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TECNICA Maree Stes VN ose uvesmren cl N.’ 162-Fevereiro-1946 Tenn | Sao garantidos por 10 ANOS | contra o desgaste de granulados de marmore SECIL Fabricado pelos mais modernos pro- cessos ¢ preferido para todos os tra- bathos de responsabilidade. Sacos de papel ou de juta com 50 Kg. Barricas de 180 Kg. s B Ci LL COMPANHIA GERAL DE CAL E CIMENTO RUA DO COMERCIO, 56, 3.° LISBOA OS MAIS RESISTENTES OS MAIS ECONOMICOS Soc. Portuguesa CAVAN Rua D. Estefania, 42 Telefone 47812 | 5 0129 — Lisboa FILIAL NO PORTO: RAL, LTD.” PRAGA DA BATALHA, 90, 2° Cimento TEJO FABRICA EM ALHANDRA SEEEECEE EEUU AAA, A instalagao mais moderna do Pais. Dois fornos rota- tivos em laboragdo.—O “CIMENTO TEJO” marca pelas suas altas resisténcias ¢ rcgularidadc, garantidas pela . fiscalizagdo continua de todas as fases do fabrico, ja por técnicos portugueses especializados. exer Pedidos a Companhia “CIMENTO TEJO” SEDE EM LISBOA FILIAL NO NORTE RUA DA VITORIA, 88, 2.° AV. DOS ALIADOS, 20, 5.° - PORTO NUMERO 162 Fevereiro —1946 DIRECTOR ANTONIO BUSTORFF ADMINISTRADOR FERNANDO MANZANARES ABECASIS BLIOTECARIO. FERNANDO JACOME DE CASTRO CORPO REDACTORIAL Jodo Barata Galvao Henrique Marques Peraira Eduardo Cansado de Carvalho José Pais Gromicho Alfredo Nobro da Costa Manuel da Silva Forreira II NOMERO AVULSO 7480 ASSINATURAS: Continents vhs 2100 450075900 | Colne Pogue ‘ave sbaops — sfnaas EDITOR £ PROPRIETARIO. ASS, DOS ESTUD. DO 1.5.1. COMPOSTO E IMPRESSO Tip. JORGE FERNANDES, L.* RUA CRUZ DOS POIAIS, 103 LISBOA, BBVA TECNICA REVISTA DE ENGENHARIA ALUNOS DO INSTITUTO SUPERIOR TECNICO educa ¢Admlnstragis: AV, ROVISCO PAIS, IST / LISBOA-N,/ TEL. 49144 (is 50) SUMARIO CAPA — Novo Hospital Escolar — Estado das obras Estudante hoje, chefe amanh . ng Mercier Marques . Estacas para fundagées . . .. Eng.’ Fernando Vasco Costa Tratamento de minerais om me- sas oscilantes . Eng? Alberto Cerveira © Problema da ImplantacSodas Obras de Abrigo dos Portos. Eng. Carlos Krus Abecasis . A ecedo técnica, das indés- trlas - Eng. F, Barreto © Costa. . Viga continua de 3 tramos si- métrica . ster ees Eduardo Cansado de Carvalho Vida Escolar e Associative... 6.2... ey Do Mundo Técnico... 0... 5 Notas bibliogréficas - 6... we Publicagdes recebidas . . OS ARTIGOS PUBLICADOS NESTA REVISTA SAO DE EXCLI DOS AUTORES 566 61 mm ya 783 783 HNN D. MOURA-—encenueiro | | REPARADORA ELECTRO-MECANICA | Zé Uma organizacéo para trabalhos de electricidade ALTA _TENSAO BAIXA_TENSAO Oficinas de constragdes eléctricas, ‘Tranaformagses do caractoristioas o roparagbos om ‘GERADORES ~~ MOTORES ~- TRANSFORMADORES © om tOda a aparolliggom cldctrica para usos industrials © agricolas. SERVIGO DE ASSISPENCIA UXGENTE A INDUSTRIA Com o nosso empréstimo de miquinas temos ovitado a paratizagéo do muitas fébricas RUA DA TRINDADE, 18-A—LISBOA Telefone 21406 Telegramas — REPARADORA Ampermeablisante Acelorador de presa {oo 3 ine A-leos | BY | ces] | termes excutvo sana vonteas i Soo e we ot Me HA Hentt Loe RUA DO COMERCIO, 8 Fel, 22008 pequeno NI medio NM POR CARENCIA DE TRANSPORTES wis escassearam durante muito tempo as entregas dostes apreciados instrumentos suigos. Scndoliinbisaole 10 Teodolito repetidor V1 odolito universal 72 Teodolito de alta preciso 13 Teodolito astrons: SEM QUEBRA DE QUALIDADES, a-pesar-da guerra, a sua construgdo impor-se-a no futuro como no passado. mico 14 : Alidade © prancheta TEMOS AGORA PARA ENTREGA IMEDIATA Estidia, Esquadros, ete ou em curto prazo os tipos mais vulgares. Aparelhos de Fotogra- Peca-nos pregos © catilogo © faga ja a sua innple latest @ iste encomenda. 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Por isso, 05 has de 2,000" C. técnicos especialistas ‘da ‘A regio em corte mos- Socony-Vacuum néo des- traas caixas dos segmen- cansam na suc tarefa de tos,pontos criticos dalubri- produzir dleos cada vez ficagdo dos émbolos, Ali melhores, para reduzir ao se reunem tédas as condi- m{nimo os atritos e manter socoNy-vACUUM ges para o éleo ser de- limpos os segmentos nas composto, reduzidoamas- condicdes de fu sa pegajesa, copaz de mento mais severas SOCONY-VACUUM PW LL | TECNICA ANTONIO BUSTORFF ANO XXI-N.° 162 FEVEREIRO 1946 ESTUDANTE HOIJE, CHEFE AMANHA PELO ENG. QUIMICO (I. C. T.) MERCIER MARQUES Dada a feigio caracteristica de um curso essencialmente destinado a formar homens de acgio e nao burocratas, compreende-se que a aspiragio de grande parte dos jovens engenheiros que as escolas langam na vida puiitica, seja a de fazer carreira profissional dentro da industria. Essa_preferencia filia-se, tambem, no facto das indiistrias oferecerem ao engenheiro sitnagdes materinis, independéncia, possibi- lidades de iniciativa e de realizagio, que dificilmente se encontram noutros sectores da Engenharia. ‘A transigfio dos bancos da Escola para as posigdes de comando que os engenheiros ccupam nas fibricas, estaleiros e oficinas, niio se faz, porém, sem pesados sacrificios, grande soma de esforeo ealgumas desilusdes. Na verdade, para o bom desempenho da sua miso, & indispensdvel que o téenico fabril reiina is qualidades que a engenharia exige de todos os seus candidatos, algumas outras —nilo menos importantes— que permitam o seu equilibrio estiivel entre os que teem delhe obedecer ¢ aqueles de quem receb> ordens. Esse equilibrio é, com frequéncia, mais penoso e exige, pelo menos, tanta inteligéncia como a resolugio dos problemas profissio~ nais. que solicitam a sua atengiio. De pouco serviré ao engenheiro uma boa preparacio Weniea, se ele ndo puder ou niio souber adap- tar-se & vida da colmeia humana em que ‘t sua acgfio tem de se desenvolver. Hé tem- peramentos que o nélo conseguem nunca. ©.D. 378 Pésta de parte a questio da competéncia, a indiistria cria a0 jovem engenheiro um problema complexo: 6 das suas relagdes com chefes ¢ subordinados. Nem sempre é simples um bom entendi- mento entre 0 engenheiro ¢ os seus chefes — patrdes, administradores ou directores. Culturas e formagies intelectuais diferentes, pontos de vista opostos na resolueao das questées téonicas © sociais criam, algumas veres, divergencias de solugio dificil. Em casos tais, 0 engenheiro necessita dar prova de grande tacto, bom senso e serenidade. E-the indispensavel um perfeito dom{nio dos nervos para afrontar, por vezes, situa- des de flagrante injustiga ou de errada visio. das coisas. Séasua edueagio, dignidade, e disciplina Ihe permitirio triunfar em tais emergencias. A sua acco, porém, tem de perseverante- mente orientar-se no sentido de temperar ou anular estes males, com optimismo e fir- meza de caricter. Pouco a ponco, mereé de estndo, traba- Tho e forga de vontade, o engenheiro conse- gue impor-se aos seus chefes e conquistar © prestigio indispensavel ao completo desen- penho da sua missfio. As relagées do engenheiro com o pessoal que Ihe esté subordinado niio sio menos deli- cadas, TECNICA 738 Blas exigen certas qualidades, aparen- temente antagénicas, pois que a par da bon- dade ¢ tolerdncia, so necessarias autoridade, decisio, firmeza e sobretudo justica. Um verdadeiro chefe devesaber perdoar ; em muitas circunstancias néio pode mesmo deixar de o fazer. Um castigo inoportuno on injusto é, quisi sempre, mais nefasto que uma tolerfncia excessiva. Mas preciso ter sempre presente que a fraqueza conduz A indisciplina e esta ao descalabro. © engenheiro tem, por todos os meios, de fazer-se estimar do seu pessoal, visto que 86 assim conseguir’ o esforgo e o sacri ficio que a indvistria tantas vezes pede. Para isso niio pode alhear-se dos pequenos ou gran- des conflitos que atormentam o espirito dos seus operérios. Deve procurar conhece-los moralmente, auscultar-Ihes as necessidades, atende-los com bondade ¢ paciencia, corri- girlhes 08 defeitos, coloca-Jos nos lugares que mais se coadunem com as suas aptiddes Nii péde nunca desinteressar-se das suas sugestdes, mesmo quando 4 primeira vista paregam insensatas. O contacto didrio com ‘améquina ou com a aparelhagem das indvis- trias, sugere a certos operdrios mais habeis criticas ou aperfeigoamentos que bastas vezes aproveitam ao engenheiro e, em ultima ané- lise, & marcha da indiistria. ‘A cultura da engenheironioo deve env: decer nem torné-lo rude ou descortez para com 0 seu subordinado; pelo contrario, ela impde-lhe simplicidade e modestia para ni ferir susceptibilidades que despertem senti- mentos indesejaveis. E preciso nao esquecer que os conher mentos obtidos na Escola s6 se valorizam plenamentee se completam em contacto com as realidades Para esse complemento muito contribuem a observagio directa do traba- Tho e as ligdes da experiencia dos que 0 exe- cutam. Quando o trabalho de um operdrio muda TECNICA 736 de qualidade ou de rendimento é necessério procurar-se 0 motivo dessa alteragao. Um pequeno interrogatorio feito com serenidade, ¢ alguns conselhos sensatos, resolvem melhor fa questfio que uma admoestagio violenta. E, por vezes, a origem do mal é tio respei tavel, que a falta terd de ser desculpada. © engenheiro tem de ser, sobretudo, humano, Nas fibricas, como em todosos grandes agregados de homens, nfo faltam os defei- tos capitais dos homens: a intriga, a men- tira, a inveja, a rotina, a tendencia para o menor esforgo. Eases grandes inimigos do engenheiro teem de ser combatidés intran- sigentemente pela persuagio e pelo exemplo. ‘A vida numa fibrica 6, acima de tudo, ‘uma colaboragio. Da boa ou mi orientagio de quem manda dependeré, inevitavelmente, a qualidade dela. © chef tem de possuir uma elevada nogio de responsabilidade. Ele niio pode esquecer nunca que é ele, s6sinho, quem res- ponde pelas faltas de todos. Este facto crin- Ihe uma forga © um prestigio de incaleu- lavel projeegito. O set: exemplo, u sua capacidade de tra- balho, a sua emancipagio de qualquer hora- rio rigido, 0 esforgo fisico que possa fornecer em casos de emergencia, repereutem-se for- temente no espirito do seu pessoal Conduzir homens é tarefa dificil, mas simplifica-se muito pelo respeito de certas regras. Assim, uma correogio absoluta no tratamento dis- pensado aos subordinados, & sempre boa base para uma colaboragio leal e amigavel. E, numia fabrica, num estaleiro ou numa oficina — pese a quem pensar 0 contrério — 86 num ambiente de bom entendimento e de estima respeitosa se consegue boa colabo- ragiio, isto 6: trabalho produtivo. A’ missio do engenheiro na indiistria est Jonge de ser puramente técnica. Li isboa, 30 de Janeiro de 1946 INE cel INS mire INSTITUTO PARA A ALTA CULTURA .Um a ane CENTRO DE ESTUDOS DE ENGENHARIA CIVIL enta, INSTITUTO SUPERIOR TECNICO - LISBOA spei- rade, PUBLICACAO N.° 3 udo, ndes “ ESTACAS PARA FUNDACOES sae PELO ENG. civit FERNANDO VASCO COSTA ‘ane ‘sistent 1 8, Te Bolte db LA. 6 oe 624.184/5 iio Iniciamos neste mimero da ‘Técnica a publicagdo de um estudo sobre te, estacas para fundacies. Teve 0 sew autor oportunidade de se familiarizar com variados processos da de execugio ¢ diversos tipos de estacas, nas obras do Novo Arsenal do Alfeite nde eda Base Naval de Lisboa, para onde trabathou de 1936 a 1945, a0 servico es da firma «Gruen & Bilfinger A. Go ¢ da Sociedade Metropolitana ¢ Colo- ine nial de Construgies, Ltd.t». Por motivo de diversos concursos pelos quais estas mu firmas se interessaramn, foi 0 autor obrigado a informar-se ¢ a documentar-se sobre muitos tipos de éstacas que constituian exclusivo de empresas concor- a rentes. Ao projectar diversas obras fundadas sobre estacas foi levado tam- a bém a estudar o problema das cargas que as estacas podem suportar. Juntow, er por virtude das circunstinciae expostas, elementos que, pareceu, haveria wtili- r dade em publicar. ir Contribuiram com valiosas sugestoes para este trabalho os Srs. Eng.? se Henrique Leitéo, Eng.’ Pedro Nunes, Eng? Manuel Rocha, Eng? Flavio dos a, Santos ¢, muito especialmente, 0 Eng Frederico Spies, do qual partiu a - iniciativa da publicardo ea quem 0 autor deve muitos ensinamentos. a Alguns dos engenheiros citados, apds a leitura do original a que obse- L quiosamente se prestaram, manifestaram a sua discordéucia, nalguns pontos, a com 0 modo de ver do autor. Nao devem, por ésse motivo, ser considerados a responsdveis pelas opinives expostas neste trabalho. Plo grande interésse que puzeram em o ajudar, 0 autor apresenta a todos cles os seus melhores agradecimentos. . PLANO DO TRABALHO Inrropugio—Generalidailes sobre estacas afundar no terreno as estacns e os seus Cariruto I —Estneas de madeira moldes Cavivuto 11 —Estacas de betiio afroco VI—Fungdes que as estacas A) Estacas betonadas em estaleiro podem desempenhar B) Estacas moldadas no solo Cariruro VII—Avaliagio das cargas que CarirvLo Il— Estacas metilicas as estacas podem suportar Cariruro TV —Estacas de arein Carirro VIII —Critérios para a escolha Cariruno V—Processos empregados para de tipos de fundagdes © de estacas, TECNICA 737 INTRODUCAO —Generalidades sobre estacas As estacas silo elementos empregados na construgio earacterizados pela sua forma muito alongada, sua posigio vertical ou pouco inelinada, ¢ pelo facto de, pelo menos em parte do seu comprimento, s¢ encontra- rem enterradas no solo, Sao utilizadas, essencialmente, para a transmissio de car- gas a camadas profundas do terreno, e, com menos frequéncia, para suportar impulsos de terras ou de sigua e para compactar ter- renos. depois de, fora dele, terem recebido a sua forma definitiva; diz-se por isso que sio estacas preparadas ow fabricadas em esta~ leivo. ‘As estacas de bettio simples e as estacas de areia sio executadas dentro de buracos abertos no. terreno; diz-se por isso que sto estacas moldadas no solo. As estacas de betiio armado tanto podem ser preparadas em estaleiro como moldadas no solo, Para afundar no terreno as estacas fabri- cadas em estaleiro, ou os moldes das estacas Fig. 1—Plano inclinado do Arsenal do Alfoite, Ceavardo de estacas de bette a0 alrigo dama tenseradeira de estacas-pranchas imetaieas, Empregam-se estacas nos mais diversos tipos de obras : fundagdes, estacadas, Duques de Alba, consolidagio de terrenos, protecio de margens, ensecadeiras (Fig. 1), ete. ‘As estacas podem ser constituidas pelos seguintes materiais: 1) madeira 2) betio 3) betio armado 4) aco 5) areia. ‘As estacas de madeira, e também as de ago, 86 sito coloeadas dentro do terreno TECNICA 738 ot da Somer moldadas no solo, empregam-se os seguintes proceso: 1) eravagao ) penfuraco do terreno 3) injecedto de dgua 4) aparafusamento 5) prensagem. Como adiante veremos, esta variedade é consequéneia da diversidade dos terrenos, dos materiais empregados nas estacas, das condigdes especinis de exeeugio, da apare- Thagem disponfvel, da grandeza das cargas a suportar, da quantidade das estacas a em- pregar em cada obra, ete. Q ser t tipos deer Q gida dew das det ¢ supe que as sua sito sta~ seas .cos sito lem das. wie eas Quanto 2 sua posi¢do, as estacas podem sex verticais ¢ inclinadas, Quési todos os tipos de obras exigem o emprégo conjunto de estacas verticnis ¢ estacas inelinadas, Quando servem para suportar forgas diri- gidas de cima para baixo, chamam-se estacas de compressio ; quando as forgas sio dirigi- das de baixo para cima, chamam-se estacas de traccao. Consoante & por atrito ao longo da sua superficie on por intermédio da sua ponteira que uma estaca transmite ao terreno as for- gas que Ihe sio aplicadas, assim se designa como estaca flutnante on como estaca carr gada de ponia, ‘As estacas podem também trabalhar & flexio, Encontram-se nessas condigSes as estacas-pranchas: estaeas com que, por jus- taposigiio, se constituem cortinas destina~ das, especialmente, a suportar impulsos de figuas e terras. Mediante a eravagio de estacas conse guem-se melhorar, como fundagio, alguns terrenos, As estacas empregadas para ésse fi classificam-se como estacas de compactacio. Chamaremos cabeca & extremidade supe- rior duma estaca. A extremidade inferior dum esiaca fabrieada em estaleiro chama- Fig. 2— Ponte provisiria para sorviro de uma obra remos ponteira; & duma moldada no solo, base. No fim do presente artigo apresentamos ‘uma lista de referéneias bibliogriificas clas- sificadas por ordem alfabétiea dos autores. Nessa lista encontram-se ja inelufdas as referéncias is obras que sero citadas nos artigos seguintes, Com o fim de facilitar ao leitor a consulta de obras estrangeiras, indicamos, junto a cada designagio com signifiendo peculiar no estudo das fundagdes, os seus equivalen- tes noutras Iinguas. Dada a grande variedade de cireunstin- cias que podem ter influéncia na execugio € no comportamento da obra é geralmente dificil, para cada caso, a escolha do tipo de estaca mais conveniente. O nosso objectivo ao eserever o presente trabalho foi facilitar esssa escolha, CAPITULO 1 Estacas de madeira 2—Generalidades A estacarin de madeira, embora pouco tenha evolufdo desde os remotos tempos do seu emprégo nas cidades lneustres, continua ainda hoje a prestar relevantes servigos, mesmo em competéncin com os mais moder- nos processos de fundagio. As estacas de madeira sio geralmente fieeis de obter em qualquer regifio, 0 seu custo & baixo, suportam muito bem a era- vagho e, em dadas condicdes, tém uma duracio ilimitada, No entanto, entre nis, o seu emprégo encontra-se actualmente quase limitado a construgées provisirias (figs. 2 ¢ 3). Pode atribuir-se tal facto & falta de madeira eom as qualidades ¢ dimensdes convenientes. Na Buropa hi viirios exemplos de cons- trugées fundadas hi séculos s6bre estacaria de madeira, que ainda hoje se mantém per- feitamente. Nomeadamenie na Suiga, exis- tem, em servigo, diversas pontes muito anti- gas fundadas sobre estacas de madeira, Parte da Baixa de Lisboa esté fundada sobre estacarin de madeira do tempo da reconstrugio pombalina. Quando, em 1902, se proceden & recons- trngio do campandirio da Igreja de 8. Marcos em Venera, verificon-se que as estacas, apis mil anos de servigo, ainda se encontravam TECNICA 739 capazes de voltar a suportar o grande peso do campandrio (Jacoby e Davis, 1941, pag. 81). Fig, 8— Daques do Alba, de madeira ‘Vratando estacas de madeira queira ler-se Jacoby © Davis (194), Not ¢ Troch (1920) © Masters (1941). — Made 2 para eslacas ‘Ao escolher-se madeira para estacas deve atender-se, antes de mais, is qualidades de que depende a sua duragio ; isto, muito espe~ cialmente, se as estacas forem destinadas a fundagdes de obras definitivas. Para que bem suporte a eravagio convém ainda que a madeira da estaca possua boa resisténcia ao choque. Entre nés nfo é devidamente cuidado o creseimento ¢ o tratamento das madeiras destinadas & construgio. Dai, além de outros inoonvenientes, a sna fraca duragio. Uma das razes por que se esté empre- gando tanta estaca de hetio, onde estacas de madeira poderiam prestar 0 mesmo se vigo, senio melhor, reside justamente na dificuldade de conseguir, para obras de res- ponsabilidade, maieira com as convenientes dimensdes, resisténcia © possibilidade de duragiio, Ao passo que, na América, se che- gam a cravar estacas de madeira com diit- metros da ordem dos 50 em ¢ comprimentos superiores a 40 m, de dptimas madeiras, tais como cedro, abeto, etc., entre més ja & ECNICA 740 dificil conseguir estacas com comprimentos superiores a 15 m, € apenas de pinho ow encalipto. ‘As qualidades a que mais se deve atender, durabilidade ¢ resisténcia ao choque, sto dificeis de avaliar por simples observagto da estaca, Ha sempre vantagem em proce- der a um reconhecimento prévio das destinadas a ser abatidas. E muito itil 0 conhecimento que obter sobre 0 comportamento de estac frvores semelhantes ¢ empregadas em con- digdes comparéveis. Para as estacas deve eseolher-se madeira de drvores hem desempenadas, pois, de outro modo, as estacas poderto fender durante a cravacho. A época de corte tem grande influéneia na duragio da madeira, Convém, em geral, que 0 corte seja efectuado no prinespio do inverno (Stoy 1!41). Alguns processos de tratamento das ma- deivas, infelizmente ainda niio divulgados entre ‘nds, permitem aumentar, de modo cosiderdvel, a duragio da madeira (Hool 1943, pag. 163). ‘A American Railway Engineering As- sociation elaborou condigdes de recepgio que foram parcialmente transeritas por Jacoby e Davis (1941, pag. 79). Dentre essas con- digdes destacamos as seguintes: «nfo 6 per mitido, em dados tipos de obras, o emprego de estacas com nés agrupados nem com nés de diimetro superior a 10 em ou a 1/3 do diimetro médio da estaca; os buracos na madeira nfo podem ter didmetro superior a 4 em nem profandidade que exceda 1/5 do diimetro da estnea; e uma linha recta que una os centros das snas extremidades nito deve sair fora da estacan. Sobre madeira para estacas consultem-se Agatz (1936), Am. Soe, Civ. Eng. (1939) Brenuecke © Lohmeyer (1937), Jacoby e Davis (1941), Not e Troch (1920), e Stoy (1941). 4—Conservacio das estacas de madeira debaixo de agua A principal vantagem das estacas de madeira reside na sua duragho, pratica- e ore ny Je mente ilimitada, quando mantidas perma- nentemente debaixo de Agua, Sujeitas a alternativas de secura e humidade, quisi ig: A—Cabogas das estacas para a fundayo dum muro is, postas a descoberto numa maré de Sguas vivas todas as madeiras sto destrufdas ripi- damente. A necessidade de, em obras de responsa- bilidade, manter mergulhadas as estacas de madeira, 6 uma sujeigio que nunca deve ser esquecida e que, por vezes, implien a adopgiio de dispositivos especinis. Nos lugares sujeitos a marés, 0 mo} wento de subida e descida da gua permite cortar as eabegas das estacas a uma cola suficientemente baixa para que mais tarde, depois de aterradas, nelas seja mantida, por capilaridade, a hnmidade snficiente para assegurar As estaeas uma duragio iimitada. Acima dessn cota, o restante trabalho de fundagio pode ser efeetnado & maré (fig. 4), ‘Quando as estaces. fcam livres, dshaixo de Agua, em parte do sen comprimento, como sreede em muitas obras maritimas, conyém proceder ao corte da cabega das estacas abaixo da cota do baixa-mar de ‘iguas vivas, para evitar que, mesmo durante pouco tempo, possam fiear a descoberto, Para esse fim poderé empregar-se uma serra circular (fig. 5) on uma serra de Hmina montada numa armacho especial (fig. 6), & qual por meio de dois eabos se dé iim movimento de vaivem, (Ver Jacoby e Davis 1941, pag. pag. 230, Foerster 19 Dean 1935, pag. 15) Kirgis 1943, 30, IT vol., pag. 2492 ¢ ‘5— Sorra circular para o corte das eabepas das estacas debaixo de sigua Fig.6—Sorra de lamina montada para o corte das ostacas dobaixo de dua Por meio de explosivos também ja se tem procedido ao corte das estacas debaixo de ‘igua (Wright 194° TECNICA 7ay ‘ava ‘Adiante veremos, ao tratar da com prolonga, um modo de evitar 0 corte da cabega das estacas debaixo de Agua (Parag. 35). 5 —Perige do abaixamento do lengol aquifero Um abaixamento do lengol aquifero pode ter origem geolgica ou ser imposto por ontras razdes, tais como a exeenciio, em te yenos vizinhos, de fundagées, caves ou Ca~ ptagdes de dgnas. Yndependentemente de qualquer outra acgio sobre o terreno, wm abaixamento esses, mesmo tempordrio, pode compro- meter a seguranga de obras suportadas por estacas de madeira. ‘Os americanos, que fazem largo emprego de estacas de madeira para obras de grande deira sobre que esto fundados muitos edi- ficios importantes de Berlim, defenden 9 fxagio ea manutengao duma cota bastante alia para o lengol aquifero, Essa cota envol- Yeria o alagamento de algumas eaves no centro da cidade (David 1982). — Ataques por seres vives [As estacas que se eneontram em contacto directo com a Agua salgada sfo, nalguns portos, destrufdas rapidamente por organis- jos vivos, dos quais o mais de temer & 0 teredo (fig. 7)» (O teredo ataca a madeira, por vezes sob forma epidémica, qnisi sem deixar sinais & superficie da estaca. O faoto de o ataque pas- sar desapereebido aii com frequéncia oeasitio a graves desastres. Fig. 7—Corte de uma estaca fortemonte atacaa pelo terete responsabilidade, tém langado mfo de varia~ dos expedientes para obviar aos perigos do abaixamento do lengol aquifero. ‘Assim, na fandagio de um hotel de 24 andares ‘em Milwaukee, para assogurar a Gonservagho das estacas de madeira, enfin- ram cilindros nas eabegas das estacas. Estes ‘ilindros manter-se-Ao cheios deigua, mesmo que exteriormente, por qualquer eircunstin- cia imprevista, venha a baixar o Tengol aqui fero, (Eng. News Record, 1931, Julho, 9). ‘0 Engenheiro Luis David, com o fim de assegurar a conservagio das estacas de ma- TECNICA 742 Foi o que se verificon num acidente ocor- vido nas obras do Arsenal do Alfeite. Num artigo em que descreve esse acidente, 0 Eng.” Carlos Alves dé varias informagées sobre o teredo (Alves 1944). ‘Acidentes semelhantes jé se tém verificado noutros Ingares (Eng. News Record, 1940, Fevereiro, 1, pag. 51). ‘Pom sido muito estudada a defesa contra 6 teredo, sem grandes resultados. Sobre este assunto veja-se win interessante artigo publicado por Roch (1926 pig. 89). Desse artigo, que ¢ 0 resumo dum desen- tr p ts e 0 ate ok no volvido estudo realizado nos paises do Norte, transerevemos algumas indicagdes: «0 teredo fere madeiras macias ¢ dentro duma es- evita as regides mais rijas; hf vanta- gem em eravar as estacas com easea; ma- deira colocada na sigua durante 0 outono resiste melhor; eravar pregos que enferru- gem, cérea de 4.000 por metro quadrado, ¢ uma boa medida de defesa so se tiver o cnidado de evitar que o ataque se dé antes do seu enferrajamento ; a ereosotagem tam- bém 6 uma medida de aconselhar para as madeiras que se deixem embeber». Num muro-cais construfdo no Alfeite sobre estacas de madeira, destinadas a serem envolvidas com areia (fig. 4), obteve-se a protecgo contra o teredo enfiando cilindros de betio nas eabegas das estacas da finda exterior, as tinicas que se julgou estarem expostas no atague do teredo. Mais adiante, no paragrafo 32, reproduz-se a seeqiio desse mmiro-cais, Smith e Palen (1936) fazem referéncia a0 emprego de cimento com arséniox, sob a forma de pasta, como meio de protecgio das estacas de madeira contra o teredo. O proceso foi usado, com sucesso, na Sué cia, A pasta de cimento, que é aplicada & pistola, adere muito bem h madeira e apre- senta qualidades elisticas que Ihe permitem resistir ao choque e mesmo & cravaciio, — Est -as mixtas Um expediente a que se tem langado mao, muitas vezes, para obras maritimas, nos paises em que siio tidas em grande conta as estacas de madeira, 6 0 emprego de estacas mixtas. Hstas so constituidas por uma es- taca de madeira prolongada superiormente por betiio armado. Em principio seria uma solugio ideal: debaixo de fgna esiaen de madeira, fora de gua estaca de betio. 0 emprego de estacas deste tipo é, além disso, muito econdmico. A ligacio ente os dois trogos, porém, dificil de efectuar dum modo perfeito (Bren- necke ¢ Lohmeyer 1937 ¢ Colberg 1936, pag. 176). No porto da Beira, em Mogambique, existe uma ponte-cais com estacas deste tipo (Mor- gan 1944, pig. 9). Nas fundagdes das paredes mestras do edi- ficio da Estagho Emistora do Ribatejo foram também empregadas, pela firma «Teixeira Duarte», esincas mixtas. Devwell (1938) descreve estacas em que na ligagio dos dois materiais se empregou chapa ondulada. Essas ligagdes suportaram varios ensaios com sucesso. Dean (1935, pag. 5!) também desereve diversos tipos de estacas mixtas, Colberg (1936, pig. 356) apresenta a estaca «Moebus» que tem de peculiar a fixagio, por parafusos, das armaduras do troco de hetiio ao trogo de madeira. Ao XVI Congresso de Navegagio foram apresentados alguns tipos de obras com estacas mixtas (Caderno n° 113), 8 —Cravagio das estacas de madeira Neste pariigrafo apenas trataremos do que a cravacio das estacas de madeira tem de peculiar. A crayagio em geral seré estn- dada mais adiante, no parigrafo 35. ‘A eravagio, por sua propria naturena, 6 ‘uma opera¢io melindrosa; deve, por ésse facto, ser sempre efeetuada com enidado. As estacas de madeira suportam razoivel- mente os esforgos provenientes da eravagio. Desile que o terreno seja homogéneo endo muito rijo, a eravagio pode ser efectnada com confianga, ‘h i } | | | ! \ Fig. 8 ~ Dispositive para reeuperasio dos anvis Os acidentes verifieados na cravagio de estacas de madeira foram, a maior part das vezes, motivados por corpos estranhos contra os quais chocon a pontcira da estaca. TECNICA 743

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