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TOLEDO – PR
2017
GABRIEL ARIENTI BARBIERI
Oeste do Paraná.
TOLEDO – PR
2017
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CHÂTELET, François. Hegel. Tradução: Alda Porto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,
1995.
1. OS TRABALHOS DE JUVENTUDE
“Dos vinte e três aos trinta e um anos – quando preceptor em Berna, e depois em Frankfurt –
Hegel, ainda inteiramente mergulhado em seus estudos de teologia [...]” (pag. 21)
“Em termos mais amplos, impõe-se o problema filosófico e histórico da passagem do mundo
pagão para o universo cristão, [...]” (pag.21)
“Há, a partir de 1801, o ingresso na arena teórica, com a publicação ... do texto sobre a
Diferença entre os sistemas filosóficos de Fichet e Schelling em relação a uma visão de
conjunto mais livre sobre o estado da filosofia no começo do século XIX, [...]” (pag.22)
“Hegel não deixará de apoiar a crítica radical a Kant e a Fichet [...] e o questionamento a
Schelling” (pag. 22)
“Ele encontra suas raízes em outra parte, num lugar cuja determinação remete ao destino
mesmo da metafísica, isto é, do pensamento no Ocidente (ou caso se prefira, da Lógica, no
sentido forte e preciso do termo).” (pag. 23)
“‘Hegel foi uma espécie de super-Kant, integrando e fazendo frutificar, à sua maneira dialética,
as duas partes da herança do pensador de Koenigsberg [...]. Hegel não ‘concilia’ nem
‘ultrapassa’ [...]. É teórico e, como tal, esforça-se teórica e empiricamente para resolver
problemas dispostos na tradição e no presente, e que vão além, de qualquer modo, de
disputas doutrinais. ’’ (pag. 24)
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1.2 O CONTEXTO INTELECTUAL
“A Alemanha, que foi profundamente convulsionada, reencontra sua ordem, seus sonhos, e a
realidade” (pag.26)
“Bastaria uma metafísica adequada para que essas autenticidades e essas carências parciais
se organizassem e, destruindo-se mutuamente, se completassem. O modelo metafísico
legado pela tradição não poderia, contudo, ter essa função: Ele está inteiramente impregnado
de divagação e incerteza. É preciso definir uma nova metafísica que, precisamente, não seja
metafísica. ” (pag.35)
“O que antes se chamava metafísica foi radicalmente extirpado e desapareceu da série das
ciências. ” (pag. 35)
“A lógica objetiva toma o lugar da velha metafísica, que formava um corpus científico
consagrado ao mundo e feito apenas de pensamentos. ” (pag. 36)
“O importante para nós agora, [...] é definir a pratica que tem as melhores chances de atualizar
esse objetivo teórico do discurso universal. Essa prática é a da legitimação, e seu ato é,
precisamente, o diálogo. “ (pag. 40)
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‘’Donde: não é por acaso nem por motivos estilísticos contingentes que o pensamento
filosófico, senhor de si, se manifesta pela primeira vez como diálogo. Este (e a dialética que
ele implica) é, por assim dizer, a forma necessária na e pela qual se constitui a universalidade.
” (pag. 40)
“Cálices [...] obriga o filósofo a torna-se metafísico, a passar da ideia da universalidade para
a da verdade. “ (pag. 41)
“É preciso supor que existe outro mundo [...]. Aliás, o ser humano, quando consegue livrar-se
de suas paixões, o experimenta. [...]. É preciso que, além dessa realidade que se mostra
espontaneamente, exista uma realidade estável e ordenada, à qual não se chega, sem dúvida,
facilmente, mas cujo peso de ser confere consistência ao discurso filosófico; caso contrário,
só nos resta entregarmo-nos à injustiça e à violência. ” (pag. 41)
“A filosofia tornada metafísica está, pelo menos em relação à pesquisa das raízes da
empreitada hegeliana, suficientemente definida. Seu projeto, a Ciência, que diz o que é, tal
como é; sua prática teórica: a constituição de um agente, locutor ou escritor, capaz de legitimar
o que apresenta; seu objetivo: reduzir a violência e mostrar que ela não passa de estupidez;
seu objeto: o Ser; seu instrumento: a Razão; seu método empírico: o diálogo (que logo se
transforma em cursos, que dão lugar a livros, fixando as palavras dos diálogos ou dos cursos).
“ (pag. 43)
“O transmundo das essências não é apenas o objeto do discurso universal; tem como função
conferir ao existente, ao que cada um percebe e deseja imediatamente, uma inteligibilidade
que, como tal, reestabeleça a ordem. A essência é razão do existente;” (pag. 44)
“Nesse triunfo, a razão se esgota; tomando tantos empréstimos compromete-se. [...[ O físico,
na verdade, introduz um tipo de experiência que nada tem a ver com a da contemplação e
pouco a ver com a intersubjetividade. ” (pag. 45)
“O surgimento da física, em seu duplo status de disciplina teórica e pesquisa empírica põe de
novo a metafísica [...] em desequilíbrio” (pag. 46)
“Ser metafísico, o homem se realiza apenas no domínio prático: sem nenhuma prova,
ademais, pode ser dada do sucesso desse empreendimento, a não ser aquela que o sujeito
dá a si mesmo ao se conhecer como efetuação da lei moral.” (pag. 47)
“Nós anunciamos: é com a ajuda da metafísica que Hegel vai sair das contradições nas quais
se esgotam o kantismo e o antikantismo. ” (pag. 49)
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“Dá-se ai, pela primeira vez na cultura ocidental [...], a separação com rigor entre a Ciência
que pretende realizar a decisão filosófica e a operação metafísica.” (pag. 51)
“Sigamos esse fio condutor, tão esticado, na aparência, que já o vemos romper-se e façamos,
rapidamente, a experiência da prática teórica que ele indica. Comecemos pelo mais fácil e
leiam este, que está bem no início a primeira parte do livro I da Ciência da Lógica:
A. O SER: O Ser, o Ser puro. Sem determinação, igual a si, não é diferente de outra
coisa, e ignora toda diferença, dentro e fora de si.
B. O NADA: O nada, o puro Nada: igualdade consigo mesmo.
C. O DEVIR: A unidade do Ser e do Nada: O Ser puro e o Nada puro são pois a mesma
coisa.
“Mais realista que o rei, mais metafísico que Platão, mais lógico que Aristóteles, mais
apaixonado pela universalidade que Descartes e Leibniz, [...] Faltava o homem, o homem
emírico, como o concebe o ultrametafísico Hegel” (pag. 67)