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MAZ: Leo, escucho, en tus poemas, un ritmo como algo que cae sobre
la superficie, como pájaro que desdobla el vuelo en múltiples imágenes como
en la música las cadenzas. ¿Imágenes en la música? Dios mío, ¿quién ha
dicho eso? Hay, quiero decir, un acercamiento hacia la música, presencia
armoniosa de las notas del pentagrama en tu poesía.
general e s con los músicos, porque con ellos escucho música y hablo mucho
de música, y podemos compartir muchas cosas. Con mis amigos escritores
soy muy amigo pero no podemos ponernos a leer libros juntos, c a d a uno lee
s u s libros en su casa, ¿ v e s ? ; compartimos conversaciones nada más. Con
los amigos pintores, bueno, tampoco e s t a m o s mirando el mismo cuadro
juntos. La música sí la comparto, por e s o mi amistad con los amigos
músicos e s muy estrecha. Y te repito, creo tener oído, de manera que por
otro lado también tengo ojo para la pintura. Cuando tú hablas que hay en
mis textos cierto ritmo, cierta cadencia q u e tiene un sustrato musical, e s
por eso: yo me ocupo mucho de música, he e s c u c h a d o música y sigo
escuchando mucha música.
MAZ: Todos andamos con un ritmo en los ojos del mundo, bajo sus
puentes somos sus brujos apacibles insolentes que tratamos de escribirlo
con toda su mugre y su luminosidad...
JORGE EDUARDO EIELSON 99
MAZ: El ladrido de los perros, como los que ahora ladran allá afuera,
indudablemente ese sonido abrupto y desordenado no es arte, no hay
armonía, ¿no?
La ciudad
O rodear al a m o r d e collillas h u m e a n t e s
Llenos d e c h i s p a s y s a n a s meriendas,
O atraer con un d e d o un perfil e n t e r r a d o
Una n e b u l o s a llena d e rayos
S o b r e la c a b e z a a m a d a , y d a n d o gritos
C a e r en una silla ardiente
B r u s c a m e n t e e n f e r m o , sin p o d e r hablar,
Dormido e n la contienda, suficiente,
O p e n s a r en d í a s tersos, musicales.
Los ebrios
En la c a s a d e la vida,
A la m e s a d e la muerte,
Polvo y c e r a la partida.
T o d o s d u e r m e n , junto al f u e g o
De s u s n e g r o s a t a ú d e s
En la c a s a de la vida.
En la c a s a d e la vida,
A la m e s a d e la muerte,
Sólo c ó r e o s e s q u e l e t o s
Como n a i p e s ya jugados,
En el suelo d e m a d e r a .
En la c a s a d e la vida,
A la m e s a d e la muerte,
P a ñ o muerto, d e d o muerto,
Silla muerta. T o d o s d u e r m e n ,
J u n t o a féretros c a o b a
D o n d e el muerto c o r o n a d o
De z a p a t o s á u r e o s yace.
En la c a s a d e la vida,
A la m e s a d e la muerte,
Polvo y c e r a la partida.
J O R G E EDUARDO EIELSON 103
Recuerdo
S o n e t o a un e b r i o d e la a n t i g u a Roma
Mi familia ha muerto
Mi c a s a abierta, e n c e n d i d a . E s c a l e r a
De p l u m a s tras la puerta ¿llevas al p a r a í s o ?
Música, noche, glaciales cortinas, p l u m e r o s
Cuelgan d e la Muerte, olvidados. La leche muerta
En una esquina, t e l a r a ñ a s en la sala, ceniza.
Brasero d e terciopelo, ¿ q u é h a c e s prendido?
¡La luna, la luna adentro, e s p o n j a el muro,
El piano, la estufa! E s c a l e r a d e p l u m a s
T r a s la puerta, ¿llevas al p a r a í s o ?
Extranjera
De e s p u m a , niebla h u m a r e d a , a z u l a d a
E s tu blusa, extranjera, e n el mar.
P á j a r a débil, t e m b l a d e r a l
T a b a c o inglés peina tu aliento,
Zócalo o falda en el aire e s c o c é s .
¿ V i e n e , e x t r a n j e r a , tu a l m a d e ayer,
Gaviota y naipe jugando h a s t a el fin?
T a b a c o y lana y p á j a r a espiga,
En el tablero o rubio pajar,
A e s p a n t a p á j a r o s huele tu pelo, extranjera.
J O R G E EDUARDO EIELSON 105
Dalí
¡Asesino! El vino y el c o r s é
Muertos en su lecho, vienen
C a d a n o c h e rodando por la calle;
El busto d e cebolla, el ojo
D e r r a m a d o y e s m e r a l d a d e terror.
Bajo un pálido p a r a g u a s , vienen,
Por la calle q u e s e dora y cierra
S u s d o s alas, d e repollo y c a r n e .
Tableta arcaica
D u e r m e en las bibliotecas, p o n e
H u e v o s d e grifo en los ministerios.
P a l o m a d e la muerte, lee y escribe
En un gran libro d e papel dorado.
Mancebo q u e b e s a , c a r g a d o d e uvas,
Comiendo m a n z a n a s , j u g a n d o o dormido,
S e q u e d a vacío, e n tanto ella vuela
— P a l o m a otra vez, literaria y fría —
De entre s u s ojos, su b o c a y oídos.
Llanto
B e s o t u s g u a n t e s vacíos, lloro
S o b r e ellos, s o b r e t u s heridas,
S o b r e mil rostros q u e d e s p i e r t a n
Detrás d e los siglos d o r a d o s .
106 INTI No 26-27
Cámara luciente
La virgen d e a u s t e r o s afeites,
D e s n u d a en la s o m b r a , e s m a l t a d a ,
La cola del diablo en su s e n o
Luciente ha colgado. La virgen
Dormida, d e n u b e s o s c u r a s r o d e a d a ,
Insectos y lobos e s p a n t a . La virgen
J a b o n a su c u e r p o d e plata y sonríe,
¡Desnuda en su f u e n t e d e cieno!
A p e s a r d e s u s cabellos o p a c o s , d e su misteriosa
delgadez,
d e su tristeza á u r e a y definitiva c o m o la mía,
yo a d o r a b a a mi e s p o s a ,
alta y silenciosa c o m o una columna d e humo.
Hasta q u e a p a r e c í yo c o m o un caballo s e d i e n t o y
me a p o d e r é d e s u s s e n o s .
La virgen e s p a n t a d a derramó una botella d e leche
y un río d e perlas sucedió a su tristeza.
María s e convirtió en mi e s p o s a .
Algún tiempo m á s tarde, María c a í a a tierra
envuelta en una llamarada.
E s p o s o mío — m e dijo — un hijo d e tu cuerpo
devora mi cuerpo.
Te ruego, s e ñ o r mío, d e v u é l v e m e mi p e r f u m e , mi
botella d e leche, mi barrio miserable.
p u e d o escribir
así
d e ti
contigo
sin ti
tal v e z
silbando
c o m o quien no
quiere n a d a
nada nada nada nada nada n a d a
o llorando
o comiendo
o bebiendo
o muerto d e h a m b r e
resfriado
estornudando
gritando
criatura
110 INTI No 26-27
q u e no canto
no pido
no d e s e o
sino un poco
d e alegría
m u ñ e c o d e las c a u s a s
imposibles
monstruo q u e el rayo h a convertido
en una sonrisa
p u e d o escribir a s í
s o b r e ti
y s o b r e mí
y nada más
q u é tristeza
tú y yo
y nada más
y las calles d o r a d a s
d e roma
y tú y yo
y nada más
y qué m á s p u e d e h a b e r
d e tú y yo
y los ojos c e l e s t e s
d e roma a d e m á s
pero q u é inútil
t a n t a luz
entre d o s
q u é tristeza
tú y yo
y nada más
q u é tristeza
escribir y escribir y escribir y escribir
d e los d o s
hay q u e ver
prueben
q u é harían u s t e d e s
en situaciones tan h o r r e n d a s
en una habitación tan o s c u r a
sin p u e r t a s y sin v e n t a n a s
pero c l a v e t e a d a por dentro
s e l l a d a por f u e r a
c o m p l e t a m e n t e cubierta d e flores p e r f u m a d a s c o m o los
c r i s a n t e m o s los n a r d o s y otras flores s e m e j a n t e s
J O R G E EDUARDO EIELSON 111
una e s p e c i e d e s a r c ó f a g o en s u m a
y q u é harían u s t e d e s
q u é harían
si tuvieran u n a pierna
en lugar d e una nariz
y c a m i n a r a n con ella
día y n o c h e al pie del tíber
pidiendo limosna a las n u b e s
desenterrando objetos llameantes
b u s c a n d o a dios entre las p a t a s
de una mesa
q u é harían
a ver
q u é harían e n t o n c e s
s e r e s con rabo
q u e la s o m b r a ha pisoteado
respondan temerosos
oh p i a d o s o s
m a q u i n a r i a s d e rodillas
a n t e el gran dios fiat
si todo d e s a p a r e c i e r a b r u s c a m e n t e
por el ojo d e la c e r r a d u r a
del hotel ripetta
o ardieran v u e s t r a s p r o p i e d a d e s
en un futuro silencio
d e uranio
o llovieran c a r n e y h u e s o s
en el vaticano
e s c u p i e r a n p á j a r o s los niños
cruzaran balas
deslumbrantes
flechas
d e inusitado poder
afrodisíaco y purgante
y algo m á s
todavía
yo e s t ú p i d o animal
avanzo siempre siempre
sin e m b a r g o
avanzo siempre siempre
h a s t a los últimos rincones
d o n d e s e orina el sol
s e orina la luna llena
112 INTI No 26-27
s e orinan los b o r r a c h o s
vocifera la mierda
aúlla la s o l e d a d
criaturas que arrastráis
un solo
largo
llanto
no tengo n a d a
nada que ofreceros
e s t a e s la realidad
mi vida e s humo
humo mi c a s a
y mis a m i g o s
no reconozco las d o s huellas d e mis pies
ni mis rodillas
en la a r e n a
p e r o miro finalmente
el cielo arriba
el cielo a b a j o
arriba
abajo
arriba f i n a l m e n t e
fijamente
sin temor
ya no por el h u e c o
d e la c e r r a d u r a
por d o n d e miraba e n t o n c e s
¿recuerdas pobre jorge?
a la puta del hotel
ripetta
creyendo que era celeste
ella también
magnitud ígnea
meteoro c u y a c a í d a
e s el p e r f u m e
cuya memoria
e s la memoria
d e una joven en el trigo
y no era sino un hocico
pintado
d o s b o l s a s d e trapo
tres b o l s a s d e trapo
s e i s b o l s a s d e trapo
J O R G E EDUARDO EIELSON 113
y un e s t ó m a g o sonoro
sonrío a h o r a ya
finalmente
he aquí mi oficio
pero c u á n t o m e ha c o s t a d o
he convertido en a g u a
mi paciencia
en pan
mi soledad
doy d e c o m e r
a los m u r o s
de beber
a las sillas
m e q u e m a todo
y todo me congela
no s é leer
ni escribir
ni c o n t a r
y lo q u e e s claro para t o d o s
p a r a mí e s tinieblas
no sirvo p a r a n a d a
ni p a r a c o n v e r s a r
conmigo mismo
ni p a r a d e v o r a r
la televisión
o el cine
no sirvo p a r a n a d a
no soy n a d a
e s t o lo s é
p e r o c u a n d o m e despierto
c o s a q u e hago siempre
a n t e s q u e los d e m á s
las e s t a c i o n e s brillan
y c u a n d o estoy dormido
e s el invierno
generalmente además
soy m á s alto d e día
q u e de noche
a u n q u e alto no s e a
(yo no s é por q u é
mi m a d r e h a b l a b a s i e m p r e
d e mi p a d r e
c o m o d e un caballo
114 INTI No 2 6 - 2 7
g r a n d e y silencioso
c o m o un perro
o d e un perro g r a n d e
y silencioso
c o m o un caballo
la v e r d a d e s q u e mi p a d r e
e r a tan alto
y encendido
q u e m e e r a difícil mirarlo
y c u a n d o lo miraba
m e c a í a el sol en la garganta)
pero d e n a d a sirve
d e n a d a sirve escribir
s i e m p r e s o b r e sí mismo
o de lo q u e no s e tiene
o s e recuerda solamente
o s e d e s e a solamente
yo no tengo n a d a
n a d a repito
nada que ofreceros
n a d a bueno sin d u d a
ni n a d a malo tampoco
n a d a en la mirada
n a d a en la garganta
n a d a entre los b r a z o s
n a d a en los bolsillos
ni en el p e n s a m i e n t o
sino mi corazón s o n a n d o alto alto,
entre las n u b e s
c o m o un c a ñ o n a z o