Vous êtes sur la page 1sur 120

NATÁLIA TAKAHASHI MARGARIDO

PEDRO PAULO BARSAGLINI NAVEGA


VICTOR JULES PHILIPPON

ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE SISTEMA DE ESGOTO


SANITÁRIO PARA O MUNICÍPIO DE GAVIÃO PEIXOTO E
PROPOSTA DE ALTERNATIVAS PARA A GESTÃO DOS
SUBPRODUTOS

Projeto de Formatura apresentado à


Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo.

Orientador: Prof. Dr. Roque Passos Piveli

São Paulo

2012
FICHA CATALOGRÁFICA

Philippon, Victor Jules


Estudo de concepção de sistema de esgoto sanitário para o Muni-
cípio de Gavião Peixoto e proposta de alternativas para a gestão dos
subprodutos / V.J. Philippon, N.T. Margarido, P.P.B. Navega. -- São
Paulo, 2012.
110 p.

Trabalho de Formatura - Escola Politécnica da Universidade de


São Paulo. Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental.

1. Tratamento de esgotos sanitários 2. Engenharia ambiental


3. Reatores anaeróbios 4. Lagoas de estabilização I. Margarido, Natália
Takahasi II. Navega, Pedro Paulo Barsaglini III. Universidade de São
Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia Hidráulica e
Ambiental IV. t.
i

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Professor Dr. Roque Passos Piveli pela oportunidade


de realizar em conjunto este trabalho, nos orientando e compartilhando
experiências profissionais que agregaram valor e conteúdo tanto ao
desenvolvimento deste projeto quanto para nosso conhecimento pessoal.

Agradecemos também à Professora Dra. Dione Mari Morita pela


colaboração, nos fornecendo informações e dados utilizados para o
desenvolvimento do trabalho, além da enriquecedora troca de experiências.
ii

SUMÁRIO

1. Introdução .................................................................................................... 1
2. O Município de Gavião Peixoto ................................................................... 3
2.1. História de Gavião Peixoto .................................................................... 3
2.2. Dados geográficos ................................................................................ 3
2.3. Dados demográficos ............................................................................. 5
2.4. Estimativa da população futura ............................................................. 6
3. Saneamento em Gavião Peixoto ................................................................. 8
3.1. Legislação vigente................................................................................. 8
3.1.1. Classe dos rios ............................................................................... 8
3.1.2. Parâmetros relevantes .................................................................... 9
3.1.3. Padrões de qualidade do rio Jacaré Guaçu .................................. 10
3.1.4. Padrões de lançamento ................................................................ 10
3.2. Coleta e tratamento do esgoto ............................................................ 12
3.3. Dados Hidrológicos ............................................................................. 14
3.4. Caracterização do Esgoto Sanitário .................................................... 20
3.5. Diluição ............................................................................................... 25
4. Destinação dos subprodutos ..................................................................... 30
4.1. Lançamento do efluente tratado em um corpo receptor ...................... 30
4.2.1. Corpos disponíveis ....................................................................... 30
4.2.2. Critérios de escolha ...................................................................... 31
4.2.3. Justificativa da escolha ................................................................. 32
4.2. Reaproveitamento do efluente tratado ................................................ 33
4.2.1. Situação da agricultura em Gavião Peixoto .................................. 33
4.2.2. Benefícios da irrigação com águas de esgoto tratadas ................ 34
4.2.3. Exigências sobre a qualidade do efluente .................................... 34
4.3. Destinação do lodo proveniente da ETE ............................................. 34
5. Escolha dos tratamentos a serem considerados como alternativas de
solução ............................................................................................................. 36
5.1. Descrição do método de escolha ........................................................ 36
5.2. Seleção dos tratamentos candidatos .................................................. 36
iii

5.3. Seleção dos aspectos de escolha ....................................................... 39


5.4. Aplicação do método e escolha das alternativas de solução .............. 44
6. Descrição das Alternativas ........................................................................ 46
6.1. Reator UASB seguido de filtro biológico percolador ........................... 46
6.2.1. Descrição ...................................................................................... 46
6.2.2. Pré-Dimensionamento .................................................................. 48
6.2.3. Aspectos Ambientais .................................................................... 66
6.2.4. Análise Financeira ........................................................................ 66
6.2. Sistema australiano de lagoas de estabilização .................................. 69
6.2.1. Descrição ...................................................................................... 69
6.2.2. Pré-Dimensionamento .................................................................. 72
6.2.3. Aspectos Ambientais .................................................................... 78
6.2.4. Análise Financeira ........................................................................ 79
7. Escolha do lugar da futura ETE ................................................................. 81
7.1. Considerações .................................................................................... 81
7.2. Alternativa 1 ........................................................................................ 86
7.3. Alternativa 2 ........................................................................................ 88
8. Conclusão .................................................................................................. 90
9. Bibliografia ................................................................................................. 91
iv

RESUMO

Observando a situação atual do saneamento básico no Brasil, o estudo


da implantação de novas estações de tratamento de esgoto (ETE) torna-se
extremamente relevante e necessário.

O Estado de São Paulo possui uma rede de coleta e tratamento e


esgotos maior que os demais, se comparada com outros Estados brasileiros,
mas ainda assim possui muitos municípios que não tratam seus esgotos. O
caso em estudo, é o município Gavião Peixoto.

Este trabalho consiste na análise dos aspectos importantes à


implantação de uma estação de tratamento de esgoto, baseando-se na
concepção ampla do projeto, partindo da seleção dos critérios de tomada de
decisão e comparação de diversos tratamentos, objetivando a escolha do que
melhor se adequa ao município em estudo.

Apresenta-se um panorama geral e os aspectos relevantes do município,


que influenciam na seleção do tipo de tratamento, a escolha de dois processos
de tratamentos de esgoto diferentes dentre uma lista com os mais usuais no
Brasil e um estudo da viabilidade técnica, econômica e ambiental dos projetos
escolhidos.

Palavras-Chave: engenharia ambiental; tratamento de águas residuárias;


reatores anaeróbios; lagoas de estabilização.
v

ABSTRACT

Looking at the current situation of sanitation in Brazil, the study of the


deployment of new sewage treatment plants (WWTP) becomes extremely
relevant and necessary.

The State of São Paulo has a network of sewage collection and


treatment and higher than the others, if compared to other Brazilian States, but
even so has many cities that do not treat their sewage. The case in study is the
municipality Gavião Peixoto.

This work consists in the analysis of the important aspects to


implementing a sewage treatment plant, based on the broad conception of the
project, starting from the selection of the criteria for decision making and
comparison of different treatments, aiming to choose the best suited to the
municipality under study.

It presents an overview and the relevant aspects of the municipality, that


influence the selection of the type of treatment, the choice of two different
sewage treatment processes from a list with the most common in Brazil and a
study of the technical, economic and environmental of the projects selected.

Keywords: environmental engineering, wastewater treatment, anaerobic


reactors; stabilization ponds.
vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Situação do tratamento de esgoto no Estado de São Paulo .............. 2


Figura 2 – Município de Gavião Peixoto ............................................................. 4
Figura 3 – Vista Aérea do Município de Gavião Peixoto .................................... 4
Figura 4 – Projeção populacional para 2030 ...................................................... 7
Figura 5 – Local da ETE desativada e ponto de lançamento. .......................... 13
Figura 6 – Foto tirada de dentro da escavação da lagoa desativada ............... 14
Figura 7 – UGHRI 13 ........................................................................................ 15
Figura 8 – Localização do município dentro da UGRHI 13 .............................. 16
Figura 9 - Área da bacia do rio Jacaré-Guaçu.................................................. 17
Figura 10 - Dados de entrada do SigRH .......................................................... 17
Figura 11 - Qmlt ............................................................................................... 18
Figura 12 - Curva de Permanência .................................................................. 18
Figura 13 - Volume de Regularização .............................................................. 19
Figura 14 - Vazões mínimas para meses consecutivos ................................... 19
Figura 15 - Q₇,₁₀ ............................................................................................... 20
Figura 16 - Corpos de água principais ............................................................. 31
Figura 17 - Esquema tratamento reator UASB seguido de Filtro biológico ...... 46
Figura 18 - Configuração reator UASB ............................................................. 54
Figura 19 - Configuração filtro biológico percolador ......................................... 59
Figura 20 - Corte esquemático decantador secundário .................................... 61
Figura 21 - Corte esquemático leito de secagem de lodo ................................ 65
Figura 22 – Sistema Australiano de lagoas de estabilização. .......................... 70
Figura 23 - Topografia do final da rede coletora com posição das antigas
lagoas. .............................................................................................................. 82
Figura 24 - Foto aérea da área com topografia exibida na Figura 22. O ponto
vermelho se refere ao encontro dos emissários e final da rede coletora. ........ 83
Figura 25 - Panorama geral.............................................................................. 84
Figura 26 - Final da rede coletora e área proposta para as duas alternativas. 85
Figura 27 - Alternativas 1 e 2 ........................................................................... 85
Figura 28 - Rede de emissários do ponto de coleta do esgoto bruto ao
lançamento no rio, num total de 241,0m .......................................................... 86
Figura 29 - Alternativa 1, configuração proposta .............................................. 87
Figura 30 - Rede de emissários do ponto de coleta do esgoto bruto ao
lançamento no rio, num total de 2.466 m ......................................................... 88
Figura 31 - Alternativa 2, configuração proposta .............................................. 89
vii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Dados demográficos......................................................................... 5


Tabela 2 - População em Gavião Peixoto .......................................................... 6
Tabela 3 – Estimativa de população futura pela projeção geométrica. .............. 6
Tabela 4 - Padrões de qualidade a serem atendidos. ...................................... 10
Tabela 5 - Padrões de emissão........................................................................ 12
Tabela 6 - Outros padrões de emissão vistos na legislação européia. ............ 12
Tabela 7 – Saneamento básico em Gavião Peixoto em 2000 .......................... 13
Tabela 8 - Características do Efluente de Gavião Peixoto no ano de 2011 ..... 21
Tabela 9 - Características do Efluente de Gavião Peixoto no ano de 2020 ..... 22
Tabela 10 - Características do Efluente de Gavião Peixoto no ano de 2030 ... 23
Tabela 11 - Características típicas de esgotos sanitários ................................ 25
Tabela 12 - Diluição do esgoto sanitário .......................................................... 28
Tabela 13 - Comparação das características relevantes. ................................ 32
Tabela 14 - Produção de cana-de-açúcar em 2009 ......................................... 33
Tabela 15 - Produção de laranja em 2009 ....................................................... 33
Tabela 16 - Critérios de qualidade microbiológica recomendados pela EPA
(1981) ............................................................................................................... 34
Tabela 17 - Critérios selecionados ................................................................... 40
Tabela 18 - Características calha Parshall ....................................................... 49
Tabela 19 - Quantidade de residues retida pela peneira .................................. 49
Tabela 20 - Características caixa de areia ....................................................... 50
Tabela 21 - Taxa de escoamento superficial e quantidade de areia removida. 50
Tabela 22 - Resumo dos principais critérios e parâmetros hidráulicos para o
projeto de reatores UASB tratando esgotos domésticos .................................. 51
Tabela 23 - Características reator UASB ......................................................... 53
Tabela 24 - Critérios de projeto a serem verificados ........................................ 54
Tabela 25 - Produção de gases ....................................................................... 57
Tabela 26 - Taxas de aplicação recomendadas para o projeto de filtros
biológicos percolados de alta taxa, aplicados ao pós-tratamento de efluentes de
reatores anaeróbios ......................................................................................... 57
Tabela 27 - Características filtro biológico percolador ...................................... 58
Tabela 28 - Taxa de Aplicação hidráulica superficial no Filtro Biológico
Percolador ........................................................................................................ 59
Tabela 29 - Demandas por soda cáustica comercial para alcalinização do
efluente do FBP................................................................................................ 61
Tabela 30 - Taxa de aplicação superficial e profundidades para o projeto de
decantadores secundários pós FBP ................................................................. 62
Tabela 31 - Características decantador secundário ......................................... 62
Tabela 32 - Características tanque de contato para desinfecção por cloro ...... 64
Tabela 33 – Características leito de secagem.................................................. 65
Tabela 34 – Análise Financeira reator UASB mais FBP .................................. 67
viii

Tabela 35 - Faixas de eficiências de remoção de constituintes físico-químicos


em lagoas de estabilização. ............................................................................. 71
Tabela 36 - Faixas de eficiências de remoção de organismos patogênicos e
indicadores em lagoas de estabilização. .......................................................... 71
Tabela 37 - Características calha Parshall ....................................................... 72
Tabela 38 - Quantidade de resíduos retida pela peneira ................................. 73
Tabela 39 - Características caixa de areia ....................................................... 73
Tabela 40 - Taxa de escoamento superficial e quantidade de areia removida. 73
Tabela 41- Dimensionamento da lagoa anaeróbia ........................................... 74
Tabela 42 - Dimensionamento da lagoa facultativa .......................................... 76
Tabela 43 - Dimensionamento da lagoa de maturação .................................... 77
Tabela 44 – Análise Financeira lagoas australianas ........................................ 80
1

1. Introdução

A situação do Brasil na área do saneamento é passível de críticas: mais


de 40% dos domicílios não estão sequer conectados à rede coletora de
esgotos. Além disso, em boa parte dos casos em que o esgoto é coletado,
não há tratamento. Apesar de ser considerado o Estado mais desenvolvido
do Brasil, o Estado de São Paulo não está excluído dessa situação, como
demonstra a Figura 1.

O município de Gavião Peixoto possui uma rede coletora de esgoto


doméstico, que atinge a totalidade das habitações. No entanto, como muitos
outros, esse município não possui atualmente um tratamento do esgoto
coletado, as águas residuárias vêm sendo jogadas diretamente no rio Jacaré
Guaçu.

O presente trabalho tem como finalidade propor um sistema de


tratamento de esgoto doméstico para o município de Gavião Peixoto. Na
mesma forma que um projeto básico, esse trabalho apresenta as soluções
mais adequadas a esse caso específico.

Com a finalidade de responder a essa demanda específica, foi feita


primeiramente uma coleta de dados relativos ao município e a situação atual
dele relativa ao saneamento. Em seguida foi feita a escolha do tratamento
mais adequado considerando os dados coletados na parte anterior. Foi
escolhido manter os dois processos de tratamento mais adequados, com a
finalidade de deixar a escolha final para o tomador de decisão. Finalmente,
depois do pré-dimensionamento de cada um dos processos e das avaliações
de ambientais e de custo respectivas, são apresentados os lugares mais
apropriados para instalação da estação de tratamento, levando-se em conta
aspectos das opções de tratamento.
2

Figura 1 - Situação do tratamento de esgoto no Estado de São Paulo


3

2. O Município de Gavião Peixoto

2.1. História de Gavião Peixoto

Gavião Peixoto surgiu como núcleo colonial em 12 de janeiro de 1907.


Devido ao seu crescimento, a sede do então distrito de Nova Paulicéia (criado
em 1912, no município de Araraquara) foi para lá transferida em 05 de
dezembro de 1924, com denominação alterada para Gavião Peixoto. De todo
modo, enfrentava grandes dificuldades por se encontrar distante da sede
municipal. Seu desenvolvimento bastante lento foi marcado pela produção de
cítricos, de uva e da cana-de-açúcar, além da criação de gado de corte. Após
inúmeros esforços da população, obteve finalmente autonomia político-
administrativa em 27 de dezembro de 1995. (Fonte: SEADE)

2.2. Dados geográficos

A cidade pertence à Região Administrativa Central (RA12) do Estado de


São Paulo. Pode-se observar o município em destaque na Figura 2.

Localiza-se a uma latitude 21º50'20"sul e a uma longitude


48º29'41"oeste, estando a uma altitude de 515m. Possui uma área de 243,7
km². (fonte: IBGE). Na Figura 3 vê-se a vista aérea do núcleo urbano.
4

(fonte: Wikipédia)

Figura 2 – Município de Gavião Peixoto

(fonte: Google Earth)

Figura 3 – Vista Aérea do Município de Gavião Peixoto


5

2.3. Dados demográficos

Na Tabela 1 se tem os dados de densidade demográfica e IDH do


município.
Tabela 1 – Dados demográficos

Densidade demográfica em 2011 (hab/Km²) 18,24


Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) em 2000 0,763
(Fonte: SEADE)

A cidade passou por um processo de evolução da infraestrutura no


começo da década passada devido à criação de um polo industrial aeronáutico
na cidade. Foram instaladas em 2001 as novas unidades fabris da Embraer e
da Kawasaki no município. Na época era esperado que a cidade sofresse um
crescimento populacional vertiginoso, como mostra a matéria do jornal Gazeta
Mercantil de 03/06/2003:

“Os planos são modestos, o que revela, na verdade, o assombro diante


da majestade do projeto da fábrica da Embraer. Nas projeções da atual
administração, Gavião Peixoto terá 12 mil habitantes em 2015, ou seja, quase
o triplo da atual população em 13 anos. O novo contingente de habitantes será
formado, provavelmente, pela totalidade de funcionários da Embraer e das
empresas instaladas em seu entorno.” (fonte: Portal do Governo do Estado de
São Paulo)

Existia uma projeção da prefeitura de Gavião Peixoto que chegava a


indicar que a cidade teria uma população de mais de 9 mil habitantes ainda em
2010.

Com o passar do tempo ficou claro que isso não aconteceu, e o que se
observou é que, apesar das indústrias se localizarem dentro da região
administrativa de Gavião Peixoto, os funcionários das indústrias se instalaram
nas cidades vizinhas, principalmente Araraquara. Na Tabela 2 pode ser visto o
crescimento populacional do município de Gavião Peixoto.
6

Tabela 2 - População em Gavião Peixoto

ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
POPULAÇÃO
4.148 4.181 4.218 4.252 4.285 4.312 4.333 4.362 4.389 4.416 4.446
(habitantes)
(fonte: SEADE)

2.4. Estimativa da população futura

Foram estudadas quatro projeções populacionais para Gavião Peixoto.


Primeiramente a projeção feita pelo SEADE, além das projeções aritmética,
geométrica e da curva logística. Os resultados estão apresentados na Figura 4.
Deste estudo adota-se a projeção “Geométrica”, que é calculada por:
( ) ( )

onde

Os resultados da projeção geométrica estão resumidos na Tabela 3.


Tabela 3 – Estimativa de população futura pela projeção geométrica.

Ano 2011 2015 2020 2030


Habitantes 4.446 4.571 4.732 5.072

.
7

Projeção da População do Município de Gavião Peixoto


5600
Dados IBGE
5400 Projeção Aritimética
Projeção pela Curva Logística
5200 Projeção Geométrica 5.072
Pontos Projetados SEADE
5000 Projeção dos Pontos SEADE 4.852
4.732
HABITANTES

5.012
4800 4.643

4600 4.751
4.714
4.624
4400

4200

4000
2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030
ANO

Figura 4 – Projeção populacional para 2030


8

3. Saneamento em Gavião Peixoto

3.1. Legislação vigente

Será apresentada a seguir a legislação incidente sobre os recursos


hídricos, com especial atenção para aquelas que melhor se enquadram no
caso em questão.

3.1.1. Classe dos rios


A classe dos rios é uma classificação que leva em conta o tipo de uso
que se pretende dar para determinado corpo d’água, e é apresentada para os
rios próximos ao Município de Gavião Peixoto.

3.1.1.1. Rio Jacaré Guaçu


Segundo o Decreto Nº 10.755, de 22 de novembro de 1977, o Rio
Jacaré-Guaçu, desde a confluência com o Rio Monjolinho até a sua Foz na
Represa de Ibitinga no Município de Ibitinga, pertence à classe 3.

Segundo o Art. 7º do decreto estadual 8468, a classe 3 é caracterizada


por “águas destinadas ao abastecimento doméstico, após tratamento
convencional, à preservação de peixes em geral e de outros elementos da
fauna e da flora e à dessedentação de animais”.

Segundo o Art. 4o- IV da resolução CONAMA 357, que podem ser


destinadas:

 ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional


ou avançado;
 à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
 à pesca amadora;
 à recreação de contato secundário; e
 à dessedentação de animais.

3.1.1.2. Rio Boa Esperança


O rio Boa Esperança nasce no município de Ribeirão Bonito, na latitude
22º05'14" sul e longitude 48º11'55" oeste, bem próximo da rodovia estadual
SP-215.
9

Segundo o Decreto Nº 10.755, de 22 de novembro de 1977, o rio Boa


Esperança, desde a confluência com o Córrego da Limeira até a confluência
com o Rio Jacaré-Guaçu, no município de Boa Esperança do Sul, pertence à
classe 4.

Segundo o Art. 7º do decreto estadual 8468, a classe 4 é caracterizada


por “águas destinadas ao abastecimento doméstico, após tratamento
avançado, ou à navegação, à harmonia paisagística, ao abastecimento
industrial, à irrigação e a usos menos exigentes”.

3.1.2. Parâmetros relevantes


É necessário estabelecer parâmetros a serem estudados com duas
finalidades. A primeira consiste em fazer o diagnóstico ambiental da situação
existente; comparar a qualidade dos esgotos lançados no rio Jacaré Guaçu
com os padrões de lançamento e comparar as concentrações das substâncias
quando já no rio Jacaré Guaçu com os padrões de qualidade indicados na
legislação. A segunda finalidade consiste em comparar a situação existente
com a situação final, depois da implantação do sistema de tratamento de
esgoto, com o objetivo de avaliar o desempenho do processo escolhido e
comparar os valores finais do efluente da ETE e das substâncias presentes no
rio Jacaré Guaçu com respectivamente os padrões de lançamento e de
qualidade presentes na legislação.

O projeto presente diz respeito apenas às águas de esgoto doméstico do


município, e nesse contexto, os parâmetros relevantes são os seguintes:

 DBO em 5 dias, a 20ºC


 Nitrogênio total
 Fósforo total
 Coliformes Termotolerantes (org/100mL)
 Sólidos em Suspensão Totais
 Oxigênio Dissolvido
10

3.1.3. Padrões de qualidade do rio Jacaré Guaçu


Duas legislações vigentes devem ser consideradas:

 No âmbito nacional, a resolução nº 357, de 17 de março de 2005;


 No âmbito estadual, o decreto nº 8468, de 8 de setembro de 1976.

A Tabela 4 resume os principais padrões de qualidade que precisam ser


atendidos para respeitar a legislação relativa à qualidade das águas dos rios de
classe 3.

Tabela 4 - Padrões de qualidade a serem atendidos.

Resolução Decreto Estadual


Parâmetro Unidade
357/2005 8468/1976
Coliformes termotolerantes (NMP/100mL) 4000 4.000
DBO5 (mg/L) 10 10
OD (mg/L) >4 >4
Nitrogênio amoniacal total
(mgN/L) 13,3 -
(pH<7,5)
Nitrogênio amoniacal total
(mgN/L) 5,6 -
(7,5<pH<8,0)
Nitrogênio amoniacal total
(mgN/L) 2,2 -
(8,0<pH<8,5)
Nitrogênio amoniacal total
(mgN/L) 1,0 -
(pH>8,5)
Nitrato (mgN/L) 10 10,0
Nitrito (mgN/L) 1,0 1,0

3.1.4. Padrões de lançamento


Duas legislações vigentes devem ser consideradas:

 No âmbito nacional, a resolução nº 430, de 13 de maio de 2011;


 No âmbito estadual, o decreto nº 8468, de 8 de setembro de 1976.

A Tabela 5 resume os principais padrões de emissão que precisam ser


atendidos:
11
12

Tabela 5 - Padrões de emissão.

Resolução Decreto Estadual


Parâmetro Unidade
430/2011 8468/1976
remoção mínima 60 mg/l ou remoção mínima
DBO5 mg/L
de 60% de 80%
Nitrogênio
mg/L 20,0 -
amoniacal total
Fósforo total mg/L - -
Sólidos em
mg/L - -
suspensão totais

Na legislação brasileira não existem padrões de lançamento para o


fósforo total e os sólidos em suspensão totais. Na Tabela 6 são apresentados
os limites de outros parâmetros encontrados na legislação europeia.

Tabela 6 - Outros padrões de emissão vistos na legislação europeia.

Eficiência mínima de
Parâmetro Limite
remoção
Fósforo total1 1-2 mg/L 80%
Sólidos em suspensão
60 mg/L 70%
totais2
1 Para efluentes lançados em áreas sensíveis
2 Para população equivalente de 2.000 a 10.000 habitantes

Esses valores são apresentados apenas com o objetivo de se ter uma ideia
dos valores tradicionais que precisam ser atendidos com o intuito de não
causar problemas ambientais, não sendo obrigatório o cumprimento destes.

3.2. Coleta e tratamento do esgoto

Na Tabela 7 se pode ver a situação no ano de 2000 (dados mais recentes).


13

Tabela 7 – Saneamento básico em Gavião Peixoto em 2000

Abastecimento de Água – Nível de Atendimento 99,86%


Esgoto Sanitário – Nível de Atendimento 99,72%
(Fonte: SEADE)

Quanto ao tratamento das águas residuais, o município já teve duas ETEs,


uma acabou sendo desativada devido a problemas em sua concepção e a
outra, mais recente, apresentou problemas estruturais logo após ser
inaugurada e foi abandonada.

Devido aos projetos de coleta e tratamento que existiam na cidade o


município conta com uma rede coletora que cobre praticamente todos os
domicílios e estabelecimentos da cidade, com uma extensão estimada em
12.000 metros. O esgoto da cidade é coletado e despejado diretamente no rio,
sem nenhum tratamento. O final da rede coletora está localizado no terreno
onde antigamente estavam instaladas as lagoas de estabilização. Este ponto
pode ser visto na Figura 4. A Figura 5 corresponde à foto do local da ETE
desativada.

(fonte: Google Earth)

Figura 5 – Local da ETE desativada e ponto de lançamento.


14

(fonte: Google)

Figura 6 – Foto tirada de dentro da escavação da lagoa desativada

3.3. Dados Hidrológicos

Gavião Peixoto localiza-se totalmente na bacia Tietê-Jacaré, que


representa a Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos 13 (UGRHI 13)
no Estado de São Paulo, como se observa na Figura 7.
A Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos UGRHI 13 localiza-
se na região central do Estado de São Paulo, é composta por 34 municípios,
abriga por volta de 3,6% da população do estado e tem uma taxa de
urbanização de 94%.
15

(fonte: CETESB)
Figura 7 – UGHRI 13

A UGHRI 13 faz divisa com as UGHRI 5 (Piracicaba/Capivari/Jundiaí),


UGRHI 9 (Mogi-Guaçu), UGRHI 10 (Tietê/Sorocaba), UGRHI 16 (Tietê-
Batalha) e UGRHI 17 (Médio Paranapanema), como se pode ver na Figura 8.
16

Gavião
Peixoto

(fonte: CETESB)
Figura 8 – Localização do município dentro da UGRHI 13

Dois rios passam próximos à cidade: o rio Jacaré-Guaçu e o rio Boa


Esperança. Ambos serão detalhados mais a frente.

Como citado anteriormente o esgoto é praticamente 100% coletado e todo


esgoto coletado é despejado no rio Jacaré-Guaçu. Com o auxílio do site do
Sistema de Informações para o Gerenciamento de Recursos Hídricos, o SigRH,
foi possível obter diversos dados do corpo hídrico no ponto mais próximo do
município.

Na Figura 9 é apresentada a bacia do rio Jacaré-Guaçu. Na Figura 10


constam os dados de entrada para os cálculos do site do SigRH.
17

(fonte: CPS Engenharia)

Figura 9 - Área da bacia do rio Jacaré-Guaçu.

(fonte: http://www.sigrh.sp.gov.br/cgi-bin/regnet.exe/optgeoclick)

Figura 10 - Dados de entrada do SigRH


18

Os resultados apresentados a seguir, nas Figuras 11 a 15, mostram


respectivamente a Qmlt (vazão média de longo termo), a curva de
permanência, o volume de regularização, vazões mínimas e a Q₇,₁₀.

(fonte: http://www.sigrh.sp.gov.br/cgi-bin/regnet.exe/optgeoclick)

Figura 11 - Qmlt

(fonte: http://www.sigrh.sp.gov.br/cgi-bin/regnet.exe/optgeoclick)

Figura 12 - Curva de Permanência


19

(fonte: http://www.sigrh.sp.gov.br/cgi-bin/regnet.exe/optgeoclick)

Figura 13 - Volume de Regularização

(fonte: http://www.sigrh.sp.gov.br/cgi-bin/regnet.exe/optgeoclick)

Figura 14 - Vazões mínimas para meses consecutivos


20

(fonte: http://www.sigrh.sp.gov.br/cgi-bin/regnet.exe/optgeoclick)

Figura 15 - Q₇,₁₀

3.4. Caracterização do Esgoto Sanitário

O esgoto sanitário proveniente da cidade de Gavião Peixoto foi


caracterizado para o ano de 2011, para e para fins de projeto ele foi estimado
para os anos de 2020 e 2030 com base na projeção de população, assunto
abordado anteriormente na Seção 2.4. Foi considerado um horizonte de projeto
de 15 anos, já que pode-se prever que as instalações ficariam prontas em 2015

As principais variáveis necessárias para o pré-dimensionamento das


estruturas de tratamento de efluentes são as vazões média, mínima, máxima
diária e horária do efluente, além das cargas de DBO e DQO, que são
estimadas assumindo que o efluente possui uma carga de DBO de
54gDBO/hab.dia e de DQO de 108 gDQO/hab.dia. As informações de maior
interesse estão apresentadas nas Tabelas 8 a 10.
21

Tabela 8 - Características do Efluente de Gavião Peixoto no ano de 2011

2011
População Atendida
Pprojeto = 4.446 habitantes

Cálculo de Vazões
Cota per capita (q) = 160 L/hab.dia
Coef. Retorno (r) = 0,8
k1 = 1,2
k2 = 1,5
Taxa de Infiltração (I) = 0,1 L/s.km

Vazão média de esgoto doméstico (Qmed)


Qmed = (r*Pprojeto*q)/86400
Qmed = 6,6 L/s
Vazão de esgoto doméstico do dia de maior consumo (Qdia)
Qdia = k1*Qmed
Qdia = 7,9 L/s
Vazão máxima horária de esgoto doméstico (Qmh)
Qmh = k1*Qmed
Qmax = 11,9 L/s
Vazão de Infiltração
Ext. de rede (R) = 12.000,00 m (estimada)
Qinf = R*I/1.000
Qinf = 1,2 L/s
Vazão mínima de esgoto sanitário (Qmin)
Qmin = 0,5 *Qmed + Qinf
Qmin = 4,5 L/s
Vazão média de esgoto sanitário (Qmes)
Qmes = Qmed + Qinf
Qmes = 7,8 L/s
Vazão de esgoto sanitário do dia de maior consumo (Qd)
Qd = Qdia + Qinf
Qd = 9,1 L/s
22

Vazão máxima horária de esgoto sanitário (Qmax)


Qmax = Qmh + Qinf
Qmax = 13,1 L/s

Carga de DBO (CDBO)


Contribuição per capita (qDBO) = 54 gDBO/hab.dia
CDBO = Pprojeto * qDBO/1000
CDBO = 240 kg/dia

Carga de DQO (CDQO)


Contribuição per capita (qDQO) = 108 gDBO/hab.dia
CDQO = Pprojeto * qDQO/1000
CDQO = 480 kg/dia

Tabela 9 - Características do Efluente de Gavião Peixoto no ano de 2020

2020
População Atendida
Pprojeto = 4.732 habitantes

Cálculo de Vazões
Cota per capita (q) = 160 L/hab.dia
Coef. Retorno (r) = 0,8
k1 = 1,2
k2 = 1,5
Taxa de Infiltração (I) = 0,1 L/s.km

Vazão média de esgoto doméstico (Qmed)


Qmed = (r*Pprojeto*q)/86400
Qmed = 7,0 L/s
Vazão de esgoto doméstico do dia de maior consumo (Qdia)
Qdia = k1*Qmed
23

Qdia = 8,4 L/s


Vazão máxima horária de esgoto doméstico (Qmh)
Qmh = k1*Qmed
Qmax = 12,6 L/s
Vazão de Infiltração
Ext. de rede (R) = 12.000,00 m (estimada)
Qinf = R*I/1.000
Qinf = 1,2 L/s
Vazão mínima de esgoto sanitário (Qmin)
Qmin = 0,5 *Qmed + Qinf
Qmin = 4,7 L/s
Vazão média de esgoto sanitário (Qmes)
Qmes = Qmed + Qinf
Qmes = 8,2 L/s
Vazão de esgoto sanitário do dia de maior consumo (Qd)
Qd = Qdia + Qinf
Qd = 9,6 L/s
Vazão máxima horária de esgoto sanitário (Qmax)
Qmax = Qmh + Qinf
Qmax = 13,8 L/s

Carga de DBO (CDBO)


Contribuição per capita (qDBO) = 54 gDBO/hab.dia
CDBO = Pprojeto * qDBO/1000
CDBO = 256 kg/dia

Carga de DQO (CDQO)


Contribuição per capita (qDQO) = 108 gDBO/hab.dia
CDQO = Pprojeto * qDQO/1000
CDQO = 512 kg/dia

Tabela 10 - Características do Efluente de Gavião Peixoto no ano de 2030


24

2030
População Atendida
Pprojeto = 5.072 habitantes

Cálculo de Vazões
Cota per capita (q) = 160 L/hab.dia
Coef. Retorno (r) = 0,8
k1 = 1,2
k2 = 1,5
Taxa de Infiltração (I) = 0,1 L/s.km

Vazão média de esgoto doméstico (Qmed)


Qmed = (r*Pprojeto*q)/86400
Qmed = 7,5 L/s
Vazão de esgoto doméstico do dia de maior consumo (Qdia)
Qdia = k1*Qmed
Qdia = 9,0 L/s
Vazão máxima horária de esgoto doméstico (Qmh)
Qmh = k1*Qmed
Qmax = 13,5 L/s
Vazão de Infiltração
Ext. de rede (R) = 12.000,00 m (estimada)
Qinf = R*I/1.000
Qinf = 1,2 L/s
Vazão mínima de esgoto sanitário (Qmin)
Qmin = 0,5 *Qmed + Qinf
Qmin = 5,0 L/s
Vazão média de esgoto sanitário (Qmes)
Qmes = Qmed + Qinf
Qmes = 8,7 L/s
Vazão de esgoto sanitário do dia de maior consumo (Qd)
Qd = Qdia + Qinf
Qd = 10,2 L/s
Vazão máxima horária de esgoto sanitário (Qmax)
25

Qmax = Qmh + Qinf


Qmax = 14,7 L/s

Carga de DBO (CDBO)


Contribuição per capita (qDBO) = 54 gDBO/hab.dia
CDBO = Pprojeto * qDBO/1000
CDBO = 274 kg/dia

Carga de DQO (CDQO)


Contribuição per capita (qDQO) = 108 gDBO/hab.dia
CDQO = Pprojeto * qDQO/1000
CDQO = 548 kg/dia

Vários destes valores que constituem a caracterização do esgoto sanitário


afluente serão retomados mais à frente no pré-dimensionamento das estruturas
escolhidas como alternativas de solução para a ETE que se pretende instalar
em Gavião Peixoto.

3.5. Diluição

Para o rio Jacaré-Guaçu, onde atualmente são despejados os esgotos


sanitários in-natura, pode-se calcular a diluição que ele as concentrações de
determinados parâmetros sofrem, e se estas depois da mistura estão de
acordo com os padrões de qualidade para corpos d’água de classe 3, que
corresponde a este caso.

Os valores típicos de concentrações de alguns parâmetros encontrados no


esgoto sanitário estão apresentados na Tabela 11.

Tabela 11 - Características típicas de esgotos sanitários


26

Características físico-químicas dos esgotos sanitários


Contribuição
Parâmetros Per-capta Concentração
(g/hab.dia)
faixa típico unidade faixa típico
Sólidos Totais 120-220 180 mg/L 700-1350 1100
Em suspensão 35-70 60 mg/L 200-450 350
fixos 7-14 10 mg/L 40-100 80
volateis 25-60 50 mg/L 165-350 320
Dissolvidos 85-150 120 mg/L 500-900 700
fixos 50-90 70 mg/L 300-550 400
volateis 35-60 50 mg/L 200-350 300
Sedimentáveis - - mL/L 10-20 15
DBO5 40-60 50 mg/L 250-400 300
Matéria
DQO 80-120 100 mg/L 450-800 600
Orgânica
DBO última 60-90 75 mg/L 350-600 450
Nitrogênio total 6-10 8 mgN/L 35-60 45
Nitrogênio orgânico 2,5-4 3,5 mgN/L 15-25 20
Amônia 3,5-6 4,5 mgNH3-N/L 20-35 25
Nitrito 0 0 mgNO2-N/L 0 0
Nitrato 0-0,2 0 mgNO3-N/L 0-1 0
Fósforo 0,7-2,5 1 mgP/L 4-15 7
Fósforo orgânico 0,2-1 0,3 mgP/L 1-6 2
Fósforo inorgânico 0,5-1,5 0,7 mgP/L 3-9 5
pH - - - 6,7-8 7
Alcalinidade 20-40 30 mgCaCO3/L 100-250 200
Metais Pesados 0 0 mg/L traços traços
Compostos orgânicos tóxicos 0 0 mg/L traços traços
Oxigênio Dissolvido - - mg/L - 0
(fonte:VON SPERLING, 1996)

Com o intuito de comparar estas concentrações após a diluição, mas sem


ter dados sobre as concentrações de tais parâmetros nos pontos à montante
do rio, foi determinada a diluição somente da concentração do efluente,
resultando em somente um incremento que a concentração de esgoto sem
27

tratamento realiza sobre o rio. Para ter uma base de comparação com os
padrões de qualidade, apresentados na Tabela 4, foi calculada para aqueles
parâmetros contidos na resolução CONAMA 375/05 quantas vezes a
concentração resultante do lançamento poderia ser aumentada sem exceder os
padrões. Estes resultados estão apresentados na Tabela 12.

Foram considerados para os cálculos a vazão Q7,10 do rio, que


corresponde a 9550 L/s, e uma vazão de esgoto de 8,7 L/s, referente a vazão
média em 2030. O valor da concentração de DBO utilizado foi aquele calculado
para o caso de Gavião Peixoto, e que corresponde a 352,36 mgDBO/L para o
ano de 2030, o mais distante dentro do horizonte de projeto.
28

Tabela 12 - Diluição do esgoto sanitário

Parâmetros Incremento que a Padrão de Razão entre


concentração do qualidade padrão de
esgoto sem para qualidade e
tratamento realiza corpo incremento sofrido
sobre o rio d'água pelo lançamento
considerando diluição classe 3 de esgoto
(mg/L)

Sólidos Totais 1,00


Em suspensão 0,32
fixos 0,07
volateis 0,29
Dissolvidos 0,64
fixos 0,36
volateis 0,27
Sedimentáveis 0,01
DBO5 0,33 10 30,14
Matéria
DQO 0,55
Orgânica
DBO última 0,41
Nitrogênio total 0,04
Nitrogênio orgânico 0,02
Amônia 0,02
Nitrito 0 1 -
Nitrato 0 10 -
Fósforo 0,01 0,15 23,54
Fósforo orgânico 0,01
Fósforo inorgânico 0,01
Alcalinidade 0,18
Metais Pesados -
Compostos orgânicos tóxicos -
Oxigênio Dissolvido 0 4 -
29

Para estes parâmetros vemos que a diluição é suficiente para cumprir o


padrão de qualidade. No entanto, o tratamento proposto é necessário para
cumprir a legislação sobre os padrões de lançamento apresentado na Tabela 5,
já que a DBO supera os 60 mg/L estipulados. Dada a grande vazão do rio, o
que ocasiona a grande diluição vista para o caso do lançamento de esgoto sem
tratamento, pode-se assumir que para o caso do efluente despejado no rio
depois de ter passado pela ETE não haverá problemas quanto ao OD no ponto
crítico de consumo de oxigênio pela autodepuração, a menos que o rio já
apresente uma deficiência deste parâmetro nos pontos de montante, o que não
há como detectar devido à falta de dados.
30

4. Destinação dos subprodutos


O efluente da estação de tratamento a ser implantada pode ter duas
destinações possíveis. A primeira, mais tradicional, consiste em lançar os
efluentes tratados num corpo de água (rio, lagoa). Nesse caso, o efluente final
não é aproveitado, e as restrições associadas são aquelas que foram citadas
na Seção 3.1.4 para garantir a manutenção da qualidade ambiental do corpo
receptor. A segunda opção consiste em aproveitar o efluente tratado para
utilizá-lo na irrigação de culturas agrícolas. Esse processo tem duas vantagens:
ele permite reduzir o consumo de água potável para fins menos nobres, e
permite também aproveitar os nutrientes presentes nas águas residuais,
proveniente na urina, para reduzir o consumo de fertilizantes químicos. Por
outro lado, esse processo possui outras restrições com a presença de
organismos patogênicos, para garantir a saúde dos consumidores e
trabalhadores.

No projeto presente, é considerado em primeira etapa que os efluentes


serão lançados num corpo receptor, pelas razões seguintes:

 facilidade de implantação
 restrições menos estritas sobre a concentração de organismos
patogênicos
 dificuldade de aceitação rápida pela população do processo de
fertirrigação

No entanto, será avaliada a possibilidade de reusar o efluente tratado


depois de um período de adaptação da população. Essa possível alternativa
será levada em conta no processo de detalhamento dos tipos de tratamento.

4.1. Lançamento do efluente tratado em um corpo receptor

4.2.1. Corpos disponíveis


O município de Gavião Peixoto é localizado na proximidade de dois
corpos de água principais, que são o rio Jacaré Guaçu e o rio Boa Esperança,
como está apresentado na Figura 16 e já classificados na Seção 3.1.
31

(fonte: Instituto Geográfico e Cartográfico)

Figura 16 - Corpos de água principais

4.2.2. Critérios de escolha


Com a finalidade de escolher o rio mais adequado para lançar o efluente
tratado, é necessário lembrar os critérios de avaliação a fim de comparar as
duas alternativas. Os critérios de comparação são os seguintes:

- A vazão: é um dos critérios mais importantes. De fato, o rio tem a


função de transporte e assimilação de poluentes. As substâncias lançadas no
rio são diluídas e essa diluição depende da vazão do rio. Para uma vazão de
esgoto constante, maior a vazão do rio, melhor a diluição dos poluentes, então
mais fácil o atendimento dos padrões de qualidade do rio e a conservação da
qualidade ambiental dele.

- Distância entre o rio e o corpo receptor: esse parâmetro influi sobre o


preço de implantação e manutenção do sistema de transporte do afluente ou
efluente da ETE. Quanto maior é a distância entre o município e o corpo
receptor, mais extensa deverá ser o emissário transportando o esgoto a ser
tratado até a ETE (caso a ETE seja instalada perto do corpo receptor), ou
maior deverá ser o emissário transportando o efluente tratado até o corpo
receptor (caso a ETE seja instalada perto do ponto final da rede coletora
existente).
32

- Classe do rio: da mesma forma que a vazão, a classe do rio influi sobre
a dificuldade relativa de garantir a qualidade ambiental do rio, atendendo os
padrões de qualidade indicados na legislação. Quanto maior é a classe do rio
(de 1 a 4), menor serão as restrições dos padrões de qualidade.

- Características do rio a montante e a jusante do município Gavião


Peixoto: É importante conhecer as qualidades das águas a montante do
município para saber a quantidade de poluentes a mais que o rio pode
aguentar. Se um rio estiver muito poluído a montante, será mais difícil de
respeitar os padrões de qualidade do que se o rio estivesse puro. Isso
acontece devido à legislação vigente, que não estabelece valores limites de
variação de qualidade das águas a montante e jusante do ponto de
lançamento, mas apenas valores limites de concentrações de poluentes a
jusante do ponto de lançamento, sem tomar em conta os valores a montante.
Esse parâmetro é mais difícil de avaliar por causa de falta de dados relativos às
características dos rios a montante do município, especialmente quanto às
qualidades das águas, devido à ausência de ponto de monitoramento a
proximidade do município. Da mesma forma é importante conhecer o
características de jusante destas águas do corpo receptor, ou seja, o uso delas
a jusante do ponto de lançamento.

4.2.3. Justificativa da escolha


A Tabela 13 seguinte apresenta a comparação das características
relevantes, segundo os critérios de escolha visto anteriormente, do rio Jacaré
Guaçu e do rio Boa Esperança.

Tabela 13 - Comparação das características relevantes.

Característica Jacaré Guaçu Boa Esperança


Vazão Q7/10 (m3/s) 9,55 0,643*
Distância do município (km) <1 >2
Classe Classe 3 Classe 4
Qualidade a montante Dados faltantes Dados faltantes
Uso a jusante Ibitinga Ibitinga
* Vazão calculada com o mesmo método que para o rio Jacaré Guaçu
33

Considerando os dados dos dois rios apresentados na Tabela 13, o rio


Jacaré Guaçu é mais adequado para realizar o lançamento das águas tratadas.
A vazão muito superior, permitindo uma diluição maior, ajuda a atingir os
padrões de qualidades requeridos pela legislação. Mesmo que o rio Boa
Esperança tenha exigências de qualidade menores devidas à classe dele, que
é menos restritiva, a vazão do rio é muito baixa para o lançamento das águas
tratadas. Além disso, o rio Jacaré Guaçu é menos distante do município que o
rio Boa Esperança. Considerando o uso dos rios a jusante, as águas dos dois
serão em parte captadas somente pelo município de Ibitinga, sendo que os
outros municípios a jusante realizam captação subterrânea.

4.2. Reaproveitamento do efluente tratado

4.2.1. Situação da agricultura em Gavião Peixoto


Dois tipos de cultura predominam na região de Gavião Peixoto, as
culturas de cana-de-açúcar e de laranjas. Segundo o IBGE, os valores de
produção para o ano de 2009 são apresentados nas Tabelas 14 e 15.

Tabela 14 - Produção de cana-de-açúcar em 2009

Cana-de-açúcar
Área Colhida (Em ha) 5.980
Produção (Em toneladas) 508.300
Valor da Produção (Em mil reais
17.791
correntes)
(Fonte: SEADE : 2009)

Tabela 15 - Produção de laranja em 2009

Laranjas
Área Colhida (Em ha) 4.100
Produção (Em toneladas) 153.175
Valor da Produção (Em mil reais
39.826
correntes)
(Fonte: SEADE : 2009)
34

4.2.2. Benefícios da irrigação com águas de esgoto tratadas


Como principais benefícios associados ao uso de águas provenientes do
efluente da estação de tratamento de esgoto, têm-se a economia de consumo
de água de irrigação, além da economia do consumo de fertilizantes devido às
concentrações altas de nutrientes na constituição das águas do esgoto
doméstico, presentes na urina. Além dessas vantagens, as culturas irrigadas
com águas de esgoto tratado têm resultados de produção melhores que
culturas irrigadas de outra forma.

4.2.3. Exigências sobre a qualidade do efluente


A agricultura utiliza maior quantidade de água e pode tolerar águas de
qualidade mais baixa, principalmente em relação às concentrações de
nutrientes como nitrogênio e fósforo. Entretanto, para uso de águas residuais
de origem urbana ou agroindustrial, diretrizes especiais devem ser levadas em
consideração, a fim de evitar riscos à saúde pública, principalmente no que se
refere às suas características microbianas.
Os critérios de qualidade microbiológica recomendados pela EPA (1981)
para a utilização de águas residuais, esgoto doméstico, em irrigação são
apresentados na Tabela 16.

Tabela 16 - Critérios de qualidade microbiológica recomendados pela EPA (1981)

4.3. Destinação do lodo proveniente da ETE

O lodo proveniente da ETE seria encaminhado para o aterro sanitário


existente na cidade, que apesar de estar irregular entre os anos de 2007 e
35

2012, foi regularizado neste ano e avaliado pela CETESB, recebendo uma nota
8,1 no Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos (IQR).

Futuramente outras opções poderiam ser estudadas para a disposição


do lodo, como por exemplo a utilização da torta de lodo na agricultura, mas
como este é um tema complexo e que precisaria ser desenvolvido mais
detalhadamente, considerou-se que esta discussão não caberia no contexto
deste estudo de concepção.
36

5. Escolha dos tratamentos a serem considerados como alternativas de


solução

5.1. Descrição do método de escolha

No objetivo de escolher o tratamento mais adequado para tratar o esgoto


doméstico do município, foi utilizado um método de análise multicritério, usando
como ferramenta uma matriz de escolha, com as seguintes entradas:
 em linha foram colocados os tratamentos tecnicamente viáveis que
precisam ser comparados
 em coluna foram colocados os critérios de avaliação. Cada critério foi
associado com uma ponderação que foi adotada tomando em
consideração as características do Município de Gavião Peixoto.
 as características mais relevantes que influenciaram na
determinação das ponderações foram as seguintes:
 o número de habitantes
 a área disponível
 o nível de tecnologia disponível
 a presença ou não de operadores qualificados
 o diagnóstico ambiental da área de estudo (qualidade das
águas, legislação)
 a demanda de água para agricultura
É importante precisar que nesse projeto serão propostas duas alternativas
de processo de tratamento, a fim de deixar a escolha final para o tomador de
decisão, levando em conta outros critérios de outras naturezas que não foram
considerados nesse estudo, com a finalidade de não desconsiderar a
complexidade do processo de decisão.

5.2. Seleção dos tratamentos candidatos

Os processos de tratamento candidatos foram retirados da literatura


existente, considerando os tratamentos que foram já foram implantados no
Brasil, com resultados satisfatórios.
Dentro dessa lista existem as seguintes categorias de tratamento:
 Sistema de lagoas
37

 Sistema de disposição no solo


 Sistema de reatores anaeróbios
 Sistema de lodos ativados
 Sistema de filtros biológicos
Além dos tratamentos simples foram levadas em conta as combinações
possíveis de tratamento de categorias diferentes (exemplo: UASB + lodo
ativado).
Com a finalidade de se adaptar o máximo possível à área de estudo,
tentando garantir a flexibilidade do estudo presente, serão selecionadas duas
alternativas pertencentes a diferentes categorias de tratamento. Deste modo foi
escolhido comparar os tratamentos por categoria, para selecionar o melhor
tratamento por categoria, com o objetivo de propor duas soluções viáveis de
tipos diferentes.
Na seção seguinte estão apresentados os tipos de tratamento candidatos,
por categoria, considerando também as combinações de processos.
Sistemas de lagoas de estabilização
As lagoas de estabilização representam uma das formas mais simples
de tratar o esgoto.Existem várias combinações de diferentes lagoas. Os
sistemas candidatos a serem comparados nessa categoria são os seguintes:
 Lagoa facultativa
 Lagoa anaeróbia - facultativa
 Lagoa aerada facultativa
 Lagoa aerada mistura completa - lagoa sedimentação
 Lagoa anaeróbia + facultativa + maturação
 Lagoa anaeróbia + facultativa + alta taxa
 Lagoa anaeróbia + facultativa + remoção de algas
Sistema de disposição no solo
A aplicação de esgoto no solo pode ser considerada uma forma de
disposição final, tratamento ou ambos. Aplicado no solo, o esgoto passa por
vários mecanismos (físicos, químicos e biológicos) que atuam na remoção dos
poluentes.
Para a seleção do tratamento, são comparados quatro tipos de processo
de disposição no solo:
 Infiltração lenta
38

 Infiltração rápida
 Aplicação com escoamento superficial
 Sistemas de terras húmidas (wetlands)
Sistema de reatores anaeróbios
Existem diferentes tipos de reatores anaeróbios. No estudo presente,
são comparadas diferentes alternativas utilizando um dos tipos mais utilizados
para o tratamento de esgoto doméstico, o reator anaeróbio de fluxo ascendente
e manta de lodo (UASB). As combinações avaliadas são:
 Reator UASB
 UASB + lodos ativados
 UASB + biofiltro aerado submerso
 UASB + filtro anaeróbio
 UASB + filtro biológico percolador de alta carga
 UASB + lagoas de polimento
 UASB + lagoa aerada facultativa
 UASB + lagoa aerada mistura completa + lagoa decantação
Sistema de lodos ativados
O sistema de lodo ativado é bastante utilizado em nível mundial, e
permite tratar uma elevada carga no efluente com baixos requisitos de área.
Por outro lado, a complexidade operacional, o nível de mecanização e o
consumo energético são mais elevados. No caso do município de Gavião
Peixoto, que tem muita área disponível, esse tipo de sistema não parece a
melhor opção de tratamento. No entanto, serão avaliado duas alternativas de
sistemas de lodo ativado:
 Lodo ativado convencional
 Lodo ativado - aeração prolongada
Reatores aeróbios com biofilmes
Esse tipo de alternativa consiste em favorecer o crescimento da
biomassa por aderência a um meio de suporte. Há diversas variantes dentro
deste conceito, sendo que os tratamentos candidatos nessa categoria são os
seguintes:
 Filtro biológico percolador de baixa carga
 Filtro biológico percolador de alta carga
39

 Biofiltro aerado submerso

5.3. Seleção dos aspectos de escolha

Os aspectos considerados têm como papel escolher o processo de


tratamento mais adequado para o problema presente. Segundo o grau de
importância dado para cada critério pelo uso de ponderações associadas, a
escolha do tratamento se faz em consideração das características específicas
para o caso de Gavião Peixoto, cujas principais são:
 Baixa população
 Grande disponibilidade de área
 Tipo de coleta: estritamente esgoto doméstico. A rede de coleta
existente apenas para as águas residuais domésticas. As indústrias
presentes, principalmente EMBRAER, não estão ligadas com a rede
de esgoto domestico.
 Tipos de culturas predominantes: cana-de-açúcar e laranjas
Nestas condições foram selecionados os critérios apresentados na
Tabela 17, com as suas ponderações respectivas.
40

Tabela 17 - Critérios selecionados

DBO 4
nutrientes 0,5
Eficiência remoção 15
coliformes 4
SS 1,5
Requisitos de área 0,6
Requisitos de energia 1,4
Economia 15 Custos de implantação 3,5
Custos de operação/manutenção 3,5
Geração 1
Capacidade de Vazão 5
resistência a variações 20 Qualidade 3
do afluente Tóxicos 2
Confiabilidade 15 -
Simplicidade 10 -
Independência de outras Clima 3
15
características Solo 7
Maus odores 4
Menor possibilidade de Ruídos 3
10
problemas ambientais Aerossóis 2
Insetos e vermes 1

Justificativa das ponderações

 Eficiência de remoção

Para a eficiência dos processos, as capacidades de remoção


selecionadas foram ligadas com a natureza das águas residuais coletadas, que
correspondem ao esgoto doméstico. O processo que deve ser utilizado deve
preencher as condições seguintes:

 Diminuição significativa da carga orgânica: a matéria orgânica presente


no corpo d’água e no esgoto é uma característica de importância
41

primária porque ela é responsável pelo consumo, pelos microrganismos


decompositores, do oxigênio dissolvido na água.
 Remoção de nutrientes: a remoção dos nutrientes como o nitrogênio, o
fósforo e o potássio, presentes nas águas de esgoto e principalmente na
urina, tem sua importância pelo fato de impedir o processo de
eutrofização do curso d’água. Em nosso caso, o efluente da estação de
tratamento pode ter duas destinações possíveis: o rio Jacaré Guaçu, e
os solos agrícolas. Nos dois casos, a ponderação associada é baixa. De
fato, no primeiro caso, tem-se que a diluição das concentrações de
nutrientes pelo rio Jacaré Guaçu é muito alta por causa de uma vazão
suficientemente grande (estudo do Q₇,₁₀, visto anteriormente). Por essa
razão, neste caso, o processo de tratamento escolhido não necessita de
uma grande eficiência de remoção de nutrientes, apenas o necessário
para atender os padrões de lançamento vistos anteriormente. No
segundo caso, que é o reaproveitamento das águas para usar na
fertirrigação, é justamente a presença de nutrientes que viabiliza o
crescimento das plantações. Por isso, neste caso, o processo de
tratamento deveria ter uma remoção de nutrientes baixa para ter um
efluente adaptado ao processo de fertirrigação. Finalmente nos dois
casos, a remoção de nutrientes não precisa ser alta.
 Remoção de coliformes: os coliformes são um parâmetro representativo
da presença de organismos patogênicos que são responsáveis pela
proliferação de doenças. Esse parâmetro é de grande importância,
principalmente se o efluente final for utilizado na agricultura.
 Sólidos sedimentáveis: os efeitos da poluição pelos sólidos
sedimentáveis são vários. Entre eles podem ser citados os mais
significativos, tais como o aumento da turbidez, o impedimento à
penetração da luz no corpo d’água diminuindo a produção de OD.
 Economia
 Requisitos de área: no caso de Gavião Peixoto, a disponibilidade de
área é alta, por isso, o tratamento a escolher não precisa ser o menor
possível, e pode ter uma demanda de área grande. Por isso a
ponderação associada é baixa.
42

 Requisitos de energia: nesse caso, o requisito de energia é


particularmente importante, porque influi sobre dois parâmetros: os
custos de operação e a confiabilidade do processo. De fato, um
processo dependente de energia torna-se inviável no caso de um corte
de energia.
 Custos de implantação: é primordial, no caso de um município com
população pequena como Gavião Peixoto dispor de um processo com
custo de implantação baixo pelo fato de que um processo caro pode
nunca ser implantado, ou precisar de anos de esforço para ser
implantado, o que causa um descumprimento aos padrões durante um
período de tempo maior e considerável.
 Custo de operação: para ser aprovado pelos tomadores de decisão,
além de ter um custo de implantação baixo, o processo não pode ter um
custo de operação alto, considerando o tamanho do município e a
economia dele.
 Geração de subprodutos: a geração de subprodutos, e principalmente
de lodo, é um aspecto que precisa ser tomado em conta porque influi
sobre a complexidade operacional e o custo associado para assegurar a
gestão deles.
 Capacidade de resistência a variações do afluente e cargas de choque
 Vazão: as variações de vazão podem ser grandes no caso considerado.
Isso porque existe o risco da legislação vigente não ser cumprida e as
águas pluviais serem encaminhadas juntas à rede de esgoto. Durante o
período de chuva, as vazões podem aumentar consideravelmente, por
isso o tratamento a ser escolhido deve ser resistente às variações de
vazão.
 Qualidade: as variações de qualidade do afluente tem pouca importância
no caso do esgoto doméstico que apresenta pouco risco de
contribuições de outros tipos que as usuais.
 Tóxicos: O risco de ter presença de tóxicos nas águas residuais
domésticas é muito baixo porque não existem contribuições de
indústrias na rede coletora existente.
 Confiabilidade: o processo escolhido deve ter uma confiabilidade
suficiente para não apresentar problemas com elevada frequência; e
43

garantir uma boa operação em função do nível de treinamento dos


operadores disponíveis.
 Simplicidade: No caso de um município com poucos habitantes (cerca
de 5000 habitantes), a simplicidade do processo deve ser considerada,
pelas razões seguintes:

- usualmente em municípios de pequeno porte, não existe mão de


obra altamente qualificada e especializada, por isso o processo não
deve apresentar uma operação muito complexa.

- os recursos financeiros de um município deste tamanho são


geralmente reduzidos, por isso um processo complexo, que
geralmente é caro na fase de implantação e na fase operacional, não
deve ser escolhido.

- o processo escolhido deve requerer tecnologias facilmente


accessíveis, ou seja, não pode requerer tecnologias não aplicadas na
escala nacional

 Independência de outros fatores


 Clima: a temperatura afeta a taxa de reação da maioria dos
processos biológicos, e pode afetar também a operação física das
unidades. Além disso, pode acelerar a geração de odores no caso de
temperaturas elevadas.
 Solo: alguns processos de tratamento dependem do tipo de solo,
com destaque para os sistemas de lagoas onde escavações precisam
ser realizadas. A dependência de um tipo de solo restringe a escolha
do tratamento.
 Problemas ambientais: Os problemas ambientais têm importância
significativa na tomada de decisão, ainda mais nesse caso onde já
houveram reclamações de um número considerável de habitantes
relativo ao mau cheiro. Se o projeto for instalado no lugar da antiga
estação de tratamento, deve imperativamente minimizar os possíveis
problemas ambientais para não repetir os erros do passado.
44

5.4. Aplicação do método e escolha das alternativas de solução

As alternativas de tratamentos foram inseridas na matriz de escolha para


compará-los por categoria. Aquelas que obtiveram a melhor nota por cada
categoria, ou seja, os tratamentos mais adequados de cada categoria são
apresentados na tabela abaixo:
 Lagoa anaeróbia + facultativa + maturação
 UASB + filtro biológico percolador de alta carga
 Lodos ativados - aeração prolongada
 Filtro biológico percolador de alta carga
 Infiltração rápida
Em anexo é apresentada a matriz de escolha com as respectivas notas para
cada tratamento.

Proposta de duas alternativas consideradas as mais adequadas


No contexto do projeto, as metas são escolher duas alternativas de
tratamento para pré-dimensionar, escolher o respectivo lugar de implantação, e
deixar para o tomador de decisão a escolha definitiva.
Dentre as cinco alternativas que foram destacadas pela ferramenta de
matriz de decisão, as duas alternativas escolhidas definitivamente são:
 Sistema australiano: lagoa anaeróbia + facultativa + maturação
 Sistema de UASB seguido de um filtro percolador de alta carga
Essas duas alternativas são consideradas mais adequadas para o contexto
de projeto pelas seguintes razões:
 Por eliminação do sistema de tratamento por lodo ativado. Como foi
constatado anteriormente, o tratamento por lodo ativado não está
adequado para a situação considerada:
 Pela complexidade operacional que requer operadores qualificados
para assegurar o bom funcionamento do sistema. A situação de
Gavião Peixoto (população de 5.000 habitantes, a grande distância
de Araraquara) não permite garantir a presença de mão de obra para
assegurar o bom desempenho do processo.
 Pelo nível de sofisticação do sistema que implica em custos de
implantação e nível de mecanização elevados.
45

 Pelo mecanismo de funcionamento que requer um consumo de


energia alto, significando custos de operação elevados e alta
sensibilidade do processo.
 Por considerações sobre a destinação do efluente tratado: conhecendo
o grau de diluição alto do rio Jacaré-Guaçu, e a capacidade alta de
receber águas para irrigação da atividade agrícola dinâmica, o sistema
de tratamento escolhido além de não precisar ter altas taxas de remoção
de nutrientes, tem interesse em não remover eles para poder viabilizar o
processo de irrigação das culturas de laranjas e cana-de-açúcar. Além
disso, os processos anaeróbios e por lagoas de estabilização removem
os organismos patogênicos com eficiência satisfatória para possibilitar o
processo de fertirrigação, baseando-se nos padrões de segurança da
EPA e da OMS.
46

6. Descrição das Alternativas


6.1. Reator UASB seguido de filtro biológico percolador

O tratamento pelo reator UASB (Upflow anaerobic sludge blanket) seguido


de um filtro biológico percolador foi uma das alternativas selecionadas e será
detalhada nesta etapa do relatório.

6.2.1. Descrição
Esta alternativa é constituída mais especificadamente pelos seguintes
dispositivos: gradeamento, peneira hidrostática e caixa de areia como
tratamento preliminar; reator UASB como tratamento anaeróbio; filtro biológico
percolador como tratamento biológico aeróbio complementar; decantador
secundário; desinfecção final com hipoclorito de sódio; desaguamento por meio
de leitos de secagem do lodo removido do tratamento anaeróbio.

É apresentado a seguir na Figura 17 o fluxograma do sistema de


tratamento descrito anteriormente.

Figura 17 - Esquema tratamento reator UASB seguido de Filtro biológico

O processo do reator UASB consiste em um fluxo ascendente de


esgotos através de uma manta de lodo, que tem alta densidade e atividade. O
perfil de sólidos no reator varia verticalmente: o lodo é mais denso e com
partículas granulares de elevada capacidade de sedimentação no fundo (leito
de lodo), e mais disperso e leve no topo (manta de lodo), sendo que a
estabilização de matéria orgânica ocorre em todas as zonas.

A mistura fica garantida pelo fluxo ascensional já que o esgoto entra pelo
fundo e o efluente sai por cima. No topo fica situado um sistema de decantação
interna, logo acima de um dispositivo separador de gases e sólidos, garantindo
47

que as partículas que se desgarram da manta de lodo retornem à câmara de


digestão.

As vantagens deste sistema de tratamento é ele ser compacto, não


exigindo grandes quantidades de área, possui um baixo custo de implantação e
de operação, baixa produção de lodo, baixo consumo de energia (já que não
são utilizados agitadores o consumo de energia ocorre somente se forem
necessárias bombas elevatórias), satisfatória eficiência de remoção de DQO e
DBO (65 a 75%), possibilidade de rápido reinício, mesmo após longas
paralisações e elevada concentração e boa desidratabilidade do lodo
excedente.

No entanto, o sistema também apresenta desvantagens tais como a


liberação de maus odores, característica dos reatores anaeróbios, baixa
capacidade do sistema em tolerar cargas tóxicas, elevado intervalo de tempo
necessário para a partida do sistema e necessidade de uma etapa de pós-
tratamento.

O filtro biológico percolador corresponde ao pós-tratamento escolhido


neste caso e consiste em um tanque preenchido com material de alta
permeabilidade. Trata-se de um sistema aeróbio no qual o esgoto percola para
o fundo onde é recolhido por drenos. Na superfície do material de enchimento
ocorre crescimento bacteriano, que é denominado biofilme, e que quando em
contato com o esgoto permite a interação entre os microrganismos e a matéria
orgânica, adsorvendo-a tempo suficiente para sua estabilização.

A variação na velocidade de escoamento nos poros consequentes da


variação dos espaços vazios que vão sendo ocupados pelo crescimento do
biofilme se caracteriza como um mecanismo natural de controle do material
aderido, que após desalojado é removido no decantador secundário.

As principais vantagens do filtro biológico percolador são a simplicidade


e o baixo custo operacional. Não há consumo de energia neste sistema, que
apesar de ser aeróbio não necessita de ventilação para inserção de oxigênio
no sistema.
48

6.2.2. Pré-Dimensionamento
Partindo-se das características do esgoto adotadas, já apresentadas
anteriormente na Seção 3.4 deste relatório, o pré-dimensionamento das
estruturas desta alternativa foi realizado de acordo com a sequencia de
passagem do esgoto: pré-tratamento, tratamento anaeróbio do tipo reator
UASB, e pós-tratamento, sendo o principal deles o filtro biológico percolador.

 Tratamento Preliminar

O pré-tratamento consiste em um gradeamento para a retirada de resíduos


grosseiros, que ocorre em uma primeira etapa na estação elevatória do sistema
de alimentação da estação de tratamento e em uma segunda etapa na própria
estação através de uma peneira hidroestática. Para o controle da vazão de
esgoto que chega a esta peneira será utilizada uma calha Parshall, que tem
suas características de projeto determinadas em função das vazões máximas e
mínimas observadas no período, sendo que o mínimo corresponde à 4,5 L/s no
ano de 2011 e o máximo à 14,7 L/s no ano de 2030.

Uma vez que esta faixa de vazão está contida na faixa de operação da
calha Parshall de largura nominal de W=3’’ (Ln=7,6 cm), que é de 0,85 L/s a
53,8L/s, esta será adotada. Deste modo, para esta largura temos a seguinte
fórmula de calha Parshall: .

Por meio desta pode-se calcular a altura da lâmina d’água máxima e

mínima que ocorrerá na calha Parshall (H), e através da relação

também é possível determinar qual o rebaixamento (Z) que ocorre à

entrada do dispositivo, chegando-se assim às alturas de lâmina d’água de


montante (Y).

A Tabela 18 contém um resumo dos resultados provenientes das


considerações acima descritas.
49

Tabela 18 - Características calha Parshall

Calha Parshall
Largura Nominal 3’’ (7,6 cm)
Q mínima 4,5 L/s
Q máxima 14,7 L/s
H mínima 0,093 m
H máxima 0,201 m
Z 5 cm
Y mínima 0,047 m
Y máxima 0,155 m

Com base nestas informações pode-se escolher qual peneira estática


escolher para utilização, sendo recomendada uma com abertura de 5mm, que
terá suas dimensões variáveis dependendo das configurações de cada
fabricante.

Utilizando esta peneira de 5mm há em média uma retenção de 80 L de


material a cada 1000 m³ de esgoto que passa pelo equipamento. Deste modo,
como apresentado na Tabela 19, teríamos as seguintes quantidades de
resíduos que seriam retidos na peneira:

Tabela 19 - Quantidade de resíduos retida pela peneira

Ano Quantidade retida pela peneira (L/dia)


2011 53,914
2020 56,678
2030 60,134

A próxima etapa do tratamento preliminar a ser realizada corresponde à


desarenação, que ocorre em uma caixa de areia. Esta deve ser um canal com
velocidade constante, sendo que a calha Parshall instalada já cumpre esta
função de regulação de velocidade. Busca-se remover uma areia com diâmetro
de 0,2 mm e de peso específico de 2,65 kN/m³, e para garantir tal remoção a
50

taxa de escoamento superficial para as vazões máximas deve estar na faixa


entre 600 e 1300 m³/m²dia; do mesmo modo para viabilizar a remoção destas
areias a velocidade na caixa também deve estar entre 0,15 e 0,40 m/s.

Sob estas restrições, adotando a velocidade de 0,3 m/s para a vazão


máxima do ano de 2030 pode-se estabelecer as dimensões que a caixa de
areia deve ter, e que estão apresentadas na Tabela 20. Também é possível
calcular as taxas de escoamento superficial e verificar se as condições
realmente se enquadram no esperado. A quantidade de areia retirada é
estimada assumindo-se que há uma remoção de 40 L para cada 1000 m³ de
esgoto que passa pelo desarenador. Ambos estes resultados constam na
Tabela 21.

Tabela 20 - Características caixa de areia

Caixa de Areia
Velocidade adotada 0,3 m/s
Área 0,029 m²
Largura 0,187 m
Comprimento 3,871 m
Área Superficial 1,161 m²

Tabela 21 - Taxa de escoamento superficial e quantidade de areia removida

Taxa de escoamento Quantidade de areia


Ano
superficial (m³/m²dia) removida (L/dia)
2011 974,5 26,95
2020 1026,6 28,33
2030 1093,5 30,06

Considerando-se que o procedimento de limpeza da caixa de areia será


realizada mensalmente, sabendo-se que por dia em 2030 estarão se
acumulando 2,6 cm de areia, tem-se que a profundidade mínima desta
estrutura deve ser de aproximadamente 80 cm.
51

 Pré-Tratamento Anaeróbio: Reator UASB

Para garantir uma eficiência adequada, que seria de 65 a 70%, é


necessária a observação de algumas restrições, que estão apresentadas na
Tabela 22 a seguir:

Tabela 22 - Resumo dos principais critérios e parâmetros hidráulicos para o projeto de reatores
UASB tratando esgotos domésticos

Faixa de valores, em função da


vazão
Critério/Parâmetro
para para para
Qméd Qmáx Qpico(*)
Carga hidráulica volumétrica
< 3,5 < 5,5 < 7,0
(m³/m³dia) (**)
Tempo de detenção hidráulica (h) (**) ≥ 7,0 ≥ 4,5 > 3,5
Velocidade ascendente de fluxo (m/h) 0,5 a 0,7 ≤ 1,1 <1,5
Velocidade nas aberturas para o
≤ 2,5 ≤ 4,0 < 5,5
decantador (m/h)
Taxa de aplicação superficial no
≤ 0,8 ≤ 1,2 <1,5
decantador (m/h)
Tempo de detenção hidráulica no
≥ 1,5 ≥ 1,0 > 0,6
decantador (h)
(*) picos de vazão com duração entre 2 e 4 horas (fonte:CHERNICHARO, 1997)
(**) para temperaturas do esgoto na faixa de 22 a 25ºC

Além destes critérios também é recomendada uma altura útil do reator


entre 4,0 e 5,0m.

O cálculo das dimensões deve ter como base os valores de vazão do ano
de 2030, que corresponde ao horizonte de projeto. Com base nesta e nos
valores da tabela calculam-se as áreas mínimas de passagem e de
decantação, a partir das quais se determina o volume necessário ao reator.
Com estas informações são determinadas as características geométricas que
este reator apresentará, sendo que os valores adotados para este caso estão
apresentados na Tabela 23. Como a partir dos dados do projeto chegou-se à
um volume de aproximadamente 250 m³, foi determinado que somente 1 reator
seria o suficiente para suprir a demanda. No entanto, se possível, optar pela
52

adoção de 2 reatores para garantir que ainda haja tratamento em caso de


parada do sistema para manutenção ou em pane.
53

Tabela 23 - Características reator UASB

Reator UASB
Nº de reatores 1
Comprimento 7,5 m
Largura 7,5 m
Área do fundo 56,25 m²
Altura útil total 5m
Volume útil do reator 281,25 m³
Área de decantação 55,05 m²
Área de passagem para zona de decantação 15 m²

Também foi definido que este reator terá 2 campânulas de coletas de gás,
reduzindo a área de decantação em 0,6 m para cada uma delas, o que resulta
em uma área de decantação maior do que a mínima calculada, que foi de 44
m², o que valida as medidas adotadas. A passagem para a zona de decantação
será feita a partir de 4 passagens de 0,5 m cada uma, resultando na área de
passagem observada na Tabela 23, que também respeita a área mínima de
passagem para a zona de decantação que foi calculada inicialmente, e que era
de 13,3 m². A configuração do reator fica como indicado na Figura 18.
54

0,3 m Caixa de 0,15 m Gás para


distribuição Queimador

2,0 m
0,5m

5,0 m Lona de
caminhão

Concreto 3,0 m

Armado

7,5 m

Figura 18 - Configuração reator UASB

Após estabelecer estes parâmetros é possível calcular para cada ano o


tempo de detenção, a velocidade ascensional, a velocidade de passagem e a
taxa de escoamento superficial, verificando que estes valores, que estão
apresentados na Tabela 24, estão realmente de acordo com os critérios que
constam da Tabela 22.

Tabela 24 - Critérios de projeto a serem verificados

Ano Tempo de retenção hidráulica


2011 10,016 h para Qméd
5,96 h para Qmáx
2020 9,53 h para Qméd
5,66 h para Qmáx
2030 8,98 h para Qméd
5,31 h para Qmáx
55

Ano Velocidade ascendente


2011 0,8384 m/h para Qmáx
2020 0,8832 m/h para Qmáx
2030 0,9408 m/h para Qmáx

Ano Velocidade de passagem


2011 3,144 m/h para Qmáx
2020 3,312 m/h para Qmáx
2030 3,528 m/h para Qmáx

Ano Taxa de escoamento à superfície


2011 0,8567 m³/m²/h para Qmáx
2020 0,9024 m³/m²/h para Qmáx
2030 0,9613 m³/m²/h para Qmáx

Fica definido que a alimentação será realizada de modo a haver 1 tubo para
cada 3 m² de área de fundo do reator, totalizando 19 tubos para o caso; estes
tubos, preferencialmente de diâmetro de 75 mm, partirão de um vertedor de
distribuição localizado no topo do reator e percorrerão a extensão chegando
até aproximadamente 0,5 m de distância do fundo do reator.

Um sistema de retirada de escuma deve existir para remover aquela que


ficou acumulada no entorno da campânula, internamente ou externamente, e
deve ser concentrada e desaguada juntamente aos lodos.

Com todos estes dados calcula-se então a produção de lodo e de gás desta
parte do processo.

Em relação aos lodos que saem do reator UASB, eles são provenientes da
carga de DBO do efluente que chega à estação de tratamento, mas este
também recebe aqueles gerados no filtro biológico percolador e no efluente do
sistema de deságue do lodo. São aqui apresentados os dados separados das
três fontes de lodo e então no fim os valores totais.
56

Para o lodo que é produzido no próprio reator a partir da carga de DBO


aplicada no sistema sabe-se que para cada quilograma de DBO aplicada, 0,28
kg de sólidos suspensos (SS) são produzidos. Com isso calcula-se que 76,72
kg de SS são produzidos por dia com esta origem.

Para o lodo que é produzido a partir do retorno do lodo do filtro percolador


biológico, tem-se que para cada quilograma de DBO aplicada no filtro biológico
são produzidos 0,80 kg de SS e 0,56 kg de sólidos suspensos voláteis (SSV). É
importante lembrar que a carga de DBO que é aplicada no filtro biológico
percolador corresponde a aproximadamente 30% daquela aplicada inicialmente
uma vez que na passagem pelo reator UASB 70% dela já foi removida. Deste
modo, na saída do filtro aeróbio há produção diária de 65,76 kg de SS e 46,03
kg de SSV, que na recirculação pelo reator UASB sofrem redução de cerca de
20% de SSV por conta da estabilização anaeróbia, totalizando assim 56,55 kg
SS por dia relacionados à esta fonte.

O lodo que vem junto com o efluente do deságue corresponde à


aproximadamente 5% dos demais lodos que saem do reator UASB, perfazendo
portanto 6,66 kg de SS por dia.

Finalmente, tem-se que o total de lodo proveniente do reator UASB é de


139,94 kg diários de SS, que quando contém teor de sólidos de 3% e
densidade de 1030 kg/m³, valores típicos, resultam em uma vazão de lodo do
reator UASB de 4,53 m³/dia. A remoção deve ser ajustada visando um teor de
sólidos de 3,5% no lodo, o que é o adequado para realizar o desaguamento.

Já quando se trata da produção de gases, pode-se estimar a produção de


metano e de outros gases de interesse. Estes gases, que são provenientes da
estabilização do lodo, vão surgir do lodo que é originário do esgoto aplicado no
reator UASB, uma vez que o lodo de retorno do filtro biológico percolador pode
já ser considerado estabilizado anaerobiamente na saída do reator.

Para os gases gerados a partir do lodo originário do esgoto, tem-se que em


média são produzidos de 110 NL de metano por cada quilograma de DQO
aplicada ao reator UASB, ou para os gases em geral, que em média de 140 NL
de gás é produzida por cada quilograma de DQO aplicada ao reator UASB.
57

A partir de tais cálculos, e sabendo que a máxima produção de gás é uma


vez e meia a produção média de gás, foi elaborada a Tabela 25 que resume a
produção de gases pelo reator.

Tabela 25 - Produção de gases

Produção de Produção de Gás


Ano Produção de Gás (Nm³/dia)
Metano (Nm³/dia) Máxima (Nm³/hora)
2011 67,2 52,8 4,2
2020 71,68 56,32 4,48
2030 76,72 60,28 4,795

Estes gases produzidos devem ser queimados, sendo uma opção um


queimandor tipo flare com capacidade de consumir 5 Nm³ de gás por hora,
eliminado uma média de 80% do metano.

 Pós-Tratamento Aeróbio

A primeira etapa do pós-tratamento corresponde à passagem pelo filtro


biológico percolador, um tratamento do tipo aeróbio.

Para a utilização do FBP após tratamento em reator anaeróbio as seguintes


condições apresentadas na Tabela 26 devem ser observadas.

Tabela 26 - Taxas de aplicação recomendadas para o projeto de filtros biológicos percolados de


alta taxa, aplicados ao pós-tratamento de efluentes de reatores anaeróbios

Faixa de valores, em função da


vazão
Critério/Parâmetro
para para para
Qméd Qmáx Qpico
Tipo de meio suporte Pedra Pedra Pedra
Profundidade do meio suporte (m) 2,0 a 3,0 2,0 a 3,0 2,0 a 3,0
Taxa de aplicação superficial
15 a 18 18 a 22 25 a 30
(m³/m².dia)
Carga orgânica volumétrica (kg
0,5 a 1,0 0,5 a 1,0 0,5 a 1,0
DBO/m³.dia)
(fonte:CHERNICHARO, 1997)
58

Supondo que o tratamento anaeróbio removeu 70% da DBO originária do


efluente, a carga de DBO que chega ao FBP é igual a 82,2 kgDBO/dia, com
concentração (Se-uasb) de 109 mgDBO/L. Deseja-se que a DBO para o
efluente de FBP seja de 40mg/L; também espera-se que o lodo de descarte do
decantador secundário tenha concentração de 1% e massa específica de 1020
kgSST/m³.
Primeiramente adota-se uma carga orgânica volumétrica (Cv) de 0,6
kgDBO/m³dia, dentro do recomendado pela Tabela 26. Então se calcula o

volume do meio suporte através da equação , obtendo um

volume de 137 m³.

O próximo passo é a adoção de uma profundidade para o meio suporte,


e também de acordo com a Tabela 26 adota-se uma profundidade (H) de 3,0
m. Deste modo calcula-se que a área do FBP é de 46 m² . Fica definido que
somente 1 filtro será utilizado sendo suficiente para atender à demanda da
cidade e que ele será circular. Estas características permitem determinar o
diâmetro que a estrutura deve ter, e que é 7,7 m.

Um resumo das características do filtro percolador é apresentado abaixo na


Tabela 27, que é seguida do desenho esquemático do FBP apresentado na
Figura 19.

Tabela 27 - Características filtro biológico percolador

Filtro Biológico Percolador


Nº de filtros 1
Geometria Circular
Diâmetro 7,7 m
Área 46 m²
Altura útil total 3,0 m
Volume útil do reator 137 m³
59

Figura 19 - Configuração filtro biológico percolador

Também é possível calcular as efetivas taxas de aplicação hidráulica


superficial para verificar a conformidade com os valores indicados como ideais,
e cujos resultados são apresentados na Tabela 28.

Tabela 28 - Taxa de Aplicação hidráulica superficial no Filtro Biológico Percolador

Ano Taxa de aplicação hidráulica superficial


2011 15 m³/m².d para Q méd
17 m³/m².d para Q máx, dia
26 m³/m².d para máx,hora
2020 16 m³/m².d para Q méd
18 m³/m².d para Q máx, dia
27 m³/m².d para máx,hora
2030 16 m³/m².d para Q méd
19 m³/m².d para Q máx, dia
29 m³/m².d para máx,hora
60

Nota-se que somente o valor para o ano de 2011 para a vazão máxima
diária não se enquadra nos valores estipulados como ideais, o que não é a
melhor situação, mas também não prejudica o funcionamento já que todos os
outros valores estão dentro do esperado.

A eficiência de remoção de DBO deste tipo de tratamento quando precedido


de qualquer tipo de tratamento anaeróbio é geralmente menor do que quando
utilizado separadamente. Será adotada aqui uma eficiência igual a 60%, por
ser mais próxima da que se tem observado em filtros biológicos percoladores
operando como unidades de pós-tratamento de efluentes de reatores UASB.
Deste modo, a concentração de DBO no efluente final é de 44 mgDBO/L, valor
próximo ao desejado.

Também é importante estimar a produção de lodo, que é feita adotando-se


primeiramente um coeficiente de produção de lodo (Y) de 0,75
kgSST/kgDBOremovida. A partir deste valor calcula-se uma produção de lodo
de 39 kgSST/dia (sendo que 29,31kg/dia correspondem à sólidos voláteis se
for considerado que estes são 75% da produção), além de calcular-se um
volume, que é de 3,83 m³/dia. Este lodo produzido é retirado no decantador
secundário, que será detalhado mais à frente, e reenviado ao reator UASB para
adensamento, como já explicitado anteriormente. Pode haver também a
recirculação do lodo do próprio FBP, o que apresenta como vantagem a
redução de surfactantes a serem utilizados e menos espuma no efluente final.

O pós-tratamento que se realiza após a passagem pelo filtro percolador


corresponde à uma alcalinização que deve ser feita no efluente do filtro
percolador biológico, e que pode ser necessária para corrigir alguma eventual
acidez desse efluente.

Definindo que para tal fim será feita a aplicação de soda cáustica comercial
a 50%, e que as dosagens podem variar de 15 a 50 mg/L, sendo 30 mg/L uma
média adequada, tem-se as seguintes demandas apresentada na Tabela 29
por soda cáustica, considerando uma concentração de 50% e densidade de
1,45 g/cm³ da soda cáustica comercial.
61

Tabela 29 - Demandas por soda cáustica comercial para alcalinização do efluente do FBP

Demanda por soda cáustica


Mínima 5,83 kg/dia 8,044138 L/dia 0,3351 L/hora
Média 22,55 kg/dia 31,104 L/dia 1,296 L/hora
Máxima diária 44,06 kg/dia 60,77793 L/dia 2,5324 L/hora
Máxima horária 2,646 kg/hora - L/dia 3,6496 L/hora

Para estas demandas deve ser utilizada uma bomba dosadora com
capacidade entre 0,3 e 4,0 L/h, e dois tanques de estocagem de 500 L cada
um, o que seria suficiente para garantir até 2030 soda cáustica por pelo menos
30 dias em sua demanda média.

Após passar por esta alcalinização, o efluente segue para o decantador


secundário com raspador de lodo mecanizado, que está esquematizado na
Figura 20.

Figura 20 - Corte esquemático decantador secundário

Os critérios de projeto que devem ser observados para o decantador


secundário pós filtro biológico percolador são a taxa de aplicação superficial e a
profundidade, cujos valores guias estão apresentados na Tabela 30.
62

Tabela 30 - Taxa de aplicação superficial e profundidades para o projeto de decantadores


secundários pós FBP

Profundidade junto à Taxa de aplicação superficial (m³/m²dia)


parede (m) Para Q média Para Q máxima
2,00 9 18
2,50 14 28
3,00 19 38
3,50 24 48
4,00 27 54
4,50 30 60
5,00 33 66
Nota: a faixa destacada é a mais utilizada em projetos (fonte:CHERNICHARO, 1997)

Com base nestes parâmetros, foi adotada uma taxa de aplicação superficial
de 25 m³/m²dia, que com a vazão média de 2030 resulta em uma área de 30
m² para 1 decantador, que é suficiente para a vazão afluente. Com estes dados
o diâmetro, a profundidade junto à parede e a área superficial podem ser
definidas, como apresentadas em resumo na Tabela 31.

Tabela 31 - Características decantador secundário

Decantador Secundário
Nº de decantadores 1
Geometria Circular
Diâmetro 6,00 m
Área 30 m²
Profundidade útil junto à parede 2,5 m
Área superficial 28,27 m²

Para esta profundidade, de acordo com a Tabela 30, a taxa de aplicação


para a vazão máxima deve ser de até 28 m³/m²dia, e para os parâmetros
definidos nesse caso tem-se uma taxa de aplicação superficial de 23,38
m³/m²dia, o que indica a adequação destas características para o
funcionamento adequado.
63

As prováveis características do efluente de saída do decantador secundário


são DBO menor do que 30 mg/L, sólidos solúveis em concentração menor que
30 mg/L e número mais provável de coliformes fecais na faixa de 10 6 a 107
NMP de CF a cada 100 mL.

No caso em que se opte não pela emissão em corpo receptor mas sim por
um uso na irrigação de cultivos agrícolas será necessária uma desinfecção por
cloração a fim de alcançar um efluente final com NMP de coliformes fecais
menor que 1000 CF/100 mL.

Para tanto, o efluente deve ficar cerca de 30 minutos em contato com o


cloro, que deverá ter dosagem entre 4 e 8 mgCl2/L; pensando em um sistema
que consiga atender até uma dosagem máxima de 10 mgCl 2/L e para a maior
vazão prevista no projeto, pode-se definir uma máxima capacidade de
dosagem de 0,53 kg mgCl2/hora. Para a vazão média do ano de 2030 serão
consumidos de 3 a 6 kgCl2/dia.

Será utilizado o hipoclorito de sódio como fonte do cloro necessário, sendo


que tipicamente este tem 12% de cloro disponível e massa específica de 1250
kg/m³, o que caracteriza uma concentração de cloro de 0,15 kg/L, e um
consumo de 20 a 40 L de NaOCl por dia. Esta quantidade pode ser adicionada
tanto em solução quanto “pura”, e deverá ser armazenada em construção
próxima e equipada de uma bomba dosadora de cloro, que introduzirá o
hipoclorito de sódio no tanque de contato de cloro através de uma tubulação.

Para se conseguir um tempo de contato de 30 minutos o volume útil do


tanque de contato deve ser de pelo menos 26,46 m³ para a vazão máxima de
2030, sendo adequada a adoção de um tanque de contato de 28 m³ de volume,
cujas principais dimensões estão apresentadas na Tabela 32.
64

Tabela 32 - Características tanque de contato para desinfecção por cloro

Tanque de Contato
Número de Canais 7
Comprimento do Canal 4m
Largura do Canal 1m
Profundidade útil 1m
Profundidade total 1,2 m
Volume total 28 m³

O pós-tratamento que finaliza esta alternativa de solução é o arranjo para a


remoção e deságue do lodo do reator UASB. Este lodo do reator UASB será
removido por gravidade e enviado para o leito de secagem através de
tubulação diâmetro de 150 mm. Os líquidos removidos do lodo são enviados de
volta ao início do sistema de tratamento.

Como já calculado anteriormente, no reator UASB serão produzidos no ano


de 2030 4,53 m³ de lodo por dia, ou 139,94 kgSS/ dia, ou ainda 51.077,10
kgSS/ano. Assumindo que haverá um ciclo de secagem por mês e que a taxa
de aplicação é de 15 kgSS/m², a área necessária para o leito de secagem no
ano de 2030 é de 283,76 m². Escolhendo construir os leitos de secagem com 5
m de largura e 12 m de comprimento, será necessária a implantação de 5 leitos
de secagem com estas dimensões. Alguns parâmetros de projeto que podem
ser adotados estão apresentados na Tabela 33, e o desenho esquemático do
leito de secagem está representado na Figura 21, ambos na sequência a
seguir.
65

Tabela 33 – Características leito de secagem

Decantador Secundário
Nº de leitos 5
Geometria Retangular
Largura 5,00 m
Comprimento 12,00 m
Área 60 m²
Altura para lodo e borda livre 0,70 m
Camada de tijolos 0,05 m
Camada de areia grossa 0,12 m
Camada de britas 1 e 2 0,12 m
Camada de britas 3 e 4 0,24 m
Inclinação da laje de fundo 3%

Figura 21 - Corte esquemático leito de secagem de lodo

O lodo desaguado deve apresentar em média um teor de sólidos de 30% e


densidade de 1.100 kg/m³, o que tendo uma recuperação de 95% dos sólidos
do lodo faz com que se tenha uma quantidade de 132,94 kg sólidos/dia de lodo
seco, com um volume de 0,036 m³/dia.
66

6.2.3. Aspectos Ambientais

Uma das grandes vantagens deste arranjo reator UASB seguido de filtro
biológico percolador é a qualidade do lodo, que recircula do decantador
secundário para o reator UASB, onde sofre digestão anaeróbia e adensamento.
Deste modo, a utilização de decantadores primários e unidades separadas de
adensamento e digestão do lodo proveniente do tratamento aeróbio são
evitadas, caracterizando um tratamento com baixa exigência quanto à área de
implantação.

O sistema também possui baixo consumo de energia uma vez que


ambos reator UASB e filtro biológico percolador não necessitam de
aeração/agitação.

6.2.4. Análise Financeira

Segundo os dados da literatura, para este arranjo de reator UASB


seguido de filtro biológico percolador, temos que o custo de implantação é de
60 a 90 reais por habitante e o de operação é de 5 a 7,5 reais por habitante por
ano (VON SPERLING, 1996).

Deste modo, para os anos utilizados os custos são apresentados na


Tabela 34, onde também constam valores de arrecadação pelo serviço de
esgoto, onde foi considerado que da tarifa de água e esgoto, avaliada em
R$1,78/m³, metade seria referente só à coleta e tratamento de esgoto. Com
estes dados, fica possível estimar em 3 anos o tempo de retorno no melhor dos
casos, onde as obras de terraplanagem não são complexas e também sem
considerar as obras do emissário, adotando uma taxa de atualização de 7%a/a.
67

Tabela 34 – Análise Financeira reator UASB mais FBP

Custo de Custo de
Tarifa de Soma VP
Ano Habitantes Implantação Operação
Esgoto (R$) total
(R$) (R$)
2011 4446,00 456520,53 33345,00 185242,46 -304623,07
2012 4476,95 33577,15 185242,46 -162879,78
2013 4508,12 33810,91 188049,17 -28162,117
2014 4539,51 34046,30 188049,17 97550,096
2015 4571,11 34283,33 190855,87 216998,54
2016 4602,93 34522,01 190855,87 328462,42
2017 4634,98 34762,35 193662,58 434344,35
2018 4667,25 35004,37 193662,58 533148,71
2019 4699,74 35248,06 196469,28 626980,92
2020 4732,46 35493,46 196469,28 714541,10
2021 4765,41 35740,57 199275,98 797674,22
2022 4798,58 35989,39 199275,98 875250,50
2023 4831,99 36239,95 202082,69 948886,66
2024 4865,63 36492,25 202082,69 1017600,80
2025 4899,51 36746,31 204889,39 1082809,60
2026 4933,62 37002,13 204889,39 1143659,70
2027 4967,96 37259,74 207696,10 1201392,30
2028 5002,55 37519,14 207696, 10 1255266,00
2029 5037,38 37780,35 210502,80 1306368,40
2030 5072,45 38043,38 210502,80 1354054,80
68
69

6.2. Sistema australiano de lagoas de estabilização

6.2.1. Descrição
O sistema de tratamento por lagoas de estabilização baseia-se na
construção de grandes tanques, de diferentes profundidades e próximos uns
dos outros. O sistema possui um tratamento preliminar, para a eliminação de
sólidos grosseiros e de areia, que pode ser feito com um gradeamento ou
algum outro mecanismo de ordem física.

Em seguida se tem o sistema de lagoas sucessivas, podendo ser


constituído de mais duas ou mais lagoas. Alguns tipos de lagoas, como as
lagoas de maturação, possuem pequenas profundidades, de no máximo um
metro. As lagoas facultativas apresentam profundidades um pouco maiores,
variando geralmente entre 1,5m e 2,0m. Já as lagoas anaeróbias apresentam
profundidades maiores, podendo chegar aos 5,0 metros de profundidade.

Uma característica comum a todas é que elas requerem grandes


extensões territoriais. Como o tratamento é feito em etapas, com o esgoto
sendo enviado de uma lagoa para outra, todas devem ficar próximas, o que faz
com que a área necessária para a implantação deste modelo seja grande.

Além da necessidade de grandes extensões territoriais, o sistema de


lagoas pode gerar grandes problemas quanto ao gases normalmente exalados.
No caso de sistemas de lagos que contenham lagoas anaeróbias, estas
acabam exalando muitos gases no processo. Caso não seja projetado um
tratamento ou controle dos gases produzidos, a ETE deve ser projetada em
locais bem afastados das comunidades, para que os odores não incomodem a
população.

Apesar das desvantagens as lagoas apresentam grandes vantagens,


como o fato de serem um processo de baixo custo de implantação (quando o
solo e a topografia do local são favoráveis) e operação. Além disso, não
requerem um monitoramento muito sofisticado e muitas vezes dispensam
equipamentos eletromecânicos.
70

Caso não seja empregado em algum outro processo, o esgoto tratado


deve ser despejado em um corpo d’água, desde que atenda as características
ambientais da legislação vigente. O lodo gerado deve ser destinado de maneira
adequada.

Lagoas de estabilização tem como principais vantagens os baixos custos


do tratamento e implantação e uma operação simples já que não requerem
processos eletromecânicos. Como desvantagens apresenta a geração de maus
odores (na lagoa anaeróbia) e o excesso de algas no efluente final. Outra
desvantagem é a necessidade de grandes áreas, mas no caso do município de
Gavião Peixoto , que se apresenta com um terreno pouco acidentado e com
abundância de terras ao redor do centro urbano, se mostra vantajoso o método
de tratamento por lagoas de estabilização.

O Sistema Australiano é composto por um tratamento preliminar, Lagoa


Anaeróbia, Lagoa Facultativa e Lagoa de Maturação, como mostrado na Figura
22.

Figura 22 – Sistema Australiano de lagoas de estabilização.

Pode-se observar de maneira mais clara a eficiência de cada combinação


de lagoas nas Tabelas 35 e 36.
71

Tabela 35 - Faixas de eficiências de remoção de constituintes físico-químicos em lagoas de


estabilização.

(fonte: Adaptada de VON SPERLING)

Tabela 36 - Faixas de eficiências de remoção de organismos patogênicos e indicadores em lagoas


de estabilização.

(fonte: Adaptada de VON SPERLING)


72

6.2.2. Pré-Dimensionamento
O pré-dimensionamento das estruturas do sistema australiano de lagoas
foi realizado de acordo com a sequência de passagem do esgoto: tratamento
preliminar, lagoa anaeróbia, lagoa facultativa e lagoa de maturação.

 Tratamento Preliminar

O Tratamento preliminar é composto por sistemas simples, como por


exemplo gradeamento e caixa de areia.

O Tratamento preliminar das lagoas é semelhante ao do reator UASB,


sendo que seus cálculos de dimensionamento são exatamente os mesmos.
Portanto é apresentado apenas o resumo das características das estruturas,
uma vez que o pré-dimensionamento das mesmas já foi justificado no item 6.2.
A Tabela 37 apresenta um resumo das características da calha Parshall.

Tabela 37 - Características calha Parshall

Calha Parshall
Largura Nominal 3’’ (7,6 cm)
Q mínima 4,5 L/s
Q máxima 14,7 L/s
H mínima 0,093 m
H máxima 0,201 m
Z 5 cm
Y mínima 0,047 m
Y máxima 0,155 m

Assim como no item 6.2, é utilizada uma peneira estática de 5mm, com uma
retenção, em média, de 80 L de material a cada 1000 m³ de esgoto que passa
pelo equipamento. Deste modo, como apresentado na Tabela 38, são obtidas
as seguintes quantidades de resíduos que seriam retidos na peneira:
73

Tabela 38 - Quantidade de resíduos retida pela peneira

Ano Quantidade retida pela peneira (L/dia)


2011 53,914
2020 56,678
2030 60,134

As características da Caixa de Areia e a taxa de escoamento superficial são


mostradas nas Tabelas 39 e 40.

Tabela 39 - Características caixa de areia

Caixa de Areia
Velocidade adotada 0,3 m/s
Área 0,029 m²
Largura 0,187 m
Comprimento 3,871 m
Área Superficial 1,161 m²

Tabela 40 - Taxa de escoamento superficial e quantidade de areia removida

Taxa de escoamento Quantidade de areia


Ano
superficial (m³/m²dia) removida (L/dia)
2011 974,5 26,9
2020 1026,6 28,3
2030 1093,5 30,1

Considerando-se que o procedimento de limpeza da caixa de areia será


realizada mensalmente, sabendo-se que por dia em 2030 estarão se
acumulando 2,6 cm de areia, tem-se que a profundidade mínima desta
estrutura deve ser de aproximadamente 80 cm.

 Lagoa anaeróbia
74

As Lagoas Anaeróbias são caracteristicamente mais profundas, com


profundidades entre 3,0m e 5,0m, de modo que a luz solar não consiga
penetrar. Com essas características a sobrevivência de algas só e possível na
superfície. Requerem o recebimento de carga orgânica continua para se
manterem constantes as condições de anaerobiose. Esta lagoa é a
responsável pela liberação de maus odores, devido à liberação de gás
sulfídrico. É esperada uma eficiência na remoção de DBO entre 40% e 60%.
Seu dimensionamento é detalhado na Tabela 41.

Tabela 41- Resultado do Dimensionamento da lagoa anaeróbia

1. Tempo de retenção (t)


t= 4 dias

2. Volume útil (VU, LA)


VU, LA = t*Qmes
VU, LA = 3012 m³

3. Taxa de aplicação volumétrica (V)


V = CDBO / VU, LA
V = 0,09 gDBO/m³.dia

4. Número de lagoas (n)


n= 1 (adotado)

5. Parâmetros de cálculo
Profundidade útil (P)= 4 m (adotado)
Borda livre(l) = 0,6 m (adotado)
Profundidade total (PT) = 4,6 m
Inclinação dos taludes = 1 : 2 (V:H)
Relação comprimento/largura à meia profundidade = 2 / 1

6. Área a meia profundidade de cada lagoa (AM)


AM = (VU,LA/n)/P
AM = 753 m²

7. Largura a meia profundidade (BM)


BM = 19 m

8. Comprimento a meia profundidade (LM)


LM = 39 m

9. Principais dimensões da lagoa


Largura (m) Comprimento (m)
75

Fundo 12,0 31,0


Espelho 28,0 47,0
Coroamento 30,4 49,4

 Lagoa facultativa

As Lagoas Facultativas são lagoas essencialmente rasas, com


profundidades entre 1,5 m e 2,0 m. Possuem essa característica para que
permita a penetração de luz. Nela, parte dos sólidos se sedimentam e bactérias
no fundo das lagoas as decompõe em um processo anaeróbio. A penetração
de luz é necessária para a fotossíntese das algas que ficam nas camadas
superiores da lagoa, liberando oxigênio ao final do processo, o que o
caracteriza como aeróbio. Por ser composta por ambos os processos a zona
intermediária da lagoa é chamada de zona facultativa, o que dá origem ao
nome da lagoa. Nela ocorre uma eficiência na remoção de DBO superior à 80%
e na remoção de coliformes de aproximadamente 99%, gerando efluentes com
DBO inferior à 60 mg/l. O resultado do seu dimensionamento é apresentado na
Tabela 42
76

Tabela 42 – Resultado do Dimensionamento da lagoa facultativa

1. Parâmetros de cálculo
Eficiência da lagoa anaeróbia na remoção de DBO = 0,6
Temperatura média do ar no mês mais frio (T)= 25 °
Carga de DBO residual CDBO,LF = 109,56 kg/dia
Relação comprimento/largura = 3 / 1
Inclinação dos taludes = 1 : 2 (V:H)
Profundidade útil (P)= 1,8 m (adotado)
Borda livre(l) = 0,6 m (adotado)
Profundidade total (PT) = 2,4 m

Taxa de aplicação superficial nas lagoas facultativas


2.
secundárias (S)
lS = 14*T-40
lS = 310 kgDBO/ha.dia

Área necessária de espelho d´água nas lagoas facultativas


3.
(ALF)
ALF= CDBO,LF /S
ALF= 0,353403871 ha

4. Número de lagoas (n)


n= 1 (adotado)

5. Área necessária de espelho d´água para cada lagoa (ALF1)


ALF1= ALF /n
ALF1= 0,353403871 ha

6. Largura do espelho (BE)


BE = 34,32219258 m

7. Comprimento a meia profundidade (LE)


LE = 102,9665777 m

8. Principais dimensões da lagoa


Largura (m) Comprimento (m)
Fundo 27,1 95,8
Espelho 34,3 103,0
Coroamento 36,7 105,4

 Lagoa de maturação

As Lagoas de Maturação tem como principal objetivo o decaimento da


contagem bacteriana, obtendo-se uma redução de coliformes fecais de 99,99%
se corretamente dimensionadas. O tempo de detenção hidráulico nesta lagoa é
77

determinado pelas características do corpo d’água receptor, sendo que um


tempo típico é de 7 dias. São rasas, com profundidades máximas de 1,0m e
com afluentes (da lagoa facultativa) bem clarificados, facilitando à incidência da
radiação ultravioleta da luz solar. É responsável pela nitrificação dos esgotos e
tem um eficiência na remoção de DBO superior à 85%. O resultado de seu
dimensionamento é apresentado na Tabela 43.

Tabela 43 - Dimensionamento da lagoa de maturação

1. Tempo de retenção (t)


t= 7 dias

2. Volume útil (VU, LA)


VU, LM = t*Qmes
VU, LM = 5270,272 m³

3. Taxa de aplicação volumétrica (V)


lV = CDBO / VU, LA
lV = 0,05196848 gDBO/m³.dia


4. Número de lagoas (n)
n= 1 (adotado)

5. Parâmetros de cálculo
Profundidade útil (P)= 1,2 m (adotado)
Borda livre(l) = 0,6 m (adotado)
Profundidade total (PT) = 1,8 m
Inclinação dos taludes = 1 : 2 (V:H)
Relação comprimento/largura à meia profundidade = 5 / 1

6. Área a meia profundidade de cada lagoa (AM)


AM = (VU,LA/n)/P
AM = 4391,89333 m²

7. Largura a meia profundidade (BM)


BM = 29,6374538 m

8. Comprimento a meia profundidade (LM)


LM = 148,187269 m

9. Principais dimensões da lagoa


Largura (m) Comprimento (m)
Fundo 27,2 145,8
Espelho 32,0 150,6
Coroamento 34,4 153,0
78

O dimensionamento do sistema de lagoas de estabilização foi feito para


apenas um módulo de tratamento, ou seja, uma lagoa anaeróbia, uma lagoa
facultativa e uma lagoa de maturação. É interessante considerar a instalação
de uma ETE onde a vazão de esgoto seja dividida em 2 módulos. Isso
facilitaria a operação da ETE em serviços de manutenção, onde se faz
necessário parar o sistema de um dos módulos. O objetivo é que nessas
opções, o fluxo seja inteiramente desviado para um módulo, enquanto o outro
passa por manutenção. Na Tabela 44 é apresentado os resultados para o
mesmo sistema de lagoas, mas para a opção com 2 módulos.

Tabela 44 - Lagoas para a ETE composta por 2 módulos em paralelo.

Lagoa Anaeróbia
Largura Comprimento
(m) (m)
Fundo 7,0 22,0
Espelho 23,0 38,0
Coroamento 25,4 40,4

Lagoa Facultativa
Largura Comprimento
(m) (m)
Fundo 17,1 65,6
Espelho 24,3 72,8
Coroamento 26,7 75,2

Lagoa de Maturação
Largura Comprimento
(m) (m)
Fundo 20,0 109,4
Espelho 24,8 114,2
Coroamento 27,2 116,6

Apesar das facilidades de operação, as dimensões das lagoas gerariam


grandes custo adicionais de escavação e movimento de terra, o que iria
aumentar muito o custo de implantação. Foi adotada então a opção de uma
ETE em um único módulo, com as dimensões apresentadas nas Tabelas 41 a
43.
79

6.2.3. Aspectos Ambientais

O arranjo do sistema australiano, ou seja, lagoa anaeróbia seguida por


lagoa facultativa, oferece a vantagem de necessitar como área total para
ambas as lagoas uma área menor do que uma lagoa facultativa única precisa,
correspondendo a algo em torno de 45 a 70% desta.

Uma preocupação recorrente quanto a este tipo de tratamento, que inclui


uma etapa anaeróbia em um reator aberto, é a questão de maus odores
exalados. Se o sistema estiver bem equilibrado não deve haver geração de
maus odores; por vezes problemas operacionais como pH baixo podem
intensificar a liberação de gás sulfídrico (H2S), que neste caso são originários
do sulfato em excesso vindo do esgoto afluente, que em condições anaeróbias
é reduzido a sulfeto, e que em condições desfavoráveis de pH se transformam
em gás sulfídrico ao invés de permanecerem na forma de íon bissulfeto. Deste
modo é indicado que o sistema australiano tenha uma localização afastada de
residências para reduzir os potenciais inconvenientes.

Além disso, pode-se considerar que a elevada emissão de metano da


lagoa anaeróbia é um ponto negativo quando se pensa em utilizar sistemas
com baixa produção de gases de efeito estufa

6.2.4. Análise Financeira

Dados da literatura indicam que este sistema australiano de lagoas tem


custo de implantação de 50 a 100 reais por habitante, e custo de operação de
2,5 a 5 reais por habitante por ano (VON SPERLING, 1996).
Deste modo, na Tabela 44 são apresentados os custos para o horizonte
de projeto, ano de 2030. Também constam nesta tabela valores de
arrecadação pelo serviço de esgoto, estimadas a partir da tarifa de água e
esgoto, avaliada em R$1,78/m³, sendo considerado que metade desta seria
referente só à coleta e ao tratamento de esgoto. Com estes dados, fica
possível estimar em 3 anos o tempo de retorno no melhor dos casos, onde as
obras de terraplanagem não são complexas e também sem considerar as
obras do emissário, adotando uma taxa de atualização de 7%a/a.
80

Tabela 45 – Análise Financeira lagoas australianas

Custo de Custo de
Tarifa de Soma VP
Ano Habitantes Implantação Operação
Esgoto (R$) total
(R$) (R$)
2011 4446,00 507245,00 22230,00 185242,50 -344233,00
2012 4476,95 22384,76 185242,50 -192029,00
2013 4508,12 22540,61 188049,20 -47467,50
2014 4539,51 22697,53 188049,20 87508,66
2015 4571,11 22855,55 190855,90 215675,30
2016 4602,93 23014,67 190855,90 335343,80
2017 4634,98 23174,90 193662,60 448946,90
2018 4667,25 23336,24 193662,60 555017,60
2019 4699,74 23498,71 196469,30 655688,00
2020 4732,46 23662,31 196469,30 749683,60
2021 4765,41 23827,04 199276,00 838872,90
2022 4798,59 23992,93 199276,00 922148,60
2023 4831,99 24159,97 202082,70 1001148,00
2024 4865,63 24328,17 202082,70 1074910,00
2025 4899,51 24497,54 204889,40 1144869,00
2026 4933,62 24668,09 204889,40 1210190,00
2027 4967,97 24839,83 207696,10 1272130,00
2028 5002,55 25012,76 207696,10 1329962,00
2029 5037,38 25186,90 210502,80 1384791,00
2030 5072,45 25362,25 210502,80 1435984,00
81

7. Escolha do lugar da futura ETE

7.1. Considerações

O lugar da estação de tratamento de esgoto projetada deve ser escolhido


com cuidado, pois tem uma importância considerável sobre o preço total de
implantação e operação do empreendimento, e sobre os impactos ambientais
associados (odores, paisagem, etc.). É importante verificar se a área não é
passível à inundações nos períodos chuvosos e se a distância da cidade é
suficiente para garantir que não haja problemas com odores e vetores de
doenças.

 Reator UASB seguido de filtro percolador

No caso do reator UASB, onde se supõe que não haja problemas com
odores se houver uma boa operação, o único fator a ser considerado é o custo
do emissário, somando a distância do final da rede coletora até a ETE e da
saída da ETE até o lançamento no rio. Isso faz com que o melhor local a para
se implantar a ETE será o que apresentar o menor comprimento de emissário
com declividade adequada para que não seja necessária uma estação
elevatória.

 Sistema Australiano de lagoas

Para o sistema australiano de lagoas há o problema dos odores gerados


pela Lagoa Anaeróbia. Sendo assim, é justificável considerar o uso de uma
cobertura na lagoa anaeróbia para evitar a propagação de odores até as
habitações mais próximas do empreendimento. Isso viabiliza a implantação da
ETE próxima à cidade, evitando gastos com emissários mais longos.

A cidade apresenta uma topografia em declive, desde o ponto final da rede


coletora até o rio Jacaré-Guaçu, como é visto na Figura 23. Nas figuras 24 e 25
é vista a cidade, o corpo hídrico de lançamento e o ponto final da rede coletora.
82

(fonte: CPS Engenharia)

Figura 23 - Topografia do final da rede coletora com posição das antigas lagoas.
83

(fonte: Google Earth)

Figura 24 - Foto aérea da área com topografia exibida na Figura 22. O ponto vermelho se refere ao
encontro dos emissários e final da rede coletora.
84

Logo, duas alternativas são consideradas como as mais viáveis:

 Alternativa 1: Implantação no local da antiga ETE desativada.


 Alternativa 2: Implantação longe das habitações, no lugar sugerido pela
CPS Engenharia.

Pode-se observar as duas alternativas nas Figuras 25, 26 e 27. Todas estas
figuras estão com o eixo Norte alterado para facilitar a visualização. O mesmo
está indicado no canto direito das figuras.

(fonte: Google Earth)

Figura 25 - Panorama geral


85

(fonte: Google Earth)

Figura 26 - Final da rede coletora e área proposta para as duas alternativas.

(fonte: Google Earth)

Figura 27 - Alternativas 1 e 2
86

7.2. Alternativa 1

Trata-se da alternativa mais próxima à cidade, o que se caracteriza como


um ponto negativo, correndo o risco de não satisfazer às exigências da
CETESB. Na Figura 28 é possível ver o proposto traçado para os emissários.
Somados o emissário de entrada de esgoto bruto na ETE e o de saída de
esgoto tratado ao Rio Jacaré-Guaçu, o comprimento total seria de
aproximadamente 241,0 m.

(fonte: Google Earth)

Figura 28 - Rede de emissários do ponto de coleta do esgoto bruto ao lançamento no rio, num total
de 241,0m

 Reator UASB seguido de filtro percolador

Esta configuração é a sugerida para o tratamento feito com Reator


UASB seguido de filtro percolador, pois apesar de ser próximo à cidade
(menos de 500 m), este tratamento tem menos problemas de emissão de
maus odores. Logo essa configuração apresenta o benefício de ter a menor
extensão de emissários e declividade favorável à operação sem a
instalação de estações elevatórias.
87

 Sistema Australiano de lagoas


No caso das lagoas existe a propagação de maus odores, provenientes da
lagoa anaeróbia, encontrada no início do processo de tratamento. Apesar disso
esta localização não é excluída para este tratamento, pois é possível
considerar-se o uso de uma cobertura de na lagoa anaeróbia, para evitar a
propagação de odores até as habitações mais próximas do empreendimento. A
lagoa anaeróbia possui dimensões em seu coroamento de 30,4 m de largura
por 49,4 m de comprimento, ou seja, 1.501,76 m². Na Figura 29 é colocada a
proposta de posicionamento das lagoas, aproveitando adequadamente a
declividade do terreno e as áreas descampadas próximas ao rio.

(fonte: Google Earth)

Figura 29 - Alternativa 1, configuração proposta

A cobertura de lagoas anaeróbias é uma tecnologia existente e de


simples instalação. É composta basicamente por uma geomembrana de PVC,
que é disposta flutuando sobre o esgoto, e por um queimador de gás. A
membrana é expandida com a exalação dos gases do esgoto que são
captados e queimados. Isso evita a emissão dos mesmos na atmosfera.
88

7.3. Alternativa 2

Esta alternativa de localização é proposta apenas para o Sistema


Australiano de lagoas de estabilização. Ela aparece como possibilidade viável
no caso da tecnologia de recobrimento da lagoa anaeróbia se apresentar como
inviável, seja por caráter técnico ou financeiro para a região.
Foi usado nesta proposta o local sugerido pela CPS Engenharia, que
acarreta na utilização de um emissário que margeia a estrada local para levar
as águas coletadas até a entrada da ETE. Podemos observar o local proposto
na Figura 30.

(fonte: Google Earth)

Figura 30 - Rede de emissários do ponto de coleta do esgoto bruto ao lançamento no rio, num total
de 2.466 m

Devido às diversas variações na topografia do terreno é bem provável que


se faça necessária a construção de uma estação elevatória para enviar o
esgoto bruto até o local proposto na Alternativa 2.
89

Na Figura 31 vemos a disposição das lagoas no terreno sugerido na


Alternativa 2.

(fonte: Google Earth)

Figura 31 - Alternativa 2, configuração proposta

Outra observação importante é que o ponto de lançamento no corpo d’água


foi alterado, sendo que na Alternativa 2 o lançamento é feito cerca de 1,4 km a
jusante do local proposto na Alternativa 1. É válido salientar que neste trecho
não existe nenhum corpo d’água significativo alterando bruscamente a vazão
do rio Jacaré-Guaçu. O acréscimo de área de drenagem poderia no máximo
aumentar a vazão do rio, melhorando a capacidade do mesmo. Sendo assim,
esta alternativa também estaria de acordo com os padrões desejados.
90

8. Conclusão

O presente trabalho apresentou dois processos de tratamento de esgoto


considerados os mais adequados para o município de Gavião Peixoto,
considerando as suas características específicas dele. Os dois processos
selecionados foram o sistema australiano de lagoas de estabilização (composto
por uma lagoa anaeróbia, uma lagoa facultativa e uma lagoa de maturação) e a
combinação de reator UASB com um filtro percolador de alta taxa. Esses dois
processos respondem as necessidades de tratamento das águas de esgoto
doméstico do município, com resultados de remoção suficientes para atingir os
padrões de qualidade e de lançamento exigidos nas legislações federal e
estadual.

A escolha definitiva do processo de tratamento e de seu local de


implantação cabe ao tomador de decisão considerando que podem existir
outras motivações e critérios de escolha que não foram levados em conta neste
trabalho.
91

9. Bibliografia

 COMITÊ DE BACIA HIDROGRÁFICA TIETÊ-JACARÉ. Relatório de


situação dos recursos hídricos. 2011

 PORTAL DO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Disponível em


< www.saopaulo.sp.gov.br>. Acesso em 14 de outubro de 2012.

 COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL –


CETESB. Disponível em <www.cetesb.sp.gov.br>. Acesso em 16 de
outubro de 2012.

 FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS - SEADE.


Disponível em <www.seade.gov.br>. Acesso em 8 de novembro de
2012.

 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE.


Disponível em <www.ibge.gov.br>. Acesso em 2 de novembro de 2012.

 COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO


PAULO - SABESP. Disponível em <www.sabesp.gov.br>. Acesso em 10
de outubro de 2012.

 COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARANÁ - SANEPAR. Disponível


em <www.sanepar.com.br>. Acesso em 10 de junho de 2012.

 CONAMA RESOLUÇÃO 375 de 29 de Agosto de 2006. Diário Oficial


[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 de Agosto de 2006.
Disponível em <www.mma.gov.br/port/conama/res/res06/res37506.pdf>

 Manual para Aproveitamento de Biogás – Volume 2 – Efluentes Urbanos


Disponível em: <http://www.iclei.org.br/residuos/?page_id=10>. Acesso
em 08 de junho de 2012.
92

 PIVELI, R. P. PHD2411 – Notas de Aula. EPUSP. São Paulo

 PIVELI, R. P. Tratamento de esgoto sanitário. São Paulo: EPUSP, 2007.

 PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE GAVIÃO PEIXOTO. Disponível em


<www.gaviaopeixoto.sp.gov.br>. Acesso em 05 de junho de 2012.

 VON SPERLING, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas


Residuárias – Lagoas de Estabilização, v.03. Belo Horizonte:
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; UFMG,1986. 196p

 CHERNICHARO, Carlos Augusto de Lemos. Princípios do Tratamento


Biológico de Águas Residuárias – Reatores Anaeróbios, v.05. Belo
Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental;
UFMG,1997. 380p

 VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento


de esgoto Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental; UFMG,1996. 243p

 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 12.209 –


Projeto de Estações de tratamento de esgoto sanitário. ABNT, 1992. Rio
de Janeiro
93

ANEXO
MATRIZ DE DECISÃO DO TRATAMENTO
94

Eficiencia média de remoçao 15,0


Tratamentos SS Nutrientes Coliformes
DBO NOTA
min max med NOTA valor max media
Lagoa facultativa 3,0 70,0 80,0 75,0 1,3 2,0 3,0 2,7
Lagoa anaeróbia - facultativa 3,0 70,0 80,0 75,0 1,3 2,0 3,0 2,7
Lagoa aerada facultativa 3,0 70,0 80,0 75,0 1,3 2,0 3,0 2,7
Lagoa aerada mistura completa - lagoa
3,0 80,0 87,0 83,5 5,0 2,0 3,0 3,3
sedimentação
Lagoa anaeróbia + facultativa + maturação 3,0 73,0 83,0 78,0 2,5 3,0 5,0 3,7
Lagoa anaeróbia + facultativa + alta taxa 3,0 73,0 83,0 78,0 2,5 4,0 4,0 3,4
Lagoa anaeróbia + facultativa + remoção de
4,0 90,0 100,0 95,0 5,0 2,0 3,0 3,7
algas
Reator UASB 3,0 65,0 80,0 72,5 1,3 1,0 2,0 2,2
UASB + lodos ativados 4,0 87,0 93,0 90,0 3,8 3,0 2,0 3,1
UASB + biofiltro aerado submerso 5,0 87,0 93,0 90,0 3,8 3,0 2,0 3,5
UASB + filtro anaeróbio 3,0 80,0 90,0 85,0 3,8 1,0 2,0 2,6
UASB + filtro biológico percolador de alta
4,0 87,0 93,0 90,0 3,8 3,0 2,0 3,1
carga
95

UASB + lagoas de polimento 3,0 73,0 83,0 78,0 1,3 3,0 3,0 2,7
UASB + lagoa aerada facultativa 3,0 70,0 80,0 75,0 1,3 2,0 3,0 2,7
UASB + lagoa aerada mistura completa +
3,0 80,0 87,0 83,5 2,5 2,0 3,0 2,8
lagoa decantação
Lodos ativados convencional 4,0 87,0 93,0 90,0 1,3 3,0 2,0 2,6
Lodos ativados - aeração prolongada 5,0 87,0 93,0 90,0 1,3 3,0 2,0 3,0
Filtro biológico percolador de baixa carga 4,0 87,0 93,0 90,0 3,8 3,0 2,0 3,1
Filtro biológico percolador de alta carga 4,0 87,0 93,0 90,0 3,8 2,5 2,0 3,1
Biofiltro aerado submerso 5,0 87,0 93,0 90,0 3,8 2,5 2,0 3,5
Biofiltro aerado submerso com remoção
87,0 93,0 90,0 3,8 0,7
biológica de N
Tanque séptico + biodisco 87,0 93,0 90,0 3,8 0,7
Infiltraçao lenta 5,0 93,0 100,0 96,5 5,0 4,0 4,0 4,8
Infiltraçao rapida 5,0 93,0 100,0 96,5 5,0 4,0 4,0 4,7
Escoamento superficial 4,0 80,0 93,0 86,5 1,3 3,0 2,5 2,9
Wetland 4,0 87,0 93,0 90,0 2,5 2,0 2,0 2,9
96

Economia 15,0
Requisitos Custos Geraçao
Tratamentos
Operaçao Nota
area energia NOTA Implantaçao NOTA subprodutos
manutença
Lagoa facultativa 1,0 5,0 3,8 3,00 5,0 4,0 5,00 4,06
Lagoa anaeróbia -
2,0 5,0 4,1 4,00 5,0 4,5 5,00 4,47
facultativa
Lagoa aerada
2,0 3,0 2,7 3,00 4,0 3,5 5,00 3,49
facultativa
Lagoa aerada mistura
completa - lagoa 3,0 3,0 3,0 3,00 3,0 3,0 3,00 3,00
sedimentação
Lagoa anaeróbia +
1,0 5,0 3,8 3,00 5,0 4,0 5,00 4,06
facultativa + maturação
Lagoa anaeróbia +
2,0 4,0 3,4 3,00 4,0 3,5 5,00 3,63
facultativa + alta taxa
Lagoa anaeróbia +
facultativa + remoção 2,0 5,0 4,1 3,00 4,0 3,5 3,00 3,57
de algas
Reator UASB 5,0 5,0 5,0 4,00 4,0 4,0 4,00 4,20
97

UASB + lodos ativados 4,0 2,0 2,6 1,00 2,0 1,5 1,00 1,67
UASB + biofiltro aerado
5,0 2,0 2,9 1,00 3,0 2,0 1,00 2,08
submerso
UASB + filtro anaeróbio 5,0 5,0 5,0 3,00 3,0 3,0 4,00 3,50
UASB + filtro biológico
percolador de alta 4,0 3,0 3,3 2,00 3,0 2,5 1,00 2,51
carga
UASB + lagoas de
1,0 5,0 3,8 2,00 4,0 3,0 4,00 3,26
polimento
UASB + lagoa aerada
2,0 3,0 2,7 3,00 4,0 3,5 5,00 3,49
facultativa
UASB + lagoa aerada
mistura completa + 3,0 3,0 3,0 3,00 3,0 3,0 3,00 3,00
lagoa decantação
Lodos ativados
4,0 2,0 2,6 2,00 2,0 2,0 1,00 2,02
convencional
Lodos ativados -
4,0 1,0 1,9 1,00 1,0 1,0 2,00 1,28
aeração prolongada
Filtro biológico
3,0 4,0 3,7 1,00 3,0 2,0 2,00 2,34
percolador de baixa
98

carga
Filtro biológico
percolador de alta 4,0 3,0 3,3 2,00 3,0 2,5 1,00 2,51
carga
Biofiltro aerado
5,0 2,0 2,9 1,00 3,0 2,0 1,00 2,08
submerso
Biofiltro aerado
submerso com 0,0 0,0 0,00
remoção biológica de N
Tanque séptico +
0,0 0,0 0,00
biodisco
Infiltraçao lenta 1 5 3,8 3,00 5 4,0 5,00 4,06
Infiltraçao rapida 1 5 3,8 4,00 5 4,5 5,00 4,41
Escoamento superficial 1 5 3,8 3,00 4 3,5 5,00 3,71
Wetland 1 5 3,8 3,00 4 3,5 5,00 3,71
99

Capacidade de resistência a
variações do afluente e cargas de 20,0
Tratamentos choque

Vazão Qualidade Tóxicos Nota

Lagoa facultativa 4,0 4,0 3,0 3,80


Lagoa anaeróbia - facultativa 4,0 4,0 3,0 3,80
Lagoa aerada facultativa 4,0 4,0 3,0 3,80
Lagoa aerada mistura completa - lagoa
3,0 4,0 3,0 3,30
sedimentação
Lagoa anaeróbia + facultativa + maturação 4,0 4,0 3,0 3,80
Lagoa anaeróbia + facultativa + alta taxa 4,0 4,0 3,0 3,80
Lagoa anaeróbia + facultativa + remoção de
4,0 4,0 3,0 3,80
algas
Reator UASB 2,0 2,0 2,0 2,00
UASB + lodos ativados 2,0 2,0 2,0 2,00
UASB + biofiltro aerado submerso 2,0 2,0 2,0 2,00
UASB + filtro anaeróbio 2,0 2,0 2,0 2,00
UASB + filtro biológico percolador de alta
2,0 2,0 2,0 2,00
carga
100

UASB + lagoas de polimento 2,0 2,0 2,0 2,00


UASB + lagoa aerada facultativa 2,0 2,0 2,0 2,00
UASB + lagoa aerada mistura completa +
2,0 2,0 2,0 2,00
lagoa decantação
Lodos ativados convencional 3,0 3,0 2,0 2,80
Lodos ativados - aeração prolongada 4,0 4,0 3,0 3,80
Filtro biológico percolador de baixa carga 3,0 2,0 2,0 2,50
Filtro biológico percolador de alta carga 4,0 3,0 3,0 3,50
Biofiltro aerado submerso 3,0 3,0 2,0 2,80
Biofiltro aerado submerso com remoção
30,0 30,0 20,0 28,00
biológica de N
Tanque séptico + biodisco 30,0 30,0 20,0 28,00
Infiltraçao lenta 4,0 4,0 4,0 4,00
Infiltraçao rapida 4,0 4,0 4,0 4,00
Escoamento superficial 4,0 4,0 3,0 3,80
Wetland 4,0 4,0 3,0 3,80
101

Tratamentos Confiabilidade 15,0

Lagoa facultativa 4,0


Lagoa anaeróbia - facultativa 4,0
Lagoa aerada facultativa 4,0
Lagoa aerada mistura completa - lagoa
3,0
sedimentação
Lagoa anaeróbia + facultativa + maturação 4,0
Lagoa anaeróbia + facultativa + alta taxa 4,0
Lagoa anaeróbia + facultativa + remoção de
4,0
algas
Reator UASB 3,0
UASB + lodos ativados 4,0
UASB + biofiltro aerado submerso 4,0
UASB + filtro anaeróbio 3,0
UASB + filtro biológico percolador de alta
4,0
carga
UASB + lagoas de polimento 4,0
102

UASB + lagoa aerada facultativa 4,0


UASB + lagoa aerada mistura completa +
3,0
lagoa decantação
Lodos ativados convencional 4,0
Lodos ativados - aeração prolongada 4,0
Filtro biológico percolador de baixa carga 4,0
Filtro biológico percolador de alta carga 4,0
Biofiltro aerado submerso 4,0
Biofiltro aerado submerso com remoção
4,0
biológica de N
Tanque séptico + biodisco 4,0
Infiltraçao lenta 4,0
Infiltraçao rapida 4,0
Escoamento superficial 4,0
Wetland 4,0
103

Tratamentos Simplicidade 10,0

Lagoa facultativa 5,0


Lagoa anaeróbia - facultativa 5,0
Lagoa aerada facultativa 4,0
Lagoa aerada mistura completa - lagoa
3,0
sedimentação
Lagoa anaeróbia + facultativa +
5,0
maturação
Lagoa anaeróbia + facultativa + alta taxa 3,0
Lagoa anaeróbia + facultativa +
3,0
remoção de algas
Reator UASB 4,0
UASB + lodos ativados 1,0
UASB + biofiltro aerado submerso 2,0
UASB + filtro anaeróbio 4,0
UASB + filtro biológico percolador de
3,0
alta carga
UASB + lagoas de polimento 4,0
104

UASB + lagoa aerada facultativa 4,0


UASB + lagoa aerada mistura completa
3,0
+ lagoa decantação
Lodos ativados convencional 1,0
Lodos ativados - aeração prolongada 2,0
Filtro biológico percolador de baixa
3,0
carga
Filtro biológico percolador de alta carga 3,0
Biofiltro aerado submerso 2,0
Biofiltro aerado submerso com remoção
20,0
biológica de N
Tanque séptico + biodisco 30,0
Infiltraçao lenta 4,0
Infiltraçao rapida 4,0
Escoamento superficial 5,0
Wetland 5,0
105

Independencia de outras
15,0
características
Tratamentos
Clima Solo Nota

Lagoa facultativa 2,0 3,0 2,70


Lagoa anaeróbia - facultativa 2,0 3,0 2,70
Lagoa aerada facultativa 3,0 3,0 3,00
Lagoa aerada mistura completa - lagoa
3,0 4,0 3,70
sedimentação
Lagoa anaeróbia + facultativa +
2,0 3,0 2,70
maturação
Lagoa anaeróbia + facultativa + alta
3,0 3,0 3,00
taxa
Lagoa anaeróbia + facultativa +
3,0 3,0 3,00
remoção de algas
Reator UASB 2,0 5,0 4,10
UASB + lodos ativados 3,0 5,0 4,40
UASB + biofiltro aerado submerso 4,0 5,0 4,70
UASB + filtro anaeróbio 2,0 5,0 4,10
UASB + filtro biológico percolador de 2,0 5,0 4,10
106

alta carga
UASB + lagoas de polimento 2,0 3,0 2,70
UASB + lagoa aerada facultativa 3,0 3,0 3,00
UASB + lagoa aerada mistura completa
3,0 4,0 3,70
+ lagoa decantação
Lodos ativados convencional 3,0 5,0 4,40
Lodos ativados - aeração prolongada 4,0 5,0 4,70
Filtro biológico percolador de baixa
2,0 5,0 4,10
carga
Filtro biológico percolador de alta carga 2,0 5,0 4,10
Biofiltro aerado submerso 4,0 5,0 4,70
Biofiltro aerado submerso com remoção
40,0 50,0 47,00
biológica de N
Tanque séptico + biodisco 20,0 50,0 41,00
Infiltraçao lenta 2,0 1,0 1,30
Infiltraçao rapida 2,0 1,0 1,30
Escoamento superficial 3,0 2,0 2,30
Wetland 2,0 2,0 2,00
107

Menor possibilidade de problemas


10,0
ambientais
Tratamentos Insetos
Maus
Ruídos Aerossóis e Nota
Odores
vermes
Lagoa facultativa 3,0 4,0 5,0 2,0 3,60
Lagoa anaeróbia - facultativa 1,0 5,0 5,0 2,0 3,10
Lagoa aerada facultativa 4,0 1,0 1,0 3,0 2,40
Lagoa aerada mistura completa - lagoa
3,0 1,0 1,0 2,0 1,90
sedimentação
Lagoa anaeróbia + facultativa + maturação 3,0 5,0 5,0 2,0 3,90
Lagoa anaeróbia + facultativa + alta taxa 3,0 2,0 2,0 2,0 2,40
Lagoa anaeróbia + facultativa + remoção de
3,0 5,0 5,0 2,0 3,90
algas
Reator UASB 2,0 4,0 5,0 4,0 3,40
UASB + lodos ativados 2,0 1,0 4,0 4,0 2,30
UASB + biofiltro aerado submerso 2,0 2,0 5,0 4,0 2,80
UASB + filtro anaeróbio 2,0 4,0 5,0 4,0 3,40
UASB + filtro biológico percolador de alta
2,0 4,0 4,0 2,0 3,00
carga
108

UASB + lagoas de polimento 2,0 4,0 4,0 2,0 3,00


UASB + lagoa aerada facultativa 2,0 4,0 1,0 2,0 2,40
UASB + lagoa aerada mistura completa +
2,0 1,0 1,0 2,0 1,50
lagoa decantação
Lodos ativados convencional 4,0 1,0 4,0 4,0 3,10
Lodos ativados - aeração prolongada 5,0 1,0 4,0 4,0 3,50
Filtro biológico percolador de baixa carga 4,0 4,0 4,0 2,0 3,80
Filtro biológico percolador de alta carga 4,0 4,0 4,0 3,0 3,90
Biofiltro aerado submerso 5,0 2,0 5,0 4,0 4,00
Biofiltro aerado submerso com remoção
50,0 20,0 50,0 40,0 40,00
biológica de N
Tanque séptico + biodisco 40,0 40,0 50,0 30,0 41,00
Infiltraçao lenta 2,0 5,0 5,0 2,0 3,50
Infiltraçao rapida 2,0 5,0 5,0 2,0 3,50
Escoamento superficial 2,0 5,0 5,0 2,0 3,50
Wetland 2,0 5,0 5,0 2,0 3,50
109

Tratamentos NOTA TOTAL

Lagoa facultativa 455,7


Lagoa anaeróbia - facultativa 456,9
Lagoa aerada facultativa 429,7
Lagoa aerada mistura completa - lagoa
346,8
sedimentação
Lagoa anaeróbia + facultativa + maturação 474,3
Lagoa anaeróbia + facultativa + alta taxa 432,1
Lagoa anaeróbia + facultativa + remoção de
450,3
algas
Reator UASB 322,1
UASB + lodos ativados 290,7
UASB + biofiltro aerado submerso 322,4
UASB + filtro anaeróbio 317,2
UASB + filtro biológico percolador de alta
325,8
carga
UASB + lagoas de polimento 320,5
UASB + lagoa aerada facultativa 321,7
110

UASB + lagoa aerada mistura completa +


277,1
lagoa decantação
Lodos ativados convencional 344,1
Lodos ativados - aeração prolongada 417,5
Filtro biológico percolador de baixa carga 360,5
Filtro biológico percolador de alta carga 424,1
Biofiltro aerado submerso 381,6
Biofiltro aerado submerso com remoção
2 994,9
biológica de N
Tanque séptico + biodisco 3 014,9
Infiltraçao lenta 466,7
Infiltraçao rapida 470,4
Escoamento superficial 446,5
Wetland 441,8

Vous aimerez peut-être aussi