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MEMES EM PAUTA
Uma análise sobre os usos de conteúdos colaborativos
dentro dos portais de notícia do grupo UOL
Niterói
2017
DANDARA MAGALHÃES TELLES FEIJÓ DE LEIROS
MEMES EM PAUTA
Uma análise sobre os usos de conteúdos colaborativos
dentro dos portais de notícia do grupo UOL
Orientador Acadêmico
Prof. Dr. Viktor Henrique Carneiro de Souza Chagas
Niterói
2017/2
1
2
DANDARA MAGALHÃES TELLES FEIJÓ DE LEIROS
MEMES EM PAUTA
Uma análise sobre os usos de conteúdos colaborativos
dentro dos portais de notícia do grupo UOL
BANCA EXAMINADORA
3
Dedico este trabalho à minha mãe e em memória do meu
pai.
4
AGRADECIMENTOS
5
“O humor pode ser reacionário ou revolucionário. (...) Em
suas instâncias mais afiadas e criativas, provoca a
reflexão junto com os risos e, ao usar estereótipos,
desnua o seu uso. O humor põe o dedo na ferida, mas
não é o instrumento que fere. É um aferidor.”
(Ricky Goodwin)
6
RESUMO
7
ABSTRACT
The present work aims to develop a content analysis that seeks to observe how
the meme is inserted in different online news vehicles and how these memes
can be adapted to the subjects of interest of different editorial lines of the same
vehicle of communication. For this, we will analyze the group of websites, blogs
and news of UOL, trying to code content related to Michel Temer in news that
approach memes. We believe that these web portals choose to use memes to
illustrate the more complex issues of politics with humor, approaching the
language used by users of social networking sites.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
9
LISTA DE TABELAS
10
GLOSSÁRIO
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................... 13
1– AS MUDANÇAS NO JORNALISMO E SEUS IMPACTOS
NA FORMA DE PROPAGAÇÃO DA NOTÍCIA...................... 18
1.1 – Avanços tecnológicos até o webjornalismo: as mudanças
advindas com o ciberespaço................................................... 19
1.2 – Humor e jornalismo: como a piada se insere na notícia........... 24
2– MEMES DE INTERNET E O DESENVOLVIMENTO DE UMA
NOVA FORMA DE NARRATIVA........................................... 29
2.1 – Meme: do conceio à prática.................................................... 30
2.2 – Os memes de internet............................................................. 31
2.3 – O uso dos memes por portais e sua relação com o humor...... 37
3– METODOLOGIA.................................................................... 39
4– APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS.................................. 44
4.1 – A inserção dos memes nas notícias........................................ 44
4.1.1 – Os usos dos memes em diferentes portais de notícias............ 49
4.1.2 – Memes datados: momentos que marcam o aumento dos
54
memes....................................................................................
4.1.3 – Usos, formatos e inserção dos memes nas notícias................ 56
4.2 – Discussão............................................................................... 59
5– CONCLUSÃO ........................................................................ 62
REFERÊNCIAS ..................................................................... 64
APÊNDICE A – LIVRO DE CÓDIGOS – TEMER+MEME
UOL........................................................................................ 68
12
INTRODUÇÃO
13
observar como esses memes são apresentados como conteúdo dentro das
notícias. Essa pesquisa foi realizada a partir dos sites, blogs e portais do grupo
UOL e observou as notícias veiculadas após o processo de impeachment da
ex-presidenta Dilma Rousseff. Procuramos entender de que forma o mandato
de Michel Temer foi representado em matérias que relacionam ou incorporam
memes como parte de sua pauta, procurando compreender quais diferenças
de enquadramento e narrativa na abordagem do assunto difere em linhas
editoriais distintas do mesmo portal, tais como Entretenimento, Política e
Economia, além de observar as diferenças entre sites do mesmo
conglomerado, como BOL, Jornal do Comércio e Folha de S. Paulo. Para tanto,
investigamos o conteúdo publicado durante o período de 31 de agosto de 2016
a 31 de outubro de 2017. Optamos pelo recorte de 14 meses para poder, dessa
forma, coletar o máximo de material, inclusive relacionados a gafes ou falhas
desse governo que repercutiram nas mídias sociais. Coletando o máximo de
conteúdo sem que o recorte impossibilite ou prejudique o nosso tempo de
análise do mesmo.
A partir dessa análise pretendemos entender como as notícias fazem
uso dos memes, um produto próprio das redes sociais online, e se a escolha
da pauta desses canais noticiosos é pensada com o intuito de manter-se
relacionada aos assuntos que circulam nos circuitos de discussão dos usuários
de sites de redes sociais.
A escolha dos memes como recorte baseia-se principalmente nos
estudos de Limor Shifman (2014) que aborda uma visão diferente das
pesquisas anteriores relacionadas ao campo de estudos sobre memes
(Dawkins, 1976; Blackmore, 2000). Shifman estabelece um marco nos estudos
sobre memes que diz respeito a uma definição diferenciada de meme de
internet, levando em consideração especialmente dois pontos que contribuem
para que essa ressignificação ocorra: O primeiro, diz que esses memes
compartilhar características em comum com outro meme, tais como o seu
formato, tema ou seu conteúdo, o segundo diz que os memes circulam, são
imitados e transformados pela rede de usuários da internet.
Quando os memes são inseridos no meio virtual e tornam-se memes de
internet, eles passam a ser uma poderosa arma a favor do ativismo, abrindo
as portas para que debates políticos se popularizem e se tornem mais
14
frequentes nas redes através deles. Ao criar ou compartilhar um meme o
usuário tem a oportunidade de levantar bandeiras políticas e causas sociais,
trazendo à tona assuntos sérios que muitas vezes são expostos em forma de
piada.
Com a intensa circulação de memes sobre política (e outros
acontecimentos), os veículos da mídia tradicional passam a enfrentar sua
própria audiência como produtora de conteúdo e, com isso, têm tentado se
apropriar desses conteúdos e de debates oriundos da web para estabelecer
suas pautas e criar proximidade com esse público. Observar o que circula nos
comentários da notícia nas mídias sociais passa a ser uma forma em que os
repórteres conseguem manter suas pautas sempre atualizadas diante dos
assuntos debatidos por usuários de redes sociais online.
Pensando em como esses canais utilizam os memes, nosso trabalho
procura entender como a rede de sites e blogs do grupo UOL insere os memes
de internet em sua cobertura jornalística. Para tanto, iremos analisar quais
práticas são mais usadas na inserção do meme em uma notícia procurando,
dessa forma, entender como os meios de informação se comportam ao tratar
e repercutir esses memes.
Em nossa metodologia, traçamos uma forma de coleta e codificação
que procura perceber quais são as principais estratégias de utilização dos
memes pela plataforma do UOL por meio de uma análise de conteúdo.
Através de uma busca pelos termos “meme” e “Temer” dentro do campo
de pesquisa do site, tivemos acesso a um extenso leque de notícias que,
depois de analisadas individualmente, nos forneceram 70 matérias que
cumpriam os requisitos para integrar nosso corpus de pesquisa. Essas notícias
atendem aos seguintes critérios:
1. Foram veiculadas através dos sites do grupo UOL, e trazem essa
menção na URL;
2. Estão dentro do período de agosto de 2016 a outubro de 2017;
3. Trazem memes como assunto principal, utilizam um meme ou
mencionam algum meme direta ou indiretamente na notícia;
4. Fazem menção ao nome de Michel Temer em seu conteúdo.
Feito esse recorte, construímos um livro de códigos que se baseou na
análise superficial do momento da coleta aliado à trabalhos anteriores
15
relacionados também a memes e política2. Levamos em consideração
questões como, por exemplo, se o meme foi trazido apenas como recurso
ilustrativo ou se propõe levantar alguma questão reflexiva, se ele é o tema
central da notícia e se a notícia explica o contexto do meme.
A questão que procuramos responder com essa pesquisa analisa,
portanto, de que forma a mídia insere os memes em seus diferentes canais
como material de apoio. Além de como esses memes podem ser adequados
aos assuntos de interesse de diferentes linhas editoriais de um mesmo veículo
de comunicação, tais como Entretenimento, Economia e Política.
Em nossa coleta, optamos por analisar apenas o portal de conteúdo
UOL, de modo a dar uma atenção individual à cada canal desse portal e suas
abordagens. Escolhemos um portal de notícias próprio da internet por acreditar
que esse tipo de veículo contribui ativamente para a circulação de memes e
assuntos relacionados no meio virtual.
Temos por hipótese que ao utilizar memes de internet em suas pautas,
os blogs e sites do UOL optam por ilustrar os assuntos mais complexos da
política com o humor, procurando assim se aproximar da linguagem utilizada
pelos usuários de sites de redes sociais (SRSs).
Para avançar sobre esta hipótese, no capítulo 1 discutiremos a evolução
das práticas jornalísticas, procurando dessa forma, entender o funcionamento
das rotinas jornalísticas através de uma análise histórica do uso de novos
recursos dentro dos veículos de comunicação brasileiros. Também nos
estendemos em uma investigação a respeito dos usos do humor no jornalismo
que procura criar um paralelo a respeito da inserção de novas linguagens
populares no meio. Encerramos esse capítulo tentando compreender mais a
respeito das mudanças na profissão após a popularização da internet e como
o meio virtual teve impacto no formato das notícias, no aumento de fluxo da
informação, na velocidade da propagação de uma notícia e na relação entre o
jornalista e o leitor.
2CHAGAS, Viktor, et al. "A política dos memes e os memes da política: proposta metodológica
de análise de conteúdo sobre memes dos debates nas Eleições 2014." Intexto, Porto Alegre,
UFRGS, n. 38, p. 173-196, jan./abr. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.19132/1807-
8583201738.173-196.
16
No segundo capítulo, revisaremos o conceito de meme, trazendo para
o debate de que forma ele surgiu e tentando entender todo o caminho do meme
até os memes de internet. Ao tratar de memes de internet, vamos compreender
como essa linguagem se insere não só através de assuntos do cotidiano como
em forma de participação política na contemporaneidade. Dessa forma,
procuramos encerrar o capítulo entendendo melhor qual a importância, por
parte dos canais de notícia, de olhar para esse fenômeno e procurar incorporar
a linguagem em suas pautas.
O terceiro capítulo será dedicado a explicar a metodologia utilizada
neste trabalho, mostrando como a pesquisa foi desenvolvida, quais recursos
utilizados e como propomos a codificação do conteúdo coletado. Explicaremos
todo o trabalho desde a pesquisa inicial até a escolha desse recorte e
detalharemos o método aplicado para que essa pesquisa tivesse um corpus
consistente de análise.
O quarto capítulo traz a apresentação dos resultados da nossa
pesquisa. Procuramos nesse momento ilustrar nossos resultados
estabelecendo as conexões que fizemos durante a análise e quais principais
apontamentos surgiram durante a comparação do conteúdo catalogado.
O capítulo seguinte dedica-se à discussão deste trabalho e, por fim, no
último capítulo concluímos o trabalho com a apresentação de algumas
considerações a respeito da investigação empreendida e seus eventuais
desdobramentos.
17
1. AS MUDANÇAS NO JORNALISMO E SEUS IMPACTOS NAS
FORMAS DE PROPAGAÇÃO DA NOTÍCIA
18
1.1 Avanços tecnológicos até o webjornalismo: as mudanças advindas
com o ciberespaço
19
Porém, se por um lado o jornalismo ganha com a possibilidade de maior
rapidez na entrega do conteúdo, por outro ele passa a ter que lidar de forma
mais pública com questões pertinentes à objetividade da prática jornalística.
Ao ter que lidar com sessões de comentários nos seus sites e redes sociais ou
quando seu público passa a também produzir e disseminar conteúdo de forma
autônoma −, seja tirando foto de um acidente na rua, compartilhando uma
hashtag no Twitter ou criando um meme sobre política em um Memegenerator
−, o jornalista é confrontado com uma necessidade de dinamização de sua
atividade, que interfere diretamente na sua rotina de produção e na entrega do
resultado final.
Gomes (2016) nos aponta que o ceticismo do público em relação à
imparcialidade jornalística, se dá muito mais em assuntos que são
considerados socialmente mais difíceis de se debater sem escolher um lado.
Essa discussão vai ao encontro dos apontamentos de Tuchman (1972),
segundo os quais o repórter se utiliza de estratégias para lidar com a
objetividade da sua profissão. A autora aponta que o jornal é uma compilação
de estórias. Se todas essas estórias tiverem que ser reescritas, o atraso dos
jornais para ir para as ruas desencadearia uma série de problemas
econômicos para canal atrasado. Por isso, são empregadas estratégias de
trabalho que ajudar o repórter a tornar suas notícias “objetivas”. Os jornalistas
apontam que seguir essas estratégias é o que faz a profissão não sofrer com
processos, por exemplo, de difamação.
Essa “objetividade” se dá a partir de fatos que podem ser verificáveis
através da (1) apresentação de possibilidades conflituais, (2) apresentação de
provas auxiliares, (3) uso judicioso das aspas e (4) estruturação da informação
numa sequência apropriada. Porém, essas estratégias são empregadas para
amenizar a responsabilidade sobre esses assuntos do nome do jornal ou
mesmo do jornalista.
Com a inserção de canais próprios do meio virtual, os jornalistas
passam a encarar novos modelos de produção de, com isso a estruturação da
notícia se reconfigura e acontece uma popularização de notícias que se
estruturam no estilo “Confira os melhores memes”, que é identificada por Sardá
et al. (2015) como advinda de uma linguagem jornalística que ganhou impulso
a partir da popularização do site BuzzFeed. O BuzzFeed é um site que tem
20
como proposta a rápida alimentação de conteúdo que se espalha facilmente e
se identifica como um gerador de notícias mais compartilháveis em sites de
rede social. Por isso, Sardá et al. (2015) defendem que o formato amplamente
utilizado por eles − o formato listicle, que junta os termos list e article − tornou-
se uma característica que passou a servir de inspiração para que os canais
jornalísticos tivessem maior entrada dentro das redes sociais. Tais listas,
também possibilitam que os principais pontos de vista que circulam na rede,
disseminados pelos próprios usuários e relacionados à assuntos onde existem
lados definidos, por exemplo, esportes ou política, sejam compartilhados por
canais de notícia sem que ocorra uma escolha de lado por parte do repórter.
Para melhor ilustrar o conceito de listicle disseminado pelo BuzzFeed,
Sardá et al. acrescenta:
21
Já nessa época, ressurge uma forma narrativa que, adaptada para o meio,
ainda é utilizada pelos jornais e portais de notícia até hoje: o hipertexto.
O hipertexto é um formato em que diferentes informações paralelas
estão relacionadas por meio de links indicados a partir do texto de origem. Ou
seja, em uma leitura hipertextual, o leitor tem acesso não só ao textofonte,
como também a diversos entrelaçamentos e desdobramentos do assunto.
Admite-se que o hipertexto já era utilizado anteriormente em diferentes
gêneros literários, porém foi na internet que sua concepção se expandiu, de
acordo com as possibilidades que o meio passaria a oferecer. A forma de
leitura por hipertexto, causa uma ruptura no jornalismo, já que agora a Internet
passa a potencializar uma multimidialidade ainda maior do que anteriormente
– com o rádio e a televisão (PALÁCIOS, 2005).
Este período implicou em mudanças nos ambientes físicos, no corpo de
profissionais e nos conteúdos destes jornais, que foram refletidos no “fluxo de
produção, edição, distribuição e circulação do conteúdo jornalístico”
(BARBOSA et al., 2014 p.2).
Nascem assim diversas formas de arquitetar o trabalho, inserindo
dinamização ao processo de criação de notícias, com novos formatos e
padrões de narrativas, advindos da nova estrutura onde o ecossistema
midiático passa a existir na lógica de multiplataforma. Esses novos formatos
de narrativa passam a integrar os resultados da convergência jornalística
(BARBOSA et al., 2014).
Palácios (2005) afirma que o ambiente virtual possibilitou uma
potencialização das características multi-lineares que já existiam no jornal
impresso. A nova modalidade de prática narrativa se dá portanto quando é
estabelecido um novo formato que vai além dos experimentos iniciais. O autor
aponta que a progressão nos meios narrativos do jornalismo online caminha
de acordo com a ampliação de acesso à banda larga. Enquanto no fim do
século XX e início do século XXI era comum que os sites disponibilizassem
versões apenas em texto, para os leitores que tinham acesso a baixas
velocidades de conexão, hoje dependemos tanto das possibilidades de
conexão dos usuários e os sites podem trabalhar efetivamente de forma
multimidiática, incorporando imagens, gifs, vídeos e áudios em seus textos
(PALÁCIOS, 2005).
22
Atualmente, conseguimos ver a interação dos leitores com os
produtores de conteúdo nos próprios sites de notícia ou em suas redes sociais.
Qualquer leitor passa a ter a oportunidade de comentar, questionar e
compartilhar conteúdo, essa ação passa a ser entendida como uma forma de
distribuição secundária. Nesse contexto, a visibilidade das pautas passa a
depender muito mais do que a própria audiência considera relevante e distribui
para o seu círculo social (BARBOSA et al., 2014).
Dessa forma, podemos começar a perceber quais principais
características reconhecidas pelos pesquisadores que investigam o chamado
webjornalismo. Mielniczuk (2004) diz que o webjornalismo é desenvolvido
quando novas possibilidades resultantes do meio virtual se potencializam.
Essas possibilidades causam uma ruptura no que era considerado padrão por
poder oferecer recursos diferenciados. O desenvolvimento do webjornalismo
caminha em conjunto com a principal mudança que acontece no meio. Quando
os sites jornalísticos ultrapassam a barreira de ser uma versão para web do
jornal impresso e pensam nesse novo cenário como uma porta de entrada para
conteúdos próprios e destinados a ele, abraçando a web para explorar todas
as possibilidades que surgem a partir desse meio (MIELNICZUK, 2004), nasce
então o que chamamos hoje de jornalismo para internet.
Nesse formato, as webnotícias podem se utilizar de recursos de
multimídia interativa para aumentar o engajamento com seu público, adotando
uma forma híbrida “que integra texto, gráficos clicáveis, áudio, foto e vídeo,
criando um conjunto compreensível e interativo para narrar fatos” (DUBE,
2002; MIELNICZUK, 2004; 2001). Concordamos, portanto, com Sardá et al.
(2015), que afirmam que os jornais tradicionais também procuram se
aproximar da linguagem do público utilizando estratégias de relacionamento
com seus leitores. O emprego de memes no jornalismo pode, dessa forma, ser
considerado um híbrido entre a linguagem do jornalismo e a do entretenimento.
O que significa que os memes podem aproximar o seu público da notícia de
forma mais rápida e ampla.
Outra importante mudança oriunda desse novo meio, apresentada por
Zago (2012) são as redes sociais. Elas têm um papel fundamental na
contribuição para as mudanças relacionadas à prática jornalística. A autora
afirma que os canais de mídia tradicional utilizam as redes sociais como
23
espaços para distribuir seus conteúdos. Além disso, nesses locais os mesmos
conteúdos podem ser potencializados através de ações dos próprios usuários,
como as ações de compartilhamento. Dessa forma, quando a circulação
jornalística possibilita que seu público leitor compartilhe seu conteúdo e suas
impressões sobre o mesmo, cria uma rede amplificada em que, como
apontado anteriormente, o leitor exerce o papel de distribuidor secundário da
notícia.
Ao falar dessa circulação jornalística, Zago (2012) alega que a internet
tornou-se um canal de distribuição onde ocorre uma maior dinamização na
circulação. O papel do jornal, nesse novo contexto é de analisar o que o público
debate para compreender quais as formas de inserir esses debates em suas
notícias.
Em nossa pesquisa, por exemplo, em mais de uma vez, encontramos
matérias inteiras que ilustravam a repercussão das fotos de uma visita de
Michel Temer à uma churrascaria3, em um momento em que o Brasil passava
pela Operação da Carne Fraca. Notícias como essa, não focam nos motivos
políticos ou econômicos da visita de Michel ao restaurante, que estava
acompanhado de embaixadores de países que exportam a carne brasileira,
mas sim no que os usuários de redes sociais têm a dizer sobre esse
acontecimento. Tal quebra de paradigma leva o jornalismo a um novo patamar
onde o valor a respeito do que o público tem a dizer é tamanho, que esse valor
passa a ser a própria notícia.
24
ortográfica” de uma imprensa mais caricatural, que surgia da necessidade de
representar o dia a dia e as transformações pelas quais as cidades e centros
urbanos passavam (JANOVITCH, 2011; MARTINS, 2011).
O humor dessa época, que já vinha se naturalizando desde meados do
século XIX, advém em grande parte da inserção de caricaturas e ilustrações,
que contribuíram para o avanço da imprensa que passa a unir desenho, letra
e humor no jornal impresso (MARTINS, 2011). Martins (2011) aponta que a
caricatura de filiação francesa surgiu no país como “recurso poderoso que
denunciava, educava, fazia rir, enfeitava e potencializava nossa incipiente
imprensa de letras” (MARTINS, 2011, p. 522). Essas práticas, construíram o
início de uma identidade brasileira no jornalismo, que, com sua passagem pelo
humor, possibilitou que novos públicos tivessem acesso ao noticiário de
linguagem mais simples. Com o aumento do público leitor, podemos concordar
com Traquina (2005) ao afirmar que os jornalistas são contadores de “estórias”
da sociedade contemporânea, tendo participação ativa na definição e
construção das notícias.
No âmbito das imagens, a produção brasileira concentra, nas décadas
de 1950 e 1960 seu processo principal focado nos cartuns de revistas como O
Cruzeiro, nas duas décadas seguintes surge a imprensa alternativa com O
Pasquim em paralelo ao movimento voltado para os quadrinhos que tratavam
principalmente de temas relacionados às transformações sofridas no país
através da ditadura. No fim da década de 1980, falava-se a respeito das
mudanças no parâmetro social e moral. Já em 1990 e nos anos 2000 a
crescente entrada de chargistas na grande imprensa e de cartunistas em
salões nos deixa hoje com três tipos de humor que é apresentado ao público:
(1) charges em jornais diários, (2) caricaturas nos salões de humor e (3)
quadrinhos independentes (GOODWIN, 2011).
Ao analisarmos o uso do humor dentro do jornalismo, sentimos
necessidade de conceituar seu sentido desde o nascimento do gênero. Deligne
(2011) aponta que precisamos conhecer a situação para que o riso seja bem-
sucedido. Portanto, a ironia, dentro do humor jornalístico pode surgir, por
exemplo, em um cartum editorial, onde a intenção do autor pode ser a de
provocar o humor para tornar a mensagem séria mais admissível (DAVIES,
2011), ou em charges como as de Raul Pederneiras que abordavam temas
25
sociais (NERY, 2011) e ainda no uso de estereótipos, formas reducionistas de
interpretar o todo, que dentro do humor se transformam em mecanismos para
transformar os mínimos em máximas (GOODWIN, 2011).
Mais concentrada no humor e seu uso em narrativas de caricaturas,
Janovitch (2011) aponta que:
26
charges e memes, compartilham uma característica em comum. As charges
sempre apresentam uma crítica relacionada a um acontecimento social atual
com olhar bem-humorado. Essa ligação com o jornalismo e com assuntos que
estão atualmente em debate junto à sociedade é o principal traço que podemos
relacionar ao uso e produção dos memes. Ceretta (2016) nos mostra que a
produção de memes de cunho político consegue estimular reflexões e aponta
que o meme exerce um papel social fundamental pois argumenta de forma
cômica a respeito de fatos políticos e aproxima as pessoas dos mesmos,
divulgando assim questões que não necessariamente teriam entrada em
grupos isolados.
Esse apontamento nos leva a crer que os memes − que muitas vezes
tem humor em seu conteúdo − tem potencial para serem melhor
compreendidos pelos usuários de redes sociais que consomem notícias
através de portais de conteúdo na internet. Estabelecemos então que, o uso
dos memes pelos portais de notícias tem como intuito aproximar o público que
não mais lê notícias, porém, para que esse público entenda o humor utilizado
nos memes, ele precisa ler e compreender o contexto utilizado ali, se não o
humor empregado deixa de fazer sentido.
No webjornalismo, temos uma audiência que se mostra mais
participativa e que busca por conteúdos que dialoguem com o que é
comentado e compartilhado por seus amigos dentro das suas próprias redes.
A facilidade de acesso à diferentes conteúdos em diferentes fontes cria uma
necessidade dos portais de manter suas pautas dentro dos assuntos mais
comentados pela rede, para assim cativar seu público. Essa necessidade é
caracterizada pela apropriação por parte desses portais do conteúdo e dos
assuntos produzidos e discutidos a partir da web (SOUZA et al., 2016). Surge
por parte das empresas jornalísticas uma motivação para apostar em um novo
formato jornalístico, baseado nos memes de internet, o qual nos
aprofundaremos no capítulo seguinte.
No presente capítulo, procuramos apontar quais os principais motivos
pelos quais o jornalismo continua em constante adaptação. Dessa forma,
tentamos relacionar os memes de internet às novas práticas jornalísticas
próprias do meio virtual, onde o jornalismo passa a competir com sua própria
audiência a respeito tanto da produção de conteúdo como da sua circulação.
27
A reflexão que procuramos trazer neste capítulo observa que a
incorporação dos memes é feita pelos portais de notícia com intuito de manter-
se em diálogo com o que acontece nas redes. Essa tentativa gera, por vezes,
conteúdos que são voltados única e exclusivamente para a repercussão de um
fato e não para o fato em si. Os compilados de melhores memes entram em
momentos onde os portais procuram contar a notícia pelos olhos do seu próprio
público. No capítulo seguinte, iremos apontar de que forma os memes se
inserem no meio virtual e passam a ser entendidos não só como recurso
humorístico como também ferramenta para debates de cunho político e social,
compreendendo por fim, o real impacto que a sua incorporação assume no
meio jornalístico.
28
2. MEMES DE INTERNET E O DESENVOLVIMENTO DE UMA NOVA
FORMA DE NARRATIVA
31
Para compreendermos o surgimento e o significado dos memes de
internet, apresentamos neste tópico uma cronologia sobre como o debate
acerca do conceito foi se desenvolvendo. Pretendemos relacionar esse
trabalho com os nomes dessa área de investigações que nos ajudam a pensar
na forma em que o conceito foi empregado dentro da web e como ele foi sendo
apropriado com o tempo. Passaremos por autores como Knobel & Lankshear
(2006), Davidson (2012), Miltner (2011) e Limor Shifman (2014).
Knobel & Lankshear (2006) defendem o potencial dos memes,
apontando que esses são peças que contribuem nas formas de poder,
participação social e ativismo dentro das redes. Os autores afirmam que
quanto mais o meme sobrevive através dos seus agentes replicadores, mais
ele pode ser copiado e passado para novos agentes que podem seguir
replicando esse conteúdo. Além disso, eles apontam que, apesar dos memes
serem parte da cultura humana desde sempre, apenas recentemente eles
passaram a ser vistos através do seu poder descritivo e explicativo. Ou seja,
eles procuram explorar os memes com a intenção de compreendê-los como
fenômenos culturais, identificando que os memes são um conjunto de
experiências que vivenciamos. Para entende-los, precisamos primeiro
compreender seu sentido social e cultural, isso é definido pelo nosso
Letramento.
O Letramento é o que, para os autores, nos faz compreender um meme.
Só conseguimos passar a ver os memes como gênero, depois que
entendemos seu Letramento. O sentido do humor, nesse sentido, é a
experiência do Letramento e o que interessa, nessa visão é entender os fatores
que levam os usuários a criarem e compartilharem da forma que o fazem
(KNOBEL & LANKSHEAR, 2006).
Para Davison (2012), a principal diferença entre a evolução genética e
a evolução − denominada pelo autor − memética está na velocidade de
transmissão. Se os genes precisam de várias gerações para que suas
mudanças sejam visíveis, com os memes essa evolução é muito mais rápida.
Especialmente quando os memes passam para a internet, acentuando as
possibilidades de velocidade da sua transmissão. Com essa concepção,
Davison (2012) conclui que os memes de internet não necessariamente são
piadas e isso não é o que define o conceito. O conceito de meme de internet
32
está relacionado a sua velocidade de transmissão e a sua fidelidade à sua
forma.
Outra característica dos memes que os diferencia dos genes é a forma
como eles são replicados. Enquanto no caso dos genes, essa replicação se dá
naturalmente, através do DNA, nos memes a replicação está a todo momento
submetida à agência humana, já que ela é transmitida culturalmente, sendo
assim baseada nas ideias e conceitos da sociedade. Essa forma de observar
a replicação dos memes é um marco que distingue as pesquisas de Dawkins
(1976) e Blackmore (2000) dos pesquisadores que vem em seguida
(DAVISON, 2012; SHIFMAN, 2014).
Para Miltner (2011), o que possibilita a proliferação de memes é a
cultura participativa que se desenvolveu a partir da popularização da internet
e das mídias sociais. Miltner (2011) avança na discussão a respeito de uma
“memesfera”, que, para a autora, é o contexto ou a conexão de auto-
referências entre os memes. Ou seja, os grupos de memes estão ligados ou
no contexto da sua criação ou de consumo. Diversas características podem
ser reconhecidas como a conexão entre um grupo de memes, elas podem ser
oriundas do formato visual, como no exemplo dos image macros4. Podem ter
um padrão frasal em comum tal como o meme A Meta ou, até mesmo um
dialeto, tal qual o tiopês5. Ao estudar o fenômeno dos LOLCats, o meme image
macro que utiliza imagens de gatos sobrepostas por legendas engraçadas, a
autora conclui que a cultura participativa cria os memes tendo por motivação o
fato de ter algo para compartilhar com outras pessoas.
Shifman (2014) apresenta uma nova forma de ver os memes quando
compreende os mesmos como um grupo de conteúdos com características em
4 O image macro mais comum é aquele em que uma imagem vem sobreposta com uma grande
legenda com fonte Impact na cor branca, borda preta e maiúscula. “Sem dúvida, os image
macro são a forma mais comum de memes que vemos circulando online e nasceu em 2004
em fóruns do imageboards, porém foi no 4chan que sua popularidade decolou e ele ganhou
vida própria, com os LOLcats em 2006.”. (fonte:
http://www.museudememes.com.br/sermons/image-macro/. Acesso em: 23/11/2017)
5 “O tiopês − a “língua” do Tiop, como fas? e do kkk − se difundiu em larga escala pela internet
e hoje tem várias de suas expressões incorporadas ao cotidiano dos usuários de sites de redes
sociais.” Esse dialeto enfatiza o erro ortográfico propositado para gerar um efeito cômico.
(fonte: http://www.museudememes.com.br/exposicoes/memeclube-2/. Acesso em:
23/11/2017)
33
comum. Tais características podem ser voltadas para o conteúdo, forma ou
sua posição.
Para ilustrar essas características, nos baseamos na análise de uma
das matérias coletadas para essa pesquisa. Na lista de memes apresentados
na notícia “Memes da internet não perdoam Temer após denúncia”6, divulgada
pelo Jornal do Comércio, cujo site é hospedado no UOL, podemos ver
diferentes formatos de meme, que tem por intuito debater o mesmo assunto.
O compilado de vídeos e imagens são trazidos nessa notícia como recurso
ilustrativo, mostrando diferentes conteúdos que representam situações ou
fazem às denúncias voltadas para o presidente. Observamos que por vezes
os memes ilustram e fazem piada com a parcela dos usuários que só está ali
assistindo a tudo, e seu humor é estabelecido quando entendemos que a
posição do usuário é assistir a tudo “de camarote” através das redes sociais.
Essa é a visão dos internautas, a respeito de um contexto, apresentado em
forma de meme, que foi escolhida pelo Jornal para ilustrar o acontecimento.
FIGURA 2.1 – Exemplo de meme FIGURA 2.2 – Exemplo de meme
divulgado na notícia “Memes da divulgado na notícia “Memes da
internet não perdoam Temer após internet não perdoam Temer após
denúncia” denúncia”
6Disponível no link:
http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/politica/nacional/noticia/2017/05/17/memes-da-internet-
nao-perdoam-temer-apos-denuncia-284242.php. Último acesso em 23/11/2017
34
Para ilustrar como os memes podem compartilhar semelhanças em sua
forma, escolhemos dentre o conteúdo coletado, a matéria em formato de lista
“Temer aparece em fila de banco e dá o que falar”7, divulgada pelo portal de
notícias do BOL. Nesse exemplo, podemos observar uma mesma família de
memes que é estabelecida a partir da foto do presidente onde o mesmo está
posicionado atrás de uma cliente no caixa eletrônico da Caixa Econômica
Federal que, ressignificada pelos usuários do Twitter ganha novos sentidos a
partir da legenda, sempre utilizando a mesma imagem e mudando só sua
legenda.
Os principais exemplos de legenda utilizados nesse grupo de meme
fazem menção a uma criatura maligna que aparece atrás da senhora (criatura
essa ilustrada na figura do presidente) ou a um senhor de idade que não sabe
direito o que está fazendo, reforçando estereótipos de senhores que
frequentam bancos para retirar suas aposentadorias. Em ambos os discursos,
o do velhinho ou da figura satânica, podemos estabelecer uma propagação de
ideal que não é favorável ao presidente.
FIGURA 2.3 – Temer FIGURA 2.4 –Temer representado
representando como o diabo como um senhor de idade
7Disponível em https://www.bol.uol.com.br/memes/noticias/2017/05/13/temer-aparece-em-
caixa-eletronico-e-da-o-que-falar.htm. Último acesso em 17/11/2017
35
Ou seja, na análise dos memes noticiados a respeito do presidente
Michel Temer, podemos encontrar as relações de conteúdo, forma ou posição
estabelecidas pela autora. A análise que se estende no nosso capítulo
metodológico, nos apresenta quais os tipos de memes são mais usados nesse
período estabelecendo relações voltadas para as classificações de formato e
observando de que forma esse recurso é empregado na matéria.
Nos utilizamos do conceito apresentado por Shifman (2014), portanto,
para compreender os memes de internet como grupos de itens digitais que
compartilham entre eles uma das características listadas acima em comum.
Esses memes são criados e compartilhados coletivamente por usuários das
redes sociais online, que subsequentemente imitam e transformam conteúdos
anteriores.
Quando o meme emprega humor em seu discurso, estabelecemos uma
conexão com a discussão do subcapítulo 1.2 deste trabalho. Afirmando assim
que, não basta apenas que o usuário crie uma legenda, coloque ela em uma
imagem e acredite que assim seu meme no formato de image macro seja bem-
sucedido.
Shifman (2014) defende que é preciso ter uma leitura sofisticada a
respeito dos memes, entendendo o funcionamento da sua subcultura e onde
ele é empregado. Chagas (2016) acrescenta que, as manifestações de
engajamento empregadas nos memes que se propõem a uma discussão
pública geralmente são marcadas por uma “ironia ‘ingênua’” (2016, p. 97) fruto
da “interferência serial a partir de intertextualidade”. Conseguimos estabelecer
uma conexão, portanto entre as formas de se reconhecer um meme de internet
e as de se reconhecer o humor dentro de uma piada, pois só é capaz de
entender o produto final por completo que está inserido naquele contexto.
Diante dos conceitos apresentados, concordamos que quando os
usuários começam a usar os sites de redes sociais para abrir canais de debate,
eles estabelecem uma forma de ativismo que, aliada aos memes ganha
volume para levantar questões da própria sociedade. Os memes ultrapassam
assim o nível do humor e encontram espaço para tratar de assuntos sérios
através de uma linguagem mais acessível (SHIFMAN, 2014).
36
2.3 O uso dos Memes por portais e sua relação com o humor
37
FONTE: Paraná Portal.
38
3. METODOLOGIA
39
gerando o desejo de um aprofundamento a respeito de como os grandes meios
de comunicação respondem a esse movimento dos usuários e nos faz tentar
observar como esses canais inserem esses debates em suas pautas.
Definido o que queríamos analisar, optamos por selecionar as matérias
publicadas no último ano, durante o período pós-impeachment, para ter um
recorte mais atual possível que retratasse a forma como as notícias que têm
relação com o presidente Michel Temer e os memes são apresentadas e em
que contextos e subcategorias dos portais encontramos divergências em
enquadramentos e abordagens sobre um mesmo assunto ou a sua
repercussão. Feito isso, passamos para o trabalho manual de análise de cada
notícia.
A coleta do conteúdo aqui analisado foi feita através do portal UOL,
durante o período de agosto de 2016 a outubro de 2017, procurando analisar
o mandato do presidente Michel Temer até o período de início do processo da
nossa coleta, que se deu em novembro de 2017. Em nossa análise de
conteúdo, pretendemos observar o que é divulgado em seus diferentes blogs,
sites e portais. O UOL nos permite, através do seu campo de busca avançada,
opções de filtragem que possibilitam a quem faz a busca por uma ou mais
palavras-chave encontrar esses termos dentro de todos os jornais, portais e
blogs vinculados ao UOL.
Por ser um conglomerado que traz dentro de seu conteúdo diversos
parceiros e sites de notícia, nos aproximamos dos apontamentos feitos por
Mielniczuk (2001) a respeito da interação do leitor com a publicação. As
possibilidades de encontrarmos um mesmo fato sendo contado através de
“estórias” (TUCHMAN, 1972) que divergem a partir da visão editorial de cada
veículo, é o que nos motiva a procurar, por exemplo, conteúdos políticos dentro
de categorias como entretenimento, que não necessariamente têm uma
relação direta com as palavras-chave escolhidas para análise, “Temer” e
“meme”.
Diante dos resultados apresentados na busca por essas palavras-
chave, encontramos um leque de notícias publicadas dentro da rede de sites
hospedados pelo grupo UOL relacionadas aos termos “meme” e “Temer”.
40
Através de critérios estabelecidos pensando no que desejávamos obter ao fim
dessa coleta, nos rendeu um resultado final de 70 conteúdos para análise final.
Dentre os critérios estabelecidos, observamos:
1. Apenas os conteúdos que são reconhecidamente de parceiros do
grupo UOL e que trazem esse nome em suas URLs;
2. Apenas conteúdos que estivessem dentro do recorte temporal
estabelecido previamente, que procurava observar as notícias divulgadas após
a posse de Temer como presidente;
3. Apenas notícias que contivessem ambas as palavras-chave em seu
conteúdo e não apenas um ou outro;
4. Apenas conteúdos que sejam de livre acesso ao público,
desconsiderando os conteúdos exclusivos de assinantes.
Consideramos, portanto, todas as matérias, listas e releases no formato
narrativo ou opinativo que se adequaram a esses quesitos. A compreensão
dos memes como conteúdo, se desenvolveu através do nosso entendimento
geral sobre o que é um meme de internet, depois do aprofundamento teórico
feito no capítulo dois deste trabalho. Nesse sentido, matérias como “Internet
elege apresentadora Ana Furtado substituta oficial de Michel Temer” ou
“Twitter não perdoa o churrasco de Temer” que falam sobre a repercussão de
um acontecimento, mas não esclarecem que aquele assunto é um meme,
também são entendidas como matérias que tratam de memes.
Em nossa análise manual, avançamos no processo de produção do livro
de códigos para essa pesquisa. Esse livro de códigos, disponível na íntegra
como material apêndice a este trabalho, observa, por exemplo, questões como
de que forma a notícia procura, e se a notícia procura, explicar o meme que foi
utilizado na pauta, se o meme utilizado é o assunto principal das notícias em
questão ou se ele é apenas um recurso complementar. Esse recurso
complementar, pode apenas ilustrar a notícia ou trazer um compilado de
“melhores reações” que aquele assunto teve nos sites de redes sociais, por
exemplo.
Logo, procuramos dessa forma entender se o uso de memes em
matérias, colunas e galerias de grandes jornais, é uma tentativa de
41
aproximação com a linguagem estabelecida em sites de redes sociais, ou se
realmente aborda os debates trazidos pelos usuários que compartilham esses
memes.
Após a coleta desse material primário e da construção do nosso livro de
códigos, seguimos para a fase de análise do conteúdo dessas notícias. Nelas,
o assunto meme é usado textualmente ou visualmente. Essa proposta procura
entender as diferentes abordagens desses veículos e como o uso de memes
está empregado dentro do conteúdo, procurando identificar variáveis que ligam
a notícia ao seu uso.
Para o desenvolvimento da nossa metodologia, construímos diversas
categorias, apresentadas em nosso livro de códigos, que foram empregadas
através da análise das mesmas.
Uma vez coletada a notícia, foi procedida uma leitura inicial e feito um
primeiro esforço de classificação de seu conteúdo. O conteúdo foi classificado
observando (1) o site onde a notícia circula, (2) sua linha editorial, (3) se a
matéria ilustra o meme através de recursos visuais ou não, (4) se trás o meme
como tema principal da pauta ou apenas como complemento da notícia, (5)
qual o formato do meme (6) se o meme tem caráter ofensivo e procura ofender
algo ou alguém (7) se o meme tem caráter explicativo e busca informar sobre
alguma questão governamental e (8) quais personagens políticos aparecem
na notícia. Esse processo de codificação foi desenvolvido usando o Microsoft
Excel para tabulação.
Como estabelecido anteriormente, partimos da premissa de que nem
todos os memes são, necessariamente, engraçados. Por isso, é nossa
intenção aqui, compreender de que forma os portais abordam os memes e se
eles entendem os mesmos como práticas que estão relacionadas estritamente
à uma linguagem que faz uso do humor. Observando se dessa forma, o
conceito “meme” é visto por esses sites como um termo que deve ser
apresentado para seu público leitor apenas quando o assunto principal é
cômico ou se ele também é apresentado em seus formatos mais sérios que,
ao serem estabelecidos e apresentados por esse meio como “meme” põe em
questionamento a seriedade de um assunto.
42
A análise desse conteúdo, portanto, procura observar de que forma se
dá a inserção dos memes dentro da cobertura jornalística dos diferentes sites,
portais e blogs do UOL.
43
4. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS
44
Eleições
Outros
Apresentaremos como o meme é abordado, dentro das diferentes
categorias listas acima, quando ele é o tema principal de uma notícia ou
quando apenas é inserido como material complementar. Para isso,
selecionamos como material expositivo sete notícias, que representam 10% da
nossa análise.
O primeiro exemplo, a notícia “Temer não renuncia e confunde a
internet; veja os memes”9 em nossa codificação é uma matéria codificada
como Notícia. Apesar de conter apenas 3 parágrafos, a matéria consegue
explicar como o meme surge e de que forma se dá a abordagem do tema nele,
ao afimar: “O anúncio de que não vai renunciar após denúncia de delações da
JBS fez com que Temer fosse comparado à diversos personagens, como a
‘falsa grávida de Taubaté’”. A notícia ainda traz uma lista de principais memes
circulados como recurso ilustrativo.
Em uma diferente linha editorial, a notícia “Temer anuncia saque do
PIS/PASEP para 8 milhões, mas metade já podia sacar”10 encontrada na
sessão de Economia do portal BOL, procura num primeiro momento focar nas
informações a respeito do saque do fundo, como ele seria feito e quem se
beneficiava. No fim da notícia, após apresentar todas as informações
necessárias ao leitor que pudesse se interessar em realizar a retirada do seu
dinheiro, eles acrescentam uma pequena galeria de imagens com compilados
dos melhores memes relacionados à essa notícia. Dessa forma, entendemos
que, apesar da notícia não ter explicado o meme propriamente dito, ela trouxe
todas as informações que precedem a compreensão daquela imagem, para no
fim ilustrar essas informações inserindo essa galeria de humor.
FIGURA 4.1 – Imagem da galeria do fim da notícia “Temer anuncia saque do
PIS/PASEP para 8 milhões, mas metade já podia sacar”
45
FONTE: BOL.
Nas notícias de entretenimento, o assunto político vem, em alguns
casos, acompanhado de uma celebridade que está diretamente ligada ao
caso, como na notícia “Ticiana Villas Boas, mulher de Joesley Batista, é
atacada na web”11, que aborda como a mulher do empresário, que é
apresentadora de um canal televisivo, sofreu com a repercussão do caso. Em
outros casos, a relação da celebridade com o nosso recorte só se torna claro
a partir de uma apresentação maior do contexto como no exemplo da notícia
“Internautas brincam na foto de Ana Furtado: Linda e substituta do Temer!”12.
No caso em questão, a piada se forma baseada na carreira profissional da
apresentadora, que já substituiu Fátima Bernardes e Angélica em seus
respectivos programas, pela emissora Globo. Sua constante aparição em
casos que a emissora precisa de uma substituta para os programas da sua
grade televisiva, fez seus seguidores levantarem uma conspiração a respeito
de que Ana seria a substituta do cargo de presidente do país. Ambos os
exemplos, tratam de acontecimentos que se desenrolaram dentro da rede
social Instagram, nossa justifica para tratar esses acontecimentos como
memes, se baseia no fato de que o UOL os está tratando dessa forma.
11 Disponível em https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-
noticias/entretenimento/2017/05/18/ticiana-villas-boas-mulher-de-joesley-batista-e-atacada-
na-web.htm. Acesso em: 18/11/2017
12 Disponível em: https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-
noticias/entretenimento/2017/05/18/internautas-brincam-em-foto-de-ana-furtado-linda-e-
substituta-do-temer.htm. Acesso em: 18/11/2017
46
FIGURA 4.2 – Comentários dos seguidores de Ticiana Villas Boas a respeito
da JBS em sua conta na rede social Instagram.
FONTE: BOL.
FONTE: BOL.
47
Para ilustrar uma notícia da linha editorial Política, escolhemos a notícia
“Nadando em dinheiro... Grana em apartamento que seria de Geddel inspira
memes”13. Essa notícia, apesar de trazer uma abordagem política em sua
pauta, noticia o fato e em seguida apresenta o meme:
48
Economia. Nela, são expostas as principais propostas do pré-candidato à
presidência da república, Ciro Gomes, que critica as reformas do governo
Temer. Ao fim da notícia, é apresentada uma interação de um usuário com o
perfil de Ciro no Twitter, que se refere a um meme que surgiu do pré-candidato.
FIGURA 4.4 – Interação com usuário apresentada na notícia “Caso seja
eleito, Ciro diz que revogará reformas do governo Temer”.
16 Considera todas as notícias veiculadas através do portal oficial do UOL encontrado no link
https://www.uol.com.br/. Acesso em 02/12/2017.
49
BOL 19
Folha de S. Paulo 6
Jornal do Comércio 10
Blogs 9
Band 2
Jovem Pan 4
Piauí 1
Outros 8
Total 70
FONTE: A autora.
No site da UOL, encontramos 11 notícias relacionadas ao conjunto de
palavras meme + Temer. Sete dessas matérias seguem uma temática
diretamente política, outras duas são codificadas como notícias e relacionam
o meme ao fato noticiado, uma em economia e uma em eleições.
O site BOL foi o que mais teve matérias publicadas no período. São 19
ao todo, sendo oito delas focadas no meme apresentando o mesmo em forma
de lista, cinco que foram codificadas como Notícias, três em Entretenimento e
uma de cada nas categorias Economia, Política e Opinião. A vasta quantidade
de notícias voltadas para o meme como assunto principal apresentado no
formato de lista, nos faz ver uma relação direta desse modelo com a linguagem
do site, que traz em seu menu principal a categoria Memes ao lado de Notícias,
Listas, Vídeos, Imagens, entre outros.
No site da Folha de S. Paulo17 encontramos seis notícias em nossa
coleta. Dentre elas, três apresentam enquadramento político, uma fala de
entretenimento e duas focam mais no meme em suas pautas. Dentre essas
notícias, também é interessante observar que quatro das seis coletas estão
publicadas pelo site da Folha e duas pelo F5, portal da própria Folha que se
apresenta como o lugar onde você encontra “Tudo sobre o mundo das
celebridades e outras novidades”.
17 Dentre os sites que passaram por nossa coleta e análise, o site da Folha é o único que
bloqueia o acesso às notícias através de um limite de acessos mensal, que dificulta, por
exemplo, retornar a essas notícias na sua versão web para analisar seu conteúdo.
50
O Jornal do Comércio, que também circula na sua versão online pelo
UOL, aborda o meme como tema principal da notícia na maioria dos casos.
Em 10 matérias coletadas e analisadas, sete tem como enquadramento o
meme, duas abordam mais o lado político enquanto a última fala sobre
assuntos relacionados ao entretenimento.
No seguimento de blogs do grupo, nossa coleta encontrou notícias no
Bom Pra Cachorro, no Blog do Jamildo, Blog do Mauricio Stycer, Blog do
Sakamoto, Observatório da Televisão e no Blog Coluna Esplanada. Todos eles
juntos nos forneceram um total de nove notícias para análise.
Também observamos que em 66% (N=6) das notícias, esses blogs
procuram explicar como o meme funciona e em 77% (N=7) eles trazem
recursos que ilustrem o meme em questão.
Apenas duas notícias dentro do nosso filtro são apresentadas no site da
Band, quatro coletas foram realizadas no site da Jovem Pan e apenas um no
site da Piauí.
Durante nossa codificação, optamos por englobar todos os veículos que
não apresentados acima na opção de “Outros” pois, esses casos não nos
trazem uma quantidade tão grande para análise individual. Para melhor
visualização dos sites e da quantidade de conteúdo fornecida por cada um dos
que classificamos em “Outros”, listamos abaixo os portais enquadrados nessa
codificação e a quantidade de notícias que cada um nos ofereceu. Ao final a
categoria “Outros” conta com um total de oito notícias para análise.
51
No caso do site da UOL, apenas a notícia “Bolsonaro, memes e
conspirações viralizam nas redes após delação da JBS”18 não traz em seu
corpo nenhuma apresentação visual a respeito de um meme. A matéria fala
sobre um estudo feito a respeito do engajamento dentro das redes sociais com
o caso da JBS e trata, mesmo a parte relacionada ao humor, de forma mais
formal e sem trazer exemplos.
Ainda a respeito dos memes divulgados nas matérias do site da UOL,
segundo nossa codificação, encontramos seis formatos propagados dentro
desse conteúdo. A forma mais popular de se ilustrar os memes não só no
UOLmas em vários de seus portais e blogs parceiros, como observaremos
adiante neste capítulo, ainda é o compilado de comentários e piadas que
surgem a partir do Twitter. Nada menos que cinco das 11 notícias analisadas
nesse site, trazem uma lista de tweets mais populares a respeito do assunto
acoplado ao conteúdo da matéria, o formato de meme photobomb19 é trazido
uma vez, assim como o image macro e o snowclone 20. As notícias restantes
trazem vários desses e outros formatos concentrados em uma galeria. Isso nos
mostra, que as notícias geralmente não procuram concentrar-se apenas em
um formato de meme, preferindo ilustrar diferentes memes em galerias ou
listas acopladas.
por outra para produzir novas variações com significados alterados (...). Embora a paródia de
citações de filmes populares, música e programas de TV seja um tema bastante comum no
humor da Internet, os snowclones geralmente aderem a um determinado formato ou ordem de
arranjo que pode ser reduzido a uma fórmula gramatical com uma ou mais variáveis
personalizadas. Eles podem ser entendidos como a forma verbal ou baseada em texto de
ferramentas exploradas com fotos.” Fonte: http://knowyourmeme.com/memes/snowclone.
Acesso em: 25/11/2017.
52
FONTE: UOL. FONTE: BOL.
21 Disponível em https://www.bol.uol.com.br/memes/listas/o-brasil-quer-meme-nao-
presidente.htm. Acesso em: 18/11/2017
53
parágrafo introdutório porém, mesmo que nesse parágrafo sejam citadas as
denúncias e crises, as mesmas não são explicadas à fundo.
54
interessante para nós observar que, neste período ocorreu a delação premiada
da JBS.
TABELA 4.3 – Frequência de posts por mês – Memes + Temer
55
Supremo Tribunal Federal que não tem envolvimento com o fato e
veementemente afirma que não pretende renunciar ao cargo de presidente.
Com a homologação dos acordos de delação, os usuários de redes
sociais causaram tanta movimentação em forma de memes e comentários
sobre o assunto que, temos em nossa análise, o dia 18 de maio de 2017 como
o dia onde mais notícias sobre o tema foram publicados pelos portais e sites
do UOL. Podemos encontrar uma maior frequência de notícias que
relacionaram o pronunciamento de Temer com os memes que circulavam na
internet dentro dos sites do próprio UOL, no BOL e em blogs de entretenimento
e opinião, tais como o site da Jovem Pan e o Observatório da Televisão.
56
Inconclusivo 8
Vários 8
Outros 3
Total 70
FONTE: A autora.
TABELA 4.5 – Sites que menos explicam o meme em notícias – Grupo UOL
Site Notícias com Memes não explicados
BOL 7
UOL 3
Folha de S. Paulo 3
Jornal do Comércio 2
Blog do Jamildo 2
Código Fonte 1
Band 1
TV e Famosos 1
Omelete 1
Blog do Sakamoto 1
Piauí 1
Jovem Pan 1
Total 24
FONTE: A autora.
Achamos importante inserir em nossa análise, uma codificação que
informe quantas dessas notícias se preocupam em ilustrar o meme citado em
57
sua pauta, utilizando recursos visuais que exemplifiquem o meme. 61 das
notícias coletadas utilizam o espaço da notícia para ilustrar o meme abordado.
Apenas 9 delas não trazem nenhum recurso ilustrativo desse meme, abaixo
listamos quais notícias são essas e por quais canais elas foram divulgadas.
TABELA 4.6 – Notícias que não ilustram o meme – Grupo UOL
Título da notícia Site em que foi vinculada
Deputado admite que tatuagem com Folha de S. Paulo
nome de Temer é falsa
Após críticas e memes, Temer diz Folha de S. Paulo
que evitará o uso de mesóclise
Acusado de assédio, deputado da Folha de S. Paulo
tatuagem compartilha meme
homofóbico
Temer: “População vai Blog do Sakamoto
compreender”. Mas povo nem
entende como ele segue lá
DJ faz remixes de gravações de Jornal do Comércio
Temer em disco de Música
Eletrônica
Bolsonaro, memes e conspirações UOL
viralizam nas redes após delação da
JBS, diz pesquisa
Operação Anti-meme Piauí
Poemas de Temer caem na rede e Coluna Esplanada
viram meme: “Por quê eu insisto?”
Retrato Oficial de Temer é divulgado Jovem Pan
e gera críticas nas redes sociais
FONTE: A autora.
58
para futuras pesquisas. Nenhuma dessas matérias nos pareceu apresentar um
discurso “pró-temer”, que aborde possíveis lados positivos do governo.
4.2 Discussão
61
5. CONCLUSÃO
62
Os memes são uma forma prática e rápida de se comunicar com seus
leitores e de saber quais informações estão sendo mais consumidas e
comentadas. Mais do que estabelecer quais foram os comentários mais
engraçados relacionados à algum assunto, esses meios precisam entender
que os memes, enquanto conteúdo colaborativo, apresentam os debates e
questões que dizem respeito aos seus próprios consumidores.
Defendemos que essa “reação da internet” deve ser mostrada,
porém ela deve ser entendida como um processo mais complexo e com mais
camadas do que as abordadas atualmente. É preciso entender a importância
que os memes tem dentro do contexto social vivido pelos usuários que o
consomem e o quão grande é o seu poder explicativo quando pensamos na
inserção que assuntos políticos podem ter ao entrarem, nesse formato, em
sites de redes sociais.
No fim desse capítulo, deixamos então como proposta, esses e outros
pontos que podem se desmembrar a partir de uma análise semelhante à que
fizemos. A análise de uma notícia pode se desmembrar de diversas formas
aqui não testadas e, nos parece relevante apontar possíveis caminhos à serem
seguidos, tais como: posição do discurso, análise do contexto político
empregado no meme ou até mesmo se o mesmo apresenta caráter ofensivo.
63
REFERÊNCIAS
CHAGAS, Viktor, et al. "A política dos memes e os memes da política: proposta
metodológica de análise de conteúdo sobre memes dos debates nas Eleições
2014." Intexto, Porto Alegre, UFRGS, n. 38, p. 173-196, jan./abr. 2017.
64
DELIGNE, A. De que maneira o riso pode ser considerado subversivo?. In:
LUSTOSA, I. (Org). Imprensa, humor e caricatura: A questão dos estereótipos
culturais. Belo Horizonte/MG: Editora UFMG, 2011. pp.29- 46.
65
MILTNER, K. SRSLY phenomenal: an investigation into the appeal of LOLcats.
Londres: LSE, 2011. (Dissertação de Mestrado.)
SOUZA, I.; ARAGÃO, R. M. Onde a Zoeira Encontra seu Limite: uma análise
do uso de memes no jornalismo do Estadão. In: INTERCOM. XVIII, 2016.
Faculdades Integradas Barros Melo - Aeso, Olinda, PE.
66
TUCHMAN, Gaye. A objectividade como ritual estratégico: uma análise das
noções de objectividade dos jornalistas. Reedição de: American Journal of
Sociology, vol. 77, n. 2, 1972.
67
APÊNDICE A – LIVRO DE CÓDIGOS - TEMER+MEME UOL
SITE:
Determina em qual portal do grupo UOL a notícia analisada foi encontrada.
TEMA:
Determina qual o tema principal da notícia. Em casos de classificações
ambíguas, demos prioridades as seleções feitas pelos próprios sites.
01 - NOTÍCIA
02 - ECONOMIA
03 - ENTRETENIMENTO
04 - POLÍTICA
05 - OPINIÃO
06 - ELEIÇÕES
0999 - OUTROS
68
EXPLICA O MEME:
Determina se dentro da notícia analisada o meme citado foi explicado por parte
do jornalista. Essa explicação procura citar formato, origem ou como se dá a
circulação do meme.
01 - SIM
02 - NÃO
03 - AMBÍGUO
ILUSTRA O MEME:
Determina se a notícia analisada utiliza recursos de vídeo, gif, prints ou
imagem para ilustrar o meme citado na matéria.
01 - SIM
02 - NÃO
FORMATO DO MEME:
69
Determina em qual formato o meme apresentado se enquadra dentro das
categorias de gênero e formato de memes baseada no livro de códigos
disponível em: www.museudememes.com.br/codebook.
01 - LOOK-ALIKE
02 - PHOTOBOMB
03 - CATCHPHRASE
04 - IMAGE MACRO
05- REACTION FACE
06 - SNOWCLONE
07 - TROLLING
08 - LISTA DE TWEETS
09 - HASHTAG
10 - PARÓDIA
0997 - INCONCLUSIVO
0998 - VÁRIOS
0999 - OUTROS
PERSONAGENS POLÍTICOS:
Aponta qual personagem político, além de Michel Temer, é citado na notícia.
00 - APENAS MICHEL TEMER É CITADO
70
01 - AÉCIO NEVES
02 - DILMA
03 - LULA
0997 - OUTROS
0998 - VÁRIOS
0999 - NENHUM
71