
De fato, o encontro com Jesus produz um profundo
impacto na vida das pessoas, gerando transformações que se
tornam evidentes. Na condição de homens e mulheres
encontrados por Jesus, precisamos evidenciar a todo tempo
o que ele fez em nossas vidas. É impossível, após o encontro
com Jesus, permanecer a mesma pessoa.
Ao buscarmos as cenas dos encontros de Jesus narrados
nos Evangelhos, com certeza, descobrimos ricas e preciosas
lições, as quais inspiram e nos desafiam a expressar o que
ele fez em nossas vidas.
Este é o primeiro volume da Série ENSINOS DE
JESUS.
Rev. Eneziel Peixoto de Andrade
Editor
ÍNDICE
01. O encontro com os Magos do Oriente
02. O encontro com Filipe e Natanael
03. O encontro com os Pescadores
04. O encontro com os Discípulos numa caminhada
05. O encontro com os Discípulos no Mar
06. O encontro com uma Pecadora
07. O encontro com as Crianças
08. O encontro com Maria e Marta
09. O encontro com os Adoradores na entrada triunfal
em Jerusalém
10. O encontro com Jerusalém por ocasião da Páscoa
11. O encontro com os Discípulos na celebração da
Páscoa
12. O encontro com os Malfeitores na Cruz
13. O encontro com Tomé após a Ressurreição
01 – O encontro com os Magos do Oriente
Mateus 2.1 a 12
LEITURA DIÁRIA
Segunda: Levítico 23
Terça: I Crônicas 29.10-22
Quarta: Salmo 148
Quinta: Isaías 12
Sexta: Daniel 3
Sábado: Lucas 2.36-38
Domingo: Romanos 11.33-36
​Joseph P. Dulany disse que “o mais rude dos cenários
torna-se um lugar legítimo de adoração quando as pessoas se
reúnem e o nome de Deus é elevado com fé.” Foi
precisamente isso que aconteceu naquela humilde estrebaria,
quando os Magos se encontraram com o recém-nascido
menino Jesus e seus pais. Eles já haviam declarado
explicitamente o motivo de sua visita: “Onde está o recém-
nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no
Oriente e viemos para adorá-lo.” (v.2).
​Jesus é digno de receber adoração, reverência, honra e
glória pelos séculos dos séculos! E como deve ser essa
adoração? Isso é o que veremos no presente estudo.
BÍBLIA & OPINIÃO
1. Como Noé expressou gratidão a Deus após o livramento
que ele e seus familiares receberam? (Gn 8.20). Hoje,
como devemos expressar nossa gratidão a Deus?
2. De que maneira Miriã e as mulheres expressaram sua
adoração, após a travessia do Mar Vermelho? (Êx
15.20,21). A partir desse episódio, que lições podemos
extrair sobre a adoração?
3. De acordo com as passagens a seguir indicadas, que
ordem foi dada aos israelitas? (Dt 16.16,17; I Cr 16.29).
Qual o valor dessas orientações para nós, hoje?
4. Com base no Salmo 150, que afirmações podem ser
feitas sobre o louvor a Deus?
5. O que foi denunciado pelo profeta Isaias no culto que o
povo estava prestando e o que foi exigido dos adoradores?
(Is 1.10-17). Há alguma questão apresentada nesse texto
que a sua igreja precisa considerar?
OBSERVAÇÕES AO TEXTO
​A visita dos reis magos, narrada apenas pelo
evangelista Mateus, começa falando sobre o nascimento de
Jesus em Belém.
Herodes, O Grande, era o governador da Judeia
naquela época. Ele era um rei cruel e sanguinário; assassinou
líderes judeus, sacerdotes, a própria esposa, dentre outros.
Porém, mesmo assim, conseguiu manter a paz na Palestina e
ajudou na reconstrução do templo em Jerusalém.
​Os Magos eram estudiosos dos astros; eram versados
em filosofia, medicina e ciências naturais. Relata o texto que
uma estrela os guiou até Jesus. Essa estrela, conforme a
opinião do astrônomo Johannes Kepler, era a conjunção dos
planetas Júpiter e Saturno. Os Magos tinham fé, pois creram
em Jesus antes mesmo de vê-lo. As visitas a soberanos eram
acompanhadas de presentes; por isso, os Magos levaram
ouro, incenso e mirra para Jesus (v.11).
Receando perder o trono para o anunciado rei dos
judeus, Herodes armou um plano maldoso para acabar com a
vida de Jesus: decretou a matança dos meninos de dois anos
para baixo (2.16). A informação dada a Herodes sobre o
local do nascimento do menino Jesus confere com a profecia
de Miqueias 5.2.
LIÇÕES DO TEXTO
Segundo W. Barclay, nessa narrativa verificam-se
três diferentes reações quanto ao nascimento de Jesus: 1ª) A
reação do rei Herodes: ódio e hostilidade; 2ª) A reação dos
escribas e sacerdotes: total indiferença; 3ª) A reação dos
Magos: reverência e adoração. Aqui, abordaremos aspectos
dessa terceira reação, que nos traz oportunas e preciosas
lições sobre a verdadeira adoração.
1. A verdadeira adoração supera barreiras

Barreiras geográficas – Os Magos vieram do


Oriente, seguindo uma estrela. O Oriente era, por
excelência, a região dos sábios e astrólogos. É
possível que eles fossem da Arábia, Pérsia ou
Caldeia. A viagem até Belém foi longa, cansativa,
mas compensadora. Isso nos ensina que a distância
não é obstáculo para a adoração. São comuns em
algumas regiões as viagens longas e difíceis de
cristãos até aos locais de congregação do povo de
Deus para a adoração. Por outro lado, há muitos
que estão perto dos locais de culto, mas
negligenciam o privilégio e o dever da adoração. A
verdadeira adoração não é limitada por barreiras
geográficas (Jo.4.19-24);
Barreira racial – Os Magos eram gentios, mas
vieram adorar na Judeia. Nas grandes conferências
internacionais, é emocionante verificar povos de
todas as raças e línguas adorando ao Senhor. Por
ocasião daquele Pentecoste histórico mencionado
em Atos 2, povos de várias regiões se reuniram e
presenciaram a descida do Espírito Santo (At 2.5-
11). Muitos foram abençoados e se uniram à
família da fé para adorar ao Senhor;
Barreira sociocultural – José e Maria eram
pessoas humildes. Os pastores eram homens
pacatos. Os Magos eram homens instruídos,
possuíam vasto conhecimento geral. Portanto, a
verdadeira adoração independe do grau de
instrução ou condição social do adorador. Nos dias
do Novo Testamento, o crescimento do cristianismo
alcançou judeus e gentios, pessoas ilustres e
pessoas marginalizadas, pessoas cultas e pessoas
incultas, escravos, e altos funcionários do império.
Hoje também, nos mais diferentes lugares, pessoas
de todas as camadas sociais e estilos são redimidas
por Cristo e se entregam a uma adoração que
suplanta as diferenças culturais;
Barreira econômica – Os estudiosos presumem
que os Magos eram ricos; José e Maria eram
pobres; porém, mesmo assim, adoraram juntos.
Deus não faz acepção de pessoas. O que ele deseja
é uma adoração sincera, independentemente da
condição socioeconômica dos adoradores. Quando
Jesus observou o ato de adoração por meio das
contribuições de pessoas com recursos variados,
exaltou a oferta da viúva pobre (Mc 12.41-44);
Barreira política – Herodes, O Grande, se tornou
inimigo do Rei dos reis. Demonstrou uma falsa
intenção de adorar a Jesus, pois, logo em seguida,
decretou a matança dos meninos de dois anos para
baixo. Sua intenção era eliminar o menino Jesus,
impossibilitando, assim, a adoração a ele. Herodes
temia que, no futuro, Jesus viesse a se tornar uma
ameaça política. Quantos são os inimigos daqueles
que desejam adorar ao Senhor?! Como vencê-los?
Os Magos, divinamente orientados, livraram-se de
Herodes e chegaram até Jesus. Hoje há uma forte
pressão contra a adoração a Deus, mas a
verdadeira adoração não sucumbe a nada (At
16.25).

2. A verdadeira adoração caracteriza-se pela coerência

É dirigida à Pessoa certa – Toda a narrativa desse


texto conduz até Jesus. Os vv. 2, 8 e 11 falam sobre
adoração. Segundo a Bíblia, a adoração coerente é
prestada somente ao Deus Triuno. No Decálogo,
Deus deixa claro que somente ele é digno de
adoração (Êx 20.1-7). A adoração dos Magos era o
cumprimento de profecias messiânicas a respeito
da homenagem que as nações prestariam ao
Messias (Nm 24.17; Sl 72.10-15; Is 49.23; 60.5,6);
É expressa de forma reverente – Quando do
nascimento de Jesus, os anjos o louvaram e o
honraram com cânticos (Lc 2.8-14). Ao
encontrarem o menino, os Magos prostraram-se e o
adoraram (v.11). Prostrar-se para reverenciar era
um costume usado pelos orientais diante de pessoas
importantes. Jesus é digno de receber a nossa
adoração. Isso indica que uma adoração coerente
se expressa de forma reverente (Êx 3.4-6; Hc
2.20);
É acompanhada de ações concretas – Os Magos
fizeram doações valiosas e significativas para o
recém-nascido rei de Israel. O ouro simbolizava
um presente para quem é rei, apontando para a
realeza de Jesus. O incenso, que era uma goma
obtida de árvores da Arábia, era usado nas unções
sacerdotais; possuía um aroma agradável quando
queimado e era utilizado em atos de culto;
simbolizava a dádiva para sacerdotes. A mirra,
também extraída de uma árvore da Arábia, era uma
substância aromática que, juntada ao óleo, servia
para ungir, perfumar e até embalsamar; simbolizava
uma oferta para quem haveria de morrer. A Bíblia
nos chama a adorar e servir ao Senhor com os
nossos recursos (Pv 3.9; II Co 9.10-15);
É prestada com sinceridade – Herodes declarou o
desejo de adorar o menino Jesus, mas escondia más
intenções no coração: seu desejo era eliminá-lo. Os
Magos, porém, venceram vários obstáculos e,
sendo movidos por um desejo verdadeiro,
conseguiram expressar uma autêntica adoração. A
adoração sincera brota do profundo da alma. Não
basta adorar: é preciso adorar em espírito e em
verdade, como ensinou o próprio Senhor Jesus! (Jo
4.23,24).

DISCUSSÃO
1. Qual deve ser a motivação correta para se adorar?
2. A adoração dos Magos teve expressões materiais: ouro,
incenso e mirra. Como deve ser entendida a relação entre
adoração e contribuição?
3. A adoração prestada por sua igreja tem as características
abordadas neste estudo? O que precisa ser corrigido?
02 – O encontro com Filipe e Natanael
João 1.43 a 51
LEITURA DIÁRIA
Segunda: Marcos 1.14-20
Terça: Marcos 2.1-12
Quarta: Lucas 7.18-23
Quinta: João 1.35-42
Sexta: Atos 8.26-40
Sábado: Romanos 10.1-15
Domingo: I Coríntios 9.16-27
​Conta-se que um grupo de estudantes foi visitar um
laboratório. Lá estava um renomado cientista fazendo
importantes pesquisas. Certo aluno se aproximou do sábio
mestre e lhe perguntou: “Quando o senhor descobrir o
remédio para curar essa enfermidade, o que fará?” Ele
respondeu: “Vou anunciar ao mundo inteiro.”
​Assim precisa ser a disposição de todo aquele que se
encontra com Cristo. É preciso ter a consciência da
responsabilidade de transmitir a mensagem da redenção ao
mundo inteiro.
​Na igreja, é comum existir pessoas que desejam
apenas receber benefícios espirituais e materiais. Muitos
estão atrás de bênçãos, recompensas, cargos, elogios, títulos,
etc. Entretanto, a igreja não é um lugar de privilégios
somente, mas, de responsabilidades; e uma das
responsabilidades que diz respeito a cada membro da igreja,
é levar novas pessoas a Cristo.
BÍBLIA & OPINIÃO
1. Como a Bíblia descreve o ganhador de almas? (Pv
11.30). Você tem se empenhado em ganhar almas para
Cristo?
2. Como Paulo lidava com o evangelho? (Rm 1.16). A sua
igreja tem revelado a mesma compreensão de Paulo?
3. Quem motivou Filipe a proclamar a Jesus e como ele
cumpriu sua tarefa? (At 8.29-40). Que lições se podem
extrair desse episódio?
4. Que desafios é possível enfrentar na pregação do
evangelho e como devemos reagir? (II Tm 4.1-5). No
contexto em que você vive, a realidade é semelhante à
descrita por Paulo? Como a igreja tem cumprido sua
missão?
5. Apolo era um evangelista apaixonado (At 18.24-28).
Por que, muitas vezes, não conseguimos contagiar as
pessoas com a mensagem do evangelho?
OBSERVAÇÕES AO TEXTO
Após ter sido chamado por Jesus, Filipe se encontrou
com Natanael e o levou até o Mestre. Filipe era de Betsaida,
de onde eram também André, Pedro, Tiago e João. Assim, os
cinco primeiros discípulos de Jesus eram todos da mesma
cidade.
​O nome Natanael significa “dom de Deus”. Natanael
era de Caná da Galileia. Era um homem sincero, piedoso,
conhecedor das Escrituras e que esperava, ansioso, a vinda
do Messias. Foi considerado por Jesus um "israelita sem
dolo”, isto é, sem fingimento, de coração puro. Ele
interrogou: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” A
cidade de Nazaré possuía péssima fama. Ser nazareno era
estar sujeito ao desprezo (Jo 7.52). Para Morgan, Nazaré era
um lugar de grande corrupção. Daí, Filipe convidar a
Natanael para ir até Jesus: “Vem e vê” (v.46). A ordem não é
ver para crer, mas crer para ver (Jo 6.30 e 11.40).
Jesus, demonstrando seu conhecimento, disse a
Natanael que o havia visto debaixo da figueira. O
conhecimento sobrenatural acerca dos homens e dos
acontecimentos é uma característica de Cristo no Evangelho
de João. A tradição rabínica cita que um assento posto
debaixo de uma figueira é o lugar certo para se ler a Torá
(para os judeus, a Lei do Senhor). Isso indica que Natanael
examinava as Escrituras.
No versículo 51, há uma referência à visão de Jacó,
em Betel, o qual vira uma escada que ligava o céu à terra, e
anjos que desciam e subiam por ela (Gn 28.10-17).
LIÇÕES DO TEXTO
Nesse episódio apresentado no texto básico deste
estudo, é importante observar que aquele que se encontra
com Cristo tem o desejo e se sente no dever de conduzir
outros até ele. Assim, se cumpre a ordem de Cristo: “Ide,
portanto, fazei discípulos...” (Mt 28.18).
Com base no texto, aprendamos algumas lições a
respeito da tarefa de levar pessoas a Cristo.
1. Conduzir alguém a Cristo é tarefa que requer pessoas
habilitadas

É preciso ser chamado por Cristo – Filipe


atendeu ao chamado de Jesus: “Segue-me.” (v.43).
Ser chamado por Cristo e atendê-lo é prova desse
credenciamento. Deus utiliza os elementos pessoais
quando o indivíduo tem uma experiência real com
Jesus. É preciso estar cheio de Cristo e da força do
Espírito Santo para levar alguém a Cristo. Ser de
Cristo, permanecer em Cristo e estar cheio do
Espírito Santo são qualificações indispensáveis na
vida de um evangelista (Jo 17.18; 15.4,5; At 1.8;
4.31);

É preciso ser conhecedor das Escrituras – Filipe


conhecia as Escrituras, pois, no v. 45 fez referência
à lei mosaica e aos profetas. Conhecer a Palavra
mediante a iluminação do Espírito Santo é
condição básica para se transmiti-la com
propriedade e autoridade.

A Bíblia faz menção a um oficial da rainha dos


etíopes que estava lendo a Palavra de Deus, mas não a
entendia. O Espírito Santo providenciou um evangelista,
também chamado Filipe, conhecedor da Escritura, o qual foi
até onde estava aquele homem, a fim de explicar-lhe a
passagem que lia. Assim, Filipe o levou ao encontro pessoal
com Cristo (At 8.26-40);

É preciso ser prudente no falar – Quando


Natanael questionou a Filipe se de Nazaré poderia
sair alguma coisa boa, Filipe simplesmente disse:
“Vem e vê.” Ele não discutiu e nem se alterou com
Natanael. Para ganhar pessoas para Cristo, não se
deve agredir com palavras, mas falar com
prudência e sabedoria (Fp 1.15-18; II Tm 2.23,24;
Tg 3.18). Falar com amor, sem ofender as pessoas,
é uma atitude que qualifica o ganhador de almas
(Cl 4.5,6; I Pe 3.15,16).

2. Conduzir alguém a Cristo é tarefa que requer urgência


​É notória a rapidez com que o conhecimento de Cristo
foi se espalhando. Pelo testemunho de João Batista, dois
indivíduos seguiram a Jesus; estes dois foram chamar cada
um a seu respectivo irmão. Jesus mesmo chamou a Filipe; e
Filipe chamou a Natanael. Assim, dentro de pouco tempo,
pelo menos seis homens foram conduzidos a Jesus. “Uma
vela acesa serve para acender outra” – assim disse Godete.
​Ao nos empenharmos na divulgação de Cristo, com
paixão e dinamismo, estaremos cumprindo o ensino bíblico.
A igreja precisa se despertar para a urgência da missão.
Enquanto não se semeia a boa semente (trigo), o maligno vai
espalhando a má semente (joio), e isso com muita rapidez. O
tempo para a salvação é hoje (Hb 3.7,8,15). Jesus declarou
que os campos estão brancos para a ceifa e, por isso, é
necessário agir depressa (Jo 4.35). Os apóstolos, mesmo
diante de ameaças e perseguições, demonstraram fé, coragem
e total convicção quanto à urgência da proclamação do
evangelho (At 4.20).
​Como sua comunidade está cumprindo essa tarefa
intransferível, neste mundo de tantas e rápidas
transformações?
3. Conduzir alguém a Cristo é tarefa que produz
resultados positivos
​Natanael demonstrou muita dúvida quanto à pessoa de
Cristo, por ser ele de Nazaré. Mas, Filipe sabia que um
encontro pessoal com Cristo seria suficiente para convencê-
lo. Assim sendo, ao se encontrar com Cristo, Natanael
declarou: “Tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel.”
(v.49). Nessa confissão de fé, Natanael revelou sua
aceitação de Cristo e declarou sua total submissão ao seu
senhorio.
​Outro fato que comprova o resultado positivo desse
encontro com Jesus foi a promessa que lhe fez Jesus de uma
visão da glória do Messias. Isso é comprovado, pois
Natanael figura entre aqueles que viram a Jesus depois que
ressuscitou, ao aparecer às margens do Mar da Galileia (Jo
21.1,2).
​Não há dúvida de que os resultados da evangelização
pertencem a Deus. Ele é quem convence o pecador do seu
pecado, através da atuação do Espírito Santo (Jo 16.8-11).
Nós somos tão somente instrumentos. Na igreja primitiva, os
resultados foram surpreendentes, mesmo diante de
perseguições e sem os recursos dos nossos dias (At 2.41-47;
4.4; 8.6; 14.1; 17.4).
​É triste verificar o enfraquecimento do espírito
missionário em várias denominações, nos concílios, nas
igrejas locais e nos próprios cristãos individualmente. Em
muitas comunidades, poucos resultados positivos podem ser
encontrados. Se esse é o caso da sua igreja, o que está
errado? O que pode ser feito? O Rev. Wilson de Souza
Lopes dizia: “A consciência missionária tem que ser
redescoberta em muitos de nós, de modo que nossa geração
assuma sua tarefa, que está mais inacabada do que
pensamos.”
Entretanto, é alentador verificar em algumas regiões
ações e resultados tão animadores!
DISCUSSÃO
1. No desenvolvimento da missão proclamadora, o que é
mais importante: métodos ou indivíduos?
2. O que pode ser feito para agilizar e tornar mais eficaz o
programa de evangelização de sua igreja?
3. A sua igreja tem consciência do valor do discipulado? O
que tem sido feito a respeito? O que pode ser melhorado?
03 – O encontro com os Pescadores
Mateus 4.18 a 22
LEITURA DIÁRIA
Segunda: Êxodo 3.1-22
Terça: Josué 1.1-9
Quarta: Isaías 6.1-8
Quinta: Lucas 5.1-11
Sexta: Lucas 10.1-12
Sábado: Atos 9.1-19
Domingo: Romanos 10.1-15
​Sadu Sundar Sing, procedente de uma família rica e
proeminente da Índia, ficou conhecido como “O Apóstolo
dos Pés Sangrentos”. Após sua conversão a Cristo, ao ser
chamado para realizar uma grande obra missionária, ainda
muito jovem, teve que escolher entre o conforto
proporcionado pelas riquezas e glórias terrenas e a
sublimidade da missão evangelizadora. Ele optou por
responder ao chamado missionário, dispondo-se a enfrentar
inúmeros sacrifícios no trabalho do Senhor.
​O estudo de hoje pretende nos levar a uma tomada de
posição diante da realidade do nosso encontro com Cristo,
visto que ele nos convoca para uma missão no mundo.
BÍBLIA & OPINIÃO
1. Qual é o ensino de Samuel quanto à obediência? (I Sm
15.22). O povo de Deus, hoje, demonstra compreender
essa afirmação de Samuel?
2. Como Isaías reagiu diante do chamado de Deus? (Is
6.1-8). Que lições esse episódio nos apresenta sobre a
preparação para servir ao Senhor?
3. Que exigência faz Jesus àqueles que decidem segui-lo?
(Mt 16.24,25). É fácil pagar esse preço do discipulado?
4. Que implicações tem o chamado de Cristo em nossas
vidas? (Jo 15.16). O que confirma que você tem atendido
a esse chamado?
5. Qual a extensão da obra confiada por Jesus aos seus
discípulos? (Mt 28.18-20). A igreja tem cumprido sua
missão hoje?
OBSERVAÇÕES AO TEXTO
A chamada dos primeiros discípulos está narrada nos
três Evangelhos sinóticos, com pequenas variantes entre uma
e outra narrativa, o que não enfraquece a veracidade dos
fatos. O importante a ser destacado é o encontro de Jesus
com esses pescadores e o seu chamado para que se
tornassem pescadores de homens.
​Pedro e André já conheciam a Jesus (Jo 1.35-42).
Provavelmente, João e Tiago também o conhecessem, pois
há textos que revelam que Jesus sempre se fez acompanhar
de discípulos antes de convocá-los oficialmente para se
tornarem pescadores de homens (Jo 2.2,12,17,22; 3.22;
4.1,2,8).
​O encontro focalizado neste estudo aconteceu no Mar
da Galileia, onde tantos eventos marcaram a vida e o
ministério de Jesus. Jesus convocou esses homens rudes e
simples para que se tornassem seus auxiliares. Eles foram
convocados para um serviço muito especial; e suas vidas
nunca mais foram as mesmas.
LIÇÕES DO TEXTO
A partir da narrativa de Mateus 4.18 a 22, podemos
aprender as seguintes lições:
1. A percepção que Jesus tem de nós possibilita o
encontro com ele
​Jesus é um grande observador. Assim, caminhando
junto ao Mar da Galileia, observou aqueles pescadores
envolvidos com o seu trabalho. Como já foi mencionado,
destes quatro pescadores, Simão e André já tinham se
encontrado com Jesus. Quanto a Tiago e João, não se pode
afirmar com certeza, ainda que alguns autores defendam um
encontro anterior. Mas é possível que eles já tivessem
acompanhado Jesus em outras ocasiões. Vendo-os ocupados
em seu trabalho, Jesus os chamou para serem seus
discípulos.
Jesus vê as pessoas com sensibilidade. Não as vê
como nós, muitas vezes, as vemos. Ele viu naqueles homens
mais do que pescadores incultos e iletrados: viu discípulos
em potencial, apóstolos, pessoas que seriam da máxima
importância em seu ministério. Jesus observou aqueles
homens da mesma forma que observou a Natanael debaixo
da figueira (Jo 1.48).
​A visão que Jesus tem de nós é o que possibilita o
nosso encontro com ele. Ele nos vê e nos conhece pelo
nome; sabe quem somos e o que se passa em nossos
corações. Ele vê a nossa condição e se identifica conosco.
Nós o amamos porque ele nos amou primeiro (I Jo 4.19).
Paulo entendeu que o Senhor o conheceu e decidiu
chamá-lo antes mesmo do seu nascimento: “Quando, porém,
ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua
graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o
pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e
sangue, nem subi a Jerusalém para os que já eram apóstolos
antes de mim, mas parti para as regiões da Arábia e voltei,
outra vez, para Damasco.” (Gl 1.15-17).
​É pelo fato de sermos vistos por Jesus que tivemos a
oportunidade de nos encontrarmos com ele. Na verdade, foi
ele quem se encontrou conosco e nos chamou: “Não fostes
vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi
a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o
vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao
Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.” (Jo 15.16).
2. O chamado que Jesus tem para cada um de nós se
confirma no encontro com ele
​Jesus não apenas viu aqueles homens, mas os
convocou para serem seus auxiliares. O encontro
possibilitado pela visão de Jesus foi confirmado pelo
chamado feito a eles (v.19).
​O encontro com Cristo não é infrutífero; há sempre um
propósito definido; e todos aqueles que com ele se
encontram são designados para alguma tarefa no seu reino.
Não há encontro sem chamado. Entre tantos exemplos
bíblicos, podemos aqui destacar:

O encontro com Abraão, o qual foi chamado para


iniciar a peregrinação até à terra que o Senhor lhe
mostraria (Gn 12.1,2);
O encontro do Senhor com Moisés, na sarça
ardente. Deus se encontrou com ele e o convocou
para uma missão libertadora (Êx 3);
O encontro com Isaías, o qual foi chamado para
pregar contra os pecados de Israel (Is 6.8);
O encontro com Paulo no caminho de Damasco, a
quem foi revelado o chamado para ser
instrumento de Deus para levar o evangelho aos
gentios (At 9.15).

3. A proposta que Jesus nos faz valoriza o encontro com


ele
​Jesus propôs àqueles pescadores um novo tipo de
pescaria. Um mar diferente, com isca diferente e peixes
diferentes: “eu vos farei pescadores de homens”. A proposta
de Jesus foi para que eles se tornassem pescadores de seres
humanos que precisavam ser resgatados do mar da perdição.
Aqueles homens, que estavam acostumados a pescar peixes
no mar, agora iriam pescar homens no mundo. Deveriam
lançar redes para reunir homens de todos os tipos para o
reino de Deus.
​A proposta de Jesus valorizou aquele encontro. Eles
eram homens humildes, envolvidos com o seu trabalho
humilde; porém, Jesus elevou a posição deles, convocando-
os para uma obra sublime, de resultados eternos. Sobre a
sublimidade dessa obra, a Palavra de Deus declara: “Quão
formosos são os pés dos que anunciam cousas boas!” (Is
52.7; Rm 10.15).
​Trazer pessoas para o reino de Deus é um
incomparável privilégio. Aqueles pescadores tinham os seus
lucros com a venda dos peixes, mas a recompensa oferecida
por Cristo seria muito maior. Não é lucro financeiro, mas o
que ele oferece aos ganhadores de almas é uma recompensa
eterna nos céus: “a tua recompensa, porém, tu a receberás na
ressurreição dos justos.” (Lc 14.12-14).
​Todos nós somos chamados pelo Senhor e designados
como pescadores de homens, fazedores de discípulos.
Somos chamados não apenas para sermos salvos, mas para
sermos instrumentos de salvação. É importante lembrar que
nem mesmo a anjos foi concedido tamanho privilégio! (I Pe
1.10-12).
4. A obediência incondicional reflete a autenticidade do
nosso encontro com Jesus
​O texto declara que imediatamente aqueles pescadores
deixaram tudo e seguiram a Jesus. Foram obedientes e deram
prioridade ao chamado do Mestre.
​A pronta obediência de André e Simão é justificada
pelo fato de que eles já tinham se encontrado com Jesus e
convivido com ele durante algum tempo. É importante
ressaltar que, imediatamente, eles seguiram a Jesus. Cristo
passou a ocupar o primeiro lugar na vida desses homens.
Eles não fizeram exigências nem perguntas, simplesmente
obedeceram ao chamado do Senhor Jesus.
​Aqueles homens estavam trabalhando para ganhar o
pão de cada dia, mas entenderam que o trabalho que Cristo
oferecia era urgente e não podia ser adiado. Essa
compreensão fez com que obedecessem incondicionalmente
a Cristo. Obediência é o que se espera de todos quantos já
tiveram um encontro com Cristo.
DISCUSSÃO
1. Como discernir o chamado de Deus hoje? Para se ouvir a
voz de Cristo há a necessidade de alguma revelação
especial?
2. Jesus chamou pessoas ocupadas. Atualmente, as
ocupações têm sido empecilho para se responder ao
chamado de Cristo?
3. Jesus viu em simples pescadores, em homens rudes e
incultos, discípulos em potencial. Como vemos as pessoas
hoje? A igreja tem se preocupado em preparar as pessoas
para que o seu potencial seja posto em evidência?
04 – O encontro com os Discípulos numa caminhada
Marcos 9.14 a 41
LEITURA DIÁRIA
Segunda: I Coríntios 3.1-9
Terça: Gálatas 5.16-26
Quarta: Colossenses 3.12-17
Quinta: I Tessalonicenses 1
Sexta: I Tessalonicenses 3.1-10
Sábado: Hebreus 5.11-14
Domingo: Tiago 2.14-26
​O Brasil é, ainda hoje, um país que tem sérios
problemas em relação a saneamento básico e a nutrição do
seu povo. Um número elevado de crianças ainda morre ou
tem o seu desenvolvimento prejudicado, em consequência da
desnutrição e as precárias condições de saneamento em que
vivem. Muitas pessoas contraem enfermidades por causa da
alimentação inadequada e, em alguns casos, escassa.
Constata-se, portanto, que a deficiência nas áreas de
saneamento e alimentação traz sérios problemas para a
saúde, podendo culminar com a morte.
​Neste estudo pretende-se alertar para o fato de que
existe outro tipo de deficiência: a deficiência espiritual. É
um problema que atinge a vida cristã, produzindo tristes
consequências entre o povo de Deus.
BÍBLIA & OPINIÃO
1. Que problemas a deficiência na vida cristã pode trazer
para a igreja? (I Co 3.1-3). Esses sintomas de
infantilidade espiritual são verificados em sua igreja?
2. O que comprova que os cristãos hebreus estavam
deficientes na vida cristã? (Hb 5.11-14). Sua igreja tem se
alimentado de leite, ou de alimento sólido?
3. Como corrigir as deficiências da vida cristã? (I Pe
2.1,2). Os membros de sua igreja demonstram desejar o
crescimento espiritual?
4. O que se espera de cada cristão, no que diz respeito à
vida cristã? (II Pe 3.17,18). Quais são as maiores ameaças
hoje?
5. Que sinais podem ser vistos na vida cristã, que
comprovam sua autenticidade? (Gl 5.22-26). Como
produzir esses frutos?
OBSERVAÇÕES AO TEXTO
​Apesar de haver certa sequência no texto básico (Mc
9.14-41), as situações narradas aconteceram em três
localidades diferentes (Mc 9.30-33; Lc 9.37). Esse foi um
encontro que se estendeu por uma longa caminhada.
​Os discípulos estavam deixando a desejar no que diz
respeito ao exercício da fé. Estavam um tanto deficientes na
vida cristã. A passagem correlata (Mt 17.19,20) é mais
explícita em mostrar a deficiência dos discípulos quanto ao
exercício da fé. Eles foram pressionados pela multidão e
censurados por Jesus; porém, ao mesmo tempo, foram
orientados quanto aos aspectos da vida cristã relacionados à
fé.
​A deficiência na vida cristã compromete
profundamente o ministério cristão, produzindo crentes
fracos e situações negativas. Como cristãos, somos
desafiados, continuamente, a desenvolver uma vida cristã
autêntica e cheia de fé, pois, “sem fé é impossível agradar a
Deus” (Hb 11.6).
LIÇÕES DO TEXTO
​A deficiência na vida cristã, evidenciada pelos
discípulos, é uma triste realidade, muitas vezes verificada na
igreja. À luz do texto, destacamos as seguintes lições para a
nossa vida:
1. A deficiência na vida cristã resulta em inoperância
​A primeira parte do texto (vv.14-29) apresenta um fato
agradável: a cura de um menino que experimentava um
terrível sofrimento, pois era vítima de um espírito mudo.
Entretanto, o processo que envolveu essa cura produziu uma
situação desagradável, pois os discípulos se mostraram
despreparados ante aquele desafio. Não conseguiram
resolver o problema, demonstrando inoperância.
​A inoperância possui uma causa espiritual. E Jesus
apresenta como causa da inoperância a incredulidade, a falta
de fé (v.19). No v.23, Jesus afirma ao pai daquele menino
que tudo é possível para o que tem fé. Os discípulos ficaram
impressionados ao ver Jesus se sair tão bem diante daquela
desafiante situação, libertando o menino física e
espiritualmente. Quando chegaram em casa, em particular,
perguntaram a Jesus: “Por que não pudemos expulsar aquele
espírito?” No v.29, Jesus apresenta uma resposta que indica
que eles não estavam se exercitando na fé como deveriam.
Quando nos falta a fé, além de cairmos no desagrado
de Deus, nos tornamos inoperantes e incapazes de fazer
alguma coisa. A deficiência na vida cristã pela falta de fé
resulta em inoperância espiritual.
2. A deficiência na vida cristã promove a ignorância
​Esse fato pode ser verificado nos vv.30 a 32. Sobre a
morte e ressurreição do Senhor Jesus, os discípulos estavam
um tanto alheios. Não é à toa que Marcos faz esse arranjo
textual. Anteriormente, Jesus havia censurado os discípulos
pela falta de fé. Mas, esse segundo episódio evidencia outra
consequência da deficiência na vida cristã: a ignorância
acerca das questões espirituais.
​Jesus já havia falado várias vezes sobre sua morte e
ressurreição; “eles, contudo, não compreendiam isto” (v.32).
Naturalmente, a compreensão e aceitação desse fato exige fé;
e essa é a razão pela qual, muitas pessoas, ainda hoje, têm
dificuldade em crer na morte e ressurreição de Cristo (I Co
2.14).
​Falando sobre a forte experiência de Abraão, o
Patriarca da Fé, quando estava para sacrificar seu filho
Isaque, o escritor da Carta aos Hebreus afirma que a fé de
Abraão lhe possibilitou crer que Deus seria capaz de reaver
seu filho pela ressurreição (Hb 11.17-19). Faltou aos
discípulos essa experiência de fé para que pudessem ter
outra visão da morte e ressurreição de Cristo.
​A deficiência na vida cristã gera ignorância espiritual.
Segundo a Bíblia, “nem olhos viram, nem ouvidos ouviram,
nem jamais penetrou no coração humano o que Deus tem
preparado para aqueles que o amam.” (I Co 2.9). A
deficiência na vida cristã, ao promover a ignorância
espiritual, impede ao homem vislumbrar essas coisas.
3. A deficiência na vida cristã se traduz em arrogância
​A atitude dos discípulos narrada nos vv. 33 e 34
revelou arrogância. O orgulho e a mania de grandeza estão
sempre presentes no coração humano; e, frequentemente, ele
dá vazão a esses desejos carnais. Os discípulos estavam
discutindo entre si sobre qual deles era o maior, o mais
importante. Rapidamente se esqueceram do constrangimento
que sofreram ao ouvirem o pai daquele menino dizer:
“Roguei aos discípulos que expelissem o espírito, mas eles
não puderam.” (v.18). Apesar disso, julgavam-se na
condição de disputar uma posição de grandeza! Essa atitude
mesquinha não decorre da fé.
​Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente
sacrifício do que Caim. Caim, deficiente na fé, portou-se
com arrogância e foi rejeitado (Gn 4.4,5; Hb 11.4).
​Aqueles que se julgam melhores, mais santos, mais
espirituais do que os outros, na verdade revelam através
dessa atitude deficiência na vida cristã. O indivíduo cuja
experiência de fé é desenvolvida e cuja vida cristã é
autêntica, é capaz de considerar os outros superiores a si
mesmo (Rm 12.16; Fp 2.3).
4. A deficiência na vida cristã fomenta a intolerância
​G. Hendriksen, em seu comentário ao Evangelho de
Marcos, afirma que, à primeira vista, parecia que entre o
parágrafo precedente (vv.33-37) e o seguinte (vv.38-41) não
há conexão de pensamento. Entretanto, afirma ainda o
referido comentarista, tem sido sugerido que o apóstolo
João, envergonhado pela repreensão que ele e os demais dos
Doze haviam recebido, mencionou o sucesso concernente a
um exorcista, somente para trocar de assunto.
​Não é fácil dizer com certeza se há ou não uma
conexão entre os dois textos. Um fato inegável, porém, é que
esse último texto se identifica com o anterior, ao mostrar
uma atitude dos discípulos que, como as anteriores, revela
deficiência na vida cristã. Essa atitude narrada nos vv. 38 a
41 é a intolerância religiosa. João disse a Jesus que certo
homem expelia demônios em seu nome, mas fora impedido
pelos discípulos de continuar, pois tal homem não fazia parte
do grupo dos Doze (v.38). Eles se mostraram intolerantes; e
foram repreendidos pelo Senhor (vv.39,40).
​A intolerância é algo comum na vida religiosa. Há
muitos crentes que não aceitam e nem ao menos respeitam os
pontos de vista contrários aos seus ou as ações de outros
grupos religiosos. Tornam os “donos da verdade”,
transformando-se em adversários dos próprios irmãos. Mas,
conforme o ensino bíblico, devemos ser mais sensatos e
cristãos na maneira como vemos, analisamos e tratamos as
pessoas, bem como a obra do Senhor (Mc 9.40; Rm 12.16;
Cl 3.12-17).
DISCUSSÃO
1. O que comprova que você e seus irmãos têm lutado para
superar a deficiência na vida cristã?
2. A partir do ensino e prática de Jesus, como podemos
desenvolver uma vida cristã forte e saudável?
3. Quais são algumas evidências de uma vida cristã que já
superou as deficiências apontadas neste estudo?
05 – O encontro com os Discípulos no Mar
Mateus 14.22 a 33
LEITURA DIÁRIA
Segunda: Salmo 27
Terça: Salmo 62
Quarta: Salmo 125
Quinta: Marcos 4.35-41
Sexta: Hebreus 11.1-22
Sábado: Hebreus 12.1-3
Domingo: I João 5.1-12
​Vivemos em uma época de intensa religiosidade, mas
pouca espiritualidade. Por outro lado, o ateísmo também
cresce assustadoramente. Por exemplo: na Dinamarca, 80%
da população se declaram ateus; no Vietnã, 81% e, na
Suécia, 85%.
Em meio ao grande progresso do mundo, o homem
corre o risco de perder a consciência de Deus em sua vida.
É por isso que se fala tanto em religião e fé, mas a maioria
vive em meio a constantes dúvidas.
​Jesus se deparou com corações incrédulos, mesmo em
meio aos discípulos; não que alguns deles fossem ateus, mas,
em determinados momentos, mostraram-se cheios de dúvidas
e confusos. No Mar da Galileia, fé e medo se misturaram às
águas agitadas e açoitadas por ventos contrários. Naquele
ambiente tumultuado, Jesus se dispôs a assistir os discípulos
com sua presença e ação.
BÍBLIA & OPINIÃO
1. De que maneira Abraão demonstrou sua fé em Deus?
(Hb 11.8-10). Viver pela fé é fácil ou difícil?
2. Por que os discípulos de Jesus não conseguiram
expulsar o demônio do jovem possesso? (Mt 17.18-21).
Você tem alguma experiência que comprova o poder da fé?
3. Por que muitas pessoas não aproveitam as boas-novas?
(Hb 4.2). Devemos parar de pregar para aqueles que não
aceitam?
4. Na experiência dos tessalonicenses, que virtudes
operavam juntamente com a fé? (I Ts 1.2,3; II Ts 1.3-5). É
possível tornar-se forte na fé, mesmo não exercitando as
outras virtudes?
5. O que a fé nos garante em relação ao mundo? (I Jo 5.4).
O que comprova que a sua igreja tem experimentado a
vitória que decorre da fé?
OBSERVAÇÕES AO TEXTO
O caminhar de Jesus sobre as águas é descrito com
muitas semelhanças pelos evangelistas Mateus, Marcos e
João. No entanto, só o primeiro destes narra a aventura de
Pedro. Esse episódio se situa logo após a multiplicação dos
pães, quando, comprimidos pela multidão, Jesus e os
discípulos se retiraram para cultivar momentos a sós.
Enquanto Jesus se recolheu ao monte para orar, os discípulos
obedeceram à ordem de navegar para a outra margem do
Mar da Galileia, no sentido sul para o norte, a caminho de
Betsaida.
O Mar da Galileia, também chamado “Tiberíades”,
“Genesaré” ou “Grande Lago”, apresenta surpresas mesmo
para aqueles que o conhecem, com ondas agitadas e ventos
contrários. Por isso, pela madrugada, quando os discípulos
navegaram uns 5 ou 6 km, Jesus se apresentou para assisti-
los, pois se encontravam cansados; e o mar estava bastante
agitado (Mc 6.48). Jesus apareceu andando sobre o mar.
Diante desse fato, eles se assustaram e pensaram que era um
fantasma (v.27). Pedro se dispôs a ir até ele, mas, temendo a
fúria do mar, começou a afundar. Clamando por socorro,
Jesus o salvou. Estando todos no barco, o vento cessou, o
mar se acalmou e os discípulos ficaram maravilhados.
Desse episódio, várias lições podem ser tiradas.
Então vejamos:
LIÇÕES DO TEXTO
1. A necessidade do recolhimento
​Após o atendimento à multidão faminta, Jesus sentiu
necessidade de recolhimento. Por isso, “compeliu” os
discípulos e todos se retiraram. Motivos semelhantes devem
nos levar a promover, periodicamente, retiradas estratégicas.
Pelo menos quatro razões são verificadas nesse texto para
justificar o recolhimento:

A recomposição emocional – A notícia da morte


trágica de João Batista, primo de Jesus e seu
precursor, impôs ao Mestre a retirada para um
lugar deserto (Mt 14.12,13). Jesus procurou
refúgio, pois o poderio de Herodes o ameaçava.
Todos nós enfrentamos situações que nos
desgastam emocionalmente. A vida hoje é muito
agitada; somos pressionados o tempo todo. Para
evitarmos o desequilíbrio emocional, é
importante de tempo em tempo procurarmos
refúgio, entregando-nos à meditação, à oração, ao
descanso e ao lazer;
O descanso físico – Nosso organismo é exigido
constantemente. Por isso, o descanso físico é
necessário para se alcançar melhores resultados.
Muitos se desgastam em função do trabalho
excessivo. Mesmo no ambiente eclesiástico é
comum as pessoas se entregarem ao ativismo.
Alguns até se envaidecem disso, esquecendo-se
de que o descanso é uma recomendação divina,
observada até mesmo por Jesus (Mc 6.31,32);
Avaliação das motivações – O milagre da
multiplicação dos pães poderia levar os
discípulos ao envaidecimento. O recolhimento foi
necessário para evitar uma supervalorização de
sua imagem diante do povo. O sucesso nas
realizações pode nos impulsionar de tal forma,
levando-nos a perder o foco. Eclesiastes 6.11
adverte: “É certo que há muitas coisas que só
aumentam a vaidade, mas que aproveita isto ao
homem?” As nossas motivações podem nos
impulsionar tanto ao sucesso quanto à
autodestruição. Por outro lado, o recolhimento
nos permite analisar, refletir e purificar nossas
motivações;
Prática da oração – Jesus gostava de orar a sós.
Ensinou aos discípulos a prática da oração
particular como um precioso método de
comunhão com Deus (Mt 6.5,6).

Diante da vida tão corrida dos nossos dias, com


certeza, o recolhimento se faz mais e mais necessário para
que nos exercitemos nas questões aqui alistadas.
2. Confiança em meio às adversidades
​Quando os discípulos se viram em perigo, Jesus
apareceu caminhando sobre o mar para socorrê-los. Mesmo
diante da escuridão, ele viu a luta dos discípulos, que já se
estendia por horas seguidas, em um mar agitado. Quando
Jesus os alcançou, eles ficaram muito assustados (v.26).
​Muitos dos que andam na escuridão cultivam um temor
tal que vivem a enxergar fantasmas! Encontram-se tão
assustados e alarmados com a agitação da vida, que não
conseguem ver Jesus tal como ele é. Prisioneiros do medo,
vivem assustados e torturados por superstições.
Os discípulos conheciam o mar e sabiam da
impossibilidade de alguém andar sobre as águas agitadas.
Mas, cegados pelo fantasma do medo, passaram a ter medo
de fantasmas. Entretanto, ao ir ao encontro dos discípulos,
Jesus demonstrou:

Conhecimento da situação – Ele sabia do que se


passava com os discípulos; por isso, foi até eles a
fim de socorrê-los. Jesus conhece nossas aflições;
e a sua promessa é estar conosco todos os dias
(Mt 28.20);
Amor – Jesus se apresentou compassivo e
encorajador, dizendo aos discípulos: “Tende bom
ânimo! Sou eu. Não temais.” Mesmo diante da
dúvida dos discípulos, ele demonstrou amor e
paciência para com eles;
Poder – O Senhor controla ventos e mares,
trazendo calmaria às nossas agitações (Mt 8.27).
Ele é Senhor sobre todas as coisas, agindo
sempre em favor do seu povo (Rm 8.31-39).

3. Desafio a uma fé inabalável


​Quando apareceu andando sobre as águas, Jesus se
identificou diante dos discípulos, mas não satisfez
plenamente à mente questionadora e curiosa de Pedro. Numa
atitude ousada e repentina, ele desejou realizar o mesmo
feito de Jesus. Pediu ao Mestre que o deixasse também
caminhar sobre as águas, ao que Jesus consentiu. Ele se pôs
a caminhar sobre o mar, mas deixou o medo prevalecer
sobre a fé; por isso começou a submergir.
O desvio do olhar de Pedro para a situação ao redor
o fez duvidar. A verdadeira fé não se orienta pelas
circunstâncias, mas está firmada em Cristo Jesus. Quem
deseja caminhar na direção de Jesus precisa olhar
firmemente para ele (Hb 12.1,2).
4. Experiência do socorro do Senhor
​Quando Pedro começou a submergir e gritou por
socorro, Jesus o socorreu. A atitude de Jesus se caracteriza
pela disposição em socorrer, salvar e abençoar. Em Jesus
vemos:

Prontidão em socorrer – Jesus “prontamente


estendeu a mão” para salvar a Pedro. Quando
clamamos ao Senhor, podemos ter a certeza de
que ele estende sua mão para nos socorrer;
Desafio ao exercício da fé – Jesus desafiou a fé
de Pedro e fez a seguinte constatação: “homem de
pequena fé”. Sua intenção era desafiar Pedro a
viver intensamente a sua fé. Ao entrar no barco,
certamente Pedro cresceu, pois compreendeu a
necessidade de se viver pela fé. Não podemos
duvidar (Tg 1.6-8);
Garantia de paz e tranquilidade – Jesus trouxe
paz e tranquilidade aos discípulos, acalmando o
mar agitado. Diante dessa experiência tão
impactante, eles consolidaram a sua fé em Cristo
e o adoraram, dizendo: “Verdadeiramente és
Filho de Deus!” (v.33).

DISCUSSÃO
1. A dúvida faz parte da fé?
2. Por que muitas pessoas, ainda hoje, têm uma visão
distorcida de Jesus?
3. Como desenvolver o recolhimento proposto por Jesus,
nestes dias tão corridos e agitados em que vivemos?
06 – O encontro com uma Pecadora
Lucas 7.36 a 50
LEITURA DIÁRIA
Segunda: Mateus 15.21-28
Terça: João 8.1-11
Quarta: João 12.1-8
Quinta: João 13.1-20
Sexta: Romanos 5.12-21
Sábado: Tiago 2.1-13
Domingo: Tiago 2.14-26
Tornou-se muito conhecida uma coleção de figurinhas
chamada “Amar é...” Cada figurinha trazia uma afirmação
singela, apontando para o aspecto prático do amor. Uma
delas dizia: “Amar é... dizer que você o ama.” De fato, é
muito agradável ouvir uma declaração de amor espontânea e
sincera.
Infelizmente, por trás de muitas expressões de amor,
pode estar escondida muita falsidade. É preciso entender que
o amor não é apenas palavras, mas um sentimento que se
manifesta por meio de atos concretos, como veremos no
presente estudo.
BÍBLIA & OPINIÃO
1. Segundo o ensino bíblico, qual é o valor das boas ações
quando destituídas de amor? (I Co 13.1-3). Você acha que
na vida cristã corremos o risco de apenas realizar coisas,
sem, contudo, fazê-las com amor?
2. Como Tiago trabalha a relação entre fé e obras? (Tg
2.14-17). Você acha que os cristãos têm compreendido
bem esse ensino de Tiago?
3. A partir da Parábola do Samaritano, que diferença se
constata entre a religião praticada pelo sacerdote, pelo
levita e pelo samaritano? (Lc 10.31-35). A prática de sua
igreja está mais identificada com qual deles?
4. Conforme esse texto, quais são as provas do amor de
Deus por nós? (Rm 5.5-9). Você tem dado demonstrações
práticas do seu amor pelas pessoas?
5. Segundo o ensino de João, como deve ser a nossa
expressão de amor? (I Jo 3.18). Os membros da sua igreja
amam dessa maneira?
OBSERVAÇÕES AO TEXTO
Durante o seu ministério terreno, Jesus se encontrou
com as mais diversas pessoas, nas mais diferentes situações.
Em uma de suas passagens pela Galileia, aceitou o convite
para jantar na casa de um fariseu chamado Simão.
Possivelmente a preocupação do fariseu era colocar Jesus à
prova, como ocorreu em outras ocasiões, embora não
houvesse ainda um tratamento hostil de fariseus para com
Jesus. Junto à mesa desse homem, Jesus aproveitou a
oportunidade para transmitir os seus ensinamentos. Aquele
foi mais do que simplesmente um momento de sociabilidade.
Jesus se encontrava reclinado sobre a mesa,
recostado ao lado esquerdo, com os pés para trás, conforme
era o costume dos gregos, romanos e orientais. O seu
posicionamento facilitou a ação de uma mulher estigmatizada
por sua vida de pecado, que, de repente, invadiu a sala de
jantar e prestou sua adoração ao Senhor, ungindo os seus pés
com bálsamo.
Na opinião de muitos autores, deve-se distinguir essa
mulher de outras que se encontraram com Jesus: Maria
Madalena (Lc 8.2), a Maria, irmã de Lázaro (Jo 12.1-3) e a
mulher surpreendida em adultério (Jo 8.3), mesmo que haja
pontos comuns na experiência de todas elas. Quando o texto
fala de uma “pecadora”, certamente refere-se a uma
“prostituta”, que seria inclusive conhecida da cidade por tal
prática; é possível também que, naquela ocasião, já fosse
uma seguidora de Jesus, apesar de não se declarar
publicamente. Na verdade, não se sabe quase nada a respeito
dela. Não há registro do seu nome, nem da sua origem, nem
de sua experiência religiosa; e nenhuma palavra sequer foi
pronunciada por essa adoradora. Mas, como observa o
comentarista d’A Bíblia Vida Nova, ela manifestou um “amor
sem palavras”.
A partir desse quadro tão forte do encontro de Jesus
com a mulher pecadora, podemos aprender preciosas lições
para a vida cristã:
LIÇÕES DO TEXTO
1. O verdadeiro amor se manifesta em humildade
Mesmo que fosse permitida a entrada de pessoas não
convidadas no horário de jantar, a atitude da mulher
surpreendeu a todos porque ela expressou um amor humilde.
Observemos os seus atos: ela se inclinou (atitude de sujeição
e submissão própria dos súditos para com as autoridades
reais), beijou-lhe os pés e enxugou-os com os próprios
cabelos (ato semelhante ao lava-pés – Jo 13). Ela ignorou
todos os que ali se encontravam, inclusive os que a
reprovavam, prostrou-se diante do Senhor sem se preocupar
com as consequências e com as opiniões das pessoas. Ela
manifestou profunda humildade em sua declaração de amor.
Quem ama tem a disposição de cultivar esta virtude
na vida: a humildade. Jesus deixou a sua glória e, mesmo
“subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação
o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo
a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e,
reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou,
tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” (Fp 2.6-
8). Por que ele fez isso? Para provar a grandiosidade do seu
amor.
João Calvino ensinou: “a humildade é a principal
virtude para a fé.” Com certeza, não há amor se não houver
humildade.
2. O verdadeiro amor se manifesta em atos concretos
Após receber da parte da mulher aquelas
demonstrações de humildade e amor, Jesus afirmou: “Ela
muito amou.” (v.47).
Simão era um representante do grupo religioso
chamado fariseus. Ao convidar Jesus para jantar em sua
casa, aparentemente demonstrou amor e simpatia. Ele
ofereceu a Jesus a intimidade do seu lar, participando de
uma refeição em sua mesa. Mas, nem o atendimento
costumeiro da hospitalidade oriental foi prestado pelo
fariseu. Jesus recebeu a unção prestada pela pecadora
porque foi uma expressão concreta do amor sincero.
O verdadeiro amor se evidencia por meio de atos
concretos: serviço, doação, sacrifício, dedicação, gestos.
Quem sente amor de verdade se dispõe a promover ações
objetivas que comprovem a existência de amor. Além das
palavras é preciso haver expressões que comprovem tudo o
que afirmamos. Infelizmente, há expressões de fingimento em
todos os lugares. Daí, dizer-se por aí: “quem vê cara, não vê
coração”. Mas, assim diz a Palavra: “O homem vê o
exterior, porém o Senhor, o coração.” (I Sm 16.7).
Muitas expressões dos nossos cultos podem carregar
mentiras! Há pessoas que oram, cantam e pregam a respeito
do amor, mas não compreendem que o amor é muito mais do
que palavras. O apóstolo Paulo considera a possibilidade de
a pessoa fazer coisas extraordinárias, até mesmo sacrifícios,
mas sem a motivação do amor; e, quando é assim, tudo se
torna vão (I Co 13.1-3).
3. O verdadeiro amor e a fé autêntica andam juntos
​Amor e fé andam tão juntos, que é possível dizer que
não há amor verdadeiro se não houver fé e vice-versa.
Numa leitura rápida do texto, percebe-se que amor e
fé se confundem (vv. 47 a 50). Alguém já chamou a atenção
para a justificação pelo amor, numa tentativa de se equilibrar
a justificação pela fé e a justificação pelas obras; ou “o amor
a Deus sobre todas as coisas (fé) e ao próximo como a si
mesmo (obras)”.
Jesus assegurou o perdão à pecadora, devido à sua fé
viva, que se manifestou no verdadeiro amor. Como a cena
era pública, passou a valorizar a fé da mulher em
contrapartida ao questionamento de Simão (v.39). Com sua
habilidade pedagógica, apresentou uma parábola que levou
Simão a tirar suas próprias conclusões (vv. 40-43). Jesus
mostrou a ele que não basta ser religioso (fé); é preciso
demonstrar amor (obras). Fé e amor, quando genuínos,
andam sempre juntos.
​Jesus já havia contado a Parábola do Samaritano, o
qual provou a sua fé verdadeira através de uma expressão
concreta de amor em favor de seu semelhante. Nessa
Parábola, Jesus apresenta as duas maiores autoridades da
religião judaica: o sacerdote e o levita. Eles passaram de
largo. A fé que eles cultivavam era mera teoria, estéril, sem
dimensão prática. A Palavra de Deus adverte: “a fé sem
obras é morta” (Tg 2.15-18).
​A despeito da opinião de Simão (v.39) e seus
convidados (v.49), Jesus despediu-se daquela mulher com a
sua paz, pois, a fé e o amor por ela demonstrados abriram
caminho para a experiência do perdão de seus pecados.
​Andar com Jesus implica em matricular-se na escola
do amor. A chamada “mulher pecadora”, que deveria ser
conhecida como “a mulher perdoada”, experimentou e
expressou, sem palavras, fórmulas e religiosidade, a lição
do verdadeiro amor.
É esse amor incontestável que precisamos
demonstrar como discípulos de Jesus!
DISCUSSÃO
1. Como podemos nos livrar dos julgamentos precipitados,
baseados apenas nas aparências das pessoas?
2. Em nossas reuniões podem entrar as mais diversas
pessoas, com os mais variados estilos e comportamentos.
Como a igreja deve receber tais pessoas e como deve
administrar a situação?
3. A prática religiosa da igreja atual se identifica mais com a
atitude da mulher pecadora, a de Simão ou a de Jesus?
07 – O encontro com as Crianças
Marcos 10.13 a 16
LEITURA DIÁRIA
Segunda: Êxodo 2.1-10
Terça: I Samuel 1
Quarta: Salmo 131
Quinta: Mateus 18.1-5
Sexta: Mateus 21.14-17
Sábado: Lucas 2.39-52
Domingo: II Timóteo 3.14-17
​A 20 de novembro de 1959, numa tentativa de
valorizar a criança e responsabilizar os adultos no cuidado
delas, a Assembleia Geral da ONU aprovava por
unanimidade a Declaração Universal dos Direitos da
Criança.
​A Constituição Brasileira, promulgada a 5 de outubro
de 1988, no Cap. VII, do Título VIII, a respeito da Ordem
Social, faz referência à família, à criança, ao adolescente e
ao idoso. No art. 227 declara: “É dever da família, da
sociedade e do Estado, assegurar à criança e ao adolescente,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.”
​Visando à proteção dos menores de 18 anos, também
foi elaborado o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), com vigência a partir de 12 de outubro de 1990.
Lamentavelmente, grande número de crianças
continua sendo vítima de violência, tanto física quanto
psicológica, tanto fora quanto dentro de casa. Diante dessa
calamitosa realidade, é importante compreender que a
atenção às crianças é um dever não só do Estado; é, acima
de tudo, uma responsabilidade cristã.
BÍBLIA & OPINIÃO
1. Que responsabilidade os pais têm quanto à formação
espiritual dos filhos? (Dt 6.5-9; Ef 6.4). Que cuidados
precisam ser tomados nessa tarefa?
2. O que acontece com crianças que ficam entregues a si
mesmas? (Pv 29.15). A realidade confirma o que é dito
nesse texto?
3. Que referência Jesus fez aos pequeninos quando
ensinava no templo? (Mt 21.14-17). A igreja, hoje, trata
bem as crianças?
4. De que maneira a Bíblia descreve o desenvolvimento
do menino Jesus? (Lc 2.52). Como propiciar esse
crescimento aos nossos filhos?
5. Que influência os pais podem exercer na vida de seus
filhos? (I Co 7.14). Você conhece casos que confirmam
isso?
OBSERVAÇÕES AO TEXTO
Provavelmente, o encontro de Jesus com as crianças,
relatado por Marcos, ocorreu numa casa na Pereia (região
localizada a leste do Mar Morto, subindo pelo Rio Jordão no
sentido Norte), quando Jesus seguia para Jerusalém. Esse
texto é uma resposta à questão sobre quem herdará o reino
dos céus. Os judeus acreditavam que, quando um pai
abençoava um filho, transmitia uma bênção espiritual
genuína. Assim sendo, aqueles que levaram as crianças até
Jesus criam que o toque do Mestre poderia transmitir força
espiritual. Era muito natural que as mães judias quisessem
que seus filhos fossem abençoados por um Mestre famoso.
É significativo registrar que Jesus achou tempo para
se ocupar com as crianças, mesmo estando a caminho de
Jerusalém. Ele ficou indignado por causa da intransigência
dos discípulos diante da dignidade das crianças. Para F. W.
Grant, a bênção foi maior do que se esperava: “Pediram-lhe
que tocasse nos meninos, e ele, tomando-os nos braços,
impondo-lhes as mãos os abençoou.” Entretanto, deve-se
considerar, ainda, a discriminação que existia contra
mulheres e crianças, o que provavelmente influenciou a
atitude dos discípulos, imaginando que não valeria a pena
gastar tempo com as crianças.
LIÇÕES DO TEXTO
Nesse encontro de Jesus com as crianças, as
seguintes lições podem ser destacadas:
1. O modelo das crianças
​Jesus afirmou que é preciso receber o reino de Deus
como uma criança. Isso indica que as crianças são modelo
para quem deseja entrar no reino, pelas seguintes atitudes:

Humildade – O caminho até Jesus está aberto à


pessoa humilde e às crianças. Essa humildade
requerida como condição para se pertencer ao
reino é expressa por meio da simplicidade. O
relato de Lucas 9.46 a 48 confirma isso:
“Levantou-se entre eles uma discussão sobre qual
deles seria o maior. Mas Jesus, sabendo o que se
lhes passava no coração, tomou uma criança,
colocou-a junto a si e lhes disse: Quem receber
esta criança em meu nome a mim me recebe; e
quem receber a mim recebe aquele que me
enviou; porque aquele que entre vós for o menor
de todos, esse é que é grande.” A criança é
símbolo de humildade e simplicidade. Essas
qualidades são próprias do Senhor Jesus, que
declarou: “sou manso e humilde de coração.” (Mt
11.29);
Dependência – A criança depende intensamente
de seus pais. Ela carece de atenção e depende de
todo cuidado, pois é frágil e indefesa. O Senhor
Jesus declara que somos inteiramente
dependentes dele: (Jo 15.5). Somos dependentes
da graça e das misericórdias do Senhor, da ação
vivificadora que somente ele pode operar (Ef.
2.1-10). Deus está pronto a suprir necessidades,
resolver problemas, confortar corações e amparar
em situações adversas. O salmista compreendeu
isso, pelo que disse: “Quanto a mim, bom é estar
junto a Deus; no Senhor Deus ponho o meu
refúgio, para proclamar todos os seus feitos.” (Sl
73.28);
Confiança – As crianças confiam plenamente em
seus pais. O que elas sentem em relação a seus
pais, todos nós devemos sentir em relação a
Deus. A confiança em Deus está recomendada em
vários textos bíblicos (Sl 37.5; Jr 17.7). Quantos
confiam apenas na posição social e política, na
estabilidade material, no dinheiro, nas crendices,
nos amuletos, etc.! Entretanto, o reino de Deus
está reservado àqueles que confiam no Senhor (Sl
125.1);
Proximidade – Aquelas crianças foram levadas
por seus pais à presença de Jesus. Houve
relacionamento pessoal com o Mestre, o qual as
tomou nos braços e as abençoou. Nosso
relacionamento pessoal com Jesus é
importantíssimo para nossas vidas. Portanto, é
necessário que estejamos bem arraigados à
pessoa de Cristo, em íntima comunhão com ele
(Jo 15.1-5; 17.24). A igreja tem a missão de ir ao
encontro dos que estão longe, a fim de buscá-los e
conduzi-los aos braços do Senhor (Mt 28.18-20).

2. O problema da rejeição às crianças


​No contexto social da época, as crianças eram
discriminadas. Por exemplo, na cena da multiplicação dos
pães e peixes, elas nem foram contadas (Mt 14.21).
Os discípulos tentaram impedir que várias crianças
se achegassem ao Mestre. Há pessoas que consideram as
crianças como indesejáveis. Acha que elas só trazem
aborrecimentos com suas travessuras. Na igreja, essa atitude
de rejeição é comum, pois, muitas vezes, são repreendidas
indevidamente ou indelicadamente pelos adultos. Às vezes,
exige-se delas comportamento de adultos, violando assim a
sua condição. Em muitas igrejas, tudo é realizado na
perspectiva dos adultos, não havendo nenhuma preocupação
em adequar o espaço e os programas às crianças.
​O problema é mais gritante, porém, lá fora. É fácil
observar, especialmente nas grandes cidades, crianças
vivendo nas ruas e envolvidas com drogas e prostituição;
crianças sem acesso a educação, saúde, lazer, etc. Muitas
delas foram rejeitadas pela família (ou nem têm família);
foram vítimas de agressão e abuso sexual; foram expostas a
uma condição de vulnerabilidade.
Rejeitar as crianças é contrariar o ensino do Mestre,
conforme Mateus 25.40.
3. A valorização das crianças
​Jesus valorizou as crianças, acolhendo-as junto de si.
A Bíblia apresenta variados exemplos de servos que foram
chamados quando eram crianças. Eis alguns nomes: Samuel,
Josias, Jeremias e outros.
Na igreja, as crianças precisam ocupar um lugar
digno, isto é, semelhante ao dos adultos. Elas devem ser
contempladas, tanto no que se refere a espaços decentes
quanto a programações adequadas à sua faixa etária.
Quantas propriedades da igreja permanecem ociosas
no meio da semana, as quais poderiam ser transformadas em
locais de atendimento a crianças! Alguém declarou, com
grande sabedoria que, “se educarmos as crianças não será
preciso punir os homens.”
Muitas igrejas mantêm escolas de artes para atender
às crianças da região. Algumas delas têm firmado convênios
com a Prefeitura para desenvolver programas que visam à
promoção da infância, nas áreas de saúde, esporte, lazer e
educação. O que a sua igreja tem feito?
DISCUSSÃO
1. Jesus encontrou tempo para as crianças. Que tempo ou
espaço elas têm encontrado em sua igreja?
2. Você acha que é satisfatório o que a sua igreja tem
propiciado às crianças? O que mais pode ser feito?
3. Que contribuição as crianças têm dado aos trabalhos de
sua igreja?
08 – O encontro com Marta e Maria
Lucas 10.38 a 42
LEITURA DIÁRIA
Segunda: Deuteronômio 6.1-9
Terça: João 11.1-46
Quarta: João 12.1-8
Quinta: Atos 17.10-15
Sexta: II Timóteo 3.14-17
Sábado: Filipenses 2.5-18
Domingo: Apocalipse 1.1-3
​Todos nós temos nossas aspirações e desejos. Alguns
deles podem ser justos e santos, mas, outros, pecaminosos ou
inconvenientes. Estes devem ser rechaçados, enquanto
aqueles devem ser alimentados no coração.
​O texto bíblico focalizado mostra quais eram os
desejos dos envolvidos naquele encontro com Jesus. São três
desejos respaldados pela Palavra de Deus, a qual é viva e
eficaz para nos ensinar.
BÍBLIA & OPINIÃO
1. Qual é o propósito da vinda de Jesus ao mundo? (Jo
3.16). O que confirma que esse propósito já se cumpriu em
sua vida?
2. Que distinção caracteriza o ensino de Jesus? (Mt
7.28,29). O ensino promovido por sua igreja segue esse
padrão?
3. Com que propósitos a Bíblia foi escrita? (Jo 20.30,31;
Rm 15.4; II Tm 3.16,17). Você pode apresentar exemplos
que confirmam essa eficácia da Bíblia?
4. Que exemplo notável se pode ver na cristã chamada
Febe? (Rm 16.1,2). Em sua igreja há muitas pessoas
semelhantes a ela?
5. De que maneira Cornélio expressou sua devoção a Deus
e qual foi o proveito disso? (At 10.1-4). Em que sentido o
exemplo dele desafia a você?
OBSERVAÇÕES AO TEXTO
Apenas Lucas registra esse encontro de Jesus com
Maria e Marta. Marta, Maria e Lázaro eram três irmãos que
residiam em Betânia (Jo 11.1-30; 12.1-11). Betânia ficava a
pouco mais de 2 km de Jerusalém, no outro lado do Monte
das Oliveiras. Essa família sempre hospedava a Jesus e era-
lhe muito querida, como se observa nas passagens acima
referidas.
​Em João 12.1 a 3, há o registro da unção de Jesus em
Betânia, onde encontramos Marta envolvida com o serviço, e
Maria preocupada com a adoração, através de seu gesto de
ungir Jesus para a sepultura.
As duas irmãs tinham temperamentos diferentes:
Marta era dinâmica, enquanto que Maria era mais
contemplativa.
LIÇÕES DO TEXTO
Pelo texto, vê-se que esse encontro caracteriza-se por alguns
desejos:
1. O desejo de aprender
​Maria assentou-se aos pés de Jesus para ouvir-lhe os
ensinamentos (v.39). Ela se colocou diante do Mestre,
aproveitando a presença dele em sua casa, para aprender e
crescer. Maria se mostra mais voltada para a meditação, a
reflexão e a adoração.
Jesus afirmou que Maria escolheu a boa parte e que
ela não seria impedida do privilégio de aprender com ele
(v.42). Aprender de Jesus é uma necessidade. O cristão
precisa dedicar tempo à leitura da Bíblia, à oração, à
comunhão pessoal com Deus. As muitas atividades e
preocupações do dia a dia não podem furtar aquele tempo
que deve ser reservado para a devoção. É fundamental que
haja em cada um de nós o sincero e ardente desejo de
aprender, crescer, amadurecer e aprofundar o conhecimento
e a experiência com o Senhor Jesus.
​Podemos deduzir que Maria, ao ungir a Jesus numa
outra ocasião, conforme João 12.1 a 8, já sabia do que
deveria acontecer com o seu Mestre. Nas conversas com
Jesus, ela aprendeu que seu ministério incluía a crucificação
e a morte. Se ela fosse alguém que não possuísse desejo de
aprender, talvez não tivesse derramado o bálsamo como um
gesto de amor e preparação para a sepultura. O cristão que
não tem desejo de aprender leva uma vida aniquilada e
enfraquecida, sem saber explicar a razão de sua fé. Pedro
declara que precisamos saber responder aos que nos pedem
explicações sobre a esperança que há em nós (I Pe 3.15).
​Há igrejas que são muito ativas e fazem muitas
programações, mas não têm paciência para se reunir e
colocar-se aos pés de Jesus para aprender sua Palavra.
2. Desejo de ensinar
​O interesse não era apenas de Maria em aprender.
Jesus tem um grande interesse em ensinar. Por isso,
respondeu a Marta que não podia tirar de Maria aquele
privilégio (v.42). Havia nele satisfação em passar aqueles
momentos discipulando a Maria e ensinando-lhe a respeito
do reino de Deus. Havia propósito naquela visita ao lar de
Betânia. Ele foi até lá não para ser servido, mas para servir,
para ensinar, para abençoar.
​Mateus assinala que “Jesus, vendo as multidões, subiu
ao monte, e como se assentasse, aproximaram-se os seus
discípulos e ele passou a ensiná-los.” (Mt 5.1,2). Ao ver as
multidões, Jesus sentiu desejo de ensiná-las. Isso aconteceu,
não porque alguém solicitou, mas porque Jesus tinha
consciência de seu ministério. Ele via as multidões como
ovelhas sem pastor, completamente desorientadas,
precisando de orientação para a caminhada (Mc 6.34). São
vários os relatos nos Evangelhos, nos quais encontramos
Jesus ensinando às pessoas. Seu ministério não era apenas
de curas, milagres e exorcismos, mas, principalmente, de
ensino (Mt 4.23).
​Muitos líderes evangélicos estão negligenciando o
ministério do ensino na igreja. A educação cristã nem
sempre recebe a ênfase que se dá a outros ministérios.
Alguns não estão alimentando as ovelhas com a Palavra e
com um ensino autêntico das Escrituras Sagradas, tanto no
púlpito quanto no sistema de educação religiosa da igreja.
Às vezes se limitam a promover adoração e louvor, enquanto
outros só falam de milagres e prosperidade material. Em
consequência, os crentes permanecem imaturos, desnutridos,
legalistas, manipuláveis, etc.
Para termos igrejas fortes e saudáveis, é
indispensável haver um forte ministério de ensino. Os
líderes precisam atentar para essa necessidade vital.
​Muitos novos convertidos abandonam a igreja por não
serem bem discipulados e orientados em sua nova vida com
Cristo. Até mesmo em casa, muitos pais não revelam aquele
ardente desejo de se assentar com os filhos para ensiná-los
na vida espiritual. Inspirados em Jesus, devemos manifestar
o máximo interesse em ensinar as coisas de Deus (Mt
28.19,20).
3. Desejo de servir
​Enquanto Jesus estava desejoso de ensinar e Maria
desejosa de ouvir, Marta se mostrava desejosa em servir. O
texto revela que ela estava ocupada e agitada com o serviço
da casa (v.40). Provavelmente, Marta era a dona da casa e
estava preocupada em agradar a Jesus e recebê-lo da melhor
maneira possível em seu lar. Ela mostrou-se uma dona de
casa muito dinâmica, com muitas responsabilidades e grande
interesse de servir.
​Muitas vezes, somos levados a criticar destrutivamente
o comportamento dessa mulher, como se a tarefa doméstica e
a preocupação com a casa não tivessem a menor
importância. Somos até impiedosos com ela porque não teve
a mesma atitude de Maria. Porém, o seu serviço era
importante para que Jesus tivesse o melhor em sua casa. Ela
não estava fazendo nada que viesse aborrecer ao Senhor
Jesus. Somente depois que ela se dirigiu a Jesus, pedindo-
lhe que ordenasse a Maria que fosse ajudá-la, é que o Mestre
disse que ela estava muito distraída e agitada com o serviço.
Não era justo tirar Maria de perto de Jesus para se envolver
com as tarefas domésticas, porque aquela conversa não era
inútil e nem podia ser adiada. Jesus não fez nenhuma objeção
ao seu trabalho, apenas não achou justo que ela
interrompesse o aprendizado de Maria.
​Há muitas pessoas que não sabem dividir o seu tempo
entre a contemplação e a ação. Maria não era preguiçosa
nem negligente com suas responsabilidades; queria
aproveitar a presença de Jesus e receber seus ensinamentos.
Marta, da mesma forma, não estava apenas envolvida com o
serviço; tinha, por certo, seus momentos de adoração e
meditação. Em João 11.21 a 27, ela declara a sua fé em
Cristo porque o conhecia e aprendeu com ele. Portanto, é
necessário haver um equilíbrio entre essas duas coisas.
​A maravilhosa experiência da transfiguração fez com
que Pedro, João e Tiago desejassem passar mais tempo no
monte, contemplando o Cristo transfigurado ao lado de Elias
e Moisés. Mas, Jesus mostrou-lhes que lá embaixo havia
muito que fazer. Quando desceram, o diabo estava oprimindo
a um jovem e havia uma multidão carente (Mt 17.1-21).
​A igreja precisa de Maria e precisa de Marta. Só pode
servir bem, aquele que aprende com Jesus, a seus pés. Só
pode dizer que houve aprendizado aquele que traduz isso no
serviço de cada dia. A igreja é um lugar de adoração e
serviço.
DISCUSSÃO
1. Sendo o ensino na igreja algo tão importante, por que
muitos não têm prazer em ir às reuniões de estudo bíblico, à
Escola Dominical, etc.?
2. Você acha que o ativismo na igreja é sempre sinal de
igreja viva?
3. O que sua igreja tem valorizado mais: o ministério de
ensino ou o serviço? Ela está correta agindo assim?
09 – O encontro com os Adoradores na entrada triunfal
em Jerusalém
Lucas 19.28 a 40
LEITURA DIÁRIA
Segunda: Isaías 61
Terça: Ezequiel 33.1.20
Quarta: Mateus 21.1-11
Quinta: Lucas 2.8-20
Sexta: Atos 18.24-28
Sábado: Romanos 10.9-15
Domingo: I Coríntios 1.18-25
​Toda vez em que atletas participam de grandes
competições e voltam para casa como vencedores, são
recebidos pelos compatriotas e aclamados efusivamente. O
povo se reúne para festejar: com sorrisos, gritos, fogos,
música e muita festa. Os atletas são aclamados como os
campeões do mundo, os melhores!
O estudo de hoje focaliza o grande entusiasmo com
que Jesus foi recebido pelo povo, ao entrar em Jerusalém
por ocasião da festa da Páscoa. De maneira efusiva, eles
glorificaram e aclamaram a Jesus como o rei bendito, que
vem em nome do Senhor. Um clima de alegria envolveu a
todos; e o evento teve grande impacto sobre a cidade.
BÍBLIA & OPINIÃO
1. Nas lembranças do salmista, como é que o povo se
dirigia ao templo para cultuar ao Senhor? (Sl 42.1-4). Sua
igreja manifesta essa alegria quando se reúne para adorar?
2. Quando os anjos anunciaram aos pastores o nascimento
de Jesus, como qualificaram o recém-nascido? (Lc 2.9-
14). O que se espera daqueles que reconhecem a Cristo
como Salvador e Senhor?
3. Que ordem foi dada por Jesus ao jovem geraseno, após
sua libertação espiritual, e como ele a cumpriu? (Mc 5.18-
20). Você tem o costume de anunciar o que Cristo fez em
sua vida?
4. Quando foram proibidos pelo Sinédrio de anunciar a
Cristo, o que disseram Pedro e João? (At 4.19,20). A
igreja tem revelado hoje essa mesma determinação em
anunciar o nome de Cristo?
5. Qual é o conteúdo da pregação de Paulo? (I Co 1.22-
24). Esse conteúdo tem sido a ênfase da mensagem
anunciada pela igreja hoje?
OBSERVAÇÕES AO TEXTO
O episódio descrito no texto básico do presente
estudo é comumente denominado: “A entrada triunfal de
Jesus em Jerusalém”. Nessa narrativa, daquela que seria a
última viagem de Jesus a Jerusalém, o Senhor deixou claro
como deseja ser rei: manso e humilde. A profecia
messiânica de Zacarias dizia: “Alegra-te muito, ó filha de
Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei,
justo e salvador, humilde, montado em jumento, num
jumentinho, cria de jumenta.” (Zc 9.9). Jesus não escolheu
um cavalo branco – símbolo do triunfo militar – para ser
conduzido até Jerusalém. Ele não era um Messias político;
estava consciente de que a sua arma de guerra seria a cruz.
Por isso, entrou humildemente na cidade, montando um
jumentinho e sendo ruidosamente aclamado rei por uma
numerosa multidão. Eles estenderam vestes e ramos que
haviam cortado nos campos, clamaram jubilosamente:
“Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e
glória nas maiores alturas!” (v.38).
​Esse importante acontecimento se deu por ocasião da
Páscoa, a importante festa judaica que reunia em Jerusalém,
todos os anos, milhares de pessoas.
​Ao aproximar-se de Betfagé e de Betânia, perto do
Monte das Oliveiras, Jesus enviou dois de seus discípulos
para buscar um jumentinho. Betfagé era uma aldeia que
ficava a leste do Monte das Oliveiras, cerca de 1,5 km de
Jerusalém; Betânia ficava no sopé desse monte, cerca de 3
km, a sudeste da cidade de Jerusalém.
LIÇÕES DO TEXTO
Tomando por base a manifestação da multidão, as
seguintes lições podem ser destacadas a respeito da
aclamação que se espera dos súditos do reino de Deus em
todas as épocas:
1. Uma aclamação Cristocêntrica
​A proclamação da multidão naquele dia centralizou-se
na Pessoa de Cristo. Os vv. 37 e 38 revelam que a atenção
do povo estava voltada para Cristo, apesar da maneira
humilde e despretensiosa com que ele entrou n cidade: “E,
quando se aproximava da descida do monte das Oliveiras,
toda a multidão dos discípulos passou, jubilosa, a louvar a
Deus em alta voz, por todos os milagres que tinham visto,
dizendo: Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor! Paz
no céu e glória nas maiores alturas!”
Jesus não estava montando um cavalo de montaria
real; nem estava acompanhado com a pompa que envolvia o
cerimonial de entrada de um rei numa cidade. As atenções
não estavam voltadas para um espetáculo real, mas para a
pessoa de Jesus que, com seu carisma, despertava a simpatia
e admiração do povo.
​A proclamação individual do cristão, bem como a
coletiva da igreja, não pode centralizar-se no nome da
igreja, nos projetos ministeriais que ela realiza, na tradição
eclesiástica de que é herdeira, na Constituição, nos planos e
metas da igreja, etc. É imperativo que Cristo seja o centro da
proclamação!
​O compromisso cristão não é simplesmente com um
ideal, com uma doutrina, com um corpo de ideias, mas com o
sublime evangelho de Deus encarnado na Pessoa de Cristo.
Paulo afirma com veemência que o conteúdo da sua
pregação era Cristo (I Co 1.23 a 2.5). O apóstolo João foi
exilado na ilha de Patmos por causa do testemunho de Jesus,
e não por causa de uma ideia ou filosofia (Ap 1.9).
​Jesus é o rei do reino! O reino inexiste sem a pessoa
de Jesus: “Porque dele e por meio dele e para ele são todas
as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém.” (Rm
11.36).
2. Uma aclamação fervorosa
​O texto ressalta que Jesus foi aclamado de maneira
fervorosa. Eles estendiam pelo caminho as suas vestes; e,
quando Jesus chegou, “toda a multidão dos discípulos
passou, jubilosa, a louvar a Deus em alta voz (...) dizendo:
Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e
glória nas maiores alturas!” (vv.36-38).
Essa cena tão emocionante mostra uma multidão
tomada de entusiasmo e fervor, louvando a Jesus e
impactando a cidade, sem se importar com o julgamento dos
que assistiam àquele cortejo e que reprovavam tal adoração.
​A proclamação da igreja, hoje, deve se dar com essa
mesma empolgação; afinal, somos movidos pelo Espírito
Santo a proclamar as grandezas de Deus e a obra da
salvação em Cristo: “recebereis poder, ao descer sobre vós
o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em
Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins
da terra.” (At 1.8).
O Novo Testamento fala de Apolo, que anunciava
com eloquência e fervor de espírito (At 18.24,25). Paulo
recomendou aos cristãos de Roma que fossem fervorosos de
espírito (Rm 12.11).
​O que temos para anunciar é por demais precioso e
sublime; portanto, devemos anunciar com todo entusiasmo. A
atitude de frieza, acomodação e desânimo precisa ceder
lugar ao fervor. Evidentemente, isso não quer dizer que gritar
ou utilizar uma boa aparelhagem de som seja sinal de
entusiasmo. Estamos falando é de um coração inflamado, que
inevitavelmente contagia aos que estão à volta. Atos 4.33
relata: “Com grande poder, os apóstolos davam testemunho
da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia
abundante graça.”
3. Uma aclamação inevitável
​É interessante observar que alguns dos fariseus
tentaram reprimir aquela manifestação popular de
proclamação, pedindo a Jesus que repreendesse os
discípulos. Entretanto, ele respondeu: “Asseguro-vos que, se
eles se calarem, as próprias pedras clamarão.” (v. 40). Com
essas palavras, Jesus estava demonstrando que não há como
deter ou sufocar a proclamação.
​Antes de subir aos céus, Jesus reuniu seus discípulos e
lhes deu uma ordem muito clara: “ide por todo o mundo e
pregai o evangelho a toda criatura.” (Mc 16.15). A ordem de
Jesus reflete a importância e a necessidade da proclamação.
​Pedro e João, apóstolos de Cristo, quando foram
intimidados pelo Sinédrio, que queria proibi-los de pregar o
evangelho, declararam: “Julgai se é justo diante de Deus
ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; pois nós não
podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos.”
(At 4.19,20).
​Paulo estava tomado da consciência de que a pregação
do evangelho é algo que não pode ser dispensado. Ele
declara: “Se anuncio o evangelho não tenho de que me
gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação, porque ai de
mim se não pregar o evangelho.” (I Co 9.16).
​A igreja pode e deve se ocupar de outras atividades,
tais, como: educação, ação social, construções, encontros
fraternos, etc.; entretanto, jamais pode dispensar ou
menosprezar o ministério da proclamação do evangelho.
​Nós somos chamados e enviados ao mundo para
proclamarmos as virtudes daquele que os chamou das trevas
para a sua maravilhosa luz (I Pe 2.9).
DISCUSSÃO
1. A proclamação feita por sua igreja é fervorosa?
2. Qual tem sido o conteúdo da proclamação de sua igreja?
3. A concorrência entre as denominações é compatível com
uma proclamação Cristocêntrica?
10 – O encontro com Jerusalém por ocasião da Páscoa
Lucas 19.41 a 44
LEITURA DIÁRIA
Segunda: Neemias 1.1-11; 2.1-10
Terça: Salmo 122
Quarta: Salmo 137
Quinta: Mateus 23.37-39
Sexta: Mateus 24.1-14
Sábado: Lucas 13.22-35
Domingo: Lucas 23.27-32
​A maioria da população mundial vive nas grandes
cidades – cidades enormes, superpopulosas, afetadas por
desemprego, fome, doenças e criminalidade; cidades onde os
serviços básicos como a eletricidade, o abastecimento de
água, a rede sanitária e a coleta de lixo estão muito aquém
do desejável ou até mesmo do necessário.
​É nesse cenário dramático que a igreja pode e deve
fazer diferença, na condição de agência de transformação
social. Jesus preocupou-se com a cidade. Seu exemplo deve
nos inspirar.
O estudo de hoje propõe uma abordagem em torno
dessa preocupação que levou o Senhor a chorar diante de
Jerusalém quando para lá se dirigiu a fim de participar
daquela que seria sua última Páscoa.
BÍBLIA & OPINIÃO
1. Que responsabilidade tem o povo de Deus em relação à
sua cidade? (Jr 29.7). Sua igreja tem cumprido essa
responsabilidade?
2. Qual foi a reação da cidade de Nínive ao ouvir a
proclamação da mensagem do Senhor? (Jn 3.5,6). Como
tem sido a reação de sua cidade à pregação do evangelho?
3. Considerando o que ocorreu com Sodoma e Gomorra,
que consequências sobrevirão aos que rejeitarem a
vontade de Deus? (Lc 17.28,29; II Pe 2.6). Os cristãos
demonstram crer no juízo divino?
4. Que exemplo se vê em Neemias, diante das aflições que
atingem a cidade? (Ne 1.3,4; 2.17,18). Você já participou
de ações para socorrer sua cidade em tempos de
calamidade?
5. Em seu lamento sobre Jerusalém, que denúncia Jesus
apresenta contra a cidade? (Lc 13.34). Sua igreja tem
demonstrado essa mesma preocupação em relação à
salvação da sua cidade?
OBSERVAÇÕES AO TEXTO
O texto tomado por base para o estudo de hoje faz
parte do relato acerca da Paixão de Cristo. Percebe-se que o
texto em pauta forma um grande contraste com o anterior. O
anterior (Lc 19.28-40) apresenta um cenário de júbilo e
alegria em virtude da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.
Porém, ao se aproximar de Jerusalém, Jesus chorou. Nos vv.
41 a 44, Lucas apresenta as motivações que levaram Jesus a
irromper em pranto.
O lamento diante da cidade de Jerusalém pode ser
considerado o prelúdio do sofrimento de Cristo nesta fase
derradeira de sua vida terrena. A partir da sua entrada em
Jerusalém, mais uma página trágica começava a ser escrita
na história daquela cidade. Um evento dramático tomaria
conta da cidade: o Filho de Deus haveria de ser crucificado
e Jerusalém seria o palco dos acontecimentos.
LIÇÕES DO TEXTO
Diz o v. 41 que Jesus, “quando ia chegando, vendo a
cidade, chorou.” Analisando a narrativa de Lucas, é possível
verificar as razões que motivaram as lágrimas que traduzem
a compaixão de Cristo.
1. Jesus chorou porque contemplou uma cidade sem
conhecimento
​Jerusalém era uma cidade insensível e não conhecia o
que era devido à paz (v.42). Nas palavras de Leon Morris,
devemos entender essa paz referida, como “a paz com Deus,
o relacionamento correto entre a criatura e o Criador, o que é
o ingrediente para a paz verdadeira.” Mas, Jerusalém não
conhecia isso; estava próxima ao templo do Senhor, mas
longe do Senhor do templo.
​Na última vez em que havia visitado a cidade, Jesus
exclamara: “Jerusalém! Jerusalém! Que matas os profetas e
apedrejas os que te foram enviados!” (Mt 23.37-39). Essa
atitude da cidade revela seu desconhecimento das coisas que
diziam respeito à paz. Ao contemplar, com seu olhar de
misericórdia, essa cidade insensível e destituída de
conhecimento, Jesus não resistiu: chorou lágrimas de
compaixão. Nas palavras de Martin Weingaertner “Jesus
deseja que Jerusalém reconheça, que aceite o que (serve)
para a paz. De maneira indireta Jesus convida para a fé no
príncipe da paz, pois não é isto ou aquilo que serve para a
paz, mas é o próprio Jesus, o portador da paz abrangente e
plena.”
​Ao considerarmos a atitude de Jerusalém, não
podemos nos esquecer de que estamos em um mundo que
também demonstra desconhecer o que é devido à paz, por
causa do seu distanciamento de Deus. Quando não há
conhecimento de Deus, a miséria e o caos se estabelecem. O
profeta Oseias diz que o Senhor tem uma contenda com os
habitantes da terra “porque nela não há verdade, nem amor,
nem o conhecimento de Deus.” Deus diz através do profeta:
“O meu povo está sendo destruído porque lhe falta o
conhecimento.” (Os 4.1-6a). Mais de 400 anos se passaram
depois que Oseias proferiu essas palavras; e, quando Jesus
chegou a Jerusalém, a cidade continuava sem conhecimento.
​Hoje, cerca de 2000 anos depois, o mundo continua a
evidenciar falta de conhecimento. Contemplando essa triste
situação e alarmado diante dela, um poeta cristão escreveu:
“Há muitos que, perdidos,
Pro fim caminham, sem saber
Vão, sem ouvir da paz!
Sem conhecer a paz.
Será que não nos pesa
Deixar que morram sem saber,
Que só Jesus é paz?
Que só em Cristo há paz?”
​Jesus haverá de voltar, não apenas para Jerusalém,
pois todo olho o verá. Só que, desta vez, ele virá não para
chorar, não para ter compaixão, mas para julgar o mundo.
2. Jesus chorou porque contemplou uma cidade que seria
destruída
​De acordo com os vv. 43 e 44, um triste futuro estava
reservado a Jerusalém. A cidade haveria de ser destruída,
como Jesus profetizara (Mt 23.38; 24-1,2). De fato, isso
aconteceu pouco tempo depois, no ano 70, quando o exército
romano, comandado pelo general Tito, a invadiu.
​Ao contemplar aquela cidade tão cheia de si, injusta e
insensível, Jesus chorou. Ele sabia que a destruição
fatalmente viria. No caminho para o Calvário, Jesus voltou a
exortar a cidade, dirigindo-se às mulheres que lamentavam o
seu sofrimento (Lc 23.28-30). Mas, a maioria da cidade
permaneceu como estava, não dando ouvidos às palavras de
Jesus.
​Jesus contempla, ainda hoje, um mundo que caminha
para a destruição; e o seu olhar misericordioso paira sobre
este mundo. O registro sagrado fala sobre a destruição
iminente (II Pe 3.7). Diante disso, devemos proceder
diferentemente dos habitantes de Jerusalém, dando ouvidos
às palavras de Jesus e alertando o mundo quanto ao juízo que
Deus trará sobre a Terra.
3. Jesus chorou porque contemplou uma cidade que
desperdiçou a oportunidade de salvação
​O v.44 evidencia esse triste fato. Jerusalém foi palco
dos grandes acontecimentos da história da redenção: antes,
durante e depois do ministério de Cristo. Era a cidade das
promessas feitas por Deus. Foi o ponto de partida para a
cristianização do mundo. Em Jerusalém, a igreja foi fundada
no dia de Pentecostes. De fato, Jerusalém ocupava um lugar
importante na história sagrada. Mas, até hoje, ela continua a
desperdiçar a oportunidade de salvação por não reconhecer
a Jesus como o Messias, o Filho de Deus, o Salvador do
mundo.
​Conforme a declaração de Jesus, registrada pelo
evangelista Mateus, Jerusalém teve muitas oportunidades
(Mt 23.37). A insensibilidade da cidade, que fez Jesus verter
lágrimas de compaixão e pesar, retrata muito bem a maneira
como o mundo de hoje encara a oportunidade de salvação.
As pessoas, muitas vezes, se mostram mais interessadas em
seus negócios, em sua profissão, em seus estudos, em seus
amigos, no templo, na religiosidade legalista, tal qual
aqueles que crucificaram a Jesus. Muita gente está mais
preocupada com o que dizem as autoridades políticas,
religiosas e outras, do que com as palavras que procedem da
boca de Deus.
​Estamos vivendo um período de graça, em que a
salvação é extensiva a todos: Deus “deseja que todos os
homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da
verdade.” (I Tm 2.3,4). Porém, muitos não querem saber
disso e estão desperdiçando a oportunidade de salvação.
Mas o “Dia do Senhor” virá! (II Pe 3.10). Diante disso,
somos exortados a não receber em vão a graça de Deus: “eis
agora o tempo sobremodo oportuno, eis agora o dia da
salvação.” (II Co 6.2).
Conforme Robert Linthicum, “para os pobres e
oprimidos da cidade, para os perdidos e não evangelizados
da cidade, para os ricos e os da classe média ‘beneficiados’
e seduzidos pelos sistemas de suas cidades, para os sistemas
e estruturas em si mesmas, possuídas por um demônio que
abusa dessa cidade, Cristo e sua igreja são a única
esperança.”
DISCUSSÃO
1. Sua igreja tem se mostrado relevante em sua cidade?
2. Qual tem sido a reação de sua cidade em resposta à
missão da igreja?
3. O que significa chorar pela cidade?
11 – O encontro com os Discípulos na celebração da
Páscoa
João 13.1 a 20
LEITURA DIÁRIA
Segunda: Salmo 138
Terça: Marcos 9.33-37
Quarta: Marcos 10.35-45
Quinta: Lucas 18.9-14
Sexta: João 1.15-31
Sábado: João 15
Domingo: Colossenses 3.12-17
​Em seu livro O Capitão Amado, Donald Hankey
descreve a existência de um servo: “Todos os soldados
sabiam que o Capitão era o chefe, um homem de caráter
forte. Ele foi humilde sem perder a dignidade. Nenhum
problema dos soldados era insignificante para ele. Quando
havia marchas, os pés dos soldados ficavam feridos e
doloridos. Depois de cada marcha havia uma fiscalização de
pés. Isso era rotineiro, mas, para o Capitão, não era uma
simples rotina. Ele entrava nos alojamentos e, se alguém
tinha um pé ferido, ajoelhava-se e cuidava dele como se
fosse médico, indicando algum remédio. Ele fiscalizava a
aplicação do medicamento. Não havia nada de artificial em
sua atitude. Não pretendia causar nenhuma impressão.
Somente sentia que os pés dos soldados eram importantes.
Para os soldados, havia algo quase que religioso nesse
cuidado com os pés. Parecia haver no Capitão algo de Cristo
e, por isso, ele era muito respeitado e obedecido.”
​Neste estudo aprenderemos a respeito da humildade e
da vida de servo que devem caracterizar o cristão.
BÍBLIA & OPINIÃO
1. Quais são algumas das condições exigidas por Deus
para abençoar o seu povo? (II Cr 7.14-16). Você acha que
somos privados de bênçãos por causa da inobservância
dessas exigências?
2. Que tratamento Deus destina aos soberbos? (Pv 16.18; I
Pe 5.1). Você já lidou com pessoas soberbas? Se já lidou,
como agiu?
3. Que recompensas estão reservadas aos humildes? (Pv
29.23; Mt 5.3; Lc 14.11). A fé nessas promessas tem feito
diferença em sua maneira de viver?
4. Que atitudes devem ser cultivadas no relacionamento
entre os irmãos em Cristo? (Rm 12.9-21). Em sua
comunidade as pessoas agem dessa maneira?
5. O que aprendemos da atitude de Cristo descrita em
Filipenses 2.5 a 11? Você tem conseguido seguir o
exemplo de Cristo?
OBSERVAÇÕES AO TEXTO
Apenas o evangelista João narra a cena do lava-pés.
O cerimonial da Páscoa, que comemorava a libertação do
cativeiro egípcio (Êx 12), estava para ser realizado. Jesus
tomou uma toalha e se cingiu (atar em volta de si); com a
água na bacia, passou a lavar os pés dos discípulos. Lavar
os pés era um ato comum na Palestina, cujas estradas eram
poeirentas. As pessoas usavam sandálias de correias e os
pés ficavam empoeirados. O hospedeiro sempre oferecia, na
entrada da casa, água, bacia e toalha aos hóspedes.
​Lá no cenáculo, onde estava reunido com os
discípulos, Jesus fez um serviço que era dos escravos, dos
criados, dos humildes, o que causou admiração a Pedro.
​A água é símbolo de purificação ou regeneração (Jo
3.5). Daí, o lava-pés ser um meio pelo qual os discípulos
teriam parte com Jesus (v.8). Jesus deu um autêntico exemplo
de humildade e recomendou que o imitassem (v.15).
De acordo com McNair, Jesus praticou esse ato pelas
seguintes razões: 1º) Em vista de sua partida para o Pai; 2º)
Como prova do seu amor; 3º) O pleno reconhecimento de
todo o seu poder divinal; 4º) O cumprimento de sua missão.
LIÇÕES DO TEXTO
A partir da cena do lava-pés, podemos aprender,
dentre outros, os seguintes ensinamentos para uma boa
vivência cristã:
1. O amor deve ser incondicional
​No versículo 1, Jesus demonstra um verdadeiro amor
pelos discípulos. Apesar de saber que sua hora era chegada
e que aqueles discípulos eram fracos e imperfeitos,
manifestou-lhes seu profundo e inalterável amor. Os defeitos
daqueles homens não esgotaram a paciência do Mestre. Nada
pode alterar o amor de Cristo para conosco (Rm 8.38,39).
​Durante o ministério de Jesus percebem-se ações
concretas de um verdadeiro amor, através do socorro aos
atribulados, da cura dos enfermos, da salvação dos
pecadores, etc. O amor de Jesus se estende a toda a
humanidade. Ele não poupou sacrifícios para provar esse
amor. A maior prova desse amor incondicional está no fato
de termos sido amados primeiro (I Jo 4.19). Éramos
pecadores e estávamos distantes do Pai, mas fomos
alcançados pelo seu perfeito amor. Vale a pena recordar o
amor demonstrado pelo pai ao seu filho pródigo que, mesmo
depois da desobediência do filho, o acolheu de coração e
braços abertos (Lc 15.11-24).
​Salomão, o grande sábio, recomendou amor em todo
tempo; Jesus foi além, dizendo que devemos amar até mesmo
os inimigos (Pv 17.17; Lc 6.27).
​Hoje se fala muito em amor, mas há pouca
manifestação do verdadeiro amor. Alguns se amam em
determinadas ocasiões ou circunstâncias, mas, logo a
desavença toma lugar. O amor legítimo é incondicional; é
preciso amar mesmo sem ser amado.
2. A humildade deve ser comprovada
​Jesus comprovou sua perfeita humildade através
daquele ato concreto de lavar os pés de seus discípulos.
​O evangelho ensina e exige humildade, não a
humildade aparente dos que se orgulham de ser humildes,
mas a humildade real e despretensiosa dos que julgam os
outros superiores a si mesmos. Pascal declarou: “A falsa
humildade é puro orgulho.”
Está claro, na Bíblia, que Jesus viveu uma vida de
humildade desde o seu nascimento até a sua morte (Fp 2.5-
8). Ele declarou: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de
mim, porque sou manso e humilde de coração.” (Mt 11.28).
​A soberba da vida é um dos princípios pecaminosos
que operam no mundo. Todo orgulho é contrário à natureza
divina; e toda soberba se opõe aos modelos do evangelho.
Devemos nos humilhar sob a poderosa mão de Deus, na
certeza de que, no tempo oportuno, ele nos exaltará (I Pe
5.5,6). Todo orgulho ou soberba leva a resultados
desastrosos (II Sm 22.28; Pv 11.2; 16.18).
​É lamentável o fato de que em determinadas igrejas
existam aqueles que desejam assumir a liderança por causa
de honra, posição, elogios e sede de poder. Conflitos,
discórdias e desentendimentos são gerados pela falta da
humildade. Diante disso, vale a pena observar a
recomendação paulina (Rm 12.3).
3. A purificação deve ser completa
​Segundo o texto, até mesmo dentre os que
acompanhavam a Jesus, nem todos tinham sido purificados
dos seus pecados (v.10).
A lavagem dos pés aponta a necessidade da
confissão diária dos pecados para se manter a comunhão
com Cristo. Os pés é que estão em contato com a terra e,
naturalmente, ficam sujos. Nós já estamos limpos pelo
sangue de Cristo; mas, estando ainda sobre a terra, em
contato com o mal, podemos sujar os pés, praticar pecados
e, se Cristo não nos lavar desses pecados, não poderemos ter
parte com ele. É imprescindível ser alcançado pelo lavar
regenerador do Espírito Santo (Tt 3.5).
​Jesus ensina que, para termos comunhão com ele, é
necessária a purificação da contaminação do pecado.
Somente os limpos de coração verão a Deus (Is 1.16; Mt
5.8). Uma vida de purificação completa é uma vida
santificada. Ser santo, isto é, puro, separado e consagrado é
a exigência bíblica (I Pe 1.16). É bom lembrar que o sangue
de Jesus nos purifica (I Jo 1.7-9). Portanto, devemos
eliminar toda espécie de maldade ou impurezas, tais como:
ódio, ciúme, avareza, ira, vícios, etc., pois, assim
comprovaremos que já fomos regenerados em Cristo Jesus.
4. O serviço deve ser uma expressão de amor e dedicação
​O propósito de Jesus com essa lição de humildade é
nos ensinar a servir uns aos outros. A palavra “servo”, no
grego, é doulos, que significa “escravo”. Jesus exemplifica a
escravatura em “serviço ao Pai”. É preciso seguir as
pegadas de Jesus (I Pe 2.21; I Jo 2.6). Ele declarou com
muita propriedade: “Não vim para ser servido, mas para
servir.” (Mt 20.28; Lc 22.27). Sua recomendação é clara:
“eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós
também.” (v.15).
​Para muitos, o lava-pés era uma atitude tão inferior
que era quase impossível ser praticada. Porém, na lição
dada por Jesus, o ato de lavar os pés indica um serviço
humilde e dedicado. Não existe serviço, por mais humilde ou
modesto que seja, do qual devamos nos envergonhar;
especialmente se resultar em benefício de nossos irmãos e
concorrer para a glória de Deus.
​Aqui, Jesus está ensinando a respeito do novo
mandamento que é o amor, o qual deve ser comprovado
através de um serviço humilde. Como discípulos de Jesus,
somos chamados a servir. Ele prestou um serviço modesto
para nos ensinar que o nosso alvo deve ser uma vida
dedicada a servir. Aprendamos com Jesus!
DISCUSSÃO
1. É fácil identificar a genuína humildade?
2. Você acha que há algum trabalho lícito que seja
humilhante?
3. A sua igreja serve a comunidade onde está inserida?
Como ela é vista pela sociedade?
12 – O encontro com os Malfeitores na Cruz
Lucas 23.33 a 43
LEITURA DIÁRIA
Segunda: Isaías 6.1-8
Terça: Isaías 38.1-8
Quarta: Isaías 53
Quinta: Mateus 25.31-46
Sexta: I Tessalonicenses 4.13-18
Sábado: Hebreus 2.5-18
Domingo: Apocalipse 20.11-15
​Em São Paulo, mais exatamente na Praça da Sé, onde
está a confluência das linhas do metrô paulistano, nota-se em
meio à grande agitação do lugar, uma mulher bem vestida,
acabrunhada e tensa, como que a procurar algo
importantíssimo. Essa mulher, aparentemente bem ajustada,
traz em seu coração o desespero, a angústia, a dor, a solidão
de uma vida marcada pelos problemas e desencontros da
vida. Ali estava ela a procurar por alguém que, no corre-
corre do dia, pudesse auxiliá-la, aconselhá-la, ou oferecer-
lhe consolo. Abordando um senhor que passava, chorando
ela abre o seu coração expressando toda a sua aflição. O
homem, apressadamente, responde à mulher: “Minha
senhora, a vida é assim mesmo, todo mundo tem problemas”.
Em seguida, ele vira as costas e se vai. Ao retornar, encontra
outro quadro: uma multidão perplexa, parada diante do
corpo daquela mulher que se atirara, desesperada, do
segundo andar da estação metroviária. Aquele foi um
encontro final. Esse fato trágico pode nos dar ideia da
responsabilidade que temos quando encontramos algumas
pessoas, mesmo que sejam estranhas a nós. Aquela pode ser
a última oportunidade.
BÍBLIA & OPINIÃO
1. O que este texto bíblico ensina sobre a atenção que se
deve dar à Palavra de Deus? (Hb 3.7,8 e 15). Você
conhece pessoas de coração endurecido? O que se pode
fazer por tais pessoas?
2. De alguma forma, todos se encontrarão com Cristo um
dia. O que acontecerá nesse encontro final? (II Co 5.10). O
cristão precisa temer esse encontro? Por quê?
3. Diante da realidade da morte, que conselho dado ao rei
Ezequias devemos tomar também para nós? (Is 38.1). Você
está preparado para morrer?
4. Segundo Jesus, que surpresa haverá por ocasião da sua
vinda? (Mt 7.21-23). Diante disso, que cuidados devem
ser tomados?
5. O que Paulo pensava sobre viver e morrer? (Fp 1.21). E
você, o que pensa sobre isso?
OBSERVAÇÕES AO TEXTO
O texto tomado por base para o presente estudo
encontra-se no Evangelho de Lucas, que teologicamente, visa
apresentar a Pessoa de Jesus como o Filho do homem. Por
isso, o evangelista (que também era médico, conhecedor
profundo da realidade física humana) se detém às descrições
pormenorizadas sobre os sofrimentos, angústias e
necessidades humanas de Jesus.
U. Wegner observa que o relato contido nesse texto
“é a história de dois malfeitores crucificados com Jesus, um
à sua direita, outro à sua esquerda. Marcos e Mateus não
apresentam narrativas sobre essas duas pessoas, apenas duas
curtas referências no início e no final da narrativa sobre a
crucificação: ‘E os mesmos impropérios lhe diziam também
os ladrões que haviam sido crucificados com ele’ (Mt
27.38,44); ‘...Também os (ladrões) que com ele foram
crucificados o insultavam’ (Mc 15.27,32). A grande
particularidade de Lucas frente aos relatos de Mateus e
Marcos é que, segundo a sua tradição, apenas um dos
malfeitores insultou Jesus. O segundo defendeu-o das
críticas, assumiu-se como culpado pelo castigo e implorou
para que Jesus não o esquecesse quando da vinda de seu
reino.”
​Esse texto relata parte do período derradeiro da vida e
ministério de Jesus. Ele pregou o amor e recebeu como
pagamento o ódio; proclamou o perdão e recebeu a
condenação; buscou a dignidade do ser humano e foi
condenado junto com dois malfeitores.
LIÇÕES DO TEXTO
Nesse encontro de Jesus com os malfeitores, podem-
se destacar as seguintes lições:
1. Diante de Cristo o homem tem a visão real de si mesmo
​É diante do Cristo crucificado, somente diante dele,
que o homem pode se ver como realmente é. É diante do
Cristo da cruz que a nossa verdade, a verdade vivencial
daquilo que realmente somos, aflora inegavelmente.
​O texto nos mostra que, na cruz, pendurado no
madeiro, abre-se diante de Jesus um momento de reflexão
pessoal. Os malfeitores olham para ele e, um deles, mesmo
com seus deboches e desespero de incredulidade, deixa
saltar de seus lábios esta palavra: “Não és tu o Cristo?”.
​Diante do Cristo crucificado, a verdade de Deus nos
desnuda, assim como permeou a consciência do outro
malfeitor que bradou: “Nem ao menos temes a Deus, estando
sob igual sentença? Nós, na verdade, com justiça, porque
recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este
nenhum mal fez. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim
quando vieres no teu reino.” (vv.40-42).
​Diante de Jesus, ninguém poderá dizer ou tentar se
justificar, pois a Palavra declara: “todos pecaram e carecem
da glória de Deus” (Rm 3.21); e mais: “o salário do pecado
é a morte” (Rm 6.23).
​Ninguém se achará digno, diante de Deus, que possa
abrir o livro; ninguém nos céus e na terra poderá fazê-lo, a
não ser o Cristo de Deus, o Leão da Tribo de Judá (Ap 5.3-
5). Ele é digno, pois a verdade revelada na cruz é que
somente ele reuniu as condições para satisfazer a justiça de
Deus, entregando-se em sacrifício. Como afirma Paulo,
“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós;
para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” (II Co
5.21).
2. A extensão da misericórdia de Deus
​Mesmo conhecendo a injustiça humana; e ainda que
pudesse se livrar de tão grande sofrimento, Jesus não
hesitou, pois tinha consciência de sua missão (Mt 26.53,54).
Assim, “ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca;
como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha
muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.” (Is
53.7).
​Jesus “derramou a sua alma na morte; foi contado com
os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de
muitos e pelos transgressores intercedeu.” (Is 53.12). Foi
ultrajado, mas manifestou misericórdia; misericórdia que
alcançou o malfeitor contrito, produzindo salvação, ainda
que às portas da morte. Isso, porque o nosso Deus é Deus de
misericórdia. Segundo o apóstolo Paulo, “Deus prova o seu
próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido
por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Rm 5.8).
A misericórdia de Deus é proclamada através da
mensagem de João 3.16: “Porque Deus amou ao mundo de
tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
3. O descortinar da realidade futura
​Se aqueles dois malfeitores durante a vida inteira
pensaram igual, agiram de igual forma e produziram os
mesmos frutos, a partir daquele encontro final que tiveram
com Jesus os caminhos deles se tornaram diferentes. Um
deles optou pelo caminho do endurecimento e rejeição,
enquanto o outro abraçou o caminho do arrependimento e da
rendição a Cristo. É interessante observar que, ali mesmo, as
reações deles já se mostraram diferentes. Um demonstrou
desesperada indignação, enquanto o outro demonstrou
serenidade e esperança.
​Para o malfeitor insolente, que extravasou sua
incredulidade e para todos os que hoje rejeitam a Cristo, o
desespero presente é um sinal da realidade futura que os
aguarda (Lc 13.28).
​Para o malfeitor contrito, que na sua condenação
reconheceu o justo merecimento de seus atos; que
reconheceu em Jesus o próprio Deus inocente (vv.40,41);
que reconheceu a majestade de Cristo e do seu reino (v.42);
que conseguiu ver além da morte que chegava, o consolo
presente que marcou esse encontro é o sinal da esperança na
vida que transcende a morte. Felizes aqueles que, ao
adormecer, podem ouvir Cristo sussurrando aos seus
ouvidos: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no
paraíso.”
Na análise de U. Wegner, ao malfeitor arrependido
“Jesus lhe prometeu: participação no paraíso, como lugar
reservado para os eleitos e eleitas de Deus; sua presença
salvífica (‘estarás comigo...’) e a vigência imediata dessa
promessa: ‘Hoje!’ Jesus é filho de seu tempo e expressa aqui
uma convicção judaica amplamente difundida na época,
segundo a qual imediatamente após a morte os eleitos de
Deus iriam ao paraíso para o aguardo da ressurreição final e
da vinda do Reino de Deus (Gourgues, p.26-30)”.
​Aí estão, portanto, duas realidades distintas, podendo,
uma delas, envolver a cada um de nós, diante do encontro
com Jesus.
DISCUSSÃO
1. Diante da cruz de Cristo, pergunta-se: a) Que visão você
tem de si? b) Que visão os outros têm de você? c) Que visão
você acha que Deus tem de você?
2. Há alguma diferença entre aceitar a Cristo cedo ou na
última hora?
3. É possível ao crente ter certeza de sua salvação?
13 – O encontro com Tomé após a Ressurreição
João 20.19 a 29
LEITURA DIÁRIA
Segunda: Gênesis 6
Terça: Gênesis 22.1-19
Quarta: Mateus 13.53-58
Quinta: Marcos 9.14-29
Sexta: Romanos 4.18-25
Sábado: Romanos 11.11-24
Domingo: Hebreus 3.7-19
​O nome “Tomé” ficou definitivamente associado à
dúvida. A origem disso tem a ver com a atitude
questionadora do discípulo de Jesus que expressou a
necessidade de tocar com as próprias mãos no corpo de
Jesus para que pudesse crer na sua ressurreição. Mesmo
diante do testemunho de seus companheiros, Tomé
estabeleceu como condição “ver para crer”.
Ao longo dos séculos, a atitude de Tomé tem sido
imitada por muitas pessoas, no tocante à fé. Fala-se da vida
de fé, mas vive-se como se Deus estivesse morto. Muitos se
recusam a crer, por não disporem de provas experimentais e
científicas.
​Como Jesus reage diante da incredulidade daqueles
que querem ver para crer? O que aprendemos desse
encontro?
BÍBLIA & OPINIÃO
1. Segundo a definição da Carta aos Hebreus, o que é fé?
(Hb 11.1). Exercitar a fé é fácil ou difícil?
2. O que ensina Hebreus 12.6 a respeito da fé? O que
devemos fazer quando não conseguimos acreditar que
Deus irá agir em determinada situação?
3. Que atitude teve Jesus em relação aos que não creram
na notícia de sua ressurreição? (Mc 16.14). Como lidar
com as pessoas que, hoje, não creem na morte e
ressurreição de Cristo?
4. Segundo o ensino de Judas, qual é a nossa
responsabilidade em relação aos que têm dúvida? (Jd 22 e
23). A sua igreja tem ajudado pessoas nessa situação?
5. O que é dito por Paulo a respeito do dom da fé? (Tt 1.1-
4). Segundo o texto, que atitudes acompanham a
verdadeira fé?
OBSERVAÇÕES AO TEXTO
Esse episódio do encontro de Jesus com Tomé situa-
se entre os quadros das aparições do Cristo Ressuscitado, o
qual se fez realidade visível e palpável para centenas de
seguidores (I Co 15.3-8).
A comunidade de discípulos, reunida no 1º domingo
da ressurreição, que adotou a partir de então o hábito de se
encontrar regularmente no 1º dia da semana, recebeu a visita
de Jesus.
​Maria Madalena comunicou aos discípulos a tão
importante notícia! (Jo 20.18). Ao cair da tarde daquele dia,
os discípulos estavam reunidos. Entretanto, Tomé, também
chamado Dídimo ou Gêmeo (Jo 11.16), por algum motivo,
não comparecera à reunião dos discípulos naquele dia. Ele
já tinha ouvido Jesus falar reiteradamente sobre o propósito
de sua missão, bem como a maneira como os fatos iriam se
desenrolar. Juntamente com os Doze, recebera as instruções
concernentes à morte e ressurreição de Jesus (Jo 6.51-56).
Foi ele mesmo quem se ofereceu para morrer com Jesus (Jo
11.16). Também foi Tomé quem indagou de Jesus o caminho
para o céu (Jo 14.4-6). Porém, mesmo ouvindo o testemunho
dos seus companheiros, os quais afirmaram: “vimos o
Senhor”, Tomé exigiu uma confirmação palpável (v.25).
Não crer na ressurreição é o mesmo que não crer no
próprio Cristo. A ressurreição é o centro da fé cristã. Foi
por isso que Jesus se apresentou visivelmente àqueles que
creram (vv.19-22).
Tomé desejou ter um contato pessoal com Jesus para
conferir a notícia recebida. O que se pode aprender desse
encontro entre Jesus e Tomé?
LIÇÕES DO TEXTO
1. Jesus corrige a incredulidade
​No 2º domingo após a ressurreição, Jesus se
apresentou outra vez aos discípulos reunidos. Ele atravessou
as portas trancadas (v.26) e transmitiu a mesma saudação
anterior, estando Tomé, desta vez, reunido com os demais
discípulos.
Encontraram-se face a face: Jesus e Tomé. E agora?
A pergunta de Jesus foi direta. Todos testemunhavam aquele
encontro, assim como testemunharam a incredulidade de
Tomé. As expressões de Jesus tornaram-se objetivas,
confrontando a incredulidade de Tomé: “não sejas incrédulo,
mas crente”. Disse-lhe ainda Jesus: “Porque me viste,
creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.” Jesus
manifestou sua reprovação à atitude incrédula de Tomé. Em
outras ocasiões, ele já havia reprovado a incredulidade dos
discípulos (Mt 17.17; Mc 16.14).
​A palavra de Jesus pretende não apenas reprovar a
incredulidade, mas, também corrigi-la: “não sejas incrédulo,
mas crente”. Só se vence a incredulidade com a atitude de
fidelidade. Não basta dizer que não é incrédulo: é necessário
cultivar a fé.
​Segundo a Bíblia, Deus prometeu um filho a Abraão; e,
mesmo que, aos olhos humanos, já não dispusesse mais de
condições físicas para tal, “não duvidou da promessa de
Deus por incredulidade, mas pela fé se fortaleceu dando
glória a Deus, estando plenamente convicto de que ele era
poderoso para cumprir o que prometera.” (Rm 4.20-21).
2. Jesus permite a experiência da fé
​Tomé manifestou o desejo de tocar no Cristo
ressurreto; e, diante dos demais discípulos, Jesus tomou a
iniciativa e o convidou a que o tocasse. Jesus aceitou o
desafio de Tomé e permitiu o seu toque comprovador. Ele
conhecia a fraqueza de Tomé, aceitou o seu questionamento e
permitiu-lhe a experiência de comparação.
Segundo os professores Juan Mateus e Juan Barreto,
“a experiência de Tomé não é modelo”; contudo, “todo
discípulo, de qualquer época, tem que ver o Senhor e essa
visão realiza-se ao experimentar-se a vida que ele comunica
(Jo 14.19)... é a comunicação do Espírito que produz essa
espécie de visão.” Nesse aspecto, cada pessoa precisa
conhecer de perto a Jesus, mediante uma experiência
pessoal. Há muitos “crentes” por aí que se declaram
seguidores de Jesus, mas vivem a duvidar do poder do Deus
vivo.
​Será que Tomé precisou tocar em Jesus? Comenta C.
H. Dodd que, no texto, “não se diz que Tomé tenha de fato
tocado o corpo do Senhor, nem podemos deduzir... mas,
certamente se sugere que Tomé poderia tê-lo tocado, embora
já não sentisse mais necessidade de fazê-lo; e pode ter
deixado de tocá-lo por reverência.” Mas, diz o texto que
Jesus se colocou à disposição de Tomé; e a reação dele foi:
“Senhor meu e Deus meu!” (v.28). Percebe-se que ele passou
do questionamento para a submissão, reverenciando a Jesus
e reafirmando sua pertença a ele. Essa é uma atitude que
retrata a aceitação pessoal do plano divino.
Na vida cristã, vezes sem conta, nos assemelhamos a
Tomé: queremos ver para crer. E, para chegarmos a assumir
uma postura de fé incondicional, somos levados a questionar
os planos de Deus. É nesse sentido que, segundo Paul
Tillich, “a dúvida faz parte da fé.” Tomé estava na
companhia dos discípulos, cheio de dúvida; mas, ao se
encontrar com Jesus, brotou em seu coração uma fé reverente
e submissa ao Senhor.
Diz o pastor Lindolfo Weingärtner que Tomé “levou
suas dúvidas ao único lugar em que tinha chances de livrar-
se delas; o lugar em que o próprio Jesus estava presente em
meio aos seus discípulos... Ele tem uma resposta para nós.”
O grande problema da dúvida é quando a dúvida nos
empurra para uma direção oposta a Cristo.
3. Jesus identifica a verdadeira fé
​Diante da oportunidade, Jesus aproveitou para ensinar
o verdadeiro sentido da fé, que é muito mais do que ver,
sentir, apalpar. Ensina Jesus: “Bem-aventurados os que não
viram e creram.” (v.29). Felizes são aqueles que vivem pela
fé, na perspectiva do ensino de Hebreus 11.1. Aqui está o
verdadeiro sentido da fé, que não depende de algo palpável
para se manifestar. Não se pretende, absolutamente, dizer
que a fé seja “um pulo no escuro”; ou que seja uma aventura
irracional. O que se pretende ressaltar é que a fé não
depende de circunstâncias especiais (Rm 8.23-25).
​Atualmente, muitos grupos religiosos só fazem
propagandas de “milagres”, desafiando as pessoas a ver
para crer. Porém, Jesus afirma que felizes são os que não
viram e creram.
​S. Kierkgaard, o famoso filósofo existencialista
dinamarquês, afirma que, do ponto de vista da lógica, de
todas as religiões, o Cristianismo é a mais absurda, pois fala
em crer para depois ver. De fato, como afirma Paulo, “nós
pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus,
loucura para os gentios” (I Co 1.23). O ensino de Jesus
propõe “crer para ver”.
​A conclusão do encontro de Jesus com Tomé abre uma
porta do evangelho para os que virão a crer. Em nossa
fraqueza, devemos orar como o pai do menino liberto por
Jesus: “eu creio, ajuda-me na minha incredulidade.” (Mc
9.24 – A Bíblia de Jerusalém). Segundo a Escritura, “sem fé
é impossível agradar a Deus.” (Hb 11.6); e mais: “o meu
justo viverá pela fé.” (Hb 10.38).
DISCUSSÃO
1. O que o grupo pensa da atitude de “fazer prova de Deus?”
2. Você acha que a fé é a causa do milagre?
3. Fé e razão. Você acha que uma coisa exclui a outra?
Autores dos Estudos:
Rev. Dionei Faria (Estudos 01 e 07)
Rev. Anderson Sathler (Estudos 02, 09 e 11)
Rev. Sérgio Pereira Tavares (Estudos 03 e 08)
Rev. Eneziel Peixoto de Andrade (Estudos 04 e 10)
Rev. Wilson Emerick de Souza (Estudos 05, 06 e 13)
Rev. Carlos de Oliveira Orlandi Jr. (Estudo 12)

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