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DIREITO ADMINISTRATIVO

ATOS ADMINISTRATIVOS
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SUMÁRIO

1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................................ 3


2. ELEMENTOS OU REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO ............................................................... 4
2.1. Competência .......................................................................................................................... 4
2.2. Forma..................................................................................................................................... 6
2.3. Motivo ................................................................................................................................... 8
2.4. Objeto .................................................................................................................................. 10
2.5. Finalidade ............................................................................................................................ 10
3. VINCULAÇÃO X DISCRICIONARIEDADE ......................................................................................... 11
4. ATRIBUTOS (CARACTERÍSTICAS) .................................................................................................. 13
4.1. Presunção de legitimidade .................................................................................................... 14
4.2. Autoexecutoriedade ............................................................................................................. 14
4.3. Imperativo ........................................................................................................................... 15
4.4. Tipicidade............................................................................................................................. 15
5. CLASSIFICAÇÃO ........................................................................................................................... 16
5.1. Quanto aos destinatários ...................................................................................................... 16
5.2. Quanto ao alcance ................................................................................................................ 16
5.3. Quanto ao grau de liberdade ................................................................................................ 17
5.4. Quanto à formação:.............................................................................................................. 17
6. MODALIDADES OU CLASSIFICAÇÃO QUANTO AOS EFEITOS ......................................................... 18
7. VALIDADE/EFEITOS DOS ATOS .................................................................................................... 19
8. EFEITOS ...................................................................................................................................... 20
9. EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO ......................................................................................... 20
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO ................................................................................... 24
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ............................................................................................................... 24
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ATUALIZADO EM 22/05/20171

ATOS ADMINISTRATIVOS

1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Fato nada mais é que um acontecimento. Fato jurídico é o acontecimento que produz efeitos na
órbita jurídica. Se atingir dentro do mundo jurídico, especificamente, a fatia do direito administrativo,
será fato administrativo. Ex.: morte – abertura da sucessão. É um fato jurídico. Ex.: morte de servidos
público – vacância. É fato jurídico administrativo. Fato é diferente de ato. Ato é uma manifestação de
vontade. Se a manifestação de vontade atingir a órbita do direito, será ato jurídico. Se atingir a fatia do
direito administrativo – ato administrativo. O silêncio é considerado fato jurídico administrativo – não
há manifestação de vontade, mas pode produzir efeitos.
ATOS ADMINISTRATIVOS são espécies do gênero “atos jurídicos”, porque são manifestações
humanas, voluntárias, unilaterais e destinadas diretamente à produção de efeitos jurídicos. O que os
peculiariza no âmbito do gênero “atos jurídicos” é o fato de serem manifestações ou declarações da
administração pública, agindo nesta qualidade, ou de particulares investidos em funções públicas, que
estejam exercendo prerrogativas públicas. O fato de serem praticados no exercício de atribuições
públicas faz com que sejam os atos administrativos submetidos a regime de direito público.

1. É a manifestação de vontade do Estado ou de quem o represente. Ex.: concessionária.


2. Vai criar, modificar ou extinguir direitos, tendo por objetivo satisfazer o interesse público.
3. Regime jurídico público.
4. É complementar e inferior à lei.
5. Sujeito a controle de legalidade.

Obs.: Ato da administração: A doutrina costuma utilizar a expressão “ATOS DA ADMINISTRAÇÃO” para
se referir aos atos que a administração pública pratica quando está despida de prerrogativas públicas,
quando está atuando em igualdade jurídica com os particulares, o que decorre, por exemplo, quando

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo
(setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura
identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o
número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca
do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos
anteriormente citados.
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ela atua como agente econômico. Os “atos da administração” são regidos predominantemente pelo
direito privado.

2. ELEMENTOS OU REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO

A doutrina majoritária toma como base a Lei de Ação Popular (4717/65).

#DIVERGÊNCIA: Celso Antônio diz que os elementos do ato não podem ser organizados dessa maneira.
Para ele os atos administrativos contam com duas exigências: elementos existência (condição para
existir ato jurídico. Ex. manifestação de vontade) e pressupostos, que se dividem em pressupostos de
existência – conteúdo, forma e pertinência administrativa – o ato será inexistente se faltar algum
(condição para existir ato administrativo e não apenas jurídicos como eram os elementos. Ex.: ter um
assunto de direito adm.) e pressupostos de validade (condição para sua validade. Ex: formalidade).

Vamos estudar com base na doutrina majoritária:

2.1. Competência

Alguns autores chamam de sujeito. Chamemos de sujeito competente. O sujeito do ato


administrativo nada mais é que o agente público. Agente público é todo aquele que exerce função
pública, de forma temporária ou permanente, remunerada ou não. Os critérios definidores da
competência: matéria; território; grau hierárquico; tempo (até criar um órgão competente).

 A competência administrativa está prevista na lei ou na CF (princípio da legalidade).


 De exercício obrigatório. É um dever
 Irrenunciável.
 Imodificável
 Não admite transação. Inderrogável – não se transfere por acordo entre as partes.
 Não admite prorrogação, como ocorre no processo civil, em razão do interesse público.
 Imprescritível. Durante dez anos não houve infração funcional, e a autoridade competente não
exercitou sua competência. Ele não deixa de ser competente.
 Delegação e avocação – são excepcionais e motivadas. Art. 11 a 15 da Lei 9784/99. Não pode ser
objeto de delegação: competência exclusiva; decisão de recurso administrativo; competência
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normativa. Obs.: delegação/avocação. Delegação: não perde a competência; continua
competente de forma concorrente. Delega para subordinado ou de mesma hierarquia. É
temporária, mas por tempo determinado. Agente delegado responde pelo ato. Avocação: retirar
competência dada por lei de subordinado. Temporária e por tempo determinado. Excepcional e
motivada. Ex. avocação de processos administrativos pelo CNJ.

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como
própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte
da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos
colegiados aos respectivos presidentes.

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:


I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do
delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de
exercício da atribuição delegada.
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-
se-ão editadas pelo delegado.

Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a
avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

#ATENÇÃO
A transferência da execução do serviço público pode ser feita por OUTORGA ou por DELEGAÇÃO.
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 OUTORGA: implica na transferência da própria titularidade do serviço.
o Quando, por exemplo, a União cria uma Autarquia e transfere para esta a titularidade de
um serviço público, não transfere apenas a execução. Não pode mais a União retomar
esse serviço, a não ser por lei. Faz-se através de lei e só pode ser retirada através de lei.
o Outorga significa, portanto, a transferência da própria titularidade do serviço da pessoa
política para a pessoa administrativa, que desenvolve o serviço em seu próprio nome e
não no de quem transferiu. É sempre feita por lei e somente por outra lei pode ser
mudada ou retirada.
 DELEGAÇÃO: implica na mera transferência da execução do serviço. Realiza-se por ato ou
contrato administrativo. São as concessões e permissões do serviço público.

#APROFUNDAMENTO – EXCESSO DE PODER, FUNÇÃO DE FATO E USURPAÇÃO DE FUNÇÃO


Ocorre EXCESSO DE PODER quando o agente público atua fora ou além de sua esfera de
competência, estabelecida em lei. O excesso de poder é uma das modalidades de “abuso de poder” (a
outra modalidade é o desvio de poder, que corresponde a vício no elemento finalidade dos atos
administrativos).
O VÍCIO DE COMPETÊNCIA (excesso e poder), entretanto, nem sempre obriga a anulação do ato.
O vício de competência admite convalidação, salvo se se tratar de competência em razão da matéria ou
de competência exclusiva.
A USURPAÇÃO DE FUNÇÃO é crime, e o usurpador é alguém que não foi por nenhuma forma
investido em cargo, emprego ou função pública; não tem nenhuma espécie de relação jurídica funcional
com a administração.
Diferentemente, ocorre a denominada FUNÇÃO DE FATO quando a pessoa foi investida no cargo,
no emprego público ou na função pública, mas há alguma ilegalidade em sua investidura ou algum
impedimento legal para a prática do ato. Ex. Servidor que continua em exercício após a idade limite para
aposentadoria compulsória.
Na hipótese de função de fato, em virtude da “teoria da aparência” (a situação tem aparência de
legalidade), o ato é considerado válido, ou, pelo menos, são considerados válidos os efeitos por ele
produzidos ou dele decorrentes. Na hipótese de usurpação de função, a maioria da doutrina considera
o ato inexistente.

2.2. Forma
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A FORMA é o modo de exteriorização do ato administrativo. Todo ato administrativo é, em
princípio, formal, e a forma exigida pela lei quase sempre é a escrita (no caso dos atos praticados no
âmbito do processo administrativo federal, a forma é sempre e obrigatoriamente a escrita).
Existem, porém, atos administrativos não escritos, ex. ordens verbais do superior ao seu
subordinado; gestos, apitos e sinais luminosos no trânsito, etc. A doutrina tradicional costumava
classificar a forma dos atos administrativos como um elemento vinculado. Atualmente, esse tema é
controverso.
 O Estado precisa exteriorizar a vontade
 Atender às formalidades específicas. Aqui vigora o princípio da solenidade, ou seja, a regra é de
que o ato seja praticado por escrito, registrado e publicado (eficácia). É nulo e de nenhum efeito
o contrato verbal, salvo de pronta entrega, pronto pagamento e até 4 mil reais (art. 60 8666).
Está sujeito a penalidades específicas.
 O silêncio administrativo é nada jurídico, salvo no caso em que se a lei determinar algum efeito
ao silêncio. É possível controle pelo Pode Judiciário. E cabe MS – direito líquido e certo de petição
(direito de pedir e de obter a resposta). O Poder Judiciário irá estabelecer medida de coerção,
mas não pode substituir a vontade do administrador, resolvendo a questão, segundo
entendimento dominante. Celso diz que se for ato de mera conferência de requisitos de ato
estritamente vinculado, o juiz poderia resolver a questão, substituindo a atuação do
administrador. Carvalho – silêncio é fato administrativo. 1. Silêncio com consequência prevista
em lei – anuência ou negação. Se for negação, o administrado pode postular a invalidação do ato
por eventual vício (decisão desconstitutiva). 2. Silêncio sem consequência prevista – administrado
pode requerer o pronunciamento da Adm. com base no direito de petição. (Decisão
mandamental. Não podendo o judiciário adentrar ao mérito administrativo). Obs. Pode haver
reclamação em face de omissão, obedecido ao esgotamento da via administrativa.
 Processo administrativo prévio. Fundamental justificar. Modelo constitucional (ampla defesa +
contraditório).
 Motivação: Dever de motivar os atos. Fundamentar. É o raciocínio lógico entre os elementos e a
previsão legal. É diferente do motivo (fato + fundamento jurídico). A motivação vai além. A
motivação é obrigatória? SIM, e deve ocorrer antes ou durante a prática do ato. José dos Santos
tem posição minoritária, em que defende que a motivação é facultativa, sendo obrigatória em
algumas situações. Ele diz que o art. 93, CF diz que os atos administrativos do poder Judiciário
devem ser motivados. Se o nosso constituinte diz que os atos administrativos do Judiciário devem
ser motivados, é porque os atos de outros poderes não precisam ser. Art. 50 da Lei 9784/99 diz
que a motivação é obrigatória nos seguintes atos... e traz uma lista. Já a maioria dos autores
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dizem que a motivação é obrigatória como regra e o fundamento está no art. 1º CF – direito à
cidadania e poder emana do povo. É justo que o titular do poder tenha consciência do que os
seus representantes estão praticando? Claro. Além disso, na forma do art. 5ª, XXXV, a motivação
é necessária para que possa ocorrer o controle judicial. Art. 5ª, XXXIII – motivação é garantia de
informação. Art. 93, X, CF - atos administrativos do Judiciário foram enfatizados por serem
função atípica. E art. 50 9784/99 – o rol é amplo, de forma que abarca tudo, sendo, portanto,
regra. Mais informações fl. 114.

#Vício de forma:
a) Defeito = mera irregularidade. É um vício de padronização. Ex.: tudo de caneta azul. De caneta
preta é inválido? Não. Esse tipo de vício não compromete a validade do ato.
b) Vício sanável = anulável. Admite convalidação. Anulável.
c) Vício insanável. Não admite convalidação. Nulo.

2.3. Motivo

MOTIVO é a causa imediata do ato administrativo. É a situação de fato e de direito que determina
ou autoriza a prática do ato, ou, em outras palavras, o pressuposto fático e jurídico (ou normativo) que
enseja a prática do ato. A doutrina, por vezes, usa o vocábulo “causa” para aludir ao elemento motivo.
Os atos administrativos são praticados quando ocorre a coincidência, ou subsunção, entre uma situação
de fato e uma hipótese descrita em norma legal.
 Legalidade do motivo: a) materialidade: ser motivo verdadeiro. Ocasiona a ilegalidade do ato. b)
motivo alegado deve ser compatível com motivo legal. Demissão aplicada para infração leve. A
lei determina o motivo para a demissão. Não posso ir de encontro a esse motivo estabelecido.
Ex. remoção por falta disciplinar – não é possível, apenas no MP ou JF. c) motivo declarado deve
ser compatível com o resultado do ato
 Teoria dos motivos determinantes. O administrador está vinculado ao motivo declarado, que
deve ser cumprido, mesmo no caso de exoneração ad nutum. Mesmo que o ato não necessite
de ser motivado, caso a administração motive esse ato, este ficará sujeito à verificação da
existência e da adequação do motivo exposto. Não precisa de motivação, mas se ela for dada,
vincula o administrador. Motivo ilegal viola a Teoria dos motivos determinantes. O motivo ilegal
não pode vincular. Obs. Tredestinação é uma mudança de motivo permitida pelo ordenamento.
É lícita quando a desapropriação tem sua mudança de motivo realizada, em razão da
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manutenção do interesse público. ex. desapropriei para construir um hospital, mas acabo
construindo uma escola.

Obs.: congruência entre o motivo e o objeto do ato. Proporcionalidade. Revogar várias autorizações de
porte de arma, porque uma pessoa matou outra. Não é razoável.

#APROFUNDAMENTO – Vícios do Motivo


O vício de motivo sempre acarretará a nulidade do ato. Duas variantes do vício de motivo:
a) Motivo inexistente: Melhor seria dizer fato inexistente. Nesses casos, a norma prevê: somente
quando presente o fato “x” deve-se praticar o ato “y”. Se o ato “y” é praticado sem que tenha ocorrido
o fato “x”, o ato é viciado por inexistência material do motivo.
b) Motivo ilegítimo (ou juridicamente inadequado): Nessas hipóteses, existe uma norma que prevê:
somente quando presente o fato “x” deve-se praticar o fato “y”. A administração, diante do fato “z”,
enquadra-o erroneamente na hipótese legal, e pratica o ato “y”. Há incongruência entre o fato e a
norma. A diferença dessa situação para a anterior é que, na anterior, não havia fato algum.
De acordo com Ricardo Alexandre, o vício de motivo ocorre nas seguintes situações:
a) quando o motivo é inexistente;
b) quando o motivo é falso;
c) quando o motivo é inadequado (incongruência entre o motivo e o resultado do ato).
A título de exemplo, se a Administração anula uma licitação fundamentando tal providência em
irregularidade que não se verificou no mundo concreto, o motivo é inexistente. Se havia uma
irregularidade diversa daquela mencionada no ato, o motivo era falso. Por fim, se havia apenas uma
pequena falha na licitação, insuficiente para determinar a sua anulação, diz-se que o motivo era
inadequado para a edição do ato.

#NÃOCONFUNDIR:
 Não confundir motivo com motivação, pois esta é a exposição dos motivos. Motivação é
dispensável em alguns atos (ex.: exoneração do comissionado – ad nutum).
 Móvel: é a real vontade do Administrador, aquilo que ele sinceramente buscou.
 Mesmo que a motivação seja dispensável, no momento em que é feita, passa a integrar o ato
administrativo. Assim, se a motivação for falsa ou viciada, também será viciado o ato: é a teoria
dos motivos determinantes.
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o Não se decreta a invalidade de um ato administrativo quando apenas um, entre os
motivos determinantes, não está adequado à realidade fática (os demais motivos
sustentam o ato).
 Motivação “aliunde”: ocorre todas as vezes que a motivação do ato remete à motivação de ato
anterior que o ensejou. Ex.: anular um contrato com base na motivação esposada em
determinado parecer.

2.4. Objeto

O OBJETO é o próprio conteúdo material do ato. O objeto do ato administrativo identifica-se com
o seu conteúdo, por meio do qual a administração manifesta sua vontade, ou atesta simplesmente
situações preexistentes. Pode-se dizer que o objeto do ato administrativo é a própria alteração no
mundo jurídico que o ato provoca, é o efeito jurídico imediato que o ato produz.
Assim, é objeto do ato de concessão de uma licença a própria concessão da licença. Nos atos
vinculados, a um motivo corresponde um único objeto; verificado o motivo, a prática do ato (com aquele
conteúdo estabelecido na lei) é obrigatória.
Nos atos discricionários, há liberdade de valoração do motivo e, como resultado, escolha do
objeto, dentre os possíveis, autorizados na lei; o ato só será praticado se e quando a administração
considerá-lo oportuno e conveniente, e com o conteúdo escolhido pela administração, nos limites da
lei.
Deve ser:
 Lícito: previsto/autorizado por lei
 Possível: material e juridicamente. Ex. promoção de servidor falecido – impossível. Só o militar.
 Determinado ou determinável.

2.5. Finalidade

A FINALIDADE é estudada, também, não apenas como elemento dos atos administrativos, mas
também como uma das facetas (a mais tradicionalmente comentada) do princípio da impessoalidade.
Os estudos obviamente se sobrepõem; afinal, a finalidade como princípio de atuação da administração
pública é a mesma finalidade descrita como elemento ou requisito dos atos administrativos.
A finalidade é um elemento sempre vinculado. Nunca é o agente público quem determina a
finalidade a ser perseguida em sua atuação, mas sim a lei.
Podemos identificar nos atos administrativos:
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a) Uma finalidade geral ou mediata, que é sempre a mesma, expressa ou implicitamente
estabelecida na lei: a satisfação do interesse público;
b) Uma finalidade específica, imediata, que é o objetivo direto, o resultado específico a ser
alcançado, previsto na lei, e que deve determinar a prática do ato. Assim, a finalidade específica
de uma multa de trânsito é punir um infrator, sendo lídimo imaginar que tal punição desestimula
as infrações, colaborando com a melhoria do trânsito e, por conseguinte, com a finalidade geral
que é o bem comum (interesse público).

#APROFUNDAMENTO – Desvio de Finalidade


O desatendimento a qualquer das finalidades de um ato administrativo – geral ou específica –
configura vício insanável, com a obrigatória anulação do ato. O vício de finalidade é denominado pela
doutrina como DESVIO DE PODER (ou desvio de finalidade) e constitui uma das modalidades do
denominado abuso de poder (a outra é o excesso de poder, vício relacionado à competência).
Conforme seja desatendida a finalidade geral ou específica, temos duas espécies de desvio de poder:
a) O agente busca uma finalidade alheia ou contrária ao interesse público (ex. um ato praticado
com o fim exclusivo de favorecer ou prejudicar alguém);
b) O agente pratica um ato condizente com o interesse público, mas a lei não prevê aquela
finalidade específica para o tipo de ato praticado (ex. a remoção de ofício de um servidor, a fim
de puni-lo por indisciplina; será desvio de finalidade, ainda que a localidade para a qual ele foi
removido necessitasse realmente de pessoal; isso porque o ato de remoção, nos termos da lei,
não pode ter o fim de punir, mas, unicamente, o de adequar o nº de agentes de determinado
cargo às necessidades de pessoal das diferentes unidades administrativas em que esses agentes
estejam lotados).
Seja qual for o caso, o vício de finalidade não pode ser convalidado, e o ato que o contenha é
SEMPRE NULO!

3. VINCULAÇÃO X DISCRICIONARIEDADE

ATOS VINCULADOS são os que a administração pratica sem margem alguma de liberdade de
decisão, pois a lei previamente determinou o único comportamento possível a ser obrigatoriamente
adotado sempre que se configure a situação objetiva descrita em lei. Não cabe ao agente público
apreciar a oportunidade ou conveniência administrativas quanto a edição do ato. Uma vez atendidas as
condições legais, o ato tem que ser praticado, invariavelmente.
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Temos um ato vinculado quando a lei faz corresponder a um motivo objetivamente determinado
uma única e obrigatória atuação administrativa. Ex.: concessão de licença-paternidade.
ATOS DISCRICIONÁRIOS são aqueles que a administração pode praticar com certa liberdade de
escolha, nos termos e limites da lei, quanto ao seu conteúdo, seu modo de realização, sua oportunidade
e sua conveniência administrativa. Essa é a definição tradicional.
Enquanto o agente público está rigidamente adstrito a lei quanto a todos os elementos de um
ato vinculado (competência, finalidade, forma, motivo e objeto), ao praticar um ato discricionário possui
ele certa liberdade (dentro dos limites da lei) quanto a valoração dos motivos e escolha do objeto
(conteúdo), segundo os seus privativos critérios de oportunidade e conveniência administrativa.

#APROFUNDAMENTO: A doutrina tradicional só reconhece a existência de discricionariedade quando a


lei explicitamente a confere. A doutrina mais moderna, entretanto, reconhece a existência de
discricionariedade nesses casos e, também, quando a lei usa CONCEITOS JURÍDICOS INDETERMINADOS
na descrição do motivo que enseja a prática do ato. Portanto, segundo essa corrente, atualmente
dominante, a discricionariedade existe:
a) Quando a LEI expressamente dá à administração liberdade para atuar dentro de limites bem definidos;
Ex. licença para tratar de interesses particulares (art. 91, Lei 8.112/90) – esse é um ato previsto em lei,
mas sempre fica a critério da administração conceder ou não.
b) Quando a lei emprega conceitos jurídicos indeterminados – tais como “boa-fé”, “conduta
escandalosa”, “moralidade pública” – na descrição do motivo determinante da prática de um ato
administrativo e, no caso concreto, a administração se depara com uma situação em que não existe
possibilidade de afirmar, com certeza, se o fato está ou não abrangido pelo conteúdo da norma; nessas
situações, a administração, conforme o seu juízo privativo de oportunidade e conveniência
administrativa, tendo em conta o interesse público, decidirá se considera, ou não, que o fato está
enquadrado no conteúdo do conceito jurídico indeterminado empregado no antecedente da norma e,
conforme essa decisão, praticará, ou não, o ato previsto no respectivo consequente; o P. Judiciário não
pode substituir a administração nesse juízo de valor (porque se trata de mérito administrativo).

Obs. Celso Antônio diz que a forma e a finalidade podem ser elementos discricionário, mediante
autorização legal, quando a lei der opções. O art. 62 da lei 8666 é um exemplo. Art. 62. O instrumento
de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e de tomada de preços, bem como nas dispensas e
inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitação,
e facultativo nos demais em que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais
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como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de
serviço.

Elementos Ato Vinculado Ato Discricionário


Competência Vinculado Vinculado
Finalidade Vinculado Vinculado
Forma Vinculado Vinculado
Motivo Vinculado Discricionário
Mérito
Objeto Vinculado Discricionário

Obs.: O mérito administrativo consiste, conforme Hely Lopes “na valoração dos motivos e na escolha
do objeto do ato, feitas pela Administração incumbida de sua prática, quando autorizada a decidir sobre
a conveniência, oportunidade e justiça do ato a realizar”.
 A conveniência e a oportunidade somente podem ser revistas pelo Judiciário se ferirem o
princípio da razoabilidade e proporcionalidade, no controle de juridicidade (STJ). Isso porque, no
caso dos atos discricionários, o legislador entende que o administrador é quem tem melhores
condições de avaliar os aspectos envolvidos na situação concreta e decidir pela atuação mais
satisfatória ao interesse público. Nesse sentido, o controle de juridicidade vai implicar na
nulidade do ato, e não em sua revogação (só a Administração revoga).

#NÃOCONFUNDIR: o ato praticado sem a motivação devida contém um vício no elemento forma. Com
efeito, devem ser analisadas duas hipóteses diversas, a saber:
 O ato administrativo foi praticado com a devida motivação, no entanto, os motivos apresentados
são falsos ou não encontram correspondência com a justificativa legal para a prática da conduta.
Nestes casos, pode-se definir que o ato é viciado, por ilegalidade no elemento motivo.
 O ato é praticado em decorrência de situação fática verdadeira e revista em lei como ensejadora
da conduta estatal, todavia, o administrador público não realizou a motivação do ato,
apresentado as razões que justificaram sua edição. Trata-se de ato com vício no elemento forma.

4. ATRIBUTOS (CARACTERÍSTICAS)

Presunção de Legitimidade
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Autoexecutoriedade
Tipicidade
Imperatividade

#DICA: dois deles começam com CONSOANTE e dois deles começam com VOGAIS.
"Todos" - Começa com CONSOANTE.
"Alguns" - Começa com VOGAL.

4.1. Presunção de legitimidade

(Presunção de legitimidade + presunção de legalidade + presunção de veracidade).

São presumidamente legítimos, legais, verdadeiros. Presunção é relativa (juris tantum). O ônus
da prova cabe a quem alega. A consequência prática é a aplicação imediata do ato. Tem como
consequência a própria autoexecutoriedade.

Obs.: A presunção de legitimidade diz respeito à conformidade do ato com a lei; em decorrência desse
atributo, presume-se, até prova em contrário, que os atos administrativos foram emitidos com
observância na lei. A presunção de veracidade diz respeito aos fatos; em decorrência desse atributo,
presumem-se verdadeiros os fatos alegados pela Adm.

A presunção de legitimidade autoriza a imediata execução ou operatividade dos atos administrativos,


mesmo que arguidos de vícios ou defeitos que os levem à invalidade.

4.2. Autoexecutoriedade

Não é necessário o controle prévio do judiciário para praticar o ato. CF /88 restringe o seu alcance
ao prestigiar o contraditório e a ampla defesa. A tutela preventiva ou cautelar judicial pode suspender a
eficácia do ato administrativo. Hoje se divide em dois enfoques diferentes:

(1) Exigibilidade – decidir sem o Poder Judiciário. Poder de coerção indireto. Ex. fechar estabelecimento,
embargar obra. Todo ato administrativo tem esse atributo.
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(2) Executoriedade – executar sem a intervenção do PJ. Está presente em situações autorizadas por lei
e situações de urgência. Nem todo ato tem executoriedade (ex. sanção pecuniária e desapropriação). O
ato tem de atender a formalidade de toda forma.
 Autoexecutoriedade e princípio da legalidade objetiva: "Segundo o princípio da legalidade
objetiva, a autoridade administrativa deve aplicar a lei de ofício, cumprindo-a ou fazendo cumpri-
la, de modo objetivo e desinteressadamente, agindo em prol do interesse público, em
detrimento de qualquer direito subjetivo ou interesse próprio.".
 Para o ato ser autoexecutório precisa de previsão legal OU ser uma medida urgente.

Ela só é possível:
1. Quando expressamente prevista em lei. Em matéria de contrato, por exemplo, a Administração
Pública dispõe de várias medidas autoexecutórias, como a retenção da caução, a utilização dos
equipamentos e instalações do contratado para dar continuidade à execução do contrato, a encampação
etc; também em matéria de polícia administrativa, a lei prevê medidas autoexecutórias, como a
apreensão de mercadorias, o fechamento de casas noturnas, a cassação de licença para dirigir;

2. Quando se trata de medida urgente que, caso não adotada de imediato, possa ocasionar prejuízo
maior para o interesse público; isso acontece, também, no âmbito da polícia administrativa, podendo-
se citar, como exemplo, a demolição de prédio que ameaça ruir, o internamento de pessoa com doença
contagiosa, a dissolução de reunião que ponha em risco a segurança de pessoas e coisas.

4.3. Imperativo

São obrigatórios, coercitivos, cogentes. Todo ato administrativo goza de imperatividade? Falso.
Está presente apenas em atos administrativos que impõem obrigações. Ex. no ato enunciativo não há
imperatividade.
 Poder extroverso = imperatividade.

4.4. Tipicidade

O ato corresponde a uma figura definida, determinada.

#APROFUNDAMENTO #OUSESABER: Aplica-se o venire contra factum proprium aos atos da


Administração? Quais são os requisitos?
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Primeiramente, há se destacar que se aplica o princípio venire contra factum proprium contra os atos da
Administração Pública, pois a boa-fé objetiva irradia seus efeitos para todo o ordenamento jurídico. É
esse, inclusive, o entendimento do STJ, consoante divulgado no julgado do RMS 20572/DF, de Rel. Min
Laurita Vaz.
Consoante Rafael Carvalho, possui 3 requisitos: a) identidade subjetiva e objetiva: o ato anterior e o
ato posterior emanam da mesma Administração e são produzidos no âmbito da mesma relação jurídica;
b) a conduta anterior é válida e unívoca: capaz de gerar a confiança (expectativa legítima) na outra parte
da relação jurídica; e c) atuação contraditória: incompatibilidade do ato posterior com o ato anterior. É
possível mencionar alguns exemplos de aplicação da teoria dos atos próprios no Direito Administrativo:
nulidade da imposição de multa de trânsito por irregularidade no veículo, constatada em fiscalização
realizada pela Secretaria de Trânsito na saída do pátio de DETRAN, logo depois de o veículo ser vistoriado
e devidamente licenciado; imposição ao Município de proceder ao loteamento dos imóveis alienados
pelo próprio Ente municipal aos particulares, sendo descabida a pretensão de anulação dos contratos
de compra e venda.

5. CLASSIFICAÇÃO

5.1. Quanto aos destinatários

a) atos gerais – são atos abstratos, impessoais. Atingem a coletividade como um todo. Atos com
finalidade normativa. Prevalecem sobre os atos individuais. Ex. regulamentos, instruções normativas.

b) atos individuais – atos especiais. São atos que se dirigem a destinatários determinados. Pode ser ato
individual singular (único destinatário) ou plúrimo (múltiplos destinatários).

5.2. Quanto ao alcance

a) internos – produzem efeitos dentro da Administração. Independem de publicação oficial; basta


comunicação interna. Ex. instruções de serviços.

b) externos - produzem efeitos para fora da Adm. Dependem de publicação no diário oficial.
17
5.3. Quanto ao grau de liberdade

a) atos vinculados
b) atos discricionários

5.4. Quanto à formação:

a) ato simples – basta uma única manifestação de vontade. Essa manifestação pode ser singular (única
autoridade) ou colegiada.

b) ato compostos - duas manifestações de vontade no mesmo órgão, em patamar de desigualdade. A


primeira é principal e a segunda é secundária. Ex. atos dependentes de visto do chefe. José – não são
vontades autônomas, pois uma delas é meramente instrumental, pois se limita à verificação de
legitimidade do ato.

c) atos complexos – duas manifestações de vontade, em órgãos diferentes, em patamar de igualdade.


Ex. nomeação de dirigente de agência reguladora, concessão de aposentadoria.
Obs. José – revogáveis (regra. autorização) e irrevogáveis (licença para exercer profissão). Revogáveis
são os atos que podem ter seus efeitos cessados por razões de conveniência e oportunidade.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A portaria interministerial editada pelos Ministérios da Educação e do


Planejamento demanda a manifestação das duas Pastas para a sua revogação. Ex: o art. 7º do Decreto
6.253/2007 determinou que os Ministérios da Educação e da Fazenda deveriam editar um ato conjunto
definindo os valores, por aluno, para fins de aplicação dos recursos do FUNDEB. Atendendo a este
comando, em março de 2009, os Ministros da Educação e da Fazenda editaram a Portaria interministerial
221/2009 estipulando tais valores. Ocorre que alguns meses depois, o Ministro da Educação editou,
sozinho, ou seja, sem o Ministro da Fazenda, a Portaria 788/2009 revogando a Portaria interministerial
221/2009 e definindo novos valores por aluno para recebimento dos recursos do FUNDEB. O STJ concluiu
que esta segunda portaria não teve o condão de revogar a primeira. A regulamentação do valor por
aluno do FUNDEB exige um ato administrativo complexo que, para a sua formação, impõe a
manifestação de dois ou mais órgãos para dar existência ao ato (no caso, portaria interministerial). Por
simetria, somente seria possível a revogação do ato administrativo anterior por autoridade/órgão
competente para produzi-lo. Em suma, o primeiro ato somente poderia ser revogado por outra portaria
18
interministerial das duas Pastas. STJ. 1ª Seção. MS 14.731/DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
julgado em 14/12/2016 (Info 597).

6. MODALIDADES OU CLASSIFICAÇÃO QUANTO AOS EFEITOS

a) atos normativos – é exercício de poder regulamentar ou normativo. Traz um comando geral para
concreta aplicação da lei. Regulamentos regimentos, deliberações, resoluções.

b) atos ordinatórios – é exercício de poder hierárquico. Visa disciplinar o funcionamento da Adm. e a


conduta funcional dos agentes. Escalonar. Estruturar. Organizar. Instruções, circulares, ordens de
serviço.

c) atos negociais – manifestação de vontade da Adm. coincidente com a pretensão do particular. Ex.
Licença, autorização, permissão de uso.

d) atos enunciativos – aquele que se limita a certificar, atestar ou emitir uma opinião. Ex. certidão,
atestado, parecer.

#OLHAOGANCHO – RESPONSABILIDADE DO PARECERISTA – MIN. JOAQUIM BARBOSA

FACULTATIVO OBRIGATÓRIO VINCULANTE

O Administrador NÃO é O administrador É obrigado a O administrador É obrigado a


obrigado a solicitar o parecer do solicitar o parecer do órgão solicitar o parecer do órgão
órgão jurídico. jurídico. jurídico.

O administrador pode discordar O administrador pode discordar da O administrador NÃO pode


da conclusão exposta pelo conclusão exposta pelo parecer, discordar da conclusão exposta
parecer, desde que faça desde que faça pelo parecer.
fundamentadamente. fundamentadamente, com base
em um novo parecer. Ou o administrador decide nos
termos da conclusão do parecer,
ou, então, não decide.

Em regra, o parecerista não tem Em regra, o parecerista não tem Há uma partilha do poder de
responsabilidade pelo ato responsabilidade pelo ato decisão entre o administrador e
administrativo. administrativo. o parecerista, já que a decisão
do administrador deve ser de
19
Contudo, pode ser Contudo, pode ser acordo com o parecer.
responsabilizado se ficar responsabilizado se ficar
configurada a existência de configurada a existência de culpa Logo o parecerista responde
culpa ou erro grosseiro. ou erro grosseiro. solidariamente com o
administrador pela prática do
ato, não sendo necessário
demonstrar-se culpa ou erro
grosseiro.

e) atos punitivos – contém uma pena, sanção. Pune as infrações administrativas e os comportamentos
irregulares dos servidores ou particulares. Pode revelar o exercício do poder de polícia ou disciplinar.

7. VALIDADE/EFEITOS DOS ATOS

a) Ato perfeito: o ato percorreu sua trajetória. Seu ciclo de formação. Completou o processo
constitutivo.

b) Ato válido: é aquele que atende a todos os requisitos. Compatibilidade com a lei ou ato mais elevado.

c) Eficaz: produz todos os seus efeitos. Completou-se seu ciclo de formação é eficaz. É diferente de
exequibilidade, que é a efetiva disponibilidade que tem a Administração para dar operatividade ao ato,
executá-lo em toda inteireza. Ex. uma autorização dada em dezembro para o mês de janeiro. É efetiva
mas não possui exequibilidade naquele mês.

d) Perfeito/válido/ineficaz/inexequível: ex.: art. 62, parágrafo único, da lei 8666/93. Publicação –


condição de eficácia.

e) Perfeito/inválido/eficaz/exequível: Um ato administrativo inválido produz todos os efeitos como se


válido fosse, até a declaração de invalidade.

f) Perfeito/inválido/ineficaz/inexequível: Dispensa de licitação indevida e não publica para ninguém


ficar sabendo. Parte da doutrina fala em ato inexistente, mas tem o mesmo efeito do ato inválido. Pode
ser eficaz e inexequível.
20

8. EFEITOS

a) Efeito típico: é o efeito principal.

b) Efeito atípico: secundário. Há dois: reflexo e preliminar

 Efeito atípico reflexo – atingem terceiros estranho à prática do ato. Não era esse o objetivo. Ex.
desapropriação que atinge locatário. O efeito principal é com o proprietário.
 Efeito atípico preliminar – acontece nos atos administrativos que dependem de duas
manifestações de vontade. E configura com o dever da segunda autoridade se manifestar quando
a primeira já o fez. É um efeito secundário que ocorre antes do aperfeiçoamento do ato. O ato
só se torna perfeito se tiver as duas manifestações de vontade e a manifestação inicial gera um
dever de manifestação posterior. Surge um dever de manifestação. Nomeação de dirigente da
agência reguladora. SF e PR. O efeito principal é preencher o cargo e o efeito secundário é o
dever de manifestação, que ocorre antes do aperfeiçoamento do ato. É chamado por Celso
Antônio de efeito prodrômico.

9. EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO

a) Pelo cumprimento dos efeitos – é o caminho natural. Ex. gozo de férias, licença. Seja pelo (1)
Esgotamento do conteúdo jurídico (2) pela execução material ou (3) pelo termo final previsto.

b) Desaparecimento do sujeito (extinção subjetiva) ou do objeto (extinção objetiva). Ex. falecimento


de nomeado. Enfiteuse em terreno de marinha, tendo o mar avançado e destruído a casa. O terreno de
marinha deixou de existir e a enfiteuse também.

c) Renúncia do interessado – o interessado abre mão do direito.

d) Retirada do ato pelo poder público. Revogação, anulação, caducidade, cassação e contraposição.
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 Cassação – retirada do ato pelo poder público em razão do descumprimento das condições
inicialmente impostas. Ex. a licença dada para hotel e foram criados motéis. O poder público
cassou.
 Caducidade – retirada de um ato administrativo em razão da superveniência de uma norma
jurídica que é com ele incompatível. Ex.: permissão de uso para circo por superveniência de lei
do plano diretor que cria rua naquele lugar.
 Contraposição – dois atos administrativos que decorrem de competências diferentes, em que o
segundo eliminar os efeitos do primeiro.
 Anulação: é a retirada de um ato administrativo que é ilegal. Pode ser anulado pela própria
administração pública, como pelo Poder Judiciário – reclamação ao STF após o esgotamento, MS,
ação popular, ação civil pública. Anulam-se atos vinculados e discricionários. É um controle de
legalidade. A Adm. quando anula está exercendo o poder de autotutela, previsto nas sumulas
346 e 473 do STF. A Adm. Tem quanto tempo para anular? Quando produzir efeitos favoráveis,
o prazo para anular será de 05 anos. Art. 54 da Lei 9784/99. Essa anulação produz efeitos ex tunc,
como regra. Há aqui divergência. Celso Antônio – a anulação melhorou ou piorou a situação do
interessado? Celso entende que será ex nunc se a anulação for para restringir direitos e ex tunc
se a anulação for para ampliar direitos. (Anular ato de indeferimento ilegal de direito).

#PERGUNTADEPROVA: PRAZO DECADENCIAL DO ART. 54 DA LEI 9.784/992


 Qual o prazo de que dispõe a Administração Pública federal para anular um ato administrativo
ilegal? O prazo é de 5 anos, contados da data em que o ato foi praticado (art. 54 da Lei 9.784/99)
A Lei 9.784/99 entrou em vigor em 01/02/1999. Se o ato administrativo tiver sido praticado antes
da vigência dessa Lei, qual será o prazo e a partir de quando ele é contado? O STJ possui o
entendimento de que o prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei n. 9.784/99, quanto aos
atos administrativos anteriores à sua promulgação, inicia-se a partir da data de sua entrada em
vigor, ou seja, na data de sua publicação, em 1/2/99. Assim, caso o ato ilegal tenha sido praticado
antes da Lei n. 9.784/1999, a Administração tem o prazo de 5 anos a contar da vigência da
aludida norma para anulá-lo. STJ. 2ª Turma. REsp 1.270.474-RN, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 18/10/2012 (Info 508).

2
Foi considerada correta, na prova do TRF4/2016, a seguinte alternativa: “O prazo decadencial para que a Administração
anule ou revogue os próprios atos, previsto na Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal, não se consuma no período compreendido entre a concessão de aposentadoria ou
pensão e o posterior julgamento de sua legalidade e registro pelo Tribunal de Contas da União.”
22
 O disposto no art. 54 da Lei 9.784/99 aplica-se às hipóteses de auditorias realizadas pelo TCU em
âmbito de controle de legalidade administrativa. Em outras palavras, ao realizar controle de
legalidade administrativa, o TCU somente poderá questionar a validade de atos que não tenham
mais de 5 anos. Passado este prazo, verifica-se a decadência. STF. 1ª Turma. MS 31344/DF, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 23/4/2013 (Info 703)3.

Obs. Teoria das nulidades no Direito Administrativo. Teoria monista – todos os atos eivados de
ilegalidade são nulos, pelo interesse público existente. Teoria dualista (Carvalho Filho) – há atos nulos e
anuláveis (podem ser convalidados), mas a regra deve ser a nulidade, pelo interesse público existente.

Obs. A regra é que a adm. é obrigada a anular o ato ilegal. Exceções – decurso do tempo (decadência de
5 anos) ou a consolidação dos efeitos produzidos (Teoria do fato consumado).

 Revogação: retirada de um ato administrativo por motivos de conveniência e oportunidade. O


Poder Judiciário não poder rever mérito/conveniência e oportunidade. Judiciário não pode
revogar atos de outros poderes. Tem efeitos ex nunc. Prazo: não tem prazo mas tem limite
material. Ex. ato administrativo não pode ser revogado quando a lei o declarar irrevogável, atos
vinculados, atos administrativos que geraram direitos adquiridos, atos enunciativos, atos adm.
que já exauriram seus efeitos.

A revogação4 não tem limite temporal, mas apenas limite material, ou seja, não se fala em revogação
nos casos de atos vinculados, atos com efeitos exauridos, ato que não está na órbita de competência,
nos casos de direito adquirido, etc.

Obs.: mera irregularidade é vício de padronização que não compromete a validade do ato.

Obs.: há vícios que comprometem a validade do ato, mas são sanáveis. Em geral, são vícios de forma e
competência. Podem ser convalidados. Apesar do vício sanado, o ato permanece o mesmo.

3
Confirmando a importância deste entendimento, a prova do TRF3/2016 (Banca própria) considerou incorreta a seguinte
alternativa: “O STJ tem entendimento no sentido de que, no tocante à incidência da decadência prevista no art. 54 da Lei nº
9.784/1999, não cabe à Administração proceder à revisão do ato de aposentadoria de servidor público federal quando
transcorrido, entre a data da aposentação e a da decisão do TCU que julgou no sentido de sua ilegalidade, lapso temporal
superior a cinco (cinco) anos.”.
4
A seguinte assertiva foi considerada correta (TJPR – 2017): A revogação de um ato administrativo deve apresentar os seus
motivos devidamente externados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos.
23
Obs.: Convalidação não se confunde com conversão (sanatória), pois neste último caso, há
aproveitamento do ato, porém, é convertido em outro mais simples. Ex.: concessão de serviço público
é mais solene e rigoroso (depende de autorização legislativa). No caso, se não houver autorização
legislativa, é possível fazer a conversão para permissão de serviço público.

Conversão Convalidação
É a transformação de um ato em outro, para Correção feita no ato, que continua a ser o
aproveitar o que for válido mesmo.
Ex tunc (retroativo). Ex tunc (retroativo).

Obs.: se o vício é insanável, há de ser feita ponderação; perceber se a anulação causa mais prejuízos do
que a manutenção do ato. Se anulação gerar mais prejuízos do que a anulação, é melhor fazer a
estabilização dos efeitos do ato (STJ).-ato nulo.

No julgamento do Recurso em Mandado de Segurança nº 18.780?RS, que ocorreu em 12/04/2012,


o Superior Tribunal de Justiça ratificou o entendimento de que “é incabível a restituição ao erário dos
valores recebidos de boa-fé pelo servidor público em decorrência de errônea ou inadequada
interpretação da lei por parte da Administração Pública. Em virtude do princípio da legítima confiança,
o servidor público, em regra, tem a justa expectativa de que são legais os valores pagos pela
Administração Pública, porque jungida à legalidade estrita”

Obs: Extinção com reflexo em interesses individuais – tem de haver processo administrativo prévio com
contraditório e ampla defesa.

É possível a Convalidação apenas quando o vício se inserir no conceito de “defeitos sanáveis”, ou seja,
naqueles que se referem à Competência (desde que não se trate de competência exclusiva) e à Forma
(desde que não se trate de forma essencial – motivação, p. ex. - e, portanto, seja viável a renovação da
forma correta). Todavia não podem ser convalidados os vícios que alcançam os elementos Finalidade
(desvio de finalidade), Motivo (inexistência ou incongruência dos motivos) e Objeto (ilicitude lato sensu
do objeto).
24
#RESUMINDO: São insanáveis e não passíveis de convalidação (manutenção do ato) os vícios de
finalidade/motivo/objeto. No que tange à competência e à forma, só será sanável se aquela não for
exclusiva e essa não for essencial.

Vícios na Vícios na competência Vícios na forma


finalidade/motivo/objeto
INSANÁVEIS. Por quê? SANÁVEIS, salvo SANÁVEIS, salvo forma
competência exclusiva. essencial.
Finalidade está atrelada ao
interesse público. Logo, não é Isso porque a competência Isso porque se a lei
tolerável qualquer violação a esse exclusiva não cabe a determina um tipo de forma
interesse. Ex: tredestinação ilícita manutenção. Até porque (ex: licitação na modalidade
(direito à retrocessão). competência exclusiva concorrência em concessão
Motivo é insanável, já que todo e sequer é passível de de serviço público), não
qualquer ato deve corresponder a delegação. possível aproveitar nada.
um elemento de fato e de direito.
Não cabe exteriorização de um
ato sem motivo.
Objeto é insanável, já que o ato
não pode, em hipótese alguma,
ser
ilícito/impossível/indeterminado.

Obs.: Divergência. Princípio da legalidade não é absoluto. Todos os princípios da ordem devem ser
respeitados. Se a anulação comprometer outros princípios da ordem jurídica, é preciso ponderar. Se a
anulação causar mais prejuízos que a manutenção do ato é melhor manter. Em nome da segurança
jurídica e boa fé. Estabilização dos efeitos do ato. 5 anos art. 54 9784/99.

DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

Não se aplica.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. Salvador: Juspovidm, 2015.


25

GUEDES, Danilo. Ponto a Ponto Concursos - Anotações Pessoais.

FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2015.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2014.

OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Método, 2016.

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