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INTRODUÇÃO
Hipócrates, o pai da medicina, que viveu na Grécia há 2400 anos atrás, afirmava que as
doenças originavam-se da natureza e por ela poderiam ser curadas, através de um equilíbrio
com o meio ambiente, os alimentos ingeridos e com a paz de espírito.
Todas essas mudanças foram rápidas demais para o tempo que o nosso organismo precisaria
para se adequar a estes novos costumes. Podemos amenizar alguns fatores ambientais e/ou
emocionais porém sempre com várias limitações. Devemos, então, interferir nos hábitos e
processos alimentares para efetivamente nutrir a célula, inclusive, dando suporte para os
fatores que pouco podemos interferir.
A qualidade da nossa alimentação tem nos causado problemas funcionais pois, diversas vezes,
temos que lidar com excessos de substâncias estranhas, ao mesmo tempo que sofremos com a
insuficiência de nutrientes essenciais para executar nossas funções orgânicas, inclusive de
defesa, gerando desequilíbrios físicos, mentais e emocionais.
A evolução da ciência da Nutrição nos mostra, cada vez mais, como os nutrientes, presentes
naturalmente nos alimentos, formam nossas células e nos fazem funcionar em todos os níveis.
Com base em mais estes conhecimentos, somando a alimentação adequada, a inclusão
freqüente de alimentos funcionais e quando necessária a suplementação nutricional,
conseguiremos efetivamente nutrir a célula e deixar que ela, naturalmente, execute suas
funções, prevenido doenças e promovendo saúde, que é o nosso maior objetivo.
Hoje em dia os tratamentos de saúde são mais voltados para os sintomas ( doenças ) do que
para as suas causas, sejam elas alimentares, hereditárias, ambientais, iatrogênicas etc. Vários
fatores, em conjunto ou isoladamente, podem estar causando os sintomas da doença, e se as
causas básicas não forem detectadas, o paciente vai apenas amenizar temporariamente os
sintomas e, às vezes, até trocar de sintoma, porém, não resolverá o problema. São os
tratamentos voltados para a doença e não para o indivíduo que a desenvolveu.
NUTRIÇÃO CLÍNICA FUNCIONAL
Os nutrientes presentes nos alimentos são a fonte natural de matéria prima para a formação,
manutenção e reestruturação celular.
Sob o aspecto celular, o que somos hoje não é o que fomos há 1 ano atrás e nem o que
seremos daqui há um ano. Nosso organismo é formado por 100.000.000.000.000 (cem
trilhões) de células e destas, 50 milhões são substituídas diariamente4, conseqüentemente a
matéria prima que fornecemos para esta formação celular é determinante do resultado que
teremos. Cada célula do organismo precisa de, pelo menos, 45 nutrientes conhecidos para
desempenhar sua função.
A simples ingestão do alimento não garante que seus nutrientes estarão biodisponíveis, isto é,
que estes nutrientes possam estar disponíveis para serem utilizados pelas células. Para que
isso realmente ocorra, é fundamental que além de uma quantidade e qualidade ideal de
"matéria prima", também existam condições químicas e fisiológicas ideais para o alimento ser
quebrado, os nutrientes resultantes dessa quebra serem absorvidos, transportados, e
utilizados pelas células do organismo. Também é necessário, que os produtos resultantes
deste processo, que não serão utilizados pelo organismo, consigam ser excretados, assim
como as substâncias tóxicas que possam ter sido ingeridas junto aos alimentos.
Se uma dessas etapas do metabolismo não funcionar direito, mesmo com uma alimentação
adequada, o organismo apresentará carências nutricionais e, conseqüentemente,
funcionais. Pois, na medida em que faltar matéria prima para o organismo, algumas das suas
funções serão prejudicadas. A utilização do alimento pelo organismo depende de um processo
que envolve:
- Individualidade bioquímica
Saúde como vitalidade positiva e não simplesmente como ausência de doenças: Equilíbrio
Físico, Mental e Emocional
ANAMNESE FUNCIONAL:
Individualidade Bioquímica
“Um conjunto único de fatores genéticos de um indivíduo que controla seu metabolismo, suas
necessidades nutricionais e suas sensibilidades ambientais”6.
Essa individualidade bioquímica irá nortear uma terapia para cada paciente, e a relação
nutricionista/paciente é essencial e determinante para detectar e atuar efetivamente nos
processos que estão desequilibrando o paciente em questão.
A anamnese funcional é uma ferramenta utilizada para avaliar todos os processos que
determinam e que influenciam o quadro atual do paciente.
Alimento não é caloria, é matéria prima que também fornece energia. A quantidade e a
qualidade da composição da nossa alimentação, assim como a biodisponibilidade dos
nutrientes, determinam o funcionamento adequado do organismo em todos os níveis.
Os nutrientes agem em conjunto, sendo que, um depende da presença do outro para que a
sua ação seja efetiva. Portanto, o que pode desequilibrar a alimentação são os excessos e/ou
as carências nutricionais.
Nas ultimas décadas, houve um aumento da oferta da variedade de alimentos, porém, com
uma redução na qualidade nutricional destes, causadas por vários fatores cujos principais são:
Em paralelo, nosso organismo sofreu modificações neste período, passando a exigir uma maior
quantidade de nutrientes para lidar com os desequilíbrios gerados por situações como:
-Poluição ambiental;
Digestão:
Avaliar os fatores que podem interferir na quebra dos alimentos, como por exemplo: a
mastigação; o meio ácido gástrico (diminuição da produção e/ou diluição do ácido clorídrico,
ou utilização de medicamentos como omeprazol que inibe a produção de ácido clorídrico);
produção e ação adequada das enzimas digestivas (salivares, gástricas, intestinais e
pancreáticas) e do ácido bilear, bicarbonato; e estresse (aumento de liberação de adrenalina).
Absorção:
É necessário avaliar os fatores que poderão interferir na absorção dos nutrientes ingeridos,
como por exemplo:
- A ingestão de líquidos com a refeição e na primeira hora após a mesma, além de “empurrar”
o alimento, causa uma diluição do meio ácido gástrico necessário para a ação das enzimas
digestivas, absorção dos nutrientes e destruição de bactérias nocivas ao nosso organismo.
- Comer rápido, estressado ou nervoso, por exemplo, aumenta a liberação de adrenalina que
prepara o organismo para “lutar ou fugir”, desviando o sangue para as extremidades do corpo
e inibindo a digestão e conseqüentemente a absorção dos nutrientes.
- A ingestão de drogas que interferem na absorção dos nutrientes e/ou aumentam sua
excreção.
Transporte
Utilização
Excreção
Os produtos resultantes do metabolismo, que não serão utilizados pelo organismo e/ou
qualquer substância que possa causar danos orgânicos (xenobióticos), sejam elas originadas
externamente ou internamente, precisam ser excretados. Além da avaliação de uma excreção
adequada via urinária, fecal, trato respiratório e pele, também é determinante a integridade
dos órgãos de detoxificação, principalmente, do fígado e do intestino.
Existem vários nutrientes que dão suporte à detoxificação. Quanto mais substâncias estranhas
ao organismo forem absorvidas, e quanto menos houver suporte nutricional adequado,
maiores as possibilidades de intoxicação orgânica e conseqüentes desequilíbrios funcionais.
O meio no qual o indivíduo vive, a poluição ambiental, o estresse (físico, mental e emocional),
o tipo de trabalho exercido por ele, a exposição regular à metais tóxicos (chumbo, mercúrio e
cádmio por exemplo), entre outros fatores, precisam ser analisados, pois irão interagir com o
organismo e influenciar o seu funcionamento. A individualidade bioquímica faz com que as
reações orgânicas, diante dos mesmos fatores, sejam diferentes de uma pessoa para a outra e
até para a mesma pessoa em momentos diferentes.
Saúde como vitalidade positiva e não simplesmente como ausência de doenças: Equilíbrio
Físico, Mental e Emocional
A análise de sinais e sintomas físicos (intestino preso/diarréia, azia, dor de cabeça, cansaço,
dores musculares, queda de cabelo, língua branca, aftas, infecções recorrentes etc), mentais
(falta de concentração, de memória, hiperatividade mental etc) e emocionais (ansiedade,
depressão, irritabilidade etc), aliada a todos os outros fatores analisados nos permitirão
entender melhor as causas e as interrelações entre as mesmas. A partir desta avaliação,
conscientizar o paciente e orientá-lo de maneira efetiva para uma mudança no processo que
determinará os resultados, tratando os problemas já existentes, promovendo a saúde integral
e previnindo doenças, otimizando o seu potencial genético.
Referência Bibliográfica
1- BAKER, S.M. Detoxification and Healing: The Key to Optimal Health. New Canaan: Keats
Publishing, 1997.
3- HAAS, E. M. The Detox Diet: A How-to & When-to Guide for Cleansing the Body. Berkeley:
Celestial Arts, 1996.
4- GUYTON, A.C., HALL, J.E. Fisiologia Humana e Mecanismos das Doenças.Rio de Janeiro:
Editora Guanabara Koogan S.A, 1997.
5- Matricardi PM. Infections preventing atopy: facts and new questions. Allergy 1997;52:879-
882.
6- WILLIAMS, Roger John. Biochemical Individuality: The Basis for the Genetotrophic Concept.