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Direito
Internacional
ISBN: 978-85-387-1660-0
CDD: 341.6
Direito Tributário....................................................................................................37
Os princípios do Direito Tributário......................................................................................................37
O conceito de tributo e as suas espécies..........................................................................................41
A responsabilidade tributária...............................................................................................................45
É salutar informar que o Direito Internacional Público não é estático, uma vez que
se faz necessária a adaptação das regras conforme a evolução da sociedade. Dessa
maneira, é possível perceber que as normatizações das relações internacionais ocorre-
ram desde as primeiras transações advindas da Antiguidade, celebradas por meio de
acordos entre os Estados, especialmente pelo Egito Antigo.
Conceitos importantes
Para o entendimento do Direito Internacional Público, é necessário o conheci-
mento de alguns conceitos básicos, que surgem de forma recorrente nas discussões
sobre o tema. Dessa maneira, o primeiro termo que deve ser considerado para o bom
entendimento da matéria é a sociedade internacional.
A teoria monista é subdividida em duas frentes, quais sejam, a teoria monista como
primazia no Direito Interno, e a teoria monista como primazia no Direito Internacional.
Artigo 38
1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as controvérsias que sejam
submetidas, deverá aplicar:
Os usos e costumes
Os usos e costumes são considerados uma fonte do Direito em geral, uma vez que
não é possível descartar as tratativas cotidianas de uma comunidade, ou seja, faz-se
necessária a compreensão do comportamento e das ações de grupo e considerá-las
no contexto jurídico. Para que os usos e costumes sejam enquadrados na ordem legal,
é preciso que os hábitos da comunidade sejam tradicionais e recorrentes, não sendo
validada como fonte apenas um comportamento isolado.
Os costumes podem ser transformados em direito positivo2, mas, para isso, é ne-
cessário que os Tribunais os adotem como fonte do Direito e embasem as suas deci-
sões nessa fonte. Embora por longo tempo os costumes tenham sido usados como
fonte do Direito Internacional Público, em especial, quando não havia a centralização
Noções gerais de Direito Internacional Público
das discussões pelos organismos internacionais, nos dias atuais, a sua aplicação é dimi-
nuta, face às incertezas que possam ser geradas a partir da sua adoção.
Tratados internacionais
Os tratados internacionais são fontes importantes do Direito Internacional, eis
que são convenções estabelecidas pelos Estados e que, por esses, devem ser cumpri-
das para estabelecer a ordem internacional. Para Rezek (2009, p. 14), os tratados são “os
1
Ex aequo et bono é uma expressão em latim, que significa “de acordo com o que é correto e o que é bom.”
2
É um conjunto de normas editadas pelo Estado, as quais são editadas para a sua proteção e dos cidadãos, compondo o ordenamento jurídico.
Como se trata da formalização da vontade dos Estados, para que um tratado seja
válido, faz-se necessária a anuência expressa dos envolvidos, ou seja, a manifestação
escrita. Uma vez convencionado, o tratado faz lei entre as partes, fazendo valer o prin-
cípio da pacta sunt servanda, muito embora deva ser respeitada a soberania nacional.
Objeto lícito: para a discussão do acordo, o objeto deve ser lícito, não poden-
do contrariar as normas internacionais, os costumes e os princípios gerais do
Direito.
O tratado internacional, para ser elaborado, passa por algumas fases, as quais são
importantes para que seja atingido o objetivo central, que é a manutenção da ordem
internacional. Diante disso, seguem as etapas a serem cumpridas.
É importante destacar que a maioria dos princípios gerais do Direito já foram de-
vidamente incorporados nos tratados internacionais.
Os organismos internacionais:
Noções gerais de Direito Internacional Público
Conselho de Segurança
Definido pela Carta da ONU como sendo um órgão colegiado, que possui como
função principal a manutenção da paz e da segurança internacional. A sua composição
se dá por meio de 15 membros, dos quais cinco são permanentes e 10 são rotativos,
uma vez que são eletivos e atuam sob o mandato de dois anos. Vale destacar que aque-
les que fazem parte do Conselho de Segurança, como membro rotativo, não podem
ser reeleitos. Entre outras funções do Conselho de Segurança, estão a regulamentação
dos litígios entre Estados membros, regulamentação de armamentos e medidas para
garantir o cumprimento das sentenças exaradas pela Corte Internacional de Justiça.
Assembleia Geral
Conforme a Carta da ONU, é por meio da Assembleia Geral que os Estados mem-
bros são representados, e isso faz com que a configuração da ONU seja similar a um
parlamento. É na Assembleia que os problemas mundiais são debatidos, e é onde são
apresentadas propostas para soluções. As decisões, embora constituam recomenda-
ções a que os Estados membros não estão juridicamente vinculados, representam a
autoridade moral da comunidade das nações.
Conselho de Tutela
É um órgão da ONU destinado à administração e fiscalização, que atuará em con-
junto com o Conselho Econômico e Social, tendo as suas funções definidas no Artigo
87 da Carta da ONU.
Carta da ONU
Artigo 87
A Assembleia Geral e, sob a sua autoridade, o Conselho de Tutela, no desempenho de suas funções,
poderão:
a) examinar os relatórios que lhes tenham sido submetidos pela autoridade administradora;
Noções gerais de Direito Internacional Público
Secretariado
Conforme a Carta da ONU, o Secretariado será composto de um Secretário-Geral e
do pessoal exigido pela Organização. O Secretário-Geral será indicado pela Assembleia
Geral, mediante a recomendação do Conselho de Segurança. Será o principal funcio-
Texto complementar
Coexistindo em paz...
(REZEK, 2010)
Não deu certo. Nem foi preciso que virasse o século para ficar claro, de um lado,
que o estado-empresário não leva os povos à prosperidade e, de outro, que os povos
não toleram mais o estado-policial e não se dispõem a suportar, em nome da pro-
messa da igualdade, o sacrifício das liberdades públicas.
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United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization.
Mas é intrigante e sugestivo que as propostas que chegam mais perto da ideia
da deserção do estado para o fortalecimento do mercado sejam sistematicamente
dirigidas ao mundo em desenvolvimento, às economias menos sólidas, às nações
onde mal se pode avaliar a extensão do dano que resultaria desse abandono. Um
dano talvez nem tão evidente sobre empregos ou salários, sobre abastecimento ou
saúde, mas seguramente um desastre para toda identidade nacional.
No pressuposto de que entre eles próprios não há mais o que fazer para melhor
definir os limites da ação do estado na disciplina da economia em geral e do comér-
cio exterior em particular, os países de maior peso político e econômico no mundo
de hoje se veem como autores dessa exortação, não como destinatários dela. O
preço da globalização, onde o componente mais caro é a renúncia a toda política
protetiva do produto nacional, deve ser pago pela periferia, não pelo núcleo. O que
lembra a ideologia do velho Tratado de não proliferação das armas nucleares: quem
nada tem, não terá nunca (e até aqui, nada de errado); quem já tem, conserva e
amplia sem limites. A aventura atômica não deve proliferar, portanto, no plano hori-
zontal. Verticalmente, vale tudo.
Noções gerais de Direito Internacional Público
Foi pelo final dos anos 1970, no contexto prosaico da negociação sobre o co-
mércio de têxteis, que o “primeiro mundo” assumiu de modo transparente, sem o
cinismo de ensaiar qualquer justificativa além da simples política de poder, seu pro-
pósito de exigir a abertura do mercado nas economias em desenvolvimento sem
oferecer contrapartida, sem que seus próprios mercados se abrissem, sem admitir
que o protecionismo que lhe parecia inaceitável lá fora devesse ser abandonado in-
ternamente. Tomava forma na realidade da vida internacional aquilo que outrora as
cartilhas escolares e os catecismos apresentavam como o modelo perfeito da imo-
ralidade: quem faz a lei não se sujeita a ela. Abria-se o caminho para que esse jogo
duro, de início praticado no terreno do comércio, contagiasse mais tarde, virada a
página da guerra fria, o domínio da política internacional.
Alguns dos integrantes desse seleto grupo tiveram que sacrificar certos prin-
cípios de sua tradição política exterior, certas imposições morais de sua história,
certos traços da imagem que projetavam ante o mundo. Fizeram-no entretanto sem
dificuldade, visto que não lhes faltou o apoio do público interno, que é para cada um
deles a fonte da legitimidade de seu governo, e que responde sempre positivamen-
te ao apelo da afirmação de prestígio e autoridade no plano internacional.
(Direito Internacional: homenagem a Adherbal Meira Mattos. Org. Paulo Borba Casella e André
de Carvalho Ramos. São Paulo: Quartier Latin, 2009.)
Atividades
Gabarito
Noções gerais de Direito Internacional Público
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Conheça a ONU. Disponível em: <www.
onu-brasil.org.br/conheca_onu.php>. Acesso em: 29 ago. 2010.
REIS, Henrique Marcello dos; REIS, Claudia Nunes Pascon dos. Direito para Adminis-
tradores. São Paulo: Pioneira Thomson, 2004. v. 2.
REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar. 12. ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.
SILVA, Roberto Luiz. Direito Internacional Público. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey,
2002.
normas indiretas que são meramente instrumentais e indicam qual regra deve
ser usada na lide em questão;
Com relação ao Direito Internacional Privado, Clóvis Beviláqua (1906, p. 88) elabo-
ra o seu pensamento afirmando que
o Direito Internacional Privado é um composto sim, mas dos ramos do Direito Privado; que é,
não todo o direito encarado de um certo ponto de vista, mas simplesmente o Direito Privado: é o
Direito Privado Internacional, isto é, o Direito Privado aplicado às relações individuais da sociedade
internacional.
Lei
No Direito brasileiro, a base legal para as questões que envolvem o Direito Inter-
nacional Privado está fixada na Lei de Introdução ao Código Civil (Decreto-Lei 4.657,
de 4 de setembro de 1942), a qual regula todas as demais normas que versem sobre a
matéria.
Doutrina
São obras publicadas por doutrinadores brasileiros que auxiliam o Poder Judiciário
na tomada de decisão. A doutrina é uma fonte muito relevante do Direito Internacio-
nal Privado, eis que aperfeiçoa as interpretações dos tribunais porque há busca dos
juízes em material publicado, para fundamentar as suas decisões. Para Clóvis Beviláqua
(1906), a doutrina é a criadora de todas as outras fontes, mas tem menos força obriga-
tória do que elas, porque é baseada no entendimento dos autores que as escrevem, in-
terpretando as normas e o caso concreto para apresentar a sua posição à comunidade
jurídica. O mesmo autor complementa: “Fala aos espíritos, estimula a consciência do
juiz, provoca a ação do legislador, esclarece as fontes positivas, mas nisto se resume a
sua ação” (BEVILÁQUA, 1906, p. 92). Ou seja, a doutrina exerce influência sobre as de-
cisões dos juízes amparando-os nas decisões, especialmente quando a norma jurídica
não é clara, ou quando o tema é novo e necessita de outros posicionamentos para uma
elucidação mais adequada.
Noções gerais de Direito Internacional Privado
Jurisprudência
É a reanálise da decisão de 1.º grau, a qual é realizada por meio de juízes que
estão estabelecidos no Tribunal de 2.º ou 3.º grau, vale esclarecer que uma demanda,
quando ingressada em juízo, ela tramita no juízo de 1.º grau, ao ser decidida pelo juiz
e uma das partes não concordar com a decisão, poderá recorrer para o Tribunal de
2.º grau, esse irá rever a posição do primeiro juiz, podendo manter a decisão inicial,
modificá-la totalmente ou modificá-la parcialmente. Novamente, a parte insatisfeita
poderá propor novo recurso, o qual é dirigido para o Tribunal de 3.º grau, esse órgão
O princípio da territorialidade
Esse princípio estabelece que os tribunais de um determinado país apliquem as
suas próprias leis, haja vista que se parte do pressuposto de que o conjunto normativo
daquele país é o mais adequado para salvaguardar o direito dos envolvidos na lide.
Ocorre que essa posição não é algo absoluto, devendo ser interpretado com cautela,
haja vista que a aplicação normativa pode ser danosa e não assecuratória. Portanto,
para o Direito Internacional Privado, são levados em conta os interesses dos indivíduos
para se determinar a competência territorial.
A competência territorial
A determinação da competência em um processo judicial é extremamente im-
Como pode ser percebido, o Artigo 89 do Código de Processo Civil fixa regras da
competência internacional relativa ao Poder Judiciário brasileiro, mas não aborda a
possibilidade da justiça nacional requerer a aplicação extraterritorial. Em outras pa-
lavras, para discussões relativas a imóveis situados no país, aplica-se a lei brasileira,
mesmo que o proprietário seja estrangeiro.
adequada da norma, quais sejam: a categoria das relações jurídicas (o objeto da discus-
são), o elemento de conexão (lei do local onde se constituiu o objeto) e a lei competen-
te (norma a ser aplicada), cuja análise do juiz deve ser feita nessa ordem.
As discussões que são tratadas pelo Direito Internacional Privado dizem respeito
a relações entre particulares, como contratos, empregos, direito de família e herança,
nacionalidade. Diante disso, é muito importante que seja compreendido o chamado
elemento de conexão, pois esse constitui o centro da demanda e a partir dele é que se
determina a lei aplicável.
1
Discussão acalorada.
É necessário explicar que a nacionalidade pode ocorrer por meio de duas formas,
aquela adquirida pelo nascimento, e que tem caráter sanguíneo, ou seja, pai brasileiro,
filho brasileiro, ou aquela decorrente do local do nascimento, filho de pai brasileiro, nas-
cido no Canadá, terá nacionalidade canadense.
É imperioso frisar que a perda da nacionalidade ocorre por meio de processo judi-
cial, a qual é formalizada por sentença transitada em julgado. Esse caso ocorre por meio
de demanda promovida pelo Ministério Público Federal, a qual é designada como Can-
celamento da Naturalização, sendo que, uma vez perdida a nacionalidade por meio
de processo judicial, não é possível readquiri-la por novo processo de naturalização,
apenas é possível a discussão em juízo.
Além disso, deve ser considerada a situação do estrangeiro no Brasil, a qual pode
se dar por turismo, trabalho ou trânsito. Em todas as situações se faz necessário o visto
de entrada, o qual é imprescindível para o ingresso no território nacional. A Lei 6.815/80
disciplina o visto no Artigo 26.
Art. 26. O visto concedido pela autoridade consular configura mera expectativa de direito, podendo
a entrada, a estada ou o registro do estrangeiro ser obstado ocorrendo qualquer dos casos do artigo
7.º, ou a inconveniência de sua presença no território nacional, a critério do Ministério da Justiça.
§1.º O estrangeiro que se tiver retirado do País sem recolher a multa devida em virtude desta Lei,
Noções gerais de Direito Internacional Privado
não poderá reentrar sem efetuar o seu pagamento, acrescido de correção monetária.
§2.º O impedimento de qualquer dos integrantes da família poderá estender-se a todo o grupo
familiar.
Com relação aos vistos que podem ser concedidos aos estrangeiros, é importante
conhecer cada uma das suas espécies, até mesmo porque cada um possui uma condi-
ção específica.
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Tipos de visto
Visto de trânsito
Está disciplinado no Artigo 8.º da Lei 6.815/80, cuja redação segue.
Art. 8.º O visto de trânsito poderá ser concedido ao estrangeiro que, para atingir o país de destino,
tenha de entrar em território nacional.
§1.º O visto de trânsito é válido para uma estada de até 10 (dez) dias improrrogáveis e uma só
entrada.
§2.° Não se exigirá visto de trânsito ao estrangeiro em viagem contínua, que só se interrompa para
as escalas obrigatórias do meio de transporte utilizado.
Visto de turista
Está disciplinado no Artigo 9.º da Lei 6.815/80, cuja redação segue.
Art. 9.º O visto de turista poderá ser concedido ao estrangeiro que venha ao Brasil em caráter
recreativo ou de visita, assim considerado aquele que não tenha finalidade imigratória, nem intuito
de exercício de atividade remunerada.
Art. 12. O prazo de validade do visto de turista será de até cinco anos, fixado pelo Ministério das
Relações Exteriores, dentro de critérios de reciprocidade, e proporcionará múltiplas entradas no
País, com estadas não excedentes a noventa dias, prorrogáveis por igual período, totalizando o
máximo de cento e oitenta dias por ano.
Temporário ou provisório
Está disciplinado nos artigos 13 e 14 da Lei 6.815/80, cuja redação segue.
Art. 13. O visto temporário poderá ser concedido ao estrangeiro que pretenda vir ao Brasil:
I - em viagem cultural ou em missão de estudos;
Visto permanente
Está disciplinado no Artigo 16 da Lei 6.815/80, cuja redação segue.
Art. 16. O visto permanente poderá ser concedido ao estrangeiro que pretenda se fixar
definitivamente no Brasil.
O visto não será concedido ao estrangeiro se este se enquadrar nas situações pre-
vistas no Artigo 7.º da Lei 6.815/80:
Art. 7.º Não se concederá visto ao estrangeiro:
I - menor de 18 (dezoito) anos, desacompanhado do responsável legal ou sem a sua autorização
Noções gerais de Direito Internacional Privado
expressa;
II - considerado nocivo à ordem pública ou aos interesses nacionais;
III - anteriormente expulso do País, salvo se a expulsão tiver sido revogada;
IV - condenado ou processado em outro país por crime doloso, passível de extradição segundo a
lei brasileira; ou
V - que não satisfaça às condições de saúde estabelecidas pelo Ministério da Saúde.
Processos de saída
Quando o estrangeiro não está devidamente habilitado em território nacional, o
mesmo é submetido ao processo de saída, que poderá ocorrer nas seguintes formas:
Expulsão
Ocorre quando o estrangeiro habilitado no país comete algum ato que seja pre-
judicial aos interesses nacionais.
Extradição
Acontece quando o indivíduo ingressou em território nacional, mas praticou
algum crime em território estrangeiro.
Texto complementar
Contribuiu para o aumento dessa mística o fato de não existirem julgados onde
a matéria fosse apreciada. Ou seja, a questão não era testada em juízo. Assim, os de-
batedores sentiam-se livres para continuar sua discussão, e a matéria cada vez mais
seguia seu rumo próprio e paralelo à realidade econômica.
Entendemos que está na hora de tratar a questão sob esse novo enfoque. A pri-
meira parte deste artigo contém alguns argumentos que justificam nossa interpre-
tação de que as partes têm liberdade para escolher a lei de regência em contratos
internacionais. Já a segunda parte aponta as manifestações do judiciário, legislativo
e executivo que corroboram essa tendência.
Não há por que supor que, contrariando a regra geral de autonomia da vontade
em matéria contratual, as partes fossem impedidas de escolher a lei mais adequa-
da para reger seu contrato internacional. Ao contrário do que afirmam alguns, isso
não representa qualquer ofensa à ordem pública brasileira. Naturalmente, a escolha
da lei aplicável possui limitações, mas a própria lei brasileira se encarrega disso ao
afirmar que não prevalecerão as disposições da lei estrangeira que contrariarem a
ordem pública brasileira, os bons costumes ou a soberania nacional.
terminam tal escolha são igualmente legítimos. Geralmente são escolhidas as leis
consideradas mais sofisticadas para o objeto do contrato, advindas do país onde o
negócio em questão foi mais desenvolvido e, consequentemente, onde a lei pôde
ser refinada e apreciada com maior profundidade ao longo dos anos.
Em resumo, a análise antiquada de uma matéria tão importante como essa não
tem mais cabimento. A interpretação cuidadosa indica que a liberdade de escolha
da lei aplicável é tanto lógica como jurídica. E os exemplos de manifestação esta-
tal, se ainda não têm a força de jurisprudência dos tribunais superiores – até agora
não consolidada –, demonstram de forma inequívoca a tendência de interpretação
caracterizada no corpo deste artigo.
Atividades
Gabarito
1. Não, pois o Direito Internacional Privado trata dos conflitos oriundos das rela-
ções entre particulares, como contratos, empregos, direito de família e herança,
nacionalidade, já o Direito Internacional Público trata dos conflitos entre os Es-
tados, envolvendo, inclusive, organismos internacionais, como a ONU.
Referências
CINTRA, Antônio Félix de Araújo; BERGER, Renato. Lei aplicável: uma questão de esco-
lha . Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 250, 14 mar. 2004. Disponível em: <http://jus2.
uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4942>. Acesso em: 14 set. 2010.
DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado – parte geral. 6. ed. amp. e atual. Rio
de Janeiro; São Paulo: Renovar, 2001.
Princípio da Legalidade
Está disciplinado no Artigo 150, inciso I, da Constituição Federal e possui a seguin-
te redação.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
Esse princípio frisa que não é possível estabelecer tratamento desigual para os
contribuintes, pois todos são considerados iguais perante a lei. Vale ressaltar que a ideia
de tratamento igual está relacionada a minimizar as diferenças entre os contribuintes,
uma vez que alguns podem pagar mais do que outros e não seria isonômico aplicar a
mesma porcentagem para todos indistintamente. Dessa maneira, é possível compre-
ender que o princípio da isonomia tributária resguarda aquele que é mais frágil, a fim
de que não seja refém do sistema arrecadatório. Portanto, a isonomia, nesse caso, não
é absoluta, mas sim relativa.
Esse princípio remete à noção de que o Fisco não está autorizado a criar ou usar o
tributo com fins de apropriar um bem alheio ao seu. Além disso, não é permitido que
o Fisco estabeleça uma porcentagem que inviabilize o pagamento do tributo, a ponto
de ser superior ao valor realmente devido.
guinte redação.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
Imposto
O imposto é uma das espécies de tributos e conceitualmente é considerado como
uma prestação obrigatória que o contribuinte deve realizar ao Estado, uma vez que ele
é exigido pela autoridade competente ao recolhimento, seja pessoa física ou jurídica.
Direito Tributário
Vale salientar que o imposto é relacionado a um fato que dará origem à sua co-
brança. Por exemplo, aquele indivíduo que obteve renda em um ano (situação) está
sujeito ao pagamento do imposto de renda no ano seguinte (imposto relacionado à
situação do ano anterior). O Estado determina a porcentagem a ser arbitrada para o
recolhimento dos impostos, para estabelecer esse parâmetro, o legislador considera a
capacidade contributiva do indivíduo. É necessário lembrar que os impostos são de-
finidos e válidos, sendo excluída a cobrança apenas quando há revogação da norma
que os estabelece.
É importante frisar que o pagamento do imposto é obrigatório por lei e não está
atrelado a uma obrigação de contraprestação do Estado.
Taxa
Direito Tributário
A taxa é um valor que deve ser pago pelo contribuinte em razão dos serviços que
o Estado presta diretamente a ele, ou pelo uso do patrimônio público. A autorização
para a cobrança das taxas está devidamente expressa no Artigo 145, inciso II, da Cons-
tituição Federal, como pode ser observado na transcrição.
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Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
[...]
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de
serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição;
Para que a taxa seja cobrada, é necessário que sejam verificadas duas situações
específicas, quais sejam: a prestação de serviço público e o poder de polícia. Com re-
lação ao primeiro requisito, entende-se que, para a cobrança por um serviço públi-
co, o Estado deve demonstrar que o mesmo é específico e divisível, ou seja, que seja
possível identificar exatamente quanto o contribuinte utilizou do serviço posto à sua
disposição para, a partir disso, ser efetuada a cobrança. Como exemplo, pode ser citada
a taxa para a expedição de certidões junto aos cartórios.
É importante salientar que a taxa não pode ser cobrada em face de uma situa-
ção idêntica à dos impostos, e tampouco sob o valor do capital social das sociedades
empresárias. Frisa-se, a taxa só pode ser cobrada por serviço público prestado e pelo
exercício do poder de polícia.
Contribuições especiais
As contribuições especiais estão disciplinadas no Artigo 195 da Constituição Fe-
deral, sendo consideradas espécies tributárias que representam a intervenção esta-
tal no âmbito particular, com a finalidade de atender o interesse social. Por exemplo,
Direito Tributário
existe a contribuição social previdenciária, a qual é paga pelo empregador sob a folha
de pagamento dos seus empregados. O objetivo dessa contribuição especial é custear
a seguridade social.
Contribuições de melhoria
A contribuição de melhoria é uma espécie de tributo cobrado para melhoria da
comunidade, em razão da realização de obras públicas, já que a sua realização valori-
zará o imóvel do contribuinte. Da mesma forma que os empréstimos compulsórios, a
contribuição de melhoria somente pode ser criada por Lei Complementar, porém, a
contribuição de melhoria pode ser criada pela União, Estados, Distrito Federal e Muni-
cípios. Como a contribuição de melhoria está ligada diretamente a uma contrapresta-
ção realizada a favor do contribuinte, o valor pago a esse título não é ressarcível.
a justificativa de forma clara e não gerando lucro àquele que a propõe. Além disso,
o procedimento deve ser público, a fim de oportunizar o direito de ampla defesa e
devido processo legal ao contribuinte. Em outras palavras, é preciso que seja publicada
A responsabilidade tributária
Como o tributo é uma prestação compulsória, obviamente que o seu não paga-
mento implica a responsabilidade do contribuinte, sendo disciplinada no Artigo 128
ao 138 do Código Tributário Nacional. Segue a transcrição do Artigo 130 do Código
Tributário Nacional, que faz a introdução da matéria.
Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio
útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes
a tais bens, ou a contribuições de melhoria, sub-rogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes,
salvo quando conste do título a prova de sua quitação.
Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo
preço.
Por hasta pública entende-se como sendo a venda de bens do devedor, por ordem
judicial, a qual ocorre por meio de leilão em praça pública, com dia e horário preesta-
belecidos pelo juízo.
Vale destacar que, além do contribuinte direto, ou seja, aquele que é o real deve-
dor do tributo, a legislação estabelece a responsabilidade de terceiros. Os terceiros que
são invocados pela lei para o pagamento do tributo são considerados responsáveis no
lugar do contribuinte direto, assumindo, portanto, as dívidas fiscais quando o contri-
buinte não arca com o pagamento ao Fisco.
1
Cônjuge meeira é a viúva que tem direito à metade do espólio do marido, ou seja, do patrimônio deixado após o falecimento e que será objeto de
inventário.
Responsabilidade pessoal
Os mandatários, gerentes e diretores de empresas que praticarem atos com ex-
cesso de mando, cometam infração legal ou contratual, são responsáveis solidários
pelos débitos fiscais da empresa.
Texto complementar
A 1.ª Seção do Superior Tribunal de Justiça está para uniformizar a sua jurispru-
dência em torno da incidência ou não do ISS sobre os serviços de reboque de em-
barcação à luz do então vigente Decreto-Lei 406, de 31 de dezembro de 1968, subs-
tituído pela atual lei de regência nacional do ISS, Lei Complementar 116/2003, tendo
em vista pronunciamentos díspares da 1.ª e 2.ª Turmas daquele Colendo Tribunal.
obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada
ou revogada”.
Logo, pode haver atracação, sem serviço de reboque. E pode haver serviço de
reboque sem que implique necessariamente atracação da embarcação. Daí tratar-
-se de serviços distintos. É claro que na hipótese de o serviço de reboque funcionar
como meio para execução do serviço de atracação haverá incidência do ISS apenas
pela atividade-fim.
Por expressa disposição constitucional (art. 156, III) só se pode tributar serviços
definidos em lei complementar, isto é, definido em nível de norma geral de aplica-
ção no âmbito nacional.
Direito Tributário
A definição de fato gerador é matéria reservada à lei em sentido estrito. Cada en-
tidade política tributante deve instituir o imposto de sua competência descrevendo o
Não pode haver exigência de tributo por analogia, pois isso importaria na viola-
ção do princípio da legalidade tributária (art. 150, I, da CF, e art. 97, I, do CTN).
Colocada a questão nesses termos, parece não haver dúvida quanto à inexigi-
bilidade do ISS em relação ao serviço de reboque de embarcação à luz do DL 406/68
e da lista anexa à LC 56/87, que antecedeu a atual lista de serviços.
Atividades
Gabarito
Direito Tributário
1. Não, pois o tributo é considerado o gênero do qual o imposto é apenas uma das
espécies. O conceito de tributo está previsto no Artigo 3.º do Código Tributário
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
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Nacional e tem a seguinte redação: “é toda prestação pecuniária compulsória,
em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de
ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa ple-
namente vinculada.” Já o imposto é uma espécie de tributo cuja obrigação se
relaciona a uma situação independente da atividade estatal.
Referências
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário. 3. ed. São Paulo: Lejus, 1998.
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 19. ed. São
Paulo: Malheiros, 2003.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 1995.
Direito Tributário
HARADA, Kiyoshi. ISS: serviço de reboque de embarcação. Jus Navigandi, Teresina, ano
15, n. 2635, 18 set. 2010. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/17429>.
Acesso em: 28 set. 2010.
Sociedade Limitada
A sociedade limitada foi disciplinada no Brasil pelo Decreto 3.708, de 10 de janeiro
de 1919, o qual foi revogado pelo Código Civil brasileiro, e atualmente está regulamen-
tada nos artigos 1.052 até 1.087, dessa norma.
Diante disso, é possível concluir que aquele que participa da sociedade limitada
é considerado sócio-quotista, sendo que os sócios podem efetuar contribuições iguais
ou não, responsabilizando-se pelo montante que pagaram à sociedade. Por exemplo,
João e Maria possuem vontade de abrir uma loja de roupas. Cada um deles dispõe de
dinheiro para investimento, porém, Maria tem R$40.000,00 e João tem R$60.000,00.
Ambos decidem abrir o negócio com o dinheiro que possuem e formam a sociedade
da seguinte maneira.
Proporção do capital
Sócio Valor investido Forma de pagamento social
João R$60.000,00 dinheiro 60%
Maria R$40.000,00 dinheiro 40%
No exemplo, João e Maria são sócios-quotistas, mas como João investiu mais
do que Maria, ele é considerado sócio majoritário. Considerando a mesma situação,
porém imaginando que João não tivesse o valor em dinheiro, mas tivesse um terreno
que valesse R$60.000,00, seria possível ele participar da sociedade com Maria?
Frente a isso, como o capital da sociedade limitada foi pago por João e Maria,
seja em dinheiro ou bem imóvel, cada um definiu a sua responsabilidade perante a
sociedade limitada no ato da constituição. Ao verificar o quadro societário, é possível
perceber que João se responsabiliza por 60% da sociedade e Maria por 40%.
Mas também é preciso considerar outra hipótese, qual seja, a que João não tenha
condições de pagar o capital social no ato da constituição e tampouco tenha bem
Sim, mesmo sem dispor do valor no ato, João poderia se associar a Maria, já que
ele pode subscrever (realizar a promessa) e integralizar o capital social numa data com-
binada com Maria e designada no contrato social (capital social a integralizar). Qual a
consequência para essa situação? Maria ficaria responsável solidariamente pelas obri-
gações de João até o momento em que ele integralizasse totalmente o capital social,
conforme prevê o disposto no Artigo 1.052 do Código Civil brasileiro.
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas,
mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.
E se caso João não pagar o valor combinado com Maria na data estipulada em
contrato, ele será penalizado?
Sim, para o sócio que não cumpre a sua obrigação com a sociedade limitada, no
caso em questão, não integraliza a sua parte do capital social na data e na forma ajusta-
da, ele se torna um sócio remisso, ou seja, inadimplente. Para o sócio remisso, existem
consequências previstas no Artigo 1.058 do Código Civil brasileiro.
Art. 1.058. Não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios podem, sem prejuízo do
disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, excluindo o
primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os juros da mora, as prestações
estabelecidas no contrato mais as despesas.
É evidente que o indivíduo que se obriga a integralizar o capital social num deter-
minado período e não o faz sofrerá implicações jurídicas, especialmente, sua exclusão
da sociedade e, se for o caso, cobrança de eventuais perdas e danos pela não integra-
lização no prazo combinado.
A figura do administrador
Nas sociedades limitadas, a determinação do administrador é obrigatória, a qual
deve ser estipulada pelos sócios no momento da elaboração do contrato social. Caso
Noções gerais de Direito Empresarial
os sócios não determinem expressamente qual dos sócios assumirá a função de admi-
nistrador, o Artigo 1.013 do Código Civil brasileiro traz a seguinte previsão.
Art. 1.013. A administração da sociedade, nada dispondo o contrato social, compete separadamente
a cada um dos sócios.
Dessa forma, é possível perceber que, ao ser definido quem assumirá a gestão da
sociedade limitada, deve estar ciente de que, caso não atenda as expectativas sociais
ou gere prejuízo para terceiros, porque agiu de forma culposa, esse indivíduo será pe-
nalizado, respondendo, inclusive, por perdas e danos a favor das partes lesadas. Assim,
permite-se concluir que a figura do administrador é extremamente relevante para a
sociedade, pois cabe a ele desempenhar a função para que a sociedade limitada atinja
o interesse social, vinculado à circulação de riquezas e obtenção de lucros.
Sociedade Anônima
Noções gerais de Direito Empresarial
Dessa forma, pode ser verificado que aquele que adquire a parcela representativa
do capital social da sociedade anônima é designado acionista, e a sua responsabilida-
de se limita ao valor do preço pelo qual ele adquiriu as ações.
É importante salientar que todas as emissões de novas ações devem ser comu-
nicadas à CVM, até mesmo porque o órgão tem autonomia para não autorizar a emis-
são ou abertura de capital. Além disso, qualquer processo que envolva os acionistas,
Noções gerais de Direito Empresarial
O valor nominal estabelece maior garantia aos investidores, pois a Lei das So-
ciedades Anônimas não autoriza a comercialização de ações por valores inferiores ao
valor de emissão. Dessa forma, considera-se que existe uma margem de segurança
para quem investe no mercado de ações, quando se fixam valores nominais.
Quanto à espécie
Quanto à espécie as sociedades anônimas consideram os direitos e os privilégios
que os acionistas terão na aquisição das ações e, em razão disso, fazem a seguinte
subdivisão.
Ações ordinárias: os acionistas que adquirem essa espécie de ação terão di-
reito de voto nas decisões a serem tomadas nas assembleias gerais, ou seja,
poderão deliberar sobre os destinos da companhia.
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Ações preferenciais: os acionistas que as adquirem terão vantagem na distri-
buição dos lucros, sendo essa definida pelo estatuto social, e de fiscalização da
companhia, mas não terão direito a voto.
Ações de fruição: são espécies de ações que são emitidas aos acionistas an-
tecipando a eles valores que seriam recebidos, caso a companhia entrasse em
processo de liquidação ou para amortização das ações.
Quanto à forma
Quanto à forma, as ações podem ser divididas em duas subespécies.
Escriturais: são as ações que são transferidas por meio de registros junto de
instituições financeiras depositárias, sendo, muitas vezes, mantidas em conta
depósito em nome da instituição designada.
Quanto à classe
Quanto à classe, as ações são divididas considerando os interesses dos acionistas,
os quais são agrupados em classes no ato do ingresso, e são diferenciados por meio de
letras ou números, os quais especificam os seus direitos e restrições.
Assembleia geral
Noções gerais de Direito Empresarial
A partir da escolha dos conselheiros, esses definem os diretores que terão gestão
a ser cumprida por meio de mandato preestabelecido.
Diretoria
É considerada como um órgão de representação legal da companhia. É a diretoria
que executa as deliberações do conselho de administração e da assembleia geral. Vale
esclarecer que a definição das funções da diretoria é estabelecida no estatuto social,
mas a Lei das Sociedades Anônimas prevê que, no mínimo, devem ser designados dois
diretores, com mandatos que não sejam superiores a três anos.
Conselho Fiscal
É o órgão criado com a finalidade de fiscalização das sociedades anônimas, exa-
minando os documentos contábeis e os atos dos acionistas. A sua manifestação deve
ser feita por meio de pareceres destinados ao Conselho de Administração e à Diretoria,
para que esses tomem ciência dos acontecimentos que envolvem a sociedade anôni-
ma. Além disso, é dever do Conselho Fiscal participar da Assembleia Geral de prestação
de contas e opinar sobre os números que são apresentados, inclusive questionando-os
e solicitando eventual auditoria contábil.
Noções gerais de Direito Empresarial
não tem vida longa, uma vez que somente 30% (trinta por cento) delas pas-
sam para a segunda geração e apenas 10% (dez por cento) chegam à tercei-
ra geração, o que parece indicar que o processo de sucessão deve ser um
dos maiores riscos de sobrevivência que enfrenta este tipo de empresa.
Se por um lado não existe uma característica única que defina a empresa
familiar, existe um consenso de que a empresa familiar tem presença im-
portante na economia de qualquer país, como se pode deduzir a partir da
estatística referente à sua presença na economia dos Estados Unidos, onde
95% das empresas são empresas familiares que produzem metade do seu
PIB e que empregam 42% de sua força de trabalho.
Por outro lado, muitas empresas familiares brasileiras estão hoje se associan-
do, algumas pressionadas pelo processo acelerado de globalização e outras,
na busca de sinergia para os seus negócios, visando enfrentar uma concor-
rência cada vez mais acirrada. Outras, por conflitos entre seus familiares, ou
mesmo por falta de competência ou interesse de seus acionistas ou sócios,
Por todas essas razões, muitas empresas familiares brasileiras estão se va-
lendo, mais e mais, de conselhos de administração com a participação de
conselheiros externos.
2. Para ser o administrador de uma sociedade limitada, esta pessoa precisa, neces-
sariamente, ser um dos seus sócios?
Gabarito
2. Não, pois o Código Civil brasileiro permite que um estranho à sociedade seja
designado no contrato social ou em documento separado para executar as fun-
ções de administrador.
Referências
Noções gerais de Direito Empresarial
BRASIL. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 17 out. 2010.
______. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm>. Acesso em:
19 out. 2010.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial, Direito de Empresa. 13. ed. São
Paulo: Saraiva, 2009. v. 2.
Diante disso, é possível afirmar que qualquer indivíduo que se sinta lesado, no to-
cante à questão vinculada ao meio ambiente, pode buscar o amparo da tutela jurisdi-
cional, já que, constitucionalmente, é dever dos entes públicos mantê-lo em harmonia
e em equilíbrio. Para salvaguardar o direito de todos, foi editada a Lei 9.605/98, a qual
trata das sanções penais e administrativas que devem ser aplicadas para as condutas
e as atividades que sejam consideradas lesivas ao meio ambiente. Portanto, a interpre-
tação normativa deve ser realizada conjugando o disposto na Constituição Federal,
Lei 6.938/81 e Lei 9.605/98, a fim de garantir a adequada aplicação legal ao infrator do
ambiente natural.
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Os princípios do Direito Ambiental
O Direito Ambiental é um ramo do Direito que estuda e normatiza o meio am-
biente, visando estabelecer regras para que os indivíduos possam dar cumprimento
e, caso isso não ocorra, sejam sancionados para garantir a proteção da natureza. Para
tanto, cabe conhecer os princípios que embasam a legislação ambiental e que tentam
garantir a harmonia entre o convívio do homem e da natureza.
Princípio da educação
Esse princípio tem como pressuposto garantir ao cidadão as informações neces-
sárias para que o mesmo possa, individualmente, preservar o meio em que vive. A ideia
central da educação não está limitada à educação formal, mas sim à ampla divulga-
ção do conceito meio ambiente e os seus efeitos para a humanidade. Dessa maneira,
além das escolas, outros órgãos também devem preparar os indivíduos para o enfren-
tamento dos danos já causados no ambiente em que se vive, e atenuar os problemas
que advêm desse fato. É importante salientar que a educação pode ser desenvolvida
de várias formas, iniciando-se com as crianças no ambiente familiar até os adultos no
meio corporativo. A concepção do princípio é integrar o tema ao cotidiano do cidadão
para que ele absorva o sentido e a relevância do meio natural e, a partir de então, o
preserve da melhor forma possível.
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
Princípio democrático
O Brasil é um país democrático que assegura aos cidadãos a possibilidade de es-
colha de seus governantes e a participação em atos das políticas públicas. Esse tema,
aliado à questão ambiental, é facilmente identificado quando há audiências públicas
para alguma tomada de decisão. Nesse caso, é convocada a população local para que
participe no assunto e se manifeste de forma positiva ou negativa quanto à possibi-
lidade, por exemplo, de instalação de uma usina termelétrica na região. Mesmo que
as pessoas daquele local não tenham conhecimento técnico para julgar a viabilidade
e danos que possam ser causados pela referida obra, lhes é dada a oportunidade de
manifestação e representação, a qual pode ser realizada também por intermédio de as-
sociações, representantes de classe ou organismos não governamentais. Dessa forma,
pode ser percebido que, mesmo sendo necessária a evolução para que se aplique de
forma mais efetiva esse princípio, o mesmo está presente na discussão ambientalista,
prevendo a interação dos indivíduos com as questões que lhes afetam diretamente.
Princípio da precaução
Para que o meio ambiente seja conservado e esteja em harmonia para recepcio-
nar as futuras gerações, faz-se necessária a precaução das ações humanas, em especial
aquelas que visam a degradação ambiental. Ao longo do tempo, observou-se que o ser
humano interferiu na natureza de forma tão gravosa, a ponto de modificar as condi-
ções climáticas do globo. O efeito estufa nada mais é do que o reflexo da intervenção
equivocada do ser humano no meio ambiente, gerando desequilíbrio e instabilidade,
Noções gerais de Direito Ambiental
a ponto de elevar a temperatura e provocar o degelo das calotas polares. Esse fato é
meramente ilustrativo, a fim de mostrar que é necessário tomar atitudes que sejam
de precaução aos problemas já estabelecidos pelo homem. É salutar avaliar que, por
muitas décadas, o indivíduo está depredando o meio em que vive, e as consequências
dessas ações aparecerão nos próximos anos. Em razão disso, é preciso investir em pes-
quisa e estudos para que sejam minimizados esses efeitos, pois os mesmos aparecerão.
Vale esclarecer que o princípio da precaução é aplicado quando o dano já ocorreu e
necessita de ajuste para que o efeito não tome dimensão sem controle.
Princípio da responsabilidade
Esse princípio estabelece a responsabilidade objetiva para aquele que causar
danos ao meio ambiente. Essa previsão está devidamente expressa no parágrafo 3.º,
do Artigo 225, da Constituição Federal, como se verifica na transcrição que segue.
Art. 225. [...]
[...]
Princípio do equilíbrio
Noções gerais de Direito Ambiental
Esse princípio também é designado como relação custo e benefício, já que devem
ser consideradas todas as intervenções no meio ambiente, e visando solucioná-las por
meio da adoção de medidas que gerem resultados positivos para a coletividade. Em
verdade, esse princípio objetiva avaliar os danos causados ao meio ambiente e com-
pensá-los por meio de ações paliativas. Por exemplo, se haverá o desvio de um rio
para a construção de uma usina, a Administração Pública deverá adotar medidas que
compensem os danos que serão causados tanto para a coletividade, vegetação nativa,
quanto para a população local.
Princípio da cooperação
Esse princípio estabelece que todos os cidadãos devem participar e cooperar
para a manutenção do meio ambiente, construindo valores sólidos que implementem
a conscientização do tema para a população em geral. Deve ser frisado que a partici-
pação da Administração Pública, escolas, entidades não governamentais, entre outros,
são relevantes para que se construa a ideia de cooperação coletiva. Ademais, cabe ao
Estado a obrigação de fiscalizar e punir os indivíduos que descumpram as normas am-
bientais e poluam o meio ambiente.
Princípio da ubiquidade
Esse princípio visa garantir a tutela da qualidade de vida e do meio ambiente, o
qual é adotado de forma conjunta com o princípio da dignidade da pessoa humana
[...]
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
Dessa forma, pode ser percebido que é necessária uma organização interna da
União e dos seus entes para que assumam a responsabilidade no tocante a legislar,
fiscalizar e proteger a natureza, já que é impossível que apenas um deles assuma in-
tegralmente essa função. Vale salientar que, em caso de omissão ou conflitos entre os Noções gerais de Direito Ambiental
entes da União, é possível a criação de leis complementares que assegurarão a prote-
ção ambiental. Essa ideia está devidamente registrada no parágrafo único, do Artigo
23, da Carta Magna1, como se observa na transcrição que segue.
Art. 23. [...]
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar
em âmbito nacional.
1
Constituição Federal de 1988.
Pela redação do Artigo 5.º, inciso LXXIII, da Constituição Federal, é possível con-
cluir que, se um cidadão se sentir lesado porque houve algum dano ao meio ambiente,
lhe é conferido o direito de ingressar em juízo e promover uma demanda para que seja
sanado esse problema. Salienta-se que para ingressar com a ação popular é necessária
a presença de um advogado. O ingresso da ação civil pública se dá pelo Ministério Pú-
blico, o qual se encarrega de dar andamento à demanda que é decorrente de práticas
e atos ilegais dos órgãos públicos da União, Estado e Municípios.
O licenciamento ambiental
É uma regra imposta pelo Poder Público e que deve ser seguida por todos aqueles
que pretendem implementar algum negócio que possa ser nocivo ao meio ambiente.
A fim de preservar e garantir a natureza, foi criado o licenciamento ambiental, o qual é
fixado em etapas a serem cumpridas pelas partes interessadas e devem ser apresenta-
das ao Poder Público para a devida aprovação. É considerado um processo complexo,
eis que exige o cumprimento de várias exigências para que compatibilizem o empre-
endimento e a preservação da natureza. Vale salientar que o licenciamento ambiental
tem caráter preventivo e não punitivo, já que o pressuposto é a preservação do meio
ambiente e não a penalização do empreendedor. O licenciamento ambiental é dividi-
do em três espécies:
Licença prévia
Noções gerais de Direito Ambiental
Licença de operação
É a última licença a ser concedida e ela ocorre para que o interessado possa operar
o seu empreendimento. Isso ocorrerá após a vistoria do Poder Público no local e con-
frontamento com todos os documentos e licenças apresentadas, pois se faz necessária
a verificação do cumprimento dos termos apresentados para a Administração Pública
antes da devida liberação.
2
Penalizadas.
A lei da natureza
(ARAÚJO, 2010)
A natureza é sábia.
Às vezes, nesse confronto, o homem extrapola seus poderes e ela cala. Noutras,
volta-se, numa autodefesa, e remonta seu império sobre a obra humana, tornando a
ocupar seu espaço e sua importância.
Mais uma vez nos valemos das informações da própria natureza para entender
como isso se processa. Assim como o filho traz as características genéticas dos pais, Noções gerais de Direito Ambiental
as leis refletem as características do tempo/espaço em que são produzidas.
E vai ainda mais longe: protege os rios, as matas, o ar, as montanhas, as aves, os
animais, os peixes, o planeta!
Atividades
3. Apenas a pessoa física responde pelos crimes cometidos em face do meio am-
biente?
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Gabarito
1. Por mais que a prevenção esteja associada à precaução, os princípios não são
os mesmos, pois a precaução atua no dano já evidenciado, e a prevenção visa
evitar o dano.
Referências
BRASIL. Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm>. Acesso em: 18 nov.
2010.
______. Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e ad-
ministrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm>. Acesso
Noções gerais de Direito Ambiental
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2001.
FREITAS, Vladimir Passos de. A Constituição Federal e a Efetividade das Normas Am-
bientais. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 9. ed. [S.L.]: Malheiros,
2001.
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