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Ensino de filosofia sob a perspectiva analítica e continental

1. A origem da distinção entre filosofia continental e analítica

A filosofia é uma atividade teórica que se iniciou com os gregos há 2600 anos e
possibilitou, através da argumentação lógica e da permanente disposição para a busca da
verdade, o surgimento de várias das ciências naturais e humanas desenvolvidas no
ocidente. Além de sua contribuição para o desenvolvimento científico, a filosofia também
estabeleceu bases para a vida moral, para a reflexão política, religiosa e artística.
Por sua longa história, é facilmente perceptível que tenha havido não apenas uma,
mas várias filosofias tipificadas pelos “sobrenomes” recebidos de acordo sua filiação a
determinada escola de pensamento: platônica, aristotélica, cética, cristã, árabe, cartesiana,
kantiana, nitezscheana etc.

Quando falamos, no entanto, de filosofia continental e filosofia analítica, não


estamos nos referindo a uma escola particular e suas tradicionais respostas aos problemas
filosóficos. Tampouco estamos tratando de um ramo temático da filosofia como quando
falamos de filosofia política, filosofia da ciência ou filosofia moral. A diferença entre a
filosofia continental e a filosofia analítica deve-se ao modo como os filósofos de cada
uma dessas tradições fazem filosofia. Trata-se de um desacordo de método que, do ponto
de vista histórico, causou um distanciamento mútuo entre os filósofos mais alinhados com
a tradição britânica (embora muitos deles fossem austríacos ou alemães) e os filósofos do
continente europeu (que por razões óbvias ficaram conhecidos como
continentais). Para entender esse distanciamento é útil recorrer à história dessa
divisão.
A filosofia kantiana (século XVIII) procurou estabelecer os limites da razão pura,
ou seja, da metafísica. Segundo o Immanuel Kant, a metafísica prometia mais sucesso ao
investigar as condições de possibilidade do conhecimento (a priori) do que ao tentar
oferecer um conjunto de conhecimentos filosóficos, todos disputáveis. Essa seria a causa
da falta de consenso em questões metafísicas. O filósofo prussiano também distinguiu
dois tipos de juízos: os analíticos e os sintéticos. Enquanto os juízos analíticos têm o
predicado contido no sujeito (por exemplo: Todo solteiro é não casado) os juízos
sintéticos acrescentam uma nova informação, sintetizando dois conceitos não
imediatamente interligados (por exemplo: todos os solteiros são felizes). Os juízos
sintéticos são próprios das ciências empíricas, ao passo que os juízos analíticos são
geralmente das ciências formais como a matemática e a lógica. De acordo com a
perspectiva kantiana, nosso conhecimento se restringe ao fenômeno (do grego= aquilo
que aparece), entendido aqui como os dados empíricos (a posteriori) condicionados pelas
formas puras a priori da sensibilidade e pelas categorias puras a priori do entendimento.
Todos aqueles conceitos tradicionais da metafísica como: Deus, alma e mundo são apenas
passíveis de especulação, mas nunca de conhecimento.
Duas correntes filosóficas surgem a partir do pensamento kantiano: a idealista e a
positivista. A primeira enfatizou a sugestão de Kant de que só conhecemos nossas
próprias ideias e, de uma certa maneira, construímos o mundo segundo nossa própria
subjetividade. Os positivistas procuraram afastar a metafísica do domínio científico,
priorizando o último e recusando qualquer verdade a priori que não fosse matemática ou
lógica.
Paralelamente a isso, temos uma renovação da lógica com o desenvolvimento da
lógica matemática por Frege e Russell, possibilitando a resolução de vários problemas
com a introdução de símbolos e cálculos proposicionais. Nesta esteira Wittgenstein
lançou seu Tractatus logico-philosophicus (1921) onde propôs que:
O objetivo da filosofia é a clarificação lógica dos pensamentos. A filosofia não é uma doutrina, mas uma
atividade. Um trabalho filosófico consiste essencialmente em elucidações. O resultado da filosofia não é
‘proposições filosóficas’, mas o esclarecimento das proposições. A filosofia deve tornar claros e delimitar
rigorosamente os pensamentos, que de outro modo são como que turvos e vagos. (WITTGENSTEIN, 1995,
pp. 62-63)

Sob o aspecto abordado por Wittgenstein, o papel da filosofia é analítico, de modo que a
análise lógica da linguagem permite eliminar os falsos problemas advindos do uso
equivocado dos conceitos e proposições. As proposições, por sua vez são verdadeiras ou
falsas de acordo com nosso conhecimento empírico ou de acordo com as relações lógicas
estabelecidas. Qualquer proposição que não seja derivada de uma dedução ou que não
exprima uma situação verificável empiricamente é simplesmente uma frase sem sentido,
sobre a qual não é possível dizer nada. Esse valor atribuído à análise lógica da linguagem
deu origem à filosofia analítica. Um grupo de filósofos e cientistas fundando em 1929, o
Círculo de Viena, ajudou a divulgar esse modo de fazer filosofia e, embora haja muito o
que criticar no positivismo lógico (ou empirismo lógico ou neopositivismo como também
fora chamado o movimento) não é possível negar que tal corrente contemporânea tenha
influenciado o modo como se compreende a filosofia atual. Também não é difícil perceber
que a Grã-Bretanha tenha aderido ao programa analítico da filosofia, já que essa ilha vinha
de uma longa tradição empirista, surgida com suas primeiras universidades ainda na Idade
Média.
Na sequência do idealismo alemão, por sua vez, houve uma ênfase muito grande
na história das ideias, consequência da filosofia hegeliana que procurou dotar a história
de racionalidade dialética em busca de sua realização absoluta. A filosofia continental
que se segue enfrentou uma fragmentação muito grande, com objetivos também muito
distintos. Encontraremos filósofos como Nietzsche (1844-1900) criticando a cultura e até
mesmo a racionalidade ocidental. O alemão inventou o método genealógico,
demonstrando como grandes conceitos filosóficos como “verdade” e “bem” são
historicamente inventados e não metafisicamente descobertos. De outro lado vemos
surgir a fenomenologia de Husserl, cujo método influenciou decisivamente uma nova
investida metafísica por Heidegger e a criação da corrente existencialista. A filosofia
heideggeriana exibe uma linguagem obscura, quase impenetrável e o existencialismo trata
de temas bastante subjetivos como angústia, liberdade, desespero, tornando-se
dificilmente diferenciado da literatura. De outro lado veremos o surgimento de outros
críticos sociais como a Escola de Frankfurt e o francês Michel Foucault (1926-1984) que
funda uma filosofia como arqueologia do saber.
Essa breve exposição, diga-se de passagem, permite compreender que a
divergência entre analíticos e continentais sobre o papel dado à filosofia favoreceu um
progressivo distanciamento do modo como se faz filosofia na Europa continental do modo
com aquela é feita nos países anglo-saxônicos. Obviamente tal diferença incide no modo
como se ensina filosofia que é o objetivo central deste texto. Na próxima seção discutirei
a divergência entre as duas tradições advertindo, no entanto, que muitas das questões que
se apresentarão já foram superadas ou estão encontrando compreensão mútua entre
analíticos e continentais.

2. Diferentes métodos, diferentes modos de compreender a filosofia.

A filosofia continental sofre de uma grande dificuldade em estabelecer o que é


filosofia e qual o seu método próprio. De fato é consenso para os continentais que
filosofar seja uma pensar rigoroso sobre o mundo e a realidade, mas nem sempre os
pensadores dessa tradição deixam claro como se faz isso. Em geral um filósofo é
entendido como tal pelo reconhecimento dos intelectuais e acadêmicos. Além disso, em
decorrência das várias críticas feitas pelos filósofos continentais à noção de “verdade” e
devido à influência das ciências humanas como antropologia, sociologia, história,
hermenêutica e crítica literária torna-se muito difícil criar fronteiras claras entre essas
disciplinas e a filosofia. Há uma tendência grande ao relativismo próprio dessas áreas
acima citadas. Entendamos essa tese da seguinte maneira: a filosofia é o produto cultural
da história ocidental, como todo produto cultural, é relativo ao contexto e não constitui
uma verdade definitiva. O que nós temos na filosofia, portanto, não são afirmações
teóricas que podem ser julgadas como verdadeiras ou falsas. São apenas reflexões
historicamente situadas que explicam muitas das nossas concepções atuais sobre o corpo
e a alma, Deus e mundo, liberdade e política, moralidade e estética. Assim explicamos
muitas das atitudes tomadas por instituições como a Igreja ou o Estado. A ausência da
noção de uma verdade para além da erudição e da confirmação de nossos pontos de vista
preferidos cria uma falsa ideia de que a filosofia é apenas o estudo do pensamento de
Platão ou Aristóteles ou Descartes ou Heidegger[1]. Essas dificuldades tornam quase
inevitável que o título de filósofo caiba somente aos clássicos e aos chamados
“gênios”. Nessa perspectiva, a filosofia é uma atividade de poucos iluminados e um
professor de filosofia tem um grande receio de chamar-se “filósofo”, como se estivesse
colocando-se ao lado desses grandes nomes do pensamento ocidental. A reverência aos
clássicos e o método genealógico/arqueológico acabam fazendo com que o pesquisador
da filosofia continental desenvolva sua investigação somente na linha da pesquisa
histórica e hermenêutica. Fazer filosofia confunde-se com fazer história da filosofia. Os
graduandos e pós-graduandos em cursos de filosofia são incentivados a aprofundar nos
conceitos e teorias dos filósofos consagrados, certos de que aprendem filosofia ao
compreender os filósofos.
Contrariamente à perspectiva continental, os filósofos analíticos encontraram
um relativo consenso sobre o que é filosofia e qual o seu método. Para os filósofos da
tradição analítica a filosofia é o exame crítico das nossas crenças e seu método a discussão
crítica. Nessa tradição a filosofia é vista como uma investigação de problemas centrais
que só podem ser resolvidos por meio da argumentação. Aqui já há uma diferença em
relação à filosofia continental, pois é fácil perceber quando um problema não é filosófico:
quando há meios de empíricos ou matemáticos capazes de fornecer uma resposta
adequada a esses problemas. O domínio da filosofia é a investigação teórica
argumentativa, que busca o esclarecimento dos conceitos, a formalização dos argumentos
e sua análise quanto à validade da forma e quanto à verdade do conteúdo de suas
premissas. Todas as áreas da filosofia são passíveis de análise: Metafísica, Epistemologia,
Ética, Política, Estética, Lógica etc. O que marca, portanto uma filosofia de caráter
analítico não é o domínio de um ou outro filósofo em particular, mas um modo de tratar
os diversos problemas tradicionais da filosofia. Os filósofos dessa tradição procuram
atacar os problemas diretamente e interessam-se geralmente por um ou outro texto
clássico somente na medida em que este pode oferecer uma resposta plausível ao
problema em questão ou quando essa resposta é problemática, incorrendo em erros
lógicos ou de confusões lingüísticas. Nesse sentido, não há nenhum pensador “intocável”,
pois qualquer grande nome da filosofia pode ter sugerido uma resposta falaciosa para o
problema que se propôs. Por outro lado, os filósofos analíticos estão em constante contato
uns com os outros por meio dos periódicos e congressos internacionais, criticando-se ou
apoiando-se mutuamente de modo que não é raro encontrar pensadores que modificam
suas posições originais depois de uma crítica bem fundamentada (podemos ver exemplos
claros disso em Frege, Wittgenstein ou em Hilary Putnam).
Muitas vezes houve e ainda há críticas recíprocas entre analíticos e continentais.
Os primeiros acusam os últimos de relativismo e falta de compromisso com a verdade,
enquanto estes tratam aqueles como cientificistas dogmáticos e negligentes com papel da
história. Tais críticas são estranhamentos normais e revelam um conhecimento apenas
superficial da outra parte. É importante reiterar que essa situação está se modificando
rapidamente e já é muito comum encontrar representantes da filosofia analítica na França
e na Alemanha (para citar dois países de grande tradição continental) e muitos filósofos
formados na tradição anglo-saxônica com interesses genuínos na história da filosofia e
nos temas recorrentes da filosofia continental.

3. Implicações pedagógicas

Depois de compreender a natureza da filosofia para os filósofos continentais e


analíticos, cumpre extrair daí consequências práticas para o ensino da disciplina filosofia.
Algumas delas já foram alusivamente citadas anteriormente. O que parece muito claro é
que o que se entende filosofia determina o tipo de ensino.
A filosofia continental parte da noção de filosofia como atividade reflexiva de
alguns gênios. Seu ensino passa pela multiplicidade de autores considerados clássicos e
suas ideias ao longo da história. O método de ensino é o genealógico observando, mesmo
quando trata-se de temas filosóficos, uma ordem cronológica. O ensino tende ao ecletismo
e ao relativismo, na medida em que a preocupação é que o estudante saiba quem foi e o
que pensou fulano ou sicrano. Os manuais de filosofia podem variar seu conteúdo
sensivelmente e podem apresentar capítulos que dificilmente são de fato temas
filosóficos. Podemos, por exemplo, encontrar capítulos dedicados à mitologia (questões
de religião) ideologia e ao trabalho alienado (temas sociológicos), à formação psicológica
da consciência moral (psicologia), história das ciências (história), entre outros. Isso torna
difícil diferenciar a atividade filosófica dessas disciplinas envolvidas. Quando há
capítulos dedicados à lógica, esta geralmente é ensinada somente na tradição aristotélica
e dificilmente se relaciona com os demais capítulos e os problemas filosóficos destes.
Textos de filósofos são apresentados em breves trechos ou boxes de leitura complementar
com algumas questões de compreensão. (Paradigma: Filosofando)
Já a filosofia analítica parte da noção de filosofia como análise crítica das crenças,
de modo que o interesse do ensino passa por uma acentuada formação na lógica
(proposicional) e na argumentação. Somente depois de bem estabelecidos os instrumentos
de análise crítica e argumentativa, o estudante é convidado a compreender determinados
problemas filosóficos para os quais várias soluções são formalizadas e postas à prova. O
aluno precisa identificar os principais argumentos contrários e favoráveis a determinadas
soluções para problemas fundamentais. Um tema, por exemplo, como o livre arbítrio, é
apresentado como problema a ser investigado diante de perspectivas deterministas,
libertistas e compatibilistas. Todas essas respostas ao problema estudado são também elas
problemáticas e o aluno precisa compreender cada uma e assumir uma delas de modo
bem argumentado. As posições filosóficas pertinentes ao problema em questão são
ilustradas com um excerto de filósofo clássico ou contemporâneo diante do qual há
questões de mera interpretação e outras de argumentação. (Paradigma: A Arte de Pensar)

3.1. Do ponto de vista continental, temos alguns problemas:

A) Filosofia como história da filosofia


B) O mito do “gênio”
C) Elogio da forma em detrimento do conteúdo

A) Já nos referimos ao problema da centralização da história da filosofia. Uma questão


que se impõe é de ordem lógica: se existem filósofos para serem estudados, então deve
existir uma filosofia que consiste no que eles fizeram. Mas onde está a filosofia? Um
aluno pode ser bem treinado em responder o que pensou este ou aquele pensador. Quero
propor duas diferentes perguntas para exemplificar onde pretendo chegar:

1 – Como Descartes provou a existência de Deus?

Essa é uma pergunta cuja resposta depende unicamente de conhecer a história da filosofia
moderna, de modo especial, da leitura de Descartes ou de algum comentador.

Vejamos agora uma pergunta ligeiramente diferente:

2 - Descartes conseguiu, de fato, provar que Deus existe?

Teria o mesmo estudante capacidade de argumentar com rigor afirmativa ou


negativamente em resposta a essa pergunta? A razão para distinguir as duas perguntas é
simples: a resposta a 1 a demanda domínio da história da filosofia. Já uma resposta 2
requer que o aluno seja também ele capaz de filosofar. Só há um tipo de resposta padrão
para perguntas do tipo 1. Mas há muitas possibilidades de respostas para 2.
Esse simples exercício serve de advertência para duas maneiras de fazer história da
filosofia. Uma história da filosofia que seja uma coleção de autores e teorias que o aluno
precisa decorar e saber nos exames ou uma história da filosofia que se preocupa em
analisar e criticar as posturas dos grandes filósofos, introduzindo o aluno na arte de
pensar.

B) O mito do “gênio” foi denunciado por Kant em sua famosa frase em que diz: “não é
possível aprender filosofia, só é possível aprender a filosofar”. Trata-se de pensar por si
próprio, aprendendo o método investigativo da filosofia e não uma filosofia acabada, do
autor X ou Y. Não significa com isso que não devamos estudar os autores clássicos, mas
que esses autores não devem ter a última palavra nos problemas estudados. Não sem antes
investigar, esgotar outras possibilidades. Ocorre que tratar filósofos como “intocáveis”
torna impossível o surgimento de novos filósofos. Se a filosofia for vista como um modo
de tratar questões fundamentais e os alunos forem progressivamente conhecendo esse
método, é possível que eles compreendam que também podem filosofar, descobrir novos
argumentos a favor do livre arbítrio, ou contra o ceticismo, ou que um filósofo famoso
cometeu certo deslize.

C) Talvez seja um problema menor a preocupação estilística da escrita em detrimento da


clareza conceitual. Mas isso pode levar a confusões sobre o que é próprio da filosofia e o
que é domínio da literatura. Embora os filósofos analíticos tenham destacado o papel da
linguagem na resolução de problemas filosóficos e reconhecendo a dimensão discursiva
da filosofia, é necessário entender que o objetivo central de qualquer filósofo não é
agradar o leitor mas provar algum ponto. Se o estudo da filosofia for apenas um desfile
de teorias e filósofos, é bem possível que o aluno não entenda o que fazer com isso. Se o
encontro com a filosofia for no sentido de propor investigar a verdade ou falsidade de
certas crenças metafísicas, éticas, políticas e epistemológicas, então há uma outra
perspectiva em que a filosofia torna-se fundamental para o desenvolvimento crítico do
aluno.

3.2. Problema do ensino de filosofia analítica: ausência de uma visão histórica

Basta recorrer a algumas obras de introdução à filosofia escritas por filósofos analíticos
para perceber que não há a menor intenção de tratar a filosofia sob uma perspectiva de
nomes e datas (ver, por exemplo, NAGEL, Thomas. Uma breve introdução à filosofia.
São Paulo: Martins Fontes, 2007. WARBURTON, Nigel. Elementos básicos de filosofia.
Lisboa: Gradiva, 1998 e LAW, Stephen. Guia ilustrado Zahar: Filosofia. Rio de Janeiro:
Zahar, 2008.) Embora tenhamos argumentado repetidamente contra uma confusão entre
filosofia e sua história, cabe aqui ponderar que conhecer o contexto em que determinada
ideia surgiu também pode ser estimulante para os estudos filosóficos. Enquanto
recomendávamos na perspectiva continental sobre a importância de a história da filosofia
ser estudada filosoficamente sob pena de não se ensinar filosofia, na perspectiva analítica
a recomendação é a de não negligenciar o papel da história na formação filosófica.
Certamente vários argumentos podem ser melhor compreendidos dentro do contexto em
que surgiram e parece ser falho um ensino de filosofia que não atribui uma ideia ao seu
devido autor. Isso ocorre, por vezes, quando o professor, tentando tornar a filosofia
palatável ao aluno de ensino médio, não oferece a leitura sequer de excertos do texto de
onde o argumento explicado saiu. Isso sem dúvida é um problema pois o aluno pode
terminar uma formação filosófica sem a habilidade de ler textos filosóficos (PCN).

BIBLIOGRAFIA:
ALMEIRA, Aires; TEIXEIRA, Célia; MURCHO, Desidério; MATEUS, Paula;
GALVÃO, Pedro. A arte de pensar: filosofia 10º ano. 4.ed. Lisboa: Didáctica editora,
2009.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando:
introdução à filosofia. 4.ed. rev. São Paulo: Moderna, 2009.
CID, Rodrigo Reis Lastra. Práticas filosóficas e práticas pedagógicas em filosofia.
Cadernos UFS Filosofia pp. 87-95
COSTA, Claudio Ferreira. Filosofia analítica. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1992.
FOLSCHEID, Dominque; WUNENBURGER, Jean-Jacques. Metodologia filosófica.
Trad. Paulo Neves. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, Secretaria de Educação Básica. Guia de livros
didáticos PNLD 2012: Filosofia. Brasília: Mistério da Educação, 2011.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio. Brasília: MEC/Semtec, 1999.
VVAA. Filosofia da educação a partir do diálogo contemporâneo entre analíticos e
continentais. Abstracta. 1:1 pp. 92 – 107, 2004

[1]É preciso esclarecer a ênfase no “apenas”. Não podemos negar que seja importante o
recurso à história da filosofia. Ao contrário, é necessário o conhecimento sólido nessa
disciplina para avançar com proveito no itinerário filosófico. Mas é preciso estabelecer
que a história da filosofia está para o filosofar como a história da música para tocar um
instrumento musical. Sem dúvida o filósofo pode ganhar muito com o domínio dos textos
da tradição filosófica, assim como o músico enriquece sua arte com o conhecimento da
história das músicas e autores que aprende a admirar. O que não está muito claro é se um
historiador da filosofia ou historiador da música pode ser apropriadamente um filósofo
ou um músico, já que é possível fazer história da música sem saber um único instrumento
musical e história da filosofia sem propor uma única contribuição própria à filosofia.

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