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2. A 13ª EMENDA
3. A RALÉ BRASILEIRA
Souza (2015, p. 29) traz a discussão o conceito de ‘mito nacional’, o qual é por
ele descrito como “a forma moderna para a produção de um sentimento de
‘solidariedade coletiva’, ou seja, por um sentimento de que ‘estamos todos no mesmo
barco’ e que, juntos, formamos uma unidade”. O mito brasileiro então é caracterizado
por aqueles dizeres que todos nós já pronunciamos ou ouvimos de alguém durante a
vida, como ‘brasileiro é o povo da alegria, da hospitalidade, do futebol, da emoção, da
espontaneidade’ e tantas coisas mais.
Esse mito parece-nos algo que tenta fazer um contraponto com a racionalidade,
como se o fato de questionar e avaliar criticamente não fizesse parte da nossa
nacionalidade. O que é muito conveniente aos interesses políticos e econômicos das
classes governantes com seus interesses políticos e econômicos sempre colocados à
frente dos interesses sociais.
Souza (2015, p. 30) faz uma comparação interessante do mito nacional com os
objetivos das religiões em outros tempos em que tinham mais influência política, assim
Souza (2015, p. 31) traz ainda que o termo DNA “simbólico” da sociedade, o
qual caracteriza as unidades em que se medem o desenvolvimento e/ou o bom
funcionamento do país enquanto nação. Fica bem destacado que a crença enraizada do
economicismo teve grande influência sobre a maneira como se avalia o
desenvolvimento do país.
O Brasil hoje se mede em unidades econômicas, por exemplo, em PIB ou renda
per capita, enquanto outros países se avaliam em termos de qualidade de vida, garantia
de direitos ou pela maneira como recebe os imigrantes.
O desafio a que o autor se propõe é esclarecer o motivo pelo qual o nosso DNA
nacional sob tais bases e não sob outras bases como as citadas de outros países, sendo
que esse DNA é construído historicamente. Então, a forma mais eficaz e conseguir
alcançar esse objetivo seriam a busca e a análise de fatores e acontecimentos
influenciaram a construção desse DNA.
Neste capítulo Souza (2015, p. 41) descreve o senso comum como sendo a forma
como as pessoas comuns dão sentido às suas vidas e ações cotidianas. E, vista a
deficiência no esclarecimento da população quanto aos conceitos que compõe os fatores
necessários para o bom funcionamento de uma sociedade, o senso comum vem
preencher as lacunas deixadas por essa deficiência de conhecimento.
Acontece que o senso comum tão espalhado e reforçado na sociedade nos
impede de avançar quanto a questionamentos da ordem da gênese dos problemas da
desigualdade social e nos faz ver o conflito como se fosse o próprio mal, não o caminho
para o esclarecimento faz com que a chamada “ideologia espontânea” apoie a
continuidade de todos os privilégios de classe (SOUZA, 2015, p. 42).
Nessa perspectiva, o senso comum ocupa uma função dupla, visto que ao mesmo
tempo em que nos possibilita domínio de conhecimentos necessários à vida diária,
também reforça o poder dominante e permite a perpetuação dos padrões deturpados de
funcionamento social (p 42).
4. O PAPEL DO PSICÓLOGO
Martin-Baró considera dar algum certo crédito a essa opinião, haja vista que a
atuação dos profissionais de Psicologia da região dava atenção predominante, quiçá
exclusiva aos setores mais privilegiados. Trabalhando no sentido de fazer parecer que
que o contexto social fazia parte de uma natureza imutável a qual os indivíduos
deveriam enfrentar com resiliência, resolvendo seus problemas subjetivos provocados
pelo contexto social de modo individual. Assim, a psicologia estaria trabalhando à
serviço da manutenção da ordem estabelecida, acompanhando o ritmo de todas as outras
profissões que assim atuavam (MARTIN-BARÓ,1996, p. 13).
Ainda segundo Martin-Baró (1996, p. 15-16) a melhor maneira então de se
traçar o caminho oposto é examinar criticamente o papel do psicólogo através da visita
às raízes históricas da própria Psicologia, desviando o olhar analítico do psicólogo do
mero comportamento observável e redirigí-lo para à consciência de si mesmo. À medida
que esse processo acontece, tornando as pessoas mais conscientes de si mesmas,
enquanto indivíduo e membros de uma sociedade eles tornam-se , através de uma
melhora em sua capacidade de decodificação do mundo, aptos a captar as estruturas
opressoras e desumanizantes e, de posse dessa nova consciência formada criticamente
adquire
“...a possibilidade de uma nova práxis que, por sua vez, possibilita
novas formas de consciência... A pessoa começa a se descobrir em seu
domínio sobre a natureza, em sua ação transformadora das coisas, em
seu papel ativo nas relações com os demais. Tudo isso lhe permite não
só descobrir as raízes do que é, mas também o horizonte do que pode
chegar a ser. Assim, a recuperação de sua memória histórica oferece a
base para uma determinação mais autônoma de seu futuro”
(MARTIN-BARÓ,1996, p. 16).
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