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RIMAS
Rôssi Alves
RIODE
RIMAS
Rôssi Alves
curadoria
Heloisa Buarque de HollandA
consultoria
Ecio Salles
coordenação editorial
Camilla Savoia
projeto gráfico
Flavia Castro
RIO DE RIMAS
produção gráfica
Sidnei Balbino
revisão
Camilla Savoia
CECILIA COSTA
revisão tipográfica
Camilla Savoia
TATIANA LOUZADA
fotos da capa
Roda Cultural do Méier (Crédito: Fábio Teixeira)
Arte do CCRP (Crédito: Gustavo Chs)
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
A482r
Alves, Rôssi
Rio de Rimas/Rôssi Alves. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Aeroplano, 2013.
128 p.: il.; 19 cm. (Tramas urbanas)
ISBN 978-85-7820-105-0
1. Hip-hop (Cultura popular) - Brasil. 2. Rep - (Música) - Brasil. 3. Movimentos da
juventude. I. Título. II. Série.
01/11/2013 05/11/2013
aeroplano@aeroplanoeditora.com.br
www.aeroplanoeditora.com.br
A ideia de falar sobre cultura da periferia quase sempre este-
ve associada ao trabalho de avalizar, qualificar ou autorizar a
produção cultural dos artistas que se encontram na periferia
por critérios sociais, econômicos e culturais. Faz parte da per-
cepção de que a cultura da periferia sempre existiu, mas não
tinha oportunidade de ter sua voz.
TAMUJUNTO!!!
cap.01 Os fazimentos que me fizeram
SUMÁRIO
15 PREfÁCIO - NUNO DV
Nuno DV
15
Rima é assim
Um trabalho instável
Além de ser convincente
Também tem que ser impecável.
(Nissin Oriente)
01.
Um lugar
de batalha
pelo rEp
1
cap.01 Um lugar de batalha pelo rEp
1 Adotarei a forma rep (ritmo e poesia) neste livro, em detrimento de rap (rhythm
and poetry), tendo em vista ela assim ser tratada por muitos integrantes do movi-
mento carioca e por considerá-la mais aderente ao formato que o movimento to-
mou no Brasil — ativista, irreverente, preocupado em criar uma estética brasileira.
Ou seja, é uma forma de respeitar uma atitude e me aproximar, também, do modo
19
como o rep é apresentado pelo CCRP (Circuito Carioca de Ritmo e Poesia).
RIO DE RIMAS
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RIO DE RIMAS
Era uma escola de rima que abria espaço para MCs desco-
nhecidos, promovia debate, com ativa participação do público,
que atualmente sustenta a cena rep independente. O Reci-
clando propunha batalhas em que houvesse investimento
no intelecto do MC. Por isso, considero-o a aula de rima, en-
quanto a Batalha do Conhecimento era a prova, para os MCs.7
03.
A tradicional,
a tradicional...
Batalha
do Real!
24
cap.03 A tradicional, a tradicional... Batalha do Real!
Batalha de MCs.
Crédito: acervo pessoal
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cap.03 A tradicional, a tradicional... Batalha do Real!
Pelo fato de ter muitas crianças, não faz sentido fazer uma
batalha de sangue. A gente faz uma batalha temática, nos
moldes da Batalha do Conhecimento do MC Marechal. Ele
sabe e dá a maior força pra gente. Aqui não é Lapa: há pou-
cas opções de cultura. Além disso, a nossa realidade é di-
ferente da realidade das gangues, nossas necessidades são
outras. Por isso, as batalhas de sangue aqui no nosso co-
tidiano acabam perdendo o sentido e servindo antes como
um exercício do ego do que como um meio pacificador. Po-
demos evoluir, dar um passo maior com a batalha temá-
tica. Nos sentimos influenciados pelo Marechal e também
procuramos atuar com independência, fibra ética, moral,
algo peculiar dentro do hip-hop, nos dias de hoje. O exemplo
que temos do Marechal, isso representa muito para o nos-
so trabalho. É o tipo de força e inspiração que buscamos.9
(Aline Pereira)
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RIO DE RIMAS
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cap.03 A tradicional, a tradicional... Batalha do Real!
Este ano, por conta dos dez anos de Batalha do Real, a moda-
lidade de seleção dos participantes foi alterada. Até recente-
mente, os 16 primeiros inscritos no dia, no local da batalha, é
que participavam. Agora, há uma reserva de 11 vagas para os
vencedores de batalhas que realizam-se nas rodas/batalhas
semanais. Ficando assim a distribuição das vagas:
1. Batalha do Real 10 anos
2. Batalha da Caixinha — Marechal Hermes
3. Batalha do bairro de Fátima — Centro
4. Movimento Enraizados — Morro Agudo
5. Quarta Under — Jacarepaguá
6. Roda Cultural da Ilha — Ilha do Governador
7. Roda Cultural do CDC — Petrópolis
8. Roda De São Gonçalo — Batalha do Tanque
9. Roda de Rima de Vila Isabel — Vila Isabel
10. Roda de Rima de Volta Redonda — Volta Redonda
11. Roda Racional da Tim Maia — Recreio
12 Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=ANKtz1h3EXo. 31
RIO DE RIMAS
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RIO DE RIMAS
Arte do CCRP.
Crédito: Gustavo Chs
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cap.04 Circuito Carioca de Ritmo e Poesia,o CCRP
Filipe Ret, rapper que leva multidões aos seus shows, que
tem, entre seguidores e amigos no Facebook, mais de 5000
pessoas, e que faz shows por todo o país, não pode ser tra-
tado, exatamente, como um artista underground ou um ini-
ciante. Entretanto, faz um trabalho incessante de divulga-
ção nas rodas. Quando se apresentou, em janeiro de 2013,
na Roda Cultural do Méier, reuniu cerca de 800 pessoas,
segundo os organizadores Don Allan Marola, Fabio Broa e
Fabricio Mello.18
42
cap.04 Circuito Carioca de Ritmo e Poesia,o CCRP
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05.
As rimas do Rio
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RIO DE RIMAS
(Black Alien)26
28 MC Bola acredita que grande parte do sucesso das rodas de rima formadas
sob os Arcos da Lapa, com o fim do CIC, se deve à ausência do microfone, o que
favorecia a performance dos mais tímidos.
50 29 Disponível em: https://www.facebook.com/LiteraturadoRap?fref=ts.
cap.05 As rimas do Rio
(Essiele)30
06.
Métrica,
ritmo
e rimas
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cap.06 Métrica, ritmo e rimas
(Nissin Oriente)
Henrique:
Sem trairagem, não pode traição
porque o encontro de duas almas não é à toa não
é amor pela flor
o amor de todo compositor.
Taz Mureb:
Os “homi” adora fala mal de “mulé”
mas tá solteiro às vezes porque nenhuma te quer
Tu tá ligado qual é, chega mina de boné
e freestyle verdadeiro, mano, é muita fé.
Squizo:
Mas na moral, melhor tu parar de ser bobo
traição e perdão é igual traição de novo
é um recado, homem que não presta
mas tem mulher também que acha que
é santa mas tá escrito “puta” na testa.
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cap.06 Métrica, ritmo e rimas
(Nuno DV)
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cap.07 O público: um júri passional
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Batalha do Real.
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08.
“Tua rima
é decorada!”:
ofensa maior
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cap.08 “Tua rima é decorada!”: ofensa maior
(Autor desconhecido)
70
cap.08 “Tua rima é decorada!”: ofensa maior
09.
Manifestação
da literatura
carioca
72
cap.09 Manifestação da literatura carioca
(Rico Neurótico)43
[...]
Foi assim no começo
eu aprendi com os tropeços
Adquiri experiência,
sei bem o que eu mereço
Porque talento é do berço,
do esperma até os avessos
Não tô lançando CD,
tô preparando arremesso
Não tô quebrado com gesso
nem derrotado na lona
Tô preparando o ataque
e várias noites de insônia.
[...]
(M Souza)
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10.
Quando
parnasianos
e modernistas
se encontram
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cap.10 Quando parnasianos e modernistas se encontram
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RIO DE RIMAS
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cap.10 Quando parnasianos e modernistas se encontram
(Nissin Oriente)
84
Roda Cultural de Engenho do Mato.
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RIO DE RIMAS
11.
De onde vêm
as rimas?
86
cap.11 De onde vêm as rimas?
(Gil Metralha)
59 Idem.
60 Idem. 89
RIO DE RIMAS
(Allan Benevenutto)61
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Palco da Batalha do Real.
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Roda Cultural do Méier.
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13.
Gestão
criativa do
espaço público
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102
Praça em Engenho do Mato.
103
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66 Entrevista realizada pela autora com Djoser em 11/7/2012.
cap.13 Gestão criativa do espaço público
14.
Roda Cultural
do Méier —
máximo respeito
108
cap.14 Roda Cultural do Méier — máximo respeito
110
cap.14 Roda Cultural do Méier — máximo respeito
111
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15.
Uma outra
instância de
legitimação:
as redes sociais
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16.
Vem pra rua,
vem e traz sua
arte também!
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cap.16 Vem pra rua, vem e traz sua arte também!
121
Roda Cultural Soul Pixta.
Referências bibliográficas
CANCLINI, Néstor G. Culturas híbridas. Trad. Ana Regina Lessa e Heloísa Pezza
Cintrão. São Paulo: Edusp, 1998.
CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2006.
CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet. Trad. Maria Luiza Borges. Rio de Janeiro:
Zahar, 2003.
HABERMAS, Junger. Mudança estrutural de esfera pública. Trad. Flavio Kothe. Rio
de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2000.
SEABRA, Odete; CARVALHO, Monica de; LEITE, Jose Correa. Entrevista com Milton
Santos. São Paulo: Editora Funadação Perseu Abramo, 2000.
ZUMTHOR, Paul. A letra e a voz: a literatura medieval. São Paulo: Companhia das
Letras, 1993.
___. Performance, recepção e leitura. São Paulo. Cosac & Naify, 2007.
___. Introdução à poesia oral. Trad. Jerusa Pires Ferreira; Maria Lucia Diniz Po-
chat; Maria Ines de Almeida. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
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Referências bibliográficas
Aori Sauthon
https://www.facebook.com/mclapa?fref=ts
Filipe Ret
https://www.facebook.com/FilipeRet?fref=ts
MC Marechal
https://www.facebook.com/vamosvoltararealidade?fref=ts
Nuno DV
https://www.facebook.com/nunodv?fref=ts
Rico Neurótico
https://www.facebook.com/riconeurotico?fref=ts
Sahel Klibre
https://www.facebook.com/sahelklibreoficial?fref=ts
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As narrativas da cidade e suas estratégias de legitimação
sempre exerceram sobre Rôssi enorme fascínio. E foi tra-
balhando com adolescentes, em sala de aula, que deu início
a pesquisas nessa área, mais propriamente com os bailes
de corredor, nos anos 1990. Verificar aquela cena, discuti-la
com os protagonistas daquele espetáculo foi categórico
para o seu percurso acadêmico. Funk, literatura marginal,
rep, rodas culturais e batalhas de rima, espaços culturais
alternativos e outros signos de uma cidade suburbana são
experimentados com prazer, desafio e reflexão em seus
trabalhos.