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CUSTOS E RENTABILIDADE
6
CUSTOS PARA ANÁLISE DE
RENTABILIDADE
Uma empresa, conforme se apresenta na figura 6.1, pode ser visualizada como um
grande processo físico-operacional que consome recursos gerando produtos e serviços. Esse
modelo operacional é transformado em um modelo econômico através da mensuração
econômica dos recursos e dos produtos. Os recursos podem ser classificados em duas
categorias: recursos variáveis e recursos fixos. Os recursos variáveis são aqueles que
podem ser correlacionados com a unidade do produto fabricado. Esses recursos possuem
uma característica fundamental, qual seja: aumentam ou diminuem em função do aumento
ou diminuição do volume físico de produção/vendas do produto a que se relaciona. Os
recursos variáveis são objetivamente identificados com a unidade de produto e se expressam
natural e automaticamente através de valores unitários ou de percentuais em relação ao
preço do produto.
Os recursos fixos estão associados diretamente com a capacidade instalada da
empresa, ou seja, com a sua estrutura e não podem ser a associados, com a unidade de
produto. Esses recursos possuem as seguintes características básicas: aumentam ou
diminuem em intervalos de volumes de produção; podem ser identificados com diferentes
objetos, exceto a unidade de produto; e se expressam natural e automaticamente através de
valores totais relacionados ao período de tempo. Deve ser observado que a ocorrência dessa
natureza de recurso depende fundamentalmente de decisões do passado. Podemos
visualizar graficamente o modelo econômico da empresa da seguinte forma:
Figura 6.1
Custo
Receita
Total
Total
Recursos
Variáveis
Produtos
Recursos
Fixos
Capacidade Instalada
Lucro
Total
O lucro corresponde à diferença entre a receita total e o custo total. Uma consideração
muito importante é que não existe lucro por produto, simplesmente porque não existe custo
fixo por produto. No nível do produto existe a margem de contribuição. O lucro da empresa
é expresso em valores totais referente a um período de tempo. O montante de lucro está
intimamente associado à capacidade instalada da empresa, ou seja, quanto maior o volume
de ativos operacionais disponíveis, derivado da estrutura instalada, maior deve ser o lucro.
O custo total, por sua vez, é desdobrado em custo variável total e custo fixo total.
lt = rt – cvt - cft
O custo fixo total é passado para o outro lado. O lado esquerdo (lt + cft) refere-se aos
elementos da estrutura fixa de um negócio. O lado direito corresponde aos elementos dos
produtos.
lt + cft = mct
onde:
lt = lucro total
rt= receita total
ct = custo total
cvt = custo variável total
cft = custo fixo total
qi. = quantidades do produto i
pui = preço unitário do produto i
cvui = custo variável unitário do produto i
mcui = margem de contribuição unitária do produto i
mct = margem de contribuição total
Exemplo:
Considerando-se uma empresa com o montante de despesas fixas de $ 700 por período e
com apenas dois produtos:
Produto X
Preço de venda de $ 5/un.
Custo variável de $ 2,5/un.
Volume de vendas de 200 unidades.
Produto Y
Preço de venda de $ 12/un.
Custo variável de $ 8/un.
Volume de vendas 80 unidades
Empresa Delta
A empresa Delta está operando com um volume de 10.000 unidades/mês e tendo um
lucro de $ 5.000,00/mês. Sabe-se que os custos e despesas fixos correspondem a $
25.000,00/mês. Sabe-se também que os custos e despesas variáveis correspondem a 35%
da receita. Qual é o preço de venda unitário praticado pela empresa?
Resolução:
Na aplicação da equação do lucro, neste caso, é preciso observar que não é dado um
custo variável do produto na forma unitária. Os custos e despesas variáveis são expressos
em forma de percentual da receita. Assim:
RT – CVT – CFT = LT
(10.000un . pv) – (0,35 x 10.000un . pv) – $25.000 = $5.000
10.000un . pv – 3.500un . pv = $30.000
6.500un . pv = $30.000
$30.000
pv = ---------------
6.500un
pv = $4,6/un
Custo variável
São classificados como custos variáveis o valor dos recursos consumidos que guardam
estreita correlação como o volume de produção e vendas. Quando o volume de produção e
vendas aumenta o custo aumenta; quando o volume de produção e venda diminui o custo
também diminui.
Existem custos variáveis correlacionados com o volume de produção e custos variáveis
correlacionados com o volume de vendas. Os custos variáveis de venda são todos aqueles
que guardam uma estreita relação como o volume de vendas. Partindo-se do faturamento
bruto, isto é, incluindo-se os impostos sobre vendas, o conjunto de despesas variáveis de
venda é formado pelos impostos sobre vendas (IPI, ICMS, PIS e COFINS), comissões pagas a
vendedores, fretes sobre vendas, e embalagens de entregas.
A tecnologia moderna de produção empregadas na nos processos de produção de bens
e serviços, tais como, o alto grau de automação dos processos, emprego de robots, controles
eletrônicos e outros, têm impactado a estrutura de custos das empresas, tornando-a
composta com o predomínio de custos fixos. Nas indústrias de forma geral, os custos
variáveis relevantes são a matéria-prima e alguns insumos variáveis, tais como o consumo
de energia elétrica (não a demanda), ferramentas de curta duração e materiais auxiliares.
Fundamentalmente o grande e quase único custo variável é o consumo de matéria-prima.
Os custos variáveis possuem algumas características específicas:
Variam em função do volume de produção e vendas;
São identificados objetivamente com a unidade de produto;
São expressos em valores unitários;
Dependem das decisões atuais.
Custo fixo
São classificados como custos fixos o valor dos recursos consumidos que não guardam
estreita correlação como o volume de produção e vendas. Quando o volume de produção e
vendas aumenta - dentro de um determinado intervalo - o custo fixo permanece de certa
forma indiferente. Os custos fixos são diretamente correlacionados com algum elemento da
estrutura, por exemplo, edifícios, máquinas, contratos de prestação de serviço, espaço físico
ou pessoas. Um custo fixo mais geral é a depreciação do prédio da fábrica (ou aluguel). Esse
montante de custo fixo depende do volume e outras características da unidade ‘prédio’ da
estrutura. O montante de custo fixo relativo a aluguel de equipamentos está correlacionado
com o volume equipamentos arrendados e o custo de mão de obra depende do volume de
pessoas. Consideramos que o custo de mão de obra direta é um custo fixo. As principais
características dos custos fixos são:
São indiferentes às oscilações do volume de produção e vendas;
São identificados objetivamente com a estrutura da empresa;
São expressos em valores totais por período de tempo;
Dependem das decisões do passado.
Figura 6.2
Custo Total
$500.000
$450.000
$400.000
$350.000
$300.000
Custo Variável
$250.000
$200.000
$150.000
$100.000
Custo Fixo
$50.000
$0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Unidades
Custeio Variável
O método de custeio variável é voltado especificamente para uso gerencial, não sendo
aceito para finalidades fiscais e societárias. Toda a lógica de tomada de decisão de
rentabilidade apresentada nesta obra é fundamentada nesse método de custeio variável.
O método de apropriação de custos denominado de custeio variável é aquele que
distribui apenas os custos variáveis de produção às quantidades de produtos produzidos no
período. Os custos fixos de produção não fazem parte do custo do produto e são tratados
como gastos de período da mesma forma que as despesas administrativas, comerciais e
financeiras.
A partir da aplicação do método de custeio variável é efetuado o cálculo da margem de
contribuição dos produtos. A margem de contribuição corresponde a receitas de vendas
menos as despesas variáveis de venda e menos os custos variáveis dos produtos vendidos. O
total de margem de contribuição gerada pelos produtos deve ser suficiente para cobrir todas
as despesas fixas – industriais, administrativas, comerciais e financeiras – e proporcionar o
lucro esperado da empresa. No modelo de decisão do custeio variável, todos os gastos fixos,
sejam de natureza administrativa, comercial, financeira ou industrial são considerados
custos fixos de estrutura. A margem de contribuição gerada pelo mix de produtos vendidos
deve ser suficiente para cobrir os custos fixos e formar o lucro da empresa.
Tendo em vista que os custos fixos não são rateados aos produtos, o custo unitário do
produto não sofre o impacto das oscilações de critérios de rateio e das oscilações do volume
de produção e vendas. Por outro lado o custo fixo afeta diretamente o lucro do período não
impactando o valor dos estoques de produtos.
O cálculo da margem de contribuição é feito como segue:
Preço de venda
(-) Impostos sobre vendas (ICMS, PIS, COFINS)
(-) Comissões
(-) Custos variáveis de produção
(=) Margem de Contribuição
Considerando, como exemplo, uma empresa que tenha um produto cujo preço de
venda é $ 250,00. A estrutura de impostos e despesas variáveis de vendas é 18% de ICMS,
9,25% de PIS e COFINS e 5% de comissões aos vendedores. O custo variável do produto é
formado pelo custo de matéria-prima $ 62,50 e pelo custo de embalagem $ 17,50. Para
apurar a margem de contribuição, temos:
Conforme pode ser observado no quadro 6.1, não é a margem de contribuição unitária
nem a margem de contribuição percentual que reflete da melhor forma a rentabilidade dos
produtos. O produto A possui a maior margem de contribuição percentual e o produto B a
maior margem de contribuição unitária. No entanto, o produto C gera a maior margem de
contribuição total, sendo o produto que mais contribui para o pagamento dos custos fixos e
formação do lucro da empresa. O produto C é o produto mais rentável da empresa.
6.9 O impacto dos métodos de custeio na lucratividade dos
produtos
Produtos A B C
Quantidade 50 50 50
Preço de Venda 11 25 8
Custo Variável 5 10 5
Da mesma maneira que muitas empresas, a empresa neste exemplo utiliza o método
de custeio por absorção para efeito de análise de rentabilidade. O critério de rateio dos
custos fixos ($750) aos produtos é baseado no volume de produção, uma vez que os
produtos são muito semelhantes. O quadro abaixo demonstra a rentabilidade produtos.
Produtos A B C
Quantidade 50 50 50
Preço de Venda 11 25 8
Custo Variável 5 10 5
Custo Fixo 5 5 5
Resultado 1 10 -2
Quantidade 50 50 0
Preço de Venda 11 25 0
Custo Variável 5 10 0
Custo Fixo 7,5 7,5 0
Resultado -1,5 7.5 0
O gestor que, antes havia optado por tirar da linha de produção o Produto C por esse
produto apresentar uma rentabilidade negativa, agora se vê diante de um novo dilema. O
Produto B permanece gerando rentabilidade positiva, embora menor do que na situação
inicial, enquanto que o Produto A, cuja rentabilidade na situação inicial era mínima, passa
a apresentar um resultado negativo. Será então que somente o Produto B é rentável para a
organização? O Produto A também deverá ser cortado já que agora apresenta rentabilidade
negativa? E por que motivo o Produto A agora apresenta rentabilidade negativa e o Produto
B teve sua rentabilidade reduzida se já não se fabrica mais o Produto C que era quem tinha
rentabilidade negativa na situação inicial? Observe como ficaria a situação de rentabilidade
dos Produtos B caso o gestor também optasse por excluir o Produto A do processo de
produção.
Produtos A B C
Quantidade 0 50 0
Preço de Venda 0 25 0
Custo Variável 0 10 0
Custo Fixo 0 15 0
Resultado 0 0 0
O gestor agora se vê em uma situação difícil. Será então que nenhum dos produtos é
rentável? Mesmo o Produto B que na situação inicial era o mais rentável, permanecendo
assim depois da exclusão do Produto C, agora apresenta uma rentabilidade nula! O que
fazer? Essa pergunta fatalmente irá passar pela cabeça de um gestor pouco acostumado
com os conceitos aqui tratados. É nesse ponto que os métodos de custeio podem contribuir
para a análise da rentabilidade dos produtos, em especial, o custeio variável. O exemplo
ilustra o poder de gerar confusão que possui o método de custeio por absorção. A seguir
apresenta-se a margem de contribuição de cada um dos três produtos.
Produtos A B C
Quantidade 50 50 50
Preço de Venda 11 25 8
Custo Variável 5 10 5
Margem de Contribuição 6 15 3
Unitária
Margem de Contribuição Total 300 750 150
Vamos analisar agora o impacto que a utilização dos métodos de custeio pode provocar
sobre a rentabilidade global de um negócio. O impacto provocado pelo método de custeio por
absorção, conforme mencionado no Capítulo 1, foi percebido por Harris em 1937, quando
teve que explicar para a direção da empresa onde era o controller , qual era o motivo que
fazia a empresa ter lucros insignificantes quando as vendas tinham sido maiores que as
expectativas. O exemplo a seguir, preparado pelo Prof. Catelli, apresenta o processo de
apuração dos custos de quatro períodos, inicialmente através do custeio por absorção e em
seguida pelo custeio variável. Deve ser observado que durante os quatro períodos o preço de
venda do produto ($ 18), custo variável do produto ($ 6), as despesas fixas de produção
($115.000) e as despesas administrativas ($ 5.000), não se alteram. Apenas os volumes
físicos de produção e vendas se alteram nos períodos.
- Despesa de produção
Soma 10.000 60.000 13.000 78.000 13.000 78.000 13.000 78.000
Receita de Vendas 10.000 180.000 8.000 144.000 9.000 162.000 13.000 234.000
C. Produtos Vendidos 60.000 48.000 54.000 78.000
LUCRO