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Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
13ª Vara Federal de Curitiba
Av. Anita Garibaldi, 888, 2º andar Bairro: Cabral CEP: 80540400 Fone: (41)32101681
www.jfpr.jus.br Email: prctb13dir@jfpr.jus.br
AÇÃO PENAL Nº 504651294.2016.4.04.7000/PR
AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
AUTOR: PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS
RÉU: ROBERTO MOREIRA FERREIRA
RÉU: LUIZ INACIO LULA DA SILVA
RÉU: FABIO HORI YONAMINE
RÉU: MARISA LETICIA LULA DA SILVA
RÉU: PAULO TARCISO OKAMOTTO
RÉU: AGENOR FRANKLIN MAGALHAES MEDEIROS
RÉU: JOSE ADELMARIO PINHEIRO FILHO
RÉU: PAULO ROBERTO VALENTE GORDILHO
TERMO
TERMO DE TRANSCRIÇÃO
Em 24 de maio de 2017, em cumprimento aos termos do Provimento
nº 17/2013 da Egrégia Corregedoria da Justiça Federal da 4ª Região, procedo à
transcrição do interrogatório de Luiz Inácio Lula da Silva, colhido na Ação
Penal nº 504651294.2016.404.7000, em audiência realizada em 10/05/2017, às 14
horas.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Defesa: Excelência, só um requerimento.
Juiz Federal: Certo.
Defesa: Nós constatamos que nas atas ainda consta o nome de dona
Marisa como ré, tendo em vista que já foi extinta a punibilidade do fato em relação
a ela, ainda que Vossa Excelência não tenha declarado a absolvição sumária, nós
pedimos a exclusão do nome de dona Marisa da ata.
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Juiz Federal: Mas, na ata tem o nome? Não, na ata não, doutor...
Juiz Federal: Mas é no cadastro, vai ser excluído.
Defesa: Isso, é só uma questão de não só nas atas propriamente
ditas, mas também no sistema eletrônico.
Juiz Federal: Na ata não tem mesmo, enfim...
Defesa: Excelência...
Juiz Federal: Tem que ser no microfone, doutor.
Defesa: Andrey, procurador da OAB.
Juiz Federal: Sim?
Defesa: Tendo em vista que é instrumento de trabalho do advogado
o uso do seu celular, a OAB requer que Vossa Excelência reconsidere a decisão
que nega o ingresso dos advogados com o celular, da mesma forma com relação à
gravação, uma vez que esse é um entendimento já firmado pela OAB, a gravação
do áudio.
Juiz Federal: Certo, isso já foi objeto, doutor, de decisão e já foi
indeferido, inclusive houve recurso em duas instâncias e foi indeferido, o que eu
nunca proibi, que fique aqui muito claro, é a gravação do áudio pelos defensores,
fica liberado desde que não haja transmissão simultânea.
Defesa: Grato, excelência.
Juiz Federal: Se é sobre celular, doutor, não vai ter volta para...
Defesa: Me parece que a decisão do tribunal fala de gravação e hoje
o telefone celular, como já apreciado pela Suprema Corte americana, não é mais
simplesmente um aparelho que faz ligação ou que grava simplesmente, mas é um
microcomputador que permite a comunicabilidade dos advogados, então é da
mesma forma que o computador que o Ministério Público está usando, portanto se
Vossa Excelência mantiver a decisão de manter os celulares acautelados e não
determinar a devolução, que é o que nós estamos requerendo, eu requeiro a vossa
excelência que mande acautelar também o computador, porque os telefones...
Juiz Federal: Não, os computadores todos estão permitidos, certo?
Defesa: Mas os telefones celulares hoje são microcomputadores.
Juiz Federal: Doutor, eu já indeferi a questão...
pertinente aos advogados.
Juiz Federal: Certo. Doutor, eu indefiro com base no que eu já
argumentei na decisão anterior, certo? Vamos começar então.
Defesa: E os computadores são permitidos?
Juiz Federal: Sim.
Defesa: Excelência...
Juiz Federal: Não, não vamos entrar nessa questão. Bem, vamos
começar aqui no processo, audiência na ação penal 504651294.2016.404.7000,
depoimento do senhor expresidente Luiz Inácio Lula da Silva. Senhor presidente,
boa tarde, já lhe desejei boa tarde antes, eu vou esclarecer aqui que o senhor ex
presidente vai ser tratado com o máximo respeito como qualquer acusado e
igualmente pela condição do cargo que o senhor ocupou no passado, o senhor ex
presidente pode ficar absolutamente tranquilo quanto a isso, eu gostaria aqui de
colocar mais uma vez para o senhor expresidente que esse interrogatório é um ato
normal do processo, no fundo é a oportunidade que o senhor expresidente vai ter
de falar no processo e apresentar a sua defesa diretamente, seus advogados podem
fazer isso, mas é a melhor oportunidade que o senhor tem de falar diretamente nos
autos, certo?
Luiz Inácio Lula da Silva: Certo.
Luiz Inácio Lula da Silva: Certo.
Luiz Inácio Lula da Silva: Certo.
Luiz Inácio Lula da Silva: Mas eu tinha consciência disso.
Juiz Federal: Perfeito. Eu só fiz questão de fazer pra deixar o
senhor, se eventualmente tinha alguma remota dúvida nesse sentido para que o
senhor possa depor com mais tranquilidade, certo?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Certo.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não tem, não tem pergunta difícil,
doutor, quando alguém quer falar a verdade não tem pergunta difícil.
Juiz Federal: É, estou colocando apenas porque às vezes podem ser
mal interpretadas algumas perguntas que podem ser feitas tanto por mim, pelo
Ministério Público, como pelos seus próprios defensores, certo?
Luiz Inácio Lula da Silva: Certo.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu prefiro falar.
Defesa: Excelência, uma questão de ordem apenas, a defesa do ex
presidente Lula não reconhece como objeto desta ação essa primeira parte da fala
de vossa excelência, porque esse afirmado esquema de corrupção, data máxima
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vênia, é objeto de um inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal, então o
objeto da denúncia, a acusação que consta na denúncia e a daquilo que o réu se
defende diz respeito a três contratos firmados entre a OAS e a Petrobras e ao
apartamento triplex no Guarujá, então é esta acusação que consta na denúncia a
despeito de outras eventuais questões periféricas que tenham sido tratadas sem,
com o devido respeito, o rigor jurídico e a observância do artigo 41 do código de
processo penal.
Juiz Federal: Está registrado o seu ponto...
Defesa: Eu só gostaria de concluir, nós vamos ouvir, o expresidente
está aqui para prestar os esclarecimentos.
Defesa: Mas, excelência, é questão diferente, eu estou querendo só
fazer um esclarecimento para a defesa técnica, o expresidente vai fazer a sua
autodefesa, mas a defesa técnica do expresidente informa a vossa excelência que
reconhece neste processo, tal como decisões proferidas anteriormente por vossa
excelência, apenas a acusação que eu expus há pouco.
Juiz Federal: Está bom, fica consignado o seu ponto, doutor, agora
vamos para as perguntas, então, certo? No processo, senhor expresidente, e aqui
eu só vou fazer uma referência de localização, evento 3, arquivo COMP12, consta
um termo de adesão com data de 01/04/2005 que teria sido assinado pela senhora
sua esposa, Marisa Letícia, com a Bancoop, relativamente à aquisição de uma cota
correspondente a um apartamento, de unidade simples de 3 dormitórios, num
Edifício no Guarujá, no Condomínio Solaris, nessa época identificado como Mar
Cantábrico, eu vou mostrar para o senhor esse documento, se o senhor quiser dar
uma olhadinha.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu sei, está no outro imposto de renda.
Juiz Federal: Certo, o senhor quer dá uma olhada nele?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não.
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Juiz Federal: O senhor acompanhou a sua esposa nessa ocasião?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não. Não.
Juiz Federal: Ela relatou ao senhor expresidente como ela teria
feito essa aquisição?
Luiz Inácio Lula da Silva: Ela me disse que comprou da
cooperativa dos bancários uma cota de um apartamento.
Luiz Inácio Lula da Silva: Deve ser uma unidade simples que ela
comprou.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não havia no início e não havia no fim.
Juiz Federal: Nunca houve a intenção de adquirir esse triplex?
Luiz Inácio Lula da Silva: Nunca houve a intenção de adquirir o
triplex.
Juiz Federal: Em algum momento dessa relação com a Bancoop, e
depois com a OAS, houve manifestação de intenção de trocar esse apartamento
simples por um apartamento triplex?
Luiz Inácio Lula da Silva: Nunca, nunca.
Juiz Federal: Na mesma localização dos autos tem uma proposta de
adesão sujeita à aprovação relativamente ao mesmo imóvel, isso foi assinado pela
senhora Marisa Letícia, eu vou mostrar aqui ao senhor para o senhor dar uma
olhadinha...
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Luiz Inácio Lula da Silva: Quando que é essa data aqui?
Luiz Inácio Lula da Silva: Quem rasurou?
Juiz Federal: É, isso não foi identificado.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu também gostaria de identificar quem
rasurou.
Juiz Federal: A indagação que eu faço ao senhor expresidente é, o
senhor tinha conhecimento dessa proposta e dessa rasura e saberia explicála?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, doutor Moro, eu tomei
conhecimento desse apartamento em 2005, e fui tomar e voltar a discutir esse
apartamento em 2013, só isso.
Juiz Federal: E sempre a referência era a unidade simples do...
Luiz Inácio Lula da Silva: Sempre, somente em 2013 é que eu fui
ver o tal triplex.
Juiz Federal: Antes de 2013 a senhora sua esposa nunca mencionou
essa intenção de...
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, nunca mencionou.
Juiz Federal: Na mesma localização dos autos, evento 3, COMP12,
consta um termo de adesão datado de 01/01/2004, sem assinatura, com a Bancoop,
relativamente à aquisição de uma cota correspondente a um apartamento de
unidade duplex de 3 dormitórios nesse edifício em Guarujá, unidade 174A, e
depois, com a transferência do empreendimento à OAS, acabou se transformando
no triplex 164A, posso lhe mostrar o documento para o senhor dar uma olhadinha.
Luiz Inácio Lula da Silva: Em 2004, assinado por quem?
Juiz Federal: Não, esse não está assinado.
Luiz Inácio Lula da Silva: Então não sei.
Juiz Federal: Consta que esse documento foi apreendido no seu
endereço, no apartamento em São Bernardo do Campo.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não me mostraram isso.
Juiz Federal: O senhor quer dar uma olhada?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Quem apreendeu não me mostrou no
apartamento em São Bernardo do Campo. Está assinado por quem?
Juiz Federal: Não está assinado.
Luiz Inácio Lula da Silva: Então, se não está assinado, doutor...
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei, talvez quem acusa saiba como
é que foi parar lá, eu não como é que tem um documento lá em casa, sem adesão,
de 2004, quando a minha mulher comprou o apartamento em 2005.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não preciso ver não, doutor, eu só
quero repetir o seguinte, eu fiquei sabendo do apartamento em 2005 quando
comprou, que declarou no imposto de renda de 2006, e fiquei sabendo em 2003
quando Léo Pinheiro me procurou.
Defesa: Em 2013.
Luiz Inácio Lula da Silva: Em 2013.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não lembro, doutor Moro, mas também
está tudo declarado no imposto de renda, e já deve ter aqui no processo, o que tem
sido falado é mais do que notícia ruim.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei.
Juiz Federal: O senhor expresidente sabe me dizer se depois que a
OAS assumiu o empreendimento em outubro de 2009, foram feitos novos
pagamentos pelo apartamento?
Luiz Inácio Lula da Silva: Acho que não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu tenho uma hipótese, a dona Marisa
pode não ter recebido o convite para participar da assembleia.
Luiz Inácio Lula da Silva: É a única que eu posso imaginar.
Juiz Federal: Nunca lhe foi informado nada a esse respeito?
Luiz Inácio Lula da Silva: Nunca.
Juiz Federal: Nem pela senhora sua esposa?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, eu vou lhe repetir, eu fiquei
sabendo do apartamento no ato da compra que era um investimento e fiquei
sabendo em 2013 quando eu fui procurado.
Juiz Federal: Perfeito. Consta que esse apartamento 141, do qual se
refere essa cota, cujo termo de adesão foi assinado por sua esposa, consta que esse
apartamento foi alienado pela OAS Empreendimentos com o número 131, em
virtude da mudança na numeração do prédio, a uma terceira pessoa em 26/04/2014,
está no processo no evento 3, arquivo COMP299, o senhor expresidente teve
conhecimento da venda desse apartamento na época? O senhor expresidente foi
consultado a respeito da realização dessa venda, já que ele dizia respeito ao
apartamento correspondente a sua cota?
Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor Moro, como eu não requisitei
apartamento e não recebi apartamento, eu não tinha porque ser informado.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não fui informado.
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Juiz Federal: A senhora sua esposa foi informada?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não acredito, pelo que eu tenho
ouvido nos depoimentos aqui parece que esse apartamento foi dado em garantia
umas 50 vezes, parece, para outras pessoas que a OAS devia.
Juiz Federal: A OAS apresentou uma contestação em uma demanda
judicial, está nos autos, evento 3, arquivo COMP18, uma peça datada de
18/09/2013, de que os cooperados nessa assembleia de 27/10/2009 teriam
aprovado acordo com a OAS para transferência do empreendimento, com três
abstenções apenas e nenhum voto contra, o senhor já respondeu, mas o senhor
confirma então, o senhor ou a senhora sua esposa ou algum representante, ninguém
participou da assembleia?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu fiquei sabendo aqui num
depoimento, de um depoente aqui, apenas em 2012 me parece ou no final de 2011,
por causa do meu câncer, que dona Marisa tinha autorizado a OAS vender o
apartamento, isso eu vi aqui num depoimento, eu não sei de quem, mas eu vi isso
aqui.
Juiz Federal: É que a afirmação que a OAS Empreendimentos faz
aqui nessa petição que fez ao Ministério Público, isso em 2011 ainda, que todos os
apartamentos tinham sido vendidos, e o senhor afirma que...
Luiz Inácio Lula da Silva: Então ela deve ter vendido o
apartamento e ter falado com a dona Marisa.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Juiz Federal: Sabe o motivo?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Estive em 2014.
Juiz Federal: Quantas vezes o senhor esteve no local?
Luiz Inácio Lula da Silva: Uma vez.
Luiz Inácio Lula da Silva: O Léo esteve, eu já disse aqui também,
o Léo esteve lá no escritório dizendo que o apartamento tinha sido vendido e que
ele tinha acho que mais um apartamento dos normais e o triplex, eu fui lá ver o
apartamento, fui lá ver o apartamento, coloquei quinhentos defeitos no
apartamento, voltei e nunca mais conversei com o Léo sobre o apartamento.
Juiz Federal: O senhor se recorda quem foi junto ao senhor nessa
visita?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu e minha mulher, só.
Juiz Federal: E quem estava presente da OAS?
Luiz Inácio Lula da Silva: Ah, não sei, sei que estava o Léo.
Juiz Federal: O Léo Pinheiro estava?
Luiz Inácio Lula da Silva: Estava.
Juiz Federal: E qual foi o conteúdo da conversa dessa visita, senhor
expresidente, o senhor se recorda?
Luiz Inácio Lula da Silva: O conteúdo da conversa é que o Léo
estava querendo vender o apartamento, e o senhor sabe que como todo e qualquer
vendedor quer vender de qualquer jeito, não sei se o doutor já procurou alguma
casa pAra comprar prAa saber como é que o vendedor quer fazer, e eu disse ao Léo
que o apartamento tinha quinhentos defeitos, sabe?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, eu não recusei de pronto porque o
Léo falou “Eu vou dar uma olhada e depois falo com você”.
Juiz Federal: O senhor Léo Pinheiro disse que iria fazer alguma
reforma nesse apartamento?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, no dia em que eu fui lá não disse.
Juiz Federal: Depois ele disse?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Ele disse que ia olhar e que depois me
procurava para conversar.
Juiz Federal: Sei...
Luiz Inácio Lula da Silva: Isso foi em fevereiro de 2014, se não me
falha a memória.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Juiz Federal: Não?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Me parece que a minha esposa esteve
mais uma vez.
Juiz Federal: O senhor expresidente diz “Me parece” ou o senhor
expresidente tem certeza?
Luiz Inácio Lula da Silva: Me parece, me parece que ela foi, me
parece que ela foi com o meu filho Fábio e chegou lá o apartamento me parece que
estava desmontado, estava totalmente desmontado, é a informação que eu tenho
pelo meu filho e não por ela.
Luiz Inácio Lula da Silva: Hein?
Luiz Inácio Lula da Silva: Certamente ela iria dizer que eu não
queria mais o apartamento, porque quando eu fui ao apartamento eu percebi que
aquele apartamento era praticamente inutilizável por mim pelo fato de eu ser,
independente da minha vontade, uma figura pública e eu só poderia ir naquela
praia ou segundafeira ou quartafeira de cinzas.
Juiz Federal: Certo. Consta no processo que essa segunda visita da
senhora sua esposa teria sido por volta de 21 ou 22 de agosto de 2014...
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sei a data, doutor Moro.
Juiz Federal: Saberia de foi aproximadamente isso?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sei, foi em agosto, foi em
agosto.
Juiz Federal: Eu já perguntei isso ao senhor, mas só para ficar
claro, o senhor expresidente e sua esposa, ou familiares, orientaram a realização
de reformas no apartamento triplex, a instalação de cozinha ou elevador privativo?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não orientei, o que eu sei é que no
dia que eu fui houve muitos defeitos mostrados no prédio, muitos, defeitos de
escada, defeito de cozinha.
Juiz Federal: O senhor expresidente, quando exatamente o senhor
decidiu que não ficaria com esse imóvel, com esse triplex?
Luiz Inácio Lula da Silva: Na verdade no dia que eu fui ver eu me
dei conta de que não era possível que eu tivesse um apartamento na Praia das
Astúrias, naquele local, eu não teria como visitar a praia. Segundo: o apartamento
era muito pequeno para uma família de cinco filhos, oito netos, e agora uma
bisneta.
Juiz Federal: Então logo na sua primeira visita o senhor já entendeu
que não ficaria?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu fiquei consciente que não poderia.
Juiz Federal: O senhor transmitiu essa informação...
Luiz Inácio Lula da Silva: Nós discutimos isso, porque até dona
Marisa tinha uma coisa importante, ela não gostava de praia, ela nunca gostou de
praia, certamente ela queria o apartamento para fazer investimento.
Juiz Federal: E o senhor comunicou ao senhor Léo Pinheiro que o
senhor não ficaria com o apartamento?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não, não sei porque, mas não
comuniquei.
Juiz Federal: O senhor entendeu que o senhor não ia ficar com o
apartamento, mas o senhor não comunicou a ele, não sei se eu entendi?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não entendi, eu não ia ficar com o
apartamento, mas a dona Marisa ainda tinha dúvida se ia ficar para fazer negócio
ou não.
Juiz Federal: E ela em algum momento decidiu não ficar com o
apartamento?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, ela não discutiu isso comigo mais,
não discutiu.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Juiz Federal: Não tem conhecimento ou não resolveu ficar?
Luiz Inácio Lula da Silva: Depois que soube que a dona Marisa foi
a segunda vez, eu fiquei sabendo depois que ela tinha ido ao apartamento e que ela
também não tinha interesse de comprar.
Juiz Federal: Quando que o senhor ficou sabendo que ela foi na
segunda vez?
Luiz Inácio Lula da Silva: Ah, um dia, não foi no mês de agosto,
não foi no dia em que ela foi, foi depois.
Juiz Federal: Depois quanto tempo, aproximadamente?
Luiz Inácio Lula da Silva: É difícil precisar agora, se foi 10 dias,
15, 20 dias.
Juiz Federal: Quando o senhor depôs no inquérito sobre esses fatos,
o senhor disse isso aqui “Quando eu fui a primeira vez eu disse ao Léo que o
prédio era inadequado, porque além de ser pequeno, um triplex de 215 metros é um
triplex Minha Casa, Minha Vida, era pequeno”, aí a autoridade policial perguntou
“Isso é bom ou é ruim?”, aí o senhor respondeu “Era muito pequeno, os quartos,
era uma escada muito... Muito... Eu falei “Léo, é inadequado para um velho como
eu, é inadequado”, o Léo falou “Eu vou tentar pensar um projeto pra cá”, quando a
Marisa voltou lá não tinha sido feito nada ainda, aí eu falei para a Marisa “Olhe,
vou tomar a decisão de não fazer, eu não quero, uma das razões é porque eu
cheguei à conclusão que seria inútil pra mim um apartamento na praia, eu só
poderia frequentar a praia dia de finados se tiver chovendo, eu tomei a decisão de
não ficar com o apartamento”. O senhor pode me esclarecer, porque parece que o
senhor...
Defesa: Excelência, pela ordem...
Luiz Inácio Lula da Silva: (inaudível) diferente.
Defesa: Certo.
Juiz Federal: O senhor pode me esclarecer, porque o que o senhor
afirma aqui é que quem tomou a decisão de não ficar com o apartamento foi o
senhor, que o senhor já teria manifestado reservas na primeira visita e que na
segunda visita da sua esposa, porque as reformas sequer estariam prontas, o senhor
teria decidido não ficar com o apartamento.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Eu disse exatamente as duas coisas,
tanto no primeiro depoimento como agora, a mesma coisa, admito que é difícil se
eu não estou lendo repetir as mesmas palavras, mas eu fiz todos os defeitos que
tinha que fazer no apartamento, e o Léo disse exatamente “Eu vou pensar numa
proposta e te faço”, e nunca mais eu conversei com o Léo sobre o apartamento.
Juiz Federal: Mas uma proposta de reforma do apartamento?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei qual era a proposta, ele me disse
que ia fazer uma proposta, (inaudível) fazer reforma.
Juiz Federal: Eu vou interromper o áudio aqui pelo tamanho dele,
já retomamos.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu tinha dito a mesma coisa, eu apenas
não tenho clareza, a dona Marisa não me disse no mesmo dia que ela foi lá e que
ela não ia ficar com o apartamento, eu tinha mostrado para ela que era inadequado
o apartamento, ela foi lá, acho que ela queria ver se podia ficar para vender, porque
o apartamento na verdade é o seguinte, o apartamento nunca, nunca me foi
oferecido antes da data que eu fui lá ver, e quando eu fui ver eu não gostei, é isso.
Juiz Federal: E o senhor Léo não falou ao senhor que ia reformar o
apartamento para ver se o senhor se interessava?
Luiz Inácio Lula da Silva: O Léo me disse que depois ia voltar a
conversar comigo, depois de todos os defeitos que eu vi ele falou “Olha, vou te
fazer uma proposta” e nunca mais conversei com o Léo.
Juiz Federal: Quando a senhora sua esposa foi ao apartamento pela
segunda vez e voltou dessa visita, ela lhe relatou ou o senhor perguntou sobre as
reformas...
Luiz Inácio Lula da Silva: (inaudível) e ela disse que não tinha
gostado do apartamento mais uma vez, e como eu tinha insistido pra ela que ela
não gostava de praia e que eu gostava, mas que era inadequado para mim, eu acho
que ela tomou a decisão de não comprar.
Juiz Federal: Certo, mas a indagação que eu faço é se ela relatou ao
senhor sobre as reformas?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não relatou e lamentavelmente ela
não está viva para perguntar.
Juiz Federal: Consta no depoimento que o senhor prestou também
nessa condução coercitiva, o delegado perguntou ao senhor “A dona Marisa,
quando foi eventualmente para ver se tinha interesse, como o senhor explicou, já
tinha instalado a tal cozinha e elevador?”, o senhor respondeu “Não tinha nada,
segundo ela não tinha nada”, aí ele perguntou novamente “Na segunda visita, nada,
nenhum móvel?”, aí o senhor respondeu “Nada, nada”. Ela relatou ao senhor ou
não o estado das reformas?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não. Não.
Juiz Federal: E como o senhor explica essa resposta que o senhor
deu no depoimento da condução coercitiva?
Luiz Inácio Lula da Silva: Que ela disse que não tinha nada?
Juiz Federal: É.
Luiz Inácio Lula da Silva: Ela disse que não tinha nada...
Juiz Federal: Ela mencionou então...
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu já falei que depois de uns 10 dias, eu
não precisei a data, que a Marisa disse que não tinha nada e que não queria mais o
apartamento.
Juiz Federal: Certo, mas ela relatou ao senhor então que as
reformas não tinham sido feitas, que a cozinha não tinha sido instalada?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não ia ficar porque não tinha como
ficar.
Juiz Federal: Esse foi o motivo também que influiu na decisão ou
não?
Luiz Inácio Lula da Silva: Esse motivo foi que eu não tinha
solicitado e não quis o apartamento.
Defesa: Excelência, eu sei que vossa excelência tem um relatório de
questões previamente formuladas, mas eu pediria a vossa excelência que adaptasse
esse rol de perguntas previamente formuladas à respostas já dadas pelo ex
presidente Lula, porque vossa excelência está repetindo muitas questões que em
respostas anteriores ele já respondeu.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Eu já disse que não.
Juiz Federal: O senhor comunicou de alguma outra forma?
Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor, eu vou repetir, o apartamento
estava no nome da minha mulher, eu tinha dito em fevereiro que não queria o
apartamento, ela certamente pensava qualquer coisa de fazer negócio se ela fosse
ficar com o apartamento.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei. Não sei.
Juiz Federal: Houve mais visitas ao apartamento pelo senhor ex
presidente ou por sua família após agosto de 2014?
Luiz Inácio Lula da Silva: Nunca.
Juiz Federal: Como as coisas se desenvolveram após as visitas de
fevereiro e agosto de 2014 em relação a esse imóvel?
Luiz Inácio Lula da Silva: Para mim não aconteceu nada de novo
porque eu não fui mais atrás.
Juiz Federal: Depois que o José Adelmário Pinheiro, Léo Pinheiro,
foi preso em novembro de 2014, teve algum desdobramento o assunto do triplex?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Juiz Federal: Em algum momento nas conversas do senhor ex
presidente com o senhor Léo Pinheiro ou com outros representantes da OAS,
houve alguma discussão a respeito do pagamento da diferença entre o preço da
unidade simples, cuja cota havia sido adquirida, e o preço da unidade triplex?
Luiz Inácio Lula da Silva: Houve, houve, houve na reunião de
2013, que o o Pinheiro foi no instituto conversar comigo, estava junto comigo o
companheiro Paulo Okamotto, e o Léo começou a mostrar a ideia do apartamento,
o Paulo Okamotto perguntou “Léo, quanto que é o metro quadrado do
apartamento?”, eu não sei, ele falou “6 ou 7 mil reais”, 8, sei lá, sei que o Paulo
Okamotto falou “Olha, então você sabe que vender o apartamento tem que ser
vendido pelo preço de mercado, eu sou contra o Lula comprar, mas se ele comprar
é preço de mercado”, foi a única vez que discutiu dinheiro.
Juiz Federal: Foi nessa reunião em 2013, então, pela primeira vez
que falou em triplex?
Luiz Inácio Lula da Silva: Foi a primeira vez.
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Juiz Federal: Antes não?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Juiz Federal: O senhor se recorda se na ocasião foi mencionada
essa diferença de preço, os valores?
Luiz Inácio Lula da Silva: Foi mencionado pelo Paulo Okamotto.
Juiz Federal: Mas o valor exato que seria a diferença de preço não?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não.
Juiz Federal: Em algum momento nas conversas do senhor ex
presidente com Léo Pinheiro ou com outros representantes da OAS, houve alguma
discussão a respeito do custo das reformas da unidade triplex, do preço a ser pago?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não. Não, nunca. Até porque não me
falaram de reforma.
Juiz Federal: Perfeito, mas essa é a oportunidade que o senhor tem
de se defender e esclarecer essas questões, certo? Então vou pedir um pouco de
paciência para o senhor expresidente...
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu tenho paciência, que perguntar
coisas para mim de uma pessoa que já morreu é muito difícil.
Juiz Federal: Sim, eu imagino.
Luiz Inácio Lula da Silva: É muito difícil.
Juiz Federal: Eu imagino, mas infelizmente acaba tendo aqui pelo
contexto, certo?
Luiz Inácio Lula da Silva: É.
Juiz Federal: Na mesma época dessas visitas que o senhor ex
presidente fez ao triplex, depois a senhora sua esposa, houve também reformas
custeadas pela OAS no sítio em Atibaia?
Luiz Inácio Lula da Silva: Esse é um outro processo, doutor, e
quando chegar o inquérito eu terei muito prazer em falar sobre isso.
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Juiz Federal: Certo. Existe um contexto aqui, eu indago apenas ao
senhor por conta desse motivo...
Defesa: Excelência, pela ordem...
Juiz Federal: Existem algumas mensagens...
Defesa: Pela ordem, mais uma vez, como foi dito no início pela
defesa técnica, e baseado, repito, em decisões que vossa excelência proferiu nesses
autos, então quando vossa excelência negou provas à defesa vossa excelência foi
muito claro ao afirmar que esta acusação diz respeito a três contratos firmados
entre a OAS e a Petrobras e um apartamento no Guarujá, então eu pediria a vossa
excelência que isso que já foi decidido também fosse observado neste ato, porque o
expresidente está aqui para fazer a sua autodefesa em relação a essas acusações, se
há outros procedimentos investigatórios que foram abertos em relação a outros
temas nós não podemos tratar aqui desses outros termas, até porque nós temos
competências diferentes a temas tratados, como eu disse, no Supremo Tribunal
Federal, a temas tratados em Brasília e outros locais, então eu pediria a vossa
excelência que o interrogatório, o momento da autodefesa, fosse em relação
exclusivamente à delimitação já feita por vossa excelência nas decisões anteriores,
se for necessário podemos rever a decisão de vossa excelência aqui para termos
aqui presente qual é o real escopo da ação.
Juiz Federal: Certo.
Defesa: Excelência, só para fazer um registro. Excelência, mais uma
vez a defesa de Paulo Okamotto quer registrar que até hoje não teve acesso à
integralidade das mensagens que vossa excelência e o Ministério Público têm
utilizado, que a defesa também requereu acesso à integralidade dessas mensagens e
até hoje vossa excelência não permitiu esse acesso.
Defesa: Excelência...
Defesa: É (inaudível), não de vossa excelência.
Defesa: Excelência...
Defesa: A defesa pediu acesso às mensagens a vossa excelência, foi
pedido acesso.
Defesa: Jamais a defesa teve acesso aos telefones e a possibilidade
de acesso à integralidade dessas mensagens, nós tivemos acesso ao que o
Ministério Público juntou, isso é muito diferente.
Juiz Federal: Perfeito. Bem, como eu adiantei as questões foram
postas e, assim, senhor expresidente, eu vou lhe ser muito franco, eu só faço essas
indagações porque ela estão em conjuntos aqui de mensagens de executivos da
OAS, mas o senhor fique absolutamente à vontade para exercer o seu direito ao
silêncio e não responder, eu compreendo muito bem. Doutor, eu já estou
respeitando a colocação da defesa, eu já ouvi o doutor, e a questão está posta dessa
maneira, certo?
Defesa: Mas...
Juiz Federal: Não mais interferência, doutor.
Defesa: Mas vossa excelência tem que me dar o direito à palavra, eu
acho que a defesa...
Defesa: Mas vossa excelência fez novas considerações, agora disse
direito ao silêncio, não se trata disso, o que nós estamos pedindo a vossa
excelência é que as perguntas formuladas fiquem circunscritas ao objeto da ação,
eu repito, se nós pudermos aqui reler a decisão de vossa excelência, quando vossa
excelência delimitou o objeto da ação vossa excelência não fala de sítio, nós vamos
reler se for o caso.
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Juiz Federal: Certo, então vamos seguir aqui, na mesma época, na
mesma época, senhor expresidente, em que foi reformado esse triplex consta na
acusação e mensagens no texto que foram também realizadas reformas pela OAS
no sítio em Atibaia, o senhor confirma que houve essas reformas?
Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor, deixa eu dizer uma coisa, se tem
alguém que quer a verdade sobre mim sou eu mesmo, então quando chegar o
processo do sítio de Atibaia eu terei um imenso prazer de estar aqui respondendo a
verdade absoluta sobre aquilo, agora acho que é importante resolver o problema do
triplex porque o Ministério Público fez uma acusação eu diria baseada em
denúncias de imprensa, porque na verdade todo esse processo é subordinado à
época ao Globo, à Veja, à Globo, ou seja, na verdade o Ministério Público está
prestando contas a esses órgãos de imprensa, e eu quero falar, eu tenho o direito de
falar porque não requisitei, porque não recebi, porque não paguei um apartamento
que dizem que é meu.
Juiz Federal: Perfeito.
Luiz Inácio Lula da Silva: Então eu quero resolver o problema do
triplex...
Juiz Federal: Certo.
Luiz Inácio Lula da Silva: Depois (inaudível).
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Quando chegar, doutor, quando, eu não
vou responder, quando chegar Atibaia eu responderei tudo que perguntar sobre
Atibaia, quando chegar eu responderei tudo que tiver de Atibaia.
Juiz Federal: Mas essas mensagens aqui tratam do apartamento de
Guarujá também, não sei se o senhor quer dar uma olhadinha...
Luiz Inácio Lula da Silva: Ela não voltou mais no Guarujá.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, do sítio de Atibaia eu responderei
tudo, doutor Moro, com o maior prazer quando tiver aqui o processo de Atibaia.
Juiz Federal: Certo. Também a denúncia menciona uma mensagem
enviada em 10/03/2014 por empregado da OAS a José Adelmário Pinheiro Filho,
que na qual é feita a seguinte afirmação “Doutor Léo, o Fernando Bittar aprovou
junto à dama os projetos tanto de Guarujá como do sítio, só a cozinha Kitchens
completa pediram 149 mil, ainda sem negociação, posso começar na semana que
vem, é isso mesmo?”. O senhor tem conhecimento se a OAS cuidou desses
projetos da cozinha Kitchens do apartamento do Guarujá juntamente com o do sítio
em Atibaia?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não tenho conhecimento.
Juiz Federal: O senhor saberia explicar essa mensagem?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sei, a mensagem me parece que
é uma conversa que fizeram com o dono da chácara, Fernando Bittar.
Juiz Federal: “Doutor Léo, Fernando Bittar aprovou junto à dama”.
Luiz Inácio Lula da Silva: Ah, então é isso...
Juiz Federal: A referência do senhor Léo Pinheiro sobre isso é que
dama seria a senhora sua esposa.
Juiz Federal: Não, eu esclareci, doutor.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não posso responder, doutor, eu não
posso responder por emails ou por telefonemas entre terceiros, doutor, eu aqui
posso muito responder pelo que eu fiz ou pelo que eu não fiz.
Juiz Federal: Perfeito.
Luiz Inácio Lula da Silva: Você sabe que no depoimento do Léo
quando eu ouvi ele falar Zeca Pagodinho eu até gostei porque eu gosto muito do
Zeca Pagodinho, e fiquei sabendo no depoimento porque ele nunca me falou que
me chamava de Zeca Pagodinho, mas não houve essa conversa comigo, se houve
entre eles é problema deles.
Juiz Federal: E o senhor também não tem conhecimento disso?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Juiz Federal: Que eles teriam tratado desse assunto em conjunto?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, comigo não.
Juiz Federal: Da reforma do apartamento e da cozinha juntamente
com o sítio em Atibaia?
Defesa: Toda vez que vossa excelência fizer referência ao sítio de
Atibaia eu gostaria de ter presente aquela posição da defesa técnica, pedindo a
vossa excelência que se circunscreva e dê ao expresidente o momento de fazer a
sua autodefesa em relação ao real objeto desta ação, quando for a oportunidade de
falar sobre sítio de Atibaia em outro procedimento ele falará, então eu pediria a
vossa excelência sempre ter presente essa orientação da defesa técnica e esse
requerimento já formulado e justificado, justificado nas decisões já proferidas por
vossa excelência circunscrevendo o objeto desta ação.
Juiz Federal: Bem, como ficou claro aqui as mensagens tratam
juntos dos mesmos temas, eu estou apenas perguntando e dando oportunidade ao
senhor expresidente para se defender, doutor, mas fica consignada a sua posição,
não precisa voltar a isso...
Defesa: Eu gostaria só de justificar...
Defesa: Eu não tenho dúvida, esse é um momento...
Juiz Federal: Eu sei que o doutor tem questões muito interessantes
aí para colocar, mas eu acho que nós devemos dar preferência para ouvir o senhor
expresidente.
Defesa: Sim, mas a defesa também tem direito à palavra, esse é um
momento muito importante realmente em que o presidente está fazendo a sua
defesa, a sua autodefesa, eu considero um momento importante, aliás eu discordo
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de vossa excelência quando declarou em uma palestra que esse é um momento sem
nenhuma importância, acho que é um momento importante, mas eu peço a vossa
excelência que observe as suas próprias decisões anteriores e as perguntas sejam
feitas com base naquilo que vossa excelência já definiu e aquilo que consta na
denúncia, até para que não prejudique o direito de autodefesa, se tem alguma
mensagem que faz referência a sítio de Atibaia isso vai ser tratado no momento
oportuno, mas não agora que nós estamos tratando nesta ação de três contratos
entre a OAS e a Petrobras, repito, e um triplex no Guarujá, não há acusação aqui
sobre sítio de Atibaia.
Juiz Federal: Certo, vamos continuar com as questões ao senhor ex
presidente. Senhor expresidente, como aparentemente consta nessas mensagens,
os projetos da cozinha do apartamento no Guarujá e da cozinha do sítio teriam sido
submetidos a sua esposa em 2014 para aprovação, o senhor expresidente tinha
conhecimento disso?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não tomei conhecimento.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu só quero, eu entendo o seu papel
como juiz, mas eu só quero que entenda o meu como depoente, eu, sobre Atibaia
eu falarei tudo de Atibaia no processo específico de Atibaia.
Juiz Federal: É, o senhor tem que compreender que os executivos
da OAS tratam isso de maneira conjunta, daí a pergunta de maneira conjunta.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eles se responsabilizam pelo que ele
fala e eu me responsabilizarei pelo que eu falo.
Defesa: Não, eu não estou falando pelo Ministério Público...
Ministério Público Federal: Não fala pelo Ministério Público.
Ministério Público Federal: Os assuntos são em conjunto.
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Defesa: Vamos esclarecer, então.
Defesa: Nós ainda temos lei no Brasil, e a lei diz o seguinte, que a
denúncia tem que delimitar os fatos e acusação.
Defesa: Eu peço a palavra, pela ordem, presidente.
Juiz Federal: Com a palavra, então.
Defesa: Eu advogo para a Petrobras no caso e tenho em mãos a
cópia do ofício da ordem dos advogados do Brasil que atendeu a um requerimento
do doutor Cristiano Zanin Martins para que fossem preservadas suas prerrogativas
nessa audiência, e diz esse ofício que o presidente da câmara de direitos e
prerrogativas da OAB deferiu o pedido formulado pelo advogado, doutor Cristiano
Zanin Martins, designando o procurador geral dessa seccional, Andrey Salmazzo
Poubel, que está presente, para acompanhar a audiência que será realizada no dia
10/05 por esse douto juízo, e diz a ordem dos advogados então em resposta a sua
petição, “Há de se atentar por óbvio, em que pese tudo que circunda os autos, que
o objetivo da OAB Paraná não é o de causar tumulto ou embaraço para a
realização do ato, ao contrário, visa apenas somente auxiliar na manutenção da
ordem jurídica vigente e na proficiência processual, o que trará benefícios a todos
os atores processuais”. Eu faço então um apelo pessoal de que as questões dessa
natureza não descambem para uma confrontação pessoal em plena audiência,
porque isso é prejudicial ao nosso trabalho conjunto, um apelo que um advogado
mais idoso lhes faz.
Juiz Federal: Perfeito, vamos então prosseguir...
Defesa: Excelência, se me permite, eu gostaria...
Juiz Federal: Não, doutor, não, essa questão já foi indeferida, não...
Defesa: Doutor Sergio Moro...
Juiz Federal: Está indeferido, essa questão já foi recorrente.
Defesa: Não, de maneira nenhuma, eu vou fazer uma ponderação
também a vossa excelência...
Juiz Federal: Não, doutor, não tem a palavra.
Defesa: Vossa excelência não sabe o que eu vou dizer.
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Juiz Federal: Vamos prosseguir, doutor.
Defesa: Excelência, vossa excelência tem conduzido as audiências,
todas durante esse processo, de maneira objetiva e indeferido aos advogados e ao
Ministério Público que fizessem perguntas que já tinham sido respondidas pelo
depoente, então eu peço a vossa excelência, em respeito ao expresidente e aos
advogados com mais tempo de ordem aqui presentes, que vossa excelência
também faça essa autolimitação a vossa excelência, de maneira a perguntar
exatamente o que é necessário para o seu convencimento quanto à inocência dos
acusados, o momento é importante para isso, mas que vossa excelência não repita
senão o ato ficará consecutivo.
Defesa: Eu peço a palavra de novo. Nós não podemos criar nesse
interrogatório um confronto pessoal dos advogados com o juiz da causa, isso é
óbvio, é até contraproducente como é elementar, eu tenho a impressão de que os
incidentes da audiência serão reportados com toda a fidelidade pelo nosso colega
da Ordem e os excessos que eventualmente surjam, porque essa é sua obrigação
aqui na Ordem dos Advogados, de retratar o comportamento das partes
representadas e os incidentes. Terminei minha questão de ordem.
Juiz Federal: Perfeito.
Defesa: Eu tenho minha questão de ordem também.
Juiz Federal: Não, essa questão já foi superada.
Defesa: O senhor (inaudível) já colocou a questão de ordem...
Defesa: Pela lei...
Juiz Federal: O doutor quer responder pelo seu cliente.
Defesa: Pela lei, pelo estatuto da OAB eu gostaria de pedir...
Defesa: Não é isso, eu não estou falando o tempo todo, eu estou...
Defesa: Me permita só uma colocação.
Defesa: Excelência, o senhor está cassando a minha palavra?
Juiz Federal: Não, não tem a palavra mais, já colocou e foi
indeferido, a questão já foi resolvida.
Defesa: Então, na verdade a defesa...
Juiz Federal: Já foi resolvido, doutor, até os outros advogados estão
vendo, o doutor está perturbando a audiência.
Defesa: Não estou nervoso, eu estou querendo na verdade, toda vez
que houver uma violência à lei a defesa tem não só o direito como o dever de fazer
observância, eu estou...
Defesa: Isso não é nenhuma confrontação com o juízo, professor...
Defesa: Exatamente.
Defesa: É uma incongruência (inaudível).
Defesa: Eu estou dizendo isso, que vossa excelência é que delimitou
o objeto da ação, só isso, toda vez que vossa excelência fizer uma pergunta fora do
que está delimitado por vossa excelência em decisões anteriores a defesa vai sim
registrar e vai impugnar a pergunta.
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mensagens aqui de executivos da OAS que, segundo o Ministério Público, eles
tratam em conjunto da reforma do apartamento em Guarujá e da reforma do sítio, o
senhor prefere não responder sobre essas questões?
Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor Moro, eu vim aqui preparado
para responder tudo que perguntarem e para não ficar nervoso, se tem uma coisa
que eu me preparei é para não ficar nervoso, agora eu vou lhe dizer uma coisa, eu
não sou obrigado a responder mensagens que o Ministério Público pegou entre
duas pessoas alheias a mim.
Juiz Federal: O senhor tem conhecimento se os executivos da OAS
teriam tratado desses projetos em conjunto?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não tenho conhecimento.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Juiz Federal: O senhor Léo Pinheiro esteve com o senhor no sítio
em Atibaia em 2014?
Luiz Inácio Lula da Silva: Ele esteve, ele esteve a meu convite,
mas esse assunto eu vou responder na audiência do sítio de Atibaia.
Luiz Inácio Lula da Silva: Nada.
Luiz Inácio Lula da Silva: Apresentou.
Luiz Inácio Lula da Silva: Esteve.
Juiz Federal: O senhor saberia explicar o propósito dessa visita?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, eu convidei.
Juiz Federal: E o senhor convidou o senhor Paulo Gordilho, tinha
algum relacionamento?
Luiz Inácio Lula da Silva: Esse assunto eu falarei no processo de
Atibaia.
Juiz Federal: Certo. O senhor Paulo Gordilho nessa ocasião tratou
com o senhor de alguma maneira a respeito do apartamento do Guarujá?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Juiz Federal: O senhor expresidente...
Luiz Inácio Lula da Silva: Se o senhor me permite, essa do
elevador é uma das anomalias da denúncia do Ministério Público...
Juiz Federal: Em qual sentido, senhor expresidente?
Luiz Inácio Lula da Silva: Pelo menos do pessoal da lava jato, quer
dizer, eu vi pela imprensa que o Ministério Público tinha dito que eu tinha pedido
para o Léo colocar o elevador, isso aqui, doutor, é uma escada em caracol, o senhor
deve conhecer, essa escada tem 16 degraus, essa escada é do meu apartamento em
que eu moro há 18 anos, a dona Marisa há 6 anos, há exatamente 6 anos ela
tomava remédio todo santo dia para dor na cartilagem, será que alguém de bom
senso nesse país imagina que eu ia pedir um elevador num apartamento que não
era meu e deixar de pedir para fazer no apartamento, no prédio que a dona Marisa
morava há 20 anos e que tomava remédio todo santo dia, quer dizer, é no mínimo,
é no mínimo, doutor, cumprir o ditado de que “Quem conta uma mentira passa a
vida inteira mentindo para justificar a primeira mentira”.
Luiz Inácio Lula da Silva: Absolutamente.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Porque certamente a OAS queria vender
o apartamento, porque certamente ela queria vender, eu acho que ela queria vender
brincadeira porque na verdade quem colocou aquele prédio, a quantidade de
hipoteca que ela fez naquele prédio pagando dívida com não sei quantos clientes,
ou seja, talvez não estivesse falando para valer, mas obviamente que ela ou a
empreendedora queria vender o apartamento.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, eu estou dizendo que ela, se estava
fazendo aquela reforma com as críticas que eu fiz, é porque ela queria vender o
apartamento, acontece que ao mesmo tempo em que ela diz que o apartamento era
reservado para mim, eu vi aqui depoimento dizendo, ela colocou esse apartamento
como hipoteca em vários momentos da sua transação.
Juiz Federal: O senhor tem conhecimento que ela fez isso com
todos os apartamentos?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não sei, eu tenho visto aqui nos
depoimentos, o senhor sabe que eu acompanho os depoimentos, por isso que eu
queria que fosse televisionado direto.
Juiz Federal: O senhor tem conhecimento que esse procedimento é
um procedimento normal de financiamento dos apartamentos, colocar eles em
garantia de emissão de debêntures?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei, não sei.
Juiz Federal: O senhor tem conhecimento, por exemplo, que nesse
apartamento 141 que o senhor em princípio teria adquirido a cota, ou sua esposa,
esse mesmo procedimento de emissão de debêntures foi realizado?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei, não sei.
Defesa: Excelência, pela ordem, qual testemunha, vossa excelência
fez uma pergunta genérica, então, pela ordem, eu gostaria de que vossa excelência
identificasse qual é a testemunha que disse isso e qual foi a exata fala dessa
testemunha, para que se pudesse saber de onde foi tirada essa afirmação.
Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor Moro, eu posso falar?
Juiz Federal: Sim. Fale.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Eu quero evitar que o senhor brigue
muito com o meu advogado...
Juiz Federal: Não, é o seu advogado que está brigando, doutor, eu
na verdade estou tentando fluir com a audiência.
Luiz Inácio Lula da Silva: Aqui, na sua sala, estiveram 63
testemunhas, grande parte de acusação do Ministério Público e nenhuma me
acusou, o que aconteceu nos últimos 30 dias, doutor Moro, vai passar para a
história como o mês Lula porque foi o mês que vocês trabalharam, sobretudo o
Ministério Público, para trazer todo mundo para falar uma senha chamada Lula, o
objetivo era dizer Lula, se não dissesse Lula não valia.
Juiz Federal: O senhor entende que existe uma conspiração contra
o senhor?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não, eu entendo e acompanho pela
imprensa é que pessoas como Léo Pinheiro estão já há algum tempo fazer delação,
primeiro ele foi condenado a 23 anos de cadeia, depois se mostra na televisão
como é que vive a vida de nababo dos delatores, e o cara fala “Porra, eu estou
condenado a 23 anos, e os delatores, deram, pagaram uma parte e estão vivendo
essa vida?”, então delatar virou na verdade quase que um alvará de soltura dessa
gente, eu tenho acompanhado e estou atento, e estou percebendo que há, eu vou
discutir em algum momento o contexto, o contexto está baseado num Power Point
mal feito minucioso da operação lava jato...
Juiz Federal: Senhor expresidente...
Luiz Inácio Lula da Silva: Aliás, o doutor Dallagnol, que fez a
apresentação, não está aqui, deveria estar aqui para explicar aquele famoso Power
Point.
Juiz Federal: Certo.
Luiz Inácio Lula da Silva: Sabe? Aquilo é uma caçamba onde cabe
tudo, aquele Power Point, doutor, não está julgando Lula pessoa física ou pessoa
jurídica, está julgando Lula presidente da república, e isso eu quero discutir.
Luiz Inácio Lula da Silva: Tem que perguntar para eles.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Também não afirmaram que eu tinha
pedido.
Luiz Inácio Lula da Silva: Nós entramos com um processo, está na
justiça para a gente requerer o que foi pago.
Luiz Inácio Lula da Silva: Ah, não tenho ideia, mas ocorreu.
Juiz Federal: Consta no processo que essa restituição foi solicitada
à OAS somente em 26/11/2015, seria isso?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sei quando foi requerido. Eu não
sei.
Juiz Federal: Esse documento está no evento 85, OUT11.
Luiz Inácio Lula da Silva: O que eu sei é que tanto quanto eu a
Bancoop foi tachada de uma organização criminosa pelo Ministério Público, faz 2
meses que a Bancoop foi absolvida, o Vaccari foi absolvido, e ninguém que o
acusou teve a coragem de pedir desculpas.
Juiz Federal: Certo, acho que o senhor está se referindo a um outro
processo, não é esse processo, e não a esse Ministério Público.
Luiz Inácio Lula da Silva: (inaudível).
Luiz Inácio Lula da Silva: Isso quando?
Juiz Federal: Isso em 2009, a data que está no documento, posso
lhe mostrar aqui?
Luiz Inácio Lula da Silva: Ela assinou em 2009?
Juiz Federal: Isso. Isso está no evento 85, OUT11. O senhor ex
presidente sabe explicar as circunstâncias da assinatura deste termo de demissão?
Luiz Inácio Lula da Silva: A Marisa demitiuse do cargo de sócio
da Bancoop?
Luiz Inácio Lula da Silva: Isso depois que a OAS assumiu?
Juiz Federal: No documento consta 2009.
Juiz Federal: Isso, isso, isso.
Juiz Federal: E o senhor sabe me explicar esse documento que eu
lhe mostrei, se o senhor quiser examinar com mais calma...
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, quem pode explicar deve ser o
(inaudível).
Juiz Federal: Certo.
Defesa: Excelência, só...
Juiz Federal: A data do documento está como 2009, o senhor sabe
explicar essa data, não? O senhor não conhece esse documento?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não conheço.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei.
Juiz Federal: Senhor expresidente, sabe explicar que nesse mesmo
documento por que os valores a restituir estão corrigidos somente até outubro de
2009?
Luiz Inácio Lula da Silva: Aí a Bancoop tem que explicar, ou
quem adquiriu depois da Bancoop.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu ouvi aqui, não sei se ouvi direito,
mas eu ouvi no depoimento... Deixa só eu dizer uma coisa, eu ouvi falar desse
apartamento em 2005 quando comprou...
Juiz Federal: Peço só para o senhor falar no microfone.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Eu fui voltar a ouvir falar do
apartamento em 2013, ou seja, o interregno de discutir esse apartamento da minha
parte é de 2005 a 2013, ninguém nunca conversou comigo, eu não sabia que esse
apartamento estava na OAS, eu sabia, eu só queria, doutor Moro, pedir uma coisa,
é muito difícil para mim toda hora que o senhor cita a minha mulher sem ela poder
estar aqui para se defender, é muito difícil.
Juiz Federal: Não, eu não estou acusando ela de nada, senhor ex
presidente.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu sei que o senhor não está acusando,
mas pergunta muita coisa, se eu vi, se eu não vi, se eu vi ou não vi, sabe?
Luiz Inácio Lula da Silva: É uma pena que, e uma das causas que
ela morreu foi a pressão que ela sofreu, então eu não quero nem discutir isso,
doutor, quando se tratar dela eu gostaria que o senhor...
Juiz Federal: Esse pedido de restituição que o senhor fez à OAS de
devolução desses valores em 26/11/2015...
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei.
Juiz Federal: Consta aqui aparentemente que foi depois, não?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei. Em algum momento tinha que
fazer.
Juiz Federal: Certo.
Juiz Federal: Perfeito, pode, por gentileza, alcançar lá? Bem, consta
no processo, no evento 724, OUT11, uma nota que teria sido publicada pelo
Instituto Lula, isso em dezembro de 2014, relativamente a esse apartamento, consta
na nota “Dona Marisa Letícia adquiriu em 2005 uma cota de participação da
Bancoop quitada em 2010, referente a um apartamento que tinha como previsão de
entrega 2007, com atrasos, os cooperados decidiram em assembleia no final de
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2009 transferir a conclusão do empreendimento à OAS, a obra foi entregue pela
construtora em 2013, nesse processo todos os cooperados puderam optar por pedir
ressarcimento do valor pago ou comprar um apartamento do empreendimento, à
época dona Marisa não optou por nenhuma dessas alternativas esperando a solução
da totalidade dos casos dos cooperados do empreendimento, como esse processo
está sendo finalizado ela agora avalia se optará pelo ressarcimento do montante
pago ou pela aquisição de algum apartamento, caso ainda haja unidades
disponíveis, qualquer das opções será exercida nas mesmas condições oferecidas a
todos os cooperados”. Senhor presidente, o senhor pode esclarecer se essa nota foi
feita, a redação dessa nota foi feita com a sua orientação?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Juiz Federal: Não?
Luiz Inácio Lula da Silva: Sabe por que doutor? O Instituto Lula,
eu sou apenas presidente de honra.
Juiz Federal: Mas não era um assunto relativo...
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, porque o Instituto tem assessoria e
responde várias coisas aqui me atacam porque eu sou o nome e a imagem do
Instituto, mas não sou a figura jurídica do instituto.
Luiz Inácio Lula da Silva: Deve dizer sobre o apartamento.
Luiz Inácio Lula da Silva: Ou com os advogados, que devem ter
tido as informações.
Juiz Federal: O senhor sabe explicar, senhor expresidente, o trecho
dessa nota no seguinte sentido “Como esse processo está sendo finalizado, ela...”,
no caso a senhora sua esposa, “... agora avalia se optará pelo ressarcimento do
montante pago ou pela aquisição de algum apartamento, caso ainda haja unidades
disponíveis”, eu indago isso porque o senhor afirmou, senhor expresidente, que o
senhor havia desistido de ficar com o imóvel ainda no início de 2014, o senhor
sabe explicar o conteúdo dessa nota, quando há essa afirmação, e a nota é de 12 de
dezembro de 2014, que ainda seria avaliado se iria ficar com o apartamento ou
não?
Luiz Inácio Lula da Silva: Veja, dona Marisa poderia comprar um
apartamento em qualquer outro prédio, não precisava ser lá mais, ela poderia optar
em comprar um apartamento em qualquer área que a empresa tivesse. E acredito,
acredito que se oferecessem para ela um prédio em qualquer lugar que estivesse
em condições ela poderia ter optado.
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Juiz Federal: Havia um prazo, doutor, eu mostrei os documentos
inclusive aqui para o seu cliente, mas se o doutor quiser rever esses documentos
estão lá, que estabeleciam um prazo de 30 dias.
Luiz Inácio Lula da Silva: Porque todos que tiveram que exercer a
opção em 2009 são do prédio do Guarujá, e a opção da dona Marisa poderia ser
feita, eu penso, eu não conheço o processo da Bancoop, em qualquer outro prédio
pelo valor que ela tinha pago, ela poderia com aquele dinheiro fazer a opção de
compra de qualquer outro prédio, de qualquer lugar de São Paulo.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não tenho conhecimento, eu não
tenho conhecimento.
Juiz Federal: Consta uma matéria de jornal que foi juntada...
Luiz Inácio Lula da Silva: Depende que jornal, viu?
Juiz Federal: A Folha de São Paulo?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não.
Juiz Federal: Mas essa...
Luiz Inácio Lula da Silva: Depois eu vou mostrar uns dados aqui
sobre a imprensa, o senhor vai ficar estarrecido.
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Juiz Federal: Mas essa matéria da Folha de São Paulo foi em
29/12/2014, diz o seguinte, “O expresidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda
vender o triplex no Guarujá, que adquiriu em 2005 com sua mulher, Marisa
Letícia, num prédio construído pela Bancoop; segundo os interlocutores do ex
presidente, a repercussão da reportagem sobre o apartamento fez com que Lula...”,
o senhor expresidente, “... reavaliasse a efetivação da compra do imóvel, cuja
reforma e decoração estão quase no fim”. Consta na matéria que “De acordo com a
assessoria do Instituto Lula não há informações sobre o prazo para que Marisa e o
expresidente façam a escolha”. O senhor expresidente sabe explicar o conteúdo
dessas informações que teriam sido repassadas a jornalistas?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu me recuso a responder uma matéria
da Folha de São Paulo, que não tem autor, que não tem entrevista, é o achismo.
Juiz Federal: Essa matéria então não seria verdadeira?
Luiz Inácio Lula da Silva: Na minha opinião, não.
Juiz Federal: O Ministério Público, senhor presidente, afirma que o
senhor não transferiu formalmente esse imóvel para o seu nome somente em
decorrência da prisão do senhor Léo Pinheiro, em novembro de 2014, pela
descoberta pela imprensa desse apartamento em dezembro de 2014, foi isso mesmo
que ocorreu?
Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor, eu vou falar sobre o Ministério
Público na hora que eu puder falar e depois de ouvilos.
Luiz Inácio Lula da Silva: Esse apartamento não poderia ter sido
descoberto pela imprensa em 2014, o apartamento foi descoberto pela imprensa
quando eu fui candidato a presidente porque eu sempre fazia declaração de renda,
doutor, e na declaração de renda é então obrigado a colocar o que a gente tem, se o
Ministério Público investigasse corretamente ele percebia que eu tenho um
apartamento onde eu moro e dois apartamentos na Vila (inaudível) aqui em São
Bernardo do Campo, e um terreno chamado Lo Fubangos em São Bernardo do
Campo, como eles contaram uma primeira inverdade eles vão morrer contando a
inverdade porque ficaram prisioneiros da imprensa.
Juiz Federal: Consta também no processo uma matéria do Jornal O
Globo, esse é de 10 de fevereiro de 2010, na qual se afirmava naquela época, e
aqui abro aspas também “A família Lula da Silva deverá ocupar a cobertura triplex
com vista para o mar”, relativamente a esse prédio em Guarujá, o senhor saberia
me explicar como o jornalista em 2010 poderia afirmar que a cobertura triplex
seria do senhor expresidente, como ele poderia ter levantado essa questão?
Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor Moro, eu vou lhe explicar, deixe
que eu explique tudo, quando o jornal O Globo, nesse mesmo período, fez 530
matérias negativas contra o Lula e só 2 favoráveis, então eu só posso entender que
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alguém no Ministério Público em São Paulo, eu não vou dizer o nome, fomentava
a imprensa que fomentava ele, fomentava a imprensa, e isso foi tempo, nós
tivemos inclusive representação no conselho nacional do Ministério Público.
Luiz Inácio Lula da Silva: Porque deve ser uma invenção do
Ministério Público.
Juiz Federal: Mas em 2010 nem tinha processo.
Luiz Inácio Lula da Silva: É isso.
Juiz Federal: Nem tinha processo disso.
Luiz Inácio Lula da Silva: Sei lá quando, fazer invenção faz em
qualquer momento, ilações se faz em qualquer momento, a verdade é o seguinte,
doutor Moro, eu vou repetir, eu não solicitei, não recebi, não paguei nenhum
triplex, e não tenho.
Luiz Inácio Lula da Silva: Isso é eles que estão dizendo.
Luiz Inácio Lula da Silva: Isso ele que disse.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, se tivesse eles seriam presos bem
antes.
Juiz Federal: O senhor Léo Pinheiro declarou também em juízo que
a OAS tinha uma conta corrente geral de propinas com o partido dos trabalhadores,
especificamente com João Vaccari Neto, o senhor expresidente tinha
conhecimento disso?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Juiz Federal: O senhor Léo Pinheiro ainda declarou que a diferença
do preço entre o apartamento simples para o apartamento triplex e que o preço das
reformas do apartamento triplex, tudo isso em torno de 2 milhões e 424 mil, teriam
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sido abatidos da propina devida nessa conta geral de propinas, o senhor ex
presidente tinha conhecimento disso?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Nunca, aliás eu vi o depoimento do Léo
e, sinceramente, a mentira contada de que o Vaccari tinha oferecido um triplex
logo no começo da construção é de um irrealismo total, primeiro porque o Vaccari
tem prédio lá ou tinha um apartamento lá, ele poderia reivindicar o triplex para ele
ou para outra pessoa, segundo o Vaccari não ia passar o que não era dele para
quem quer que seja, eu vi o depoimento e achei muito irreal e uma deslavada
inverdade contra o Vaccari.
Juiz Federal: Qual a sua relação com o senhor João Vaccari Neto?
Luiz Inácio Lula da Silva: O João Vaccari foi presidente da CUT, o
Vaccari foi dirigente da executiva nacional do PT, depois o Vaccari ficou tesoureiro
do PT. Então eu conheço o Vaccari, antes o Vaccari era presidente do sindicato dos
bancários.
Luiz Inácio Lula da Silva: Encontrei, muitas vezes.
Juiz Federal: Várias vezes?
Luiz Inácio Lula da Silva: Várias vezes.
Juiz Federal: Chegou a conversar com ele a respeito desse triplex?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Juiz Federal: Ele sabia a respeito sobre esse triplex?
Luiz Inácio Lula da Silva: Sabia, ele foi presidente da Bancoop.
Juiz Federal: Ao triplex eu me refiro especificamente, do triplex...
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, ele sabia, eu sabia que ele era
presidente da Bancoop quando a dona Marisa fez a compra da cota.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Juiz Federal: Nunca tratou disso?
Luiz Inácio Lula da Silva: Nunca.
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Juiz Federal: Bem, vamos aqui fazer um intervalo, que tem mais
perguntas, mas para o senhor expresidente poder descansar um pouquinho, cinco
minutos, e os demais igualmente.
Luiz Inácio Lula da Silva: Foi isso, e repeti o que eu falei aqui três
vezes, nunca solicitei e nunca recebi apartamento, eu imaginei ou imagino que o
Ministério Público na vez que for falar vai apresentar as provas, eles devem ter
pelo menos algum documento que prove o direito jurídico de propriedade pra
poder dizer que é meu o apartamento.
Juiz Federal: Perfeito, o senhor já declarou que o senhor já não quis
ficar em fevereiro de 2014, e então aquela visita em agosto de 2014, só para eu
entender, já não lhe dizia respeito, é isso, a visita que a senhora sua esposa teria
feito?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu nem sabia que tinha tido a visita,
doutor.
Juiz Federal: Não sabia?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sabia, não sei se o senhor tem
mulher, mas nem sempre elas...
Juiz Federal: Certo, e ela também não lhe relatou em seguida?
Luiz Inácio Lula da Silva: Nem sempre elas perguntam para a
gente o que vão fazer.
Juiz Federal: Mas ela também não lhe relatou em seguida?
Luiz Inácio Lula da Silva: Dez dias depois, dez não, quinze dias
depois ela me relatou.
Juiz Federal: Ah, relatou que teria visitado?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu falei na outra pergunta que ela me
relatou e disse que não tinha gostado, não estava acontecendo nada.
Juiz Federal: E nessa ocasião o senhor reiterou que não ficaria com
o apartamento?
Luiz Inácio Lula da Silva: Ela já sabia que eu não queria o
apartamento.
Juiz Federal: Perfeito.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei se o senhor percebeu que o
apartamento foi comprado em nome da dona Marisa.
Juiz Federal: É, eu entendi. Eu vou retornar agora à primeira parte
da acusação, o Ministério Público afirma na denúncia que o senhor teria
conhecimento desse esquema criminoso que vitimou a Petrobras, eu vou lhe fazer
algumas perguntas relativas a esse tema, isso é relevante porque tem a relação com
o próprio tema do triplex, pelo que o Ministério Público afirma que o triplex seria
uma espécie de propina desse esquema que vitimou a Petrobras, certo? O
Ministério Público descreve na primeira parte da denúncia um esquema criminoso
que teria vitimado a Petrobras, com ajustes e fraudes em licitação, pagamento de
propina a agentes públicos, agentes políticos e partidos políticos, o Ministério
Público federal afirma que o senhor presidente tinha conhecimento desses crimes e
que nesses crimes eram figuras centrais os diretores da Petrobras. A fim de
esclarecer, senhor expresidente, o senhor pode descrever como era o processo de
nomeação do presidente e dos diretores da Petrobras?
Juiz Federal: Quanto à pergunta que eu lhe fiz, o senhor pode
responder como era o processo de nomeação do presidente e diretores da
Petrobras?
Luiz Inácio Lula da Silva: Vou responder a pergunta, eu poderia
repetir as palavras do Fernando Henrique Cardoso, poderia repetir de outros
presidentes, mas vou dizer a minha, veja, primeiro, quando você ganha a eleição
nesse país você ganha, só houve um momento em que um presidente ganhou uma
eleição sozinho, que foi o presidente Sarney em 1985, e depois todos os outros
presidentes são obrigados a fazer aliança política, sem aliança política você não
governa esse país e nem ganha eleição, eu ganhei as eleições de 2002 com a base
de partido que compunha a base eleitoral que eu nem me lembro bem, e depois
você tem que montar sua maioria para você governar, e você quando faz uma
composição primeiro os partidos participam do governo, participam, quem duvida
disso vai ver agora, que teve uma eleição na França, o presidente teve a maior
votação que um presidente já teve na França, e se ele quiser governar ele vai ter
que construir...
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não quero, eu vou ser rápido, eu
quero ser conciso para que as pessoas que vejam saibam o que eu estou falando, eu
não quero meia verdade, eu quero a verdade inteira nesse processo, eu não quero
ilações. Então, veja, eu montei o governo, eu escolhi o primeiro escalão, meu
primeiro escalão tinha vários ministros que não eram sequer de partidos políticos,
eu poderia citar o atual, Meireles, Ministro da Fazenda do Temer, eu poderia citar o
ministro Furlain, poderia citar o ministro Roberto Rodrigues, poderia citar o
ministro Gilberto Gil, poderia citar o ministro Ciro Gomes, tantos quantos, e
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Juiz Federal: Certo. Parece que o senhor já respondeu, mas para
ficar claro então, era a presidência da república que enviava e indicava o nome do
presidente e dos diretores da Petrobras para o conselho de administração da
empresa?
Juiz Federal: A palavra final era da presidência da república?
Luiz Inácio Lula da Silva: A palavra final não, a indicação final era
do conselho da Petrobras.
Luiz Inácio Lula da Silva: Era, porque senão não precisava ter
presidente.
Luiz Inácio Lula da Silva: Toda a diretoria da Petrobras.
Juiz Federal: O senhor expresidente pode...
Luiz Inácio Lula da Silva: E veja, doutor Moro, que coisa
engraçada, para todos os diretores que eu indiquei passaram pelo crivo do GSI,
foram os indicados, não houve um voto contra do conselho, não houve uma
denúncia de nenhum trabalhador, não houve nenhuma denúncia da polícia federal,
não houve nenhuma denúncia do Ministério Público, não houve nenhuma denúncia
da imprensa, isso aconteceu em 2003, 2004, como eu não posso grampear ninguém
e não tenho Youssef na minha vida eu não podia saber.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Ele foi indicado do jeito que eu acabei
de explicar.
Juiz Federal: O senhor expresidente se recorda das circunstâncias?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, porque, doutor Moro, o presidente
da república não toma conta de todos os cargos do governo, nem é possível, se um
presidente da república tem confiança e quando compõe o ministério ele compõe
com o pessoal que ele confia, ele delega às pessoas, quando você tem no governo,
como eu tinha, um coordenador político, um coordenador político que na época era
o ministro Aldo, você tem um chefe da casa civil, você tem um presidente de
partido que conversa com os outros partidos políticos, quando você recebe a
indicação não vai ficar perguntando, houve duas reuniões, três reuniões, você vai
saber se a pessoa é idônea ou não, e se é de carreira e se tem competência para o
cargo.
Juiz Federal: O senhor Paulo Roberto Costa tinha o apoio político
do partido progressista para nomeação?
Luiz Inácio Lula da Silva: Devia ter.
Luiz Inácio Lula da Silva: Quais agentes? O partido.
Juiz Federal: O senhor se recorda dos agente políticos específicos?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Juiz Federal: Há notícias que foram juntadas...
Juiz Federal: O agente, sei lá, o político do partido progressista.
Luiz Inácio Lula da Silva: Ah, tinha cinquenta e poucos deputados.
Juiz Federal: Entendi. Há diversas notícias que foram juntadas pelo
Ministério Público aqui no processo, que a pauta da câmara dos deputados estava
trancada em abril de 2004 por obra da oposição e com apoio de partidos com o
partido progressista, estariam insatisfeitos pela falta de nomeação dos cargos
prometidos, o senhor expresidente se recorda desse fato?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Se ela esteve trancada nesse período,
doutor Moro, eu não me recordo, agora eu duvido que seja por conta de pressão de
indicação.
Juiz Federal: Há uma informação também juntada em notícia pelo
Ministério Público, que nessa época, abril de 2004, o senhor expresidente teria
recebido diversos políticos em um churrasco na Granja do Torto e tomado um café
da manhã com 35 dos 53 deputados do partido progressista, o senhor se recorda e
pode confirmar essa afirmação?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não recordo, mas eu fazia reunião
sistemática com os líderes. Se a presidenta Dilma tivesse me seguido não tinha tido
impeachment.
Luiz Inácio Lula da Silva: O PP sozinho não teria condições de
obstruir a pauta do congresso.
Juiz Federal: Ele não estava participando da obstrução?
Luiz Inácio Lula da Silva: (inaudível) dos partidos, e eu jantei com
o PP, com o PMDB, com todos os partidos da base aliada eu jantava.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, eu nem sabia que eles estavam
fazendo obstrução, porque o meu líder, tanto o ministro das relações políticas, das
relações institucionais quanto o líder do partido poderiam ter me comunicado
“Presidente, os caras estão fazendo obstrução”, não me comunicaram.
Juiz Federal: O senhor expresidente se recorda se a nomeação ou a
indicação de Paulo Roberto Costa esteve envolvida nesta obstrução e nos assuntos
da reunião?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não acredito, não acredito que
estivesse.
Defesa: Excelência, pela ordem, como eu disse a vossa excelência a
pergunta, vossa excelência trouxe um rol de perguntas que foram feitas
anteriormente à audiência, vossa excelência repete a pergunta, sendo que já houve
resposta, então ele sempre já disse que não sabia, nem houve obstrução, vossa
excelência coloca como premissa da pergunta um assunto desnecessário.
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Defesa: Mas ele está esclarecendo, a questão é só de forma, repito,
vossa excelência trouxe as perguntas feitas anteriormente à audiência, precisa
adequálas à dinâmica.
Juiz Federal: Certo, doutor, fica registrada a sua observação, muito
pertinente, eu vou continuar fazendo as perguntas. Senhor expresidente conheceu
o senhor Pedro Correia, exdeputado federal?
Luiz Inácio Lula da Silva: Olha, eu conheci, e conheci a fama dele,
eu vou lhe contar uma fama dele para o senhor, quando fizer a pergunta, saber do
que eu estou falando, o exgovernador Eduardo Campos era meu ministro, ele dizia
para mim o seguinte “Olha, o Pedro Correia está na base do governo porque ele diz
o seguinte, um político que usa terno branco, sapato branco e rayban verde não
tem como ficar na oposição, quem quer que seja que esteja no governo”, é por isso
que eu não tinha relação com o senhor Pedro Correia.
Luiz Inácio Lula da Silva: Deve ser doutor. Porque eu não me
encontrava com esse cidadão, ele não fazia parte das pessoas com quem eu tinha
qualquer interesse de estar com ele.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não.
Juiz Federal: Não foi ou não sabia?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sabia e eu tenho. acho que quem
foi, foi a direção do partido.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Ele era líder do PP, certamente ele
estava presente.
Juiz Federal: O senhor se recorda se ele foi um dos parlamentares
que pleiteavam a indicação de Paulo Roberto Costa para a diretoria de
abastecimento?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Eu vou repetir, ele era líder do partido,
se o partido pleiteou ele devia saber.
Juiz Federal: O senhor se recorda de ele estar presente nessas
reuniões que o senhor mencionou, na Granja do Torto?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não tive o prazer de ter nenhuma
reunião com o Janene.
Juiz Federal: O senhor confirma então que a nomeação do senhor
Paulo Roberto Costa foi um pleito do partido progressista?
Juiz Federal: O senhor Paulo Roberto Costa foi condenado e preso
por crime de corrupção e lavagem de dinheiro, fez um acordo com o Supremo
Tribunal Federal, devolveu cerca de 78 milhões que ele mantinha na Suíça, ele
confessou que havia um esquema criminoso na Petrobras e cobrança de propinas
em grandes contratos, parte delas sendo destinada a agentes da Petrobras, parte
delas sendo destinada a agentes políticos e a partidos políticos, inclusive ao partido
progressista, o senhor expresidente tinha conhecimento a esse respeito, dos crimes
por ele praticados enquanto diretor da Petrobras?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não.
Juiz Federal: Desse esquema de divisão de propinas?
Luiz Inácio Lula da Silva: O que disse, doutor Moro, numa
pergunta anterior, eu fiquei 8 anos na presidência, já faz 14 anos desde que eu fui
eleito até agora, essa coisa só veio à tona do grampo da lava jato.
Luiz Inácio Lula da Silva: Do mesmo jeito, do mesmo jeito, o
Duque era um funcionário de carreira como o Paulo Roberto de mais de 30 anos de
empresa, engenheiro da área competente, ninguém questionou, passou pela
bancada de mais partido do que o PT, mas também não é o caso porque não me
informaram, passou pelo ministro da área institucional, passou pela casa civil, pelo
GSI e foi indicado ao conselho da Petrobras, também contra ele não houve
nenhuma denúncia de nenhum funcionário da Petrobras, e olha, doutor Moro, que
se juntar todos os presidentes da república desde que o Brasil foi descoberto
ninguém foi mais na Petrobras do que eu e nunca ninguém levantou qualquer
suspeita sobre Paulo Roberto ou sobre Duque, a imprensa nunca levantou.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, a gente não acompanha de perto, o
que acontece é o seguinte, você discute na Petrobras o plano estratégico, o plano
estratégico, então você tinha discutido que ia investir tantos bilhões até 2020, que
ia tirar tantos milhões de barris de petróleo, ia ter um projeto estratégico, a
execução deles e o desdobramento dessa estratégia é um problema da Petrobras.
Juiz Federal: A nomeação do senhor Renato de Souza Duque tinha
apoio de algum partido, por exemplo, do partido dos trabalhadores?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu disse, eu disse agora, pela
informação que eu tenho deve ter sido do PT e de outras pessoas.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não, não chega, doutor, não chega
para o presidente da república o nome “Olha, o deputado fulano de tal, o deputado
cicrano...”, não, chega a reivindicação de que foi indicado, passou pelo GSI não
tem denúncia de corrupção contra a pessoa, é uma pessoa idônea, essa pessoa é
indicada.
Luiz Inácio Lula da Silva: Pela imprensa tinha.
Juiz Federal: Foi o senhor José Dirceu que apresentou o nome do
senhor Renato de Souza Duque para nomeação?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu penso que não porque o José Dirceu
deve ter recebido, o José Dirceu era chefe da casa civil, ele deve ter recebido do
congresso a ideia.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu sei que tinha porque na denúncia
aparece que eles tinham.
Juiz Federal: Não, na época dos fatos.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Juiz Federal: O senhor Renato de Souza Duque...
Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor Moro, o presidente da república,
nos 8 anos que eu fiquei na presidência da república, a gente não tem reunião com
a diretoria da Petrobras, eu em 8 anos tive dois momentos, quando descobrimos o
présal para discutir o plano estratégico e para decidir que a gente não ia fazer
leilão do présal, isso era até numa viagem que eu ia para a Argentina, você não
tem reunião específica com diretor.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não. Não. Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Estive.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu estive uma vez no aeroporto de
Congonhas, se não me falha a memória, porque tinha vários boatos nos jornais de
corrupção e de conta no exterior, eu pedi para o Vaccari, que eu não tinha amizade
com o Duque, trazer o Duque para conversar.
Juiz Federal: Isso foi aproximadamente quando?
Luiz Inácio Lula da Silva: Ah, não tenho ideia, doutor, não tenho
ideia, eu sei que foi num hangar lá em Congonhas e a pergunta que eu fiz para o
Duque foi simples “Tem matéria nos jornais, tem denúncias de que você tem
dinheiro no exterior, de ficar pegando da Petrobras e botando no exterior, você tem
conta no exterior?”, ele falou “Não tenho”, eu falei “Acabou”, se não tem. Não
mentiu para mim, mentiu para ele mesmo.
Juiz Federal: Isso foi em 2014?
Luiz Inácio Lula da Silva: Ah, não lembro a época, doutor, não
lembro a época, sinceramente, se eu falar aqui uma data eu estou mentindo.
Juiz Federal: Foi depois que saíram essas notícias sobre contas no
exterior, é isso?
Luiz Inácio Lula da Silva: Depois tinha muita denúncia de contas
no exterior de Paulo Roberto e de muita gente.
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Juiz Federal: O senhor pode esclarecer porque o senhor procurou o
senhor João Vaccari para procurar o senhor Renato Duque?
Luiz Inácio Lula da Silva: Porque o Vaccari tinha mais relação de
amizade com ele do que eu, que não tinha nenhuma.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei se era relação de amizade, eu
liguei para o Vaccari e falei “Vaccari, você tem como pedir para o Duque vir numa
reunião aqui?”, ele falou “Tenho” e levou o Duque lá, foi isso.
Juiz Federal: Salvo equívoco meu, senhor expresidente, há pouco
eu perguntei se o senhor conhecia, sabia se eles tinham alguma relação, o senhor
falou que não, então o senhor tinha conhecimento que eles tinham uma relação?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, eu pedi para o Vaccari, eu pedi
para o Vaccari se ele tinha como trazer o Duque, ele disse que tinha, isso não
implica que ele tenha relação, implica que ele podia conhecer.
Defesa: Excelência, ele falou na resposta anterior era da época do
governo, são momentos diferentes que vossa excelência parece estar se referindo.
Defesa: Mas se registre que eram momentos diferentes.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu só quero lembrar que relação de
amizade é uma coisa e relação é outra, eu posso, eu vou sair daqui dizendo “Olha,
conheci o doutor Moro, tenho relação com ele”, na verdade não tenho.
Juiz Federal: Entendi. Mas o senhor então não sabia na época que o
senhor João Vaccari tinha alguma relação com o senhor Renato Duque, sabia ou
não sabia?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu sabia que ele tinha relação, não sabia
que ele tinha relação de amizade, e quando eu disse para ele chamar o Duque é
porque ele poderia ter o telefone do Duque, que eu não tinha.
Luiz Inácio Lula da Silva: Ah, não sei, doutor, não sei, o Vaccari
está preso, pode perguntar para o Vaccari, o Duque está preso, pode perguntar para
o Duque.
Juiz Federal: E o senhor procurou o Vaccari para chegar ao Duque,
pelo que o senhor disse, então, assim, fique tranquilo para esclarecer ou não
esclarecer, então, a questão é saber, assim, por que o senhor fez isso, procurou o
Vaccari para chegar ao Duque, o senhor tinha conhecimento de alguma relação
deles ou não?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Porque o Vaccari conhecia o Duque, que
eu não conhecia, só isso.
Juiz Federal: E isso o senhor tinha conhecimento...
Luiz Inácio Lula da Silva: Qual era a relação que eles tinham eu
não sei.
Juiz Federal: Que tipo de conhecimento que o senhor tinha?
Luiz Inácio Lula da Silva: Conhecimento que o Vaccari conhecia o
Duque.
Juiz Federal: Só isso?
Luiz Inácio Lula da Silva: Só isso.
Juiz Federal: Um subordinado do senhor Renato Duque, gerente da
Petrobras, Pedro Barusco, foi condenado por crime de corrupção e lavagem de
dinheiro, devolveu ele 204 milhões de propinas que ele tinha no exterior, também
ele falou que havia um esquema criminoso na Petrobras de cobrança de um
percentual de propina nos contratos, parte dela sendo destinado a agentes da
Petrobras, parte dela sendo destinada a agentes políticos e partidos políticos,
inclusive ao partido dos trabalhadores, o senhor expresidente tinha conhecimento
a esse respeito, dos crimes por ele praticados enquanto gerente da Petrobras e esse
esquema de divisão de propinas?
Luiz Inácio Lula da Silva: Quanto que ele devolveu?
Juiz Federal: 204 milhões.
Luiz Inácio Lula da Silva: Roubou muito, hein! Um ladrão assim
deve ser tão esperto que só sabe se for delatado, eu não conheci, eu tive o prazer de
não conhecer o Barusco.
Juiz Federal: E o senhor tinha conhecimento desses crimes por ele
praticados enquanto gerente da Petrobras?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Foi um pedido do PMDB, pela imprensa
eu já vi dizer agora, depois da delação, que foi o Delcídio, que foi não sei quem, na
época a informação que eu recebi era que o Cerveró era uma indicação do PMDB.
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Juiz Federal: O senhor saberia dizer de quais agentes políticos...
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sei, não sei, não sei.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, nem tinha amizade com o Cerveró.
Luiz Inácio Lula da Silva: Me parece que era uma reivindicação do
PMDB.
Luiz Inácio Lula da Silva: Era também, eu não sei porque quis
trocar, mas o que eu sei é que foi reivindicado para que o Zelada assumisse, não sei
se uma reivindicação do PMDB de Minas Gerais pressionando o PMDB nacional,
esse detalhe o presidente não decide.
Juiz Federal: O senhor Nestor Cerveró declarou em juízo que foi
substituído para atender indicação política do PMDB da câmara, o exdeputado
Eduardo Cunha confirmou em juízo que Jorge Luiz Zelada teria sido uma
indicação do PMDB de Minas Gerais, o senhor expresidente tinha conhecimento
desse fato?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, ele deve saber mais do que eu, ele
era do PMDB.
Juiz Federal: Os detalhes o senhor não tem então?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não tenho.
Juiz Federal: O Jorge Luiz Zelada foi condenado e preso por crime
de corrupção e lavagem de dinheiro, contas secretas também foram bloqueadas no
Principado de Mônaco, cerca de 11 milhões de Euros, o senhor expresidente tinha
conhecimento a esse respeito, dos crimes por ele praticados enquanto diretor da
Petrobras?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Não. Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Nem eu, nem o senhor, nem o
Ministério Público, nem a Petrobras, nem a imprensa, nem a polícia federal, todos
nós só ficamos sabendo quando foi pego no grampo a conversa do Youssef com o
Paulo Roberto.
Juiz Federal: Eu indago ao senhor isso porque foi o senhor que
indicou o nome deles ao conselho de administração da Petrobras, é uma situação
diferente de mim que não tenho nada a ver com isso, nunca participei dessas
indicações.
Luiz Inácio Lula da Silva: Mas o senhor que soltou o Youssef e
mandou grampear, o senhor podia saber mais do que eu.
Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor Moro, deixa eu dizer uma coisa
para o senhor...
Luiz Inácio Lula da Silva: Nada, eu indiquei tanta gente.
Juiz Federal: O senhor tendo nomeado todas essas pessoas o senhor
entende que o senhor não tem nenhuma responsabilidade pelos fatos que eles
praticaram enquanto diretores da Petrobras?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, porque quem monta cartel para
roubar não conta para ninguém não é?
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Juiz Federal: Os pagamento sistemáticos...
Luiz Inácio Lula da Silva: O presidente da república não participa
do processo de licitação da Petrobras, o presidente da república não participa de
tomada de preço da Petrobras, é um problema interno da Petrobras.
Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor, se eu tivesse conhecimento
nenhuma empresa dessas prestava serviços para a Petrobras.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, o Vaccari é tesoureiro do PT há
pouco tempo, nós tivemos vários tesoureiros na história do PT.
Juiz Federal: Alguns afirmam que ele fazia isso desde 2007, o
senhor não tem conhecimento?
Luiz Inácio Lula da Silva: Ele não era tesoureiro do PT em 2007.
Juiz Federal: Depois que vieram à tona as revelações acerca desse
esquema criminoso da Petrobras, inclusive de valores sendo direcionados a agentes
políticos e a partidos políticos, inclusive ao partido dos trabalhadores, o senhor ex
presidente tomou alguma providência a esse respeito?
Luiz Inácio Lula da Silva: Repita a pergunta para mim, por favor.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu já estava fora da presidência há 4
anos, e o senhor sabe que um expresidente vale tanto quanto um vaso chinês, um
vaso chinês é um vaso bonito que você ganha quando é presidente, quando você
deixa a presidência você não tem onde colocar ele, você não sabe como cuidar de
um expresidente, você não sabe como cuidar do tal do vaso chinês, eu era ex
presidente em 2014, quando saíram as denúncias da lava jato.
Juiz Federal: Senhor expresidente, com a sua influência no partido
dos trabalhadores, o senhor é uma pessoa influente no partido dos trabalhadores, o
senhor solicitou eventualmente para que fosse realizada uma apuração interna, para
verificar se os fatos afirmados pelos executivos ou pelos agentes da Petrobras eram
verdadeiros?
Luiz Inácio Lula da Silva: Sabe que essa influência dentro do
partido dos trabalhadores é porque o Ministério Público não conhece o PT, ele
conhece...
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Luiz Inácio Lula da Silva: Se eles conhecessem o PT eles não
falariam isso, porque o PT é um partido em que eu não participo de nenhuma
reunião do PT desde que fui eleito presidente da república, isso em 2002, até 2014,
quando eu deixei a presidência é que eu comecei a participar, então eu não tenho
nenhuma influência no PT, eu tenho influência na sociedade, quando eu falo as
pessoas me ouvem, alguns ouvem, nem todos.
Juiz Federal: Então, se eu entendi, o senhor não solicitou nenhuma
providência ou que o PT fizesse algum exame com relação...
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, porque eu não era dirigente do PT.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Juiz Federal: Eu não entendi então no contexto, porque o senhor
procurou especificamente, como o senhor afirma, o senhor Renato de Souza
Duque?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu falei porque eu chamei, acabei de
falar.
Juiz Federal: Não sei, pode repetir então?
Luiz Inácio Lula da Silva: A sua secretária deve ter escrito aí, eu
disse que tinha muito boato de que estava sendo roubado dinheiro e que o Duque
tinha conta no exterior, e eu falei para o Vaccari “Se você conhece o Duque, eu
queria conversar com ele”, “Duque, é o seguinte, você tem conta no exterior?”,
“Não tenho”, acabou, para mim era o que interessava.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não, não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Porque o Duque...
Juiz Federal: Entre os diretores.
Luiz Inácio Lula da Silva: Porque o Duque tinha sido indicado
pela bancada do PT, como eu disse no começo, o PT indicou o Duque com outros
partidos políticos, que eu penso que foi pra casa civil, cumpriu todo o ritual, então
eu fiquei muito puto da vida, muito puto, e falei, ele disse que não, se ele disse que
não ele não mentiu para mim, ele mentiu para a consciência dele.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, que eu saiba não.
Juiz Federal: Nenhum outro?
Luiz Inácio Lula da Silva: Que eu saiba não. Aliás, eu quero lhe
dizer a bem da verdade, se for levar em conta, se for levar em conta a realidade
política do mundo e o PT tivesse força, o PT teria indicado todos.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, a Refinaria Abreu e Lima era
resultado de 5 refinarias, tinha uma refinaria em Pernambuco, uma refinaria era
para ser feita no Maranhão, foi feita a Refinaria de Clara Camarão no Mato
Grosso, que era uma refinaria pra cuidar de querosene de avião, e tinha a, como é
que fala, a reivindicação de uma refinaria no Ceará, essa refinaria de Pernambuco,
essa refinaria de Pernambuco era uma refinaria que tinha, assim, Espírito Santo
queria a refinaria, Ceará queria a refinaria, Rio de Janeiro queria a refinaria em
Campos e Pernambuco queria a refinaria, e todos tinham uma empresa chamada
Marubene, Maurubene, Marubene, uma empresa que todo mundo falava “Ela vai
participar, ela vai participar”, acontece que eu fiz um encontro em Pernambuco
com o presidente Chavez, e lá em Pernambuco o Chavez demonstrou interesse em
fazer uma associação com o Brasil para fazer uma refinaria, ou seja, eu achei
importante porque era um jeito do Brasil equilibrar a balança comercial com a
Venezuela, nós tínhamos um superávit de quase 5 bilhões de dólares e não é sadio
que um país grande como o Brasil ter um superávit muito grande com outro país
pequeno, então o Chavez, eu não sei se o Chavez acertou já com o exgovernador,
que era do PMDB, ou se acertou com o governador Eduardo Campos, o dado
concreto é que ficou acertado que ia ter um acordo entre a Petrobras e a Pedeveza
para construir uma refinaria bipartida, ou seja, uma refinaria 40% da Venezuela e
60% do Brasil.
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Luiz Inácio Lula da Silva: A reunião com o Chavez, a definição da
ideia que interessava aos dois países, o que aconteceu é que nem a Petrobras queria
e nem a Pedeveza queria, e o que aconteceu é que não aconteceu a tão sonhada
parceria, a Petrobras fez sozinha a refinaria.
Luiz Inácio Lula da Silva: Ah, devo ter participado e com muito
orgulho, e com muito orgulho.
Luiz Inácio Lula da Silva: Devo ter participado. Doutor Moro,
deixa só eu fazer um parêntese aqui, porque isso aqui está sendo gravado, é
importante que a gente receba a cópia depois, na verdade essas perguntas
formuladas pelo Ministério Público, eu quero ressalvar aqui, não está julgando
Lula...
Luiz Inácio Lula da Silva: De uma acusação...
Juiz Federal: Sim, perfeito.
Luiz Inácio Lula da Silva: De uma acusação feita pelo Ministério
Público, porque o que eu estou percebendo desde que foi criado o tal do contexto
da caçamba feita pelo Ministério Público na questão do Power Point, quem está
sendo julgado é um estilo de governar, é um jeito de governar, se as pessoas que
estão fazendo essa denúncia querem saber como se governa eles têm que sair do
Ministério Público, entrar num partido político, disputar as eleições, ganhar, para
eles saberem como é que se governa, governar democraticamente com oposição da
imprensa, com oposição do sindicato, com direito de greve, fortalecendo o
Ministério Público, fortalecendo a polícia federal, fortalecendo todas as
instituições de fiscalização desse país, então essas perguntas todas na verdade estão
questionando é um jeito de governar.
Juiz Federal: Não, me parece que aqui não é pergunta sobre isso.
Luiz Inácio Lula da Silva: É, doutor, é, porque o Ministério
Público quer saber, o que interessa ao Ministério Público saber se eu fui numa
inauguração de terraplanagem, era a coisa mais extraordinária para esse país era
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fazer a primeira refinaria depois de 30 anos, doutor, depois de 30 anos sem fazer
refinaria, esse país estava crescendo muito.
Luiz Inácio Lula da Silva: Está em julgamento o meu governo.
Juiz Federal: São questões específicas sobre o objeto da acusação.
Luiz Inácio Lula da Silva: O pior, doutor Moro, é que vamos ter
uma divergência agora aqui...
Juiz Federal: Não, claro, eu entendo...
Juiz Federal: Certo, eu vou fazer daí as perguntas específicas sobre
os fatos aqui da denúncia, daí o senhor vai respondendo, o senhor vai ter essa
oportunidade de falar ao final, claro, eu respeito aí a sua divergência quanto ao
objeto da acusação, mas eu vou me limitar aqui às questões específicas, certo? O
senhor expresidente esteve nesse local, na refinaria Abreu e Lima ou na Petrobras
para discutir a refinaria Abreu e Lima em alguma oportunidade?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não para discutir, eu fui no nordeste, em
Pernambuco, acho que visitar a terraplanagem, porque havia uma fascinação das
pessoas com a quantidade de luzes acesas à noite no nordeste tão esquecido desse
país, então a implantação de uma refinaria no nordeste era quase que uma coisa
como se fosse um milagre, então eu fui lá participar da terraplanagem e fui com
muito orgulho, mas muito, muito orgulho, e fui participar da pedra fundamental,
até...
Juiz Federal: Lembra outras oportunidades em que o senhor esteve
lá?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, só essas duas, e adoraria ter sido
convidado para a inauguração, mesmo quando começaram as denúncias da lava
jato, adoraria ter ido lá fazer um discurso para o povo de Pernambuco do
significado da refinaria, prendase o ladrão, mas deixe a refinaria produzir riqueza
nesse rincão tão esquecido do Brasil.
Juiz Federal: Consta que a inauguração do primeiro trem de refino
foi no final de 2014.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não fui chamado, eu não fui
convidado. Doutor, eu não fui convidado para a copa do mundo que foi eu que
trouxe para cá, eu não fui convidado para as olimpíadas, expresidente, doutor, não
queira ser exministro, exjuiz, que o senhor vai ver o que vai lhe acontecer.
Juiz Federal: O senhor expresidente aí tem que reclamar com a sua
sucessora, né?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Hein?
Juiz Federal: Tem que reclamar com a sua sucessora que não lhe
convidou para a refinaria Abreu e Lima. Bem, senhor expresidente, em algum
momento a continuidade das obras da refinaria Abreu e Lima estiveram em risco
de serem interrompidas?
Luiz Inácio Lula da Silva: Aí eu não soube mais, doutor, eu não
soube mais.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não.
Juiz Federal: O senhor expresidente saberia explicar o que houve
nesse incremento de custos?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei, não sei, pode ser projeto
errado, pode ser aditivo, pode ser uma série de coisas.
Juiz Federal: Consta ainda que a refinaria era para ter ficado pronta
em agosto de 2010 e, como eu disse há pouco, no entanto o primeiro trem de refino
dela só ficou pronto em dezembro de 2014, o senhor teve conhecimento na época
desses fatos?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, doutor, não, mas se um dia, se um
dia o senhor governar um país e tiver o Ministério Público que tem hoje, tiver o
tribunal de contas que tem hoje, tiver o ministério do meio ambiente que tem hoje,
o senhor vai perceber que o senhor não fará nenhuma obra importante em 4 anos
de mandato, então certamente houve muito pedido de investigação, houve, como é
que fala? Embargo. Houve...
Juiz Federal: O senhor tem conhecimento se houve de fato isso ou
o senhor está especulando?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não tenho, eu não tenho, não foi
inaugurada porque atraso de obra, atraso de obra é uma coisa técnica da Petrobras
e das contratantes.
Juiz Federal: O senhor sabe os motivos do atraso da obra?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não sei. Não sei.
Juiz Federal: Dados oficiais da Petrobras informam também que a
Refinaria do Nordeste, se ela funcionar otimamente a vida útil dela inteira ainda
assim ela não se paga, com perda de 3 bilhões de dólares, o senhor expresidente
teve conhecimento disso?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Não, e duvido que seja assim.
Juiz Federal: São dados oficiais da Petrobras.
Luiz Inácio Lula da Silva: Duvido, eu acho extraordinário alguém
fazer um diagnóstico de prejuízo daqui a 15, 20 anos, 30 anos, acho maravilhoso.
Juiz Federal: Certo, bem, são dados...
Luiz Inácio Lula da Silva: Um cara desses eu não quero...
Juiz Federal: Eu imagino que eles podem fazer cálculos, né.
Luiz Inácio Lula da Silva: Um cara desses eu não quero para
ministro meu nem a peso de ouro, vá fazer prognóstico negativo assim no fim do
mundo.
Juiz Federal: Então, assim, em síntese o senhor não teve nenhum
conhecimento de incremento de custos e de atrasos na Refinaria Abreu e Lima?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, porque a Petrobras não explica
isso, o presidente da república não participa do dia a dia, da semana a semana, do
mês a mês, como eu disse ao senhor o presidente da república participa de
raríssimas reuniões e eu falei de duas que eu participei, uma da definição do
projeto estratégico e uma da questão do présal, e a mais orgulhosa que eu tenho, a
minha participação mais orgulhosa que eu tenho foi em dezembro quando nós
autorizamos a capitalização da Petrobras, e logo eu que pensava que era socialista
fiz a maior capitalização da história da humanidade, 70 bilhões para capitalizar a
Petrobras e transformar ela na segunda empresa petroleira do mundo.
Juiz Federal: A indagação que eu faço ao senhor, porque, veja, aqui
não é um incremento banal, mas 2,4 bilhões de dólares para 18 bilhões, então eu
imagino que isso afeta os investimentos.
Luiz Inácio Lula da Silva: A Petrobras tem seus valores.
Juiz Federal: O senhor não teve conhecimento disso?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Juiz Federal: Teriam ocorrido em parte durante a sua presidência?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, se a Petrobras soubesse da propina
lá poderia ter evitado, a Petrobras sempre se orgulhou da governança dela, sempre
se orgulhou da grandiosidade, sempre se orgulhou da quantidade de empresas
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multinacionais que faziam contabilidade para ela.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, nem eu e pouca gente, talvez só os
que vivessem dela.
Luiz Inácio Lula da Silva: O senhor acha que as pessoas vinham
falar de propina?
Juiz Federal: Peço para o senhor falar no microfone.
Juiz Federal: Mas os meus filhos eu fico sabendo a nota com o
tempo, o senhor não ficou sabendo de nada?
Luiz Inácio Lula da Silva: Agora porque a escola diz até quando, a
escola até comunica quando a molecada falta, no meu tempo não...
Juiz Federal: Mas eu checo sempre isso, senhor expresidente.
Luiz Inácio Lula da Silva: No meu tempo era mais difícil.
Juiz Federal: Mas, enfim, o senhor não ficou sabendo de nada
disso?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não, doutor, tudo o que eu sei da
Petrobras é pela imprensa, depois da delação do Youssef.
Juiz Federal: Nem sequer administrativa?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Nem administrativa porque o presidente
não administra a Petrobras.
Juiz Federal: A Petrobras não é de propriedade da união federal?
Defesa: Excelência, pela ordem...
Luiz Inácio Lula da Silva: A Petrobras é uma empresa com ações
na bolsa de valores, ela é uma empresa privada com uma empresa pública em que
o governo tem minoria nas ações, o governo efetivamente não participa da
administração da Petrobras.
Juiz Federal: Mas tem o controle, não é senhor expresidente?
Luiz Inácio Lula da Silva: Ele tem o controle, mas do dia a dia não
participa.
Defesa: Excelência, novamente...
Luiz Inácio Lula da Silva: Nenhuma responsabilidade.
Defesa: Vossa excelência já fez essa pergunta, aliás a pergunta foge
da acusação feita, que está aqui em discussão, que é de um triplex, vossa
excelência já repetiu essa pergunta várias vezes, que tipo de, oonde vossa
excelência quer chegar com a repetição dessas perguntas?
Defesa: Eu respeito vossa excelência, mas o artigo 41 do código de
processo penal diz que deve estar delimitada à acusação, e aqui a acusação diz
respeito a 3 contratos firmados entre a OAS e a Petrobras e um triplex no Guarujá,
é isso, tudo o mais que se possa dizer não é objeto dessa ação, se vossa excelência
se imiscuir em assuntos de competência hoje do Supremo Tribunal Federal, isso
não é possível, isso está sendo discutido em outra...
Defesa: Certo, são três contratos, então ele já respondeu sobre 3
contratos e sobre triplex.
Defesa: Não, ele continua respondendo, só que o senhor interrompe.
Defesa: Quantas vezes for necessário eu farei assim.
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Juiz Federal: Fica registrada a posição do defensor, eu entendo que
as perguntas têm pertinência, e é a oportunidade para o senhor expresidente
esclarecer e se defender, não tem aqui nenhuma afirmação de responsabilidade, eu
quero entender a posição do acusado, da defesa do senhor expresidente, certo?
Senhor expresidente, o senhor afirma que o senhor não tem responsabilidade, não
tinha conhecimento, o senhor entende que teria havido alguma falha, o que o
senhor entende que aconteceu nesse caso?
Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor Moro, o senhor se sente
responsável da operação lava jato ter destruído a indústria da construção civil nesse
país? O senhor se sente responsável por 600 milhões de pessoas que já perderam o
emprego no setor de óleo e gás da construção civil? Eu tenho certeza que não.
Juiz Federal: A que o senhor se refere?
Luiz Inácio Lula da Silva: É o que eu falei aqui...
Juiz Federal: É o processo contra as pessoas que pagaram propina?
Luiz Inácio Lula da Silva: É que quando um juiz, me desculpe
dizer, quando um juiz e os acusadores se submetem à imprensa para poder prender
as pessoas, aí tudo mais é possível, doutor...
Juiz Federal: De que forma que o juiz teria se submetido à
imprensa, senhor expresidente?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu vou lhe dizer uma coisa, doutor, eu
vou lhe dizer, o senhor disse...
Luiz Inácio Lula da Silva: O senhor disse num artigo que o senhor
escreveu, copiando as mãos limpas da Itália, de que se a imprensa não ajudar não
tem como prender rico e político...
Juiz Federal: Não, o que eu falei...
Luiz Inácio Lula da Silva: Então aí vamos deteriorar, vamos
degradar a imagem das pessoas na imprensa, eu vi o depoimento do Léo, eu
conheço o Léo antes e conheço o Léo daquele depoimento...
Juiz Federal: Senhor presidente, eu fiz uma...
Luiz Inácio Lula da Silva: Um cidadão condenado a 23 anos de
cadeia ser chamado para a coisa mais importante que ele tem que falar, é que “O
Lula sabia”, depois de condenarem e execrar a imagem de um pai de família, que
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por mais errado que esteja merece respeito, como o Duque, a 40 anos de cadeia, e
depois prometer a ele liberdade se a senha for falar “O Lula sabia”.
Juiz Federal: Quem prometeu liberdade para ele?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu vi, ah doutor, não, não, eu estou
vendo isso pela imprensa há tempos, doutor...
Juiz Federal: Quem prometeu liberdade ao senhor Renato Duque?
Luiz Inácio Lula da Silva: Estou vendo pela imprensa, ele vai fazer
delação premiada e na delação a condicionante, e já faz alguns meses que eu vejo
pela imprensa, no caso do Léo há alguns anos, é citar o nome do Lula, “Cita o
nome do Lula, cita o nome do Lula, cita o nome do Lula, se não citar não vale, cita
o nome do Lula”, e aí, doutor, me desculpe, com todo respeito que eu tenho pelo
seu trabalho, esse último mês foi o mês Lula, em que a senha era Lula, vamos
chamar todo mundo, se pudesse ressuscitar o conde de Monte Cristo ele viria aqui
falar “Foi o Lula o culpado”.
Juiz Federal: Está certo, vamos voltar aqui...
Luiz Inácio Lula da Silva: Então, doutor...
Juiz Federal: Senhor expresidente...
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu tenho que dizer uma coisa ao senhor,
eu tenho consciência do que eu fiz, e eu não fiz o que meus adversários pensam
que eu fiz.
Juiz Federal: Senhor expresidente, eu acho que quem se baseia em
informações vindas da imprensa é o senhor, porque...
Luiz Inácio Lula da Silva: O senhor acabou de me perguntar coisas
da imprensa, doutor Moro.
Juiz Federal: Não, acabou...
Luiz Inácio Lula da Silva: O senhor sabe que eu fui prestar um
depoimento na polícia federal, o cidadão me pegou um jornal de uma cidadezinha
pequena do Ceará, eu falei “Puxa vida, como vocês estão evoluindo!”, foram até a
uma cidadezinha em que talvez um deputado tivesse eleitor lá, ele deu uma
declaração.
Juiz Federal: Senhor expresidente, o senhor Renato Duque sequer
tem aí acordo de colaboração e ninguém prometeu liberdade a ele, a informação do
senhor é equivocada.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, mas eu estou vendo, doutor, como
é que não prometeu, eu estou vendo.
Juiz Federal: Aonde?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Isso acontece, eu estou vendo, o cidadão
passou outro dia na televisão, um mora numa praia não sei aonde, o outro mora
não sei onde, num condomínio onde só tem desembargador, o outro mora num
apartamento não sei da onde, fuma charuto cubano com dinheiro roubado.
Juiz Federal: Essas pessoas foram presas...
Luiz Inácio Lula da Silva: Foram presas, delataram e saíram para
gastar a parte do dinheiro, e os que estão presos agora, que estão condenados a
tantos anos, se sentem no direito de falar “Bom, se o problema é falar o nome do
Lula, se fosse minha filha vá lá, se fosse minha mulher, mas do Lula, ele já nem é
presidente, deixa eu citar ele aqui”.
Juiz Federal: Senhor expresidente, essas afirmações que o senhor
fez...
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não estou emocionado, eu estou...
Defesa: Excelência (inaudível).
Ministério Público Federal: Mas vossa excelência não preside isso,
isso é submetido por homologação, não pode dizer à testemunha o que acontece
nas delações do Ministério Público.
Juiz Federal: Seguimos aqui em frente...
Defesa: Excelência, pela ordem, eu gostaria de fazer um registro.
Juiz Federal: Não, não, seguindo em frente.
Defesa: Não, só fazer um registro, a defesa gostaria de fazer um
registro de que o mesmo jornal Folha de São Paulo, que foi objeto inclusive de
perguntas formuladas por vossa excelência, só este jornal Folha de São Paulo fez
duas matérias com afirmação de que haveria a condicionante de que o senhor Léo
Pinheiro só teria sua delação aceita se citasse o nome do expresidente Lula, essas
matérias inclusive serviram de base para um pedido de investigação que foi
formalmente protocolado perante à procuradoria geral da república, então isto que
está sendo dito está sendo dito com base em matéria, como eu disse, de um veículo
de imprensa que vossa excelência inclusive utilizou para formular as suas
perguntas.
Defesa: Essas são específicas.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Não, o jeito que ela faz. Doutor, o
senhor está falando, o senhor está falando com um presidente da república, o
senhor está falando com um presidente da república e com um partido político que
foi o partido que mais criou instrumentos legais para combater a corrupção neste
país, o senhor participou da Encla, o senhor participava da Encla a convite do
ministro Dipp, e o senhor sabe a seriedade da Encla, o senhor sabe o que acontecia,
o senhor sabe o que nós fizemos pela primeira vez, a gente não pode se esquecer,
doutor Moro, que o Ministério Público antes da constituinte de 88 era um apêndice
do ministério da justiça, e a bancada do PT, a bancada do PT mais a coordenação
do Mário Covas na comissão de sistematização, a gente conseguiu fazer com que o
Ministério Público conquistasse cidadania, e no meu governo eu aumentei a
cidadania escolhendo pela primeira vez, um desejo dos procuradores, que o
procurador geral fosse escolhido pelo próprio Ministério Público, e foi assim, não
sei se vai continuar sendo, mas mais ainda, doutor, mais ainda, nós aprimoramos a
lei da delação premiada, nós criamos todos os mecanismos possíveis de criar para
que a gente... Então, por favor, não coloque na minha boca que eu sou contra o
combate à corrupção, se tem um presidente que fez isso fui eu.
Juiz Federal: É que o senhor fez aquela afirmação anterior, então dá
a impressão que...
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não, é que, doutor, doutor, é o
seguinte, é que você pode fazer, você pode fazer apuração de corrupção usando
inteligência e você pode fazer utilizando manchete de jornal, são duas formas de
fazer, uma você investiga, a polícia federal se prepara...
Juiz Federal: Prender os criminosos é...
Luiz Inácio Lula da Silva: Porque não é papel do Ministério
Público investigar, é papel da polícia federal, a polícia federal investiga
corretamente, com inteligência, passa o inquérito para o Ministério Público, o
Ministério Público vai e constrói a sua denúncia, porque eu não sei se o senhor
sabe de vez em quando o Ministério Público e a polícia federal entram em atrito
para saber quem investiga...
Juiz Federal: Vamos seguir adiante...
Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor Moro, só pra concluir, só para
concluir, só para concluir, então eu acho que o combate à corrupção é uma
necessidade no Brasil, na minha cidade e no mundo, agora tem jeito de fazer sem
destruir os agentes produtivos desse país, tem jeito.
Petrobras ou do seu governo, eu entendo aqui que perguntas a respeito das suas
atitudes em relação a crimes praticados por subordinados, assessores ou pessoas
que trabalharam na Petrobras ou em seu governo têm relevância para formação da
minha convicção judicial. Nesse aspecto, senhor expresidente, eu gostaria de fazer
algumas perguntas sobre a sua opinião sobre o caso denominado de Mensalão, que
foi julgado pelo STF na ação penal 470.
Defesa: Excelência, pela ordem, esse tema, quer dizer, opinião sobre
um julgado do supremo me parece que não seria cabível, até porque, como eu
disse, a acusação se refere a 3 contratos firmados entre a OAS e a Petrobras e um
apartamento triplex no Guarujá, então me parece, enfim, que vossa excelência está
ampliando em demasia os temas em discussão, o que foge àquilo que a lei
determina.
Juiz Federal: Então vou repetir, o senhor expresidente afirma que
jamais compactuou com os criminosos, é uma afirmação do senhor, não tinha
conhecimento dos crimes no âmbito da Petrobras e do governo, então eu pergunto
a respeito da sua atitude em relação a crimes praticados por subordinados
assessores ou pessoas que trabalharam na Petrobras ou em seu governo tem
relevância para formação da convicção judicial, é o juízo que vai julgar, o juízo
entende que isso é relevante. Então, nesse aspecto eu vou fazer algumas perguntas
ao senhor expresidente sobre a opinião sobre esse caso, e vou deixar bem claro
que o senhor expresidente não foi acusado de envolvimento nesses crimes e nem
eu estou afirmando qualquer coisa nesse sentido, são apenas questões para
esclarecer a relação com os subordinados ou assessores, que possam também ter
relevância para esse caso.
Defesa: Excelência, opinião sobre um julgado do Supremo Tribunal
Federal, vossa excelência pedindo pra que o expresidente opine sobre um julgado,
ele não é da área jurídica, ele não tem que comentar.
Juiz Federal: Senhor advogado, já foi registrada a sua posição, eu
vou seguir adiante, se o seu cliente entender que não deve responder, não tem
condições de responder, ele não responde.
Juiz Federal: Certo, fica registrada a sua posição, eu sigo aqui.
Defesa: Excelência, peço a palavra pela ordem.
Juiz Federal: Sim.
Defesa: Sempre com o devido respeito. Excelência, essa proposição
de vossa excelência de colher a opinião do interrogado acerca de um outro fato
supostamente criminoso, que já foi objeto de cognição e julgamento pelo Supremo
Tribunal Federal, seria mais adequado numa palestra, numa conferência, a que se
convidasse o ilustre interrogando para proferir, mas num interrogatório, eminente
magistrado, isto aberra do que estar disposto no artigo 187 do código de processo
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penal, e como nós todos devemos submissão integral à lei, nós somos aqui como
meros operadores do direito, ninguém aqui tem poder soberano ou é o dono do
processo, ou é, digamos assim, o legislador da hora, da ocasião, então é importante
que nós sigamos os ditamos que está prescrito no exato artigo 187 do código de
processo penal, indagação ao interrogando sobre os fatos delimitados que se
encontram dentro do perímetro traçado pela denúncia, excelência, faço esse apelo
respeitoso a vossa excelência, se vossa excelência tiver interesse acadêmico aí
sobre opinião do julgado do Supremo Tribunal Federal segundo a visão do
interrogando, eu acho que seria adequado uma outra agenda, é o que deixo
ponderado respeitosamente.
Defesa: Uma questão de ordem, excelência.
Juiz Federal: No microfone, por gentileza. Pode passar o microfone
ali.
Defesa: Divergindo da opinião do meu querido colega, que é uma
opinião inclusive do devido processo legal, mas deve o colega, com a experiência
que tem, saber que na eventualidade da condenação do réu o juiz deve fazer
indagação sobre a sua personalidade e evidentemente a personalidade interessa
como porção nata e porção adquirida, então a respeito de fato e não de julgamento
é que o magistrado perguntou qual a opinião sobre aqueles crimes que houve e que
tiveram julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, o julgamento é uma referência
apenas, a pergunta é sobre o fato criminoso, e até quer saber, não a opinião do fato
criminoso, opinião do Mensalão, o que ele acha do Mensalão?
Defesa: Não acha nada, não tem que achar nada.
Defesa: Como não? Ele tem que dizer, mas ele tem que dizer, mas
ele tem que dizer...
Defesa: Ele tem que dizer não.
Defesa: Mas ele tem que dizer, ele tem que dizer sim ou não, tem
que dizer sim ou não...
Defesa: Vossa excelência pode repetir a pergunta, porque...
Juiz Federal: Eu não fiz a pergunta, eu não pude ainda fazer a
pergunta porque os defensores não deixaram, mas eu posso prosseguir.
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Defesa: Parece até incompreensível, eu não conseguir (inaudível).
Juiz Federal: Eu fiz as afirmações de uma linha de perguntas que
eu vou iniciar, mas fui interrompido pelos defensores com suas questões, eu
imagino que as questões estejam resolvidas, podemos ir adiante, certo? Senhor ex
presidente, o senhor deu um entrevista em 2005, 9 semanas após esse escândalo do
Mensalão, a uma jornalista brasileira que trabalhava na França, Melissa Monteiro,
que passou no Fantástico, essa entrevista está disponível inclusive na rede mundial
de computadores e se encontra juntada nos autos, na ocasião o senhor disse o
seguinte, e aqui citando com aspas, “Nós precisamos aproveitar esse momento que
está acontecendo no Brasil para sermos mais duros, para criarmos mais
mecanismos de proteção do estado brasileiro, e vamos fazer, gostar quem gostar,
doa a quem doer, nós vamos continuar sendo implacáveis na apuração da
corrupção”, o senhor se recorda dessa entrevista e desse trecho?
Luiz Inácio Lula da Silva: Então eu sigo a orientação dos
advogados porque...
Juiz Federal: Não, doutor, a questão já foi resolvida, ele tem o
direito ao silêncio, ele pode exercer esse direito ao silêncio sobre as questões
feitas, certo? Não vamos voltar a esse tema. Na mesma entrevista, senhor ex
presidente, o senhor declarou o seguinte, e aqui citando aspas, “Olha, o PT, se
cometeu erro, a minha tese é que o PT tem que explicar à sociedade brasileira que
erro cometeu, explicar para a sociedade como vai consertar o erro cometido pelo
PT, o que o PT fez do ponto de vista eleitoral é que se faz sistematicamente no
Brasil, eu acho que as pessoas não pensaram direito no que estavam fazendo
porque o partido dos trabalhadores tem na ética uma das suas marcas mais
extraordinárias, não é por causa de um erro de um dirigente ou de outro que você
pode afirmar que o partido dos trabalhadores está envolvido em corrupção”.
Defesa: Salvo opinião divergente do interrogando, a defesa técnica
recomenda o mesmo.
Juiz Federal: Eu não fiz a pergunta ainda, doutor, mas prosseguindo
aqui o trecho, “Eu acho que o PT teve um problema, sabe que é da questão da
direção, houve um tempo no qual os melhores quadros da política de esquerda no
Brasil eram dirigentes do PT, e depois que nós ganhamos prefeituras, governos
estaduais e eu ganhei a presidência, vários desses quadros vieram para o governo,
o que deixou a direção fragilizada, muito enfraquecida, por isso teriam cometido
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erros que outrora não cometeríamos”. Aí, assim, minha indagação, como eu disse o
senhor fique à vontade para exercer o direito ao silêncio, não responder, o senhor
expresidente pode esclarecer o que o senhor estava dizendo?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu vou seguir a orientação dos
advogados.
Defesa: A recomendação é a mesma fora do tema da denúncia.
Juiz Federal: O senhor pode responder, tem que responder que não
vai responder, então.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu vou seguir a orientação dos meus
advogados.
Defesa: A recomendação é a mesma.
Juiz Federal: O senhor expresidente, com toda a sua influência no
partido dos trabalhadores, o senhor solicitou após o mensalão a eles que apurassem
esses fatos internamente a fim de identificar responsáveis e expulsálos?
Luiz Inácio Lula da Silva: É a mesma resposta.
Luiz Inácio Lula da Silva: Vou seguir as orientações dos
advogados.
Juiz Federal: O senhor pode esclarecer quais seriam essas práticas
inaceitáveis as quais o senhor expresidente se referiu?
Luiz Inácio Lula da Silva: Toda pergunta a esse respeito vamos
considerar que eu vou acatar a orientação dos meus advogados.
Juiz Federal: O senhor expresidente sabe me dizer se o partido dos
trabalhadores pediu desculpas ou apurou eventual responsabilidade dos seus
membros?
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Luiz Inácio Lula da Silva: A mesma coisa.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu quero só dizer uma coisa, doutor, eu
na verdade gostaria, tenho horas e horas para falar sobre esse assunto, mas uma
coisa que é importante ter claro é o seguinte, isso já passou, eu já fui julgado três
vezes pelo povo brasileiro, o senhor se lembra como é que foi a campanha de
2006? A campanha de 2006, eu era triturado a cada debate na televisão sobre a
corrupção, eu fui eleito com 62% dos votos, quando terminou o meu mandato em
outubro de 2010, quando a gente elegeu a presidenta Dilma, foi a outra provação
minha, mas em setembro, doutor Moro, eu alcancei 87% de bom e ótimo nas
pesquisas de opinião pública, 10 de regular e apenas 3 de ruim, péssimo, que deve
ter sido no gabinete do comitê dos tucanos, ou seja, então já fui julgado muitas
vezes pelos meus gestos administrativos, eu não posso ser julgado pelo código de
processo penal numa coisa que eu fui julgado politicamente, 10 anos, 12 anos
depois ficar respondendo uma coisa que foi transitada em julgado, que foi uma
decisão, não é de uma primeira instância, de uma segunda, que vale tanto, mas a
suprema corte, depois de 12 anos, demorou 7 anos para ser julgado, e isso foi
julgado, doutor, no meio da eleição de 2012 e nós ganhamos a eleição em São
Paulo, então eu acho que eu já fui julgado tanto por isso...
Juiz Federal: Mas a pergunta não é sobre pleitos eleitorais, senhor
expresidente...
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, mas é sobre entender que eu já fui
julgado.
Juiz Federal: Não, veja, eu deixei muito claro para o senhor, o
senhor expresidente nem foi acusado por esses fatos, eu só quero entender a sua
relação e as suas atitudes em relação a esses fatos, que isso pode ser relevante aqui
para o julgamento nesse processo.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor, doutor, eu não estou sendo
julgado pela minha relação com qualquer subordinado, eu não estou sendo julgado
por isso, a relação é de cada um, a sua relação com o seu pessoal obviamente que é
sua, a do advogado é dele, a minha é minha, quando um político comete um erro
ele é julgado pelo povo, ele não é julgado pelo processo de código penal, ele é
julgado pelo povo, e eu fui julgado várias vezes pelo povo.
Juiz Federal: Perfeito, vamos prosseguir aqui.
Defesa: Só lembrar uma coisa, vossa excelência fez referência a esse
caso do mensalão, só que nós ouvimos aqui neste juízo como testemunha o doutor
Antônio Fernando, que foi responsável pela denúncia, e ele disse a vossa
excelência claramente que apurou à época que não havia nenhum envolvimento do
expresidente, por isso é que ele não foi denunciado e por isso que o processo
tramitou sem que ele fosse parte, então não cabe aqui refazer, querer refazer um
caso em que já foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal e que vossa excelência
já ouviu aqui como testemunha um exprocurador geral da república que explicou
as circunstâncias do caso.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Quem sabe, doutor, um dia alguém
promova algum debate na universidade federal aqui de Curitiba, a gente possa
participar juntos e eu responder tudo isso.
Juiz Federal: Diante dessa contradição, senhor expresidente, eu lhe
pergunto finalmente e daí encerro essa questão, na sua avaliação esse esquema
criminoso reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal não teria acontecido?
Defesa: Excelência, data vênia, não cabe aqui fazer uma avaliação
de um julgado do Supremo Tribunal Federal, nem o depoente, nem vossa
excelência, e nem nenhum dessa sala.
Juiz Federal: A indagação, como eu disse, doutor, é para entender a
relação entre o senhor expresidente e pessoas que trabalhavam com ele, que foram
condenados no esquema criminoso.
Defesa: Excelência, como já disse aqui o senhor expresidente, cada
pessoa responde pela sua conduta, então se na época o procurador geral da
república fez uma investigação e não apurou nada em relação ao expresidente
porque ele não tinha praticado nenhum crime, então não cabe aqui voltarmos a esse
assunto, esse assunto já está transitado em julgado por uma decisão do Supremo
Tribunal Federal, não cabe aqui discutir isso.
Juiz Federal: O doutor já falou várias vezes isso.
Defesa: Então, só para justificar a vossa excelência.
Juiz Federal: É cansativo.
Juiz Federal: Certo.
Defesa: Agora, eu peço a vossa excelência...
Juiz Federal: Podemos continuar a ouvir seu cliente?
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Defesa: O senhor está julgando o que?
Juiz Federal: Doutor, doutor, respeite o advogado que está falando
agora, não é seu momento, o doutor tem falado nessa audiência o tempo todo
cansativamente, o advogado está falando agora.
Defesa: Parece que não se respeita a autoridade do juiz do caso, é
evidente isso, inclusive falando sem pedir a palavra, isso não se faz, Fernando, isso
não se faz, isso não se faz numa audiência, evidentemente não se faz numa
audiência isso, proteste contra o juiz, recorra contra o juiz, mas não enfrente o juiz
pessoalmente na audiência, para o público está presente e você também, você
também, você fala sem pedir licença, você fala sem pedir licença.
Defesa: De maneira nenhuma, professor.
Juiz Federal: Não, não, eu vou seguir adiante aqui para a questão.
Senhor expresidente, se o senhor entender que não tem condições de responde,
que o senhor quer exercer o direito ao silêncio, vai seguir a orientação dos seus
advogados, sim, a pergunta fica mantida, e não é uma pergunta política, doutor, e o
doutor não tem a palavra mais sobre esse tema. Senhor expresidente, o senhor
vislumbra alguma contradição na sua posição em afirmar que não tem qualquer
responsabilidade sobre todos esses crimes, mas também não reconhecer
publicamente qualquer responsabilidade de pessoas que trabalham no partido ou no
governo?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Eu vou seguir a orientação dos
advogados.
Juiz Federal: Indo para a parte final aqui das minhas indagações,
são algumas perguntas sobre atitudes, afirmações do senhor expresidente no curso
desse processo. Senhor expresidente, durante as investigações da operação lava
jato o senhor tem efetuado declarações bastante agressivas contra os agentes
encarregados da apuração dos fatos, o senhor ainda, expresidente, promoveu ação
de indenização contra uma testemunha, o senador Delcídio do Amaral Gomez, que
foi julgado improcedente, o senhor promoveu ação de indenização contra um
delegado que ainda tramita, o senhor expresidente promoveu ação de indenização
contra um procurador da república que ainda tramita, o senhor expresidente
chegou até a procuração criminal contra mim por supostos abusos de autoridade e
por unanimidade foi reputada inviável por oito desembargadores do TRF 4, essas
iniciativas foram mesmo de sua escolha, senhor expresidente?
Defesa: A recomendação é que não seja respondida a indagação.
Juiz Federal: O senhor, ainda que não responda, o senhor tem que
dizer que não vai responder.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não vou responder.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não vou responder.
Juiz Federal: Tem um vídeo na internet de declarações do senhor
expresidente, em 02/02/2016, consta que o senhor teria afirmado referente aos
agentes envolvidos na lava jato, “Preciso brigar com eles porque alguém tem que
reagir, alguém tem que reagir com muita humildade, se tem alguém que pode
resistir a essa euforia e (inaudível) judiciária sou eu, estou disposto a fazer o que é
necessário”. O senhor expresidente pode esclarecer o que o senhor queria dizer
com isso?
Defesa: A recomendação segue sendo a mesma.
Juiz Federal: O senhor, se não for responder o senhor tem que dizer
aqui.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não vou responder.
Juiz Federal: O senhor Léo Pinheiro afirmou em juízo que teria
encontrado o senhor no início de 2014, ocasião na qual o senhor teria perguntado a
ele se haveria registros documentais dos pagamentos de propina pela OAS ao
partido dos trabalhadores por João Vaccari Neto, na ocasião ele afirmou que o
senhor expresidente teria o orientado a destruir essas provas se elas existissem,
algo como “Se existir, destrua”, o senhor expresidente se encontrou com Léo
Pinheiro durante o ano de 2014?
https://eproc.jfpr.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701495629786709260080421136878&evento=7014956297867092… 74/118
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Luiz Inácio Lula da Silva: Encontrei com Léo Pinheiro.
Juiz Federal: Mais de uma vez?
Luiz Inácio Lula da Silva: Mais de uma vez.
Juiz Federal: Quantas vezes aproximadamente?
Luiz Inácio Lula da Silva: E jamais, jamais disse para o Léo o que
ele falou, jamais, jamais pedi, aliás é outra coisa, doutor Moro, que é importante o
senhor saber o que eu penso, eu vi já alguns depoimentos, eu vi a busca e
apreensão na casa do jornalista Eduardo Guimarães, depois eu vi o Duque falar,
depois eu vi acho que o Léo falar, em torno de uma introdução de tentar mostrar
que eu ficava pedindo para as pessoas esconderem documentos.
Juiz Federal: Isso nunca aconteceu?
Luiz Inácio Lula da Silva: Nunca aconteceu e nunca vai acontecer,
doutor.
Juiz Federal: Quantas vezes o senhor encontrou com o doutor Léo
Pinheiro durante 2014?
Luiz Inácio Lula da Silva: Ah, eu acho que teve encontros com ele
para discutir viagens, teve encontro com ele nessa que ele foi pra discutir a questão
do apartamento, tem discussões sobre a questão do futuro da economia brasileira,
que 2013, depois das passeatas de junho houve uma movimentação muito grande
na defesa da economia brasileira e muita gente me procurava para discutir o que ia
fazer nesse país a economia, eu atendi vários empresários, inclusive o Léo.
Juiz Federal: Esses encontros que o senhor mantinha com o senhor
Léo Pinheiro se davam aonde, normalmente?
Luiz Inácio Lula da Silva: Sempre no Instituto.
Juiz Federal: No Instituto?
Luiz Inácio Lula da Silva: Sempre.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei se disse que me lembraria de
todos eles, sinceramente, e também não sei se eu disse que seria eleito em 2018,
porque uma eleição você tem que perguntar, é que nem mineração, só depois da
apuração é que você sabe, a verdade é que eu estava...
Juiz Federal: E o senhor disse algo parecido aos agentes policiais?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não lembro se eu disse ou não, não
lembro, mas eu posso dizer agora, eu estava encerrando a minha carreira política já
há tempo porque seu eu quisesse ser candidato eu seria em 2014, mas, agora,
depois de tudo que está acontecendo, eu estou dizendo em alto e bom som que vou
querer ser candidato a presidente da república outra vez.
Defesa: Excelência, pela ordem, esse registro que vossa excelência
fez referência agora há uma questão posta sobre inclusive essas gravações que
foram feitas à época dessa busca e apreensão, dessa condução coercitiva, e que
foram, enfim, há um pedido inclusive para que haja apuração das circunstâncias
em que essa gravação foi feita, e parece muito ruim utilizar numa pergunta de um
interrogatório uma gravação que está inclusive submetida, cuja validade, a
legalidade está submetida aqui à avaliação de vossa excelência.
Defesa: Mas da onde surgiu essa gravação, qual a origem que vossa
excelência tem pra fazer essa pergunta?
Juiz Federal: Isso foi um fato que foi divulgado, estou perguntando
se é isso que aconteceu ou não.
Defesa: Data vênia, mas precisa ter uma origem da afirmação.
Juiz Federal: O senhor se recorda?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não, já pedi, já fui falar, já fui
falar, não pense que as coisas funcionam, isso é que nem no governo, não pense
que tudo que o senhor pede as pessoas fazem rapidamente...
Juiz Federal: Então vamos continuar...
Luiz Inácio Lula da Silva: O senhor não viu como a polícia federal
entrou na casa dos meus filhos, não é com a educação que entraram na minha, na
casa do meu filho quebraram porta, quebraram portão.
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informação, isso que o senhor está falando agora eu nunca ouvi. Semana passada...
Defesa: Há incidentes formalizados, excelência, só para registrar há
incidentes feitos pela defesa ainda em julgamento, inclusive com apreensão de
materiais de pessoas que sequer constavam no mandado expedido por esse juízo.
Juiz Federal: Certo, nós vamos continuar ouvindo o acusado, se a
defesa permitir, mas vamos lá. Na semana passada, em 05 de maio de 2017, o
senhor expresidente prestou as seguintes declarações em evento partidário, e abro
aspas “Se eles não me prenderem logo quem sabe um dia eu mando prendêlos
pelas mentiras que eles contam”, o que o senhor quis dizer com esse tipo de
declaração?
Defesa: A recomendação da defesa...
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu quis dizer o seguinte, que a história
não para com esse processo, a história um dia vai julgar se houve abuso ou não de
autoridade nesse caso do comportamento tanto da polícia federal quanto do
Ministério Público no meu caso.
Luiz Inácio Lula da Silva: Como é que eu vou saber, nem sei se eu
vou estar vivo amanhã.
Juiz Federal: Foi o que o senhor afirmou lá.
Luiz Inácio Lula da Silva: Isso é uma força de expressão, no dia
em que o senhor for candidato o senhor vai ter muita força de expressão nos
palanques.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu acho que não.
Defesa: Excelência, é o julgamento da pessoa que vossa excelência
foge totalmente do objeto da denúncia.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu acho que não.
Defesa: Eu sei, mas...
Juiz Federal: Isso não é pertinente também, nada é pertinente, só o
que a defesa entende?
Defesa: Não, o pertinente, vossa excelência fez inúmeras perguntas
sobre o triplex e esta ação trata do triplex, a defesa pede vênia a vossa excelência,
mas entende que o momento agora deste depoimento é que o senhor expresidente
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faça a sua autodefesa em relação a esse assunto do triplex, outras considerações,
outros comportamentos, outras manifestações políticas do expresidente não
devem ser objeto deste depoimento.
Juiz Federal: Senhor expresidente, essa afirmação...
Defesa: Me permita, excelência, depois o que é adequado...
Juiz Federal: Não, doutor, não, já foi...
Juiz Federal: Tratase de uma pergunta jurídica, o seu cliente fez
uma declaração, certo, eu vou manter a minha pergunta, ficam registradas aí as
considerações, a pergunta é jurídica, é uma afirmação feita pelo senhor no curso do
processo, o senhor acha apropriado este tipo de declaração pública?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, o senhor sabe, eu já falei aqui que
foi um ato de força de expressão, e que, primeiro, o presidente não manda prender.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei, não sei.
Juiz Federal: Que vai prender os agentes públicos?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei, não sei, eu não prendo, o
presidente não prende ninguém, não conheço na história, a não ser num regime
autoritário que o presidente manda prender, o presidente manda investigar, abrir
um inquérito, denunciar...
Luiz Inácio Lula da Silva: Isso vale para todo mundo. Deixa eu só
dizer uma coisa para o senhor, vamos, bom, com todo respeito, todos nós
precisamos tomar cuidados com as declarações, o senhor sabe, por exemplo, a
mágoa profunda que eu tenho do vazamento das minhas conversas com a minha
mulher e dela com o filho dela, profunda a minha mágoa, e eu nunca falei nada, eu
estou tranquilo, vamos esperar, o tempo se encarrega de contar a história.
Juiz Federal: Isso não está em consideração aqui, senhor ex
presidente, mas ali havia elementos probatórios relevantes, num outro momento
nós podemos explicar isso para o senhor se for necessário. Essa é minha última
pergunta, tem uma ação penal ainda contra o senhor envolvendo suposto
recebimento de propina do Grupo Odebrecht, a investigação do sítio de Atibaia,
pagamento de mesada pelo Grupo Odebrecht supostamente ao seu irmão e ao seu
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sobrinho, mas esses fatos não compõem a denúncia e também não seria apropriado
fazer indagações a respeito deles, também tem investigações e ações penais na
justiça federal em Brasília, mas também não cabe aqui...
Defesa: E por que o registro de vossa excelência se não diz respeito
a essa ação?
Juiz Federal: O registro é porque eu não vou fazer perguntas a esse
respeito.
Defesa: Está esclarecido.
Defesa: Excelência, excelência...
Juiz Federal: Oi?
Defesa: A despeito de a Constituição da República e a legislação de
hierarquia inferior assegurarem o direito ao silêncio, o interrogando faz questão de
responder todas as indagações do Ministério Público. Ele não vai usar, a não ser
que se extrapole o tema probando, é a única exceção.
Defesa: Mas eu não estou dando aparte a vossa excelência, eu estou
falando com o magistrado.
Ministério Público Federal: Obrigado.
Ministério Público Federal: Perfeito. Bom, senhor Luiz Inácio, boa
tarde. Nós gostaríamos aqui, enquanto Ministério Público, de complementar alguns
aspectos das perguntas feitas pelo juízo. O primeiro aspecto que eu gostaria de
indagálo, senhor Luiz Inácio, é sobre...
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Defesa: Excelência, pela ordem, só uma questão de respeito. Assim
como vossa excelência foi bastante cuidadoso com o tratamento dado ao ex
presidente da república, eu pediria ao Ministério Público que também observasse
que nós estamos aqui tratando de um expresidente da república. Então “Senhor
Luiz Inácio” acho que não é uma forma adequada a se referir a um expresidente
da república.
Juiz Federal: Eu acho que o Ministério Público não tem nenhuma
intenção de ofender, provavelmente, foi um lapso verbal, mas eu pediria que se
reportasse talvez da forma como eu coloquei, de “senhor expresidente”.
Ministério Público Federal: Perfeito.
Juiz Federal: Embora ele não sendo presidente, mas até poderia ser
essa outra forma, mas vamos fazer dessa outra maneira, por gentileza.
Luiz Inácio Lula da Silva: Procurador, poderia saber o seu nome?
Ministério Público Federal: Perfeitamente, meu nome é Roberson
Pozzobon.
Luiz Inácio Lula da Silva: A pergunta é nos últimos 10 anos?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não tenho a menor noção querido, não
tenho.
Ministério Público Federal: Perfeito. O senhor sabia que o senhor
João Vaccari Neto era diretor do Bancoop à época em que a OAS
Empreendimentos assumiu o empreendimento Mar Cantábrico no Guarujá?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sei se ele era quando a OAS
assumiu. Eu sei que ele era presidente da Bancoop. Me parece que quando a dona
Marisa comprou as cotas, ele era, parece, que o presidente da Bancoop.
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Ministério Público Federal: O senhor mencionou também durante
a inquirição que o senhor sabia que o Vaccari possuía um apartamento lá. Como
que o senhor soube dessa informação?
Luiz Inácio Lula da Silva: Todo mundo sabia que o Vaccari tinha
um apartamento lá, que ele tinha comprado uma cota. Ele era o presidente da
Bancoop, poderia comprar quantas cotas ele quisesse.
Ministério Público Federal: Ele disse isso ao senhor?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu acho que ele disse, mas também isso
é irrelevante.
Ministério Público Federal: Foi publicada uma nota pelo Instituto
Lula, a qual foi juntada ao evento 724 dos autos, ela foi publicada no dia 12 de
dezembro de 2014, o título é “Lula não é dono do apartamento no Guarujá, e se
fosse?”. Nessa nota constou a seguinte afirmação: “Dona Marisa Letícia Lula da
Silva adquiriu em 2005 uma cota de participação da Bancoop, quitada em 2010,
referente a um apartamento que tinha previsão de entrega em 2007”. Então, eu
pergunto ao senhor expresidente, houve de fato a quitação dessa cota do...
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sei. Ô procurador, deixa eu dizer
uma coisa para você. Eu vou repetir aqui um dado que eu já disse para o juiz. A
minha relação com o apartamento triplex, o apartamento 141, o normal, a do
tríplex foi em 2013, quando Léo me procurou, em setembro, não sei se foi em
setembro, para falar que eu tinha que visitar, e eu só fui em 2014. E a dona Marisa,
quando me disse que tinha comprado uma cota da Bancoop. É a minha relação
com esse famoso apartamento.
Ministério Público Federal: Então o senhor não tem conhecimento
sobre a quitação ou não dessa cota?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não tenho.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não tenho conhecimento, porque quem
cuidava do apartamento era a dona Marisa. Eu não sei quanto tempo pagou, se
terminou em 2007, 2008, 2009 ou 2010, eu não sei quanto tempo.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu vou apenas repetir, se quiser até
economizar tempo, ou seja, a minha relação com o famoso apartamento da
Bancoop é de quando a minha mulher comprou, que foi feito o primeiro imposto
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de renda, a primeira visita do Léo para me falar que eu tinha que visitar o
apartamento, porque estava acabando o prédio.
Juiz Federal: Então foi mostrado esse documento, em cima consta
Mar Cantábrico Návia, 091208, eu vou mostrar aqui ao senhor.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não tenho a menor noção. o que é isso
aqui?
Ministério Público Federal: Se o senhor puder olhar com calma.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não tenho a menor noção.
Ministério Público Federal: Então na 22ª fase da operação lava
jato foi cumprido um mandado de busca no Bancoop e foi apreendido esse
documento. Esse documento é uma planilha que é datada de 9 de dezembro de
2008 e consolida a situação dos apartamentos do Condomínio Solaris. Nessa
planilha há relação de todas as unidades do apartamento, constando o nome da
pessoa ou a expressão “estoque” e referindose apenas aos apartamentos
disponíveis à venda a expressão “estoque”. O único apartamento que consta uma
expressão diferente é o apartamento 174, em relação ao qual consta a expressão
“Vaga Reservada”. Então, considerando aqui as perguntas já feitas pelo juízo de
que na residência do senhor foram encontrados documentos relativos ao
apartamento 174, considerando que no próprio termo de compromisso há uma
rasura na proposta de adesão que foi assinada por sua esposa, senhora Marisa
Letícia, em que a polícia federal detectou que havia o número 174 embaixo do
número 141, sobreposto, rasurado. Eu pergunto ao senhor, era para o senhor e para
a sua família que essa unidade tríplex 174 do Condomínio Solaris estava
reservada?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu digo para o senhor, não.
Ministério Público Federal: O senhor nunca...
Luiz Inácio Lula da Silva: Só tem alguém que pode responder, que
é a Bancoop.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu vou repetir, eu vou repetir. Eu só tive
contato sobre o famoso apartamento lá no Guarujá no ato da compra da cota, é
importante lembrar, em 2013, quando o Léo me procurou que eu tinha que cuidar
de ver o apartamento, só. Qualquer outra pergunta você pergunta para o Léo ou
para Polícia Federal, ou...
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Luiz Inácio Lula da Silva: Eu sei, eu sei, eu não estou bravo não. É
que as vezes eu fico...
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu conheço o papel do Ministério
Público.
Luiz Inácio Lula da Silva: Nada. Eu tenho certeza que a Polícia
Federal conheceu mais o dito lugar que ela disse que encontrou esse documento do
que eu.
Luiz Inácio Lula da Silva: Primeira não, única.
Ministério Público Federal: Perfeito. A sua única visita, então, mas
não a única da sua família, ao apartamento triplex. O senhor poderia
aproximadamente nos citar aqui quanto tempo que durou essa visita, foi 15
minutos, foi 1 hora?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sei.
Ministério Público Federal: O senhor não recorda?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sei.
Ministério Público Federal: Nessa visita, eu pergunto ao senhor, o
senhor mencionou durante a sua inquirição que foi visitar o empreendimento e que,
segundo lhe foi informado, me corrija se eu estiver equivocado, havia duas
unidades disponíveis, uma unidade tipo e uma unidade o triplex. Eu pergunto ao
senhor, nessa oportunidade o senhor foi conhecer também a unidade 141 lá do
Condomínio Solaris?
Defesa: Data vênia, ele não fez uma afirmação peremptória do jeito
que vossa excelência está fazendo.
Ministério Público Federal: Eu pedi a ele, com o devido respeito...
Defesa: Sim, mas eu observando que a pergunta de vossa excelência
não reflete o que foi dito anteriormente, eu tenho o dever de alertálo de que não
está correta.
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Juiz Federal: Pode repetir a pergunta?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sei, mas eu fui, eu sei que eu fui
no triplex.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei se eu visitei, eu só fui num
prédio lá. Eu não sei se passei em outro apartamento.
Defesa: Já foi respondida.
Luiz Inácio Lula da Silva: A cota já estava vendida já. A cota foi
vendida com bastante antecedência. A dona Marisa autorizou a cota ser vendida.
Luiz Inácio Lula da Silva: Veja, eu peguei o Léo para ir na porta da
Volkswagem, na Via Anchieta, porque o Léo, eu não sabia onde que era. Então o
Léo me levou, eu peguei o Léo na porta da Volkswagem, ele foi me seguindo. Na
volta, na volta, por gentileza, eu falei para o Léo “Vamos junto conversando”. E o
Léo veio comigo na volta até a hora que eu fui entrar para a minha casa, em São
Bernardo, e ele ia seguir pra casa dele, que eu não sei onde que é.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Ministério Público Federal: Não discutiram?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não discutimos.
Ministério Público Federal: O senhor recorda sobre o que o senhor
conversou com ele?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não recordo.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Visitou.
Ministério Público Federal: O senhor recorda...
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu nem me lembrava da visita. É que eu
vi no depoimento dele, ele dizia que foi lá em casa, e depois eu vi o doutor Paulo,
que eu não sabia que era Paulo Gordilho, só sabia que era Paulo, que disse que foi
lá em casa. Como os dois disseram, eu não me lembro, mas eles disseram que
foram, eu também não quero desmentilos, sabe, se foram, foram, sabe. E não
discutiram, não discutiram apartamento. A minha afirmação é categórica, eu
discuti o apartamento duas vezes.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu acho que eles tinham ido discutir a
questão da cozinha, que também não é assunto para discutir agora, lá de Atibaia,
eu acho.
Luiz Inácio Lula da Silva: Você também ouviu o doutor Paulo
Gordilho dizer que ele notou que a gente nem estava entendendo que ele estava
falando do projeto. Ele disse no depoimento.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não tenho, não tenho a menor noção.
Só discuti, apenas a questão da cozinha. Eu vou dizer para você, nunca mais,
depois que eu visitei o prédio, nunca mais eu discuti triplex.
Juiz Federal: Eu vou fazer aqui uma observação, já que a defesa
reclamou do tratamento do senhor expresidente, eu peço que o senhor se refira aos
membros do Ministério Público como senhor e não como você. Certo?
Luiz Inácio Lula da Silva: É que é tão novo, velho falar senhor
para um jovem.
Juiz Federal: Não, eu sei que o senhor tem uma tendência informal,
mas eu peço também que o senhor trate dessa maneira. Certo?
Luiz Inácio Lula da Silva: Está bem, pode deixar.
Luiz Inácio Lula da Silva: Deve ter sido dela.
Luiz Inácio Lula da Silva: Ela não comentou doutor. Ela tomou a
decisão de ir e ela foi. Afinal de contas a cota era dela.
Luiz Inácio Lula da Silva: A cota era dela. A cota ela tinha pago,
mas não tinha recebido o que ela pagou. Então ela tinha dinheiro haver no tal do
apartamento.
Ministério Público Federal: E ela foi visitar o triplex, foi isso que
ela disse ao senhor?
Luiz Inácio Lula da Silva: Foi.
Ministério Público Federal: Ela chegou a comentar com o senhor o
objetivo específico da visita?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, eu já disse para o doutor Moro que
não sei o que ela foi visitar.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sabia se estava em reforma, se
tinha alguma coisa feita.
Ministério Público Federal: Perfeito. O senhor mencionou também
durante a inquirição que em um dado momento o senhor manifestou que não
gostaria mais do apartamento, gostaria de fazer aqui algumas questões sobre isso.
No dia 30 de janeiro de 2016, o Instituto Lula publicou mais uma nota, a qual eu
tomo como ponto de partida para fazer algumas inquirições para o senhor. A nota
tem o título “Os documentos do Guarujá, desmontando a farsa”. No curso da nota,
no seu teor consta a seguinte informação: “Por que a família desistiu de comprar o
apartamento? Porque mesmo tendo sido realizadas as reformas e modificações no
imóvel (Que naturalmente seriam incorporados ao valor final da compra), as
notícias infundadas, boatos, ilações, romperam a privacidade necessária ao uso
familiar do apartamento”. E aí eu gostaria de perguntar ao senhor, o senhor foi
consultado para que essa nota fosse feita?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Eu ia falar até na pergunta do doutor
Moro, ia fazer, ia responder isso. Ou seja, eu não sou dirigente do Instituto. A nota,
se ela é feita, ela é feita com a direção do Instituto em combinação com os
advogados que conhecem o projeto e o processo todo, conhecem a fundo a
Bancoop.
Ministério Público Federal: Mas eu pergunto ao senhor...
Luiz Inácio Lula da Silva: Não. Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Deixa só eu dizer uma coisa para o
senhor. Vocês estão exigindo de mim uma objetividade que eu ainda não exigi de
vocês. Eu vou exigir de vocês ao terminar a palavra de vocês e eu puder falar, é
que vocês me apresentem o documento de que o apartamento é meu, porque essa é
a prova, o resto é conversa fiada.
Luiz Inácio Lula da Silva: Procurador, vou dizer uma coisa ao
senhor, eu...
Juiz Federal: Senhor expresidente, só uma questão, assim, ao final
do seu depoimento, como eu faço com todos os acusados que passam aqui, o
senhor expresidente vai ter oportunidade de fazer declarações finais. Então, assim,
se o senhor expresidente pretende fazer as declarações ao final eu sugeriria que
deixasse para o final.
Luiz Inácio Lula da Silva: Mas só para tranquilizar o nosso
procurador é o seguinte, eu me preparei para não ficar nervoso como algumas
pessoas ficam. Eu vim aqui para dizer a verdade, a mais absoluta. É que às vezes a
gente recebe a mesma pergunta tantas vezes que sem querer você vai ficando
irritado, sem querer a gente vai ficando irritado. Ou seja, eu espero que o doutor
Moro tenha recebido do Ministério Público a prova concreta, material, de que o
apartamento é meu, aí eu estarei...
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Defesa: Pela ordem, excelência, isso já foi respondido.
Ministério Público Federal: Não, não foi.
Defesa: Já foi respondido.
Juiz Federal: Doutor, está indeferida a sua questão, vamos deixar a
audiência fluir, deixe seu cliente responder, o senhor perturba a audiência a todo
minuto.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu acho, eu acho...
Defesa: Vossa excelência não preza pela defesa, isso está claro.
Juiz Federal: Eu prezo quando a defesa não perturba a audiência a
todo momento.
Defesa: É que vossa excelência enxerga a defesa como alguém que
atrapalha a audiência, talvez a Constituição não dê guarida a essa posição de vossa
excelência.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu só queria dizer que, pelo que o
senhor leu da nota, o escrito da nota, primeiro nenhuma nota da diretoria do
Instituto e dos advogados eu preciso saber da nota, ou seja, eles conhecem o
processo, sobretudo os advogados, muito mais do que eu. Conhecem a história da
Bancoop mais do que eu. Pelo que eu senti o espírito da nota é dizer que mesmo se
estivesse tudo certo, depois do carnaval feito em cima do triplex, mesmo que eu
tomasse a decisão não tinha como utilizar o apartamento, porque aquilo virou uma
coisa bichada. Bichada a ponto de ter quase que marcação de convescote para
saber se era o triplex do Lula.
Ministério Público Federal: Senhor expresidente...
Luiz Inácio Lula da Silva: É só isso que eu acho.
Ministério Público Federal: Perfeito. Na verdade, anota afirma que
mesmo tendo sido realizadas reformas e modificações, então eu vou fazer uma
pergunta adiante, o senhor tinha conhecimento que de fato foram realizadas
reformas e modificações no imóvel?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não. Não.
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Ministério Público Federal: Não? Então a nota...
Luiz Inácio Lula da Silva: É porque certamente a nota respondia a
uma acusação de alguém.
Ministério Público Federal: Não, a nota...
Luiz Inácio Lula da Silva: A nota respondia ou a uma matéria de
imprensa ou a uma acusação de alguém.
Ministério Público Federal: E aí agora a segunda pergunta, já que
o senhor falou que a nota não é verdadeira no tocante a terem sido realizadas
reformas e modificações no imóvel.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu disse que a nota não é verdadeira?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu disse...
Ministério Público Federal: Que não tinha conhecimento.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu disse que não tinha conhecimento.
Ministério Público Federal: Perfeito.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sei se quem fez a nota tinha. A
nota normalmente é feita em resposta a alguma coisa. A nota não é um começo de
um processo, a nota é o seguinte, ou um procurador falou, ou um cara da Polícia
Federal falou, ou um jornalista falou, ou uma revista publicou, a nota normalmente
vem em resposta.
Ministério Público Federal: Então é possível que quem escreve as
notas no Instituto não tenha conhecimento sobre os fatos?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sei qual é o fato que a nota
respondeu.
Ministério Público Federal: Então é possível que quem escreve as
notas no instituto não tenha conhecimento dos fatos?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu estou dizendo, meu querido
procurador, senhor. É o seguinte, eu não sei se a nota foi feita em resposta a
alguém que disse que estava pronto o apartamento. E essa nota foi emitida para
dizer que mesmo que estivesse pronto não era possível mais. Eu acho que é esse o
espírito da nota.
Ministério Público Federal: Perfeito. Prosseguindo aqui. O senhor
mencionou durante a inquirição que a desistência se deu em decorrência de o
apartamento ser num local público, o senhor ser uma figura pública, e aí eu
pergunto ao senhor, uma vez que essa...
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Defesa: Data vênia, data vênia, a premissa está errada, ele não disse
que houve desistência, ele disse que não houve interesse na compra, então a
premissa é totalmente diferente daquela colocada por vossa excelência.
Defesa: Interesse por compra.
Ministério Público Federal: Doutor...
Defesa: É que a premissa...
Defesa: É que eu gostaria de que fosse reproduzida de forma
fidedigna a declaração. Se há outra premissa na pergunta...
Juiz Federal: Doutor, eu acho que, assim, desculpe, eu acho que o
doutor devia confiar mais no seu cliente, que ele está indo bem, está respondendo
as questões...
Defesa: Eu agradeço a vossa excelência, mas a minha relação com o
cliente não precisa da intervenção de vossa excelência.
Juiz Federal: Veja, vamos prosseguir então, pode fazer a pergunta?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, duas coisas, a primeira é de que eu
tinha tomado a decisão de que não tinha interesse pelo apartamento por conta da
situação do apartamento. Agora o apartamento não era meu, o apartamento, eu vou
repetir aqui, o apartamento, a dona Marisa comprou cota da Bancoop. Então
teoricamente o apartamento era resultado da compra das cotas. Eu quando fui lá,
eu perdi o interesse no apartamento pela situação do apartamento. E depois eu vi
que era humanamente impossível um expresidente da república conseguir ir
naquela praia fora de uma segundafeira, de uma quartafeira de cinzas ou qualquer
coisa, porque...
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Ministério Público Federal: Vamos dividir essa questão. O senhor
colocou dois motivos, o senhor disse que perdeu o interesse pela situação do
apartamento, o senhor poderia ser mais específico?
Luiz Inácio Lula da Silva: Se é para dizer está dito, o apartamento
tinha muita escada, o apartamento era muito (inaudível), o apartamento era muito
apertado. Tinha várias coisas.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sei, eu não conheço o elevador,
não sei quanto custou, estou sabendo agora quanto custou. E eu vou repetir para o
procurador a mesma coisa que eu mostrei para o doutor Moro, a mesma coisa. Se
eu tivesse pedido elevador, você poderia me mandar para uma clínica por questão
de insanidade mental, porque vou lhe mostrar uma foto...
Ministério Público Federal: Não é necessário...
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu vou lhe mostrar, eu vou lhe mostrar,
por favor, eu quero...
Defesa: Ele tem direito de responder.
Ministério Público Federal: Se o senhor já mostrou...
Defesa: Ele tem o direito de responder.
Luiz Inácio Lula da Silva: Mostra a foto do meu apartamento para
ele...
Juiz Federal: Certo, já foi...
Luiz Inácio Lula da Silva: Esse é o apartamento que eu moro há 18
anos...
Juiz Federal: Certo, já foi visto.
Ministério Público Federal: Em uma outra oportunidade o senhor
mostrou.
Luiz Inácio Lula da Silva: Se eu tivesse que pedir um elevador eu
teria pedido um elevador nesse apartamento que eu moro há 18 anos e que
pretendo morar por mais outros 8.
Ministério Público Federal: Tudo bem, a interpretação do senhor, a
pergunta foi objetiva, se...
Luiz Inácio Lula da Silva: Mas a minha resposta foi objetiva,
doutor.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Aí tem que perguntar para quem fez.
Não é só um problema de escada estreita, é que é muito degrau de escada para um
velhinho subir.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não. Não. Não.
Ministério Público Federal: Ok.
Ministério Público Federal: Senhor expresidente, em 4 de março
de 2016, no cumprimento do mandado de busca e apreensão na 24ª quarta fase da
operação lava jato, no endereço para o qual foi levado parte do acervo do senhor
foi identificada uma grande quantidade de material que estava condicionada numa
série de caixas. Nessas caixas, além das inscrições indicando que elas foram
retiradas do palácio da Alvorada, algumas até com a indicação de Presidência da
República, havia a indicação praia e sítio. Esse documento está juntado como
prova documental anexo 234 da denúncia, vou passar para o senhor para dar uma
olhada.
Juiz Federal: Fica registrado aqui o repasse ao senhor expresidente
de duas fotos de caixas, com anotações de "residência praia" e na outra folha
"madeira sítio", se o senhor expresidente quiser dar uma olhadinha...
Luiz Inácio Lula da Silva: Livros da Alvorada... Seria tão bom se
tivessem trazido aqui... Quem é que teve acesso a esse arquivo, a essa, do
Ministério Público ou a Polícia Federal?
Ministério Público Federal: Senhor expresidente, esse documento
está juntado na denúncia...
Luiz Inácio Lula da Silva: Não é minha pergunta.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu ainda não terminei a pergunta, eu
estou que nem o doutor Moro, eu quero terminar minha pergunta.
Ministério Público Federal: Sim, mas acontece que aqui quem faz
as perguntas nesse momento é o Ministério Público, o senhor vai ter oportunidade
de falar...
Luiz Inácio Lula da Silva: Está bom.
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Luiz Inácio Lula da Silva: É isso que eu queria falar, veja, isso
aqui devia estar no Palácio da Alvorada, como todo o acervo, eram 11 containers
de acervo, de tudo que é coisa boa e tranqueira. Quem pode responder o que está
dentro dessa caixa é quem foi investigar, é quem abriu as caixas...
Ministério Público Federal: Uma outra pergunta...
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu nunca, deixa eu terminar a pergunta,
por favor...
Ministério Público Federal: Sim, desculpe.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu nunca abri uma caixa, nunca visitei o
acervo, não sei o que tem dentro, e portanto se a Polícia Federal foi no sindicato e
abriu essas caixas poderia ter dito, é isso, é isso. O fato de estar escrito praia é
porque eu ia na praia quando eu era presidente. Eu ia na praia, eu ia em
(inaudível), na praia da Marinha, eu ia em Marambaia, eu ia lá no Forte Alcântara
no Guarujá. Então não quer dizer nada, eu sinceramente fico...
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu vou responder com todo, sem ficar
nervoso, pergunte para o policial federal que abriu lá.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei.
Ministério Público Federal: Perfeito. Então, seguindo aqui...
Ministério Público Federal: Só uma pergunta complementar, nessa
mudança que foi efetuada no palácio...
Juiz Federal: Eu vou interromper aqui pelo tamanho do áudio.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sei. Deixa eu dizer uma coisa,
uma coisa que o presidente Fernando Henrique Cardoso também disse aqui, que
somente quem foi presidente é que sabe o que acontece. Eu nunca, nunca entrei
nos porões do Palácio da Alvorada para saber se tinha uma, duas ou mil caixas.
Nunca, nunca entrei onde se guardavam os acervos da presidência da república
para ver se tinha uma ou duas caixas. Ora, eu sei que aquilo, eu sei que o acervo é
uma coisa privada, mas de interesse público. Portanto o presidente da república
que sai tem que ter a responsabilidade de tentar cuidar daquilo. Eu se soubesse que
ia dar isso, eu teria deixado lá no palácio para o próximo presidente ter que cuidar.
Como eu não tinha interesse por nada, eu poderia ter deixado. Se é uma coisa de
interesse público, eu tinha até sugerido ao exgovernador de Brasília construir um
museu da república para que não ficasse o presidente da república procurando um
lugar para guardar as coisas. Então devem ter participado todos os funcionários,
faxineiro, cozinheiro, todo mundo participou disso. A única coisa que eu sei é que
eu tinha uma decisão na minha vida, eu vou governar esse país até o dia 31 de
dezembro de 2010, qualquer outro assunto só depois de 31 de dezembro.
Luiz Inácio Lula da Silva: Fiquei sabendo depois.
Ministério Público Federal: À época o senhor sabia?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, na época eu nem sabia para onde
ia.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei, não sei, eu sei que o presidente
do instituto, que foi uma das pessoas, que me parece que a partir de janeiro,
começo, dia 10 ou 11 de janeiro, foi chamado para tentar encontrar um lugar para
guardar essas coisas. O que ele disse aqui, o que ele disse aqui é que ele tinha
chamado o Léo Pinheiro para perguntar se ele tinha algum galpão para guardar
essas coisas.
Luiz Inácio Lula da Silva: Ah, não sei, não sei, certamente, porque
encontrou com o Léo. Só não poderia ser eu, porque eu não tinha.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei, não sei.
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Ministério Público Federal: Onde Paulo Okamotto encontrou com
Léo Pinheiro?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei.
Ministério Público Federal: O senhor sabe se foi no Instituto Lula?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei.
Juiz Federal: Anexo 269, contrato de armazenagem, eu peço para o
senhor dar uma olhadinha, se quiser.
Luiz Inácio Lula da Silva: Pelo que eu já ouvi em depoimentos
aqui, é que a OAS mantinha uma reserva na Granero para cuidar das coisas dela.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei, era para cuidar das coisas da
OAS.
Luiz Inácio Lula da Silva: Pelo que vi de depoimento aqui, a
origem desse espaço da OAS era para guardar as coisas dela.
Ministério Público Federal: É isso que o senhor sabe?
Luiz Inácio Lula da Silva: Até...
Ministério Público Federal: Agora, em relação, desculpe, desculpe
lhe interromper, mas só para ser mais claro na pergunta pra facilitar até a resposta
do senhor. O senhor sabe se esse contrato específico abarcava realmente material
da OAS ou era apenas material do acervo do senhor?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei, não sei.
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Ministério Público Federal: Certo. Nessa época em que o contrato
foi iniciado, aqui consta a data, janeiro de 2011, o Instituto Lula tinha capacidade
financeira para custear essa armazenagem?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não existia Instituto Lula, não existia
Instituto Lula.
Ministério Público Federal: Não existia?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não existia, eu tomei a decisão de voltar
para um lugar que era chamado Instituto Cidadania, que foi criado em 1992.
Porque eu também tomei uma decisão na vida. Havia muitas críticas que o
presidente Fernando Henrique Cardoso tinha feito um jantar enquanto era
presidente para arrecadar fundo para fazer o instituto dele. Então eu tomei a
decisão de que enquanto eu fosse presidente da república eu não discutiria
absolutamente nada da minha vida depois da presidência da república. Por isso eu
decidi voltar para o Instituto da Cidadania. Em função disso, nós não tínhamos
dinheiro, porque não tinha nem começado a pensar em fazer arrecadação. É por
isso que eu acho que foi conversado com o Léo Pinheiro.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei. Deixa eu lhe falar uma coisa, o
Instituto Lula não existia. Levou meses para a gente decidir criar o Instituto Lula.
Eu na verdade queria criar uma coisa chamada Memorial da Democracia, uma
sugestão de um companheiro ministro meu, que era uma coisa para ser, aliás
chegamos a discutir, pensar em fazer um projeto de lei para que uma Universidade
Federal assumisse os projetos dos presidentes da república. O meu sonho era fazer
um memorial em que a gente pudesse contar a história popular deste país, a
história que muitas vezes não é contada pelos livros, porque muitas vezes a história
do Brasil é contada pelos vencedores, os derrotados não participam da história. E
isso depois que nós deixamos a Presidência da República. O Instituto Cidadania,
eu não sou tesoureiro do Instituto Cidadania, não sou diretor do Instituto
Cidadania, o Paulo Okamotto esteve aqui prestando depoimento sobre o acervo,
vocês poderiam ter perguntado para o companheiro Paulo Okamotto.
Luiz Inácio Lula da Silva: Sou sócio.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Não, no começo não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Porque talvez todo mundo achasse que
tivesse certo, que não era preciso, eu na verdade retirei...
Ministério Público Federal: O senhor achava que estava certo?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, eu não, veja, eu tirei 7 milhões,
porque eu depositei para cada filho meu uma quantia de aposentadoria privada,
aposentadoria complementar. E ninguém nunca discutiu no Instituto de que era
preciso pagar isso, estava tão tranquila a questão do depósito do material. Primeiro,
porque eu sei que o Paulo foi atrás do sindicato dos metalúrgicos, o sindicato dos
metalúrgicos estava utilizando o salão para fazer uma reforma, e sinceramente
nunca se pagou porque nunca se discutiu. Agora pagamos um aluguel mais barato
para o sindicato e está menos cuidado obviamente.
Defesa: Mas já foi esclarecido a vossa excelência.
Juiz Federal: Não foi perguntado do José Eduardo Dutra, não foi.
Defesa: Toda a indicação para a diretoria da Petrobras, ele já disse
que seguia um procedimento.
Luiz Inácio Lula da Silva: Fui.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Indicação do presidente da república,
não era pessoal, é indicação de uma instituição chamada Presidência da República.
Ministério Público Federal: Perfeito. Prossiga.
Luiz Inácio Lula da Silva: Que é ele e o governo.
Juiz Federal: Está onde isso?
Ministério Público Federal: Na denúncia, anexo 25.
Juiz Federal: Denúncia, anexo 25, extrato de ata, Petrobras, enfim...
Ministério Público Federal: Pode ler?
Luiz Inácio Lula da Silva: Pode ler, eu confio em você, se quiser
ler não tem problema.
Luiz Inácio Lula da Silva: Deixa eu só respirar aqui para não... Eu
já respondi umas três vezes, deixa eu lhe falar uma coisa, o nome do Paulo Roberto
Costa passou pelo crivo que passa todos os diretores principais da Petrobrás. É
uma indicação que vem dos partidos aliados, que vem dos ministros, que vem das
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bancadas, passa pelo GSI que faz a investigação se o nome tem alguma coisa
contra, passa para a casa civil, que vem para mim e que eu mando para o conselho
da Petrobrás. O José Eduardo Dutra, como presidente da Petrobras deve ter
submetido ao conselho.
Ministério Público Federal: Sim, mas a pergunta é mais específica,
se me permite, com todo respeito...
Juiz Federal: Se o senhor não sabe o senhor pode responder que
não sabe.
Juiz Federal: Não, mas aí eu vou fazer uma retificação, porque isso
aí realmente eu já perguntei daí, do Paulo Roberto Costa especificamente, a não ser
que tenha uma circunstância mais específica.
Ministério Público Federal: A questão era só se ele, a questão era
se ele conversou com o senhor José Eduardo de Barros Dutra e solicitou essa
nomeação ou a anuência do senhor José de Barros Dutra para a substituição do
Manso pelo Paulo Roberto Costa.
Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor procurador, eu quero lhe ajudar
a cumprir com a sua obrigação, mas eu sou obrigado a repetir o mesmo que eu já
disse. Não precisa conversa com o presidente da Petrobrás. Ao passar pelo roteiro
que eu disse, como é que se indica as pessoas, isso vai ao conselho da Petrobras e o
presidente da Petrobras é membro do conselho e ele é o presidente da Petrobras,
ele submete ao conselho.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não. Não.
Ministério Público Federal: Perfeito.
Ministério Público Federal: Nessa ação penal que o senhor é réu,
também o Ministério Público Federal juntou a seguinte prova documental, o anexo
134 da denúncia, é uma tabela, se for possível mostrar a ele, excelência.
Juiz Federal: Anexo 134 da denúncia, então eu vou mostrar essa
tabela ao senhor expresidente.
Luiz Inácio Lula da Silva: O que é essa tabela?
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Defesa: Pela ordem, a planilha não consta a palavra propina, então
eu gostaria de que vossa excelência ou reformulasse a questão ou fosse fidedigno
ao documento, que não consta...
Ministério Público Federal: Eu não falei que a planilha constasse a
palavra propina.
Defesa: Então é juízo de valor de vossa excelência, então...
Defesa: Certo, então foi dito que haveria uma coluna de propina,
então é preciso esclarecer, não consta nesse documento referência à palavra
propina.
Luiz Inácio Lula da Silva: Por que eu sou obrigado a acreditar no
Barusco?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não conheço esse cidadão, nunca vi
esse cidadão.
Ministério Público Federal: O senhor Pedro Barusco no ambiente,
em decorrência do seu acordo de colaboração, ele não só afirmou isso como
restituiu a parte que lhe cabia que era um percentual dessas propinas, conforme o
relato por ele apresentado. Só que ele restituiu de fato esses valores, foram cerca de
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97 milhões de dólares, mais de 300 milhões de reais. E a pergunta que eu faço ao
senhor é, o senhor sabia para onde ou o senhor tinha conhecimento que fosse
destinado valores para o partido dos trabalhadores?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não conheço esse cidadão, não sei
quanto ele devolveu, não sei se ele distribuía dinheiro para o PT ou para alguém,
ele é que falou, ele é que sabe.
Ministério Público Federal: Então o senhor não tem conhecimento
da distribuição de valores para o PT?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não tenho conhecimento.
Ministério Público Federal: O senhor falou que...
Luiz Inácio Lula da Silva: Deixa eu lhe falar uma coisa, doutor,
para ficar muito certo. Se em algum momento um dos 204 milhões de brasileiros
chegasse para o presidente da república e dissesse que tem um esquema de propina
na Petrobras, seria mandada embora a diretoria inteira da Petrobras.
Luiz Inácio Lula da Silva: Fato concreto...
Defesa: Ele está informando qual era o procedimento dele.
Luiz Inácio Lula da Silva: De uma ficha que só vocês têm, e o
Barusco que praticou que sabe.
Ministério Público Federal: Os 97 milhões de reais que ele
restituiu o senhor não sabe se foi destinado um valor igual ou maior, como ele
falou, ao partido dos trabalhadores?
Luiz Inácio Lula da Silva: Só ele pode saber.
Luiz Inácio Lula da Silva: Certamente que era comigo.
Luiz Inácio Lula da Silva: Então não é o primeiro que eu recebi.
Ministério Público Federal: Não é o anexo 27?
Luiz Inácio Lula da Silva: O anexo está 27...
Ministério Público Federal: Isso, se o senhor puder observar a data
lá em cima...
Luiz Inácio Lula da Silva: Ah, está aqui, está certo.
Luiz Inácio Lula da Silva: Encontrei e ele fez uma viagem comigo
para a República Dominicana.
Ministério Público Federal: Certo.
Luiz Inácio Lula da Silva: República Dominicana ou um país lá
qualquer.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Ministério Público Federal: Certo, se o senhor puder passar para o
próximo anexo, por favor. Como o senhor pode observar também é um registro de
3 de setembro de 2013, o senhor se recorda de ter encontrado com Léo Pinheiro
nessa data?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não lembro se essa data foi a data em
que ele foi falar comigo do apartamento.
Ministério Público Federal: Pode ter sido essa data?
Luiz Inácio Lula da Silva: Pode ter sido.
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Ministério Público Federal: Perfeito, e foi a primeira data que ele
tratou com o senhor...
Luiz Inácio Lula da Silva: A primeira data que ele tratou.
Luiz Inácio Lula da Silva: Me encontrei, encontrei com o Léo
Pinheiro e com o Rodolfo Tourinho, está aqui na agenda, que era o presidente do
sindicato das indústrias da construção pesada.
Ministério Público Federal: O senhor tratou do triplex?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não, ele foi me apresentar o
Tourinho porque eu, o Tourinho já morreu, eu era contra o Tourinho ser presidente
do sindicato, porque o Tourinho tinha sido senador do PFL da Bahia. Portanto era
ligado ao Antônio Carlos Magalhães, figura que eu não tinha muito apreço. E eu
achava que era importante colocar alguém que tivesse uma melhor relação. Depois
eu participei, depois desse evento aqui eu participei de um evento na CNI, lá em
Brasília, na confederação das indústrias, com todos os empresários da construção
civil, para discutir a possibilidade que a construção civil brasileira tinha no mundo,
sobretudo com os países africanos por conta de um programa chamado PIDA. Eu
estou falando coisas que você nem perguntou...
Ministério Público Federal: Isso, mas desculpe...
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu vou ficar, eu vou ficar, eu vou voltar
para o texto agora, porque quando a gente começa...
Ministério Público Federal: Isso, exato.
Luiz Inácio Lula da Silva: Então ele me levou o Tourinho para me
conhecer.
Ministério Público Federal: Perfeito, aí voltando ao próprio texto...
Luiz Inácio Lula da Silva: Depois, eu quero lhe dizer que embora
eu não gostasse do Tourinho, depois do pouco tempo que eu convivi com ele eu
passei a gostar, porque era uma pessoa competente.
Luiz Inácio Lula da Silva: (Inaudível) reunido, essa e outras vezes.
Ministério Público Federal: O senhor se recorda o que tratou com
o João Vaccari nessa data?
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Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não, veja, em 2013 você pode ter
discutido o PT, você pode ter discutido a CNB que é uma tendência dentro do PT,
eu posso ter discutido a questão das eleições para deputado federal e estadual do
sindicato dos bancários que estava uma rara divergência interna...
Luiz Inácio Lula da Silva: 2 de junho ou 3 de junho?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, a primeira é 31...
Ministério Público Federal: 31 de março, isso.
Luiz Inácio Lula da Silva: A outra é dia 3 de... Não, 2/6, está certo.
Ministério Público Federal: Isso, 2 de junho.
Luiz Inácio Lula da Silva: Uma agenda para o dia 3.
Luiz Inácio Lula da Silva: Certamente encontrei, se está na minha
agenda eu encontrei.
Ministério Público Federal: O senhor se recorda qual foi o assunto
tratado?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
Ministério Público Federal: Certo.
Luiz Inácio Lula da Silva: Pode ser viagem, pode ser a economia
brasileira que nesse momento estava numa situação muito delicada, pode ser a
questão eleitoral.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
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Ministério Público Federal: Certo. Nessa data consta uma reunião
do senhor Léo Pinheiro as 17 horas e uma reunião antes com Sergio Machado, da
Transpetro, o senhor se encontrou também com Sergio Machado?
Luiz Inácio Lula da Silva: Na mesma data?
Ministério Público Federal: Isso, no dia 03/06, se o senhor puder
olhar mais abaixo, perdão, um pouco antes.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu estou com a data já de 25, me
desculpe, eu estou com uma data aqui...
Luiz Inácio Lula da Silva: Então é aqui, então é aqui, eu tinha
passado.
Ministério Público Federal: Isso, às 17 horas consta a reunião com
Léo Pinheiro, um pouco antes consta a reunião com o senhor Sérgio Machado.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não está aqui no meu anexo aqui.
Luiz Inácio Lula da Silva: O Sérgio Machado foi me convidar para
a inauguração de um navio, porque eu tomei uma atitude de colocar o nome no
navio de personalidades brasileiras, personalidades históricas. Por exemplo,
recuperar o nome do marechal negro Antônio Cândido, de colocar de Sérgio
Buarque, de colocar de pessoas muito importantes da política brasileira que
estavam esquecidas. E ele foi me levar alguns modelos, umas réplicas de navios já
feitos pela Petrobras.
Luiz Inácio Lula da Silva: Se está aqui devo ter me encontrado.
Ministério Público Federal: O senhor se recorda qual foi o assunto
tratado?
Luiz Inácio Lula da Silva: Por que eu teria que colocar dúvida?
Ministério Público Federal: O senhor se recorda qual foi o assunto
tratado?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não sei o que foi tratado não.
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Ministério Público Federal: Nesse dia consta reunião do senhor às
16 horas com Léo Pinheiro e uma reunião com João Vaccari Neto às 14h30m. O
senhor se recorda o que tratou, encontrou com João Vaccari nessa data?
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu não vou saber se eu encontrei com o
Vaccari em 25 de julho de 2014, agora se está aqui na agenda, e essa agenda foi
feita pelo meu pessoal, certamente eu me encontrei.
Ministério Público Federal: E o senhor se recorda o que tratou com
João Vaccari?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não sei, não sei.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não. Não.
Ministério Público Federal: O senhor tratou do triplex nessa data?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não. Eu vou até vou reforçar aqui, o
Vaccari nunca tratou comigo de triplex.
Ministério Público Federal: Perfeito. Vamos passar para o próximo
anexo, que é o documento anexo 44, prova documental juntada no evento 724
dessa ação penal, consta o registro de uma reunião em 13 de outubro de 2014, uma
reunião do senhor com o senhor Léo Pinheiro. O senhor de fato encontrou com
Léo Pinheiro nessa data?
Luiz Inácio Lula da Silva: Devo ter encontrado com Léo Pinheiro,
tudo que você perguntar que estiver aqui e essa agenda for a pega pela Polícia
Federal no Instituto, certamente aconteceu.
Ministério Público Federal: O senhor se recorda o que tratou com
ele?
Luiz Inácio Lula da Silva: Veja, muitas vezes nas conversas com o
Léo se discutia quando tinha viagem anteriormente, palestra, era palestra. Quando
tinha, nessa época aqui de 2014 o grande problema que as pessoas queriam discutir
era a situação econômica do país, do futuro do país, o que ia acontecer, muita
dúvida com relação à continuidade da companheira Dilma Roussef, o que ia
acontecer na economia, quem ia ser ministro da fazenda, quem (inaudível), não
apenas o Léo, muitos empresários, muitos.
Ministério Público Federal: O senhor tratou da operação lava jato
nesse encontro?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não. Deixa eu lhe falar uma coisa, eu
fico assim curioso com relação a...
Juiz Federal: Vou interromper um pouquinho, senhor expresidente,
pelo tamanho do áudio, mas nós já retomamos.
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Ministério Público Federal: Fique à vontade, senhor expresidente.
Luiz Inácio Lula da Silva: Quer dizer, toda a agenda que está aqui
eu parto do pressuposto que tenha acontecido. Agora pode não ter acontecido por
desmarcação da agenda dele ou minha. Como eu quero crer que não houve
desmarcação eu estou dizendo isso.
Ministério Público Federal: Perfeito. Eu vou prosseguir, então, que
é a última pergunta especificamente sobre essas marcações na agenda do senhor,
também foi juntado no evento 724, anexo 9, registros de contatos telefônicos no
dia 28 de outubro de 2014, 3 de novembro de 2014, 7 de novembro de 2014, entre
o senhor Léo Pinheiro e o senhor Paulo Okamotto. Em seguida, no dia 10 de
novembro de 2014, consta a marcação de reunião entre o senhor e o senhor Léo
Pinheiro, o senhor de fato encontrou com o senhor Léo Pinheiro nessa data?
Luiz Inácio Lula da Silva: Olha, eu sinceramente não tenho,
primeiro os telefonemas com relação ao Léo e ao Paulo Okamotto, os dois são
vivos, pode perguntar para eles. Com relação se eu encontrei com o Léo, vou
repetir a mesma coisa, eu parto do pressuposto que se está na minha agenda eu
posso ter encontrado e posso não ter encontrado.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, eu vou repetir outra vez para ficar
consignado, eu tratei do triplex com o Léo uma vez que ele foi no Instituto dizer
que eu tinha que visitar e o dia que eu fui visitar o prédio. Nunca mais tratei de
triplex, nem de quadruplex.
Luiz Inácio Lula da Silva: Procurador, eu não tinha contato com
diretores da OAS.
Ministério Público Federal: Então o senhor não comunicou?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Procurador, apenas um, não são dias
após, eu visitei o tal do triplex em fevereiro de 2014. Você está falando de
dezembro de 2014, não são dias, é quase 1 ano de diferença.
Luiz Inácio Lula da Silva: Após eu ter tido outras reuniões, o Léo
não tratava de triplex, o Léo tratava de empresa, o Léo tratava de economia.
Ministério Público Federal: Mas ele esteve com o senhor na visita
do triplex.
Luiz Inácio Lula da Silva: Mas não conversou sobre o triplex.
Ministério Público Federal: Ele não conversou com o senhor sobre
o triplex no dia em que...
Defesa: Data vênia já foi dito, quer dizer, há uma insistência na
pergunta.
Luiz Inácio Lula da Silva: Em outubro de 2013, quando ele foi ao
instituto e conversou comigo sobre o triplex, quando eu fui visitar o prédio em
fevereiro de 2014, nunca mais se conversou sobre triplex.
Defesa: Excelência, pela ordem...
Luiz Inácio Lula da Silva: Apenas para consagrar, eu conversei do
triplex com o Léo me parece que em outubro de 2013, quando ele foi ao Instituto.
Eu não tenho a data precisa. E só fui visitar o prédio em fevereiro de 2014, nunca
mais se conversou sobre o triplex.
Ministério Público Federal: Uma outra questão aqui, já encerrando
os questionamentos, senhor expresidente, o senhor mencionou que teve conversas
com o senhor João Vaccari. E aí eu pergunto ao senhor, depois que se tornaram
públicos depoimentos de colaboradores no sentido de que João Vaccari era a
pessoa responsável por receber vantagens indevidas no partido dos trabalhadores,
ou seja, no final do ano de 2014, início do ano de 2015, em alguma das
oportunidades em que o senhor esteve com João Vaccari o senhor indagou a ele
sobre isso, se de fato ele tinha recebido em nome do partido?
Luiz Inácio Lula da Silva: Primeiro, eu aprendi com vocês
advogados de que todo mundo é inocente até provar que ele é culpado. Portanto, o
Vaccari era tratado por mim como um dirigente nacional do partido dos
trabalhadores. E eu não conversava de finanças de PT, porque eu não era da
direção do PT, ponto.
Ministério Público Federal: Mas aí eu pergunto, foram diversas as
pessoas a indicar que ele teria recebido em favor do partido dos trabalhadores
vantagens indevidas. O senhor não perguntou se eram verdade os fatos,
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independente do julgamento ou não, o senhor não perguntou se de fato aqueles
fatos...
Luiz Inácio Lula da Silva: Ele sempre negou, ele sempre negou.
Ministério Público Federal: Então o senhor perguntou e ele negou,
é isso?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não importa se eu perguntei ou não. Ele
sempre negou, negou pela imprensa, negou publicamente, negou em encontro do
PT.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não é que eu não goste de
responder, é que o Vaccari não devia explicações a mim. Ele era da executiva
nacional do PT e eu não era. Ele era tesoureiro do PT e eu não era. E o PT não
tinha que prestar contas para mim das suas finanças.
Luiz Inácio Lula da Silva: Para acabar a nossa polêmica aqui
vamos dizer, eu perguntei e ele disse que não.
Ministério Público Federal: Então o senhor perguntou pra ele, e ele
disse que nunca recebeu?
Luiz Inácio Lula da Silva: É.
Ministério Público Federal: Perfeito.
Luiz Inácio Lula da Silva: Está bem assim?
Ministério Público Federal: Não, eu só gostaria que o senhor...
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, porque você precisava de qualquer
jeito de uma resposta, então eu estou dando, então ia ficar nesse trocadilho entre o
procurador e um expresidente, então eu quero resolver isso.
Luiz Inácio Lula da Silva: Espero que não seja por essa resposta
minha que eu seja condenado.
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Juiz Federal: Tem mais perguntas?
Ministério Público Federal: Sem mais perguntas, excelência.
Juiz Federal: O assistente de acusação tem perguntas?
Assistente de Acusação: Sem perguntas, excelência.
Juiz Federal: Os defensores que não os do próprio acusado tem
perguntas?
Defesa: Sem perguntas.
Defesa: Sem perguntas.
Defesa: Eu tenho, excelência.
Defesa: Excelência, pela ordem.
Juiz Federal: Querem fazer um intervalo de alguns minutos?
Defesa: Um intervalo de 2 minutos.
Juiz Federal: Certo, nós retomamos isso, essa questão dentro de 5
minutos.
Defesa: Isso mesmo, excelência.
dos demais acusados, não obstante esse direito ao silêncio eu indago aos
defensores se ainda assim querem fazer as perguntas para ficarem registradas ou
preferem não fazêlas?
Juiz Federal: Não deixálas registradas?
Defesa: Exatamente.
Defesa: Sem perguntas.
Juiz Federal: Sem perguntas?
Juiz Federal: Sim, eu vou deixar essa oportunidade. Senhor ex
presidente, então o seu interrogatório está chegando ao final, o senhor gostaria de
fazer alguma declaração ao final?
Luiz Inácio Lula da Silva: Gostaria.
Juiz Federal: Então, fique à vontade.
Luiz Inácio Lula da Silva: Gostaria. Bem, primeiro eu gostaria de
dizer que eu estou sendo vítima da maior caçada jurídica que um presidente, que
um político brasileiro já teve. Eu, quando fui eleito presidente da república em
2003, eu tinha um compromisso de fé, eu tinha consciência que eu não ia errar,
porque eu me espelhava no Walesa, da Polônia, que depois de ter sido sindicalista,
depois de ter sido presidente da república, ele foi presidente 4 anos e quando
tentou se reeleger teve apenas 0,5% dos votos. E eu dizia para mim todo santo dia
que eu não tinha o direito de errar, porque se eu errasse a classe trabalhadora nunca
mais iria eleger alguém do andar de baixo, nunca mais. Presidência da república
não foi feita para metalúrgico, não foi feita para quem não tinha diploma
universitário, não foi feita para quem só tinha diploma primário e era torneiro
mecânico. Eu pacientemente assumi a presidência da república quando todos os
intelectuais brasileiros e sobretudo os economistas diziam que o país ia acabar, que
o país não se sustentava, que o país não tinha dinheiro para pagar as suas
importações, o país não tinha dinheiro, devia 30 bilhões a FMI, e todo final de ano
era obrigado alguém correr o mundo para pegar dinheiro pra fazer o fechamento de
caixa.
Juiz Federal: Só, senhor expresidente, assim, as declarações finais
não são para ser declarações políticas.
Luiz Inácio Lula da Silva: Mas eu vou, eu vou...
Juiz Federal: São relativas ao processo.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor Moro, eu espero, eu espero que
o senhor tenha paciência...
Defesa: Peço a condescendência de vossa excelência...
Luiz Inácio Lula da Silva: Espero que tenha paciência, doutor
Moro...
Defesa: Por alguns minutos, excelência.
Juiz Federal: Só, senhor expresidente, para esclarecer, assim, que
não sei quanto vai durar o seu pronunciamento final, não é para fazer uma
apanhagem do que o senhor fez no seu governo, prestação de contas.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não...
Juiz Federal: Não é programa eleitoral.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu estou sendo julgado pelo que eu fiz
no governo. Eu estou julgado pela construção de um power point mentiroso, que
aquilo é ilação pura. Aquilo deve ter sido um ou alguns cidadãos, com todo
respeito, que, desconhecendo a política, fizeram um power point, porque já tinha
tese anterior de que o PT era uma organização criminosa, que o Lula por ser
presidente era o chefe e que, portanto, o Lula montou o governo psra roubar. Essa é
a tese do contexto que está colocada. Essa é a tese do contexto, então a tese é
eminentemente política. Eu sou obrigado a dizer o que foi feito comigo, eu sou
obrigado a dizer, eu tenho 71 anos de idade, tenho 5 filhos e 8 netos, e nunca
ninguém que me acusou respeitou que netos meus de 5 anos estão na escola, de
netos de 4 anos que estão na escola, e que sofrem bullying todo santo dia por conta
de mentiras, por conta de mentiras. Os outros depoimentos, das pessoas que
citaram meu nome, qual eram as manchetes do dia seguinte? Qual era o tratamento
que o Jornal Nacional dava à figura do Lula? Era a de criminalizado, ou seja, é
preciso criminalizálo independentemente de daqui a 2 anos de ele provar que é
inocente. Então, doutor Moro, é importante que o senhor saiba, isso aqui, doutor
Moro, de março de 2014 para cá são 25 capas na "Isto É" criando a imagem de
monstro do Lula. A revista "Veja" tem 19 capas e a "Época" 11 capas. As capas são
apenas fechamento da matéria, porque dentro é demonizando Lula. As pessoas
nunca, os meus acusadores nunca tiveram 10% do respeito que eu tenho por eles.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, eu falo os vazamentos que saem
para a imprensa, eu falo dos vazamentos que saem para a imprensa, porque
determinadas coisas são feitas, eu conheço os vazamentos, eu sei dos vazamentos.
Eu sei o, é como se o Lula estivesse pela imprensa, pelo Ministério Público, sendo
procurado, procurase vivo ou morto.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Não, deixa eu lhe falar uma coisa, é
porque, doutor Moro, eu vou chegar lá. Se o senhor tiver um pouco de paciência,
um pouco de paciência, eu sei que o senhor é muito jovem, jovem tem menos
paciência do que velho, mas um pouquinho de paciência. O que eu disse da revista
eu vou dizer para o senhor o que significa a imprensa, os jornais. A Folha de São
Paulo nesse mesmo período teve 298 matérias contra o Lula e apenas 40
favoráveis. Tudo com informações da polícia ou do Ministério Público. Eles não se
auto assumem, eles culpam alguém. O Jornal O Globo, que é o mais amigo, tem
530 matérias negativas contra o Lula e 8 favoráveis. O Estadão que é mais amigo
ainda tem 318 matérias contrárias e 2 favoráveis. Aliás esses jornais parece que
tem gente que tem mais informações do que os advogados de defesa, do que os
advogados de acusação, porque tudo passa por eles antes, durante e depois. E eu
pacientemente venho assistindo, só o Jornal Nacional, para o senhor ter uma
ideia...
Luiz Inácio Lula da Silva: Mas, doutor, doutor, eu vou chegar
aonde o senhor deseja, eu vou chegar aonde o senhor deseja que eu chegue, doutor.
Eu vou jogar, eu vou jogar, só o Jornal Nacional foram 18 horas e 15 minutos nos
últimos 12 meses, 18 horas. Sabe o que significa 18 horas falando mal de um
cidadão? Significa 12 partidas de futebol entre Barcelona e Atlético de Madri.
Juiz Federal: Eles não divulgaram sobre os outros também, não
divulgaram sobre os outros?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não, é que a gente nunca pega
todos, porque, eu estou falando apenas do Jornal Nacional que é mais importante,
mas eu podia pegar bom dia café, bom dia almoço, bom dia não sei das quantas,
bom dia janta, jornal das onze, jornal das dez, em todos os canais de televisão. E eu
acho que o objetivo é tentar massacrar esse cidadão. Esse cidadão tem que pagar
um preço por existir. Esse cidadão cometeu um erro em provar que esse país pode
dar certo. Se alguém tem vergonha da Petrobrás, doutor Moro, eu tenho orgulho de
ter feito a Petrobrás ser a empresa extraordinária que foi. Eu tenho orgulho da
Petrobrás de ter 3 bilhões de investimento por ano para chegar a 30 bilhões, tenho
orgulho. Tenho orgulho da contratação de funcionários pela Petrobrás. Se dentro da
Petrobrás teve alguém que roubou que pague pelo roubo, mas eu tenho orgulho do
que eu tentei fazer, e sobretudo depois da descoberta do présal. Mas é
imperdoável o processo de perseguição. É imperdoável, quer dizer, eu confesso ao
senhor que eu esperava que houvesse mais respeito por um homem que deu a este
país a dignidade que ele não tinha há muito tempo atrás. Dignidade ao Ministério
Público, dignidade à Polícia Federal, dignidade às instituições de justiça. Inclusive
junto com o poder judiciário, junto com o presidente da Suprema Corte e com o
presidente do Superior Tribunal de Justiça criar alguma coisa para poder facilitar o
funcionamento da justiça. Todas as leis que nós fizemos nesses últimos anos eu
tenho orgulho. E não me sinto vítima dela, eu tenho orgulho. Eu quando indiquei
um ministro da Suprema Corte, doutor Moro, eu não (inaudível) para ele votar
favorável a mim. Eu nunca pedi para votar. Aliás nunca pedi pra ninguém.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Eu sei, não foge não, doutor, não foge,
doutor...
Juiz Federal: O senhor expresidente...
Luiz Inácio Lula da Silva: Não foge, doutor, sabe por que, doutor?
Luiz Inácio Lula da Silva: Não, não, não, doutor...
Luiz Inácio Lula da Silva: Esse é que é o problema, doutor, esse é
que é o problema. É que na medida em que foi feito uma acordo de que não é
possível você na lava jato condenar pessoas, políticos importantes ou pessoas ricas
sem o apoio da imprensa, se adotou a política de primeiro a imprensa criminalizar.
Ou seja, a polícia, algumas das pessoas que são acusadas e ninguém é atacado 10%
do que eu sou atacado, ninguém, ninguém, ninguém nesse país. Se juntar, se juntar
a cara do Barusco que roubou não sei quantos milhões não aparece 1% do que
aparece a minha cara que não roubei 1 centavo. Isso eu esperava que o Ministério
Público numa audiência como essa, na sua presença, trouxesse aqui o direito
jurídico de propriedade. “Está aqui, se o senhor Lula disse que não dele, está aqui,
olha, o documento, ele comprou, pagou, tem escritura pronta”. Agora fulano disse
que não sei quem disse que não sei disse. Esse negócio de olhar um prédio e não
comprar, doutor, outro dia eu falei para o jornalista Kennedy, certamente o senhor
já deve ter ido em loja com a sua mulher pra comprar sapato e certamente ela
escolheu umas 30 caixas, o coitado desceu caixa, deixou caixa, e ela experimentou
40, não gostou de nenhum e foi embora, o vendedor deve ter ficado muito nervoso
com ela, deve ter até xingado pelas costas, mas ela não comprou e nem leva o
sapato que ela experimentou”. Então o que eu quero é que se pare com ilações e
que me diga qual é o crime que eu cometi. O crime não é conversar com alguém na
agenda. O crime não é ter ido ver um triplex. O crime, doutor, eu cometi se eu
comprei o apartamento, se tem documento que eu comprei, se me deram a chave,
se eu dormi lá alguma vez, se a minha família dormiu, se tem escritura pública.
Como é que alguém pode imaginar em sã consciência, doutor Moro, que um
cidadão compra um apartamento que vale 10 e depois declarou no imposto de
renda 5 anos seguidos, e depois aparece um apartamento que vale 20 sem nenhuma
explicação.
Juiz Federal: Mas, senhor expresidente, a questão aqui, a acusação
está posta pelo Ministério Público na denúncia, evidentemente o senhor tem a
oportunidade de se defender, mas o Ministério Público afirma que tenha havido
corrupção e lavagem...
Defesa: Excelência...
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Juiz Federal: Lavagem de dinheiro para ocultação de patrimônio.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eles têm que provar...
Defesa: O que ele tem em sua autodefesa.
Luiz Inácio Lula da Silva: Não basta alguém levantar uma tese e
uma pessoa ser processada, essa pessoa ser massacrada nos meios de comunicação,
não basta, doutor. Então, eu quero dizer para o senhor que eu sou um homem que
fui presidente 8 anos, respeitei as leis como nenhum presidente respeitou. Fiz mais
novas leis como nenhum presidente fez. Batalhei para que acabasse com a
corrupção junto com o ministro Márcio Thomaz Bastos e o ministro Tarso Genro.
E participarei de todas as audiências, porque se tem um brasileiro que deseja contar
a verdade sou eu, se tem um brasileiro. Agora, o que eu gostaria, e é uma coisa que
me magoa profundamente, é que o cidadão passasse matéria para a imprensa
depois do cidadão ser julgado. Ele roubou mesmo e foi condenado, o senhor não
acompanha quantas matérias de jornais já me condenou, quantas páginas de
jornais, sem nenhum respeito a nenhum familiar meu.
Juiz Federal: Certo, mas aí nós estamos na questão da imprensa
novamente...
Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor, a imprensa tem a ver, porque a
imprensa é o principal julgador disso.
Juiz Federal: Não é isso não.
Luiz Inácio Lula da Silva: A imprensa é o principal julgador, veja,
eu sei que o senhor vai dar a decisão final como juiz...
Juiz Federal: Mas isso...
Luiz Inácio Lula da Silva: Mas, veja, se não fosse o Lula ser o que
ele é, ter a relação com o Brasil que ele tem, nenhum cidadão brasileiro aguentaria
10% do que eu estou agüentando. É só assistir o Jornal Nacional hoje o senhor vai
ver. Então o que eu quero é que se tenha respeito comigo. Se tenha respeito, se eu
cometi um crime prove que eu cometi um crime, apresente à sociedade e o Lula
será punido tanto qualquer cidadão brasileiro que é punido, um juiz, um presidente,
um desembargador, todo mundo é punido, mas, pelo amor de Deus, apresentem
uma prova, apresentem, chega de disse que disse. Eu tenho um amigo que é um
metalúrgico, se o senhor conhecer ele o senhor vai gostar que ele tem a seguinte
filosofia, o importante é o principal, o resto é secundário. Então, por favor, contra
mim vamos utilizar o principal, vamos dizer, o Ministério Público tem algum
documento que mostra que eu comprei o apartamento, tem alguma escritura, foram
em alguma imobiliária lá em Santos, foram em algum lugar, pelo amor de Deus
mostrem. O meu problema não é os adversários. O meu problema é que eu tenho
um neto de 4 anos que me pergunta. Eu tenho um neto de 5 anos que me pergunta.
Então se vocês não têm respeito pelos meus, eu quero que vocês tenham pelos de
vocês e não vazem o tanto que vocês vazam para a imprensa. Eu vi aqui...
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Luiz Inácio Lula da Silva: Eu estou falando em dois minutos,
doutor Moro...
Juiz Federal: Não, o senhor está fazendo um discurso político.
Luiz Inácio Lula da Silva: Eu estou falando em dois minutos,
doutor Moro, o que se fala de mim há anos, doutor Moro.
Juiz Federal: Mas, assim, senhor expresidente, tem uma acusação,
essa acusação é pública, essa acusação pela Constituição e pelas leis não tem como
manter sigilo sobre ela. Então não existe vazamento em relação a essas ações
penais.
Luiz Inácio Lula da Silva: Como que não tem como manter sigilo
doutor?
Juiz Federal: Não existe como.
Luiz Inácio Lula da Silva: O que tem é vazamento proposital.
Juiz Federal: Não, essa ação penal é pública.
Luiz Inácio Lula da Silva: Tem muitos jornalistas, que eu não vou
citar o nome para não valorizálos, que eles sabem do que vai acontecer um dia
antes. Eu poderia citar o Fausto lá do Estadão. Eu poderia citar a revista Veja. Eu
poderia citar um tal de blog que tem nos Estados Unidos de um cidadão que sabe
das coisas três dias antes de acontecer. E meus advogados precisam vir aqui
implorar para saber. Há um interesse de vazar, doutor Moro, porque esse
julgamento ele tem que ser pela imprensa, senão é difícil. Agora, qual é problema,
eu vou terminar para não tomar o tempo de ninguém aqui, qual é o problema,
doutor Moro. É que essa situação está difícil sabe, doutor. Eu vou lhe dizer uma
coisa para ficar com a minha consciência leve, o comprometimento da justiça e o
comprometimento da acusação com a imprensa está levando a um impasse. Porque
alguns canais de televisão e alguns jornais fizeram disso a sua peça principal de
notícia. E eles estão com dificuldades de como é que isso vai acabar se esse tal de
Lula for inocente. Como é que nós vamos prestar contas aos nossos
telespectadores, aos nossos ouvintes, se de repente esse Lula não cometeu o crime
que disseram que ele cometeu, porque esse é o problema da mentira, que depois
não tem como voltar atrás.
Juiz Federal: É essa a finalização?
Luiz Inácio Lula da Silva: Então eu queria só pedir aos meus
acusadores que levem em conta que vocês são muito jovens e que vocês têm muito
tempo pela vida. E o Ministério Público, que é uma instituição que ninguém
respeita como eu respeito, não foi feito para isso. A acusação tem que ser séria,
tem que ser fundamentada. Ela não pode ser especulativa. E hoje a acusação é
muito mais feita pelas capas de jornais, pela capa de revista e pela imprensa, do
que os dados concretos das perguntas que vocês me fizeram. Sinceramente, pelas
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2017-5-26 Evento 885 - TERMOTRANSCDEP1
perguntas que vocês me fizeram o doutor Moro não deveria nem ter recebido essa
acusação. De qualquer forma, eu sou apenas um, sou um cidadão, estou
subordinado à justiça, à lei e à Constituição. E virei aqui, doutor Moro, sem
nenhum rancor, todas as vezes que for necessário, só espero que tenham respeito
por esse país, pelo povo brasileiro, e não contem nunca uma mentira a meu
respeito. Muito obrigado, doutor Moro.
Luiz Inácio Lula da Silva: Doutor Moro eu espero. Espero, porque
o dia em que uma nação...
Luiz Inácio Lula da Silva: O senhor sem querer talvez entrou nesse
processo. Sabe por que?
Juiz Federal: Hum.
Luiz Inácio Lula da Silva: Por que o vazamento de conversas com
a minha mulher e dela com os meus filhos, foi o senhor que autorizou. Eu não
tinha o direito de ter minha casa molestada sem que eu fosse intimado para uma
audiência doutor. Ninguém nunca me convidou, de repente eu vejo um pelotão da
Polícia Federal, quando eu saí levantaram até o colchão da minha casa, achando
que eu tinha dinheiro doutor. Então deixe eu lhe falar uma coisa doutor, eu espero
que essa nação nunca abdique de acreditar na justiça. Agora eu queria lhe avisar
uma coisa, esses mesmos que me atacam hoje, se tiverem sinais de que eu serei
absolvido, preparese, porque os ataques ao senhor vão ser muito mais forte do que
eles fazem até ministros da Suprema Corte, que não pensa como pensa a impressa
brasileira.
Defesa: Pela ordem.
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Luiz Inácio Lula da Silva: Assim que eu espero doutor Moro.
Juiz Federal: Então, pode encerrar a gravação.
Documento eletrônico assinado por IVANICE GROSSKOPF, Servidora de Secretaria, na forma do artigo
1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março
de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador
700003387058v2 e do código CRC e758c1dc.
Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): IVANICE GROSSKOPF
Data e Hora: 24/05/2017 15:43:41
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