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Administração e Mercado de Trabalho

Aula 01: Administradores e a Administração

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

 Conhecer o mapa conceitual da disciplina, os conteúdos programados no Plano de


Ensino e a bibliografia indicada.
 Refletir sobre a importância da Administração e sobre o imprescindível papel (missão)
do Administrador nas organizações e na sociedade de um modo geral.

As Organizações e a Administração

Em um mundo cada vez mais globalizado e competitivo, o sucesso ou o insucesso das


organizações dependem da qualidade de sua administração.

Mas, quem estabelece objetivos e guia a organização de forma a alcança-los?

São os administradores. Eles também preparam a organização para a mudança, procurando


adaptá-la a um ambiente cada vez mais dinâmico e imprevisível.

Assim, para uma organização ser bem-sucedida, ela depende de seus administradores.

E é claro que administradores de grandes empresas são mais conhecidos e midiáticos. No


entanto, não existe um modelo que defina como deve ser um administrador de sucesso.

Existem milhares de administradores em diversas organizações espalhadas pelo Brasil e milhões


pelo mundo.

Os administradores administram organizações de todos os tamanhos, com as mais diversas


finalidades, e podem ser responsáveis pelas organizações como um todo ou apenas por uma
unidade ou equipe. Mas em que consiste o trabalho de um administrador? Por que a
administração é uma atividade tão importante? Por que é importante estudar administração?
Quais são os desafios que o mundo contemporâneo coloca aos administradores?

Para responder a essas e outras questões, é necessário inicialmente definir alguns conceitos
básicos. Veja a seguir.

Os Administradores

Os administradores ou gestores são os membros que têm como função guiar as organizações de
forma a alcançar seu propósito.

São os administradores que decidem COMO e ONDE aplicar os recursos da Organização de


forma a assegurar que esta atinja seus objetivos.

Os administradores não fazem isso sozinhos. Eles trabalham coordenando e dirigindo as


atividades de outras pessoas, ajudando os demais membros a atingir um conjunto de objetivos
coerentes para a organização.

O que os distingue dos outros membros da organização é que eles coordenam as atividades de
outros, que, por essa razão, lhes prestam contas do seu trabalho.

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O Processo de Administração

As atividades de administração ou gestão não estão circunscritas ao presidente ou aos diretores


da organização. Muitas outras pessoas na estrutura hierárquica têm igualmente funções da
administração, como, por exemplo, os gerentes, os supervisores, os líderes de equipe, entre
outros.

A atuação do administrador no trabalho dos outros está ligada continuamente a: Planejamento


 Organização  Direção  Controle.

Vale Lembrar: Nem todas as pessoas que trabalham em uma organização são administradores.
Alguns membros das organizações têm como única responsabilidade a execução de uma tarefa
ou trabalho específico, sem ter de supervisionar o trabalho de outro. São geralmente designados,
subordinados, funcionários, trabalhadores, operários, empregados, ou, de acordo com as
tendências mais atuais, colaboradores ou parceiros.

Seja qual for o nível organizacional, o tipo ou dimensão da organização, ou a área funcional, os
administradores planejam, organizam, dirigem e controlam. Podem variar a importância e o
tempo dedicado a cada uma dessas funções. No entanto, para compreender a essência do
trabalho de um administrador, é necessário conhecer:

 Quais papéis desempenha na organização;


 Quais aptidões e habilidades necessita possuir;
 Quais competências específicas estão relacionadas à eficácia e à eficiência de seu
desempenho.

Eficácia: se relaciona aos fins, qual o objetivo correto a se perseguir. Trata do que fazer, de
fazer as coisas certas, da decisão de que caminho seguir. Eficácia está relacionada à escolha e,
depois de escolhido o que fazer, fazer esta coisa de forma produtiva leva à eficiência. A eficácia
é o grau em que os resultados de uma organização correspondem às necessidades e aos desejos
do ambiente externo. Segundo Stoner, eficácia é a capacidade de determinar objetivos
apropriados, para Chiavenato a eficácia de uma empresa refere-se à sua capacidade de satisfazer
necessidades da sociedade por meio do suprimento de seus produtos (bens ou serviços).

Eficiência: Eficiência trata de como fazer, não do que fazer. Trata de fazer certo a coisa, e não
fazer a coisa certa. Quando se fala em eficiência, está se falando em produtividade, em fazer
mais com o mínimo de recursos possíveis. É relativa aos meios, como fazer as coisas da melhor
maneira possível. Ser eficiente significa executar da melhor maneira possível, evitando
desperdícios e maximizando a produtividade. Segundo Stoner, eficiência é a capacidade de
minimizar o uso de recursos para alcançar os objetivos da organização, para Drucker, eficiência
é “fazer as coisas direito”.

Em uma analogia simples, um processo muito eficiente e pouco eficaz seria como ter a uma
indústria com a melhor produção de cerveja em um local onde o consumo de bebidas alcoólicas
é proibido.

ADMINISTRAR

Para Chiavenato (2004) administrar significa criar condições ideais de solidariedade para que as
pessoas possam se ajudar mutuamente e gerar valor e riqueza de modo eficiente e eficaz.

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Ele acredita que todas as organizações independentemente do tamanho, ramo de negócio,


características ou propósitos necessitam de administração para chegar a níveis de excelência
naquilo que pretendem fazer. E o papel do Administrador requer uma perfeita adequação a
todos esses aspectos.

Por isso, saber compatibilizar com equilíbrio todos esses aspectos com sua conduta pessoal e
profissional é o mais importante desafio do Administrador moderno.

Chiavenato (2010) afirma ainda que a Administração está em todos os lugares e em todos os
cantos do planeta. Sem ela as organizações em geral e as empresas e empreendimentos em
particular não alcançariam suficiente competitividade e sustentabilidade no dinâmico,
competitivo e complexo mundo dos negócios de hoje.

Administrar é fundamental na gestão empresarial, na gestão pública e em qualquer tipo de


negócio concentrado ou disperso, físico ou virtual. E precisa levar em conta a mudança,
transformação e volatilidade que impera neste mundo globalizado e mutável. Se vivêssemos em
uma era de estabilidade e manutenção do status quo certamente tudo seria mais fácil.

O CFA – Conselho Federal de Administração - (2006) define o Administrador como um


“profissional com visão sistêmica da organização para promover ações internas criando sinergia
entre as pessoas e recursos disponíveis e gerando processos eficazes”.

Síntese da Aula

Nesta aula, você:

• Iniciou sua descoberta sobre a importância da Administração e sobre o imprescindível papel


(missão) do Administrador nas organizações e na sociedade de um modo geral;
• Viu que os administradores ou gestores são os membros que têm como função guiar as
organizações de forma a alcançar seu propósito;
• Aprendeu que seja qual for o nível organizacional, o tipo ou dimensão da organização, ou a
área funcional, os administradores planejam, organizam, dirigem e controlam.

Aula 02: Os papéis e o Perfil do Administrador

A economia como um todo vem reivindicando, no atual contexto, mudanças até então inéditas
no perfil do administrador. Você sabe quais as características que se tornaram requisitos para
este profissional?

 Capacidade de raciocínio abstrato, de autogerenciamento, de assimilação de novas


informações.
 Compreensão das bases gerais, científico técnicas, sociais econômicas da produção em
seu conjunto.
 Aquisição de habilidades de natureza conceitual e operacional.
 Domínio das atividades específicas e conexas.
 Flexibilidade intelectual no trato de situações cambiantes.

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Assim dos administradores desempenham diferentes papéis junto a uma variedade de


organizações e devem apresentar conhecimentos, habilidades, competências e atitudes que se
adequarão a cada ambiente que atuarem.

Os Papéis do Administrador

 Obtenção de resultados por meio de pessoas;


 Prioridade para os resultados econômicos;
 Referências sobre o papel do administrador;
 Administração requer bom senso;
 Possuir bons conhecimentos gerais

Obtenção de resultados por meio de pessoas

A essência do papel do administrador é a obtenção de resultados por meio de terceiros, do


desempenho da equipe que ele supervisiona e coordena. Portanto, o administrador depende de
outras pessoas para alcançar seus objetivos e os do seu grupo. Ele deve, assim, ter condições de
liderar os membros da sua equipe e de tomar decisões em nome deste grupo.

Mary Parker Follet disse que a administração é a arte de fazer coisas por meio das pessoas. Esta
definição dá ênfase ao papel do administrador no sentido de obter resultados conseguindo que
outros façam o que é necessário, em vez de fazê-lo pessoalmente.

Na nova era da informação, a capacidade de obter resultados por meio de terceiros torna-se
prioritária, pois o conhecimento está na mente das pessoas e a capacidade do administrador para
saber transformar conhecimento em resultados requer grande habilidade, além dos
conhecimentos de administração.

O diferencial do Administrador deve ser a sua capacidade de ser reconhecido como possuidor
de visão ampla e observado como um articulador, formado e treinado para ocupar todos os
espaços na área administrativa e nos cargos de gerência das organizações.

Prioridade para os resultados econômicos

O administrador, mesmo que não trabalhe em uma empresa, deve agir como empresário,
transformando recursos em produtos, isto é, em bens e serviços desejados pelas pessoas.

O administrador deve sempre, em toda ação e decisão, colocar em primeiro lugar o


desempenho econômico que garanta a manutenção da empresa em que atua. Ele só pode
justificar sua existência e autoridade pelos resultados econômicos obtidos.

Mas, qual é a sua função? O administrador tem uma função econômica e esta tem de ser
privilegiada nas suas decisões.

Uma das principais qualidades do administrador é saber tomar decisões, pois não existe decisão
perfeita e ele terá que pesar as vantagens e desvantagens de cada alternativa para escolher a
melhor.

Segundo Drucker, “não se pode gerenciar as mudanças, somente estar à sua frente”. Isso se
aplica às funções do administrador, gestor e líder financeiro, peça fundamental para o bom
funcionamento das empresas inseridas no sistema global de acumulação capitalista.

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IMPORTANTE! Há também resultados não econômicos que são: a satisfação dos membros do
negócio, contribuição ao bem-estar ou à cultura da comunidade, ações de responsabilidade
social e de gestão ambiental.

No entanto, o administrador terá falhado se não produzir os bens e serviços desejados pelo
consumidor, por um preço que ele esteja disposto a pagar. Toda organização, com ou sem fins
lucrativos, precisa ter lucro. Associações sem fins lucrativos não são as que se obrigam a não ter
lucro, pois isso equivaleria ao suicídio, mas as que se obrigam a não distribuí-lo.

Referências sobre o papel do administrador

Para Peter Drucker, o desenvolvimento econômico e social resulta da administração. As


aspirações, os valores e até a sobrevivência da sociedade dependerão cada vez mais do
desempenho, da competência e dos valores dos administradores.

No livro Management, Drucker mostra o que cabe ao administrador: ser empreendedor e ser
capaz de criar resultados maiores do que a soma das suas partes, isto é, produzir mais do que os
recursos utilizados.

Mostra ainda que muitos administradores gastam boa parte do seu tempo em atividades que não
são inerentes à sua posição.

Administração requer bom senso

O administrador, dentro do seu âmbito, estabelece objetivos e rumos e dirige as pessoas que
executam o trabalho.

A Administração, portanto, requer prática e bom senso, que é necessário, mas não suficiente
para qualquer bom administrador.

Experiência, conhecimento dos princípios de administração, habilidade em lidar com as pessoas


e muita responsabilidade são indispensáveis. Um bom administrador deve ter, acima de tudo,
alto grau de compreensão de si próprio e da sua equipe.

Os Papéis do Administrador na Visão de Mintzberg

Os administradores desempenham uma variedade de papéis para alcançar os objetivos


organizacionais. Uma das pesquisas mais interessantes sobre esse assunto foi desenvolvida por
Henry Mintzberg, ao estudar detalhadamente cinco administradores de topo.

Ao contrário do que se pensava, os gestores não fazem reflexões metódicas antes de tomar
decisões nem obedecem à sequência teórica das funções da administração.

Mintzberg concluiu que os administradores têm pouco tempo para refletir antes de decidir e que
suas atividades são muito variadas, não rotineiras e de pequena duração.

Ele também concluiu que o trabalho dos administradores é muito similar e propôs uma nova
categorização para o trabalho gerencial.

Mintzberg argumenta que os administradores possuem autoridade formal pelo cargo que
ocupam. Seu cargo lhes confere autoridade formal sobre seus subordinados, que, por sua vez,
lhes confere status.

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Esse status cria uma responsabilidade de estabelecer relações interpessoais com os


subordinados, pares, superiores, assim como os indivíduos ou grupos de interesse externos à
organização. Essas relações fornecem informações que eles utilizam para tomar as decisões
necessárias à sua organização. Veja abaixo os papéis do administrador de Mintzberg.

Desse modo, de acordo com Mintzberg, todos os administradores desempenham papéis


interpessoais, informacionais e decisórios que se inter-relacionam.

Conheça a seguir, cada um deles.

Papéis Interpessoais abrangem as relações interpessoais dentro e fora da organização. Diz


respeito a Como o administrador interage.

Papéis Informacionais estão relacionados à obtenção e transmissão de informações, de dentro


para fora da organização e vice-versa, ou seja, como o administrador processa a informação.

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Papéis Decisórios ou papéis de decisão envolvem a resolução de problemas e a tomada de


decisões, relacionadas a novos empreendimentos, distúrbios, alocação de recursos e negociações
com representantes de outras organizações.

As Habilidades do Administrador

Para desempenharem os diferentes papéis pelos quais são responsáveis, os administradores


devem possuir certas habilidades. A habilidade pressupõe a ideia de potencial e realização, ou
seja, a existência de uma relativa facilidade em lidar com determinada tarefa. É fácil ver que, à
medida que as pessoas sobem na hierarquia da organização, a proporção da necessidade de cada
uma dessas habilidades muda.

 Nível Estratégico: Finalmente, nos níveis superiores de direção, há grande necessidade de


habilidade conceitual ou visão sistêmica, também conhecida como visão holística.
 Nível Tático: No entanto, na maioria dos casos, a tendência é no sentido do aumento
gradual da necessidade de habilidade humana.
 Nível Operacional: Uma grande habilidade técnica é vital no início da carreira, nos níveis
menos graduados da organização. Dependendo do caso, esse tipo de habilidade pode
continuar sendo o mais importante, como ocorre com um consultor jurídico ou um analista
econômico.

Robert Katz identificou três tipos básicos de habilidades necessárias para o desempenho de um
administrador:

Habilidades Conceituais: Estão relacionadas à capacidade do administrador para coordenar e


integrar todos os interesses e atividades de uma organização ou grupo. Permitem ao

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administrador analisar e interpretar situações abstratas e complexas e compreender como as


partes influenciam o todo. Representam as habilidades mais sofisticadas e distintivas que um
administrador possui. Têm influência na administração porque permitem as tomadas de decisões
mais acertadas e inovadoras, compreendendo qual o seu impacto na organização e nas unidades
que a compõem. Desse modo, permitem a definição de uma visão e de uma estratégia de
sucesso para a organização e possibilitam a identificação de oportunidades que nem sempre são
percebidas pelos outros.

Habilidades Humanas: Envolvem a capacidade de trabalhar e se comunicar com outras pessoas,


entendendo-as, motivando-as e liderando-as. Na medida em que o trabalho de um gestor
consiste na realização de objetivos por meio de outras pessoas, as habilidades humanas são
cruciais para seu desempenho. Para um administrador de topo, as habilidades humanas são
também importantes para estabelecer relações com grupos de interesses externos da organização
e para conseguir agregar os membros internos em torno de uma visão estratégia para a
organização.

Habilidades Técnicas: Estão relacionadas à capacidade do administrador para usar ferramentas,


procedimentos, técnicas e conhecimentos especializados relativos à sua área de atuação
específica. Quanto maior a facilidade em desempenhar uma tarefa específica, maiores as
habilidades técnicas do administrador. Em um administrador de topo, as habilidades técnicas
evidenciam-se no seu conhecimento da indústria, do mercado e dos processos e produtos da
organização. Por outro lado, em um administrador de nível tático ou operacional, as habilidades
técnicas dizem respeito ao conhecimento especializado de sua área funcional ou das tarefas que
desempenha, por exemplo, elaborar um orçamento, realizar um teste de produto, entre outras.

Para Katz, apesar de todas as três habilidades serem relevantes para o desempenho de qualquer
administrador, sua importância varia de acordo com o nível organizacional que esse
administrador ocupa:

Assim, para os administradores no nível estratégico, as habilidades conceituais são mais


preponderantes, uma vez que os papéis que desempenham dependem de sua capacidade para
formular planos e tomar decisões para a organização como um todo.

Por sua vez, as habilidades humanas são igualmente importantes em todos os níveis
hierárquicos, já que o trabalho de um administrador envolve, invariavelmente, outras pessoas.

Em contrapartida, as habilidades técnicas são mais importantes nos níveis hierárquicos mais
baixos, pois os administradores estão envolvidos com processos e atividades específicos.

As Competências do Administrador

Além de habilidades genéricas, os administradores necessitam de certas competências


específicas para o desempenho de seus cargos.

As competências são definidas como o conjunto de conhecimentos, aptidões e atitudes


relacionados com o desempenho eficaz de um administrador.

A maior e mais detalhada pesquisa sobre competências gerenciais foi iniciada no Reino Unido
pelo Management Charter Initiative (MC), em 1997, e concluída pelo Management Standards
Centre (MSC), em 2004.

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Esses organismos procuraram mapear quais eram as competências associadas às melhores


práticas gerenciais. Como resultado dessa pesquisa, foram identificadas as competências que um
administrador deve possuir para desempenhar sua atividade de maneira eficaz.

Essas competências variam de acordo com o nível organizacional. Para cada área de
competência, são desenvolvidos os elementos que definem o desempenho eficaz do
administrador.

EXEMPLO: A administração de orçamentos é uma competência requerida para os


administradores de primeira linha. O desenvolvimento com sucesso dessa competência requer
que o administrador saiba preparar um orçamento, discuti-lo e negociá-lo com superiores e
subordinados, utilizá-lo para monitorar e avaliar o desempenho de sua área de responsabilidade,
identificar as causas de desvios e propor revisões a esse orçamento, caso seja apropriado. São
também enumerados as aptidões, os conhecimentos e as atitudes que um administrador necessita
para desenvolver essa competência gerencial.

Competências no Nível Estratégico:

 Manter uma rede de contatos que permita o acesso à informação ou aos recursos que a
organização necessita.
 Liderar a organização, comunicando o propósito, os valores e a visão da empresa.
 Mapear o ambiente no qual a organização opera.
 Encorajar a inovação na organização.
 Desenvolver e implementar uma estratégia para a organização.
 Desenvolver a cultura da organização de acordo com sua visão e estratégia.
 Planejar as necessidades de recursos humanos para que a organização atinja seus
objetivos.
 Promover o uso de novas tecnologias na organização.
 Criar e incentivar uma orientação para o cliente em toda a organização.
 Monitorar, avaliar e melhorar o desempenho organizacional.

Competências no Nível Tático:

 Manter uma rede de contatos que permita o acesso à informação ou aos recursos de que
sua unidade necessita.
 Desenvolver e implementar planos operacionais para sua unidade ou departamento.
 Assegurar o cumprimento de requisitos legais, regulatórios, éticos e sociais na sua
unidade.
 Encorajar a inovação em sua unidade ou departamento.
 Planejar, liderar e implementar a mudança em produtos, serviços ou processos.
 Recrutar, selecionar e manter trabalhadores motivados.
 Planejar, alocar e avaliar o progresso e a qualidade do trabalho em sua unidade ou
departamento.
 Desenvolver e manter relações de trabalho produtivas com os subordinados e
stakeholders.
 Administrar as relações com os clientes de forma a alcançar sua satisfação.
 Desenhar e gerir os processos de negócio para sua unidade.

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Competências no Nível Operacional:

 Administrar os recursos pessoais e seu desenvolvimento profissional.


 Liderar sua área de responsabilidade, motivando os subordinados.
 Promover a igualdade de oportunidades e a diversidade na sua área de responsabilidade.
 Encorajar a inovação na sua área de responsabilidade.
 Implementar a mudança em produtos, serviços ou processos.
 Administrar os orçamentos para sua área de responsabilidade.
 Planejar, alocar e avaliar o progresso e a qualidade do trabalho em sua área de
responsabilidade.
 Assegurar o cumprimento de requisitos de segurança e saúde em sua área de
responsabilidade.
 Monitorar e resolver problemas relacionados com o serviço aos clientes.

Síntese da Aula

Nesta aula, você:

• Identificou os principais papéis que um Administrador desempenha nas organizações;


• Conheceu os papéis do administrador na visão de Mintzberg;
• Conheceu as habilidades e competências necessárias ao Administrador contemporâneo.

Aula 03: Como se Preparar para Administrar

O administrador não só domina diferentes técnicas ,equipamentos e métodos. Acima de tudo ele
conhece a origem dessas técnicas, os princípios científicos e técnicos que embasam os
processos produtivos, aprende as implicações do seu trabalho, seu conteúdo ético
compreendendo não só “como fazer”, mas o “porque fazer”, o que dá suporte à sua formação
de especialista.

A importância da Experiência – Especialista ou Generalista?

O que sabem os especialistas e os generalistas? Veja o que dizem os satíricos sobre isso.

O especialista é aquele que é excelente em um determinado campo. “É o que sabe cada vez
mais sobre cada vez menos, de modo que, no limite, acaba sabendo tudo sobre nada”.

O generalista, é aquele que é razoavelmente bom em diversos campos. “É o que sabe cada vez
menos sobre um campo cada vez mais abrangente, de forma que, no limite, acabe sabendo nada
sobre tudo”. Na realidade, o generalista domina um campo cada vez mais abrangente, mas não
necessariamente com menor profundidade, à medida que aumenta o campo, bastando para isso
que aumente seus conhecimentos.

Acontece com a administração o mesmo que ocorre com quase todas as áreas do conhecimento
humano:

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Administração e Mercado de Trabalho

Não se pode jamais parar de aprender, não apenas em função das mudanças e evoluções
científicas e tecnológicas, mas também porque, sendo um campo muito vasto, permite um
contínuo aperfeiçoamento pessoal, em que, literalmente, o céu é o limite. Assim, os que se
iniciam em administração devem procurar continuar aprendendo para o resto das suas vidas
profissionais. A aprendizagem ocorre não só em cursos, mas também em leituras, filmes, em
conversas com amigos e, principalmente, no próprio trabalho.

Charles Handy admite a importância da aprendizagem pela experiência pessoal, dizendo que a
maioria das coisas que aprendeu não foi retida formalmente, mas por meio de acidentes e
fracassos.

Outra conclusão a que se pode chegar sobre os administradores, é que devem ser generalistas,
embora possam e quase sempre, precisem ter também uma especialidade.

Mas as empresas não formam generalistas, elas treinam seus funcionários em técnicas e
assuntos do seu ramo de atividade. A base geral, sob a qual o administrador vai construir sua
especialidade, deve ser uma preocupação permanente de cada um.

Por essa razão, o currículo do curso de Administração inclui disciplinas de Psicologia,


Informática, Filosofia, História, Economia, Direito, Sociologia, sem falar das disciplinas de
Matemática, Estatística e Língua Portuguesa, que constituem ferramentas indispensáveis ao
pensamento e à prática administrativa, e nas de Economia e Contabilidade, que formam um todo
com a Administração.

É fácil concluir que o administrador deve ter uma grande experiência de vida. Mas o que fazer
para ampliar essa diferença?

O mais importante é procurar fazer de cada dificuldade, de cada fato vivenciado, de cada
situação, uma lição de vida, procurando analisar porque as coisas acontecem de uma forma e
não de outra, porque determinadas decisões foram tomadas, porque as pessoas agiram assim, o
que estava por trás da aparência, o que se desejava de fato e quais eram os interesses reais
daqueles que tomaram as decisões.

Mas há um questionamento de suma importância. Quais as causas finais de cada fato, ato e
decisão que em um primeiro momento não compreendemos?

Como disse Aristóteles, só podemos dizer que conhecemos uma coisa quando julgamos
conhecer a sua primeira causa. A análise sistemática das causas de cada situação nos leva a uma
experiência extremamente útil, que pode ser aplicada a outras situações na vida e na
administração. A acumulação dos conhecimentos assim obtidos proporciona enorme
conhecimento ao longo dos anos.

SAIBA MAIS: A maneira pela qual capitalizamos as situações que vivenciamos ou as situações
que de alguma forma conhecemos faz grande diferença. Há também uma permanente
necessidade de se fazer a vinculação da nossa experiência prática com os princípios teóricos que
aprendemos.

Seguindo essa linha de raciocínio, alguns pessimistas insistem em citar esta frase, de Oscar
Wilde: “a experiência é o nome que as pessoas dão aos seus erros; mas quem compreende seus
erros não os repete e aprende-se não só com os erros como também com os acertos, desde que
se tenha o cuidado de procurar explicar as causas dos acertos”.

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Administração e Mercado de Trabalho

O Administrador deve fazer acontecer

Um bom administrador deve ser um generalista e, em cima dessa base, deve construir alguma
especialização. Entretanto, muitas empresas não preparam generalistas, mas os especialistas que
lhes interessam em seus quadros. Assim, a base geral tem de ser construída pelos próprios
interessados em chegar a um alto nível de responsabilidade em uma organização.

Mas o administrador não precisa e, dependendo da posição que ocupe, não deve ser um sábio
generalista! Ele deve realizar, fazer as coisas acontecerem da forma adequada a fim de gerar
resultados positivos para a organização.

O conhecimento é muito importante para sabermos o que devemos fazer e para fazermos a coisa
certa, mas não adianta ficarmos obsessivamente preocupados em aumentar a nossa cultura sem a
colocarmos a serviço de realizações úteis e práticas para a sociedade.

Espera-se que o administrador tenha como principal qualidade a iniciativa para conseguir
soluções para as dificuldades encontradas e para colocá-las em ação.

O conhecimento cria as condições de êxito, mas o êxito é criado pela ação. Os próprios filósofos
concordam que só pensamos para agir. A ação é que é o nosso objetivo.

Henry Mintsberg mostrou que tanto executivos como líderes políticos trabalham em pequenos
períodos de tempo: gasta-se, em geral, 60% do dia em reuniões marcadas com antecedência, que
duram, em média, uma hora. O resto do tempo é altamente fragmentado.

Veja como é gasto esse tempo restante:

 Trabalhos individuais com durabilidade de quinze minutos;


 Telefonemas que, em média, duram seis minutos;
 Encontros não previamente agendados;
 Percursos de dez minutos, em geral, pelo escritório.

O que podemos concluir?

Que o trabalho administrativo é, principalmente:

 Uma atividade caracterizada pela brevidade, variedade e fragmentação;


 Os administradores falam com as pessoas a maior parte do dia, trocando informações,
estimulando e orientando decisões, e atuando como figuras emblemáticas ou símbolos
para a organização e seus valores.

No entanto, quase todas essas observações de Mintsberg foram feitas durante o período normal
de trabalho do executivo.

Os executivos que alcançaram posições de alto nível, porém, efetuam de fato um trabalho
intelectual considerável: lendo, refletindo, questionando, em lances de mais de 20 minutos, mas
fazem isso fora do horário normal de trabalho.

Alguns executivos dedicam todos os dias duas horas a este tipo de trabalho, seja em casa, seja
no escritório, antes que os colegas tenham chegado. Outros trabalham à noite, levando para casa
grande quantidade de material para leitura que eles submetem a um estudo critico.

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Administração e Mercado de Trabalho

Alternativamente, levam algumas horas, durante os fins de semana, falando com colegas e
amigos sobre negócios, desenvolvendo e testando ideias. Esse estilo de trabalho é comum a
qualquer profissional cuja atividade é aplicar habilidade e conhecimento rigoroso e cuidadoso.

 Os médicos atendem os pacientes em períodos de 15 a 30 minutos, com ocasionais


tratamentos mais demorados.
 Os advogados movem-se de reunião em reunião, atendendo inúmeros telefonemas,
interrompendo o que fazem a todo instante.

A caracterização do trabalho administrativo ou gerencial como fragmentado é perfeitamente


consistente com a aplicação profissional de habilidades e conhecimentos básicos que foram
adquiridos ao longo de muitos anos e que são então burilados pela prática e pela educação
contínua.

Os administradores podem ser ao mesmo tempo atuantes e utilizar intensa atividade intelectual.

O que mais podemos acrescentar?

Planejamento, organização, coordenação, motivação, controle, formação da equipe e sua


liderança não se fazem apenas dentro de um escritório, mas em qualquer lugar.

Participando de reuniões, em contatos pessoais ou telefônicos, em giros pelo escritório, por


exemplo, o administrador está exercendo suas atividades básicas e, provavelmente, utilizando
intensos conhecimentos e habilidades intelectuais.

Aprende-se Administração durante a vida toda.

Assim como ocorre em quase todas as áreas do conhecimento humano, a Administração requer
permanente aprendizado. O campo é muito vasto, o conhecimento muda, a ciência e a
tecnologia evoluem, os processos produtivos se alteram e tudo isso requer permanente
atualização dos conhecimentos.

Não se deve imaginar que não adianta aprender muito porque os conhecimentos mudam.

É exatamente o contrário.

Quanto mais se sabe, mais rapidamente se aprende coisas novas. Nada surge do nada, muitas
novidades aparentes utilizam os mesmos princípios básicos e conceitos que já estão agindo há
várias décadas, ou há vários séculos.

A aprendizagem é um processo contínuo e permanente para todos os que desejam posições de


alto nível, especialmente em uma era de grandes mudanças.

A capacidade de fazer analogias e assimilar conhecimentos novos é diretamente proporcional ao


volume de conhecimentos possuídos.

Síntese da Aula

Nesta aula, você:

• Reconheceu a importância da experiência na jornada profissional;


• Distinguiu as características do profissional generalista e do especialista;

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Administração e Mercado de Trabalho

• Observou a dinamicidade do trabalho do administrador;


• Viu que a Administração, da mesma forma que quase todas as áreas do conhecimento
humano, requer permanente aprendizado;
• aprendeu que os administradores podem ser ao mesmo tempo atuantes e utilizar intensa
atividade intelectual.

ANEXO I – Aula 03

Competências essenciais no século 21 - Ram Charan

 Competência para estabelecer objetivos - Determinar o conjunto de metas que


equilibram o que a empresa pode vir a ser com o que ela pode alcançar de modo
realista.
 Competência para enfrentar forças externas - Prever e reagir às pressões sociais fora de
seu controle, mas que podem afetar a empresa.
 Competência para identificar mudanças - Detectar tendências em um mundo complexo,
para colocar a empresa na ofensiva.
 Competência para posicionar a empresa - É capacidade para mudar o negócio sempre
que o mercado assim exigir.
 Competência para avaliar pessoas - Como selecionar e formar outros líderes para a
empresa
 Competência para moldar equipes - Conseguir que subordinados altamente qualificados
e com ego enorme trabalhem em perfeita harmonia.
 Competência para “reunir os gatos” - Integrar os funcionários para tomar decisões
melhores e mais rápidas.

Aula 04: O Estilo Brasileiro de Administrar

A Administração no Brasil

Você sabia que a Administração é uma prática universal?

Nos Estados Unidos, no Japão, na Europa ou no Brasil, as organizações precisam ser


administradas e o trabalho do administrador é basicamente o mesmo: guiar as organizações de
forma a alcançar os objetivos.

No entanto, as características distintas das culturas nacionais condicionam o modelo de gestão


adotado. Veja:

 E.U.A.: O individualismo e o pragmatismo norte-americanos fazem com que seu estilo


de gestão seja caracterizado pelo empreendedorismo e pela competitividade.
 Japão: A cultura japonesa é caracterizada por valores coletivistas que se refletem em
métodos de gestão baseados no consenso e na ênfase no planejamento.

O conhecimento do contexto cultural no seio do qual se desenvolva a atividade empresarial é


fundamental para compreender as práticas administrativas e gerenciais brasileiras. A cultura
brasileira apresenta alguns traços que lhe permitem distinguir das outras culturas.

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Administração e Mercado de Trabalho

Mas quais são os traços característicos da cultura brasileira? Em que medida eles influenciam os
comportamentos dos administradores e o perfil das organizações brasileiras?

Uma das principais pesquisas sobre o estilo brasileiro de administrar foi realizada por Betânia
Barros e Marcos Aurélio Prates com 2.500 administradores brasileiros. Esses pesquisadores
desenvolveram um modelo de interpretação da cultura brasileira segundo quatro grandes
subsistemas: o institucional, o pessoal, o dos líderes e o dos liderados. Das interseções entre os
subsistemas, é possível identificar os traços culturais que definem o sistema brasileiro de ação
cultural. Veja abaixo o modelo completo:

A interseção dos subsistemas resulta em nove traços culturais característicos dos


administradores brasileiros. A análise de cada um desses traços culturais permitirá identificar
suas implicações na administração.

Impunidade: A impunidade é um traço que marca profundamente o comportamento gerencial


brasileiro e deve ser considerada no contexto da complexa rede de relações pessoais e
institucionais que caracterizam o sistema cultural do Brasil. Esse traço cultural resulta na
permissividade à transgressão de normas para proteger as redes e grupos às quais o indivíduo
pertence (lealdade às pessoas) e na aceitação de outras para evitar o confronto (aversão ao
conflito). Para as organizações, a impunidade tem como principal consequência o descrédito no
sistema de avaliação das pessoas.

Paternalismo: O paternalismo é o traço cultural que permite a articulação entre a concentração


de poder e o personalismo do líder perante os liderados, manifestando-se no patriarcalismo –
assumindo o papel de pai e protetor, atendendo às necessidades de seu grupo – e no
patrimonialismo – assumido o papel de líder supremo e absoluto, impondo sua vontade aos
membros do grupo. A principal consequência para a administração desse traço cultural
brasileiro reflete-se na influência das relações pessoais e de confiança nas nomeações para
posições e cargos, em detrimento do mérito individual.

15
Administração e Mercado de Trabalho

Lealdade Pessoal: A lealdade às pessoas representa a contrapartida do subsistema pessoal ao


formalismo do subsistema institucional e configura-se como um mecanismo de integração e
coesão interna dos grupos sociais e de mediação da relação entre líder e liderados. A lealdade
pessoal permite que o sistema flua por meio das redes de relacionamento pessoais, evitando a
rigidez do formalismo institucional. Do ponto de vista organizacional, o principal impacto é a
sobrevalorização das necessidades do grupo em relação às da organização.

Formalismo: O formalismo é um traço cultural que resulta da intolerância à incerteza e é


caracterizado pela necessidade de construir e instituir práticas por meio de leis e regulamentos
que prevejam e impeçam desvios comportamentais. É igualmente resultado do elevado grau de
desconfiança interpessoal característico da sociedade brasileira. Sua principal consequência para
a administração é o excessivo número de normas e regulamentos que inibem o comportamento
dos administradores e, consequentemente, diminuem a competitividade das organizações
brasileiras.

Flexibilidade: A flexibilidade é um dos traços mais marcantes da cultura brasileira e


caracteriza-se pela facilidade de adaptação a novas situações – o famoso jeitinho brasileiro. É
essa flexibilidade que permite a articulação entre às regras inflexíveis e formais e um estilo de
relacionamento caracterizado pela informalidade e amizade. De todos os traços culturais, é o
que confere maior vantagem ao administrador brasileiro, uma vez que se configura em agilidade
para encontrar soluções inovadoras que ultrapassem as barreiras encontradas. A flexibilidade
permite, em contextos empresariais, decisões rápidas e criativas, adaptadas a um ambiente em
permanente mudança.

A Flexibilidade apresenta duas faces: Adaptabilidade e a Criatividade

• Adaptabilidade pode ser vista no caso das empresas ao se ajustarem a vários pacotes
econômicos e no caso dos empregados quando estão em contato com técnicos do
exterior, responsáveis pela implantação de processos tecnológicos importados.

• Criatividade. O brasileiro, é criativo. Ex. Carnaval.

Concentração de Poder: A concentração de poder representa o lado institucional da relação


líder-liderado e reflete a tendência das organizações brasileiras para centralizar o poder e a
autoridade no líder. As decisões são unilaterais, e os liderados devem cumpri-las sem questioná-
las. A principal consequência desse traço cultural para a administração é a elevada distância
hierárquica entre os diferentes níveis organizacionais.

Personalismo: O personalismo representa o lado pessoal da relação entre líder e liderado e


reflete a tendência para cultivar a proximidade e o afeto nas relações interpessoais. As pessoas
são consideradas durante o processo decisório, não sendo encaradas apenas como um meio para
alcançar um objetivo. Se a concentração de poder reforça a hierarquia, o personalismo atenua-a.
A principal implicação do personalismo na administração é o poder que assumem grupos de
amizade dentro das organizações, sobrepondo-se à distribuição hierárquica da autoridade
formal.

Postura de Espectador: A postura de espectador reflete a passividade e a conformação dos


liderados perante o líder. A postura de espectador é um reflexo do protecionismo e da
dependência que caracterizam historicamente a sociedade brasileira. O liderado deve aguardar
uma orientação e agir, sem questioná-la. Esse traço cultural é caracterizado pela aceitação
passiva da realidade, pela pouca iniciativa e pela transferência de responsabilidade.

16
Administração e Mercado de Trabalho

Aversão ao Conflito: A aversão ao conflito reflete a tendência para evitar situações de


confronto, normalmente, como uma forma de lidar com a concentração de poder; sem pôr em
causa das relações pessoais. Desse modo, o conflito é abordado indiretamente e a competição é
substituída por processos mais colaborativos. Em como principal reflexo na administração a
fuga à discussão assertiva dos problemas e a procura de soluções mediadas.

Todos esses traços da cultura são observados nas organizações brasileiras, em maior ou menor
grau. Alguns conferem aos administradores brasileiros uma vantagem sobre os administradores
de outras nacionalidades, porém, a maioria tem um impacto negativo no dia a dia das
organizações brasileiras.

Características dos Administradores Brasileiros

De forma complementar, outros estudos têm procurado identificar quais são os comportamentos
e atitudes característicos dos administradores brasileiros que definiriam um estilo de gestão
nacional.

Vale destacar um estudo de Costa, Fonseca e Dourad, três pesquisadores brasileiros, no qual são
identificadas as principais características dos administradores brasileiros. Veja.

 Visão imediatista, com priorização do curto prazo.


 Desvalorização do planejamento, em geral, e do planejamento estratégico, em
particular.
 Adoção de estruturas organizacionais pirâmides, com uma elevada distância
hierárquica.
 Adoção de sistemas de tomada de decisão centralizados e autocráticos.
 Uso de sistemas de controle episódico, de caráter punitivo.
 Prática de relações interpessoais baseadas na docilidade e no respeito pelo poder
constituído.
 Grande distância entre discurso e prática.
 Disfarces das formas autoritárias de poder com uma retórica de participação e
envolvimento.
 Domínio de uma conduta gerencial sensível a moda e modismos gerenciais.

As fragilidades e limitações apontadas no modelo de gestão brasileiro, como a impunidade e o


paternalismo, a preferência por estilos autocráticos de liderança e controle, a aversão ao risco ou
o foco imediatista da gestão, pode induzir a ideia errônea de que a Administração Brasileira será
sempre “refém” desses condicionantes culturais e, portanto, fadada à mera réplica e sustentação
do status quo.

A Administração é, por excelência, uma prática voltada para a mudança e para a transformação.

Mesmo em contextos de adversidade cultural, existem administradores aptos a guiar suas


organizações com eficácia e eficiência, e os brasileiros demonstram isso.

É possível encontrar inúmeros exemplos de administradores que conseguiram superar as


barreiras impostas por seu sistema de ação cultural.

Cabe à Administração, na condição de disciplina acadêmica e por meio dessa ação


transformadora, formar pessoas que sejam capazes de superar essas adversidades culturais,

17
Administração e Mercado de Trabalho

auxiliando os administradores no desenvolvimento de estilos de gestão únicos que incorporem o


melhor da cultura brasileira, como, por exemplo, a flexibilidade e a informalidade, ao mesmo
tempo que combatam seus traços negativos.

Perfil das Empresas Brasileiras

Para entender a atividade empresarial no Brasil é importante conhecer o contexto no qual as


organizações atuam e não apenas as características no sistema cultural. Nesse sentido, são
apresentados, alguns dados gerais sobre o perfil das organizações e do ambiente organizacional
brasileiro, bem como os resultados de estudos que analisam os fatores condicionantes do
sucesso e do insucesso dessas organizações.

O ambiente organizacional brasileiro é muito peculiar e apresenta diversos obstáculos à criação


e sustentação de negócios. Vamos conhecer os que mais se destacam.

 Elevada carga tributária: o Brasil é um dos países com a maior carga tributária no
mundo (37,4% do PIB), muito acima dos países de economia emergentes com os quais
compete, como a Argentina (21,9%), o Chile (19,2%) ou a China (16,7%).
 Elevados custos de financiamento: a taxa de juro real brasileira é a maior do mundo, o
que torna o custo do financiamento muito elevado para as empresas, diminuindo assim
o número de novos negócios criados e reduzindo os investimentos das organizações em
inovação, tecnologia, capacitação da força de trabalho etc.
 Burocracia ineficaz: a burocracia brasileira obriga os administradores a estarem mais
concentrados em formalidades do que na condução de seus negócios (Exemplo: para a
criação de uma empresa, no Brasil, são necessários 152 dias e 17 procedimentos,
enquanto, nos Estados Unidos, o processo burocrático para a abertura de uma empresa
demora apenas cinco dias e exige cinco procedimentos).
 Produtividade reduzida.

Todos esses fatores têm como consequências uma forte diminuição na competitividade das
organizações brasileiras e o crescimento da chamada economia informal.*

*Economia formal e informal. Atualmente, há mais de 10 milhões de pequenas empresas ou


negócios informais no Brasil. Essas empresas são responsáveis por 13,9 milhões de postos de
trabalho e por 10% do PIB brasileiro.

Por sua vez, empresas formalmente constituídas são menos da metade – apenas cerca de 4,9%
milhões, que empregam 27,5 milhões de pessoas, quase metade da população economicamente
ativa no meio urbano. Destas, 50% atuam no setor do comércio, 38% no setor de serviços e
apenas 12% no setor da indústria e da construção.

Quanto à dimensão, 99% destas empresas são de micro e pequeno portes, empregando 15,8%
milhões de pessoas e sendo responsáveis por 20% do PIB e 2% das exportações brasileiras.

Por essa razão, as empresas de grande porte representam apenas 0,3% do total de empresas
formais. Porém, em contrapartida, empregam 9,1% milhões de pessoas e são responsáveis por
uma falta significativa do PIB e das exportações brasileiras.

Outro fato característico do tecido empresarial brasileiro é a concentração das empresas em


regiões.

18
Administração e Mercado de Trabalho

 As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste ainda são pouco expressivas, tanto no


número de empresas como em sua participação na receita líquida – total de 178
empresas e 16,1% da receita líquida.
 A concentração das maiores empresas está na Região Sudeste. Os quatro estados que a
compõe concentram 613 das mil maiores empresas brasileiras e 72,6 da receita líquida.
 A Região Sul também apresenta um número elevado de empresas entre as mil maiores e
14,5% da receita líquida.

Por ano, são formalmente constituídas em torno de 470 mil empresas e encerram sua atividade
cerca de 220 mil empresas, o que representa um aumento anual líquido do número de empresas
em atividade e dos empregos gerados.

No entanto, estima-se que o custo econômico e social anual do encerramento de atividades


empresariais seja de 800 mil postos de trabalho e 6,6 bilhões de reais.

Ao analisar as taxas de mortalidade das micro e pequenas empresas, conclui-se que 50%
encerraram sua atividade até o final do segundo ano e 60% até o final do quarto ano de
existência.

Para tentar compreender as causas do sucesso e da mortalidade precoce das empresas


brasileiras, o SEBRAE tem conduzido diversos estudos em nível nacional, particularmente com
micro e pequenas empresas (MPE).

Em primeiro lugar: Encontram-se, entre as causas de fracasso das MPE, falhas gerenciais na
condução dos negócios, a saber:

 Falta de capital de giro (indicando descontrole de fluxo de caixa).


 Problemas financeiros (situação de alto endividamento).
 Localização inadequada (falhas no planejamento inicial).
 Falta de conhecimentos gerenciais dos empresários.

Em segundo lugar: Predominam as causas econômicas conjunturais, como falta de clientes,


dívidas e recessão econômica do país, sendo que o fator ‘falta de clientes’ pressupõe, também,
falhas no planejamento inicial da empresa.

A falta de crédito bancário é mencionada como um fator condicionador do insucesso por 14%
dos empresários entrevistados.

Segundo o SEBRAE (2004), os fatores condicionantes do sucesso das MPE que permanecem
em atividade podem ser agrupados em três categorias:

 Habilidades Gerenciais: Os primeiros dois fatores indicados integram as chamadas


habilidades gerenciais, que refletem a preparação do empresário e a sua competência
para conduzir o negócio.
 Capacidade empreendedora: Um segundo conjunto de fatores, representando uma
importante condicionante no sucesso empresarial, foi reunido na categoria capacidade
empreendedora, formando um grupo de atributos que destaca a criatividade, a
perseverança e a coragem de assumir riscos no negócio.
 Logística operacional: Por último, o terceiro conjunto de fatores condicionantes do
sucesso apontado pelos entrevistados foi a logística operacional, ou seja, a capacidade
do empresário para utilizar de forma eficiente os fatores de produção – o capital, o

19
Administração e Mercado de Trabalho

trabalho especializado e recursos tecnológicos disponíveis, reunindo-os na atividade


produtiva ou comercial da empresa para a obtenção dos melhores resultados.

Síntese da Aula

Nesta aula, você:

• Identificou as principais características do estilo brasileiro de administrar;


• Reconheceu as características peculiares das organizações brasileiras;
• Viu que a Administração é uma prática universal;
• Aprendeu que o conhecimento do contexto cultural no seio do qual se desenvolva a
atividade empresarial é fundamental para compreender as práticas administrativas e
gerenciais brasileiras.

AULA 05: A ADMINISTRAÇÃO NO CONTEXTO


CONTEMPORÂNEO

Os Desafios da Administração

As constantes mudanças no ambiente organizacional alteraram profundamente o trabalho dos


Administradores.

A informação e as ideias substituíram as máquinas e os ativos físicos.

A globalização ampliou os mercados, mas também aumentou a concorrência.

Os clientes tornaram-se mais exigentes.

Novas tecnologias surgem e tornam-se obsoletas a um ritmo cada vez maior.

As sociedades passaram a exigir um comprometimento das organizações com a


responsabilidade social e a ética.

O novo ambiente organizacional coloca grandes desafios aos administradores.

A importância da Administração como campo de conhecimento

A importância da Administração como campo de conhecimento está relacionada à relevância


das organizações para as sociedades contemporâneas.

As organizações servem á sociedade, permitem a realização de objetivos que, individualmente,


não poderiam ser alcançados e proporcionam carreiras e possibilidades de realização para os
membros organizacionais.

No entanto para que as organizações atinjam estes propósitos, é necessária uma administração
correta de seus recursos. Assim, na medida em que o sucesso das organizações está relacionado
à qualidade de sua administração, essa ultima tem assumido uma importância crescente no
campo de estudo.

20
Administração e Mercado de Trabalho

No Brasil, 50% dos novos negócios falham nos dois primeiros anos de atividade e as principais
razões apontadas para essa elevada mortalidade empresarial são falhas gerenciais.

A sobrevivência das organizações depende de sua adaptação ao ambiente interno e externo.


Neste contexto o profissional de administração é um agente importante como agente de
mudança: agindo, desafiando tendências e decidindo sobre os rumos da organização.
Intrinsicamente, a administração lida com: desafios, tendências, impactos e recompensas.

Os custos de uma administração ruim não se limitam a um desperdício de recursos financeiros e


de materiais, mas também acarretam elevados custos para a sociedade - estima-se que as
falências e o encerramento de empresas representem uma perda de mais de 800 mil postos de
trabalho por ano.

Enquanto organizações bem geridas crescem e contribuem para o desenvolvimento do país,


outras que empregavam milhares de pessoas e proporcionavam bens e serviços importantes à
sociedade tiveram de se reestruturar ou declarar falência em razão de uma administração de má
qualidade.

Por isso, há o interesse em melhorar a forma como as organizações são administradas e isso só é
possível com uma sólida formação em Administração.

Além disso, uma vez que quase todas as pessoas trabalham em organizações, em algum
momento da vida elas serão administradas ou administrarão o trabalho de outros. Mesmo
aqueles que não têm o objetivo de se tornar administradores, em algum momento de suas
carreiras assumirão algumas responsabilidades de administração, nem que seja a de pequenos
projetos, equipes ou grupos. Assim, o estudo da Administração é um valioso instrumento para a
melhor compreensão dos processos administrativos e para o desenvolvimento das habilidades
gerenciais.

As organizações vivem, atualmente, em um ambiente em constantes mudanças e isso têm um


impacto determinante no trabalho dos administradores, já que os desafios são cada vez maiores.

Para enfrentar esses desafios, os administradores precisam reconhecer as tendências do


ambiente organizacional, antecipando assim os problemas e aproveitando as oportunidades.

Uma das mudanças que mais tem afetado a forma como as organizações fazem negócios está
relacionada à globalização. Atualmente, observa-se um fluxo de ideias, informações, pessoas,
capital e produtos que ultrapassa todas as fronteiras nacionais.

Os administradores precisam desenvolver uma visão global do mundo dos negócios, que leve
em consideração essa nova realidade e não se limite ao mercado em que tradicionalmente os
produtos ou serviços são consumidos.

Os clientes, os trabalhadores, os fornecedores e os competidores de hoje são globais e esperam


que as organizações atuem globalmente.

No entanto, apesar de a globalização proporcionar diversas oportunidades às organizações,


como o acesso a novas tecnologias ou capital, ou alargamento dos mercados onde possam
escoar seus produtos ou serviços, ela também apresenta algumas ameaças.

A globalização aumenta a competitividade entre as organizações, como consequência de um


maior número de competidores e de uma clientela cada vez mais exigente.

21
Administração e Mercado de Trabalho

A ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL

A diversidade cultural é outra realidade do futuro da Administração com o que os


administradores têm de aprender a lidar. Eles necessitam entender diferentes modelos culturais,
de modo a não ferir os princípios e a respeitar os costumes e tradições das pessoas e grupos com
que interagem. Atualmente, a força de trabalho de uma organização é cada vez mais diversa,
visto que as pessoas buscam oportunidades, e as organizações procuram talento por todo o
mundo.

No Brasil, essa necessidade de compreensão dos diferentes modelos culturais é ainda mais
evidente, uma vez que sua população é extraordinariamente diversificada, o que se reflete em
suas organizações.

No que diz respeito às mudanças estruturais das organizações, o foco principal de uma
organização passou a ser o conhecimento e a capacidade de se adaptar a novas situações, ou
seja, flexibilidade de sua estrutura organizacional e a rapidez de suas decisões. As estruturas
tendem a ser cada vez mais enxutas e flexíveis e o relacionamento interfuncional se torna mais
relevante.

Espera-se que os trabalhadores com maior poder possam aproveitar oportunidades e resolver
problemas com maior rapidez. Por outro lado, a organização do trabalho também está mudando.
As redes e o trabalho em equipe tendem a substituir a tradicional hierarquia rígida que separava
aqueles que decidiam daqueles que executavam.

As principais fontes de diferenciação e de sustentação da estratégia de uma organização também


mudaram. Em uma economia globalizada, todas as organizações têm acesso aos mesmos meios
tecnológicos, aos mesmos processos industriais e às mesmas informações.

Mas, o que torna as organizações mais competitivas e diferenciadas?

A competitividade e diferenciação das organizações dependem de seu processo de gestão e das


pessoas que delas fazem parte. É cada vez mais importante saber gerir as competências dessas
pessoas, de forma que a organização obtenha o sucesso desejado.

Assiste-se a uma valorização cada vez maior do capital humano das organizações a fim de
aproveitar sua criatividade, propondo-se novas formas de trabalho, mais flexíveis e
enriquecedoras. A mão de obra barata já não é uma fonte de vantagem competitiva. Conheça um
exemplo de mão de obra cara.

O exemplo da indústria alemã é elucidativo: possui uma das mãos de obra mais caras do mundo
e, no entanto, tem algumas das indústrias mais competitivas do planeta. Essa necessidade de
uma força de trabalho mais qualificada faz com que as organizações apostem cada vez mais no
treinamento e no desenvolvimento de seus trabalhadores como uma forma de se distinguirem de
seus competidores.

Um aspecto de diferenciação importante é o reconhecimento da satisfação e da construção de


relacionamentos com os clientes como o principal objetivo das organizações. Em vez de
enfatizar os lucros, os administradores precisam estabelecer conexões com seus clientes,
respondendo com rapidez e flexibilidade às suas demandas.

22
Administração e Mercado de Trabalho

Evidentemente, os lucros são uma prioridade, mas não devem ser superestimados, uma vez que
são a consequência natural da satisfação dos clientes. Para satisfazer consumidores cada vez
mais exigentes e com características específicas e diversificadas, a organização deve estar apta a
oferecer produtos ou serviços diferenciados, quase por medida, devendo, para isso, investir em
sistemas de produção flexíveis.

A cooperação é outra tendência que tem sido acentuada. As organizações necessitam


desenvolver redes de relacionamento com clientes e fornecedores, mas também formas mais
sofisticadas de colaboração com a sociedade e até com os concorrentes. Essas formas de
cooperação podem assumir a forma de simples parcerias, alianças estratégicas ou joint-
ventures, nas quais as organizações partilham conhecimento, meios tecnológicos ou outros
recursos, reduzindo os riscos e aumentando a probabilidade de sucessos.

DICIONÁRIO: Joint venture ou empreendimento conjunto é uma associação de empresas,


que pode ser definitiva ou não, com fins lucrativos, para explorar determinado(s) negócio(s),
sem que nenhuma delas perca sua personalidade jurídica. Difere da sociedade comercial
(partnership) porque se relaciona a um único projeto cuja associação é dissolvida
automaticamente após o seu término. Um modelo típico de joint venture seria a transação entre
o proprietário de um terreno de excelente localização e uma empresa de construção civil,
interessada em levantar um prédio sobre o local.

A ética nos negócios assume papel determinante no sucesso das relações entre as organizações e
o ambiente. A crescente consciência humanista e ecológica das sociedades modernas, bem como
os recentes escândalos em algumas das maiores empresas mundias, reforçam a relevãncia dessa
temática no atual contexto da Administração.

A adoção de comportamentos baseados em princípios morais passou a ser uma exigência


incontornável das sociedades contemporâneas. Cada vez mais, as questões relacionadas com a
ética e o moralmente aceitável das práticas empresariais têm ganhado importância como
elementos determinantes na tomada de decisão dos administradores.

As organizações contemporâneas vivem em um ambiente de grande turbulência e dinamismo.

As transformações tecnológicas e as exigências ambientais obrigam os administradores a


desenvolver uma nova visão para as organizações.  O aumento da concorrência levou à
procura de novos métodos e processos de produção, a fim de possibilitar melhorias de
produtividade.  A massificação da produção deu lugar à fabricação de produtos sob medida
para ir ao encontro de uma clientela mais informada e conhecedora do produto que deseja
comprar.

As estruturas organizacionais adotaram modelos mais orgânicos, flexíveis, capazes de


responder com eficácia e rapidez às exigências dos clientes e dos concorrentes.  A
necessidade de treinamentos, a satisfação dos clientes e a flexibilização do processo de
fabricação passaram a ser uma condição necessária para a sobrevivência da organização.  Os
ciclos de vida dos produtos são cada vez mais curtos, obrigando as organizações a uma maior
integração de suas áreas funcionais.

Para o futuro, essas tendências vão se acentuar, não existindo dúvidas de que influenciarão os
métodos de administração das organizações.

23
Administração e Mercado de Trabalho

Síntese da aula 05

Nesta aula, você:

• Refletiu sobre os desafios da Administração;


• Conheceu a importância da Administração como campo de conhecimento;
• Percebeu o momento da Administração no contexto contemporâneo;
• Viu que no Brasil, 50% dos novos negócios falham nos dois primeiros anos de
atividade, e as principais razões apontadas para essa elevada mortalidade empresarial
são falhas gerenciais;
• Aprendeu que o que torna as organizações mais competitivas e diferenciadas são seu
processo de gestão e as pessoas que dele fazem parte;
• Viu que as organizações contemporâneas vivem em um ambiente de grande turbulência
e dinamismo.

Aula 06 - Globalização, Dinamicidade e Competitividade

Nessa aula, você verá que a globalização é um fenômeno que proporciona mudanças em
progressão à Administração.

Ao final desta aula, você será capaz de:

 Definir a globalização e a competitividade mundial;


 Entender a complexidade da globalização para as organizações;
 Perceber as oportunidades e desafios da globalização.

Aliada à tecnologia e à informação, a globalização quebrou paradigmas, principalmente, nos


aspectos relacionados à estratégia, à posição das empresas em relação ao mercado, e mudanças
no perfil dos atores que atuam nas organizações.

A velocidade das mudanças, em nível econômico, social, político e cultural foi o fator
determinante dessa quebra de paradigma no final do século XX.

Atualmente, Tecnologia & Informação são armas poderosas para ajudarem as empresas a
acompanharem a velocidade das mudanças.

Tecnologia e Informação podem também ajudar a Administração a introduzir uma filosofia


organizacional de ordem sistêmica, coerente, flexível, dinâmica, dotada de senso profundo do
significado e de visão do futuro, entre outras características requeridas pela globalização.

Dinamismo e Mudança

Além dos desafios da Administração em termos de diversidade das organizações e


complexidade do ambiente em que elas operam, outras forças ajudam a complicar o panorama
com que se defrontam as organizações.

24
Administração e Mercado de Trabalho

Vivemos em um mundo mutável e turbulento. A mudança é o único aspecto constante do


universo. Como se não bastasse diversidade e complexidade, a mudança constitui outro desafio
para as organizações. Por essas razões, o sucesso organizacional é periclitante e provisório.

ATENÇÃO! Vale lembrar que não basta alcançar o sucesso. O principal é mantê-lo entre todas
as variações que ocorram no meio do caminho.

Globalização e Competitividade

Existe uma nova ordem mundial!

A globalização da economia veio mesmo pra ficar. Ela está simplesmente derrubando fronteiras,
queimando bandeiras, ultrapassando diferentes línguas e costumes e criando um mundo
inteiramente novo e diferente.

Kenichi Ohmae salienta que as fronteiras dos negócios no mundo todo estão desaparecendo
rapidamente. Isso pode ser percebido quando se compra um tênis da Adidas (uma empresa
alemã) ou da Reebok (ma empresa inglesa) feitos em Taiwan, Cingapura ou Malásia.

Para a Honda, o termo overseas não existe no vocabulário cotidiano pela simples razão de essa
empresa operar como se estivesse em “um negócio global” equidistante de todos seus
consumidores, onde quer que estejam.

A Asea Brown Boveri (ABB) com sede na Suíça não é uma empresa suíça, mas uma empresa
mundial de alta excelência e sem nacionalidade.

A seguir, veja como a intensa rede mundial de negócios está se conduzindo nos mercados
mundiais.

A rede mundial de negócios está se conduzindo a uma competição sem precedentes nos
mercados mundiais. Os líderes governamentais tornam-se cada vez mais preocupados com a
competitividade econômica de suas nações, enquanto os líderes das grandes organizações se
voltam para a competitividade organizacional em uma economia globalizada.

Ohmae identificou a tríade – Japão, Estados Unidos e Europa – como a mais importante âncora
da economia global da atualidade.

Os chamados Tigres Asiáticos – os países de industrialização recente como Coreia do Sul,


Taiwan, Hong Kong, Cingapura, Malásia, Indochina – e agora também a China, estão marcando
fortemente sua presença nos mercados mundiais.

A Comunidade Europeia (CEE) congregando os países europeus – como Alemanha, França,


Inglaterra, Espanha, Portugal etc. – tornou-se um bloco econômico de grandes dimensões.

Também, o NAFTA (North American Free Trade Agreement), envolvendo Estados Unidos,
Canadá e México e o MERCOSUL (Tratado do Mercado Comum do Sul), que une o Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai são exemplos desse caminho de integração regional entre
diferentes países.

O mundo globalizado oferece, de um lado, oportunidades inéditas de prosperidade econômica,

25
Administração e Mercado de Trabalho

mas, por outro lado, é extremamente exigente no que se refere ao preparo dos países para
usufruir as novas oportunidades.

A globalização é um fenômeno mundial e irreversível que apresenta as seguintes características:

 Desenvolvimento e intensificação da Tecnologia da Informação (TI) e dos


transportes, fazendo do mundo uma verdadeira aldeia global. Ênfase no
conhecimento e não mais nas matérias-primas básicas.
 Formação de espaços plurirregionais (como NAFTA, CEE e MERCOSUL).
Internacionalização do sistema produtivo, do capital e dos investimentos.
 Automação, com a máquina substituindo o ser humano e o decorrente desemprego
estrutural. Gradativa expansão dos mercados.
 Dificuldades e limitações dos Estados modernos e a obsolescência do Direito.
Predomínio das formas democráticas do mundo desenvolvido.
 Resolução da possibilidade de uma conflagração mundial pela inexistência de
polarização de blocos militares.

Oportunidades e Desafios da Globalização

A globalização da economia é melhor para os países desenvolvidos, que podem aproveitá-la


com maiores benefícios, do que para os países emergentes.

Martins lembra que os E.U.A. e o Japão que praticam um protecionismo sofisticado por meio
de sobretaxas e controles de qualidade preconceituosos, são os maiores beneficiários da
globalização da economia.

Os países em desenvolvimento não podem abrir mão de um certo grau de protecionismo, pelo
risco de a globalização implicar sucateamento de segmentos empresariais importantes. Por fim,
agrega Martins, aceitar a realidade irreversível é fundamental, mas com as cautelas necessárias.

Mas, qual seria o maior desafio atual?

O maior desafio atual para o mundo todo é criar um sistema que, além de maximizar o
crescimento global, seja mais equitativo e capaz de integrar as potências econômicas
emergentes, e auxilie os países marginalizados a se beneficiarem da expansão econômica
mundial. Sobretudo, é fundamental reduzir o enorme hiato existente, entre países ricos e países
pobres.

A globalização e a forte tendência à integração regional – como NAFTA, CEE e MERCOSUL


– ameaçam atropelar quem for mais lento. A aptidão para a concorrência parece ser a principal
força da globalização para os melhores e a principal ameaça para os piores.

No Brasil, acrescente-se uma carga tributária superior à de países emergentes (31% contra a
média de 20%) e encargos sociais superiores aos de todos os países do mundo (102% contra
60% da Argentina, que é o país mais elevado das Américas depois do Brasil).

Daí surge o chamado “Custo Brasil”.

Síntese da Aula

Nessa aula, você:

26
Administração e Mercado de Trabalho

• Definiu o conceito de globalização e a competitividade mundial;


• Entendeu a complexidade da globalização para as organizações;
• Percebeu algumas oportunidades e desafios da globalização;
• Aprendeu que a intensa rede mundial de negócios está conduzindo a uma competição
sem precedentes nos mercados mundiais;
• Viu que é fundamental reduzir o enorme hiato existente entre países ricos e países
pobres;
• Aprendeu que a globalização da economia é melhor para os países desenvolvidos, que
podem aproveitá-la com maiores benefícios, do que para os países emergentes.

Aula 07 - Os Avanços Tecnológicos e As Mudanças Sociais

Os novos tempos exigem novas posturas e novas soluções para problemas que, cada vez mais,
envolvem diagnóstico, criatividade e inovação, comprometimento das pessoas envolvidas e,
principalmente, competências, liderança, comunicação e motivação.

Novos tempos requerem novos parâmetros para que a administração possa enfrentar ambientes
de imprevisibilidade e instabilidade exacerbados com a globalização dos negócios.

Um aspecto fundamental do ambiente de negócios contemporâneo é o impacto da tecnologia


como uma força dominante em nossas vidas. Com os computadores e com a tecnologia de
ponta, o trabalho jamais será o mesmo.

A Mudança Tecnológica

Microcomputadores, minicomputadores e supercomputadores, trabalho e produção assistidos


por computador, softwares complexos de gestão – como o ERP (Enterprise Resource Planning)
ou de relacionamento com clientes e fornecedores – como o SCM (Supply Chain Management)
e o CRM (Consumer Relationship Management) ou sistemas de informação e de decisão e
outros desenvolvimentos tecnológicos fazem parte, de modo inexorável, do nosso local de
trabalho e de nossas vidas.

Seja para melhor ou para pior, o fato é que o trabalho está sendo totalmente dominado por
códigos de barras, sistemas automáticos, correio eletrônico, telemarketing e o crescente uso das
supervias de informação, como Internet e intranet.

Alvin Tofler considera a velocidade das transações decisões de negócio como o maior desafio a
ser enfrentado por indivíduos, organizações e países.

Para criar riqueza, o novo sistema consiste em uma rede global em expansão de mercados,
bancos, centros de produção e laboratórios em comunicação instantânea uns com os outros,
intercambiando continuamente enormes e crescentes fluxos de dados, informação,
conhecimento e capitais. Em um mundo onde a mudança acontece a uma velocidade crescente e
vertiginosa, a informação e a tecnologia precisam ser plenamente utilizadas para obter a maior
vantagem possível. Os complexos e variados desafios que preocupam as cúpulas das
organizações hoje são:

 Como enfrentar competidores globais;


 Como investir em novos produtos/serviços;

27
Administração e Mercado de Trabalho

 Como fazer alianças estratégicas com os concorrentes;


 Como se comportar na era das redes – como a Internet – e como utilizar a tecnologia.

Sem dúvida a Tecnologia da Informação (TI) pode alavancar o sucesso das organizações. Mas é
preciso saber usá-la.

Na Era da Informação, os mercados estão cedendo lugar às redes e começando a abandonar a


realidade central da vida econômica: a troca de bens materiais entre vendedores e
compradores no mercado. Aos poucos, essa troca está cedendo lugar ao acesso a curto prazo
entre servidores e clientes que operam em rede. Os mercados permanecem, mas desempenham
um papel cada vez menor nos negócios.

Capital Intelectual X Capital Financeiro

Na economia em rede, tanto a propriedade física quanto a intelectual têm mais probabilidade de
serem acessadas pelas empresas do que de serem trocadas. Dessa maneira, o capital físico – que
foi o coração da vida industrial – torna-se cada vez mais marginal no processo econômico e
passa a ser considerado mais como uma despesa operacional e não como um ativo, algo que é
emprestado em vez de adquirido. O capital intelectual – e não mais o capital financeiro – passa a
ser a principal força propulsora da nova era.

Conceitos, ideias e imagens – e não coisas – passam a ser os verdadeiros itens de valor na nova
economia. A riqueza não é mais investida só no capital físico ou contábil, mas na imaginação e
na criatividade humana. É óbvio que o capital intelectual raramente é trocado. Em vez disso, é
detido pelos fornecedores, alugado ou licenciado por terceiros por tempo limitado.

As organizações de todos os tipos já estão a caminho da transição da propriedade para o acesso.


Em um mundo de produção customizada, de inovação e de atualizações contínuas e de ciclos de
vida de produto cada vez mais breves, tudo se torna quase imediatamente desatualizado. Assim,
ter, guardar e acumular, em uma economia em que a mudança em si é a única constante, está
fazendo cada vez menos sentido. Estamos passando de uma produção industrial para uma
produção cultural.

Como dizia Albert Einstein, “Os computadores são incrivelmente rápidos, precisos e burros. Os
homens são incrivelmente lentos, imprecisos e brilhantes. Juntos seu poder ultrapassa os limites
da imaginação”.

O novo perfil do emprego

O mercado de trabalho trocou, ao longo da Revolução Industrial, as fazendas pelas fábricas.


Agora, na revolução da informação está se deslocando rapidamente do setor industrial para a
economia de serviços. Gradativamente, a indústria oferece menos emprego, embora produzindo
cada vez mais graças à modernização, tecnologia, melhoria de processos e aumento da
produtividade das pessoas. E cada vez mais, o setor de serviços oferece mais empregos.

A modernização das fábricas vai na direção de produtos melhores e mais baratos, ampliando o
mercado interno de consumo e ocupando uma fatia maior no mercado externo global.  O
aumento de consumo e da exportação funciona como alavancador no emprego no setor de
serviços.  A modernização industrial provoca uma migração de empregos e na sua extinção,
tal como aconteceu na modernização da agricultura no Primeiro Mundo.

28
Administração e Mercado de Trabalho

José Pastore afirma que a demanda por trabalhadores de baixa qualificação vai continuar viva na
crescente economia de serviços. Isso é bom para os mais velhos. Quanto aos jovens, devem
buscar futuro na educação que se torna cada vez mais importante que o simples treinamento. O
novo trabalhador deve ser polivalente, sabendo realizar de quase tudo, um pouco. Quem for
capaz de resolver problemas terá emprego garantido. Não bastará ser educado. É preciso ser
bem-educado.

Veja um quadro comparativo entre a sociedade industrial e a sociedade do conhecimento:

O novo perfil do emprego

O declínio do emprego e a ascensão da Empregabilidade* obrigam à preparação de todos para


a eventualidade de enfrentar as condições e as novas formas de relações de trabalho.

*Empregabilidade: Segundo Carvalho e Grisson, “empregabilidade” refere-se à palavra


inglesa “employability” e representa o conjunto de conhecimentos, habilidades e
comportamentos que tornam um executivo ou um profissional importante para a sua
organização e para toda e qualquer outra.

A maior pressão dentro das organizações está relacionada com o impacto do desenvolvimento
tecnológico e das contínuas inovações, no sentido de proporcionar maior produtividade e
qualidade no trabalho para proporcionar competitividade através de produtos melhores e mais

29
Administração e Mercado de Trabalho

baratos. Isso significa fazer cada vez mais e melhor com cada vez menos recursos. Em outros
termos, com menos pessoas.

Em uma das pontas, há a redução do número de funcionários e consequente redução da oferta de


empregos em cada organização. Mas, na outra ponta, temos o aumento do mercado e a
consequente oportunidade para um maior número de organizações com mais empregos em uma
economia eminentemente dinâmica e competitiva.

Jeremy Rifikin, autor do livro O Fim dos Empregos (1996), diz que o futuro está no terceiro
setor da economia, nas comunidades de interesses próprios.

Síntese da aula

Nesta aula, você:

• Identificou os avanços da tecnologia e da informação;


• Entendeu que em um mundo onde a mudança acontece a uma velocidade crescente e
vertiginosa, a informação e a tecnologia precisam ser plenamente utilizadas para obter a
maior vantagem possível;
• Compreendeu o novo perfil do emprego e do trabalho;
• Percebeu que o capital intelectual passa a ser a principal força propulsora dessa nova
era.

Aula 8 – A Importância Do Terceiro Setor

Introdução:

As mudanças sociais, econômicas e ambientais ocorridas nos últimos anos pressionam as


empresas a demonstrar um maior senso de responsabilidade social.

É nesse contexto que o Administrador pode dar uma enorme contribuição à sociedade,
implementando medidas que tornem as organizações espelho daquilo que merece uma
sociedade sadia.

Definição

 O primeiro setor é o governo, que é responsável pelas questões sociais.


 O segundo setor é o privado, responsável pelas questões individuais.
 O terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não
governamentais, que tem como objetivo gerar serviços de caráter público.

Fundações são instituições que financiam o terceiro setor, fazendo doações às entidades
beneficentes. No Brasil, temos também as fundações mistas que doam para terceiros e ao
mesmo tempo executam projetos próprios.

Entidades Beneficentes são as operadoras de fato, cuidam dos carentes, idosos, meninos de rua,
drogados e alcoólatras, órfãos e mães solteiras; protegem testemunhas; ajudam a preservar o
meio ambiente; educam jovens, velhos e adultos.

30
Administração e Mercado de Trabalho

As ONGs (Organizações não governamentais) são organizações formadas pela sociedade civil
sem fins lucrativos e que tem como missão a resolução de algum problema da sociedade, seja
ele econômico, racial, ambiental, ou ainda a reivindicação de direitos e melhorias e fiscalização
do poder público.

Empresas com Responsabilidade Social. Algumas empresas vão além da sua verdadeira
responsabilidade principal, que é fazer produtos seguros, acessíveis, produzidos sem danos
ambientais, e de estimular seus funcionários a serem mais responsáveis.

Uma Empresa Social é projetada e dirigida como um empreendimento, com produtos, serviços,
clientes, mercados, despesas e receita; a diferença é que o princípio da maximização dos
lucros é substituído pelo princípio do benefício social. Em vez de acumular o maior lucro
financeiro possível - para ser desfrutado pelos investidores - a empresa social procura alcançar
objetivos sociais

As Organizações Não-Lucrativas

O que o Museu de Arte Moderna, a Fundação Padre Anchieta, a Cruz Vermelha e o Greenpeace
têm em comum?

Todos são exemplos de organizações não lucrativas, às quais Peter Drucker deu o nome de
“terceiro setor” da economia. Essa comunidade de organizações inclui hospitais, igrejas,
escolas, museus, orquestras sinfônicas, corais, centros culturais ou de artes, entidades
filantrópicas e beneficentes e outras milhares de organizações – locais, regionais, nacionais e
mundiais – que visam objetivos de serviços sociais em oposto ao desempenho lucrativo das
empresas. Sem falar nas organizações não governamentais (ONGs) que estão se proliferando no
mundo moderno em atividades que vão desde preocupações ecológicas e ambientais a
atividades relacionadas com educação, pobreza e assistência social.

Voluntariado

As organizações não-lucrativas envolvem motivação não-financeira de voluntários que


trabalham como dirigentes ou operacionais e que se identificam com a comunidade e
desenvolvem um suporte financeiro com ajuda própria ou de terceiros para levar adiante
projetos sociais.

O voluntariado está em plena expansão. Até as organizações lucrativas estão estimulando e


ajudando seus colaboradores a se empenharem em atividades de apoio e suporte às comunidades
carentes. É comum encontrar empresas que planejam e organizam jornadas de voluntariado para
dedicar um dia de trabalho exclusivamente para oferecer serviços essenciais ou ajuda financeira
para comunidades pobres. O retorno em termos de satisfação moral é muito grande.

Responsabilidade Social

Responsabilidade social é o grau de obrigações de uma organização em assumir ações que


protejam e melhorem o bem-estar da sociedade na medida em que ela procura atingir seus
próprios interesses. Refere-se ao grau de eficiência e eficácia que uma organização apresenta no
alcance de suas responsabilidades sociais. A organização socialmente responsável é aquela que
desempenha as seguintes obrigações, de acordo com Harry Lipson:

 Incorpora objetivos sociais em seus processos de planejamento.


 Aplica normas comparativas de outras organizações em seus programas sociais.

31
Administração e Mercado de Trabalho

 Apresenta relatórios aos membros organizacionais e aos parceiros sobre os progressos


na sua responsabilidade social.
 Procura medir os custos dos programas sociais e o retorno dos investimentos em
programas sociais.

Filantropia X Responsabilidade Social

Segundo Melo Neto e Fróes (2004), tanto a filantropia quanto a responsabilidade social são de
natureza diversa. A filantropia é uma simples “doação”, fruto da maior sensibilidade e
consciência social do empresário.

Já a responsabilidade social é uma “ação transformadora”. Uma nova forma de inserção social e
uma intervenção direta em busca da solução de problemas sociais.

O Instituto Ethos* analisa o nível de comprometimento com a Responsabilidade Social


Empresarial a partir de sete aspectos:

1 - Valores e Transparência  A noção de responsabilidade social empresarial decorre da


compreensão de que a ação das empresas deve, necessariamente, buscar trazer benefícios para a
sociedade, propiciar a realização profissional dos empregados, promover benefícios para os
parceiros e para o meio ambiente e trazer retorno para os investidores. A adoção de uma postura
clara e transparente no que diz respeito aos objetivos e compromissos éticos da empresa
fortalece a legitimidade social de suas atividades, refletindo-se positivamente no conjunto de
suas relações.

2 - Público Interno  A empresa socialmente responsável não se limita a respeitar os direitos


dos trabalhadores consolidados na legislação trabalhista. A empresa deve ir além e investir no
desenvolvimento pessoal e profissional de seus empregados, bem como na melhoria das
condições de trabalho e no estreitamento de suas relações com os empregados. Também deve
estar atenta para o respeito às culturas locais, revelado por um relacionamento ético e
responsável com as minorias e instituições que representam seus interesses.

3 - Meio Ambiente  A empresa deve criar um sistema de gestão que assegure que ela não
contribui com a degradação do meio-ambiente. Alguns produtos utilizados no dia a dia como
papel, embalagens, lápis etc. têm uma relação direta com este tema e isso nem sempre fica claro
para as empresas. Outros materiais como madeiras para construção civil e para móveis, óleos,
ervas e frutas utilizadas na fabricação de medicamentos, cosméticos, alimentos etc. devem ter a
garantia de que são produtos naturais extraídos legalmente contribuindo assim para a saúde dos
usuários e o combate à corrupção neste campo.

4 - Fornecedores  A empresa socialmente responsável envolve-se com seus fornecedores e


parceiros, cumprindo os contratos estabelecidos e trabalhando pelo aprimoramento de suas
relações de parceria. Cabe à empresa transmitir os valores de seu código de conduta a todos os
participantes de sua cadeia de fornecedores.

5 - Consumidores e Clientes  A responsabilidade social em relação aos clientes e


consumidores exige da empresa o investimento permanente no desenvolvimento de produtos e
serviços confiáveis que minimizem os riscos de danos à saúde dos usuários e das pessoas em
geral. A publicidade de produtos e serviços deve garantir seu uso adequado. Informações
detalhadas devem estar incluídas nas embalagens e deve ser assegurado suporte para o cliente

32
Administração e Mercado de Trabalho

antes, durante e após o consumo. A empresa deve alinhar-se aos interesses do cliente e buscar
satisfazer suas necessidades.

6 - Comunidade  A comunidade em que a empresa está inserida fornece-lhe infraestrutura,


empregados e parceiros, contribuindo decisivamente para a viabilização de seus negócios. O
investimento da empresa em ações que tragam benefícios para a comunidade é uma
contrapartida justa, além de reverter em ganhos para o ambiente interno e na percepção que os
clientes têm da própria empresa. O respeito aos costumes e culturas locais e o empenho na
educação e na disseminação de valores sociais devem fazer parte de uma política de
envolvimento comunitário da empresa, resultado da compreensão de seu papel de agente de
melhorias sociais.

7 - Governo e Sociedade  É importante que a empresa procure assumir o seu papel natural de
formadora de cidadãos. Programas de conscientização para a cidadania, para seu público interno
e comunidade no entorno, por exemplo, são um grande passo para que a empresa possa alcançar
um papel de liderança na discussão de temas como participação popular e corrupção.

*O Instituto Ethos (2008) define Responsabilidade Social Empresarial (RSE) como:

[...] a forma de gestão que se define pela relação ética e transparência da empresa com todos os
públicos com os quais se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis
com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais
para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades
sociais.

Sustentabilidade

“Utilização de recursos para atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade


das gerações futuras em atender às suas próprias necessidades.” (Conceito desenvolvido por Gro
Brutland em 1990 e aprovado na Rio 92).

33
Administração e Mercado de Trabalho

Níveis de Responsabilidade Social

Cada organização forma uma intensa rede de relacionamentos com outras organizações e
instituições para poder funcionar satisfatoriamente. Nesse contexto, a responsabilidade social é
a obrigação de uma organização de atuar de maneira a servir tanto aos seus interesses quanto
aos interesses dos diferentes públicos* envolvidos.

Existem dois pontos de vista a respeito da Responsabilidade Social nas Organizações:

*Esses públicos – parceiros ou stakeholders – são pessoas, grupos de interesses e organizações


que contribuem e/ou são afetados de alguma maneira pelo comportamento de uma organização.

Em termos de comprometimento com a responsabilidade social, as organizações podem adotar


quatro níveis, indo desde uma estratégia obstrutiva até uma estratégia proativa, de acordo com
Carrol.

Estratégia Proativa  Responsabilidades espontâneas e voluntárias.

 Toma liderança nas iniciativas sociais.


 Assume voluntariamente responsabilidades econômicas, legais, éticas, espontâneas e
antecipatórias.

Estratégia Acomodativa  Responsabilidades éticas

 Faz o mínimo exigido eticamente.


 Assume responsabilidades econômicas, legais e éticas.

Estratégia Defensiva  Responsabilidades legais

 Faz o mínimo exigido legalmente.


 Assume responsabilidades econômicas e legais.

Estratégia Obstrutiva  Responsabilidades econômicas

 Rejeita demandas sociais.


 Assume responsabilidades econômicas apenas.

A ênfase em valores sociais e morais está criando novas demandas sobre as decisões
administrativas que refletem padrões éticos e de alto desempenho. O administrador deve aceitar
a responsabilidade pessoal para fazer as coisas certas também sob o ponto de vista ético e de
responsabilidade social. Os critérios sociais e morais devem ser usados para examinar os
interesses dos múltiplos grupos de interesse (stakeholders) envolvidos em um ambiente
dinâmico e complexo.

34
Administração e Mercado de Trabalho

Compete aos administradores uma tarefa preponderante em sua atuação organizacional, no


sentido de disciplinar, conscientizar, motivar e aplicar os preceitos, éticos e de responsabilidade
socioambiental que devem reger o relacionamento entre os indivíduos que trabalham numa
mesma empresa ou com outros públicos com os quais se relacionam.

Síntese da aula

Nesta aula, você:

 Compreendeu o papel e a importância do terceiro setor;


 Entendeu a função do voluntariado;
 Conheceu os níveis de comprometimento com a Responsabilidade Social Empresarial;
 Entendeu a importância do administrador em apresentar e motivar a respeito das
atividades sociais e ambientais.

ANEXO II – Aula 08

Quadro de estratégias de comprometimento com a responsabilidade social.

Estratégias / Responsabilidades Responsabilidades Responsabilidades Espontaneidade


Atributos Econômicas Legais Éticas e Antecipação

Proativa X X X X
Acomodativa X X X
Defensiva X X
Obstrutiva X

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Administração e Mercado de Trabalho

Aula 09: As Tendências Do Mundo Atual

Introdução

As organizações operam e funcionam num contexto ambiental dinâmico e complexo. Esse


contexto ambiental se caracteriza por elevado grau de mudança e transformação. Se isso não
ocorre, as organizações se tornam gradativamente obsoletas, ultrapassadas, malsucedidas e até
mesmo inviáveis. Elas têm um ciclo de vida parecido com o ciclo de vida dos produtos: nascem,
crescem, amadurecem e caem no declínio.

MUDANÇA + TRANSFORMAÇÃO = CONTEXTO AMBIENTAL

O sucesso de cada organização depende de sua capacidade de adequar-se continuamente a essa


mudança e à transformação que ocorre ao seu redor.

As Tendências do Mundo Atual

Para sobreviver, competir e ter sucesso em um mundo de negócios tão volátil, as organizações
precisam inventar-se e reinventar-se continuamente. Não dá mais para manter a mesma
configuração dos negócios. E nem mesmo o sucesso por tempo indefinido. Aliás, é o sucesso
que faz com que as organizações se tornem rapidamente vulneráveis. Ao copiarem o sucesso da
organização, os concorrentes se põem na frente e utilizam as mesmas armas com melhores
componentes. E é dentro desse contexto que entra a importância das organizações serem cada
vez mais proativas.

Organizações Proativas são aquelas que conseguem se antecipar às mudanças ambientais


criando elas próprias as mudanças que ocorrerão em seus ambientes para se distanciarem de
seus concorrentes. Possuem alto grau de aprendizagem organizacional e de inovação.

O segredo está em partir para frente e inovar sempre, de tal maneira que os concorrentes
demorem a aprender como a organização chegou lá. Esse será o lapso de tempo de sucesso.

O mundo está passando por transformações revolucionárias que estão mudando a maneira como
as organizações operam e funcionam.

Empresas, produtos, serviços e pessoas que não estiverem antenados e plugados nessas
transformações se tornarão rapidamente obsoletos. E, provavelmente, não servirão mais para as
suas antigas funções.

A tecnologia está funcionando como verdadeiro desestabilizador das instituições em face do seu
forte impacto inovador, desequilibrando as estruturas vigentes, solucionando muitos problemas
e criando situações inteiramente novas, que, por sua vez, trazem problemas novos e diferentes.

As dimensões de espaço e de tempo estão se transformando respectivamente em conceitos de


instantaneidade e de virtualidade.

36
Administração e Mercado de Trabalho

Competitividade

Você sabe o que é Competitividade?

Competitividade significa a posição relativa de um concorrente diante dos outros concorrentes


no mercado. É como se houvesse um grande número de pretendentes para disputar um número
finito de lugares desejáveis a serem ocupados. À medida que um pretendente ocupa um lugar,
resta menor espaço para os outros. Uma corrida sem fim.

Para o sociólogo Alvin Toffler, estamos à beira de uma nova economia, uma nova política e
uma nova educação. Mais de 15% dos americanos trabalham em casa, em SoHo’s (Small
Office, Home Office), ao lado de um microcomputador ligado em rede com suas organizações.
Brevemente, as escolas não poderão mais entregar ao mercado de trabalho adultos limitados e
com conhecimentos padronizados.

Novos modelos de gestão empresarial, novas relações capital/trabalho, novas maneiras de


utilizar serviços-meios para realizar atividades-fim – eis o novo e dinâmico cenário em que se
desenvolverá a batalha da produção.

Mudando as Organizações a partir das mudanças individuais

Covey lembra que, para que as organizações possam ser transformadas, toma-se necessário
antes fazer o mesmo com cada pessoa que dela faz parte. É o mesmo que imaginar que uma
cultura pudesse ser transformada sem que os indivíduos que a compõem se transformassem
primeiro. É isso que gera o seguinte tipo de pensamento: “tudo nesta organização precisa mudar,
menos eu”. Se todas as pessoas pensarem assim, esqueça a transformação, pois ela
simplesmente não vai acontecer nunca.

Covey acrescenta que nada vai mudar do jeito que gostaríamos que mudasse em nossas nações,
organizações e famílias até que nós mesmos mudemos e nos tornemos parte da solução que
buscamos. Fazer parte da solução e não parte do problema. Para Covey, os líderes eficazes são
aqueles que "transformam" pessoas e organizações.

A transformação tem inicio no momento em que cada pessoa se compromete intimamente a


mudar.

A transformação individual deve acompanhar a transformação organizacional sob pena de haver


duplicidade de cinismo.

37
Administração e Mercado de Trabalho

As Organizações que Aprendem

Muitas organizações estão constantemente preocupadas em estabelecer regras e rotinas


necessárias para guiar as suas relações internas (os funcionários dentro da organização) e
externas (clientes, fornecedores, investidores e outros componentes fora da organização) tendo
em vista dois propósitos principais. Veja quais são.

 Aproveitar toda a experiência adquirida ao longo do tempo com situações precedentes e


semelhantes, fazendo o que o passado está ditando. São as organizações voltadas para o
passado, para o que era.
 Homogeneizar e estandardizar seu comportamento diante de situações diferenciadas que
surgem pela frente, fazendo o mesmo para todos. São as organizações rígidas e
inflexíveis que padronizam tudo e que não têm jogo de cintura.

Enquanto havia estabilidade e previsibilidade, as organizações podiam dar-se ao luxo de


trabalhar com rotinas e esquemas permanentes e definitivos. Contudo, o paradoxo com que as
organizações se defrontam atualmente é que a única constante do mundo dos negócios é a
“mudança”.

A letargia, a estagnação, a complacência, a manutenção do status quo e a visão voltada para o


passado podem levar qualquer organização a uma situação de rápida obsolescência e
envelhecimento precoce. E isso pode ser fatal.

Peter Senge salienta que toda organização precisa ser inteligente: aprender continuamente para
melhorar seu desempenho. A organização que aprende é aquela em que todos os membros estão
sempre preocupados em criar sempre novas ideias, produtos e relações. Para Senge existem dois
tipos de aprendizagem nas organizações: a adaptativa e a geradora.

 Aprendizagem Adaptativa  Decorre do defrontamento com a mudança e com


diferentes situações de trabalho. As pessoas aprendem trabalhando com situações que se
tornam diferentes e variadas. O ambiente de trabalho provoca a aprendizagem de novas
ideias, produtos e relações.
 Aprendizagem Geradora  Diz respeito à criatividade que provém do esforço conjunto
entre os membros da organização. As pessoas aprendem trocando ideias e experiências
entre si. As equipes provocam a aprendizagem de novas ideias, produtos e relações
através da interação social.

A empresa inteligente se baseia em pessoas capazes de contribuir com suas inteligências e


talentos para melhorar continuamente o desempenho da organização. Para tanto, é necessário
que as pessoas usem suas cabeças e não simplesmente seus músculos para trabalhar.

Inteligência Competitiva: É uma forma proativa de captar e organizar informações relevantes


sobre o comportamento da concorrência, mas também dos clientes e do mercado como um todo,
analisado tendências e cenários, e permitindo um melhor processo de tomada de decisão no
curto e longo prazo. As vantagens da Inteligência Competitiva são:

 Minimizar surpresas advindas dos concorrentes.


 Identificar oportunidades e ameaças.
 Obter conhecimento relevante para formular nosso planejamento.
 Aprender com os erros, acertos e apostas da concorrência.

38
Administração e Mercado de Trabalho

 Compreender que impacto nossas ações estratégicas terão sobre nossos concorrentes
 Compreender a repercussão de nossas ações no mercado.
 Rever e, se necessário, realinhar nossa estratégia.
 Garantir meios para uma maior sustentabilidade do nosso negócio.

As Mudanças Organizacionais

As mudanças organizacionais podem ser agrupadas em dois tipos predominantes:

 Mudanças Planejadas: Tentativa sistemática de reformular uma organização de modo a


ajuda-la a se adaptar às mudanças no ambiente externo e a alcançar novos objetivos.
 Mudanças Não Planejadas: Costumam referir-se à movimentos aleatórios e de difícil
previsão, que em geral ocorrem independente da vontade dos dirigentes ou gestores.

As mudanças nas organizações podem ocorrer dentro de várias dimensões e velocidades. Elas
podem ser restritas e específicas (envolvendo um órgão, como divisão ou departamento, por
exemplo), como podem ser amplas e genéricas (envolvendo a totalidade da organização). Elas
tanto podem ser lentas, vagarosas, progressivas e incrementais, como rápidas, decisivas e
radicais. Tudo depende da situação da organização e das circunstâncias que a cercam.

A mudança depende principalmente da maneira pela qual os administradores e as pessoas


envolvidas sentem e percebem a sua necessidade, urgência e viabilidade.

É a percepção da urgência da mudança por parte dos administradores que determina a


velocidade da mudança organizacional.

A mudança lenta, contínua e incremental é geralmente o caminho seguido pelos programas de


melhoria contínua e de qualidade total, que costumam receber uma diversidade de nomes. É a
mudança indicada para organizações que pretendem melhorar seu desempenho de maneira
suave e persistente, sem pressa e de maneira integrada e democrática, envolvendo todas as
pessoas em um mutirão de esforços de mudança.

Por outro lado, a mudança rápida, total e radical é o caminho seguido pela “reengenharia”. É a
mudança indicada para organizações que têm muita pressa e urgência para mudar e que
precisam alterar inteiramente seus rumos através de programas mais impactantes de mudança.
Nesse caso, quase sempre, a sobrevivência da organização está em jogo.

Tipos de mudanças organizacionais

De acordo com Chiavenato existem quatro tipos de mudanças nas organizações, a saber:

 Mudanças na estrutura organizacional: afetam a estrutura organizacional, os órgãos, as


redes de informações internas e externas, os níveis hierárquicos etc. Além disso, as
mudanças estruturais também envolvem alterações no esquema de diferenciação e
integração existente.
 Mudanças na tecnologia: afetam máquinas, equipamentos, instalações, processos
organizacionais etc. A tecnologia representa a maneira pela qual a organização executa
suas tarefas e produz seus produtos e serviços.
 Mudanças nos produtos ou serviços: mudanças que afetam os resultados ou saídas da
organização. Em geral, são as mais visíveis.

39
Administração e Mercado de Trabalho

 Mudanças nas pessoas e na cultura da organização: mudanças nas pessoas, em seus


comportamentos, atitudes, expectativas, aspirações, necessidades, conhecimentos e
habilidades e que afetam a cultura organizacional.

Essas mudanças não ocorrem isoladamente na organização. Pelo contrário, elas ocorrem de
maneira sistêmica, umas afetando as outras e provocando um poderoso campo de forças de
efeito multiplicador.

Como Preparar as Organizações para as Mudanças

Para mudar, a organização precisa transformar-se em um verdadeiro ambiente de mudanças, no


qual as pessoas se sintam seguras e encorajadas para a inovação e a criatividade.

A mudança organizacional é importante demais para ser deixada ao acaso, ao sabor das
circunstâncias, do mercado ou da concorrência. Ela também não pode ser atribuída somente a
um único órgão ou a algumas poucas pessoas da organização. Precisa, necessariamente,
envolver a totalidade das pessoas. Também não pode ser improvisada. Nem negligenciada. Ao
contrário, a mudança organizacional deve ser planejada, organizada, dirigida e controlada.

Construindo Suportes Para as Mudanças

É vital também a escolha de um grupo de pessoas que trabalhe em equipe para ajudar a
implementar a mudança e que busque a participação e o envolvimento de todos nesse processo.

As recompensas devem ser compartilhadas entre a organização e as pessoas que alcançaram os


resultados desejados.

E com isso podemos concluir que é graças ao esforço coletivo, total, integrado e envolvente das
pessoas que se pode reinventar continuamente as organizações, ajustando-as aos novos desafios
e demandas de um mundo de negócios em constante transformação.

Mudança se faz com pessoas e através de pessoas. Não existe nenhuma outra alternativa
possível.

Resistência às mudanças

A resistência das pessoas às mudanças dentro das organizações é tão comum quanto à própria
necessidade de mudança. É o velho princípio da física que diz que a cada ação corresponde a
uma reação igual e contrária.

Quando o administrador decide sobre qualquer tipo de mudança a ser feita na organização, ele
se defronta naturalmente com a resistência das pessoas.

Em geral, a resistência pode ser consequência de aspectos lógicos, psicológicos e sociológicos.

40
Administração e Mercado de Trabalho

 Aspectos Lógicos: A resistência lógica é decorrente do esforço e do tempo requeridos


para a pessoa se ajustar à mudança, incluindo novos deveres do cargo, que precisam ser
aprendidos. Constituem os investimentos pessoais impostos às pessoas pela mudança.
Quando as pessoas acreditam que a mudança lhes será favorável, elas certamente
aceitam pagar os investimentos a longo prazo.
 Aspectos Psicológicos: A resistência psicológica é decorrente de atitudes e sentimentos
das pessoas a respeito da mudança. Elas podem sentir medo do desconhecido, duvidar
da liderança do gerente ou perceber que sua segurança pessoal no emprego está
ameaçada. Mesmo que a organização não creia que haja justificativa para esses
sentimentos, eles devem ser reconhecidos como reais.
 Aspectos Sociológicos: A resistência sociológica é decorrente de interesses de grupos e
valores sociais envolvidos. Os valores sociais são poderosas forças no ambiente e
devem ser cuidadosamente considerados. Existem coalizões políticas, valores de
diferentes comunidades que podem afetar o comportamento das pessoas. As pessoas
podem indagar se a mudança é consistente com seus valores sociais quando colegas de
trabalho podem ser demitidos por causa de mudanças.

Como reduzir a resistência às mudanças

Como a resistência geralmente acompanha alguma mudança a ser feita, o administrador precisa
ter a habilidade de reduzir os efeitos da resistência para assegurar o sucesso das modificações
necessárias. Segundo Williams, alguns cuidados devem ser tomados.

Evite surpresas  Sempre que possível, as pessoas a serem afetadas devem ser informadas
sobre o tipo de mudança a ser considerado e a probabilidade de ela ser adotada.

Promova um compreensão real da mudança  Quando o medo de perdas pessoais relacionados


com a mudança é reduzido, a oposição a ela também é reduzida. As pessoas devem receber
informação sobre perguntas* que invariavelmente são feitas.

Incentive a mudança  A administração deve encorajar as pessoas a aumentar a eficácia


organizacional. Para tanto, parte das recompensas organizacionais a serem ganhas pelos
membros da organização deve ser utilizada para incentivar e instrumentalizar uma mudança
construtiva.

Faça tentativas de mudanças  A tentativa de mudança é baseada na presunção de que um


período prévio de ensaio durante o qual as pessoas vivem sob mudança é o melhor meio para
reduzir o medo de perdas pessoais.

Perguntas como por exemplo:

 Eu perderei meu cargo? E minhas regalias atuais?


 Minhas atuais capacidades se tornarão obsoletas?
 Serei capaz de produzir eficazmente dentro do novo sistema?
 Meu prestígio e poder sofrerão declínio?
 Terei mais responsabilidades?
 Trabalharei por mais horas?
 Terei de trair ou abandonar meus colegas?

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Administração e Mercado de Trabalho

Avaliação das mudanças realizadas

Para finalizar, o administrador deve avaliar as mudanças feitas. O propósito dessa avaliação não
é somente ganhar uma visão daquilo que foi modificado no sentido de aumentar a eficácia
organizacional, mas principalmente verificar se os passos tomados para alcançar a mudança
podem ser modificados para aumentar ainda mais a eficácia organizacional e colher mais
benefícios na próxima vez que forem usados.

Síntese da aula

Nesta aula, você:

 Compreendeu que para sobreviver, competir e ter sucesso em um mundo de negócios


tão volátil, as organizações precisam inventar-se e reinventar-se continuamente;
 Entendeu que a transformação tem início no momento em que cada pessoa se
compromete intimamente a mudar;
 Compreendeu que organização que aprende é aquela em que todos os membros estão
sempre preocupados em criar sempre novas ideias, produtos e relações;
 Identificou os quatro tipos de mudança dentro das organizações.

Aula 10 – Os Administradores E Seus Benefícios

Introdução

Apesar de todos os desafios que já vimos, o trabalho de um administrador pode ser muito
estimulante e recompensador. Os bons administradores são “mercadoria rara”, e os pacotes de
remuneração refletem o valor que o mercado lhes atribui.

É claro que nenhum administrador começa com um salário muito elevado, mas à medida que
sobe na hierarquia e, por conseguinte, sua autoridade e responsabilidade aumentam sua
remuneração também se eleva.

As Recompensas de ser um Administrador

Hoje em dia, a dinâmica e a complexidade do ambiente organizacional colocam inúmeros


desafios aos administradores.

Em primeiro lugar, é um trabalho difícil e exigente. Os administradores que ocupam posições


estratégicas e gerências muitas vezes têm que trabalhar mais de 40 horas por semana.

Os administradores têm de lidar com pessoas com diferentes personalidades, experiências,


conhecimentos e ambições, que precisam ser agregadas em torno de um objetivo comum.
Precisam saber motivar seus subordinados, mesmo quando o ambiente é incerto e caótico.

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Administração e Mercado de Trabalho

Os administradores devem tomar decisões difíceis no que tange à distribuição de recursos


escassos.

O sucesso e a eficácia de um administrador dependem do desempenho de outros, o que pode ser


estressante e, por vezes, ingrato.

A carreira de administrador possui benefícios que não se limitam apenas a recompensas


materiais. A administração é uma atividade que oferece outros incentivos, uma vez que os
administradores desempenham o papel mais importante para a organização.

São os administradores que criam as condições para que seus subordinados desempenhem suas
funções e, dessa forma, para que os objetivos da organização possam ser alcançados.

Cabe também a eles ajudar os membros da organização a encontrar um sentido no trabalho. Os


administradores têm a chance de inovar, de encontrar formas criativas de aproveitar
oportunidades ou resolver problemas. Igualmente, têm a oportunidade de lidar com uma
diversidade de pessoas e experiências, enriquecendo assim sua visão do mundo.

Além dessas recompensas, há o reconhecimento e o status social, conferidos à profissão tanto na


organização como na comunidade onde ela está inserida, decorrentes do valor atribuído ao papel
do administrador para a sociedade.

Profissões mais bem remuneradas no Brasil

Médicos e administradores estão no topo da lista de profissões mais bem pagas do país, de
acordo com o estudo “O Retorno da Educação no Mercado de Trabalho”, divulgado em
28/01/2010, pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Para a FGV, a pesquisa comprova a relação direta entre escolaridade e remuneração. A


hierarquia educacional se reflete na hierarquia dos resultados observados no mercado de
trabalho, ou seja, aquele que estudou mais recebe salários mais altos e tem maiores chances de
conseguir trabalho, afirmou o coordenador do estudo, o economista Marcelo Neri.

Você sabe quanto ganha um administrador?

De acordo com o Grupisa, que pesquisa os salários de 70 grandes empresas nacionais, o salário
para Administrador no Brasil vai de R$2.191,67 a R$7.774,57, apresentando uma variação de
250% entre o menor salário praticado pelo mercado para um Administrador Júnior e o maior
salário para um Administrador Sênior.

Para o presidente do Grupo de Permutas de Informações Salariais (Grupisa), Carlos Monnerat, o


administrador tem a vantagem de trabalhar tanto na área final de uma empresa como na área de

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Administração e Mercado de Trabalho

apoio, o que acontece com a grande maioria, por conta da sua flexibilidade de demanda dentro
do mercado de trabalho. Por exemplo, as empresas estatais que realizam concursos públicos têm
uma forte demanda para o administrador, e pagam salários competitivos para profissionais em
início de carreira. Existem também as empresas de Tecnologia da Informação (TI) que
absorvem administradores em maior proporção na área de apoio.

Atenção Administradores: o mercado de trabalho está em expansão!

O MEC divulgou no dia 13 de janeiro de 2011 o Censo do Ensino Superior de 2009. De acordo
com o levantamento, 1,1 milhão de estudantes se matricularam em um curso de Administração
no ano de 2009 o que representa 18,5% de toda a população universitária brasileira. Quase
metade das matrículas da educação superior concentra-se nos cursos de administração, direito
(651 mil), pedagogia (573 mil) e engenharia (420 mil). Na educação a distância, apenas dois
cursos - pedagogia e administração - detêm 61,5% do total de matrículas.

A grande procura pelo curso de Administração pode ser explicado pela grande demanda por
Administradores profissionais nos mais diversos segmentos: indústria, comercio, serviço,
administração pública, terceiro setor, consultoria e magistério.

Síntese da aula

Nesta aula, você:

 Refletiu sobre os benefícios e as recompensas de ser um administrador;


 Conheceu qual a remuneração média de um Administrador no Brasil.
 Conheceu as suas principais responsabilidades;
 Compreendeu qual a importância do seu papel para o crescimento da organização.

ANEXO III – Aula 10

Desde o começo da civilização os homens procuraram associarem-se uns aos outros,


organizando sistemas destinados a solucionar problemas comuns de convivência na sociedade.
Até surgiram algumas empresas rudimentares de alguns povos antigos como babilônios e
fenícios, mas a criação de uma teoria da administração e a carreira de administrador de
empresas, como é reconhecida hoje, só se desenvolveu a partir do século 19, incentivada pela
Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no final do século 18 e que gerou importantes
mudanças econômicas, políticas e sociais no mundo.

A industrialização rapidamente se expandiu para Europa e Estados Unidos, o que gerou as bases
da moderna Administração. Com o crescimento acelerado das empresas e a necessidade das
empresas serem mais eficientes e produtivas, fez-se ainda mais a necessidade da profissão de
Administrador.

O perfil do Administrador – Pesquisa 2011 – FIA

Homem jovem, com renda mensal entre 3,1 a 10 salários mínimos, empregados de empresas de
grande porte do setor privado. Esse é o perfil do Administrador de Empresas revelado pela
“Pesquisa Nacional sobre o Perfil, Formação, Atuação e Oportunidades de Trabalho do
Administrador 2011”.

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Administração e Mercado de Trabalho

A pesquisa ouviu mais de 21.110 pessoas em todo o país entre Administradores, professores e
coordenadores do curso de Administração e empresários. Apesar do levantamento apontar que a
maioria – 65% - é formada por homens, a pesquisa revela que participação feminina é crescente
na profissão, tendo elas atingido 35% de participação em 2011.

Áreas de atuação – Cerca de 85% dos Administradores estão concentrados nas áreas de
serviços em geral, indústria, comércio varejista, consultoria empresarial, instituições financeiras
e serviços hospitalares e da saúde. O setor de serviços continuou sendo o que emprega maior
número de Administradores, seguido do industrial.

Formação – Dos Administradores entrevistados pela Pesquisa, 84,18% concluíram o curso de


Administração em instituição de ensino superior privada e informaram que o curso atendeu suas
expectativas. Se, por um lado, os Administradores declaram-se satisfeitos com o que
aprenderam nos cursos de graduação, por outro demonstraram ter encontrado dificuldades
quando de seu ingresso no mercado de trabalho, pela falta de conteúdos nas disciplinas que os
aproximassem das práticas.

Características profissionais – A Pesquisa realizada pelo CFA aponta que o Administrador é


um profissional com visão ampla da organização, tendo sido apontada como a característica
predominante na sua identidade profissional pelos três segmentos da pesquisa: Administradores,
Coordenadores/Professores de Administração, Empresários/Empregadores.

Tendências – Os empresários entendem que, nos próximos cinco anos, as áreas mais
promissoras para a contratação de Administradores são: serviços, administração pública direta e
indireta e indústria. “Na fase da pesquisa qualitativa ficou claro, ainda, que existem
oportunidades de trabalho para o Administrador como consultor nas micro e pequenas
empresas”, destacou o presidente do CFA.

As áreas mais promissoras para a contratação de Administradores, em termos de resultados


gerais para o Brasil, são as de consultoria empresarial, serviços em geral e administração
pública indireta, tendo, no entanto, sido observadas significativas diferenças regionais. Na
Região Centro-Oeste, por exemplo, há uma crescente oportunidade na área do agronegócio. Já
na Região Norte, umas das áreas com potencial para empregar Administradores é a do
Comércio Atacadista.

Identidade do Administrador

Consolidou-se a imagem do Administrador como um profissional que atua com visão sistêmica
da organização, tendo com isso condições de articular as suas diversas áreas internas

 Visão sistêmica / holística.


 Generalista.
 Gestão de pessoas.
 Liderança.
 Capacidade para fazer diagnóstico.

“O Administrador deve pensar globalmente e agir localmente.”

Considerações Finais:

A importância do Administrador profissional é cada vez mais reconhecida pela Sociedade;

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Administração e Mercado de Trabalho

Não existe mais espaço para a gestão amadora. A qualidade da formação acadêmica e a
educação continuada são elementos cruciais para o pleno exercício profissional do
Administrador.

Para Refletir...

“Os analfabetos do próximo século não são aqueles que não sabem ler ou escrever, mas
aqueles que se recusam a aprender, reaprender e voltar a aprender.”

Alvin Toffler

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