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O TEXTO ESQUEMÁTICO: TÓPICOS INTRODUTÓRIOS

Normelio Zanotto (UCS) 1

RESUMO: O objetivo deste trabalho é tecer considerações introdutórias sobre o texto esquemático. Os textos
esquemáticos são largamente utilizados em praticamente todos os ambientes, tanto de trabalho como
familiares e sociais de toda ordem. Apesar da alta frequência de uso, não são conhecidos estudos sobre os
textos organizados de forma esquemática. Por isso, o propósito, aqui, é propor uma caracterização dos textos
esquemáticos, ensaiar sua conceituação e classificações, buscar regularidades e realizar análises
exemplificativas.

Palavras-Chave: texto esquemático, gêneros de texto, ensino.

ABSTRACT: The aim of this paper is to make introductory considerations on schematic text structure.
Schematic text structures are largely used in practically all situations, both at work and in the family or
socially. Despite being highly used, studies about texts organized in a schematic way are unknown. For this
reason, the purpose here is to propose a characterization of schematic text structures, try out a
conceptualization and classification, search for regularities and perform example analyses.
Key words: schematic text, text genres, teaching.

1. Considerações introdutórias 2

Refletir sobre texto esquemático leva, até por impulso, a pensar em esquema.
Segundo o Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa (2009), esquema é:

1. figura que dá uma representação muito simplificada e funcional de um objeto,


um movimento, um processo etc.; esboço;
2 descrição ou imagem mental restrita aos traços essenciais de um objeto, processo
etc.; sinopse, plano, programa.

Observados sob outro enfoque, os esquemas são assim conceituados:


Esquemas são representações gráficas sintéticas de ideias, fatos, conceitos,
princípios, modelos, processos, entre outros conhecimentos. Visam evidenciar e,

1
Professor e pesquisador do Centro de Ciências Humanas da Universidade de Caxias do Sul. E-mail
ibral@bitcom.com.br
2
Este artigo deriva de trabalho realizado nas Oficinas Pedagógicas de Leitura e Escrita para Professores de
4ª e 5ª Séries do Ensino Fundamental ministradas a professores da rede municipal da Secretaria da Educação
do Município de |Caxias do Sul, vinculadas ao projeto de pesquisa Leitura e Escrita em Sala de Aula com
Base na Teoria dos Gêneros de Textos

1
assim, facilitar a compreensão e a comunicação das relações estruturais,
hierárquicas ou de causalidade entre os diversos elementos que compõem essas
informações 3 (grifo no original).
Um pouco diferente é o modo de se entender o que seja um esquema:

Em psicologia e na ciência cognitiva, um esquema é uma estrutura mental que


representa algum aspecto do mundo. As pessoas usam esquemas para organizar o
conhecimento atual e providenciar uma base para compreensão futura. Exemplos
de esquemas incluem estereótipos, papel social, visão de mundo e arquétipos. Na
teoria de desenvolvimento de Piaget, as crianças adotam uma série de esquemas
para entender o mundo 4 (itálico no original).

Todas essas maneiras de conceituar esquema têm alguma relação com o


entendimento que se tem de texto esquemático. Mais especificamente, têm relação com o
conceito segundo o qual “Esquemas são representações gráficas sintéticas de ideias, fatos,
conceitos, princípios, processos.” Porém, o aprofundamento desses conceitos, in
abstratum, desviaria o foco deste trabalho. Daqui para diante, reteremos a parte segundo a
qual os esquemas são representações gráficas. Mais especificamente ainda, que são
representações em textos, já que o objetivo principal deste trabalho consiste em tecer
considerações sobre os textos esquemáticos, no sentido de delimitá-los, conceituá-los,
caracterizá-los, classificá-los, levantar, enfim, suas regularidades, com o propósito de
fornecer subsídios pedagógicos à análise e produção desses textos. Assim, também não
serão objeto de análise os textos esquemáticos multimodais. Essa observação cabe pelo
fato de ser usual a realização de sinopses por meios multimodais, ou seja, sinopses que se
utilizam de diferentes códigos, além do linguístico. São esquemas que se servem de
desenhos, quadros, figuras, traços, chaves, setas, etc. Sem dúvida, fica um caminho a ser
percorrido em trabalhos futuros. O interesse, aqui, vai centrar-se em textos que utilizam
material linguístico, com pouca ou nenhuma intervenção de outras semioses.
Essa opção de trabalhar com textos esquemáticos elaborados com material
linguístico justifica-se, por um lado, pelo fato de esses textos serem de frequência muito
alta em todos os domínios discursivos, em todos os ambientes, e, por outro, pela ausência
de estudos, conhecidos pelo menos, que abordem essa modalidade de organização textual.

3
Disponível em: <wikipedia.org> Acesso em 27-8-09.
4
Disponível em: <wikipedia.org> Acesso em 27-8-09.

2
Não é tarefa difícil comprovar a frequência com que são utilizados os textos
esquemáticos. O nosso dia a dia está povoado por eles. Nas nossas casas, na rua, nos
prédios, nos escritórios, nas empresas predominam os textos organizados de forma
esquemática. De forma esquemática anotamos na agenda os nossos compromissos, a dona
de casa faz a lista das compras do dia, os alunos fazem anotações de aula, os professores
preparam o esquema de suas aulas. Também é esquemática a relação dos moradores no
hall dos prédios residenciais, bem como a relação dos ocupantes das salas de edifícios
comerciais. Nos veículos de imprensa escrita (jornais e revistas), embora não predominem,
os textos esquemáticos figuram com elevada a frequência e em diversificados gêneros de
textos, especialmente em infográficos, em ilustrações, nos tópicos, itens, considerando dos
textos legais, etc. A maioria dos fôlderes é elaborada de forma esquemática. As leis
relacionam itens, incisos que se organizam de acordo com as características dos textos
esquemáticos.
No tocante à ausência de estudos que abordem essa modalidade de organização
textual, é uma lacuna a ser sanada, já que fica difícil justificar essa ausência, especialmente
na escola, lugar apropriado para ensinar a língua escrita, a produção de textos.
Ao contrário, os estudos e as publicações que abordam os textos discursivos
proliferam, em todos os níveis. São abordagens que enfocam a coesão, a coerência, a
progressão temática, enfim, os variados aspectos linguísticos, textuais, discursivos,
gramaticais, etc.
Em síntese, as razões que levaram a abordar os textos esquemáticos assentam-se
principalmente na sua frequência elevada, no seu uso multiplicado, em todos os ambientes,
e na ausência – e necessidade – de estudos a respeito dos textos vistos sob essa ótica.
Ressalve-se, desde logo que, mais que o rigor das definições e das classificações, os
propósitos, nesta exposição, voltam-se para aspectos didáticos. Rigor mais acabado e
algumas certezas, ou, quem sabe, menos dúvidas poderão ser obtidos com mais estudos,
investigações, estatísticas futuras. Nestas considerações introdutórias, a preocupação
primeira consiste em auxiliar a quem produz, analisa, ensina textos esquemáticos.
Também se tem consciência de que as abordagens aqui realizadas são introdutórias. Outros
aspectos podem emergir a partir dessas considerações mais básicas.

2. Conceitos de texto esquemático

3
Texto esquemático é um modo de organizar os textos. O que o caracteriza é a
maneira peculiar de distribuir o material que o compõe no suporte. Bakhtin, ([1953] 2003),
ao caracterizar os gêneros do discurso (de texto), dizia que um gênero é identificado pelo
seu estilo, pelo seu conteúdo temático e por sua estrutura peculiar. Embora não se esteja
tratando, aqui, de gêneros de texto, mas cabe trazer para o caso presente esse aspecto da
estrutura, para caracterizar os textos esquemáticos. Ou seja, se a estrutura existe para
identificar gêneros de texto, é legítimo invocá-la para identificar uma forma peculiar de
organizar textos, a forma esquemática. Essa maneira peculiar está expressa nos tópicos que
seguem, em especial o 5.1., que trata das características gerais dos textos esquemáticos.
Em princípio, qualquer texto, independentemente do gênero, pode ser elaborado de
forma esquemática, ou, no mínimo, ser esquematizado. Alguns gêneros, no entanto, como
se verá melhor adiante, são predominantemente esquemáticos, como é o caso de listas
diversas, fôlderes, tabelas. Outros gêneros, tais como os artigos de opinião, reportagens,
editorias, notícias estruturam-se predominantemente de forma discursiva.
Essa primeira classificação não deve levar a concluir que os textos devem ser
segregados em dois conjuntos, um com os textos esquemáticos e outro com os discursivos.
A realidade, observando os textos que circulam à nossa volta, nos revela que existem, em
um extremo, os textos esquemáticos prototípicos (essencialmente esquemáticos) e, no
outro, os textos discursivos prototípicos. E, ao longo desses dois extremos, como num
gradiente, os textos distribuem-se em esquemáticos, parcialmente esquemáticos (mistos),
até chegar aos integralmente discursivos. Perceba-se, então, que contrastar texto
esquemático e texto discursivo não deve ser entendido como uma operação de alternativas
excludentes, mas de discriminação com objetivos didáticos.
Com esse objetivo – o didático – e numa tentativa de obter alguma clareza de
conceitos, será considerado esquemático o texto que contemple minimamente as
especificações explicitadas adiante.

3. Objetivos do texto esquemático 5

Que objetivos preenchem os textos esquemáticos? Por que certos gêneros de texto
são ou exclusivamente ou predominantemente esquemáticos?

5
Este trabalho, até por coerência, será organizado de forma predominantemente esquemática.

4
Quem opta pela forma esquemática de elaborar seu texto irá fazê-lo com o objetivo
de satisfazer alguma ou algumas das seguintes necessidades:
3.1 reduzir informação partindo de textos-fontes, normalmente discursivos;
3.2 ilustrar, complementar matéria noticiosa em jornais e revistas;
3.3 apresentar informações e ou listar qualidades de bens e serviços em textos
publicitários;
3.4 preparar apresentações de palestras, aulas, exposições diversas;
3.5 fazer anotações de palestras, aulas expositivas diversas;
3.6 elaborar listas, tabelas, quadros.
Outro objetivo, este voltado para o leitor, é de conferir ao texto clareza e facilidade
de leitura. O Texto 1, adiante, está repleto de informações concentradas em tópicos
nominais. De quantas linhas deveria se compor um texto discursivo que informasse a
mesma coisa? Ou então veja-se o Texto 2 (a parte esquemática dele). Há, na parte central
do texto, três informações que devem ser claramente apreendidas pelo leitor: a modalidade
de licitação, o objeto e a data de abertura. Esse texto poderia ter sido elaborado de forma
essencialmente discursiva e distribuir essas três informações ao longo de frases também
discursivas, porém teria sua clareza e facilidade de apreensão pelo leitor reduzidas.
É real também, por outro lado, que o texto esquemático abdica dos operadores
Argumentativos e dos conectores de cunho lógico-semântico (KOCH ; ELIAS, 2006, p.
169 ss). A ausência desses recursos repassa ao leitor a tarefa de preencher os
subentendidos, deduzir os implícitos, perceber as intenções argumentativas do texto.

4. Gêneros de texto predominantemente esquemáticos

Alguns gêneros de texto são esquemáticos na sua origem. É difícil, senão


impossível, concebê-los de outra forma. Exemplos: balanços, cardápios, notas fiscais,
listagens diversas, etc. Já outros são predominantemente esquemáticos, mas não seria
surpreendente que tomassem forma discursiva. Exenplos: fôlderes, folhetos, volantes,
receitas culinárias. Considerados uns e outros, podem ser listados, entre outros, os
seguintes textos como sendo exclusivamente ou predominantemente esquemáticos:
 balanços e balancetes
 cardápios
 fôlderes

5
 folhetos
 glossários
 leis, decretos, regulamentos
 listas de compromissos, de compras, de pessoas, de alunos, de telefones, de
recomendações
 notas fiscais
 orçamentos
 pedidos de compras (relação de itens a serem adquiridos)
 quadros (de horários, de funções, etc.)
 receitas culinárias
 tabelas de jogos, de preços
 volantes de loterias
 etc.

5. Critérios de análise e classificação

Entre outros possíveis, serão considerados, neste trabalho, quatro critérios de


análise e classificação dos textos esquemáticos:
1. quanto às características gerais
2. quanto ao modo de organização do texto
3. quanto à estrutura linguística dos tópicos
4. quanto à pontuação dos tópicos

5.1 Quanto às características gerais

Podem ser citadas as seguintes características gerais dos textos esquemáticos:


a) predominância de tópicos nominais e verbo-nominais
b) observância de paralelismo entre os tópicos
c) predominância do alinhamento vertical dos tópicos
d) predominância de pontuação aberta
e) utilização de marcadores extralinguísticos
f) utilização de recursos coesivos não linguísticos

6
Não se trata de supor a presença de todo o conjunto de características para
configurar a existência de texto esquemático. Tampouco é suficiente a presença isolada de
algumas delas. Trata-se, antes, de buscar descobrir regularidades que possibilitem
diferenciar esses textos dos demais, organizados de outras formas.

5.2 Quanto ao modo de organização do texto

Consideramos que os textos, quanto ao modo de organizar, no suporte, o material que


os constitui podem ser:
a) esquemáticos: sem a presença de segmentos discursivos
b) discursivos: sem a presença de segmentos esquemáticos
c) mistos: com a presença de segmentos esquemáticos e de segmentos
discursivos

5.3 Quanto à estrutura linguística dos tópicos

Quanto à estrutura linguística, os tópicos podem ser:


a) nominais (com substantivos, adjetivos, numerais, orações substantivas ou
orações adjetivas)
b) verbais (com verbos no modo indicativo e imperativo)
c) verbo-nominais (com infinitivo, gerúndio ou particípio)
d) adverbiais (com advérbios, sintagmas adverbiais, orações adverbiais)

5.4 Quanto à pontuação dos tópicos 6

A pontuação dos tópicos pode ser:


a) aberta
b) fechada
c) mista

6
Para mais informações sobre pontuação aberta, fechada e mista, ver Zanotto (2007, p. 133.

7
6. Análise contrastiva de três textos

Para melhor entender o assunto, um bom caminho é exemplificar. A seguir, então,


são transcritos e, em seguida, analisados contrastivamente três textos, um esquemático, um
misto (com sequências esquemáticas e partes discursivas) e um discursivo (sem a presença
se sequências esquemáticas).

Texto 1 – Esquemático Texto 2 – Misto


________________________ SESC 8
Os mais vendidos 7 A FORÇA DO SISTEMA FECOMÉRCIO AO SEU
LADO.
FICÇÃO
A Cabana
1 William Young [ 1|28] SEXTANTE
AVISO DE LICITAÇÃO

Crepúsculo
2 Stephenie Meyer [2|42#] INTRÍNSECA
O Serviço Social do Comércio,
Administração Regional no Estado do Rio
Eclipse
3 Stephenie Meyer [3|9] INTRÍNSECA
Grande do Sul – SESC/RS, torna público
(sic), para conhecimento dos interessados, a
Lua Nova realização da segunda licitação:
4 Stephenie Meyer [4|23] INTRÍNSECA Modalidade: Pregão Presencial n° 196/2009.
Objeto: contratação de Plano Privado de
O Vendedor de Sonhos Assistência à Saúde, sob o regime coletivo,
5 Augusto Cury [5|36] ACADEMIA DE nas segmentações ambulatorial, hospitalar e
INTELIGÊNCIA
hospitalar com obstetrícia, em regime
O Leitor
6 Bernhard Schlink [6|6] RECORD
semiprivativo, sistema de pré-pagamento,
abrangência no Estado do Rio Grande do Sul,
O Menino do Pijama Listrado
7 John Boyne [7|12#] COMPANHIA DAS
sem carência, para os funcionários do
LETRAS SESC/RS e seus dependentes legais.
A Menina que Roubava Livros Data de abertura: 02/09/2009, às 10 horas.
8 Markus Zusak [8|102#] INTRÍNSECA
O Pequeno Príncipe Os editais poderão ser obtidos junto à
9 Antoine de Saint-Exupéry [9|13#] AGIR Gerência de Materiais e Serviços [...].
Paixão Índia
10 JavierMoro [0|2#] PLANETA Comissão Permanente de Licitação
[A|B#] A] posição do livro na semana anterior
B] há quantas semanas o livro aparece na
lista
# ]semanas não consecutivas

Texto 3 – Discursivo

Calor no Rio Grande do Sul 9

7
Os mais vendidos. Revista Veja, São Paulo, v. 42, n. 14, p. 137, abr. 2009.
8
Zero Hora, 24 de agosto de 2009, p. 35.
9
Correio do Povo, 22 ago. 2009. Geral, p. 22.

8
Ar mais quente começa a ingressar hoje no Estado a partir do Norte da Argentina e vai
elevar ainda mais a temperatura, proporcionando que até o começo da semana que vem a
maioria das cidades gaúchas registre marcas próximas ou acima dos 30°C. Não deve se
esperar, contudo, um calor desconfortável, já que o ar estará muito seco e as noites devem
ser amenas. No fim de semana, não estão descartadas máximas de 32°C a 34°C na Grande
Porto Alegre e entre 30°C e 32°C na maioria dos bairros da Capital. Depois de castigar os
gaúchos com frio rigoroso e persistente em junho, julho e no início do mês, o clima
resolveu compensar com dias mais agradáveis e até quentes agora na segunda metade de
agosto.
Análise dos três textos quanto aos quatro critérios.

1. Análise quanto às características

As seis características ocorrem quase integralmente nos Textos 1 e 2, o primeiro


esquemático e o segundo parcialmente esquemático. Já no Texto 3, discursivo, é
diferente, como se vê na análise que segue.
Característica Texto 1 Texto 2 Texto 3
a) Predominância de Todos os tópicos são As sequências Ausência de
tópicos nominais e nominais esquemáticas são tópicos.
verbo-nominais de tópicos
nominais
b) Observância de O paralelismo é O paralelismo é Não ocorre
paralelismo entre os observado observado
tópicos

c) Predominância do Ocorre alinhamento Ocorre Não ocorre


alinhamento vertical dos vertical alinhamento
tópicos vertical

d) Predominância de Ocorre pontuação aberta Ocorre pontuação A pontuação


pontuação aberta fechada é própria do
texto
discursivo
e) Utilização de Ocorre: é a numeração Não ocorre Não ocorre
marcadores sequencial (1, 2, 3, etc.)
extralinguísticos

f) Utilização de recursos Ocorrem dois recursos Ocorre coesão Os recursos


coesivos não coesivos pelo paralelismo coesivos são
linguísticos predominantes: a entre as marcas os próprios
numeração sequencial e paralinguísticas: dos textos
o paralelismo o negrito dos discursivos
constituído pelas marcas tópicos

9
paralinguísticas (fontes,
etc.) 10
Quadro 1 – Análise contrastiva das características dos Textos 1, 2 e 3.

2. Análise do modo de organização do texto

Texto Organização dos textos esquemáticos


Texto 1 É esquemático.
Texto 2 É misto.
Texto 3 É discursivo
Quadro 2 – Análise da organização dos Textos, 1, 2 e 3.

3. Análise da estrutura dos tópicos

Texto Estrutura dos tópicos


Texto 1 Os tópicos são nominais, constituídos por substantivos
Texto 2 Os tópicos são nominais, constituídos por substantivos, inclusive nos
desdobramentos dos tópicos.
Texto 3 Não ocorrem tópicos.
Quadro 3 – Análise da estrutura dos tópicos dos Textos 1, 2 e 3.

4. Análise da pontuação

Texto Pontuação
Texto 1 A pontuação é aberta. Não existe pontuação delimitando os tópicos. A
distinção entre os tópicos se processa por meio de outros recursos:
paralelismo, espaços, fontes
Texto 2 A pontuação é fechada. Cada final de tópico é pontuado.
Texto 3 Não ocorrem tópicos. No interior do texto, por obvio, a pontuação é fechada,

10
Marcas paralinguísticas são recursos que “marcam” o material linguístico interferindo em sua
significado e valor, como fontes, negritos, itálicos, cores, etc.

10
própria dos textos discursivos.
Quadro 4 – Análise da pontuação dos tópicos dos Textos 1, 2 e 3.

5. Análise de mais quatro textos

Vamos proceder à análise de mais quatro textos, esquemáticos ou mistos. Não mais
vamos nos ocupar do texto discursivo, já que a intenção de incluí-lo até agora foi somente
com o objetivo de oportunizar a análise contrastiva.

Cada texto será analisado sob os quatro critérios de classificação citados.

Texto 4
SEARS 11 Sistema de Avaliação
Educacional do Rio Grande do Sul
Ações
- Avaliação externa do rendimento escolar dos alunos do ensino fundamental e médio
- Projeto Piloto para Alfabetização de Crianças de 6 e 7 anos
Objetivos
- Avaliar o desempenho dos alunos em relação ao desenvolvimento de habilidades e
competências cognitivas
- Construir a matriz de habilidades e competências cognitivas em alfabetização e
matemática para o 1° e 2° anos do ensino fundamental de nove anos
- Reorientar as ações de formação continuada dos professores
- Divulgar as boas práticas de escolas com melhores resultados e identificar escolas com
resultados insuficientes para apoio do governo
- Desenvolver uma cultura de avaliação na educação gaúcha

Análise do Texto 4.

Critério Análise
1. a) predominância dos tópicos nominais e verbo-nominais
Características Ocorrem dois tópicos nominais que dividem o texto em duas partes:
gerais - Ações e
- Objetivos.
Por sua vez, o primeiro tópico – Ações – se subdivide em dois outros
tópicos nominais:
- Avaliação... e
- Projeto Piloto...
O segundo tópico – Objetivos – compreende cinco tópicos verbais:
- Avaliar...
- Construir...

11
Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Programas Estruturantes.

11
- Reorientar...
- Divulgar...
- Desenvolver...
b) presença de paralelismo entre os tópicos
É observado o paralelismo entre todos os tópicos, tanto os nominais
quanto os verbais. Os nominais são substantivos. Os verbais constituem-
se de infinitivos. Também é observado o paralelismo quanto às marcas
paralinguisticos nos dois tópicos nominais que intitulam as duas partes
(fonte em negrito). Igualmente é observado o paralelismo não verbal
entre os marcadores que antecedem cada tópico, constituído por um o
hífen.
c) predominância do alinhamento vertical dos tópicos
Todos os tópicos estão alinhados verticalmente.
d) predominância de pontuação aberta
Predomina a pontuação aberta. Somente ocorrem dois-pontos após os
dois tópicos que designam as partes (Ações e Objetivos). Os demais
tópicos não são encerrados por pontuação.
e) utilização de marcadores extralinguísticos
Cada tópico é antecedido por marcador não verbal: os hifens.
f) utilização de recursos coesivos não linguísticos
Ocorre paralelismo, tanto linguístico como não verbal.

2. Modo de O texto é integralmente esquemático. Não ocorrem passagens


organização do organizadas de forma discursiva.
texto
3. Estrutura Ocorrem quatro tópicos nominais e cinco tópicos verbo-nominais.
linguística dos
tópicos
4. Pontuação Ocorre pontuação aberta.
dos tópicos
Quadro 7 – Análise do Texto 4.

Texto 5
12
EXERCÍCIOS
Aqui estão alguns exercícios para você repetir 10 vezes de cada lado, duas vezes por dia.
Eles estimulam o labirinto, a visão e o pescoço. No início, os movimentos podem até
causar um leve desconforto e enjoo, mas isso logo passa com a repetição destes
movimentos.

Exercício 1
Segure um lápis em frente ao seu rosto, com o braço esticado: mova o lápis para cima, para
a direita e para a esquerda, tentando seguir somente com seus olhos. A cabeça fica parada,
só o lápis mexe e os olhos o acompanham.

Exercício 2
Segure um lápis em frente ao seu rosto, com o braço esticado: mova sua cabeça para a

12
Atlanta Pharma Ltda. Programa de orientação e exercícios para pacientes com vertigem. [Fôlder de
divulgação).

12
direita e para a esquerda, sem deixar de olhar para o lápis. O lápis permanece parado, só a
cabeça mexe.

Exercício 3
Segure o lápis em frente ao seu rosto, com o baço esticado: mova sua cabeça para cima e
para baixo, sem deixar de olhar para o lápis. O lápis permanece parado, só a cabeça mexe.

Exercício 4
Fique de pé e sente repetidamente, com os olhos abertos e fixando o olhar em um ponto da
parede.

[...]

Análise do Texto 5.

Critério Análise
1. a) predominância dos tópicos nominais e verbo-nominais
Características Neste texto, há equilíbrio entre os tópicos nominais e os verbais.
gerais Nominais são as designações dos exercícios (Exercício 1, Exercício 2,
etc.). Já as orientações de cada exercício são verbais, topicalizadas por
verbos no imperativo.
b) presença de paralelismo entre os tópicos
Ocorre paralelismo verbal e não verbal. O não verbal é verificado entre
a forma de apresentação dos exercícios. O verbal ocorre com as ordens
de cada exercício, todas constituídas de verbos no imperativo.
c) predominância do alinhamento vertical dos tópicos
Os tópicos alinham-se verticalmente.
d) predominância de pontuação aberta
Ocorre pontuação mista. Após a designação de cada exercício não há
pontuação (é aberta) e o final de cada orientação é marcado por ponto
final (pontuação fechada).
e) utilização de marcadores extralinguísticos
Não ocorrem marcadores.
f) utilização de recursos coesivos não linguísticos
Os recursos coesivos não linguísticos utilizados neste texto consistem
na forma de apresentação e numeração dos exercícios e sua distribuição
espacial.

2. Modo de O texto é misto, com uma passagem discursiva e outras esquemáticas.


organização do
texto
3. Estrutura As orientações de cada tópico (exercício) são verbais, constituídas por
linguística dos verbos no imperativo (segure, fique).
tópicos
4. Pontuação Ocorre pontuação mista: aberta após cada enumeração dos exercícios e
dos tópicos fechada ao final de cada orientação.

13
Quadro 8 – Análise do texto 5.

Texto 6

POLÍTICAS EDUCACIONAIS 13
O debate em torno da sustentabilidade e do controle social do Estado está vinculado à
educação. Mesmo exibindo indicadores positivos nesta área em relação a outros estados
federativos, o Rio Grande do Sul precisa atentar para a qualidade do seu ensino público. A
evasão escolar continua a jogar nas ruas nossas crianças e adolescentes, e a inclusão digital
parece ainda muito distante.
[...]

Pauta mínima:
 Garantir que crianças e adolescentes completem no mínimo o ensino fundamental
 Redução das taxas de evasão escolar
 Inclusão digital
 Capacitação profissional
 Universidades ressaltando o papel de centros irradiadores de conhecimento

Análise do Texto 6
Critério Análise
1. Características a) predominância dos tópicos nominais e verbo-nominais
gerais A parte esquemática do texto mescla, de forma imprópria, tópicos
nominais e verbo-nominais, como fica explicitado no tópico b), que
segue.
b) presença de paralelismo entre os tópicos
O texto falha quanto a esta característica. Ocorre mescla de estruturas.
O primeiro tópico é verbo-nominal: topicalizado por verbo no
infinitivo (garantir). Os três seguintes são nominais (redução,
inclusão, capacitação). Já o último destoa dos demais, pois se
estrutura em oração gerundiva (ressaltando).
c) predominância do alinhamento vertical dos tópicos
Os tópicos estão alinhados verticalmente.
d) predominância de pontuação aberta

13
Assembleia Legislativa. Estado do Rio Grande do Sul. Sociedade convergente. [s. d.].

14
Ocorre pontuação mista. Após cada tópico ocorre pontuação aberta
(ausente), e após Pauta mínima¸são utilizados dois-pontos.
e) utilização de marcadores extralinguísticos
Os cinco tópicos estão antecedidos por marcadores não verbais.
f) utilização de recursos coesivos não linguísticos
Os marcadores que antecedem cada tópico exercem função coesiva.
2. Modo de O texto é misto, com a parte inicial discursiva e os tópicos
organização do esquemáticos.
texto
3. Estrutura Ocorre, como dito, mistura de estruturas. Um tópico está no infinitivo,
linguística dos três são nominais e o último constitui-se de oração no gerúndio.
tópicos
4. Pontuação dos Ocorre pontuação aberta. Os tópicos não são finalizados por
tópicos pontuação.
Quadro 9 – Análise do Texto 6.
Texto 7

Timbre da empresa14
Memória da reunião do setor de RH  
Data  Hora 
Local  Redator 
Coordenador   
 
Participantes  Função 
X  Dedelino Jorge Jardim   Gerente de RH 
X  Joelda Rosa Sereno  Supervisora de RH 
X  Eleide Selina Graça  Secretária 
     
Pauta 
1 Férias coletivas 
2 Prêmio assiduidade 
3 Outros assuntos 
 
 
Pauta  Deliberações  Observações 
1  Ficam confirmadas conforme planejado.  
2  Levar proposta já aprovada neste fórum ao diretor de RH.  

14
Fonte: ZANOTTO, N. (2009), p. 94

15
Timbre da empresa14
Memória da reunião do setor de RH  
Data  Hora 
Local  Redator 
Coordenador   
 
3  A secretária Eleide expôs caso do funcionário X que, O gerente de RH 
repetidamente, tem atitudes inconvenientes com colegas assumiu o caso. 
funcionárias. Relatou atos do citado funcionário que podem ser
considerados assédio sexual. Foi decidido enviar o caso ao
departamento jurídico da empresa, para orientar decisão, com
urgência.
 
Análise do Texto 7

O Texto 7 difere dos textos anteriores. Trata-se de um formulário a ser preenchido.


Continua a ser um texto esquemático. Mereceria uma análise diferenciada. Mesmo assim,
será realizada uma análise abreviada, mas aplicando os mesmos critérios adotadas aqui.
O Texto 7 preenche, em linhas gerais, as características do texto esquemático: os
tópicos são nominais, paralelos, de pontuação aberta, alinhados verticalmente. Os
marcadores extralinguísticos presentes são os sequenciadores numéricos (1, 2, 3). A
redação das deliberações, porém, é realizada de forma discursiva.

Considerações finais

Foi tentado, neste artigo, dar início a estudos sobre os textos esquemáticos. Foram
ensaiadas definições, classificações, busca de regularidades e metodologias de análise.
Certamente, esses estudos carecem de profundidade e do estabelecimento de mais
regularidades. Porém, mesmo admitindo alguma precariedade, foi dado início. O objetivo
principal, que se espera ver, pelo menos parcialmente, atendido, é didático. Parece urgente
sanar a lacuna da ausência dos textos esquemáticos nos programas escolares de ensino. Se
o texto esquemático é de uso tão frequente em todos os domínios discursivos, não é
facilmente compreensível que não seja assunto nos programas escolares, em todos os
níveis.

Referências bibliográficas

BAKHTIN, Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

KOCH, Ingedore G. V; Elias, Vanda Maria. 2. ed. Ler e compreender: os sentidos do texto.
São Paulo: Contexto, 2006.

ZANOTTO, Normelio. Correspondência e redação técnica. 2. ed. Caxias do Sul:


EDUCS, 2009.

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ZANOTTO, Normelio. Português para uso profissional: facilitando a escrita. 3. ed.
Caxias do Sul: EDUCS, 2007.

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