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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Referência: GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela inquisição. São
Paulo: Companhia das Letras, 1987.
Palavras-chave: Cosmogonia, cultura oral, Igreja Católica, cultura escrita, inquisição, tolerância;
Sinopse:
A obra de Ginzburg traz uma grande contribuição historiográfica, pois trata de temas que não deixam de ser atuais e que
produzem reflexões importantes sobre culturas popular e erudita, religião, costumes, etc. Menocchio, moleiro, camponês e
tocador de violão nos festejos, passou por dois processos inquisitórios, tinha suas ideias ditas heréticas pela convivência com
a religiosidade não oficial da cultura camponesa e que tomado por esta cultura oral suas leituras (algumas delas proibidas)
eram potencializadas de imaginação e pensamentos que afrontavam as doutrinas estabelecidas pela Igreja Católica. A
preocupação do historiador foi reconstruir a cosmogonia do moleiro.
Ideias-chave:
Ginzburg, historiador, especialista em micro-história;
Um moleiro perseguido pela Inquisição – Domenico Scandella (Menocchio);
Cultura popular e erudita da época – cultura oral e cultura escrita;
Menocchio retirava do que lia apenas o que interessava para sustentar suas ideias;
Fundamentava grande parte de suas críticas em cima da Igreja;
Ele foi denunciado e acusado de herege por espalhar sua tese de cosmogonia;
Circularidade.
Citações:
Vai um pouco mais além ao afirmar que além de complexa é “[...] impossível de demonstrar. O estado da
documentação reflete, óbvio, o estado das relações de força entre as classes. Uma cultura quase exclusivamente oral como
a das classes subalternas da Europa pré-industrial tende a não deixar pistas, ou então deixar pistas distorcidas”. Por isso vai
dizer que o caso Menocchio é importante, pois escancara “[...] as raízes populares de grande parte da alta cultura européia,
medieval e pós-medieval. [...] Todavia, fecharam uma época caracterizada pela presença de fecundas trocas subterrâneas,
em ambas direções, entre a alta cultura e a cultura popular. [...]” (p. 230)
Desse modo, [Menocchio] viveu pessoalmente o salto histórico de peso incalculável que separa a linguagem
gesticulada, murmurada, gritada, da cultura oral, da linguagem da cultura escrita, desprovida de entonação e cristalizada
nas páginas dos livros. Uma é como um prolongamento do corpo; a outra é 'coisa da mente'. A vitória da cultura escrita
sobre a oral foi, acima de tudo, a vitória da abstração sobre o empirismo. Na possibilidade de emancipar-se das situações
particulares está a raiz do eixo que sempre ligou de modo inextricável escritura e poder... Compreendia que a escritura e a
capacidade de dominar e transmitir a cultura escrita eram fontes de poder... (p. 104-105)