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A EXPANSÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR NO OESTE PAULISTA: UM ESTUDO DOS

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NO DISTRITO DE AMELIÓPOLIS, MUNICÍPIO DE


PRESIDENTE PRUDENTE. 1

THE EXPANSION OF THE CANA SUGAR IN THE SÃO PAULO WEST: A STUDY OF
SOCIAL AND ENVIRONMENTALIN IMPACTS IN THE OF AMELIÓPOLIS DISTRICT,
MUNICIPALY PRESIDENTE PRUDENTE.

Roberta Oliveira da Fonseca


roliveirafonseca@bol.com.br
Aluna do Curso de Geografia
UNESP- Faculdade de Ciência e Tecnologia- Campus de Presidente Prudente
Bolsista BAAE I/PROEX

INTRODUÇÃO

A expansão da cana-de-açúcar nos últimos 25 anos deu-se essencialmente no


Centro-Sul do Brasil, em áreas muito distantes dos biomas atuais da Floresta Amazônica,
Mata Atlântica e Pantanal. Entre 1992 e 2003, no Centro-Sul, a expansão deu-se quase
totalmente (94%) nas propriedades rurais já exploradas; novas fronteiras agrícolas foram
muito pouco envolvidas. Em São Paulo, o crescimento das áreas cultivadas com cana de
açúcar ocorreu com a substituição de outras culturas e pastagens (MACEDO, 2005).
Atualmente a cana-de-açúcar figura como um dos produtos agrícolas importantes para a
economia brasileira, desenvolvendo-se, sobretudo no Oeste Paulista, em virtude da busca
de fontes renováveis de energia, que agridem menos o meio ambiente.
A evolução deste setor nos últimos anos e as perspectivas de seu crescimento para os
próximos exige um posicionamento muito diferente do tradicional produtor de açúcar,
incluindo-se como produtor de energia e atuando muito mais nos mercados mundiais.
Seguindo esta lógica e dentro de determinados limites, estabelecemos uma discussão
acerca da expansão da cana-de-açúcar no Oeste Paulista, avaliando os impactos
socioambientais no município de Presidente Prudente, e em particular no Distrito de
Ameliópolis; onde se localiza a Unidade Floresta da Usina Alto Alegre S/A.

DESENVOLVIMENTO

Os procedimentos metodológicos adotados para o desenvolvimento da pesquisa


basearam inicialmente na revisão bibliográfica sobre a expansão da cana-de-açúcar no
Brasil e, mais especificamente no Estado de São Paulo e no Oeste Paulista no período de
1996 a 2009. Na segunda etapa se realizou levantamento de dados sociais, econômicos,
populacionais e ambientais através da consulta aos sites da Fundação Sistema Estadual de
Análise de Dados (SEADE), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) sobre a região Oeste do

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Geografia Rural e Agrária
Estado de São Paulo, dando ênfase ao Distrito de Ameliópolis; além da análise da
legislação ambiental vigente para o setor da agroindústria canavieira. Na terceira etapa se
elaborou roteiros de entrevistas que foram utilizados com os trabalhadores rurais,
moradores do distrito e técnicos da Usina Alto Alegre S/A e na quarta e última, se procedeu
à sistematização e analise dos dados levantados com base nas reflexões teóricas. Os
impactos estudados nesta pesquisa partiram de problemas socioambientais já detectados
no setor sucroalcooleiro, entre eles: a queima da palha da cana, a utilização do vinhoto e a
de cunho social, que se situa nas precárias condições de trabalho no campo. A evolução
deste setor nos últimos anos norteou as discussões acerca dos impactos, sobretudo por ser
uma monocultura, necessitando de grandes extensões de terra; ao mesmo tempo em que
se buscam alternativas renováveis de energia em substituição aos combustíveis fósseis.
Desta forma, o anuncio de 61 novas unidades industriais no processamento da cana-
de-açúcar no Estado de São Paulo até o ano de 2010 pelo Centro de Tecnologia Canavieira
(CTC) e a União dos Produtores de Bionergia (UDOP) serviram de base para os
questionamentos trabalhados na pesquisa.
Os resultados apurados com relação aos impactos ambientais foram divididos em:
qualidade do ar, solo e água; o principal impacto causado ao ar pela indústria canavieira é a
queima de palha da cana, utilizada para facilitar a colheita manual e aumentar a
produtividade dos trabalhadores. No entanto a queima libera gás carbônico, ozônio, gases
de nitrogênio e de enxofre, além da fuligem da palha queimada. A fuligem, além de sujar as
cidades, contém partículas com substâncias cancerígenas, tendo sido já detectada a
presença de quarenta hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, de compostos orgânicos com
efeitos mutagênicos e carcinogênicos, sendo que 16 compostos são considerados
contaminantes ambientais prioritários pela agência de proteção ambiental norte - americana.
(CAMARGO et. al. 2008)
Uma das tentativas de diminuir a queima dos canaviais foi encontrada através da
mecanização da colheita. Essa prática adotada em protocolo assinado no ano de 2007 pela
iniciativa privada (usineiros) e setor público, representado nas esferas federal e estadual,
prevê a não adoção das queimadas em área de expansão do plantio da cana-de-açúcar,
havendo procura por áreas com declividade favorável para a colheita mecanizada.
Com relação aos impactos causados ao solo a morte de microorganismos pode
acontecer em decorrência das queimadas realizadas durante a preparação para o corte da
cana, além disso, a remoção desses solos também pode causar a morte dessa micro
biota.Os agroquímicos também podem ser fonte de contaminação do solo, necessitando de
legislação especifica para controlar seu uso nas lavouras; a cultura da cana emprega o uso
desses agentes obedecendo à recomendação de profissionais do setor agropecuário e
florestal. Há ainda o uso do vinhoto que há trinta anos atrás era descartado e lançado em
cursos de água, mas desde o ano de 1978 passou a ser reciclada para os campos. Assim,
gradualmente, as doses por unidade de área foram sendo reduzidas e novas tecnologias
foram introduzidas visando a aumentar a área de fertirrigação (para melhor uso do potencial)
e eliminar riscos de contaminação das águas subterrâneas. A prática atual é de reciclo
integral, com grandes benefícios, no entanto a administração incorreta desse subproduto
pode acarretar a salinização dos solos, devido ao seu elevado índice de sódio e potássio.
Os impactos gerados ao uso da água na agroindústria canavieira podem ser
ocasionados pela contaminação de corpos d’água, quando a aplicação dos resíduos
gerados no processo industrial (vinhoto) não se dá de forma adequada; este sendo utilizado
em excesso pode causar poluição das águas subterrâneas ou ainda se descartado em rios,
córregos ou outros corpos mata os peixes e outros seres vivos presentes na água.
(CAMARGO apud SHIROTA; ROCHA, 1998).
Segundo a ÚNICA (União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo), os
impactos da cultura da cana no suprimento de água (volumes e qualidade) são pequenos
nas condições de São Paulo. Os principais motivos são a não utilização de irrigação; a
redução importante obtida nos últimos anos na captação de água para uso industrial, com
re-utilização interna nos processos, e a prática de devolver a água para a lavoura, nos
sistemas de fertirrigação.
Os impactos sociais gerados pela agroindústria canavieira, neste caso especifico da
Usina Alto Alegre S/A, localizada no Distrito de Ameliópolis, foram verificados através das
entrevistas com os moradores do Distrito. Nestas entrevistas se verificou que grande parte
dos moradores do Distrito apontou como positiva a presença da unidade industrial,
justificada pela geração de empregos. Entretanto, aspectos negativos também foram
apontados, tais como o não oferecimento de promoções para os funcionários/moradores do
distrito, privilegiando pessoas de outros lugares; bem como a presença da fuligem das
queimadas e o mau-cheiro da vinhaça da cana-de-açúcar, que incomodam pela sujeira, odor
fétido e as alergias que provocam; além do sobrevôo do avião de propriedade da empresa,
administrando produtos agrotóxicos nos canaviais próximos.
Os trabalhadores rurais foram entrevistados, ambos relataram que recebem orientações
dos técnicos quanto à obrigatoriedade do uso dos equipamentos de segurança, tais como:
máscaras, botas, capacetes, calças com uma espécie de plástico na barra para não deixar
que o agrotóxico entre em contato com o tecido da roupa e luvas, mas revelaram que muitos
trabalhadores não seguem as recomendações e que não há muita fiscalização desta
obrigatoriedade em campo. Perguntados se gostariam de exercer outra atividade como
profissão, um respondeu que está satisfeito e não pretende procurar outro emprego, mas
outro alegou insatisfação, principalmente pelo inchaço nos pés e mãos devido à
administração de agrotóxicos, prejudicando sua saúde, por isso deseja procurar outra
oportunidade de trabalho. Com relação às entrevistas com os trabalhadores durante o
exercício das atividades diárias não nos foi permitido, a explicação do técnico do trabalho foi
a que dispersaríamos os cortadores de seus afazeres.
Já os técnicos da Unidade Floresta da Usina Alto Alegre S/A entrevistados, nos
revelaram informações apenas de caráter técnico; não informando detalhes de colheita
mecanizada, por exemplo, sendo esta obrigatória no cumprimento de legislação ambiental.
Assim, nas entrevistas fomos informados sobre como ocorre a preparação do solo para o
plantio, as variedades mais utilizadas, os cuidados para que não ocorra o assoreamento do
Ribeirão Mandaguari que é a fonte de abastecimento da unidade e a capacidade de
produção da unidade, que no momento da pesquisa era de 4,5 milhões de sacas de açúcar
cristal, 56 milhões de litros de álcool e 330.000 MWTs de energia. Também nos revelaram a
origem da maioria dos trabalhadores, sendo estes provenientes dos municípios de: Caiabú,
Adamantina, Indiana, Martinópolis, Santo Expedito, Alfredo Marcondes, Flora Rica,
Emilianópolis, etc.; há ainda aqueles provenientes de outras unidades da federação, como a
Bahia, Alagoas e Sergipe.
Desta maneira, os principais resultados da pesquisa, sobretudo no que tange aos
impactos ambientais são encontrados de maneira geral no setor sucroalcooleiro, mas
quando estudamos os impactos sociais gerados no Distrito de Ameliópolis, percebemos que
há peculiaridades, entre elas os aspectos negativos apontados pelos moradores, como o
não oferecimento de cargos administrativos aos funcionários que são moradores do Distrito
e o pouco impacto econômico gerado pela renda dos trabalhadores no comércio local, já
que esta grande parte é gasta a cidade de Presidente Prudente.

CONCLUSÕES

Sabemos que a implantação de um grande empreendimento industrial causa


impactos que podem ser de ordem econômica, social ou ambiental. Quando tratamos da
expansão da cultura da cana-de-açúcar no Oeste Paulista, delimitamos nossa pesquisa ao
Distrito de Ameliópolis, o mais afastado do município de Presidente Prudente-SP,
procurando conhecer qual é a dimensão dos impactos socioambientais gerados pela
Unidade Floresta da Usina Alto Alegre S/A, do Grupo Lincoln Junqueira. No panorama geral,
os impactos socioambientais provocados pelo cultivo da cana-de-açúcar são conhecidos,
trata-se de uma monocultura, que para se reproduzir cria uma dependência dos elementos
envolvidos, ligando-os a ela. Desta forma, podemos entender que os empregos criados com
a implantação da Usina Alto Alegre S/A são significativos para os pequenos Distritos e
municípios vizinhos à Presidente Prudente, porém a estrutura montada para atender as
exigências do agronegócio é onerosa para a população destes lugares no geral, mantendo
apenas vínculos necessários para a reprodução capitalista, sabidamente ajudada pelo
Estado.
REFERÊNCIAS
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