Em “Uma insólita viagem à subjetividade fronteiras com a ética e a
cultura”, Rolnik falas inicialmente da ingenuidade de acharmos que a subjetividade está apenas limitada ao ser (pensar, agir, etc). No entanto, se os nossos olhos se mantiverem mais atentos, perceberemos muito mais além, conseguiremos ver fluxos que fazem vibrar o corpo, as inquietudes.
De fato, para se perceber algo, captar as forças, adentrarmos no
outro, é necessário um olhar diferente, um olhar mais profundo, na verdade um corpo vibrátil que sinta as linhas de forças, as marcas.
E nessa perspectiva, o processo de construir um diagrama, a autora
compara a uma obra de um artista. E nesse trabalho, as relações de força, que antes estava no campo do não oculto, agora ganham sentido e valor. “Estes microuniversos constituem cartografias - musicais, visuais, cinematográficas, teatrais, arquitetônicas, literárias, filosóficas, etc. - do ambiente sensível instaurado pelo novo diagrama”. E essas cartografias se constituem como guias que auxiliam na caminhada por paisagem que agora se tornaram visíveis.
Contudo, a autora traz no texto a necessidade da ética nesse
processo, compreender as relações entre o trágico e o mal-estar em cada momento da nossa existência. O que nos permite no processo de subjetividade “um sempre outro”, “um si e não si ao mesmo tempo” nesse processo que é contínuo.
No texto “CARTOGRAFIA ou de como pensar com o corpo vibrátil”,
Rolnik apresenta algumas definições sobre cartografia e o papel do cartógrafo, que a autora define como um antropófago, por expropriar e apropriar-se.
De fato, o cartógrafo é dar um mergulho “na geografia dos afetos”,
criando pontes para sua travessia, uma vez que com a presença de seu corpo vibrátil, torna visível, embora antes nunca estivesse oculto, as linhas de forças, marcas, linhas de fugas, os agenciamentos, etc. como uma imagem artística em constante movimento. Para isso, o texto apresenta alguns critérios, tais como o grau de abertura que cada um permite, uso de estratégias e o princípio de estar sempre mudando de princípio, constituindo o devir.