Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
As Organizações e a Administração
Assim, para uma organização ser bem-sucedida, ela depende de seus administradores.
Para responder a essas e outras questões, é necessário inicialmente definir alguns conceitos
básicos. Veja a seguir.
Os Administradores
Os administradores ou gestores são os membros que têm como função guiar as organizações de
forma a alcançar seu propósito.
O que os distingue dos outros membros da organização é que eles coordenam as atividades de
outros, que, por essa razão, lhes prestam contas do seu trabalho.
1
Administração e Mercado de Trabalho
O Processo de Administração
Vale Lembrar: Nem todas as pessoas que trabalham em uma organização são administradores.
Alguns membros das organizações têm como única responsabilidade a execução de uma tarefa
ou trabalho específico, sem ter de supervisionar o trabalho de outro. São geralmente designados,
subordinados, funcionários, trabalhadores, operários, empregados, ou, de acordo com as
tendências mais atuais, colaboradores ou parceiros.
Seja qual for o nível organizacional, o tipo ou dimensão da organização, ou a área funcional, os
administradores planejam, organizam, dirigem e controlam. Podem variar a importância e o
tempo dedicado a cada uma dessas funções. No entanto, para compreender a essência do
trabalho de um administrador, é necessário conhecer:
Eficácia: se relaciona aos fins, qual o objetivo correto a se perseguir. Trata do que fazer, de
fazer as coisas certas, da decisão de que caminho seguir. Eficácia está relacionada à escolha e,
depois de escolhido o que fazer, fazer esta coisa de forma produtiva leva à eficiência. A eficácia
é o grau em que os resultados de uma organização correspondem às necessidades e aos desejos
do ambiente externo. Segundo Stoner, eficácia é a capacidade de determinar objetivos
apropriados, para Chiavenato a eficácia de uma empresa refere-se à sua capacidade de satisfazer
necessidades da sociedade por meio do suprimento de seus produtos (bens ou serviços).
Eficiência: Eficiência trata de como fazer, não do que fazer. Trata de fazer certo a coisa, e não
fazer a coisa certa. Quando se fala em eficiência, está se falando em produtividade, em fazer
mais com o mínimo de recursos possíveis. É relativa aos meios, como fazer as coisas da melhor
maneira possível. Ser eficiente significa executar da melhor maneira possível, evitando
desperdícios e maximizando a produtividade. Segundo Stoner, eficiência é a capacidade de
minimizar o uso de recursos para alcançar os objetivos da organização, para Drucker, eficiência
é “fazer as coisas direito”.
Em uma analogia simples, um processo muito eficiente e pouco eficaz seria como ter a uma
indústria com a melhor produção de cerveja em um local onde o consumo de bebidas alcoólicas
é proibido.
ADMINISTRAR
Para Chiavenato (2004) administrar significa criar condições ideais de solidariedade para que as
pessoas possam se ajudar mutuamente e gerar valor e riqueza de modo eficiente e eficaz.
2
Administração e Mercado de Trabalho
Por isso, saber compatibilizar com equilíbrio todos esses aspectos com sua conduta pessoal e
profissional é o mais importante desafio do Administrador moderno.
Chiavenato (2010) afirma ainda que a Administração está em todos os lugares e em todos os
cantos do planeta. Sem ela as organizações em geral e as empresas e empreendimentos em
particular não alcançariam suficiente competitividade e sustentabilidade no dinâmico,
competitivo e complexo mundo dos negócios de hoje.
Síntese da Aula
A economia como um todo vem reivindicando, no atual contexto, mudanças até então inéditas
no perfil do administrador. Você sabe quais as características que se tornaram requisitos para
este profissional?
3
Administração e Mercado de Trabalho
Os Papéis do Administrador
Mary Parker Follet disse que a administração é a arte de fazer coisas por meio das pessoas. Esta
definição dá ênfase ao papel do administrador no sentido de obter resultados conseguindo que
outros façam o que é necessário, em vez de fazê-lo pessoalmente.
Na nova era da informação, a capacidade de obter resultados por meio de terceiros torna-se
prioritária, pois o conhecimento está na mente das pessoas e a capacidade do administrador para
saber transformar conhecimento em resultados requer grande habilidade, além dos
conhecimentos de administração.
O diferencial do Administrador deve ser a sua capacidade de ser reconhecido como possuidor
de visão ampla e observado como um articulador, formado e treinado para ocupar todos os
espaços na área administrativa e nos cargos de gerência das organizações.
O administrador, mesmo que não trabalhe em uma empresa, deve agir como empresário,
transformando recursos em produtos, isto é, em bens e serviços desejados pelas pessoas.
Mas, qual é a sua função? O administrador tem uma função econômica e esta tem de ser
privilegiada nas suas decisões.
Uma das principais qualidades do administrador é saber tomar decisões, pois não existe decisão
perfeita e ele terá que pesar as vantagens e desvantagens de cada alternativa para escolher a
melhor.
Segundo Drucker, “não se pode gerenciar as mudanças, somente estar à sua frente”. Isso se
aplica às funções do administrador, gestor e líder financeiro, peça fundamental para o bom
funcionamento das empresas inseridas no sistema global de acumulação capitalista.
4
Administração e Mercado de Trabalho
IMPORTANTE! Há também resultados não econômicos que são: a satisfação dos membros do
negócio, contribuição ao bem-estar ou à cultura da comunidade, ações de responsabilidade
social e de gestão ambiental.
No entanto, o administrador terá falhado se não produzir os bens e serviços desejados pelo
consumidor, por um preço que ele esteja disposto a pagar. Toda organização, com ou sem fins
lucrativos, precisa ter lucro. Associações sem fins lucrativos não são as que se obrigam a não ter
lucro, pois isso equivaleria ao suicídio, mas as que se obrigam a não distribuí-lo.
No livro Management, Drucker mostra o que cabe ao administrador: ser empreendedor e ser
capaz de criar resultados maiores do que a soma das suas partes, isto é, produzir mais do que os
recursos utilizados.
Mostra ainda que muitos administradores gastam boa parte do seu tempo em atividades que não
são inerentes à sua posição.
O administrador, dentro do seu âmbito, estabelece objetivos e rumos e dirige as pessoas que
executam o trabalho.
A Administração, portanto, requer prática e bom senso, que é necessário, mas não suficiente
para qualquer bom administrador.
Ao contrário do que se pensava, os gestores não fazem reflexões metódicas antes de tomar
decisões nem obedecem à sequência teórica das funções da administração.
Mintzberg concluiu que os administradores têm pouco tempo para refletir antes de decidir e que
suas atividades são muito variadas, não rotineiras e de pequena duração.
Ele também concluiu que o trabalho dos administradores é muito similar e propôs uma nova
categorização para o trabalho gerencial.
Mintzberg argumenta que os administradores possuem autoridade formal pelo cargo que
ocupam. Seu cargo lhes confere autoridade formal sobre seus subordinados, que, por sua vez,
lhes confere status.
5
Administração e Mercado de Trabalho
6
Administração e Mercado de Trabalho
As Habilidades do Administrador
Robert Katz identificou três tipos básicos de habilidades necessárias para o desempenho de um
administrador:
7
Administração e Mercado de Trabalho
Para Katz, apesar de todas as três habilidades serem relevantes para o desempenho de qualquer
administrador, sua importância varia de acordo com o nível organizacional que esse
administrador ocupa:
Por sua vez, as habilidades humanas são igualmente importantes em todos os níveis
hierárquicos, já que o trabalho de um administrador envolve, invariavelmente, outras pessoas.
Em contrapartida, as habilidades técnicas são mais importantes nos níveis hierárquicos mais
baixos, pois os administradores estão envolvidos com processos e atividades específicos.
As Competências do Administrador
A maior e mais detalhada pesquisa sobre competências gerenciais foi iniciada no Reino Unido
pelo Management Charter Initiative (MC), em 1997, e concluída pelo Management Standards
Centre (MSC), em 2004.
8
Administração e Mercado de Trabalho
Essas competências variam de acordo com o nível organizacional. Para cada área de
competência, são desenvolvidos os elementos que definem o desempenho eficaz do
administrador.
Manter uma rede de contatos que permita o acesso à informação ou aos recursos que a
organização necessita.
Liderar a organização, comunicando o propósito, os valores e a visão da empresa.
Mapear o ambiente no qual a organização opera.
Encorajar a inovação na organização.
Desenvolver e implementar uma estratégia para a organização.
Desenvolver a cultura da organização de acordo com sua visão e estratégia.
Planejar as necessidades de recursos humanos para que a organização atinja seus
objetivos.
Promover o uso de novas tecnologias na organização.
Criar e incentivar uma orientação para o cliente em toda a organização.
Monitorar, avaliar e melhorar o desempenho organizacional.
Manter uma rede de contatos que permita o acesso à informação ou aos recursos de que
sua unidade necessita.
Desenvolver e implementar planos operacionais para sua unidade ou departamento.
Assegurar o cumprimento de requisitos legais, regulatórios, éticos e sociais na sua
unidade.
Encorajar a inovação em sua unidade ou departamento.
Planejar, liderar e implementar a mudança em produtos, serviços ou processos.
Recrutar, selecionar e manter trabalhadores motivados.
Planejar, alocar e avaliar o progresso e a qualidade do trabalho em sua unidade ou
departamento.
Desenvolver e manter relações de trabalho produtivas com os subordinados e
stakeholders.
Administrar as relações com os clientes de forma a alcançar sua satisfação.
Desenhar e gerir os processos de negócio para sua unidade.
9
Administração e Mercado de Trabalho
Síntese da Aula
O administrador não só domina diferentes técnicas ,equipamentos e métodos. Acima de tudo ele
conhece a origem dessas técnicas, os princípios científicos e técnicos que embasam os
processos produtivos, aprende as implicações do seu trabalho, seu conteúdo ético
compreendendo não só “como fazer”, mas o “porque fazer”, o que dá suporte à sua formação
de especialista.
O que sabem os especialistas e os generalistas? Veja o que dizem os satíricos sobre isso.
O especialista é aquele que é excelente em um determinado campo. “É o que sabe cada vez
mais sobre cada vez menos, de modo que, no limite, acaba sabendo tudo sobre nada”.
O generalista, é aquele que é razoavelmente bom em diversos campos. “É o que sabe cada vez
menos sobre um campo cada vez mais abrangente, de forma que, no limite, acabe sabendo nada
sobre tudo”. Na realidade, o generalista domina um campo cada vez mais abrangente, mas não
necessariamente com menor profundidade, à medida que aumenta o campo, bastando para isso
que aumente seus conhecimentos.
Acontece com a administração o mesmo que ocorre com quase todas as áreas do conhecimento
humano:
10
Administração e Mercado de Trabalho
Não se pode jamais parar de aprender, não apenas em função das mudanças e evoluções
científicas e tecnológicas, mas também porque, sendo um campo muito vasto, permite um
contínuo aperfeiçoamento pessoal, em que, literalmente, o céu é o limite. Assim, os que se
iniciam em administração devem procurar continuar aprendendo para o resto das suas vidas
profissionais. A aprendizagem ocorre não só em cursos, mas também em leituras, filmes, em
conversas com amigos e, principalmente, no próprio trabalho.
Charles Handy admite a importância da aprendizagem pela experiência pessoal, dizendo que a
maioria das coisas que aprendeu não foi retida formalmente, mas por meio de acidentes e
fracassos.
Outra conclusão a que se pode chegar sobre os administradores, é que devem ser generalistas,
embora possam e quase sempre, precisem ter também uma especialidade.
Mas as empresas não formam generalistas, elas treinam seus funcionários em técnicas e
assuntos do seu ramo de atividade. A base geral, sob a qual o administrador vai construir sua
especialidade, deve ser uma preocupação permanente de cada um.
É fácil concluir que o administrador deve ter uma grande experiência de vida. Mas o que fazer
para ampliar essa diferença?
O mais importante é procurar fazer de cada dificuldade, de cada fato vivenciado, de cada
situação, uma lição de vida, procurando analisar porque as coisas acontecem de uma forma e
não de outra, porque determinadas decisões foram tomadas, porque as pessoas agiram assim, o
que estava por trás da aparência, o que se desejava de fato e quais eram os interesses reais
daqueles que tomaram as decisões.
Mas há um questionamento de suma importância. Quais as causas finais de cada fato, ato e
decisão que em um primeiro momento não compreendemos?
Como disse Aristóteles, só podemos dizer que conhecemos uma coisa quando julgamos
conhecer a sua primeira causa. A análise sistemática das causas de cada situação nos leva a uma
experiência extremamente útil, que pode ser aplicada a outras situações na vida e na
administração. A acumulação dos conhecimentos assim obtidos proporciona enorme
conhecimento ao longo dos anos.
SAIBA MAIS: A maneira pela qual capitalizamos as situações que vivenciamos ou as situações
que de alguma forma conhecemos faz grande diferença. Há também uma permanente
necessidade de se fazer a vinculação da nossa experiência prática com os princípios teóricos que
aprendemos.
Seguindo essa linha de raciocínio, alguns pessimistas insistem em citar esta frase, de Oscar
Wilde: “a experiência é o nome que as pessoas dão aos seus erros; mas quem compreende seus
erros não os repete e aprende-se não só com os erros como também com os acertos, desde que
se tenha o cuidado de procurar explicar as causas dos acertos”.
11
Administração e Mercado de Trabalho
Um bom administrador deve ser um generalista e, em cima dessa base, deve construir alguma
especialização. Entretanto, muitas empresas não preparam generalistas, mas os especialistas que
lhes interessam em seus quadros. Assim, a base geral tem de ser construída pelos próprios
interessados em chegar a um alto nível de responsabilidade em uma organização.
Mas o administrador não precisa e, dependendo da posição que ocupe, não deve ser um sábio
generalista! Ele deve realizar, fazer as coisas acontecerem da forma adequada a fim de gerar
resultados positivos para a organização.
O conhecimento é muito importante para sabermos o que devemos fazer e para fazermos a coisa
certa, mas não adianta ficarmos obsessivamente preocupados em aumentar a nossa cultura sem a
colocarmos a serviço de realizações úteis e práticas para a sociedade.
Espera-se que o administrador tenha como principal qualidade a iniciativa para conseguir
soluções para as dificuldades encontradas e para colocá-las em ação.
O conhecimento cria as condições de êxito, mas o êxito é criado pela ação. Os próprios filósofos
concordam que só pensamos para agir. A ação é que é o nosso objetivo.
Henry Mintsberg mostrou que tanto executivos como líderes políticos trabalham em pequenos
períodos de tempo: gasta-se, em geral, 60% do dia em reuniões marcadas com antecedência, que
duram, em média, uma hora. O resto do tempo é altamente fragmentado.
No entanto, quase todas essas observações de Mintsberg foram feitas durante o período normal
de trabalho do executivo.
Os executivos que alcançaram posições de alto nível, porém, efetuam de fato um trabalho
intelectual considerável: lendo, refletindo, questionando, em lances de mais de 20 minutos, mas
fazem isso fora do horário normal de trabalho.
Alguns executivos dedicam todos os dias duas horas a este tipo de trabalho, seja em casa, seja
no escritório, antes que os colegas tenham chegado. Outros trabalham à noite, levando para casa
grande quantidade de material para leitura que eles submetem a um estudo critico.
12
Administração e Mercado de Trabalho
Alternativamente, levam algumas horas, durante os fins de semana, falando com colegas e
amigos sobre negócios, desenvolvendo e testando ideias. Esse estilo de trabalho é comum a
qualquer profissional cuja atividade é aplicar habilidade e conhecimento rigoroso e cuidadoso.
Os administradores podem ser ao mesmo tempo atuantes e utilizar intensa atividade intelectual.
Assim como ocorre em quase todas as áreas do conhecimento humano, a Administração requer
permanente aprendizado. O campo é muito vasto, o conhecimento muda, a ciência e a
tecnologia evoluem, os processos produtivos se alteram e tudo isso requer permanente
atualização dos conhecimentos.
Não se deve imaginar que não adianta aprender muito porque os conhecimentos mudam.
É exatamente o contrário.
Quanto mais se sabe, mais rapidamente se aprende coisas novas. Nada surge do nada, muitas
novidades aparentes utilizam os mesmos princípios básicos e conceitos que já estão agindo há
várias décadas, ou há vários séculos.
Síntese da Aula
13
Administração e Mercado de Trabalho
ANEXO I – Aula 03
A Administração no Brasil
14
Administração e Mercado de Trabalho
Mas quais são os traços característicos da cultura brasileira? Em que medida eles influenciam os
comportamentos dos administradores e o perfil das organizações brasileiras?
Uma das principais pesquisas sobre o estilo brasileiro de administrar foi realizada por Betânia
Barros e Marcos Aurélio Prates com 2.500 administradores brasileiros. Esses pesquisadores
desenvolveram um modelo de interpretação da cultura brasileira segundo quatro grandes
subsistemas: o institucional, o pessoal, o dos líderes e o dos liderados. Das interseções entre os
subsistemas, é possível identificar os traços culturais que definem o sistema brasileiro de ação
cultural. Veja abaixo o modelo completo:
15
Administração e Mercado de Trabalho
• Adaptabilidade pode ser vista no caso das empresas ao se ajustarem a vários pacotes
econômicos e no caso dos empregados quando estão em contato com técnicos do
exterior, responsáveis pela implantação de processos tecnológicos importados.
16
Administração e Mercado de Trabalho
Todos esses traços da cultura são observados nas organizações brasileiras, em maior ou menor
grau. Alguns conferem aos administradores brasileiros uma vantagem sobre os administradores
de outras nacionalidades, porém, a maioria tem um impacto negativo no dia a dia das
organizações brasileiras.
De forma complementar, outros estudos têm procurado identificar quais são os comportamentos
e atitudes característicos dos administradores brasileiros que definiriam um estilo de gestão
nacional.
Vale destacar um estudo de Costa, Fonseca e Dourad, três pesquisadores brasileiros, no qual são
identificadas as principais características dos administradores brasileiros. Veja.
A Administração é, por excelência, uma prática voltada para a mudança e para a transformação.
17
Administração e Mercado de Trabalho
Elevada carga tributária: o Brasil é um dos países com a maior carga tributária no
mundo (37,4% do PIB), muito acima dos países de economia emergentes com os quais
compete, como a Argentina (21,9%), o Chile (19,2%) ou a China (16,7%).
Elevados custos de financiamento: a taxa de juro real brasileira é a maior do mundo, o
que torna o custo do financiamento muito elevado para as empresas, diminuindo assim
o número de novos negócios criados e reduzindo os investimentos das organizações em
inovação, tecnologia, capacitação da força de trabalho etc.
Burocracia ineficaz: a burocracia brasileira obriga os administradores a estarem mais
concentrados em formalidades do que na condução de seus negócios (Exemplo: para a
criação de uma empresa, no Brasil, são necessários 152 dias e 17 procedimentos,
enquanto, nos Estados Unidos, o processo burocrático para a abertura de uma empresa
demora apenas cinco dias e exige cinco procedimentos).
Produtividade reduzida.
Todos esses fatores têm como consequências uma forte diminuição na competitividade das
organizações brasileiras e o crescimento da chamada economia informal.*
Por sua vez, empresas formalmente constituídas são menos da metade – apenas cerca de 4,9%
milhões, que empregam 27,5 milhões de pessoas, quase metade da população economicamente
ativa no meio urbano. Destas, 50% atuam no setor do comércio, 38% no setor de serviços e
apenas 12% no setor da indústria e da construção.
Quanto à dimensão, 99% destas empresas são de micro e pequeno portes, empregando 15,8%
milhões de pessoas e sendo responsáveis por 20% do PIB e 2% das exportações brasileiras.
Por essa razão, as empresas de grande porte representam apenas 0,3% do total de empresas
formais. Porém, em contrapartida, empregam 9,1% milhões de pessoas e são responsáveis por
uma falta significativa do PIB e das exportações brasileiras.
18
Administração e Mercado de Trabalho
Por ano, são formalmente constituídas em torno de 470 mil empresas e encerram sua atividade
cerca de 220 mil empresas, o que representa um aumento anual líquido do número de empresas
em atividade e dos empregos gerados.
Ao analisar as taxas de mortalidade das micro e pequenas empresas, conclui-se que 50%
encerraram sua atividade até o final do segundo ano e 60% até o final do quarto ano de
existência.
Em primeiro lugar: Encontram-se, entre as causas de fracasso das MPE, falhas gerenciais na
condução dos negócios, a saber:
A falta de crédito bancário é mencionada como um fator condicionador do insucesso por 14%
dos empresários entrevistados.
Segundo o SEBRAE (2004), os fatores condicionantes do sucesso das MPE que permanecem
em atividade podem ser agrupados em três categorias:
19
Administração e Mercado de Trabalho
Síntese da Aula
Os Desafios da Administração
No entanto para que as organizações atinjam estes propósitos, é necessária uma administração
correta de seus recursos. Assim, na medida em que o sucesso das organizações está relacionado
à qualidade de sua administração, essa ultima tem assumido uma importância crescente no
campo de estudo.
20
Administração e Mercado de Trabalho
No Brasil, 50% dos novos negócios falham nos dois primeiros anos de atividade e as principais
razões apontadas para essa elevada mortalidade empresarial são falhas gerenciais.
Por isso, há o interesse em melhorar a forma como as organizações são administradas e isso só é
possível com uma sólida formação em Administração.
Além disso, uma vez que quase todas as pessoas trabalham em organizações, em algum
momento da vida elas serão administradas ou administrarão o trabalho de outros. Mesmo
aqueles que não têm o objetivo de se tornar administradores, em algum momento de suas
carreiras assumirão algumas responsabilidades de administração, nem que seja a de pequenos
projetos, equipes ou grupos. Assim, o estudo da Administração é um valioso instrumento para a
melhor compreensão dos processos administrativos e para o desenvolvimento das habilidades
gerenciais.
Uma das mudanças que mais tem afetado a forma como as organizações fazem negócios está
relacionada à globalização. Atualmente, observa-se um fluxo de ideias, informações, pessoas,
capital e produtos que ultrapassa todas as fronteiras nacionais.
Os administradores precisam desenvolver uma visão global do mundo dos negócios, que leve
em consideração essa nova realidade e não se limite ao mercado em que tradicionalmente os
produtos ou serviços são consumidos.
21
Administração e Mercado de Trabalho
A ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL
No Brasil, essa necessidade de compreensão dos diferentes modelos culturais é ainda mais
evidente, uma vez que sua população é extraordinariamente diversificada, o que se reflete em
suas organizações.
No que diz respeito às mudanças estruturais das organizações, o foco principal de uma
organização passou a ser o conhecimento e a capacidade de se adaptar a novas situações, ou
seja, flexibilidade de sua estrutura organizacional e a rapidez de suas decisões. As estruturas
tendem a ser cada vez mais enxutas e flexíveis e o relacionamento interfuncional se torna mais
relevante.
Espera-se que os trabalhadores com maior poder possam aproveitar oportunidades e resolver
problemas com maior rapidez. Por outro lado, a organização do trabalho também está mudando.
As redes e o trabalho em equipe tendem a substituir a tradicional hierarquia rígida que separava
aqueles que decidiam daqueles que executavam.
Assiste-se a uma valorização cada vez maior do capital humano das organizações a fim de
aproveitar sua criatividade, propondo-se novas formas de trabalho, mais flexíveis e
enriquecedoras. A mão de obra barata já não é uma fonte de vantagem competitiva. Conheça um
exemplo de mão de obra cara.
O exemplo da indústria alemã é elucidativo: possui uma das mãos de obra mais caras do mundo
e, no entanto, tem algumas das indústrias mais competitivas do planeta. Essa necessidade de
uma força de trabalho mais qualificada faz com que as organizações apostem cada vez mais no
treinamento e no desenvolvimento de seus trabalhadores como uma forma de se distinguirem de
seus competidores.
22
Administração e Mercado de Trabalho
Evidentemente, os lucros são uma prioridade, mas não devem ser superestimados, uma vez que
são a consequência natural da satisfação dos clientes. Para satisfazer consumidores cada vez
mais exigentes e com características específicas e diversificadas, a organização deve estar apta a
oferecer produtos ou serviços diferenciados, quase por medida, devendo, para isso, investir em
sistemas de produção flexíveis.
A ética nos negócios assume papel determinante no sucesso das relações entre as organizações e
o ambiente. A crescente consciência humanista e ecológica das sociedades modernas, bem como
os recentes escândalos em algumas das maiores empresas mundias, reforçam a relevãncia dessa
temática no atual contexto da Administração.
Para o futuro, essas tendências vão se acentuar, não existindo dúvidas de que influenciarão os
métodos de administração das organizações.
23
Administração e Mercado de Trabalho
Síntese da aula 05
Nessa aula, você verá que a globalização é um fenômeno que proporciona mudanças em
progressão à Administração.
A velocidade das mudanças, em nível econômico, social, político e cultural foi o fator
determinante dessa quebra de paradigma no final do século XX.
Atualmente, Tecnologia & Informação são armas poderosas para ajudarem as empresas a
acompanharem a velocidade das mudanças.
Dinamismo e Mudança
24
Administração e Mercado de Trabalho
ATENÇÃO! Vale lembrar que não basta alcançar o sucesso. O principal é mantê-lo entre todas
as variações que ocorram no meio do caminho.
Globalização e Competitividade
A globalização da economia veio mesmo pra ficar. Ela está simplesmente derrubando fronteiras,
queimando bandeiras, ultrapassando diferentes línguas e costumes e criando um mundo
inteiramente novo e diferente.
Kenichi Ohmae salienta que as fronteiras dos negócios no mundo todo estão desaparecendo
rapidamente. Isso pode ser percebido quando se compra um tênis da Adidas (uma empresa
alemã) ou da Reebok (ma empresa inglesa) feitos em Taiwan, Cingapura ou Malásia.
Para a Honda, o termo overseas não existe no vocabulário cotidiano pela simples razão de essa
empresa operar como se estivesse em “um negócio global” equidistante de todos seus
consumidores, onde quer que estejam.
A Asea Brown Boveri (ABB) com sede na Suíça não é uma empresa suíça, mas uma empresa
mundial de alta excelência e sem nacionalidade.
A seguir, veja como a intensa rede mundial de negócios está se conduzindo nos mercados
mundiais.
A rede mundial de negócios está se conduzindo a uma competição sem precedentes nos
mercados mundiais. Os líderes governamentais tornam-se cada vez mais preocupados com a
competitividade econômica de suas nações, enquanto os líderes das grandes organizações se
voltam para a competitividade organizacional em uma economia globalizada.
Ohmae identificou a tríade – Japão, Estados Unidos e Europa – como a mais importante âncora
da economia global da atualidade.
Também, o NAFTA (North American Free Trade Agreement), envolvendo Estados Unidos,
Canadá e México e o MERCOSUL (Tratado do Mercado Comum do Sul), que une o Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai são exemplos desse caminho de integração regional entre
diferentes países.
25
Administração e Mercado de Trabalho
mas, por outro lado, é extremamente exigente no que se refere ao preparo dos países para
usufruir as novas oportunidades.
Martins lembra que os E.U.A. e o Japão que praticam um protecionismo sofisticado por meio
de sobretaxas e controles de qualidade preconceituosos, são os maiores beneficiários da
globalização da economia.
Os países em desenvolvimento não podem abrir mão de um certo grau de protecionismo, pelo
risco de a globalização implicar sucateamento de segmentos empresariais importantes. Por fim,
agrega Martins, aceitar a realidade irreversível é fundamental, mas com as cautelas necessárias.
O maior desafio atual para o mundo todo é criar um sistema que, além de maximizar o
crescimento global, seja mais equitativo e capaz de integrar as potências econômicas
emergentes, e auxilie os países marginalizados a se beneficiarem da expansão econômica
mundial. Sobretudo, é fundamental reduzir o enorme hiato existente, entre países ricos e países
pobres.
No Brasil, acrescente-se uma carga tributária superior à de países emergentes (31% contra a
média de 20%) e encargos sociais superiores aos de todos os países do mundo (102% contra
60% da Argentina, que é o país mais elevado das Américas depois do Brasil).
Síntese da Aula
26
Administração e Mercado de Trabalho
Os novos tempos exigem novas posturas e novas soluções para problemas que, cada vez mais,
envolvem diagnóstico, criatividade e inovação, comprometimento das pessoas envolvidas e,
principalmente, competências, liderança, comunicação e motivação.
Novos tempos requerem novos parâmetros para que a administração possa enfrentar ambientes
de imprevisibilidade e instabilidade exacerbados com a globalização dos negócios.
A Mudança Tecnológica
Seja para melhor ou para pior, o fato é que o trabalho está sendo totalmente dominado por
códigos de barras, sistemas automáticos, correio eletrônico, telemarketing e o crescente uso das
supervias de informação, como Internet e intranet.
Alvin Tofler considera a velocidade das transações decisões de negócio como o maior desafio a
ser enfrentado por indivíduos, organizações e países.
Para criar riqueza, o novo sistema consiste em uma rede global em expansão de mercados,
bancos, centros de produção e laboratórios em comunicação instantânea uns com os outros,
intercambiando continuamente enormes e crescentes fluxos de dados, informação,
conhecimento e capitais. Em um mundo onde a mudança acontece a uma velocidade crescente e
vertiginosa, a informação e a tecnologia precisam ser plenamente utilizadas para obter a maior
vantagem possível. Os complexos e variados desafios que preocupam as cúpulas das
organizações hoje são:
27
Administração e Mercado de Trabalho
Sem dúvida a Tecnologia da Informação (TI) pode alavancar o sucesso das organizações. Mas é
preciso saber usá-la.
Na economia em rede, tanto a propriedade física quanto a intelectual têm mais probabilidade de
serem acessadas pelas empresas do que de serem trocadas. Dessa maneira, o capital físico – que
foi o coração da vida industrial – torna-se cada vez mais marginal no processo econômico e
passa a ser considerado mais como uma despesa operacional e não como um ativo, algo que é
emprestado em vez de adquirido. O capital intelectual – e não mais o capital financeiro – passa a
ser a principal força propulsora da nova era.
Conceitos, ideias e imagens – e não coisas – passam a ser os verdadeiros itens de valor na nova
economia. A riqueza não é mais investida só no capital físico ou contábil, mas na imaginação e
na criatividade humana. É óbvio que o capital intelectual raramente é trocado. Em vez disso, é
detido pelos fornecedores, alugado ou licenciado por terceiros por tempo limitado.
Como dizia Albert Einstein, “Os computadores são incrivelmente rápidos, precisos e burros. Os
homens são incrivelmente lentos, imprecisos e brilhantes. Juntos seu poder ultrapassa os limites
da imaginação”.
A modernização das fábricas vai na direção de produtos melhores e mais baratos, ampliando o
mercado interno de consumo e ocupando uma fatia maior no mercado externo global. O
aumento de consumo e da exportação funciona como alavancador no emprego no setor de
serviços. A modernização industrial provoca uma migração de empregos e na sua extinção,
tal como aconteceu na modernização da agricultura no Primeiro Mundo.
28
Administração e Mercado de Trabalho
José Pastore afirma que a demanda por trabalhadores de baixa qualificação vai continuar viva na
crescente economia de serviços. Isso é bom para os mais velhos. Quanto aos jovens, devem
buscar futuro na educação que se torna cada vez mais importante que o simples treinamento. O
novo trabalhador deve ser polivalente, sabendo realizar de quase tudo, um pouco. Quem for
capaz de resolver problemas terá emprego garantido. Não bastará ser educado. É preciso ser
bem-educado.
A maior pressão dentro das organizações está relacionada com o impacto do desenvolvimento
tecnológico e das contínuas inovações, no sentido de proporcionar maior produtividade e
qualidade no trabalho para proporcionar competitividade através de produtos melhores e mais
29
Administração e Mercado de Trabalho
baratos. Isso significa fazer cada vez mais e melhor com cada vez menos recursos. Em outros
termos, com menos pessoas.
Jeremy Rifikin, autor do livro O Fim dos Empregos (1996), diz que o futuro está no terceiro
setor da economia, nas comunidades de interesses próprios.
Síntese da aula
Introdução:
É nesse contexto que o Administrador pode dar uma enorme contribuição à sociedade,
implementando medidas que tornem as organizações espelho daquilo que merece uma
sociedade sadia.
Definição
Fundações são instituições que financiam o terceiro setor, fazendo doações às entidades
beneficentes. No Brasil, temos também as fundações mistas que doam para terceiros e ao
mesmo tempo executam projetos próprios.
Entidades Beneficentes são as operadoras de fato, cuidam dos carentes, idosos, meninos de rua,
drogados e alcoólatras, órfãos e mães solteiras; protegem testemunhas; ajudam a preservar o
meio ambiente; educam jovens, velhos e adultos.
30
Administração e Mercado de Trabalho
As ONGs (Organizações não governamentais) são organizações formadas pela sociedade civil
sem fins lucrativos e que tem como missão a resolução de algum problema da sociedade, seja
ele econômico, racial, ambiental, ou ainda a reivindicação de direitos e melhorias e fiscalização
do poder público.
Empresas com Responsabilidade Social. Algumas empresas vão além da sua verdadeira
responsabilidade principal, que é fazer produtos seguros, acessíveis, produzidos sem danos
ambientais, e de estimular seus funcionários a serem mais responsáveis.
Uma Empresa Social é projetada e dirigida como um empreendimento, com produtos, serviços,
clientes, mercados, despesas e receita; a diferença é que o princípio da maximização dos
lucros é substituído pelo princípio do benefício social. Em vez de acumular o maior lucro
financeiro possível - para ser desfrutado pelos investidores - a empresa social procura alcançar
objetivos sociais
As Organizações Não-Lucrativas
O que o Museu de Arte Moderna, a Fundação Padre Anchieta, a Cruz Vermelha e o Greenpeace
têm em comum?
Todos são exemplos de organizações não lucrativas, às quais Peter Drucker deu o nome de
“terceiro setor” da economia. Essa comunidade de organizações inclui hospitais, igrejas,
escolas, museus, orquestras sinfônicas, corais, centros culturais ou de artes, entidades
filantrópicas e beneficentes e outras milhares de organizações – locais, regionais, nacionais e
mundiais – que visam objetivos de serviços sociais em oposto ao desempenho lucrativo das
empresas. Sem falar nas organizações não governamentais (ONGs) que estão se proliferando no
mundo moderno em atividades que vão desde preocupações ecológicas e ambientais a
atividades relacionadas com educação, pobreza e assistência social.
Voluntariado
Responsabilidade Social
31
Administração e Mercado de Trabalho
Segundo Melo Neto e Fróes (2004), tanto a filantropia quanto a responsabilidade social são de
natureza diversa. A filantropia é uma simples “doação”, fruto da maior sensibilidade e
consciência social do empresário.
Já a responsabilidade social é uma “ação transformadora”. Uma nova forma de inserção social e
uma intervenção direta em busca da solução de problemas sociais.
3 - Meio Ambiente A empresa deve criar um sistema de gestão que assegure que ela não
contribui com a degradação do meio-ambiente. Alguns produtos utilizados no dia a dia como
papel, embalagens, lápis etc. têm uma relação direta com este tema e isso nem sempre fica claro
para as empresas. Outros materiais como madeiras para construção civil e para móveis, óleos,
ervas e frutas utilizadas na fabricação de medicamentos, cosméticos, alimentos etc. devem ter a
garantia de que são produtos naturais extraídos legalmente contribuindo assim para a saúde dos
usuários e o combate à corrupção neste campo.
32
Administração e Mercado de Trabalho
antes, durante e após o consumo. A empresa deve alinhar-se aos interesses do cliente e buscar
satisfazer suas necessidades.
7 - Governo e Sociedade É importante que a empresa procure assumir o seu papel natural de
formadora de cidadãos. Programas de conscientização para a cidadania, para seu público interno
e comunidade no entorno, por exemplo, são um grande passo para que a empresa possa alcançar
um papel de liderança na discussão de temas como participação popular e corrupção.
[...] a forma de gestão que se define pela relação ética e transparência da empresa com todos os
públicos com os quais se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis
com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais
para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades
sociais.
Sustentabilidade
33
Administração e Mercado de Trabalho
Cada organização forma uma intensa rede de relacionamentos com outras organizações e
instituições para poder funcionar satisfatoriamente. Nesse contexto, a responsabilidade social é
a obrigação de uma organização de atuar de maneira a servir tanto aos seus interesses quanto
aos interesses dos diferentes públicos* envolvidos.
A ênfase em valores sociais e morais está criando novas demandas sobre as decisões
administrativas que refletem padrões éticos e de alto desempenho. O administrador deve aceitar
a responsabilidade pessoal para fazer as coisas certas também sob o ponto de vista ético e de
responsabilidade social. Os critérios sociais e morais devem ser usados para examinar os
interesses dos múltiplos grupos de interesse (stakeholders) envolvidos em um ambiente
dinâmico e complexo.
34
Administração e Mercado de Trabalho
Síntese da aula
ANEXO II – Aula 08
Proativa X X X X
Acomodativa X X X
Defensiva X X
Obstrutiva X
35
Administração e Mercado de Trabalho
Introdução
Para sobreviver, competir e ter sucesso em um mundo de negócios tão volátil, as organizações
precisam inventar-se e reinventar-se continuamente. Não dá mais para manter a mesma
configuração dos negócios. E nem mesmo o sucesso por tempo indefinido. Aliás, é o sucesso
que faz com que as organizações se tornem rapidamente vulneráveis. Ao copiarem o sucesso da
organização, os concorrentes se põem na frente e utilizam as mesmas armas com melhores
componentes. E é dentro desse contexto que entra a importância das organizações serem cada
vez mais proativas.
O segredo está em partir para frente e inovar sempre, de tal maneira que os concorrentes
demorem a aprender como a organização chegou lá. Esse será o lapso de tempo de sucesso.
O mundo está passando por transformações revolucionárias que estão mudando a maneira como
as organizações operam e funcionam.
Empresas, produtos, serviços e pessoas que não estiverem antenados e plugados nessas
transformações se tornarão rapidamente obsoletos. E, provavelmente, não servirão mais para as
suas antigas funções.
A tecnologia está funcionando como verdadeiro desestabilizador das instituições em face do seu
forte impacto inovador, desequilibrando as estruturas vigentes, solucionando muitos problemas
e criando situações inteiramente novas, que, por sua vez, trazem problemas novos e diferentes.
36
Administração e Mercado de Trabalho
Competitividade
Para o sociólogo Alvin Toffler, estamos à beira de uma nova economia, uma nova política e
uma nova educação. Mais de 15% dos americanos trabalham em casa, em SoHo’s (Small
Office, Home Office), ao lado de um microcomputador ligado em rede com suas organizações.
Brevemente, as escolas não poderão mais entregar ao mercado de trabalho adultos limitados e
com conhecimentos padronizados.
Covey lembra que, para que as organizações possam ser transformadas, toma-se necessário
antes fazer o mesmo com cada pessoa que dela faz parte. É o mesmo que imaginar que uma
cultura pudesse ser transformada sem que os indivíduos que a compõem se transformassem
primeiro. É isso que gera o seguinte tipo de pensamento: “tudo nesta organização precisa mudar,
menos eu”. Se todas as pessoas pensarem assim, esqueça a transformação, pois ela
simplesmente não vai acontecer nunca.
Covey acrescenta que nada vai mudar do jeito que gostaríamos que mudasse em nossas nações,
organizações e famílias até que nós mesmos mudemos e nos tornemos parte da solução que
buscamos. Fazer parte da solução e não parte do problema. Para Covey, os líderes eficazes são
aqueles que "transformam" pessoas e organizações.
37
Administração e Mercado de Trabalho
Peter Senge salienta que toda organização precisa ser inteligente: aprender continuamente para
melhorar seu desempenho. A organização que aprende é aquela em que todos os membros estão
sempre preocupados em criar sempre novas ideias, produtos e relações. Para Senge existem dois
tipos de aprendizagem nas organizações: a adaptativa e a geradora.
38
Administração e Mercado de Trabalho
Compreender que impacto nossas ações estratégicas terão sobre nossos concorrentes
Compreender a repercussão de nossas ações no mercado.
Rever e, se necessário, realinhar nossa estratégia.
Garantir meios para uma maior sustentabilidade do nosso negócio.
As Mudanças Organizacionais
As mudanças nas organizações podem ocorrer dentro de várias dimensões e velocidades. Elas
podem ser restritas e específicas (envolvendo um órgão, como divisão ou departamento, por
exemplo), como podem ser amplas e genéricas (envolvendo a totalidade da organização). Elas
tanto podem ser lentas, vagarosas, progressivas e incrementais, como rápidas, decisivas e
radicais. Tudo depende da situação da organização e das circunstâncias que a cercam.
Por outro lado, a mudança rápida, total e radical é o caminho seguido pela “reengenharia”. É a
mudança indicada para organizações que têm muita pressa e urgência para mudar e que
precisam alterar inteiramente seus rumos através de programas mais impactantes de mudança.
Nesse caso, quase sempre, a sobrevivência da organização está em jogo.
De acordo com Chiavenato existem quatro tipos de mudanças nas organizações, a saber:
39
Administração e Mercado de Trabalho
Essas mudanças não ocorrem isoladamente na organização. Pelo contrário, elas ocorrem de
maneira sistêmica, umas afetando as outras e provocando um poderoso campo de forças de
efeito multiplicador.
A mudança organizacional é importante demais para ser deixada ao acaso, ao sabor das
circunstâncias, do mercado ou da concorrência. Ela também não pode ser atribuída somente a
um único órgão ou a algumas poucas pessoas da organização. Precisa, necessariamente,
envolver a totalidade das pessoas. Também não pode ser improvisada. Nem negligenciada. Ao
contrário, a mudança organizacional deve ser planejada, organizada, dirigida e controlada.
É vital também a escolha de um grupo de pessoas que trabalhe em equipe para ajudar a
implementar a mudança e que busque a participação e o envolvimento de todos nesse processo.
E com isso podemos concluir que é graças ao esforço coletivo, total, integrado e envolvente das
pessoas que se pode reinventar continuamente as organizações, ajustando-as aos novos desafios
e demandas de um mundo de negócios em constante transformação.
Mudança se faz com pessoas e através de pessoas. Não existe nenhuma outra alternativa
possível.
Resistência às mudanças
A resistência das pessoas às mudanças dentro das organizações é tão comum quanto à própria
necessidade de mudança. É o velho princípio da física que diz que a cada ação corresponde a
uma reação igual e contrária.
Quando o administrador decide sobre qualquer tipo de mudança a ser feita na organização, ele
se defronta naturalmente com a resistência das pessoas.
40
Administração e Mercado de Trabalho
Como a resistência geralmente acompanha alguma mudança a ser feita, o administrador precisa
ter a habilidade de reduzir os efeitos da resistência para assegurar o sucesso das modificações
necessárias. Segundo Williams, alguns cuidados devem ser tomados.
Evite surpresas Sempre que possível, as pessoas a serem afetadas devem ser informadas
sobre o tipo de mudança a ser considerado e a probabilidade de ela ser adotada.
41
Administração e Mercado de Trabalho
Para finalizar, o administrador deve avaliar as mudanças feitas. O propósito dessa avaliação não
é somente ganhar uma visão daquilo que foi modificado no sentido de aumentar a eficácia
organizacional, mas principalmente verificar se os passos tomados para alcançar a mudança
podem ser modificados para aumentar ainda mais a eficácia organizacional e colher mais
benefícios na próxima vez que forem usados.
Síntese da aula
Introdução
Apesar de todos os desafios que já vimos, o trabalho de um administrador pode ser muito
estimulante e recompensador. Os bons administradores são “mercadoria rara”, e os pacotes de
remuneração refletem o valor que o mercado lhes atribui.
É claro que nenhum administrador começa com um salário muito elevado, mas à medida que
sobe na hierarquia e, por conseguinte, sua autoridade e responsabilidade aumentam sua
remuneração também se eleva.
42
Administração e Mercado de Trabalho
São os administradores que criam as condições para que seus subordinados desempenhem suas
funções e, dessa forma, para que os objetivos da organização possam ser alcançados.
Médicos e administradores estão no topo da lista de profissões mais bem pagas do país, de
acordo com o estudo “O Retorno da Educação no Mercado de Trabalho”, divulgado em
28/01/2010, pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).
De acordo com o Grupisa, que pesquisa os salários de 70 grandes empresas nacionais, o salário
para Administrador no Brasil vai de R$2.191,67 a R$7.774,57, apresentando uma variação de
250% entre o menor salário praticado pelo mercado para um Administrador Júnior e o maior
salário para um Administrador Sênior.
43
Administração e Mercado de Trabalho
apoio, o que acontece com a grande maioria, por conta da sua flexibilidade de demanda dentro
do mercado de trabalho. Por exemplo, as empresas estatais que realizam concursos públicos têm
uma forte demanda para o administrador, e pagam salários competitivos para profissionais em
início de carreira. Existem também as empresas de Tecnologia da Informação (TI) que
absorvem administradores em maior proporção na área de apoio.
O MEC divulgou no dia 13 de janeiro de 2011 o Censo do Ensino Superior de 2009. De acordo
com o levantamento, 1,1 milhão de estudantes se matricularam em um curso de Administração
no ano de 2009 o que representa 18,5% de toda a população universitária brasileira. Quase
metade das matrículas da educação superior concentra-se nos cursos de administração, direito
(651 mil), pedagogia (573 mil) e engenharia (420 mil). Na educação a distância, apenas dois
cursos - pedagogia e administração - detêm 61,5% do total de matrículas.
A grande procura pelo curso de Administração pode ser explicado pela grande demanda por
Administradores profissionais nos mais diversos segmentos: indústria, comercio, serviço,
administração pública, terceiro setor, consultoria e magistério.
Síntese da aula
A industrialização rapidamente se expandiu para Europa e Estados Unidos, o que gerou as bases
da moderna Administração. Com o crescimento acelerado das empresas e a necessidade das
empresas serem mais eficientes e produtivas, fez-se ainda mais a necessidade da profissão de
Administrador.
Homem jovem, com renda mensal entre 3,1 a 10 salários mínimos, empregados de empresas de
grande porte do setor privado. Esse é o perfil do Administrador de Empresas revelado pela
“Pesquisa Nacional sobre o Perfil, Formação, Atuação e Oportunidades de Trabalho do
Administrador 2011”.
44
Administração e Mercado de Trabalho
A pesquisa ouviu mais de 21.110 pessoas em todo o país entre Administradores, professores e
coordenadores do curso de Administração e empresários. Apesar do levantamento apontar que a
maioria – 65% - é formada por homens, a pesquisa revela que participação feminina é crescente
na profissão, tendo elas atingido 35% de participação em 2011.
Áreas de atuação – Cerca de 85% dos Administradores estão concentrados nas áreas de
serviços em geral, indústria, comércio varejista, consultoria empresarial, instituições financeiras
e serviços hospitalares e da saúde. O setor de serviços continuou sendo o que emprega maior
número de Administradores, seguido do industrial.
Tendências – Os empresários entendem que, nos próximos cinco anos, as áreas mais
promissoras para a contratação de Administradores são: serviços, administração pública direta e
indireta e indústria. “Na fase da pesquisa qualitativa ficou claro, ainda, que existem
oportunidades de trabalho para o Administrador como consultor nas micro e pequenas
empresas”, destacou o presidente do CFA.
Identidade do Administrador
Consolidou-se a imagem do Administrador como um profissional que atua com visão sistêmica
da organização, tendo com isso condições de articular as suas diversas áreas internas
Considerações Finais:
45
Administração e Mercado de Trabalho
Não existe mais espaço para a gestão amadora. A qualidade da formação acadêmica e a
educação continuada são elementos cruciais para o pleno exercício profissional do
Administrador.
Para Refletir...
“Os analfabetos do próximo século não são aqueles que não sabem ler ou escrever, mas
aqueles que se recusam a aprender, reaprender e voltar a aprender.”
Alvin Toffler
46