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A estrutura recebe um grau de caracterização muito forte das formas culturais existentes
em cada região do Estado brasileiro, apresentando assim, as possíveis formas de expansão das
linhas de poder em diferentes características que abarcam o regionalismo local e suas estratégias de
mandos. São expressões que alcançam as medidas sociais, psicanalíticas e culturais de cada
localidade. Assim, para cada forma de estrutura populacional é aplicada uma forma de medida de
poder. Essas formas estruturam a base da ideologia estatal, isto é, diante da construção de um
mecanismo de idéias e representações, que, por sua vez, formam um conjunto de hábitos, costumes,
forma de vida dos agentes e práticas políticas, sociais e econômicas dos indivíduos da localidade. O
Estado apela para a ideologia local para legitimar a violência, organizando um consenso de certas
classes dominadas perante o poder político.
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Poulantzas,N. Les appareils ideologiques: l’État, represion + idéologie In: - L’ ètat, le pouvoir, le socialism.
Paris, PUF, 1978. P 31-38. Trad. Por Heloisa R. Fernandes.
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Poulantzas,N. Les appareils ideologiques: l’État, represion + idéologie In: - L’ ètat, le pouvoir, le socialism.
Paris, PUF, 1978. P 31-38. Trad. Por Heloisa R. Fernandes.
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Esse patrimonialismo é expresso pela aplicação das forças emanadas do Estado para ações
de interesses particulares. Ações essas que se constitui por meio da “violência legal” que vinda da
estrutura, formada através do meio jurídico que possui uma forma legal. Esse tipo de violência é
denominada de “violência institucionalizada”, baseada na mediação do Direito e da Legislação
mantidos pela força. Por meio da lei é estruturada e legitimada a violência, estabelecendo as
características de uma “violência legitima”.
As características particulares de cada Estado são proporcionadas pelo modo de relações de
poder internas e externas específicas de cada Estado. Assim, cada Estado da Federação desenvolve
suas próprias alternativas sociais de poder estando ligadas à estrutura estatal local e às ações de
poder político das elites locais, atrelada a cultura da população local. Tais alternativas têm por
objetivo garantir a preservação do poder sobre a localidade e a difusão das ações de força dentro da
comunidade como formas de poder físico, moral e cultural.
Alagoas apresenta-se com uma localidade que possui características particulares nos
âmbitos da política nacional e nas relações sociais de violência. Trata-se de um Estado que
apresenta uma expressão autêntica das suas estruturas de relações sociais no campo da violência,
estruturada pela ação de uma classe dominante que controla as linhas administrativas do Estado e
pelos indivíduos que compõem a mesma, que passam a legitimar as ações de violência emanadas
desse estamento social, como por exemplo, o caso da policia, por meio da expansão política da
propriedade privado para o Estado.
Com isso as elites dominantes estruturam as formas de controle político através da
violência, apropriados aos seus interesses de poder. Assim, a identidade de violência estadual é
estruturada pela imposição de grupos políticos locais, ocorrendo a difusão de uma cultura social
baseada no ato do extermínio, na justiça pelas próprias mãos e na impunidade de transgressores,
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Faoro, Raymundo, 1925- Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro.- 16 ed. – São Paulo:
Globo, 2004.
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Faoro, Raymundo, 1925- Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro.- 16 ed. – São Paulo:
Globo, 2004
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Banditismo
Dentro do processo da alienação social por meio da informatização, o Estado assim como o
Leviatã e seus tentáculos, conduzem a violência ao patamar do espetáculo midiático (reality), onde
a violência é o ator principal e parte do jogo do amedrontamento social, criando assim o “estado”
de violência.
Diante desse jogo, a sociedade alheia conduz a sua realidade e seus direitos tomando para
si essa “realidade”, estabelecendo e conduzido a distopia social, como aponta Lucien Febvre: “Peur
toujours, peur partout”, que significa “medo sempre e em toda parte”. A violência se estabelece
como denuncia de uma sociedade que preza a liberdade e a democracia, e, diante desse discurso, a
mídia torna-se porta voz dessa sociedade apática e alheia, estabelecendo um diálogo de mão única,
pois a mesma nunca se pronuncia, e sim apenas assisti passivamente o seu discurso ser usado
contra si.
Isso nos remete aos clássicos da distopia social da literatura mundial, como 1984 de
George Orwell, Admirável mundo novo de Aldous Hoxley, em que as sociedades amedrontadas
por todo discurso de violência e incerteza deixaram-se levar por toda esquizofrenia social que a
levaram a governos autoritários e violentos.
Estando assim situado, encontra-se o Estado de Alagoas, que desde o seu surgimento ver-se
envolta do discurso de um Estado sem lei que contém a cidade mais violenta do país. Alagoas
cultiva entorno de si a cultura do poder e da violência, principalmente por parte de mecanismos
estatais e de uma mídia manipuladora. Esses mecanismos estão atrelados a pequenos grupos
políticos que na manutenção dos poderes apropriaram-se desses meios contextualizando todo o
discurso para a formação social, política e econômica de uma localidade fortemente agrária,
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latifundiária e com uma grande concentração de renda por parte de uma minoria, como afirma Ruth
Vasconcelos em “O poder e a cultura de violência em Alagoas”:
Dentro desse cenário, a violência vinda do Estado torna-se necessária para a manutenção
dos interesses particulares, e que, ao mesmo tempo, aterroriza e inibir toda uma sociedade,
sentindo-se esta inútil e atada a essas questões, uma vez que se convencem da impotência diante da
situação.
Os meios de comunicação entram como elementos afirmativos da impossibilidade de ação
na sociedade alagoana em tornar-se anêmica e castra, pois a mesma, como anteriormente é citada,
pertence à minoria detentora da economia alagoana, uma vez que existem apenas dois jornais de
grande circulação e apenas dois ou três pequenos jornais que circulam unicamente na capital.
Dentro dessa situação a sociedade alagoana não toma consciência de que ela é passiva, o
que a transforma em mera reprodutora da ideologia dominante, fazendo com que desacredite nas
instituições, e sim na impunidade aceitando o autoritarismo do Estado como um bem social. Para
confirmar o que pensa os alagoanos, um representante do Poder Executivo do Estado de Alagoas
faz a seguinte afirmação:
Entendemos que, além da violência produzida pela exclusão social, comum a toda
realidade brasileira, Alagoas experimenta uma violência institucionalizada, em que o
Estado participa do processo de sua produção e em que fica evidenciada, inclusive pela
mídia, a forte conexão entre o mundo da política e a violência no Estado. Evidente que as
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VASCONCELOS, Ruth. O poder e a cultura de violência em Alagoas. EdUFAL. Maceió/AL. 2005. Pg. 27
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VASCONCELOS, Ruth. O poder e a cultura de violência em Alagoas. EdUFAL. Maceió/AL. 2005. Pg.
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A sociedade civil organizada tenta quebrar com essa cultura de impunidade gerada pelos
parâmetros estatais. Trabalho árduo que busca sensibilizar a sociedade para os problemas que
dentro dela existe. Essa independência de atuação em relação ao Estado em Alagoas gerou um
impacto, uma vez que organizados procuraram confrontar o poder local primeiramente cobrando
direitos sociais, econômicos e políticos, e logo após, exigindo do mesmo um posicionamento diante
dos fatos dessa realidade.
Entretanto, os movimentos sociais apresentam uma fragilidade enquanto atuação, já que
cada seguimento busca a solução das lutas próprias, ou seja, cada seguimento tem sua luta e
necessitam de soluções para seus problemas. Esse tipo de atuação fragmenta a luta no Estado, o que
impossibilita fortalecer o confronto contra o poder local. Segundo o Reverso da moeda:
Os movimentos sociais também se encontram atrelados ao Estado, uma vez que necessitam
do seu reconhecimento enquanto segmento da sociedade civil. Estabelece nesse momento uma
relação entre a sociedade civil como parte integrante e continuada para o poder estatal.
Claro que os movimentos tem uma dinâmica temporal muito diferente das demais instituições,
porém, em se tratando de sociedade alagoana, o risco que esses movimentos sofrem é o de se
tornarem massa de manobra para o poder local, coisa que não pode acontecer.
As redes midiáticas, como mecanismos do poder local, contribuem para a má formação de
uma imagem dos movimentos sociais vistas pelas demais camadas sociais. São bruscamente
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VASCONCELOS, Ruth. Reverso da moeda: rede de movimentos sociais contra a violência em Alagoas.
EdUFAL. Maceió/AL. 2006. Pg.21
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VASCONCELOS, Ruth. Reverso da moeda: rede de movimentos sociais contra a violência em Alagoas.
EdUFAL. Maceió/AL. 2006. Pg.23
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VASCONCELOS, Ruth. Reverso da moeda: rede de movimentos sociais contra a violência em Alagoas.
EdUFAL. Maceió/AL. 2006. Pg.25
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marginalizados, tratados como vagabundos que não tem o que fazer a não ser protestar, querem
apenas “tirar uma casquinha” do que o Estado é capaz de fazer, causando descrédito da sociedade.
Conclusão
Dentro do que foi aqui estabelecido, a sociedade alagoana encontra-se de mãos atadas por
estar contida dentro de um Estado que a oprime não restando espaço para realizar sua liberdade de
expressão, muito menos denunciar algo que vá ficar impune. Não é culpa da sociedade, e sim de
uma construção histórica em crimes, fraudes e corrupção. Na ponta da lança encontra-se de um
lado a mídia dominada por essas elites e no outro os movimentos sociais que buscam combater a
rede de crimes em Alagoas, uma luta que se pode dizer injusta.
Transformar Alagoas seria reformular todas as suas instituições (militar, jurídica e
legislativa) que são ocupadas por famílias que há décadas vem se firmando no poder local.
Bibliografia
FAORO, Raymundo, 1925- Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro.- 16 ed. –
São Paulo: Globo, 2004.
FOUCAULT, Michael. Vigiar e Punir. Vozes. Petrópolis/RJ – 2007.
FOUCAULT, Michael. Microfísica do poder. Graal Editora. São Paulo/SP – 2008.
POULANTZAS,N. Les appareils ideologiques: l’État, represion + idéologie In: - L’ ètat, le
pouvoir, le socialism. Paris, PUF, 1978. Trad. Por Heloisa R. Fernandes
VASCONCELOS, Ruth. O poder e a cultura de violência em Alagoas. EdUFAL. Maceió/AL.
2005.
VASCONCELOS, Ruth. Reverso da moeda: rede de movimentos sociais contra a violência em
Alagoas. EdUFAL. Maceió/AL. 2006.